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RESUMO
Até princípios do século XX a cidade do Recife é marcada por um crescimento urbano que seguia os
antigos caminhos dos engenhos. Com o crescimento populacional e das doutrinas do urbanismo
sanitarista a cidade inicia seu processo de crescimento urbano por meio do parcelamento do solo.
Indo de encontro às afirmações de que a cidade cresceu de forma espontânea, sem planejamento
urbano, a presente pesquisa, em parceria com a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano e a
Empresa de Urbanização da Prefeitura do Recife, pode verificar a formação e o desenho que
caracterizam o processo de urbanização da cidade do Recife, mostrando-nos a trama urbana na qual
a cidade está assentada. Atrelada as legislações urbanísticas, especialmente ao Regulamento de
Construções de 1936, que regulamenta a grande maioria dos loteamentos, o presente artigo tem
como objetivo revelar com quantos fragmentos e em que período de tempo ocorre à formação urbana
da cidade do Recife, entre os anos de 1920 e 1980, tendo o parcelamento do solo como instrumento
de ordenamento de configuração.
O parcelamento do solo surge como peça chave na transformação do solo rural em urbano da cidade
em expansão, no caso do Recife, uma vez que, mesmo como peças autônomas compôs o conjunto
urbano pela definição do solo público-livre e o solo edificável, distribuição das quadras e lotes e a
reserva de espaço para a implantação de praças e equipamentos públicos. Ordenando a estrutura
espacial do novo tecido urbano, permitindo que sobre ele fosse construída a habitação e as demais
atividades demandadas pelo crescimento populacional.
1
O projeto da rede de esgoto do Recife se executa entre 1910 e a década de 1920, e cobre uma superfície
equivalente aos atuais bairros do Recife, Santo Antônio, São José, Boa Vista, Santo Amaro, Espinheiro, Torre,
Graças, Madalena, Cabanga, Capunga, Jaqueira, Campo Grande, Afogados, Caminho Novo, Derby, Lucas e
Encruzilhada.
8 m/200 m² com. 20 m
40 60 x 150/200 m 80 x 200 m 12 m/480 m² 15 m 2/5
1936 12 m/360 m² res. 10 m
15 m/600 m²
35 12 m/300 m² 12 m/360 m² Rui Barbosa, Rosa e Silva 21 m
1961 50
50 x 80/250 m
Boa Viagem, Arraial, Benfica 15/18 m 1/3
Parque Agamenon Magalhães
12 m
Jardim Sítio
Década de 1920
Década de 1930
Década de 1940
Década de 1950
Década de 1960
Década de 1970
N Década de 1980
N N N
1970
1960
1923
3.3.1. Largura das vias, tamanho do lado menor da quadra e superfície do módulo
A maior parte das vias dos loteamentos analisados tem entre 8 e 12 metros de
largura, embora sejam encontradas vias com distintas larguras. Foram analisados 180
loteamentos e cerca de 120 vias, donde se pode constatar que 70% oscilam na menor
dimensão sugerida pela normativa de 1936.
Diferentemente das quadras ortogonais das tramas unitárias, as dimensões de
profundidade e do módulo, no caso do Recife, têm significativas variações em um mesmo
loteamento e mais ainda se comparados os diversos loteamentos entre si: os loteamentos
se limitam a dimensão, a forma e a propriedade da gleba que lhes dá origem, bem como se
apoiam no viário principal estruturado a partir dos antigos caminhos entre os engenhos e o
porto. Nesse sentido, quadras retangulares, triangulares e trapezoidais emergem ao ajustar-
se à forma da gleba, perdendo, por vezes, o rigor ortogonal. O loteamento nasce limitado e
submetido à vontade do dono da gleba. Ao contrário, as tramas unitárias atravessam limites
de propriedade em razão da ilimitada quadrícula.
Alguns loteamentos ilustram parte dos achados, em curso, análise que representa a
próxima etapa do desenvolvimento da pesquisa.
CONCLUSÃO
A análise dos loteamentos à luz das legislações urbanísticas e do pensamento
urbanístico predominante no período permite verificar que o traçado da expansão urbana do
Recife se desenha entre os anos 1930 e 1950; os conceitos urbanísticos que nortearam
esse desenho estão contidos na legislação urbanística de 1936, embora se constate a
autonomia das formas, ainda que resultantes da mesma normativa urbanística.
A busca da época de aprovação do loteamento permite construir o ‘Mapa da
urbanização do Recife’ e nele precisar a década que marca o início da urbanização de cada
fragmento de solo do Recife dos dias atuais; o mosaico de cerca de 1500 loteamentos
REFERÊNCIA
BÉRINGER. ÉMILE. Memórias a-cêrca do Pôrto do Recife publicado em Tijdschrift van
Het Aardrijkskundg Genvotschap, nº 8, Amsterdam C. L. Brinkman Utrecht, J. L. Beijeis,
1881 e reeditado em Arquivos ano 1, nº 2. Recife, 1942.
FREYRE, Gilberto. O Recife em 1923. In: FREYRE, Gilberto (Org.). Livro do nordeste:
comemorativo do 1º centenário do Diário de Pernambuco: 1825-1925. 2. ed. Recife: Arquivo
Público Estadual Jordão Emerenciano, 1979. p. 165.
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