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Anais Eletrônicos do VIII Encontro Internacional da ANPHLAC Vitória – 2008

ISBN - 978-85-61621-01-8

Modernidade na América:
imprensa, identidade e revistas ilustradas nos anos 1950 no Brasil e na Argentina

Adriana Hassin Silva1

Resumo

O artigo que ora apresentamos visa discutir a enunciação dos projetos de


modernidade brasileiro e argentino dos anos 1950, a partir da análise de revistas
ilustradas semanais. Partindo da dimensão teórica da complementariedade, proposta por
Ernest Gombrich, deitamos nosso olhar sobre as revistas Manchete, O Cruzeiro,
Caras y Caretas, Esto És, Mundo Argentino, Ahora e Hechos e Ideas, a fim de
circunscrever os mecanismos pedagógicos de enunciação da modernidade,
transformados em um produto dado a consumir nas páginas das revistas. Na esteira dos
estudos de comunicação e indústria da massa, os governos Kubitschek e Frondizi são
estudados á luz dos discursos de modernidade e desenvolvimento, pautados como
sentidos a serem construídos nos leitores das páginas dos periódicos citados.

O presente trabalho tem como objetivo contribuir para as reflexões e estudos de


América Latina contemporânea, no que concerne às aproximações e distanciamentos
das histórias nacionais brasileira e argentina nos anos 1950. No contexto dos “anos
dourados”, interessa-nos observar, neste ambiente de pós-guerra e incipiente Guerra
Fria, a empreitada de construção das “modernidades” e os conseqüentes diálogos
estabelecidos pelos citados países com os Estados Unidos, dentro da lógica da chamada
política da boa vizinhança. A construção dos discursos de modernidade nacional
brasileiros e argentinos, em seus aspectos comuns e em suas especificidades, é nosso
objeto fundamental de discussão neste trabalho, num esforço de estabelecimento de
interfaces e diálogos históricos entre os países citados.
A comparação como método nos estudos de História se faz um desafio possível
e interessante, na metodologia de trabalho de historiadores e teóricos como Spengler,
Toynbee, Weber, Pirenne e Marc Bloch. Este, por exemplo, ao refletir sobre os limites e

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Mestre em História Social. UFRJ. ahassin@gmail.com

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possibilidades do método comparativo, postula que, para a boa consecução de trabalhos


nesta abordagem, há dois requisitos que, isolada e excludentemente, devem estar
contemplados. Segundo Bloch, numa primeira possibilidade, a comparação só se
estabelece como metodologia de trabalho válida se houver similaridade nos fatos
observados e dessemelhança entre os ambientes em que estes ocorriam; assim, pela via
da analogia, potencializar-se-iam caminhos de comparação histórica.
Neste sentido, porém, tal proposta de abordagem metodológica estaria
desqualificada face ao nosso objeto. Ao contrário do que se propõe, de semelhança de
fatos e distanciamento de ambientes, encontramos, no olhar comparativo sobre Brasil e
Argentina, um conjunto factual em dissonante e cenários, nestes anos 1950, a despeito
de numerosas e expressivas diferenças, com substanciais possibilidades de
enquadramento e reconhecimento dos “momentos históricos” nacionais, conforme
pontuam e defendem Boris Fausto e Fernando Devoto2.
A experiência duradoura de governos populistas, expressos na corporificação
política e conseqüente sobrevalorização personalista e paternalista de Vargas e Perón, a
orientação trabalhista impingida aos seus programas de governo e, fundamentalmente, o
ambiente de investimento na construção do vínculo nacionalista para com a pátria são
aspectos de densidade suficiente para destituir argumentos de dessemelhança entre as
trajetórias nacionais dos países no período.
Por outro lado, como segunda alternativa, Bloch sugere uma perspectiva “muito
mais pertinente ao historiador” 3 : a possibilidade de comparação entre sociedades
detentoras de contigüidade cronológica e espacial, dado que levaria ao mútuo câmbio de
influências entre as mesmas.
Neste sentido, encontramos viabilidade teórica para propor a experiência
comparativa entre caminhos trilhados e recursos evocados para a construção dos
discursos de modernidade característicos dos anos 1950. Para além da proximidade
geográfica, a correspondência histórica de Brasil e Argentina, desde suas inserções nas
dinâmicas econômicas mercantilistas associadas a modelos coloniais, os processos de
emancipação política e a forja aristocrática das elites nacionais, o delicado processo de
suas formações democrático-republicanas, a crise e conseqüente virada política dos anos

2
FAUSTO, Boris & DEVOTO, Fernando J. Brasil e Argentina – um ensaio de história comparada
(1850-2002). SP: Editora34, 2004.
3
Ibidem, p 14.

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30 em ambos os países e o impacto dos programas desenvolvimentistas dos anos 50


constituem aspectos históricos de correspondência propiciadora de diálogos
comparativos no trânsito destas fronteiras.
Sendo assim, arriscamo-nos, aqui, em um exercício dialógico das construções de
discursos modernizadores nos contextos brasileiro e argentino, cujas vozes foram
enunciadas e dadas a consumir pela mídia impressa ilustrada semanal, em sua estrutura
de meio de comunicação de massa associadas à nascente indústria cultural.
As reflexões acerca da mídia e do consumo, neste trabalho, relacionam-se na
medida em que identificamos o projeto da modernidade, estampado nas páginas das
revistas, como um produto veiculado, a ser popularizado, customizado, oferecido e
consumido.
Rastreando o tratamento dispensado ao projeto da modernidade encetado pelos
Estados, na voz da iniciativa privada, pesquisamos alguns periódicos ilustrados: no
Brasil, as revistas O Cruzeiro e Manchete; na Argentina, as revistas Caras y Caretas,
Esto És, Hechos e Ideas, Ahora e Mundo Argentino.
Estabelecidas as revistas-fonte para este trabalho, faz-se necessário pontuar que
não objetivamos aqui estudar a recepção destas revistas pelo leitor, nem tampouco os
mecanismos e circuitos engendrados nesta recepção, conforme propõe Roger Chartier.
Nosso objetivo será perceber o discurso de modernização desenvolvimentista enunciado
no decurso dos governos JK e Perón / Frondizi.
Partindo da assertiva que as revistas fundam-se sobre um projeto editorial
definido, decerto tal projeto faz-se revelar em suas páginas e circula na medida em que
são consumidas. Assim, ao passarem, as citadas revistas, a integrar o cotidiano de
leitura e acesso à informação de um determinado setor e/ou contingente da população, o
projeto norteador destes periódicos também é ‘vendido’ semanalmente junto às suas
páginas gradativamente coloridas4.
É o que nos demonstra, por exemplo, o editorial do primeiro número publicado
da revista Esto És, que, ao apresentar-se ao público leitor, expressa claramente a que
veio, antecipando sua vinculação estética (que faz ecoar a ideologia de uma dada

4
Tomando como exemplo a revista O Cruzeiro, que chegou a registrar uma tiragem de 850.000
exemplares, e considerando as pesquisas de mercado que atribuem um circuito médio de cinco leitores
por exemplar do periódico, somente este veículo far-se-ia consumir por um público leitor de
aproximadamente 4 milhões de pessoas.

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modernidade) com os Estados Unidos e sua referência de tradição intelectual para com a
Europa:

O país não precisa de uma revista a mais. Já há muitas, e de


muito bom nível... Mas uma revista nova, distinta, nunca é demais e até
se poderia dizer que sempre faz falta.
ESTO ÉS quer inaugurar o estilo jornalístico do pós-guerra na
Argentina, que é um amálgama fecundo entre o formato norte-
americano e a espiritualidade européia. Um estilo sensível, objetivo,
atual e com decoro, moldes nos quais trataremos de expressar o modo
de ser e de pensar argentinos. (...).5

Ou ainda, na edição de fim de ano, quando evoca uma dada sensibilidade argentina,
para o mote de construção de um mundo melhor, assentado, seguramente, na pauta da
modernidade desenvolvimentista:

Ao término deste ano de tantos esforços e esperanças, ESTO ÉS


deseja aos seus leitores sua mais cordial saudação e promete não
abandonar o empenho de publicar as informações mais fundamentais e os
comentários mais próximos da sensibilidade argentina. Que o ano que se
inicia seja próspero aos que lutam por um mundo melhor e aos muitos
que, desdenhando de fáceis e triviais passatempos, nos alimentam com
seu aplauso.6

A revista Ahora, em fotoreportagem acerca da necessidade de saneamento


bancário na Argentina enuncia seu compromisso com a verdade, a idoneirdade e a
transparência, comprometida com a garantia de condições nacionais para a conquista de
investimentos potencializadores do crescimento argentino:

É um dever de todos os habitantes do país conhecer e refletir


dedicadamente acerca dos graves dados que exporemos, para
comprometer-se e julgar àqueles responsáveis pelos fatos.
Com esta campanha jornalística, assumimos o dever de servir
com justiça à causa da verdade, doa a quem doer, colaborando, no limite
de nossas possibilidades, com firmeza e critério, para o saneamento
financeiro de nosso país, condição fundamental do crédito e da confiança
dos investidores e em defesa do patrimônio nacional. Queremos agir de
forma inquestionável e decisiva, objetiva e imparcial, declarando que nos
propomos a fazer das entidades e pessoas citadas nestas publicações
nossos eficazes colaboradores. Os convidamos, desde já, a enviarem-no,
se houver, retificações, refutações, observações, etc. As publicaremos,
integralmente, com satisfação, reservando-nos, naturalmente, nossa
liberdade de apreciação, que em todos os casos prescindirão as pessoas

5
Esto És, 28outubro1953. tradução livre.
6
Esto És, 30dezembro1953. tradução livre.

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para encarar unicamente os temas do interesse público e para que nossos


leitores possam contar com todos os elementos para poderem julgar.7
Dialogando em sentido, econtramos correspondência dos periódicos argentinos
com a revista brasileira Manchete, que em seu editorial de apresentação, proclama:

O Brasil cresceu muito, suas mil faces reclamam muitas revistas,


como a nossa, para espelhá-las. Manchete será o espelho escrupuloso das
suas faces positivas, assim como do mundo trepidante em que vivemos e
da hora assombrosa que atravessamos. Neste momento os fatos nacionais
e internacionais se sucedem com uma rapidez nunca antes registrada. Os
jornais nunca tiveram uma vida tão curta dentro das 24 horas de um dia.
Este é o grande, o sonhado momento dos fotógrafos e dos repórteres
exercitados para colher o instantâneo, o irrepetível. Depois virão os
historiadores. E agora prossiga, leitor...
A Direção

Na enunciação de editoriais e fotoreportagens, as revistas apresentam suas


notícias, impregnadas de sentidos e juízos que são dados a ler e a ver; para além de seus
suportes textuais, os discursos são transmitidos nas revistas por fotografias que,
significadas em relações de complementaridade8 com legendas, enunciam vozes que
ressoam a dimensão pedagógica.daquele meio de comunicação de massa.
No que concerne a esta expressão pedagógica, podemos claramente identificar,
por exemplo, nos periódicos estudados, uma dimensão formativa do público-leitor.
É o que lemos, por exemplo, no primeiro número d’ O Cruzeiro:

Uma revista é o um instrumento de educação e de cultura onde se


mostrar a virtude, animá-la; onde se ostentar a belleza, admirá-la, onde
se revelar o talento, applaudi-lo; onde se empenhar o progresso,
secundá-lo. O jornal dá-nos da vida a sua versão realista no bem e no
mal. A revista redu-la á sua expressão educativa e estética (...) A
política partidária seria tão incongruente numa revista do modelo de
Cruzeiro como um tratado de Geometria. Uma revista deve ser como
um espelho leal onde se reflete a vida nos seus aspectos edificantes,
attraentes, instructivos. Uma revista deverá ser, antes de tudo, uma
escola9 de bom gosto.

Neste sentido, então, percorreremos as páginas das revistas com olhar atento
sobre esta pedagogia da modernidade que, conforme exemplificado acima,

7
Ahora, 3maio1937, p 15.
8
GOMBRICH, Ernest. The Visual Images: its place in communication IN: WOOFIELD, Richard. (ed.).
The essential Gombrich: selected writings on art and culture. London: Phaidon Press, 1996, pp 41-64.
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Grifo meu.
7
CANCLINI, Néstor Garcia. Consumidores e Cidadãos. RJ: UFRJ, 1999.

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materializam-se em discursos que empunham o estandarte da “verdade”. Em outras


palavras, fazem, dos discursos de modernidade, a verdade da (sua) nação.
Para além dos conteúdos ideológicos e cortes editoriais expressos, no simples
olhar sobre estas fontes já podemos identificar a incidência de discursos modernizantes,
em ode ao crescimento/desenvolvimento nacionais. Neste sentido, na constituição da
chamada indústria de massa, na qual, segundo Nestor Garcia Canclini10, as dimensões
civis da cidadania e do consumo estabelecem diálogos11, encontraremos as intercessões
entre os conteúdos expressos pelos editoriais, fotoreportagens e publicidades e os
projetos nacionais de desenvolvimento e industrialização.
Fernando Novais e João Manuel Cardoso de Mello, no artigo Capitalismo
Tardio e Sociabilidade Moderna12, defendem a composição de uma sociedade de massa
na década de 1950 no Brasil atrelada à perspectiva do desenvolvimento urbano-
industrial, cujo principal elemento estruturante é o consumo. Procurando mapear as
transformações vividas pela sociedade brasileira a partir da década de 1950, Novais e
Mello apontam que até o final dos anos 70 a sensação dos brasileiros era de que
faltavam poucos passos para a conquista da modernidade e o ingresso no Primeiro
Mundo13.
Tal sensação, sustentam Novais e Mello, adviria do momento em que, ainda na
década de 1950, a população brasileira percebeu-se inserida e capaz de construir uma
economia moderna, que incorporaria os padrões de produção e consumo próprios aos
países desenvolvidos14.

8
A junção entre estes termos [consumidores e cidadãos] se altera em todo o mundo devido a mudanças
econômicas, tecnológicas e culturais, pelas quais as identidades se organizam cada vez menos em torno
de símbolos nacionais (...). Para muitos homens e mulheres, sobretudo jovens, as perguntas próprias a
cidadãos, sobre como obtermos informações e quem representa nossos interesses, são respondidas antes
pelo consumo privado de bens e meios de comunicação do que pelas regras abstratas da democracia ou
pela participação em organizações políticas desacreditadas. (...) reconceitualizar o consumo, não como
simples cenário de gastos inúteis e impulsos irracionais, mas como espaço que serve para pensar, onde se
organiza grande parte da racionalidade econômica, sóciopolítica e psicológica nas sociedades.
12
MELLO, João Manuel Cardoso e NOVAIS, Fernando. opcit, pp 559-658.
13
Na década de 50, alguns imaginavam até que estaríamos assistindo ao nascimento de uma nova
civilização nos trópicos, que combinava a incorporação das conquistas materiais do capitalismo com a
persistência dos traços de caráter que nos singularizavam como povo: a cordialidade, a criatividade e a
tolerância. ibidem, p 560.
14
MELLO, João Manuel Cardoso. O Capitalismo Tardio. SP: Brasiliense, 1982.

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Fabricávamos quase tudo 15. Obtínhamos aço na CSN. Da Petrobrás e suas


subsidiárias e da indústria petroquímica provinham petróleo, seus derivados e
combustíveis genéricos como a gasolina, o óleo diesel, o asfalto, o plástico, o detergente
e uma gama de materiais de limpeza, matrizes de fibras sintéticas, entre outros. A
engenharia nacional já nos beneficiara com hidrelétricas auto-suficientes, como Furnas.
A indústria do alumínio era uma realidade; a de cimento, papel e vidro cresciam e
galgavam significativos níveis de desenvolvimento, assim como as chamadas indústrias
tradicionais (têxtil, alimentos, confecções, calçados, bebidas e móveis). E, para tudo
isto, as páginas de O Cruzeiro e Manchete publicam fotoreportagens e propagandas16.
Desenhou-se, principalmente na parceria com JK, um sistema rodoviário que
cortava o Brasil de ponta a ponta, resultando em algumas estradas de padrão
internacional; podíamos levantar arranha-céus altíssimos, feitos de aço, concreto e
vidro, equipados com elevadores nacionais17. Nesta década de 50, como efeitos do
chamado Plano de Metas, passamos a produzir automóveis, utilitários, caminhões,
ônibus e tratores. É o que ilustra, por exemplo, a fotoreportagem da Manchete
Encontro marcado com Brasília, de 5 de março de 1960. A carrocinha de ontem cruza
nas estradas com o ônibus de hoje, que dispõe de música à bordo, instalações
sanitárias, serviço de bar e de lanches (ANEXO 1); Cerca de um milhão de brasileiros
vindos do norte, sul, leste e oeste foram transportados em veículos de fabricação
nacional. A FNM, que é a pioneira da indústria automobilística brasileira, exibiu a
vedeta da coluna leste, este ônibus com o conforto de um ‘superconstellation’.(ANEXO
2).
Enquanto isso, na Argentina, ainda que em contexto histórico diferente, também
podemos identificar discursos fundadores de sentimentos similares, sobretudo no
tocante às disposições do 2° Plano Qüinqüenal de Perón, da primeira metade da década
de 1950 e, posteriormente, no governo Frondizi (1958-1962), ao imprimir sobre a
Argentina um programa de modernização econômica que responde pelo título do
desenvolvimentismo daquele país, fazendo ecoar o momento circunstancial da América

15
ibidem, p 562.
16
Ver SILVA, Adriana Hassin. A MODERNIDADE EM ALVORADA: Brasília e a imagem do Brasil
moderno no fotojornalismo d’O Cruzeiro e da Manchete (1956-1960). RJ: 2003, 1 v. 248f., Dissertação.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, PPGHIS.
17
ibidem, p 563.

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Latina face à hegemonia econômica estadunidense sobre o continente e, notadamente no


caso argentino, em vias de consecução18.

O frondizismo postulava a possibilidade de se levar a cabo um esforço orgânico


de transformação estrutural no país. Sob o programa de governo Frondizi/Frigerio,
estabeleciam-se o aumento da produção nacional, a geração de empregos e a superação
da crise social como metas. Neste sentido, as teses desenvolvimentistas, em múltiplas
formatações nos ecos da nação, faziam-se ressoar e, para tanto, concebia-se o capital
estrangeiro como elemento dinamizador do programado desenvolvimento.

Abre-se, assim, na história da Argentina, uma descontinuidade de


direcionamento econômico nacional, fazendo suplantar a antiga oposição entre o capital
estrangeiro e o nacionalismo econômico própria do peronismo. Passa-se a advogar por
uma internacionalização da economia, justificatida nas condições desfavoráveis de
acumulação de recursos na Nação, bem como na insuficiência dos investimentos para a
industrialização do país e para o desenvolvimento urbano, que possibilitaria a superação
dos limites de infra-estrutura da nação. Desta maneira, postula-se, no decurso do
governo Frondizi, a entrada de capital externo para impulsionar a exploração de
petróleo, a implantação de siderúrgicas, de usinas geradoras de energia, para além da
atividade petroquímica.

18
É o que nos demonstram, por exemplo, os dados de investimento econômico recebidos pela Argentina
em novembro de 1958, segundo os dados da Forein Office :

Investimentos externos (em milhões de dólares)


Estados Unidos 193.213
Suiça 49.475
Reino Unido 31.753
Holanda 26.254
Alemanh 25.109
Canadá 22.101
Itália 18.151
França 11.178
Fonte: Forein Office, 371/162095, 29-12-1961.

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O programa econômico de Frondizi propunha, assim, o fomento de


investimentos externos na economia argentina, com entrada de capital e tecnologia, de
modo a possibilitar a substituição das importações, a diversificação das exportações e a
consolidação de uma política fiscal voltada para o desenvolvimento 19 . E esta
empreitrada, rumo à modernização nacional, está publicada nas páginas das revistas, em
caráter (in)formativo.
Um primeiro exemplo, ainda referente ao período de Perón, são as peças
publicitárias de divulgação oficial das obras públicas apresentadas nas páginas das
revistas. Peças invariavelmente iniciadas com uma mesma e já clássica citação do
presidente sobre o sentido da construção nacional (“Construyamos, con nuestra própia
felicidad, la grandeza de la Pátria”), estas propagandas enunciavam a grandiosidade do
projeto de desenvolvimento da nação, dos vínculos nacionalistas a serem construídos
com as obras realizadas, a pedagogia do desenvolvimento e a convocação popular ao
engajamento, participação e ação como sujeitos da construção da nova e moderna nação
argentina.

Os transportes aéreos cresceram também extraordinariamente


durante os últimos cinco anos. Em 1946, nossas aeronaves realizavam
somente 73 vôos nacionais de caráter comercial regulares. Desde 1950, se
completam 550 serviços permanentes por mês e, destes, 152 de caráter
internacional. (ANEXO 3)

“Nós temos o direito de transportar nossos produtos por meios


próprios” (Perón)
Em matéria de transporte, o país terá, como objetivo fundamental,
dispor de um sistema orgânico, condicionado e racional, que satisfaça de
forma contínua, eficaz e econômica a todas as suas necessidades, a fim
de:
assegurar a circulação da produção pelos centros de consumo,
portos de embarque e mercados estrangeiros.
Facilitar os vínculos entre os núcleos populosos do país com o
mercado externo, especialmente com os países da América Latina e
particularmente com os países limítrofes.
Promover o desenvolvimento demográfico, social e econômico do
país.
Propiciar o auto-abastecimento de materiais e equipamentos,
mediante o crescimento da indústria nacional.
Previsões para a defesa nacional. Este é outro dos objetivos
fundamentais do 2° Plano Qüinqüenal. Você desfrutará de seus
benefícios. Apóie! (ANEXO 4)

19
SZUSTERMAN, Celia. Frondizi - La política del desconcierto.Buenos Aires: Emece Editores, 1998.

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“Mediante as obras hidráulicas, recuperamos milhões de hectares


de terras aráveis, em benefício dos agricultores e da população”. (Perón)
O objetivo fundamental da Nação em matéria hidráulica será
lograr o maior aproveitamento possível dos recursos hídricos do país a
fim de incorporar (...) novas terras, em condições econômicas de
exploração, ao serviço ativo da produção (...). Este é outro objetivo
fundamental do 2° Plano Qüinqüenal, destinado a promover a grandeza
nacional e assegurar a felicidade do povo. Contribua para a sua
realização! (ANEXOS 5 e 6)

Outro aspecto claramente destacado nas páginas das revistas, como baluarte das
modernidades nacionais, encontra-se no diálogo da identidade modernizadora com a
capacidade realizadora do trabalhador. Quer na herança do trabalhismo varguista
expresso na dimensão política do PTB de Kubitschek, quer no perfil sócio-político do
peronismo, o destaque aos trabalhadores, na condição de elementos indispensáveis,
sujeitos realizadores e autores da escrita da modernidade faz-se relevante e recorrente.
Em Manchete: Em demonstrações de habilidade e de capacidade de trabalho,
os candangos facilmente se adaptam às mais variadas e difíceis tarefas.(ANEXO 7);
Não se trata de uma façanha de alpinistas empenhados em conquistar uma escarpa,
mas de um grupo de candangos que viraram ‘largartixas’ para trabalhar no
revestimento da imensa cúpula do edifício, onde, em breve, funcionará o Senado
Federal. (ANEXO 8); Ele hoje é o símbolo. Não se pode mais descrer da capacidade
do trabalhador brasileiro. (ANEXO 9).
Nas páginas de Ahora:

“A terra não deve ser um bem de renda, mas sim um bem de


trabalho”..(Perón).
Em matéria de ação agrária, o objetivo fundamental da Nação será
procurar a elevação do nível de vida social, material e cultural da
população rural, consolidando o lar campesino, estimulando a harmonia
entre todos os trabalhadores rurais (produtores e operários), bases
essenciais da economia agrária, a fim de chegarmos a uma produção
maior e melhor, que satisfaça o consumo interno e proporcione
convenientes saldos exportáveis, contribuindo para assegurar a
independência econômica da Nação. Você receberá os benefícios deste
outro objetivo fundamental do 2° Plano Qüinqüenal! Colabore
patrioticamente em sua realização!

Na segunda metade da década de 1950, enquanto o Brasil se desenvolvia nas


bases do desenvolvimentismo juscelinista e erigia a metáfora de sua modernidade na
construção de Brasília, testemunhamos na Argentina uma verdadeira ruptura histórica; o
fim do governo Perón implica em um esforço sistemático (e ineficaz) de apagamento do

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peronismo, face a necessidade de reescritura da identidade, interrompendo a vigente


sinonímia desta com o nacionalismo argentino corporificado em Perón20. Neste sentido,
enquanto o Brasil galga sua modernidade na síntese das 30 metas definidas por JK, a
Argentina redireciona, num certo sentido, o rumo de suas realizações.
O Brasil de JK encontra-se no desafio duplo de garantir dar consecução ao
desenvolvimento proposto no Plano de Metas e atingir a propagandeada modernidade,
encontrando mecanismos de capitalização nacional para viabilizar tais projetos. Para
tanto, lança mão de empréstimos internacionais e amplia as bases de endividamento
público, contrariando as diretrizes políticas implementadas pelo varguismo e
corroborando a expectativa de exportadores brasileiros que, quando do Governo Café
Filho, se opuseram à política econômica ortodoxa e estabilizadora de Eugenio Gudin.
Enquanto o governo Vargas encetava o ideal de nacionalização da indústria brasileira,
como nos demonstram os relatórios da SUMOC, e afastava multinacionais sob o
discurso de que a ação predatória dessas forças de rapina que não conhecem outra
bandeira nem cultuam outra religião que não seja o lucro 21, a bandeira do governo de
Juscelino Kubischeck, sob a égide do desenvolvimentismo materializado no Plano de
Metas, visava o efetivo crescimento econômica nacional de base industrial, a qualquer
preço.
Baseado na adoção de uma tarifa aduaneira efetivamente
protecionista, complementada com um sistema cambial que subsidiava
tanto a importação de bens de capital quanto de insumos básicos, e que
atraía o investimento direto por parte do capital estrangeiro, e contando
com uma política monetária e fiscal abertamente expansionista, o
Programa de Metas pode ser considerado, no seu cerne, como uma
diretriz deliberada de industrialização. 22

Já na Argentina, o governo Frondizi, a partir de 1958, caracteriza-se por restaurar, em


certa medida, o peronismo banido do cenário político nacional argentino. Numa aliança
entre Frondizi e o antigo presidente e eterno guia popular argentino, seu exercício
político caracterizar-se-á fundamentalmente pela necessidade iminente de debelar a
crise econômica a dar consecução ao crescimento econômico à nação; para tanto,
porém, seu programa de governo abrirá mais espaço para diálogos internacionais do que

20
GENÉ, Marcela. Un Mundo Feliz – imágenes de los trabajadores em el primer peronismo (1946-
1955). Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2008.
21
FARO, Clóvis de & SILVA, Salomão L., A década de 50 e o Programa de Metas IN: GOMES, Ângela
de Castro (org.). O Brasil de JK. RJ: FGV-CPDOC,1991, p 50.
22
Ibidem, pp 58-59.

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a pauta peronista outrora o fizera... E, uma vez mais, encontramos linhas de comparação
entre Argentina e Brasil, no cenário histórico e nas páginas das revistas.
É a partir de 1958 que Frondizi capitaneia novas bases para a consolidação da
modernização argentina. Em seu governo, uma nova lei sindical foi sancionada e,
concretamente, muitas das propostas peronistas prometidas no 2° Plano Qüinqüenal
ganharam concretude. A produção de petróleo triplicou, garantindo a autosuficiência
argentina do produto. Grandes projetos de hidroeletricidade foram iniciados, para além
da construção de extensa rede rodoviária para os parâmetros nacionais do período. A
indústria de base foi impulsionada, investimentos em siderurgia e petroquímica foram
realizados, bem como implementos técnicos e agrícolas, para além dos investimentos
em escolas técnicas23.
A partir de então, fotoreportagens de conteúdo nacional-modernizante como esta
publicada em Ahora se tornam mais recorrentes:

Uma fábrica argentina pode produzir, em pouco tempo, centenas


de quilômetros de canos para gasodutos e oleodutos24
O tema dos gasodutos e oleodutos toma caráter de atualidade nos países
em desenvolvimento industrial como o nosso, a considerar-se o momento
adequado para aproveitar ao máximo as fontes de energia como petróleo e
gases naturais, que abundam do chão.
Tanto os oleodutos como os gasodutos, considerados em todo o mundo
como o sistema mais eficiente e econômico para a condução dos valores
que encerra o solo, se consagraram definitivamente como uma das grandes
conquistas modernas. Em nosso país, por conta das enormes distâncias, é a
solução perfeita; nenhum meio de transporte pode competir razoavelmente
com a rede de tubulações de grande diâmetro.
No caso de se perguntar se nossa indústria está em condições de fabricar
os milhares de quilômetros de tubos que serão necessários para cobrir as
demandas dos planos em vias de consecução, a resposta é sim;
categoricamente, sim. Existe, na Argentina, uma grande fábrica destes
tubos especiais, pouco conhecida da população leiga, mas bastante famosa
nos meios industriais. Esta fábrica é a SIAT (Sociedad Industrial Argentina
de Tubos de Acero), localizada na Rua Guatemala 2.500, Valentin, Alcina,
província de Buenos Aires.
Para a produção destes canos, usa-se a técnica mundialmente conhecida
como “processo de soldadura contínua por resistência elétrica”, que cobre
com maior amplitude todas as especificações internacionais para canos com
costura. Milhares de quilômetros de tubos e canos instalados em todo o país
são uma prova da potencialidade industrial argentina e da qualidade dos
canos produzidos.

23
GERCHUNOFF, Alberto. Argentina, país de advenimiento. Buenos Aires: Losada, 1952.
24
Ahora, 17junho1956, p 15. As fotografias publicadas, bem como o conteúdo textual da fotoreportagem,
corroboram e complementam, na dimensão teórica de Gombrich, o sentido da reportagem. São duas
fotografias: uma imagem aérea do parque industrial da SIAT e outra que apresenta uma máquina com um
operário sobre ela. A geometrização da imagem traduz o sentido da grandiosidade da indústria argentina,
com uma máquina imensamente maior do que o trabalhador.

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A fabricação nacional de canos para oleodutos e gasodutos significa


uma grande vantagem, pois possibilita sua rápida obtenção e com grande
economia de divisas.

Encontramos, ainda, expressão do incipiente desenvolvimento argentino em


artigo publicado na revista Hechos e Ideas de janeiro de 1955 que, no apagar das luzes
do governo Perón, apresenta as chaves da aproximação com o FMI que marcará o
governo Frondizi.

Os contratos definitivos celebrados entre a IAME (Industrias


Aeronáuticas y Mecânicas del Estado) e a Kaiser Motors Corporation, dos
EUA, para instalar uma indústria automotiva que permitirá a produção
integral no país de jeeps, automóveis, camionetes rurais e caminhões,
constitui um dos eixos mais importantes estabelecidos pelo governo do
general Perón para impulsionar o desenvolvimento industrial da
República, conforme as iniciativas do governante previstas no 2º Plano
Qüinqüenal de governo.
A República Argentina, como destacou o general Perón, deu um passo
decisivo para instalação na América Latina da primeira indústria
destinada à fabricação integral de automóveis, conforme as normas e
técnicas industriais existentes nos EUA.
De acordo com o contrato celebrado, a nova sociedade constituída
girará os rumos das Indústrias Kaiser Argentina S.A., com um capital de
m$n.560.000.000, aumentando o aporte da Kaiser-Willya em m$n
115.000.000, (equivalentes a soma de m$n 8.000.000 de dólares em
cambio de mercado livre da praça de Buenos Aires). Este aporte estará
constituído por maquinário moderno equipamentos trazidos dos EUA. A
I.A.M.E.investirá m$n. 80.000.000 na sociedade, em maquinário e todos
os outros elementos contabilizados neste valor. O restante, a fim de
integrar o capital social, será posto a disposição dos investidores privados
na Argentina.
Nas palavras proferidas pelo presidente da I.A.M.E., o referido acordo
significa “que a fabricação de automotores em nosso país melhorará
substancialmente nossa posição no mercado internacional, atuando como
incentivo em todas as atividades da República e, em especial, às
vinculadas a fabricação de partes ou implementos para a citada indústria,
que, como é sabido, gera milhares de empregos. Por outro lado, uma
maior disponibilidade e a melhoria dos meios de transporte que a mesma
trás, implica num benefício direto para a população, ao permitir uma
melhor racionalização dos processos de produção e distribuição da
riqueza argentina”.
Finalmente, no que se refere à assinatura do contrato, já que de suas
conseqüências nos dedicaremos com propriedade na próxima edição,
destacamos as palavras do senhor Edgar F. Kaiser, presidente da Kaiser-
Willys, pronunciadas no mesmo ato. Se trata do posicionamento de um
poderoso industrial, que merece destaque pela sinceridade e transparência
e que evidenciam uma diferença notável dos homens de negócios dos
EUA.Referindo-se à política econômica argentina, encampada pelo
general Perón, disse o senhor Kaiser:
(...) “Quiero destacar que no obstante haber conducido a mi vida
muchos negócios de importância, jamás tuve la oportunidad, como ahora,
de encontratme frente a uma equipo de hombres tan activos que trabajan
bajo la inspiración del señor presidente. Ellos han demonstrado com su

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eficaz e intensa colaboración cómo se puede llevar a feliz término y em


um corto plazo, uma operación de esta magnitud. Es por eso que me
siento hondamente satisfecho de poder permanecer aqui y trabajar com
hombres, como los del pueblo argentino, que tanta buena voluntad
demuenstraran por esse engrandecimiento de la Argentina.” (...).

Sabemos que, em linhas gerais, a política econômica do governo de Arturo


Frondizi desenvolveu igualmente a palavra de ordem dos anos 50,
“desenvolvimentismo”, mas com um conteúdo semântico diferente das realizações de
Kubitschek no Brasil. Se, no governo deste, conhecemos as metas setorizadas nos 5
grandes campos de investimento que, ao serem alcançadas, potencializariam o
crescimento da nação, no caso argentino tal plano é um pouco mais amplo e difuso...
Fausto e Devoto nos apontam que o desenvolvimentismo argentino

“começou com grande ímpeto (...) Embora não contivesse um


programa de metas, muitos dos setores de vista eram os mesmos:
estradas, eletricidade, petróleo, siderurgia, papel e celulose,
automóveis. Outros eram específicos, como a ênfase na indústria
petroquímica ou no sistema de aeroportos (...).”25.

No entanto, a despeito das divergâncias, a insistência no argumento da industrialização


como carreadora da nação ao estandarte da modernidade faz-se consoante.

A necessidade de se superar o subdesenvolvimento estimula uma


dualidade da razão que privilegia o pólo da modernização. Não tenho
dúvidas de que historicamente esta forma de equacionar os problemas
desempenhou no passado um papel progressista;(...). 26

Neste sentido, um último conjunto de exemplos advém dos discursos


publicitários dos anos 1940-50, que encerravam a ressonância dos ideais progressistas
nacionais, engendrando, assim, a conformação da identidade nacional através da
sedução moderna dos novos tempos. Nas palavras de João Alberto Leite Barbosa aO
Cruzeiro de 12 de março de 1960, quanto mais vêzes conjugarmos êstes verbos –
fresar, tornear, furar, forjar, prensar, aplainar, retificar – mais próximos estaremos da
sonhada industrialização.27 Neste sentido, quem melhor traduziu o espectro ideológico
dos anos 40 e 50, em nossa avaliação, foi a General Eletric; ocupando-se da construção

25
FAUSTO & DEVOTO. Opcit, p 351.
26
ORTIZ, Renato, ibidem, p 36.
27
A Fantasia Humana a serviço da industrialização, p 41.

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de uma demanda social28 para seus televisores e geladeiras, é em sua publicidade que
encontraremos a melhor interlocução com o ‘espírito da época’. Seu slogan: Nosso mais
importante produto é o progresso !

ANEXOS
Anexo 1

Revista Manchete, , 5março1960


Anexo 2

Revista Manchete, , 5março1960


Anexo 3

Revista Ahora, 17julho1952

28
ORTIZ, Renato. opcit.

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Anexo 4

Revista Ahora, 17julho1952


Anexo 5

Revista Ahora, 17julho1952


Anexo 6

Revista Ahora, 17julho1952


Anexo 7

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Revista Manchete, 19setembro1959


Anexo 8

Revista Manchete, 19setembro1959


Anexo 9

Revista Manchete, 23abril1960.

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