Você está na página 1de 16

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RS

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I – Prof. Dr. Murilo Cervi

PROJETO E SIMULAÇÃO
CONVERSOR BOOST PARA ESTAÇÃO DE
TELECOMUNICAÇÕES

Guilherme Zirr
Mauro Fonseca Rodrigues
Renan Hermes

Ijuí, 01 de julho de 2009.

1
APRESENTAÇÃO

Neste trabalho iremos projetar um conversor CC-CC elevador na configuração


Boost.

O intuito do trabalho, além de dominar e praticar as ferramentas matemáticas


usuais para projeto de conversores, é encontrar uma aplicação prática para um
conversor no dia-dia da Engenharia Elétrica.

No caso a expor iremos, hipoteticamente, gerar uma necessidade inusitada


ocasionada por uma implantação de novos equipamentos com tensão nominal diferente
dos antigos. Dessa forma, para não retardar a instalação e atender a nova
especificação de alimentação projetaremos o conversor para suprir as novas
necessidades.

2
ÍNDICE

INTRODUÇÃO...............................................................................................................04

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS.....................................................................................05

1.1 Teoria Conversores CC-CC...........................................................................05

1.2 Conversor Boost............................................................................................07

1.3 A Estação de Telecomunicações...................................................................10

1.3.1 Circuito e Aplicação.......................................................................11

1.3.2 Dimensionamento do Conversor Boost.........................................12

1.3.3 Circuito Projetado e Simulado.......................................................14

CONCLUSÃO.................................................................................................................16

BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................17

3
INTRODUÇÃO

Existem casos que as trocas de equipamentos acarretam problemas na


alimentação dos mesmos gerando solicitações para a concessionária de energia e
revisões na planta instalada como carga e demanda do local.

No caso deste trabalho buscamos uma possibilidade real, que pode acontecer a
qualquer momento, onde a substituição de equipamentos gera a necessidade de
adaptação da tensão de entrada com a tensão de saída.

O exemplo utilizado situa-se numa estação de telecomunicações, provedora de


serviço de voz e dados para os clientes de uma pequena localidade. Essa estação
possui uma demanda total máxima de 15A e os novos equipamentos instalados
funcionam com 48V de tensão nominal. Os equipamentos antigos, substituídos,
funcionavam com 44V e estavam ligados diretamente na Unidade Retificadora que
convertia a tensão alternada fornecida pela concessionária.

De forma a não precisar substituir a Unidade Retificadora, UR, pode-se implantar


um Conversor CC-CC para ampliar a tensão de entrada com vista a atender a nova
tensão nominal do equipamento instalado. A opção, como a tensão de saída será maior
que a tensão de entrada, é implantar um conversor elevador ou Boost, como é mais
conhecido.

A seguir apresentaremos um pouco sobre a teoria de funcionamento deste


conversor e as etapas de projeto para o mesmo. Utilizaremos as metodologias
estudadas na Disciplina de Eletrônica de Potência da faculdade de Engenharia Elétrica
da Unijuí.

4
1. ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

1.1. Teoria conversores CC-CC

Conversores CC-CC são sistemas formados por semicondutores de potência


operando como interruptores, e por elementos passivos, normalmente indutores e
capacitores que tem por função controlar o fluxo de potência de uma fonte de entrada
para uma fonte de saída, adaptando tensão de entrada e saída conforme especificado
em projeto.

Figura 1-Conversor cc-cc e forma de onda de tensão de saída

Onde Fs é a freqüência de comutação. Esta freqüência tende a ser a mais alta


possível, diminuindo assim o volume dos elementos magnéticos e capacitivos do
conversor e melhorando ou eliminando os ruídos audíveis produzidos pela oscilação. A
razão entre o intervalo de comutação (T s) e o intervalo de condução do interruptor S
(Ton) é definida por razão cíclica e dada por:

A tensão média na saída deste conversor é calculada por:

Usando Ton = D.Ts tem-se:

A relação entre a tensão de saída e a tensão de entrada é definida por ganho


estático do conversor e dada então por:

5
Pelo gráfico mostrado na Figura 2 pode-se notar que a variação da tensão de
saída contra a razão cíclica é linear.

Gráfico 1-Ganho estático em função de D.

Os sinais de comando do interruptor podem ser gerados com freqüência de


comutação fixa ou variável. Uma forma de gerar os sinais de comando com frequência
fixa é através de modulação por largura de pulso (PWM). Na Figura 2 mostra uma
forma simples de realizar PWM.

Figura 2-Exemplo de circuito PWM.

Algumas aplicações de conversores:

 Controle de velocidade de motores CC;


 Fontes chaveadas;
 Energias alternativas;
 Correção de fator de potência;
 Carregadores de bateria;
 Aplicações veiculares;
 Adaptação de tensão contínua;

6
1.2 Conversor Boost

Para a demanda idealizada para este relatório, iremos projetar um conversor


Boost elevador, de forma a atende-la. Segue o princípio básico de funcionamento do
mesmo.
O Boost é um conversor elevador de tensão, caracterizado por ter entrada em
corrente e saída em tensão. Pode operar no modo de condução contínua ou
descontínua, sendo que no primeiro apresenta pouca distorção e é preferencialmente
seu modo de operação usual. Pode manter a tensão de saída regulada, sendo utilizado
como pré-regulador. Além disso, também é utilizado para correção do fator de potência.
A Figura 3 mostra o diagrama elétrico do conversor Boost.

Figura 3-Configuração conversor Boost.

As etapas de funcionamento do conversor Boost para operação no modo de


condução contínua são descritas a seguir.
1a Etapa: S está conduzindo. O indutor L é carregado com a energia da fonte VI.
2a Etapa: S está bloqueado. O diodo D entra em condução. A fonte V i e o indutor
L fornecem energia à saída. A tensão na carga aumenta.
Ao retornar para a primeira etapa, o capacitor Co irá manter a tensão constante,
idealmente, sobre a carga enquanto L é carregado novamente.
A forma de onda da tensão sobre o indutor é mostrada na Figura 4.

Figura 4-Configuração conversor Boost.

Como a tensão média sobre o indutor deve ser nula, então:

7
Na Figura 5 mostra a variação da tensão de saída em função da razão cíclica
para o conversor Boost.

Figura5-Ganho estático em função de D.

As principais formas de onda do conversor Boost são mostradas na Figura 6.

Figura 6 – Principais formas de onda.

8
As principais características do conversor Boost são:

 Tensão de saída maior que de entrada.


 Utilizado na correção do fator de potência, com boa qualidade na corrente
de entrada, operando em malha fechada ou malha aberta para,
respectivamente, modo de operação contínua ou modo de operação
descontínua.
 Pode apresentar descontinuidade, conforme temporização e
chaveamento.

1.3 A estação de telecomunicações

Uma estação de pequeno porte para telecomunicações possui, geralmente, uma


configuração mínima com central telefônica – para serviços de voz, meio de transmissão –
para transporte da voz, UR (Unidade Retificadora) – para transformar a tensão senoidal da
rede em contínua e alimentar banco de baterias e os equipamentos.
No caso específico deste projeto, estamos utilizando como exemplo hipotético a
estação de Linha Santo Antônio, localizada no município de Cerro Largo e alimentada com
220VAC a partir da concessionária de energia. Os antigos equipamentos eletromecânicos
possuíam diversas tensões de alimentação que foram sendo padronizadas em 48VCC.
Para aplicarmos o conversor boost na planta estamos simulando uma possível troca de
equipamentos alimentados com a tensão 44VCC para outros mais novos com alimentação
de 48VCC.
Os conversores eram muito utilizados nas estações de telecomunicações devido às
várias faixas de alimentação dos equipamentos. Hoje, no entanto, estão sendo retirados
para economizar energia e uma única fonte integrada (UR) realiza a conversão de energia
para os equipamentos. A estabilidade da saída é atingida através do banco de baterias que
funciona como filtro e fonte de alimentação para os casos de falta de energia a partir da
concessionária.
Para os dados apresentados até agora ficaria mais ou menos assim quanto à
distribuição de corrente para os consumidores principais, onde Ic = corrente consumidor:
 central telefônica => Ic = 3,5A
 sistema de transmissão via ondas de rádio => Ic = 2A
 equipamento de 48 portas de dados ADSL => Ic = 2,25A
 sistema de climatização => Ic = 3A
 alarme e outros pequenos consumidores => Ic = 0,25A
 Somatório de consumo estimado => It max = 11,00A
Como margem de segurança e previsão de maiores correntes nestes consumidores
configura-se uma UR e banco de baterias para uma demanda de 15A, no mínimo. Com
isso, pode-se ter uma variação superior a 10% do consumo na estação que a fonte irá
suprir a demanda. Além disso, as URs de pequeno porte, geralmente, vêm equipadas em
pequenos módulos de 3A cada um. Assim, ganha-se uma margem maior de segurança
quanto à possibilidade de defeito em algum desses módulos pois a UR ficará operacional
atendendo a demanda até mesmo com a perda de um de seus módulos de corrente.

9
1.3.1 Circuito e aplicação

O nosso conversor será analisado a partir do diagrama em bloco abaixo


apresentado. Sua função é atuar como adaptador de tensão e suprir o banco de
baterias com a nova tensão de projeto, sem a necessidade de substituição da UR
empregada na estação.
Além disso, mantém monitoramento sobre a demanda de energia fornecida pelo
banco de baterias, buscando suprir variações de carga e transitórios que, porventura,
apareçam durante o funcionamento.

Consumidor 1

Consumidor 2
220VAC UR BOOST Baterias
Unidade Conversor
Entrada Retificador 44VCC p/ Banco com Consumidor 3
concessio- 220VAC p/ 48VCC 48VCC
nária 44VCC (15A)
Consumidor 4

Consumidor 5

Figura 7 - Diagrama em bloco da estação de telecom

Figura 8 - Diagrama do conversor Boost a implementar

10
1.3.2 Dimensionamento do Conversor Boost

Figura 9 – Alimentação da estação

Potência de saída: Pom= 48V.15 A = 720 VA – especificada para suportar a capacidade


requerida por estação de telecomunicações com carga máxima de 15A, como Linha
Santo Antônio, SKAK, em Cerro Largo.
Tensão de entrada nominal: Vi = 44 Vrms ± 10%. Essa tensão é obtida através de um
transformador que rebaixa a tensão de saída do gerador que é de 220V.
Tensão de Saída: Vo = 48 Vcc – corresponde à tensão do banco de baterias com o qual
será estabelecido o fornecimento de energia aos equipamentos. Função de alimentação
e estabilização da tensão de saída aos consumidores.

Considerando Pin = Po, para um circuito ideal sem perdas, tem-se:


Corrente máxima de entrada Ii(Max):
in in in in
Vin.I = Vo.Io => I = Po / Vin => I = 720 / 44 => I = 16,36A

Corrente máxima de saída Io(Max):


in
Vin.I = Vo.Io => Io = Pin / Vo => Io = 720 / 48 => Io = 15A

Freqüência de chaveamento: A escolha da frequência de chaveamento é realizada a


partir de alguns fatores, tais como: frequência audível, evitando ruídos; perdas nas
chaves; melhoria do rendimento dos elementos reativos. Portanto escolheu-se uma
freqüência fs=20 KHz para atender essas especificações.

Indutância L1: a indutância foi calculada para uma variação máxima de 10% da máxima
corrente de pico. A máxima corrente de pico do indutor ocorre no pico da tensão de
entrada mínima com solicitação máxima de potência. O ciclo de trabalho D e a corrente
de pico do indutor ILp(max) para esta condição são dados por:

VO 1 VO - Vi (0,9)
= D= D = 0,175 (para pior caso Vin=44V – 10%)
Vi 1 - D VO

11
Po
I Lp (max) = 2 � Lp(max)
0,9 �Vi I = 25,63A

DI L = 10% ∆IL = 0,1*25,63 ∆IL = 2,563A

O valor da indutância é obtido por:


2 �(Vi �0,9) �D
L1 = L1 = 0,19 mH
f S �DI L
Para garantir o modo de condução contínua, diminuindo distorções, ainda pode-
se fazer a seguinte análise, como garantia.
L>Lmin = Vin2.D / 2.Po.f
L>Lmin = (39,6)2.0,175 / 2.720.20k L>Lmin = 9,53uH

Capacitor de saída C1: A expressão para o cálculo da capacitância está abaixo,


considerando uma variação de +-5% na tensão de saída (ripple admitido no projeto)
∆Vo = 48*0,05 = 2,4V
I �D
C= o C = 54,68uF
DVo �f s

Chave semicondutora controlada S 1 e o diodo de saída D1: as correntes de pico da


chave e no diodo são iguais às do indutor. Uma vez que é estabelecido um equilíbrio de
energia no indutor, a corrente média da chave e do diodo é igual à metade da corrente
média de entrada. A corrente de entrada tem a forma de uma senóide retificada, assim
o valor médio para a condição de operação nominal é dado por:
p
1
Ii ( rms ) � 2 �sen(wt ) �dt
p�
I S ( media ) = IS(media) = 14,73A
0

Quando a chave semicondutora controlada está no estado de condução a tensão


de saída recai sobre o diodo. Quando a chave é bloqueada o diodo passa a conduzir e
com isso a tensão de saída é aplicada diretamente à chave semicondutora. Como a
operação se dá em alta frequência o diodo a ser usado deve ser do tipo rápido. Como
chave semicondutora controlada pode-se usar IGBT (Isulated Gate Bipolar Transistor)
ou MOSFET. (Metal-Oxide-Semiconductor Field-Effect Transistor)
Assim as exigências para o diodo e a chave semicondutora controlada são:
 Corrente de pico máxima: 25,63A
 Corrente eficaz nominal: 15A
 Corrente média nominal: 14,73A
 Tensão reversa mínima (diodo): Vo + ∆Vo = 48 + 2,4 = 50,4V
 Tensão direta de bloqueio (chave): Vo + ∆Vo = 48 + 2,4 = 50,4V

12
1.3.3 Circuito Projetado e Simulado

Abaixo o diagrama do circuito desenvolvido e as simulações.

Circuito implementado

Tensão de entrada (retificador) e saída (banco de baterias)

Tensão média de entrada e de saída

13
VS1 - Tensão sobre a chave

VL – Tensão sobre o indutor (geral e ampliada)

14
CONCLUSÃO

As aplicações envolvendo conversores são vastas. Abrangem um rol imenso de


possibilidades onde podem ser empregados para melhorar o sistema, como otimizar
recursos de tensão, diminuir ondulações, amplificar corrente ou fixar saída para uma
entrada variável.

De posse das especificações da necessidade a ser suprida pode-se adotar a


melhor configuração disponível para empregar ou pesquisar formas inovadoras de
atender àquela demanda.

Neste trabalho projetamos e simulamos um conversor elevador de tensão de


forma que atendesse uma estação de telecomunicações, a partir das especificidades
desta. A aplicação prática dos conceitos de Eletrônica de Potência melhorou o
entendimento sobre o funcionamento de fontes chaveadas, alimentadores de bateria,
etc. Enfim, equipamentos que utilizam conversores para realizarem suas funções.

Sendo assim, obtivemos uma chance de vislumbrar um campo novo de


aplicações técnicas para os conceitos por nós aprendidos nas aulas da Engenharia
Elétrica e mais especificamente na área de eletrônica de potência.

15
BIBLIOGRAFIA

[1] BARBI,I e MARTINS,D.C. Conversores CC-CC básicos não isolados. Ed. Dos
Autores. Florianopolis,SC-Brasil,2000.

[2] RASHID,M.H.Eletrônica de potencia, circuitos, Dispositivos e aplicações. Ed.


Makron Books. São Paulo,SP-Brasil,1999.

[3] AHMED,A.Eletrônica de potência. Ed. Prentice Hall. São Paulo,SP-Brasil,2000.

[4] LAMBRIQUE,F e SANTANA, J.J.E. Electrónica de potencia. Ed. Fundação


Calouste Gulbenkian. Lisboa, Portugal 1991.

[5] CENTENARO, Lucas K. & TAUCHERT, Marcos & GRENZEL, Rafael.


Sistema de propulsão para um veículo híbrido série. Trabalho UNIJUÍ
[6] SILVA, José F. Alves da. Electrónica Industrial. Ed. Fundação Calouste
Gulbenkian. Lisboa, Portugal 1991.

16

Você também pode gostar