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A análise da evolução da desigualdade de renda 2001 0,5960 0,565 0,6000 0,5683 0,5476 0,598
no Brasil mostra que, apesar da mencionada queda
recente, a desigualdade permanece ainda bastante 2002 0,5892 0,5642 0,5947 0,5631 0,5296 0,5949
Além disso, os 10% mais ricos se apropriam de 2005 0,5693 0,5293 0,5708 0,5433 0,5154 0,5773
mais de 40% da renda, enquanto os 40% mais pobres
se apropriam de menos de 10% da renda. Entretanto, 2006 0,5682 0,5383 0,5843 0,5404 0,5110 0,5665
o período 2001-2004 apresentou as menores taxas
Fonte: Elaboração Própria dos Autores a partir de Dados da PNAD.
de desigualdade de renda no Brasil desde a década de
1960. (KAKWANI; SON, 2006).
0 ,6 2
0 ,6
0 ,5 8
(Gini)
0 ,5 6
0 ,5 4
0 ,5 2
0 ,5
2001 2002 2003 2004 2005 2006
B r a sil N o r te N o r d e ste
S u d e ste Sul C e n tr o - Oeste
(1.a)
Aplicando o conceito de correlação, teremos:
Onde:
1.b)
(7)
e
Onde:
(1.c)
(8)
A técnica de decomposição empregada no presente
trabalho toma por base a seguinte equação de salário: 3.3 – Base de Dados: Fonte, Tratamento e
Estatísticas Descritivas
(2) Os dados utilizados neste artigo foram coletados
junto à Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios
Tomando a covariância dos dois termos de (2), (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
conforme Shorrocks (1982) e Fields (2002), tem-se (IBGE). Foram considerados os anos de 2001, 2004
que: e 2006. O período 2001-2004 foi escolhido com o
objetivo de estudar a já mencionada recente queda da
desigualdade salarial no país. O último ano escolhido
(3)
foi 2006, por ser o último período para o qual existem
dados disponíveis da PNAD.
Em virtude do lado esquerdo de (3) ser a
covariância de lnY consigo mesmo, esta expressão é Foram selecionadas informações referentes às
simplesmente a variância de lnY. Portanto, cinco macrorregiões do país, buscando entender quais
os determinantes da queda da desigualdade em cada
uma destas. Há a necessidade de se analisar cada
(4) região faz-se preciso em virtude das especificidades
de cada uma delas no mercado de trabalho e ao fato
Dividindo ambos os lados de (4) por , de que algumas das cinco macrorregiões podem ter
teremos: apresentado aumento da desigualdade no período
em foco, ou ter apresentado uma queda não tão
significativa como a observada para o país como um
todo. Analisando a redução da desigualdade do país,
(5)
conforme ressaltou o Ipea (2007), as características
regionais, as formas de acesso ao trabalho e as formas
de segmentação no mercado de trabalho estão entre
Cada é chamado de peso relativo do fator os principais determinantes da queda da desigualdade
desigualdade dado por: em período recente. Barros et al. (2007), por outro
lado, enfatizam o papel da educação e experiência
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Nota: Estatística t entre parênteses (calculada com erros robustos de White). *p-valor.
a educação ou sindicalização, seus respectivos S s Com relação à variável raça, os resultados mostram
j ´ terão uma interpretação direta. Entretanto, essa que sua participação na desigualdade é quase
interpretação é diferente para variáveis que possuem nula em todos os anos estudados, para as regiões
um efeito não-linear como idade e idade2. Nesse caso, Norte, Nordeste (em 2004 e 2006) e Sudeste, com
a contribuição dessas variáveis para a desigualdade de participações para todas as regiões e todos os anos
renda seria dada pela soma dos seus dois S s j ´− do com valores inferiores a 0,006% . Em conformidade
linear e do não-linear. com Berni (2007), não existe decomposição para
a variável raça, pois os resultados da estimação
Conforme apresenta a Tabela 4, pode ser indicam não-significância para o ano de 2001. Para
observado que a variável educação é o principal as macrorregiões Sul e Centro-Oeste, também não
determinante da desigualdade de salários em existe decomposição para essa variável, pois não
todas as regiões citadas. Para o ano de 2001, os foi significativa na determinação da equação de
anos de escolaridade do trabalhador explicam, rendimentos em nenhum dos três anos estudados.
respectivamente, 10,00%, 51,68%, 28,85%, 34,11%
e 51,89% da desigualdade para as regiões Norte, É importante notar que as variáveis de indicador
Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Esse resultado de formalidade do trabalhador e de sindicalização
corrobora os estudos de Ramos e Vieira (2000) e apresentaram, respectivamente, o quinto e sexto
Berni (2007). Vale destacar ainda que, para 2001, a lugares na contribuição para a desigualdade nas
região Norte apresentou o menor valor entre as cinco regiões do país. Entretanto, como não foi significativa
regiões estudadas, com uma contribuição de apenas na determinação da equação de rendimentos das
10,00% para a desigualdade. regiões Norte e Centro-Oeste em 2004 e Sudeste
em 2001, não faz sentido definir sua explicação na
Para os anos de 2004 e 2006, nota-se a queda determinação da desigualdade nesses períodos.
contínua da participação da educação na explicação da
desigualdade para as regiões Nordeste e Centro-Oeste Para os anos de 2001 a 2006, a variável indicador
em 2004, e para todas as regiões em 2006. Infere-se de formalidade do trabalhador apresentou valores de
que essa queda dos retornos médios da escolaridade contribuição para a desigualdade de 5,00%, 1,00%
deve-se ao aumento da qualificação dos trabalhadores e 5,29% para o Norte; 2,96%, 6,58% e 9,70% para
observada nos últimos tempos e à observada o Nordeste; 9,40%, 5,48% e 5,36% para o Sudeste;
concorrência travada pelos trabalhadores na busca por 9,60%, 6,58% e 5,01% para o Sul; e -0,08%, 3,05% e
emprego. 4,87% para o Centro-Oeste. Já a variável sindicalização
apresenta um resultado interessante para quase todos
Por outro lado, tem-se que a idade dos os períodos pesquisados, com exceção das estimações
entrevistados se constitui como o segundo principal para o Norte e Centro-Oeste em 2004 e para o Sudeste
determinante da desigualdade em 2001, para todas as em 2001, onde os parâmetros não foram significantes.
regiões em foco, com exceção apenas para a região Para os demais períodos e macrorregiões, nota-se uma
Sudeste, que teve a idade como o segundo maior elevação da importância da sindicalização no Brasil.
determinante nesse ano. As contribuições do gênero Isso mostra o aumento do poder dos sindicatos na
para a desigualdade nas regiões Norte, Nordeste, barganha de salários ao longo do período estudado e
Sudeste, Sul e Centro-Oeste foram, respectivamente, contraria o resultado de Berni (2007), que apresentou
10,00%, 10,13%, 12,03%, 13,99% e 19,66%. Já uma diminuição do poder dos sindicatos no Nordeste
para o ano de 2004, em todas as regiões, a idade foi entre 1995 e 2007.
o segundo principal determinante da desigualdade
de renda do trabalho, com exceção apenas para o Ainda conforme destaca Berni (2007), vale
Norte, que apresentou o gênero como segundo maior salientar que, apesar de algumas variáveis terem
determinante. Nota-se, também, na Tabela 4, que essa sido significativas na equação de rendimentos, nem
mesma ordenação foi mantida no ano de 2006. todas essas variáveis são relevantes na explicação da
desigualdade de rendimentos. Como exemplo, pode-se
Fonte: Elaboração Própria dos Autores a partir dos Microdados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD)/Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
Fonte: Elaboração Própria dos Autores a partir dos Microdados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD)/Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).