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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Estudo Dirigido sobre Durabilidade de Estruturas de Concreto

MARLON HENRIQUE MENDONÇA MAIA

Belo Horizonte
Setembro de 2018
Estudo Dirigido sobre Durabilidade de Estruturas de Concreto

Para a ABNT NBR 6118, durabilidade “consiste na capacidade da estrutura resistir às


influências ambientais previstas e definidas em conjunto pelo autor do projeto estrutural e o contratante,
no início dos trabalhos de elaboração do projeto”. A norma prescreve que “as estruturas de concreto
devem ser projetadas e construídas de modo que sob as condições ambientais previstas na época do
projeto e quando utilizadas conforme preconizado em projeto, conservem sua segurança, estabilidade
e aptidão em serviço durante o período correspondente à sua vida útil”.

Ainda de acordo com a NBR supracitada, vida útil de projeto é o “período de tempo durante o
qual se mantêm as características das estruturas de concreto, desde que atendidos os requisitos de
uso e manutenção prescritos pelo projetista e pelo construtor, bem como de execução dos reparos
necessários decorrentes de danos acidentais”. A norma ainda entende que o conjunto de projetos
relativos a uma obra deve orientar-se sob uma estratégia explícita que facilite procedimentos de
inspeção e manutenção preventiva da obra e que deve ser produzido um Manual de Manutenção da
estrutura, dependendo do porte da construção e da agressividade do meio e de posse das informações
dos projetos, dos materiais e produtos utilizados e da execução da obra, esse Manual deve ser
produzido por profissional habilitado, devidamente contratado pelo Proprietário da obra.

Resumindo pode-se afirmar que vida útil deve sempre ser analisada de um ponto de vista amplo
que envolve o projeto, a execução, os materiais, o uso, operação e a manutenção sob um enfoque de
desempenho, qualidade e sustentabilidade.

Nos projetos das estruturas correntes, a agressividade ambiental deve ser classificada de
acordo com o apresentado na Tabela Tabela 6.1 da norma.

O item 7 da NBR 6118 apresenta os critérios de projeto que visam a durabilidade do concreto.

Segundo a NBR 6118 (item 7.4), a “... durabilidade das estruturas é altamente dependente das
características do concreto e da espessura e qualidade do concreto do cobrimento da armadura.”
“Ensaios comprobatórios de desempenho da durabilidade da estrutura frente ao tipo e classe de
agressividade prevista em projeto devem estabelecer os parâmetros mínimos a serem atendidos. Na
falta destes e devido à existência de uma forte correspondência entre a relação água/cimento e a
resistência à compressão do concreto e sua durabilidade, permite-se que sejam adotados os requisitos
mínimos expressos” na NBR 6118 - Tabela 7.1.

Define-se cobrimento de armadura a espessura da camada de concreto responsável pela


proteção da armadura num elemento. Essa camada inicia-se a partir da face mais externa da barra de
aço e se estende até a superfície externa do elemento em contato com o meio ambiente.

A NBR 6118 define o cobrimento mínimo da armadura como “o menor valor que deve ser
respeitado ao longo de todo o elemento considerado.” A Tabela 7.2 da NBR 6118 apresenta valores de
cobrimento nominal com tolerância de execução (∆c) de 10 mm, em função da classe de agressividade
ambiental.

De acordo com a norma, para a adequada drenagem das estruturas devem ser tomados
cuidados como o acúmulo de água de chuva ou de limpeza e lavagem, disposição de ralos e
condutores, selagem de juntas de movimento ou de dilatação, proteção de topos de platibandas e
paredes, pingadeiras em beirais e rufos em encontros a diferentes níveis.

A NBR 6118 (item 7.3) ainda preconiza que devem ser evitadas “Disposições arquitetônicas ou
construtivas que possam reduzir a durabilidade da estrutura” e “Deve ser previsto em projeto o acesso
para inspeção e manutenção de partes da estrutura com vida útil inferior ao todo, como aparelhos de
apoio, caixões, insertos, impermeabilizações e outros.” E prever também aberturas para drenagem e
ventilação quando poder ocorrer acúmulo de água.
Quanto ao detalhamento das armaduras, a NBR 6118 (item 7.5) preconiza: “As barras devem
ser dispostas dentro do componente ou elemento estrutural, de modo a permitir e facilitar a boa
qualidade das operações de lançamento e adensamento do concreto. Para garantir um bom
adensamento, é necessário prever no detalhamento da disposição das armaduras espaço suficiente
para entrada da agulha do vibrador.”

Referente ao controle da fissuração a norma afirma: “O risco e a evolução da corrosão do aço


na região das fissuras de flexão transversais à armadura principal dependem essencialmente da
qualidade e da espessura do concreto de cobrimento da armadura. Aberturas características limites de
fissuras na superfície do concreto, dadas em 13.4.2, em componentes ou elementos de concreto
armado, são satisfatórias para as exigências de durabilidade.”

Analisando em sequência o artigo Introdução da durabilidade no projeto das estruturas de


concreto de Paulo Roberto do Lago Helene. Nos primeiros itens do artigo, o autor coloca alguns
conceitos parecidos com os expostos na NBR 6118, conceitos estes como, durabilidade, vida útil, além
de descrição dos mecanismos de envelhecimento e deterioração de estruturas de concreto,
classificação da agressividade do meio ambiente e classificação dos concretos. Tendo em como base
para suas exposições a norma discutida neste estudo.

Diante do crescimento de patologias em estruturas de concreto armado provocadas pelos


mecanismos de deterioração, a artigo “Introdução da durabilidade no projeto das estruturas de
concreto", escrito por Paulo Helene, comenta os parâmetros de durabilidade das estruturas de concreto
armado. Antes estabelecida com base na experiência do profissional de engenharia, a determinação
da durabilidade das estruturas, hoje, é baseada em procedimentos técnicos estabelecidos por normas.

Podemos dizer que complementar a norma NBR 6118, o autor do artigo traz discussões quanto
a quatro métodos para estimar a vida útil de estruturas de concreto, sendo eles:

•com base nas experiências anteriores;


•com base em ensaios acelerados;
•com base em enfoque determinista;
•com base em enfoque estocástico ou probabilista.

Esse pode ser considerado um grande avanço na área de vida útil de estruturas de concreto
armado. Porém, apesar de muitos modelos com essa finalidade estarem disponíveis atualmente, suas
validações a partir de comparações com resultados de campo precisam ser realizadas e são mais
demoradas por envolverem monitoramento de estruturas em condições reais de utilização, cuja
degradação é relativamente lenta.

O primeiro que utiliza como base experiências anteriores, vemos que se tem normas e diversos
estudos sobre estruturas de concreto armado e sua durabilidade, sendo uma discussão que tem sido
introduzida de forma subjetiva, ou melhor qualitativa. São especificadas umas certas exigências
construtivas que “asseguram” a durabilidade, isto é, certas atitudes a serem tomadas que se já tem
resultados positivos quanto ao aumento da durabilidade de estruturas.

O segundo método introduzido por americanos em 78, e seguindo a sequência um estudo para
determinar a previsão de vida útil deve ser: definir os requisitos e critérios de desempenho para as
condições d serviço, caracterizar o componente ou material, escolher indicadores de deterioração,
identificar os agentes agressivos, identificar os mecanismos de deterioração, adotar ensaios podem
apresentar envelhecimento natural, definir os requisitos de desempenho que serão avaliados no ensaio,
realizar ensaios exploratórios, desenvolver modelos matemáticos, estimar a vida útil em condições de
operação.

Quanto ao método determinístico, cujo a base desse método são os mecanismos de transporte
de gases, massas e íons através dos poros do concreto, no caso de iniciação e a lei de Faraday no
período de propagação, sempre que se trata de corrosão de armaduras, deve-se saber: Modelos de
previsão até despassivar (Termodinâmica da Corrosão), Modelos de previsão até despassivar (Cinética
da Corrosão).

E por último o artigo traz o método com enfoque estocástico ou probabilista, onde os princípios
de dimensionamento para a durabilidade são similares em tudo aos clássicos princípios de introdução
da segurança no projeto das estruturas de concreto, muitos discutidos na década de 70. Admite-se
distribuições normais ou Gaussianas para ações agressivas e log-normal para ou normal para as
resistências das estruturas a essas ações de deterioração. O princípio é o da teoria das falhas onde se
aplica as distribuições de Weibull. Igual que para os demais 3 métodos anteriores, aqui também há
níveis profundos de estudo. O mais simples é combinar o método determinista com o probabilista. Na
sequência determinar considerar a teoria de falhas e os mais aprofundados considerar o conceito de
risco, isto é, o produto da probabilidade de falha pelo custo de prejuízo causado.

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