Você está na página 1de 56

Pessoas jurídicas de direito privado~ São corporações ou fundações.

|
associações e sociedades(o contrato de sociedade está

previsto no art. 981, do CC./ direito


empresarial)

Associações~ art.53, do CC.~ Constituem-se pela “união de pessoas que se

organizem para fins não econômicos.”/ “Não há, entre os associados, direitos e obrigações
recíprocos.”

OBS: fins não econômicos = Fins não lucrativos.

OBS2: Associações e sociedades~Ambas são corporações, são formadas a partir da reunião de


pessoas, mas a distinção entre elas é a finalidade lucrativa. Duas pessoas se reúnem em uma
sociedade, querendo o lucro. Nas associações, isso não acontece. Melhor teria sido se o legislador
tivesse usado a expressão “ para fins não lucrativos”, em vez de fins não econômicos.

• Elas não podem ter fins lucrativos, o que não significa dizer que elas não
podem ter ganhos financeiros. Elas podem explorar atividades econômicas. Só
que esse dinheiro é reinvestido no escopo daquela associação, nas atividades
que ela desempenha para atingir os objetivos dela. Pode inclusive ter
administradores remunerados, o que não é possível é a partilha do lucro,
porque isso é inerente às sociedades.

• Dissolução de associações ~De acordo com o art.61, do CC, quando a


associação é dissolvida, você tem que liquidá-la (pagar as dívidas dela com os
ativos e eventual remanescente vai para outra associação, com fins semelhantes.
Geralmente, já prevista no estatuto. Mas não poderá haver partilha dos remanescentes
entre os associados.

• Liberdade associativa~ a liberdade de associação está consagrada na


Constituição, no Art. 5º, XVII e Art. 5º, XX.~ é um direito fundamental e está
expresso como um direito individual, na Constituição./ A própria Constituição
já veda a associação para fins ilícitos. Uma organização criminosa nunca vai
poder constituir uma associação, porque seu objetivo é ilícito. Um objetivo não
basta ser lícito, não pode possuir caráter paramilitar também.

• O que tem que estar previsto no estatuto de uma associação~art.54, do CC.~ Isso
reforça o princípio da liberdade, o Estatuto pode criar regras sobre todas essas
matérias. Atenção! Possíveis controvérsias (o professor parece gostar de explorar
justamente isso, é importante desenvolver os elementos da controvérsia nas questões).

1. Admissão ou exclusão de um associado~ a lei disse que o estatuto


pode criar regras para a admissão de novos associados. Então, existe
liberdade aqui para se criar qualquer regra?- Casos polêmicos:
Alguns clubes recreativos aqui no Brasil tinham em seus estatutos uma
regra que não admitia filhos adotivos dos associados daqueles clubes.
Como a gente poderia responder que essa distinção não é permitida? A
liberdade associativa tem que ser ponderada com outros direitos
fundamentais que possam estar em conflito, no caso concreto. Nesse caso,
está em conflito com o direito à igualdade. Essa previsão em um estatuto
de uma associação é flagrantemente inconstitucional. Isso já foi decidido
pelo STJ (“não é possível, entretanto, estabelecer discriminação que a lei
não admite”).

2. Caso dos clubes que têm em seus estatutos uma regra que exige que as
babás devam ingressar uniformizadas, inclusive uniforme branco-
Liberdade associativa ou violação dos direito fundamentais? Nitidamente
atentatória à dignidade da pessoa humana.

Não é qualquer restrição que é ilegítima, há uma ponderação da liberdade de associação com a
isonomia. Temos que ver se a restrição é condizente com a finalidade da associação, pode ser que seja
razoável.

• O direito do associado, via de regra, é intransmissível. A menos que o estatuto estipule


o contrário.~ art. 56, do CC.

• Exclusão do associado~ art. 57, do CC. Polêmicas!

1. Caso em que determinado músico foi excluído, de acordo com as regras


previstas no estatuto daquela associação.- STF estabeleceu que os princípios
constitucionais, dentre os quais o da ampla defesa e o devido processo legal,
aplicam-se nas relações entre os particulares. Hoje em dia, é pacífico que as
normas constitucionais têm influência direta nas relações entre particulares.
Supremo reconheceu o que se chama de “Teoria da Eficácia horizontal* dos
Direitos Fundamentais” e anulou aquela exclusão do caso concreto,
reintegrando o músico na associação.

* Relações entre particulares, de igualdade, não são verticais.

A lei claramente manda obedecer os princípios da ampla defesa e do devido


processo legal. O direito de defesa é uma garantia constitucional, art 5º, LV, e aplica-
se também nas relações entre os particulares.

• Arts 55 e 58 prevêem a igualdade de direitos entre os associados. (diferente do


que acontece ordinariamente nas sociedades). Na associação, por exemplo,
cada associado tem direito a um voto nas assembléias, para discutir os assuntos
inerentes àquela associação. A única exceção que a lei traz é essa categoria
diferenciada, prevista no art. 55.

OBS: Associado remido (aquele que está dispensado de pagar as contribuições


para aquela associação).

• Casos em que várias pessoas moram em uma determinada rua.~ proteção privada da
rua~ obrigação de pagar contribuição mensal VS alegação da liberdade associativa
(Art. 5º, XX).

Por um lado, há o argumento da liberdade associativa e, por outro lado, o do


enriquecimento sem causa, ou enriquecimento ilícito. Está havendo um benefício
próprio às custas dos demais moradores. “Free Rider” ( pegar carona grátis).

- STF decidiu pela liberdade associativa - Hoje, o que prevalece na


jurisprudência é que ninguém pode ser compelido a algo em que não queira participar. Entre
outros argumentos, só tributos podem ser cobrados de forma compulsória e esse caso não é de
tributos. Somente quem pode tributar é o Estado e dentro de vários limites previstos na CF.
STF diz que não seria possível uma contribuição coativa em relações interparticulares.

• A assembleia está regulada nos arts 59 e 60, do CC~ delibera - qual é o quórum
para aprovar as matérias.
Pessoas Jurídicas (genericamente, não apenas
associações).
• Começo da existência da pessoa jurídica - A partir do registro~ art 45, do CC~
para pessoas jurídas de direito privado (as de direito público possuem uma
lógica distinta.) Duas fases: Elaboração do ato constitutivo e Registro,
inscrição do ato no Registro Público.

Órgão competente - Há dois registros possíveis: O Registro de pessoas jurídicas e a


famosa Junta Comercial. Você saberá para qual vai levar, a partir do tipo de pessoa jurídica.
Em linhas gerais (Em alguns casos, a lei exige uns requisitos adicionais) - associações,
fundações e sociedade simples são levadas para o Registro de Pessoas Jurídicas e a sociedade
empresária é registrada na Junta Comercial.

OBS: No caso da pessoa jurídica, só se adquire personalidade jurídica, a partir do


registro, aqui ele tem natureza constitutiva. Significa dizer que é apenas o registro que vai
criar a personalidade jurídica, não basta a assinatura do ato constitutivo. Diferente do caso das
pessoas naturais, as quais adquirem personalidade jurídica pelo nascimento. Nesse último
caso, o registro terá natureza apenas declaratória, sendo reconhecida uma personalidade
preexistente.

Entes despersonalizados~ Algumas figuras no nosso direito,


que não têm personalidade jurídica, embora, muitas vezes, pareçam ter.
Exemplo: Condomínio edilício (regulado na parte de direitos reais). Ele não é
uma pessoa jurídica, mesmo tendo CNPJ (apenas para fins tributários) é um
ente despersonalizado - não tem personalidade jurídica.

Outros exemplos: Massa falida, conjunto de bens de uma sociedade que vai à falência.
Do mesmo modo, quando uma pessoa morre, forma-se uma figura chamada “espólio”, que
também não possui personalidade jurídica, é um conjunto de bens. Além disso, a família não
tem personalidade jurídica.
* Na realidade fática, existe uma sociedade, com sócios que estão reunidos para
desempenhar uma determinada atividade, só que de forma informal, ou seja, sem observar os
requisitos legais e necessários para constituir uma pessoa jurídica. A principal consequência
da sociedade de fato é que ela gera responsabilidade ilimitada dos sócios.

Importante entender que, embora não tenham personalidade jurídica, são entes
presentes na realidade fática. Eles podem praticar determinados atos, mesmo não tendo
personalidade jurídica, possuem alguns direitos. Apenas alguns atos que sejam compatíveis
com a entidade. Ao contrário daqueles entes personalizados que possuem ampla aptidão para
praticar atos da ordem civil.

Ente despersonalizado pode ser titular de direitos, mas não é uma aptidão genérica,
porque nao tem personalidade jurídica, não pode praticar qualquer ato. Por exemplo, o
condomínio pode contratar um serviço para consertar um cano que estourou, mas não seria
cabível um condomínio celebrar um negócio, um empreendimento para investir.

Responsabilidade civil das pessoas


jurídicas~Art 173, § 5º , CF/88~ A responsabilidade civil dos dirigentes
não se confunde com a responsabilidade civil da pessoa jurídica, até porque ela
tem autonomia, tem vontade própria, então ela pode ser responsabilizada sem
afetar o patrimônio dos sócios, essa é a regra.

• As pessoas jurídicas de direito público têm um regime diferente das pessoas


jurídicas de direito privado e se submetem a regras distintas. Na formação da
pessoa jurídica de direito público é necessária uma lei, sendo que para uma
pessoa jurídica de direito privado, basta que tenha, via de regra, um ato
constitutivo levado a registro.

• As pessoas jurídicas têm autonomia, patrimônio próprio e vontade própria.


Então, a responsabilidade civil da pessoa jurídica não se confunde com a dos
sócios, quando a empresa é condenada a indenizar alguém, quem vai pagar a
indenização é a própria empresa, com seu próprio patrimônio.
• Controvérsias sobre a função da responsabilidade civil. Algumas correntes
defendem que deve apenas reparar dano, outras que deve ser uma punição
(função punitiva, função pedagógica).

a) Responsabilidade civil das pessoas jurídicas de Direito


Público
Em relação às pessoas jurídicas de direito público, a responsabilidade
civil é objetiva (que independe de dolo ou culpa stricto sensu - OBS: Culpa

lato sensu- abrange dolo e culpa stricto sensu) mas nem sempre foi assim – 3

FASES.

1. fase da irresponsabilidade - o Estado não respondia pelos


danos que ele causava. “ The king can do the wrong” -
apenas os funcionários públicos poderiam ser
responsabilizados pelos danos que cometiam

2. fase da responsabilidade com culpa - também chamada


subjetiva, pressupõe que o Estado só poderia ser
responsabilizado se ficasse demonstrada a culpa - a doutrina
francesa desenvolveu a teoria da falta do serviço (faute du
service), a falta era justamente a culpa comprovada. Por
exemplo, se um serviço público foi mal prestado, você
poderia pedir indenização do Estado, não precisaria ir atrás
do servidor público;

3. Teoria objetiva do Estado - Prevista na nossa Constituição,


no art. 37, 6º e também no Código Civil. - duas subdivisões:

- Teoria do Risco Administrativo


A atividade administrativa tem em si um risco e cabe ao
Estado arcar com esse risco, arcar com todos os ônus
decorrentes da atividade administrativa. Então, não é necessário
comprovar que houve culpa. OBS: requisitos da
responsabilidade civil são: (i) ação ou omissão, (ii) dano e (iii)
nexo de causalidade.

A Teoria do Risco Administrativo admite algumas


excludentes da responsabilidade civil, por exemplo, o fato de
terceiro e caso fortuito ou força maior (um fato que era
imprevisível e inevitável). Nessas hipóteses, a responsabilidade,
mesmo sendo objetiva, afasta-se, porque não há nexo causal
entre ação e dano

É a regra do nosso ordenamento jurídico.

- Teoria do Risco Integral

A criação do risco é integral, ou seja, a responsabilidade


objetiva do Estado não desaparece por fato de terceiro ou por
caso fortuito ou força maior. o Estado responde mesmo em caso
fortuito ou de força maior ou em fato de terceiro.

Defendida para situações específicas e a principal delas é


o caso de dano ambiental. Dano ao meio ambiente deve
corresponder a uma responsabilidade objetiva, não só para um
Estado, para um particular que praticar um dano ambiental
também. (doutrina majoritária.)

OBS: Temos que analisar se o dano está mais ligado à


falta do serviço, omissão do Estado, ou a um fato de terceiro ou
fato da natureza, o que é visto no caso concreto.(Muito
importante argumentar baseando-se no caso concreto, tentem
explorar todos elementos possíveis apresentados no enunciado)

B) Responsabilidade objetiva das concessionárias de serviço


público

O art.37, 6º também prevê nesse regime a responsabilidade objetiva das


concessionárias de serviço público. Por exemplo, concessionárias de ônibus, de
saneamento, de iluminação pública.

OBS: De acordo com o art. 37, § 6º, da CF/88, pessoa jurídica de direito
interno e as concessionárias de serviço público respondem de forma objetiva
pelos danos que seus agentes causarem a terceiros. (Essas concessionárias são
de direito privado, mas prestam serviços públicos, por isso se encaixam nessa
regra)

C) Omissão específica

Jurisprudência - critério - Omissão do Estado - específica, uma falta


recorrente - é possível responsabilizar o Estado.

D) Responsabilidade civil das pessoas jurídicas de Direito

Privado

Em regra é subjetiva, mas depende da hipótese, porque já vimos que a lei em algumas
hipóteses* pode definir que a responsabilidade é objetiva. Essa regra geral advém da
combinação dos arts. 196 e 927, do CC. O artigo 186 define o ato ilícito, fala em omissão
voluntária ou em negligência ou imprudência (são modalidades de culpa, temos a culpa em
sentido amplo).
Regra geral das pessoas jurídicas de direito privado~responsabilidade subjetiva, a
não ser quando a lei estabeleça o oposto. Um exemplo já dado é o das relações de consumo -
que estão relacionados a uma responsabilidade objetiva, por conta do CDC (Código de Defesa
do Consumidor). (Parece importante ficar atento a esses pontos destacados pelo professor em
sala de aula. Exceções como o caso da ausência para aqueles com mais de 80 anos de
idade e a questão da permissão do cônjuge, que não eram diretamente o foco da matéria,
mas caíram na prova).

Artigo 927, parágrafo único - Aqui a gente tem uma previsão genérica de
responsabilidade objetiva pelo exercício de atividades consideradas perigosas, o legislador
não definiu quando uma atividade é perigosa ou não.

Caso do caminhoneiro: Um caminhoneiro de uma empresa causou um


acidente na rodovia, destruiu meu carro. Se :

– Forma culposa ~ a responsabilidade dele é subjetiva, seria a regra geral dos


arts 186 e 927.

- Sem culpa~ O motorista não pode responder pelo dano (mas a empresa pode,
se eu considerar que a atividade que ela presta é perigosa. Cairia no parágrafo
único do art. 927, não precisaria analisar a culpa, por ser um ônus da atividade.
A responsabilidade dela seria objetiva. / Se não se encaixasse no art. 927
parágrafo único, a responsabilidade da empresa seria subjetiva, você teria que
comprovar que houve culpa.)
• O dirigente de uma sociedade tem responsabilidade individual que não se
confunde com a da sociedade. Art. 47, CC.- Se um administrador pratica um
ato dentro dos poderes definidos pelo estatuto, ele vai obrigar a sociedade.

E quando ocorre um ato praticado por uma pessoa que não é representante, ou é
representante mas extrapola os poderes previstos no estatuto? A pessoa jurídica não estará
obrigada a cumprir aquela obrigação. O art 47 fala de forma clara que a pessoa jurídica só fica
obrigada pelos atos praticados pelos administradores, praticados nos limites dos poderes
definidos no estatuto. Mas há a opção de entrar com uma ação pedindo indenização contra
aquele dirigente, ou aquela pessoa que se apresentou como dirigente.

Na prática, o que acontece é que a jurisprudência vai se deparando com casos em que
um determinado contratante foi prejudicado e não teve uma diligência na hora de conferir os
documentos, mas não era razoável se exigir dele uma diligência muito acentuada. Então, a
jurisprudência invocou a “Teoria da aparência” – possibilita afastar a regra do art 47 e exigir
que aquela pessoa jurídica cumpra a obrigação, embora ela não tenha sido assumida por um
dirigente de acordo com o estatuto.

Isso é para proteger o terceiro contratante. A empresa sendo obrigada a cumprir aquela
obrigação, depois pode entrar com uma ação contra o dirigente. Porque o dirigente provocou
um dano e ela tem direito à reparação desse dano, pode pedir indenização do dirigente que
desrespeitou os poderes previstos no estatuto. É óbvio que quanto mais complexo e caro um
contrato, menos possível seria aplicar a teoria da aparência.

• Essa regra que está consagrada no art.47 é conhecida como “teoria dos atos
ultra vires”, diz que a pessoa jurídica só fica obrigada a cumprir as obrigações
estabelecidas pelos dirigentes dentro dos poderes definidos no estatuto. Os atos
que extrapolam esses poderes são chamados “atos ultra vires”. Regra geral é
que as sociedades não respondam pelos atos ultra vires, exceto quando se
aplica a teoria da aparência.

E) Teoria da desconsideração da personalidade jurídica


Artigo 50, do Código Civil ~ exceção - os sócios podem ser responsabilizados
por atos da sociedade.

Hipóteses de fraude ou de abuso da personalidade jurídica. - os sócios se utilizam da


pessoas jurídica, de forma fraudulenta, e acabam provocando danos a terceiros. Nessas
hipóteses, permite-se que aqueles sócios assumam as responsabilidades pessoalmente, porque
eles teriam abusado da personalidade jurídica e, portanto, faria sentido que eles respondessem
pessoalmente, com seu próprio patrimônio. O juiz desconsidera que existe uma pessoa
jurídica, não existe mais aquela separação patrimonial naquele caso concreto. E com isso, o
patrimônio dos sócios pode ser atingido.

OBS: Problemas quanto a empreender - não existir essa separação patrimonial, haveria um
risco enorme.

Vem do direito americano, onde se fala “disregard of legal entity”. O juiz vai
afastar a personalidade, somente para aquele caso específico, e vai permitir que os credores da
sociedade acionem o patrimônio dos sócios. Ele não está extinguindo a personalidade jurídica
daquela pessoa.

- Teoria maior da desconsideração jurídica ~ Mais rigorosa ~ abuso da


personalidade jurídica, que se manifesta de duas formas: desvio de finalidade
ou confusão patrimonial.

- Teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica ~ Menos


rigorosa ~ Regulada no código de defesa do consumidor, CDC, art. 28, 5º. É bem menos
rigorosa para admitir a desconsideração da personalidade jurídica.

É um artigo completamente controvertido em relação à doutrina do Direito


Empresarial. Para ela, seria um absurdo, inviabilizar completamente a cooperatividade
econômica. É dito que esse artigo não pode ser interpretado de forma literal, pois estaria
acabando com o empreendedorismo na nossa economia. Mas a jurisprudência, em regra,
segue o artigo 28 , 5º, do CDC, na sua literalidade,
F) Desconsideração inversa da personalidade jurídica

O juiz vai permitir que o patrimônio da sociedade seja atingido por uma obrigação que
era do sócio.

Ela permite a responsabilização da pessoa jurídica por dívidas do sócio, isso é muito
comum em caso de partilha de bens. No divórcio, antes de fazer a partilha, um dos cônjuges
tenta fraudar a partilha de bens, transferindo-os para a sociedade. O outro alegaria que houve
uma atitude fraudulenta, que a transferência foi com intuito de fraudar e o juiz vai permitir a
desconsideração inversa. Então, vai atingir o patrimônio daquela pessoa jurídica, retirar
aqueles bens que estão no nome da sociedade e transferir para o outro cônjuge.

Direitos da Personalidade e Pessoas Jurídicas~ art


52, do CC.~ A lei diz para aplicar os direitos da personalidade, no que couber, às pessoas
jurídicas.

• Essa questão não é simples justamente porque a ideia dos direitos da


personalidade se baseia em serem inatos ao ser humano. A tutela da pessoa
humana tem um fundamento distinto da tutela da pessoa jurídica. Protege-se a
pessoa humana porque ela tem dignidade, como um fim em si mesma. Protege-
se a pessoa jurídica, porque ela é um meio para se chegar na dignidade, não é
um fim em si mesmo.

• Relevância prática: pessoa jurídica pode sofrer dano moral? Ex.: Empresa
entrando com uma ação, alegando que sofreu dano moral e pedindo
indenização, ela tem esse direito? O STJ diz que sim, súmula 227, isso
acontece quando ofendem a honra dela, ela tem uma reputação no mercado, ela
tem a honra objetiva. Para essa corrente, direito ao sigilo (equivalente à
privacidade) e à marca (equivalente à imagem) seriam exemplos de direitos da
personalidade aplicáveis à pessoa jurídica, passíveis de gerar dano moral.

• Outra corrente: sustentada, entre outros autores, por Gustavo Tepedino, Maria
Celina Bodin de Moraes e Anderson Schreiber, diz que na verdade há um erro
de perspectiva. Pessoas jurídicas não podem sofrer dano moral, porque é algo
da personalidade enquanto atributo de uma pessoa humana e não de uma
pessoa jurídica. O erro de perspectiva seria que todo dano sofrido por uma
pessoa jurídica, na verdade , é um dano material e não moral. Mesmo quando
se ofende a reputação de uma empresa, o que está em jogo é o seu patrimônio e
não sua honra. Porque a empresa não tem dignidade, ela tem um patrimônio
que sofreu uma diminuição e, portanto, sofreu um dano avaliável
economicamente, não é como se não tivesse esse direito da personalidade.

• Mas o STJ diz que é dano moral, já que é mais fácil arbitrar sua indenização.

• Existe um Enunciado da Jornada de Direito Civil 286 que diz que os direitos
da personalidade são direitos inerentes e essenciais da pessoa humana,
decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais
direitos. Sendo assim, pessoas jurídicas sofrerem danos morais seria uma
contradição em termos.
• Entidades filantrópicas não tem fins lucrativos. Se sofrerem um abalo na
reputação delas, ainda assim seria um dano de natureza patrimonial? Alguns
autores vão divergir e a Maria Celina Bodin de Moraes, por exemplo, que é
uma defensora da corrente segundo a qual pessoa jurídica não sofre dano
moral, faz a ressalva de que, na hipótese de pessoas jurídicas com fins
altruísticos e filantrópicos, haverá um dano que não é moral, nem material. Ela
criou uma terceira categoria de danos e apelidou de “dano institucional” (é o
que atinge a credibilidade dessas pessoas jurídicas filantrópicas).

Extinção da Pessoa Jurídica


-Se os sócios concordaram em extinguir. Isso se chama distrato (desfazimento de
um contrato), da mesma forma que aqueles sócios concordam em assinar um contrato de
sociedade, eles podem, a qualquer momento, concordar em assinar um distrato;

- Advento do termo, ou seja, é possível que no estatuto daquela pessoa jurídica, já


venha previsto um prazo de duração;

- Quando ela dependa de autorização para funcionar, por exemplo, uma empresa
estrangeira só pode atuar no Brasil se estiver autorizada, se ela perde autorização, pode se
extinguir;

- Falta de pluralidade de sócios, como já vimos, a sociedade é uma corporação,

porque ela é formada por uma reunião de pessoas. Só existe sociedade se houver mais de uma
pessoa. Então, se você tem dois sócios na sociedade e um se retira, a lei diz que existe um
prazo para você conseguir um outro sócio, se você não consegue outro sócio para ficar no
lugar daquele que se retirou da sociedade, aquela pessoa jurídica vai ser extinta. Porque seria
uma contradição em termos, não pode haver uma sociedade de uma pessoa.

BENS

• Visão tradicional dos bens.~ “coisas materiais ou concretas, úteis ao


homem, de expressão econômica e suscetíveis de apropriação”.
- Sofre algumas críticas da doutrina contemporânea, especialmente porque ele
é um conceito extremamente patrimonialista, tanto é, que ele só considera bem
aquilo que pode ser objeto do direito de propriedade, passíveis de apropriação.

OBS: cláusula geral de tutela da pessoa humana, de onde se extrai o princípio da


dignidade humana, [Artigos 1o, III, da Constituição] - é necessário reconhecer a primazia dos
interesses existenciais ou extrapatrimoniais.
Visão adotada pelo CC, mas criticada pela doutrina. Hoje em dia, defende-se que até
mesmo o ar tem relevância jurídica, porque integra o meio ambiente. Por isso, uma
preocupação do ordenamento jurídico com proteger o ar. O estudo dos bens não pode
continuar preso à ótica patrimonialista da apropriação, diz a doutrina do direito civil
constitucional, a doutrina contemporânea civilista
– Caso da médica que recolheu o sêmen do namorado e engravidou, no qual foi foi
aplicado o regime do contrato de doação.
- Um empregador pode ver o uso dos e-mails do empregado? 1- ótica patrimonialista -
empregador, o patrão, pode exercer o controle da forma que ele quiser./ 2- ponto de vista dos
direitos da personalidade - interesses existenciais que estão em jogo e eles possuem primazia
na Constituição.
OBS: Bem e coisa, são sinônimos? Para alguns autores sim. Inclusive é comum usar
as expressões bens e coisas como sinônimos. Mas para alguns autores, o termo bem é mais
amplo. Então, bem seria gênero e coisa seria uma espécie do gênero. Mas alguns autores
defendem o inverso, que coisa seria o gênero e bem seria espécie de coisa.

• Classificações dos bens~ atreladas àquela ótica patrimonialista.

• Efeitos práticos:
1. Momento de transmissão da propriedade. - a transmissão da propriedade de um
bem móvel se dá no momento da entrega do bem, que recebe o nome de tradição.
Mas a transmissão da propriedade de bens imóveis se dá apenas com o registro do
contrato de compra e venda./ previstas nos artigos 1245 e 1267 do Código Civil;
2. Se o casal está no regime de separação de bens e se não vai aplicar o artigo
1647, não será necessária a autorização conjugal para praticar aqueles atos. O
artigo diz respeito justamente à alienação de bens imóveis. OBS: [alienação é
transferência, transmissão da propriedade, a título gratuito ou oneroso].
3. O artigo 108 do Código Civil exige Escritura Pública nos negócios que
envolvam bens imóveis com valor superior a 30 salários-mínimos.
4. Nos Direitos Reais, o código trouxe prazos diferentes para caracterizar
usucapião de bem imóveis e de bens móveis;
5. Os representantes legais podem vender o imóvel do filho? Podem, só que a lei
exige que a venda tenha uma autorização judicial. Então, para vender o imóvel, os
representantes legais vão ter que ir a juízo pedir autorização para vender, isso está
no artigo 1691. Mas se quiserem vender um bem móvel do filho, obviamente não
vão precisar ir a juízo, a exigência é apenas para imóveis.
--- A visão que prevaleceu no Código Civil é que o imóvel tende a ter mais valor e
por isso cabe aqui uma preocupação maior da lei, no regime jurídico em geral que
vai regular este bem imóvel.
--- Outra explicação é a relacionada à finalidade. Geralmente, os imóveis tem uma
finalidade relacionada à moradia ou são imóveis comerciais, são relacionados à
subsistência da pessoa, criação de receitas. - tende a interesses existenciais.
--- A doutrina costuma criticar esse exagero de cuidado. - Orlando Gomes
fetichismo da coisa imóvel no nosso direito.

a) Bens Imóveis~ artigo 79, CC.

• Dependendo se o bem é móvel ou imóvel, ele vai se submeter a um


regime jurídico totalmente distinto.
- Bens imóveis por natureza - o solo (leia-se todo terreno, inclusive o
oceano)
- Bens imóveis por acessão natural - não dependem da ação humana. –
Ex : passarinho levou uma semente e nasceu a árvore.
- Bens imóveis por acessão artificial - dependem da ação humana. -
construções e as plantações, porque, na plantação, é o homem que planta
no solo, decorreu de uma ação humana.
- Bens imóveis por determinação legal - hipóteses do artigo 80, do Código
Civil.

OBS: Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:

I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem


removidas para outro local;

II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.

B)Bens Móveis~ Artigo 82. - Conceito de bem móvel por natureza. – São
móveis aqueles bens que têm movimento próprio ou também aqueles que podem ser
removidos por uma força alheia, sem alterar a substância ou a sua destinação.

OBS: semoventes – Possuem movimento próprio. Ex.: Animais – OBS2: não é por que são
concebidos como uma coisa, que eles ficam totalmente desprotegidos. Até porque o animal
concerne ao meio ambiente e a Constituição, no artigo 225, protege o meio ambiente.
- Móveis por determinação legal - previstos no artigo 83.
- Móveis por antecipação - Terceira classificação de bens móveis que não está na lei, mas
que a doutrina costuma mencionar. - aqueles bens que se incorporam ao solo, só que com intenção de
serem removidos. - Por exemplo, uma árvore que vai ser cortada para que se venda uma madeira. De
acordo com a doutrina, como você plantou a árvore para remover depois de um tempo, ela será
considerada móvel.

C)Bens Fungíveis e Bens Ingungíveis


~ Art. 85., CC~ Bem fungível pode ser substituído por outro da mesma
espécie, qualidade e quantidade.

• Todo bem imóvel é um bem infungível, até porque você não consegue
substituir um imóvel por outro exatamente igual, cada um estará em um
lugar.
• Dinheiro é o que há de mais fungível.

• Analisar sempre tendo em vista o bem inserido no contexto onde ele está.

• Exemplo típico de bem infungível, além dos imóveis que por definição são
infungíveis, é uma obra de arte, um quadro de um autor famoso não pode ser
substituído por um quadro de outro artista.

• Essa noção de fungibilidade também se aplica às obrigações.

D)Bens Consúmíveis e Bens Inconsumíveis~ Artigo 86.

• Se você usar aquele bem e este uso importar destruição imediata, estará
diante de um bem consumível.

• Será que todo bem fungível é consumível? Não - uma geladeira Brastemp
qualquer é fungível e inconsumível.

• Bem consumível e infungível - manuscritos de uma obra de um autor


colocada à venda. O manuscrito da obra não tem como ser renovado,
porque só tem aquele, a obra em si quando é publicada tem várias iguais.
Vamos supor que um manuscrito frágil, com o tempo vai se deteriorando,
poderia ser considerado consumível.

E) Bens Divisíveis e Bens Indivisíveis~ artigo 87.

• Divisíveis – tudo aquilo que pode ser dividido ou fracionado


sem prejuízo da sua substância ou da sua finalidade;
• A definição de indivisibilidade não está na lei. Mas você extrai a
contrario sensu do artigo 87. Um animal, por exemplo, é um bem
indivisível;

• Artigo 88 traz outras possibilidades de indivisibilidade - existe a


indivisibilidade natural, podemos pegar o exemplo do cavalo,
que é naturalmente indivisível. Existe a indivisibilidade jurídica,
que é a que decorre da lei e a indivisibilidade convencional.
Porque o próprio artigo 88 também trouxe essa possibilidade de
os bens naturalmente divisíveis se tornarem indivisíveis por
vontade das partes - E isso tem repercussões diversas,
principalmente no campo dos direitos das obrigações;
• Enquanto você não fizer a partilha, a herança é tratada como um bem
indivisível, isso traz consequências jurídicas, principalmente no
campo do Direito das Obrigações;

F) Bens reciprocamente considerados~Artigo 92, do CC.

• Só faz sentido falar nessa classificação se estivermos diante de mais


de um bem;

• Principal é o bem que existe sobre si, a doutrina costuma afirmar que
o legislador usou o verbo “existir” no sentido de cumprir a sua função
econômica. Então, quando um bem cumpre por si só a sua função
econômica, ele é considerado um bem principal;

• O bem acessório completa a finalidade do bem principal. É


acessório quando a sua existência supõe a do principal, ou seja,
quando para cumprir a sua finalidade econômica, ele dependa
de outro bem, que será o principal. Temos aqui uma noção de
subordinação, o bem acessório está subordinado ao bem
principal.

• Príncípio da Gravitação Jurídica diz o seguinte: o bem acessório


segue o destino do bem principal - não está expresso no código civil -
O regime jurídico que for aplicado ao bem principal, também será
aplicado ao bem acessório. Mas o inverso não é verdade. Não posso
aplicar uma regra que é específica dos bens acessórios a um bem que
é considerado principal.*

Importância prática: Ex’s: 1- artigo 1209 ~trata do direito de posse, que diz que a
posse de um imóvel faz presumir também a posse dos móveis que acessoram aquele imóvel.
2- O artigo 233, que trata de obrigação de dar coisa certa, deixa claro que quando um devedor
se obriga a entregar um determinado bem, entende-se que estão incorporados nessa obrigação,
a entrega dos bens acessórios àquele bem principal. 3- Ao ceder o crédito, eu cedo junto com
ele todos os acessórios daquele crédito.~art. 233, do CC.

• Pertenças~ artigo 93 e no artigo 94.

A pertença não constitui parte integrante, porque não faz parte do bem principal. E, da
mesma forma que o bem acessório, ela se destina ao uso, serviço, aformoseamento de outro
bem. Só que ela não é bem acessório. Elas têm um existência separada, autônoma - não
segue o Princípio da Gravitação Jurídica. Ex: Fazenda agrícola - dentro dela há vários
tratores, que se destinam àquela atividade agrícola, esses tratores em relação à fazenda seriam
pertenças, e não bens acessórios. Então, o trator só estaria abrangido em uma venda dessa
fazenda, se no contrato estiver especificado que o trator também estava sendo comprado.

Então, a utilidade de se saber se está diante de uma pertença é justamente saber será
seguida ou não a gravitação jurídica. A melhor maneira de fazer essa distinção é olhando o
caso concreto. Depende muito de como foi a negociação daquele contrato.

- O princípio da boa-fé objetiva se aplicaria para resolver esse tipo de problema - Por
exemplo, ao comprar o imóvel, o vendedor, embora não tenha escrito, deu a entender que iria
entregar com o ar condicionado. Isso tem que ser levado em conta. A expectativa legítima das
partes do contrato também é um dado muito importante para solucionar esse tipo de
problema. Isso porque a boa-fé objetiva protege a confiança existente entre as partes.
• Frutos e produtos~ Art. 95~ São utilidades que se retiram

das coisas. Retiradas de um bem principal. São bens acessórios


em relação a outro bem.

- Fruto - É uma utilidade que é retirada do bem principal e que é produzida de forma
periódica. Ex: maçã de uma árvore.

- Produto - não se reproduz de forma periódica. Quando você retira o produto de um


bem principal, ele se reduz. Ex: extração de minérios - você vai retirando aquele minério e
uma hora ele vai acabar.

OBS: Fruto pendente - ainda não foi retirado. A maçã, quando está presa na árvore é um
exemplo de fruto pendente.

Fruto percebido - é aquele que já foi colhido.

Fruto percipiendo - aquele que poderia ter sido colhido, mas não foi.

- O art.95 - diz que os frutos e os produtos podem ser objetos de negócio


jurídico, mesmo que não estejam separados do bem principal. Por se tratar de bens acessórios,
se aquela árvore for vendida, entende-se que as frutas também estão sendo vendidas, por
causa da gravitação jurídica.

• Benfeitorias ~ Art. 96, do CC.~ A doutrina costuma definir


a benfeitoria como “obra ou despesa feita na coisa, com o fim
de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la”. - A benfeitoria não
se confunde com o imóvel por acessão .

Então, dependendo da finalidade desse investimento, a gente vai classificar a


benfeitoria como voluptuária, como útil, ou como necessária.
1. Benfeitoria voluptuária - Despesa que é para mero deleite ou recreio - elas tornam
mais agradável o bem, mas não aumentam o uso habitual;

2. Benfeitoria útil - Quando a despesa aumenta ou facilita o uso do bem;

3. Benfeitorias necessárias – Destinam-se a conservar o bem e evitar a sua


deterioração.

- Essa classificação tem que ser feita à luz de todas as circunstâncias do caso
concreto.

Repercussões práticas dessas classificações:

- Precisamos saber se elas foram voluptuárias, úteis ou necessárias, para saber, por exemplo,
se haverá direito a reembolsado por essa despesa - a Lei de Locações permite a cláusula que
possibilita que as partes afastem a indenização, até mesmo quando a benfeitoria é necessária. Mas,
em alguns casos, a jurisprudência já tem relativizado essa regra.

- Código de Defesa do Consumidor, no artigo 51 - fala das cláusulas abusivas, sobre aquelas
hipóteses que colocam o consumidor em desvantagem exagerada. Uma cláusula abusiva,
portanto, é nula no âmbito das relações de consumo. Contrato de locação, via de regra, não é
relação de consumo. Mas está sendo iniciada uma inovação, aplicando-se o CDC nas
hipóteses em que há uma empresa administradora de imóveis nessa transação.
- Artigo 97 – quanto a um acréscimo que ocorreu naturalmente, a gente não está falando de
uma benfeitoria. Porque ela pressupõe a intervenção de alguém, que fez a obra ou despesa.

- Surge também uma discussão em algumas ocasiões que diz respeito ao direito de retenção -
reter o bem, até ser indenizado pelas benfeitorias que forem realizadas.~ 1219- 1222, do CC.

- Na parte do comodato (empréstimo de bens infungíveis), no artigo 584 - também se fala das
benfeitorias - se você está com imóvel emprestado, da mesma forma que podem surgir
conflitos na locação, aqui também pode.

G) Bens Públicos~artigos 98 e seguintes do


código.~ Todo e qualquer bem que pertença à pessoa jurídica de direito público.
• Critério da titularidade ou da propriedade, e não critério da
finalidade;

• Pessoas jurídicas de Direito Público Interno - Os entes da


Federação, União, Estados e municípios, mais autarquias e
outras situações específicas, como a fundação pública.

• A coisa sem dono, ou coisa de ninguém, é chamada de res


nullius. O que acontece quando uma coisa é de ninguém?
Qualquer um pode se apropriar dela. - não pertence a uma
pessoa jurídica de direito público;

• A contrário sensu, bem particular - tudo aquilo que não for


público;

• Concessões de serviço público - Os bens das empresas estão


empregados para que se possa desenvolver aquele serviço
público, tornam-se bens públicos? Não, porque o legislador
levou em conta não a finalidade do bem e sim a titularidade.
Mas, em algumas situações, faz sentido tratar os bens dessas
concessionárias como bens públicos.
• Artigo 99 - classificação de bens públicos :

1. Bens de uso comum do povo - a própria lei exemplificou:


os rios, mares, as praias, as ruas, as praças, são todos bens
públicos de uso comum do povo. Todos podem utilizar esse
bem;

2. Os de uso especial – Ex: O Hospital é um edifício


destinado ao serviço público, portanto cai na definição de
bem público de uso especial. Além do prédio do Tribunal
da Justiça, uma escola pública, entre outros.

3. E os dominicais - São os que constituem o patrimônio das


pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito
pessoal ou real *de cada uma dessas entidades .

Correspondem ao patrimônio disponível das pessoas


jurídicas de direito público. ~Artigo 100

Significa dizer que os bens dominicais, ao contrário dos bens comuns e de uso
especial, são disponíveis.

OBS: A penhora é um ato de construção judicial, por meio do qual o juiz vai
alienar um bem. Então, se você tem um bem que não pode ser alienado, a penhora
não tem utilidade. Automaticamente, se o bem é inalienável, a gente pode afirmar
também que é impenhorável.

OBS2: Como eu faço para cobrar desse Estado que está me devendo? Pelo sistema
de precatórios. É uma fila dos credores do Estado, e segue um regime legal,
regime de precatórios.

OBS3: É possível alienar um bem público? Para isso, ele tem que deixar de ser um
bem público de uso especial, tem que passar a ser bem dominical - Quando ele
deixa de ser empregado para aquela finalidade pública, é o que a doutrina chama
de desafetação, ele estava afetado ao interesse público e foi desafetado - A lei traz
outros requisitos: a autorização legal, tem que haver uma lei autorizando a
alienação daquele bem, e a hasta pública, um processo público (anunciar, soltar um
edital, um chamamento para quem quer que tenha interesse em comprar aquele
bem).

-Artigo 101 - Dominical é o patrimônio disponível, mesmo assim existem


exigências da lei.

-Artigo 102. - Um bem público não se sujeita à usucapião (É uma forma


de aquisição da propriedade por meio da posse prolongada de determinado bem.) - (art. 183, §
3º, da Constituição, que é reproduzido pelo artigo 102 do código civil). Será que até mesmo
um bem dominical não pode ser usucapido? A resposta, que é majoritária, é que mesmo os
bens de uso dominical não podem ser usucapidos. Mas existem instrumentos que buscam
legitimar a posse das pessoas nessas situações: a concessão de direito real de uso e a
concessão de direito real de uso para fins de moradia. Elas podem ser titulares de um direito
real de uso, mas não do direito de propriedade.
- Artigo 103 - A regra é que geralmente o uso é gratuito. Por exemplo,
excepcionalmente você pode ter a cobrança de pedágio para transitar em rua, mas a regra é a
gratuidade do uso dos bens de uso comum.

H) Bens Singulares e Bens Coletivos~ Bens


singulares consideram-se per se, ou seja, consideram-se individualmente. Por
sua vez, os bens coletivos são aqueles que são descritos nos artigos 90 e 91,
também são chamados de universalidades.

• A universalidade é um bem coletivo que compreende a


pluralidade de bens singulares. Você tem a reunião de bens
singulares e esse conjunto passa a ter relevância jurídica;

• Santiago Dantas - bens coletivos - conjunto de coisas que


todas elas podem ser consideradas na sua singularidade. Mas
que reunidas adquirem uma individualidade em comum;

• Por exemplo, pensemos no livro. Ele, isoladamente, é um


bem singular. Agora, se a gente reúne uma coleção de livros e
monta uma biblioteca, a gente tem um bem coletivo;

• Universalidade de fato - É uma reunião de bens singulares,


que passam a ter uma destinação unitária. A biblioteca em si
tem uma destinação e você pode fazer negócios jurídicos que
incidam sobre a biblioteca, sobre o conjunto. Outro ex.
Florestas. A universalidade de fato se dá pela reunião de bens
singulares. Geralmente, em decorrência da vontade humana,
para uma determinada finalidade.

• Universalidade de direito (artigo 91) - não, propriamente,


reunião de bens singulares e sim a reunião de relações
jurídicas. Ex.: patrimônio - direitos que a pessoa tem sobre
bens - não é formado, como no exemplo da biblioteca, por
bens singulares. É formado por direitos, relações jurídicas.
Outro exemplo é a herança - patrimônio da pessoa que
morreu. OBS: Não há que se falar de herança de pessoa viva -
O código civil veda, expressamente, a negociação de herança
enquanto a pessoa está viva, o chamado pacta corvina. Outro
ex. é a massa falida.

• Por que é importante saber o que é uma universalidade?


Porque essa unificação do conjunto passa a ter relevância em
si própria, sem prejuízo da relevância dos bens singulares que
compõem aquele bem coletivo.

• A universalidade tem como característica a elasticidade do


seu conteúdo - conjunto de bens ou de direitos - pode se
comprimir ou se expandir, conforme ele tenha menos ou mais
elementos dentro de si. Então, é sempre um organismo vivo.

• OBS: ponto de vista estrutural - o que é o instituto. VS ponto


de vista funcional - Para que serve exatamente (o ponto de
vista funcional do patrimônio é servir de garantia aos
credores).

• Penhora - um ato processual, um ato de constrição (o juiz


apreende um bem do devedor). - finalidade - promover a
venda judicial do bem. Para que com o dinheiro recebido
dessa venda, o credor tenha seu pagamento.

Responsabilidade patrimonial do devedor (Art. 391, CC/02 + Art. 591,

CPC)

No momento da execução judicial, quando o credor provoca o judiciário, para cobrar uma
dívida, ele vai executar o patrimônio do devedor. O juiz vai olhar para os bens que estão no patrimônio
do devedor, naquele momento (já que o patrimônio é elástico), e vai penhorar bens, para que possam
ser vendidos e com o dinheiro da venda, pagar os credores.

O devedor responde por suas obrigações através do seu patrimônio. É por isso que o
patrimônio tem a função de servir de garantia geral dos credores. Não mais, como já existiu em outras

sociedades, com a sua liberdade. O devedor não pode ser preso se ele não pagar uma dívida –

exceção- Devedor de pensão alimentícia - artigo 5º, LXVII, da Constituição - prisão civil – não tem
por objetivo a punição. Mas sim a pressão psicológica no devedor, para que ele cumpra a prestação
devida. função - coercitiva.
Prisão do depositário infiel também está no artigo 5º, LXVII - Depositário é a figura que
celebra um contrato de depósito. Se ele deixa de devolver o bem, ao final do prazo contratual, ele
passa a ser chamado de depositário infiel. E a Constituição permitia a prisão dele, como forma de
coagí-lo a cumprir a obrigação contratual de devolver o bem. Essa prisão, por mais que ainda esteja
no inciso LXVII, não é mais possível.

O pacto de São José da Costa Rica (que é a convenção americana de direitos humanos e é
posterior à Constituição) também vedou a prisão civil por dívidas e a única exceção que ele trouxe foi
a da prisão devedor de pensão alimentícia.

Artigo 5º, §3 dá a solução. - norma posterior de mesmo nível hierárquico, que trouxe a única
exceção possível: a prisão do devedor de alimentos (exceção ao princípio da responsabilidade
patrimonial. Mas a responsabilidade, via de regra, recai sobre o patrimônio).

- Polêmica sobre a necessidade de preservar um patrimônio mínimo do devedor através da

impenhorabilidade. - A lei, em várias hipóteses, diz que determinados bens são impenhoráveis. Não
podem responder por dívidas. Por exemplo, a Constituição(Art. 5º, XXXVI) diz que a pequena
propriedade rural é impenhorável. O código de Processo Civil, no artigo 833, traz uma série de bens
que são considerados impenhoráveis.(instrumentos de trabalho, valor que está depositado em
poupança - até 50 salários mínimos - entre outros). E temos os bens de família.

Bens de família~Exceção à responsabilidade patrimonial

▪ Bem de família voluntário (facultativo) ~ artigos 1711 a


1722, do Código Civil.~ depende da manifestação do
instituidor, depende da manifestação de vontade do
proprietário. - muito burocrática, é por Escritura Pública.
E custosa também. Além de ter alguns problemas que
dificultam seu uso. A lei, por exemplo, limita o percentual
do patrimônio que pode ser transformado em bem de
família.
▪ Bem de família involuntário (obrigatório ou legal) ~ lei
8009/90 ~ não há mais necessidade da manifestação de
vontade para constituir um bem de família. A lei,
automaticamente, considerou o imóvel residencial da
família como bem de família. Portanto, impenhorável.
-(artigo 1º, da lei 8.009) - tirando as ressalvas, que estão na
própria lei 8.009, no artigo 3º, todo imóvel residencial próprio
da família é considerado impenhorável.
-(art.5º, da lei 8.009) diz que apenas um imóvel será
considerado impenhorável (o de menor valor. A menos que se
use a modalidade de bem de família voluntário, para que a
impenhorabilidade recaia sobre o de maior valor).
- (Parágrafo único) - Não é apenas um imóvel que é

impenhorável. Então, por exemplo, uma geladeira, um


fogão são impenhoráveis.
-(art. 2º, da Lei 8009/90) - bens de luxo podem ser
penhorados. E a lei expressamente incluiu aqui os
veículos de transporte e as obras de arte.
-( artigo 3º , da Lei 8009/90) - situações em que o bem de
família pode ser penhorado.
1) Se o credor, tem um crédito em razão da aquisição do
imóvel, aquele imóvel poderá ser penhorado;
2) Quando a dívida é de pensão alimentícia - credor da
pensão alimentícia precisa dessa verba para sua subsistência
- esse direito de crédito - interesses de natureza existencial -
merecem proteção prioritária. Mas por outro lado, há a
moradia do devedor, também interesse existencial - legislador
fez uma preferência pela proteção do credor da pensão
alimentícia.
3) Para cobrança de impostos, taxas e contribuições devidas
em função do imóvel familiar - o legislador quis proteger a
Fazenda Pública, o Estado. - Se a dívida é de IPTU, o
município pode penhorar o imóvel. Mesmo se for o único da
família.
4) Para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como
garantia real pelo casal ou pela entidade familiar. OBS:
Hipoteca - modalidade de garantia real. OBS2: O STJ tem um
entendimento pacífico dizendo que esse bem de família só vai
poder ser penhorado se a dívida, que foi garantida pela
hipoteca, reverteu-se em prol da família. Se foi uma dívida
que alguém contraiu para fins pessoais e não beneficiou os
parentes que também moram no imóvel, o STJ diz que esse
bem é impenhorável.*
5) Por ter sido adquirido como produto de crime;
6)Por obrigação decorrente de fiança, concedida em contrato
de locação.OBS: A fiança é um contrato pelo qual uma
pessoa, o fiador, fica obrigado a garantir uma dívida, que não
é dele. O fiador é um terceiro, não é o devedor, que é
garantidor daquela obrigação. – Questão importante - Bem
de família serve para proteger a dignidade da pessoa
humana. Esse fiador não tem dignidade?
O devedor, se tiver outro imóvel, tem a proteção do bem de
família. Mas o fiador, não tem essa proteção. Isso ofenderia o
princípio da Igualdade, da isonomia.
Embora muitos autores digam que esse artigo é
inconstitucional, o Supremo diz que esse dispositivo é
constitucional - Ele diz estar estimulando o direito à moradia
da grande parte da população, que não têm imóvel próprio e
precisa ter acesso a um apartamento alugado - o ordenamento
jurídico precisa fomentar o mercado de locação, precisa
facilitar o acesso às locações. Mas ele não deve fazer isso às
custas do fiador.

* Há ótimos argumentos no lado do credor: 1- o devedor ofereceu o bem em garantia; 2- a lei diz
que a hipoteca é uma das exceções; 3- a lei não trouxe um requisito de favorecimento da família e 4-
violaria a boa-fé objetiva.

E no lado da jurisprudência: 1- O bem de família não protege apenas o devedor, os membros da


sua família que residem no imóvel também; 2-Caberia ao credor não aceitar aquela garantia.

Função do bem de família - garantia da dignidade da pessoa humana, como manda a


Constituição. Sacrificando os interesses dos credores - conflito permanente entre interesses
legítimos. O credor tem um direito reconhecido pelo ordenamento jurídico. Por que há essa
preferência pelo devedor, pela sua proteção nessas situações?

• Por que há essa preferência pelo devedor nessas situações?

A ideia aqui é preservar o mínimo existencial. – Polêmica - situações esdrúxulas - no caso


concreto, a presunção de que a proteção do devedor, nesses casos de bens de família, realiza a
dignidade humana pode ficar comprometida.
Ex1: Alguém tem apenas um imóvel residencial, só que ele vale um milhão de reais. E há
um credor que deveria receber cem mil reais - argumentos que você daria para permitir a penhora :

1) o bem estaria além do necessário. Se a função do bem de família é preservar o


patrimônio mínimo, ele não precisa de um milhão;

2) A dignidade dele não seria abalada, desde que guardasse da venda da casa um valor
suficiente para a sua moradia e de sua família.

O STJ diz o contrário disso. Ele diz que não importa o valor do bem de família -
Argumentos:

1) A lei não trouxe limite de valor;

2) O projeto de lei, tinha um artigo prevendo o limite de mil salários mínimos do


imóvel. Esse artigo foi vetado. Da mesma forma, quando foi aprovado o novo
CPC, em 2015, também tentaram inserir a mesma regra. Também não passou;

3) Se eu vou permitir a penhora, ainda assim tenho que preservar um patrimônio


mínimo para aquele devedor. E como é que o juiz vai saber que valor é esse que
ele tem que preservar? - insegurança jurídica

Contrargumento - muito pobre, porque basta aplicar a Constituição, que manda proteger a
dignidade da pessoa humana - o fato de não ter previsão em lei não é um obstáculo para o juiz
fazer essa penhora.

Outra controvérsia - hoje já está pacificada - imóvel da pessoa que mora sozinha

O Art. 1º, da lei 8.009, protege o imóvel residencial próprio do casal ou da entidade familiar.

OBS: Como que a gente supera uma interpretação contra o texto da lei? Aplicando a
Constituição. Todo artigo do Código Civil, ou de qualquer lei infraconstitucional, deve ser lido à luz
da Constituição. E ela consagra como valor fundamental do sistema jurídico a dignidade da pessoa
humana. Toda pessoa humana, em razão da sua dignidade, merece a tutela do ordenamento jurídico.
(Importante para quando forem argumentar!)

- Súmula do STJ ( súmula 364) - diz que o conceito de impenhorabilidade do bem de família
abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. Basta a gente fazer uma
interpretação da lei 8009 de forma sistemática (chamado método de interpretação lógico-sistemático).
Levando em conta a função do bem de família. Por isso que alguns autores sugerem chamar de bem da
pessoa humana, em vez de bem de família.
Ex2: Situações nas quais você tem filhos morando em outro imóvel - alguns juízes já
reconheceram que ambos são impenhoráveis. Mas não é o que diz a lei. Não podemos sair estendendo

de forma acriteriosa e prejudicar o interesse dos credores, que também merecem proteção jurídica.

Fato Jurídico~ Qualquer acontecimento capaz de produzir efeitos


jurídicos. Considera-se efeito jurídico o nascimento, a modificação ou a extinção de uma
relação jurídica. Fato jurídico em sentido amplo é qualquer acontecimento que tenha um efeito
jurídico.

- FATO NATURAL (fato jurídico stricto sensu)- Ordinário

- Extraordinário

- FATO HUMANO (ato jurídico lato sensu) - Lícitos - Ato jurídico em

sentido estrito

- Negócio Jurídico

-Ilícitos~arts 186-188
• Fato natural é um acontecimento da natureza que tem implicações jurídicas.
Nascimento de uma pessoa é um fato jurídico ordinário. Assim como sua morte e o
curso dos rios.

• Fatos extraordinários - casos típicos da força maior, ou caso fortuito. EX’s:


tempestade, avalanche e maremoto.

• Fato humano - decorre de uma ação humana

• Diferenças entre negócio jurídico e o ato jurídico em sentido estrito -> Ato

jurídico em sentido estrito, da mesma forma, é um ato humano. Só que os


efeitos desse ato já estão estabelecidos na lei. Aqui, o agente não tem
autonomia para criar efeitos jurídicos. Quando ele é praticado,
automaticamente se produzem os efeitos previstos em lei. Os efeitos do ato
jurídico em sentido estrito serão produzidos mesmo contra a vontade do agente

• Exs: Emancipação, reconhecimento de paternidade e domicílio - O domicílio tem seu


requisito subjetivo e objetivo. Uma vez preenchidos os requisitos, o domicílio
produzirá todos os efeitos jurídicos previstos no ordenamento. Ele serve, por exemplo,
para fins de citação do réu no processo, serve para fins de aplicação da lei no conflito
interespacial. Eu não tenho como restringir esses efeitos. Porque estou diante de um
ato jurídico em sentido estrito.

Negócio jurídico~ Autonomia privada~ Poder que

o direito reconhece às pessoas para autorregulamentarem seus interesses.

• Nos negócios jurídicos, os efeitos decorrem da autonomia privada. Quem estipula os


efeitos jurídicos são as próprias partes desse negócio.
• Está no princípio da livre iniciativa, no artigo 1º, IV, da Constituição Federal e no
Livre exercício de atividade econômica, artigo 170, parágrafo único. Isso tudo serve
de embasamento constitucional para autonomia privada

• A autonomia privada tem restrições, não é absoluta. Tem que respeitar os outros
valores constitucionais. Como por exemplo, a justiça social, a função social da
propriedade, a proteção ao meio ambiente, entre outros.

1) Classificações

I. . Negócio jurídico unilateral - tem apenas uma manifestação de vontade.


Ex: Testamento.

.Negócio jurídico bilateral. - tem ao menos duas declarações de vontade.

Ex: contrato de

Compra e venda.

. Negócio jurídico plurilateral - nele você tem também mais de uma

declaração de vontade, só que essas vontades são convergentes.*

*No negócio jurídico bilateral, as vontades são divergentes. Ou seja, no exemplo da compra e
venda, o comprador está interessado em que? Em adquirir o bem. E o vendedor? No preço,
receber um dinheiro por aquele bem. São vontades que não caminham no mesmo sentido. Um
quer uma coisa e o outro quer o oposto. Por isso que eles celebram esse contrato. Já no
negócio plurilateral, você tem mais de uma declaração de vontade, mas todas elas são
convergentes. Basta se pensar em um contrato de sociedade. Ainda que ele tenha apenas
duas partes, é considerado um negócio plurilateral. Porque esses dois sócios que estão
celebrando contrato, têm interesses convergentes. Querem constituir a sociedade para, em
última análise, auferir lucro. Além disso, admitindo que o casamento seja um contrato, será
plurilateral, porque o interesse dos cônjuges são convergentes. Ou pelo menos deveriam ser.

II. .Típico - aquele que segue o modelo previsto em lei. Exs: compra e

venda. Doação, fiança, empreitada, locação.

. Atípico - não está tipificado em lei.

. Misto - É uma mistura de diferentes tipos contratuais. Ele pega alguns

elementos do contrato de compra e venda, por exemplo, e mistura com alguns


elementos de um contrato de locação.

III. . Gratuito - também é chamado de benéfico. Ele é benéfico porque apenas


uma das partes obtêm benefícios (aufere vantagens) nesse negócio. Exs: Testamento e doação
simples

. Oneroso. - ambas as partes obtêm vantagens.

. Negócio jurídico neutro - não é nem gratuito, nem oneroso. São

situações bem especiais. Por exemplo, a doutrina cita o próprio bem de família voluntário.

IV. .inter vivos - produz efeitos em vida.


.causa mortis - produzem efeitos após a morte. Exemplo típico –>
testamento.

V. * . Principal Ex: Um contrato de locação.

. Acessório Ex: Fiança.

Essa noção entre principal e acessório pressupõe uma relação entre dois negócios,
para que você possa considerar um acessório em relação ao outro. Isso só faz sentido quando
você tem um contrato diretamente vinculado ao outro. Assim, pode existir essa
acessoriedade. E a grande relevância disso é que, da mesma forma que o bem acessório, o
negócio acessório segue o destino do negócio principal. É o chamado princípio da
gravitação jurídica.

VI. . Solene - é o formal. ~Art. 107, do CC.

. Não solene - é o informal - É a regra.

2) Interpretação do negócio jurídico

• O código traz alguns parâmetros para a interpretação do negócio jurídico.

• Muitas vezes, você tem um contrato e cada um interpreta de uma maneira. Ou então, a
redação não está muito clara e você não entende direito o que as partes quiseram dizer.
• Boa fé objetiva (artigo 113, do Código Civil).

➔ Pauta-se na confiança recíproca que existe entre as partes em um


negócio. Quando você celebra um contrato com alguém, você confia no
seu parceiro contratual. Essa confiança tem que ser levada em
consideração. Muitas vezes, a gente tem a nossa legítima expectativa,
no âmbito de um contrato, frustrada pela outra parte. Essa frustração é
relevante do ponto de vista jurídico

➔ Decorre da solidariedade social (prevista na Constituição) e estabelece


um padrão de conduta. Em razão da boa-fé objetiva, espera-se que os
contratantes se comportem de acordo com determinado modelo,
determinado padrão. É um padrão de conduta leal.

➔ Entre outras funções, ela tem a função de orientar o intérprete do


negócio jurídico. Como diz expressamente o artigo 113 do Código
Civil.

• Silêncio. Quem cala consente? (artigo 111, do Código Civil) - O silêncio só vai
importar em anuência em situações muito excepcionais. Ou seja, quem cala, a
princípio, não consente. A menos que os usos e as circunstâncias daquele negócio
autorizem você a enfrentar o silêncio como um consentimento e quando não for
necessária a declaração de vontade expressa.

• Interpretação restritiva dos contratos benéficos (artigo 114, do Código Civil). -


para não onerar demais aquela parte que não está sendo beneficiada. Ela já está
celebrando o negócio do qual ela não receberá nada em troca. Permitir a interpretação
de uma forma que ela seja lesada ainda mais não seria razoável.

➔ Isso serve para a renúncia. A renúncia também é um ato jurídico,


unilateral, onde o agente renuncia a um direito. Ele abdica, abre mão
do direito. Sempre que isso acontece, a recomendação da lei é a
interpretação restritiva
• Discussão a respeito da prevalência da vontade declarada ou da vontade propriamente
dita - O elemento interno da vontade é a vontade propriamente dita. É aquilo que a

gente realmente deseja. Mas a partir do momento em que ela é manifestada, exteriorizada, a
gente passa a ter também o elemento externo dela. Nem sempre a vontade que foi
exteriorizada coincidirá com a vontade interna.

➔ Isso é discutido há séculos, desde o Direito Romano existe essa discussão.


Savigny, por exemplo, dizia que a vontade interna é muito mais importante.
Porque o negócio jurídico é um ato dirigido à regulamentação dos interesses.
É uma vontade dirigida a produzir efeitos.

➔ Qual foi a opção que nosso código civil seguiu? (artigo 112, do
Código Civil) - A orientação do artigo 112 é para dar primazia à vontade
interna, à real intenção. O artigo 112 deve ser encarado com cautela e sempre
à luz da boa-fé objetiva.

➔ Doutrina - Antigamente prevalecia a teoria da declaração. Ou seja,


prevalecia o elemento externo.

Depois, passou-se a dar mais ênfase para a teoria da vontade (que leva em
conta a real intenção).

E hoje, de acordo com a doutrina, não prevalece nem a vontade, nem a


declaração. Prevalece a boa-fé objetiva, a proteção da confiança

• Reserva mental (artigo 110, do Código Civil). - acontece quando uma pessoa declara
uma vontade que não corresponde ao que ela quer cumprir. Mas ela faz isso de propósito.
Então, o declarante afirmou uma intenção que ele já sabe que não quer cumprir. O artigo 110
diz que a manifestação de vontade subsiste, ainda que o declarante tenha feito a reserva
mental. Salvo se o destinatário dessa declaração tivesse conhecimento dessa reserva. Aqui, de
novo, protege-se a confiança entre as partes.

3) Planos do negócio jurídico


Há uma sequência, a doutrina chama de escada ponteana. Porque foi construída por
Pontes de Miranda. Quando a gente analisa os planos do negócio jurídico, a gente tem que
sempre observar essa ordem. Primeiro, veremos se o negócio jurídico existe. Para que ele
exista judicialmente, deve ter alguns requisitos. Uma vez existente o negócio jurídico, a gente
passa para o plano da validade. Vamos ver agora se esse negócio jurídico é válido ou
inválido. Por fim, veremos se o negócio jurídico é eficaz.

OBS: Testamento - O testamento é um negócio jurídico, unilateral, gratuito,

típico, formal e causa mortis.

I. Existência~ Vontade/ Agente / Objeto/ Forma

➔ Os elementos de existência do negócio jurídico não estão na lei, é uma


construção doutrinária. Por não estarem na lei, não há muito consenso.

➔ Deve haver vontade, não há negócio jurídico sem vontade. Além disso,
estamos falando de um fato humano. Deve haver um agente, um
sujeito. Se for unilateral, basta que haja um sujeito declarando a
vontade. Se for bilateral, deve haver mais de um. Essa vontade recairá,
necessariamente, sobre um objeto. Por fim, alguns autores acrescentam
a forma. Essa vontade será manifestada de alguma forma. Pode ser
escrita, verbal.

➔ Se estiverem reunidos, esses elementos mínimos, a gente pode afirmar


que existe um negócio jurídico. É o plano da existência.

II. Validade ~ (Artigo 104, do Código Civil)~ Agente


capaz/ objeto lícito, possível, determinado ou determinável/ forma
prescrita ou não defesa em lei.
➔ Existe uma relação com os elementos de existência. Porque ele fala que
o sujeito precisa ter capacidade de fato. Por sua vez, o objeto tem que
ser lícito, possível, determinado ou pelo menos determinável. Ele
qualificou os elementos que já estavam presentes antes. Também falou
que a forma tem que ser a prevista em lei, quando a lei estipular uma
determinada forma especial. Ou que não seja uma forma proibida por
ela.

➔ No artigo 104, não há nada que se refere à declaração de vontade. Mas


em outros artigos, a gente verá que quando a vontade manifestada não
for livre e consciente, esse negócio será inválido

➔ Faltando qualquer elemento do artigo 104, esse negócio jurídico que já


existe será inválido. Essa invalidade pode se dar de duas formas:

i) Nulidade (nulidade absoluta); - A nulidade


decorre de uma norma de ordem pública. O que se
pretende proteger aqui é o interesse público.

1. A regra geral é que o ato jurídico nulo não


produz efeitos.

2. A nulidade pode ser declarada de ofício, ou ex


officio. Sem que as partes do processo
provoquem o juiz. Ou seja, por iniciativa
própria do juiz.

3. A nulidade não convalesce. O passar do tempo


não irá retirar a causa da nulidade. Isso que diz o
artigo 169 (sofre muitas críticas da doutrina e a
jurisprudência reconhece em alguns casos a
prescrição da nulidade).

4. A nulidade não admite confirmação.

• Hipóteses - (artigo 166, do Código Civil).


+

Negócio simulado - (artigo 167, do Código Civil).

➔ Negócio simulado é aquele que se apresenta de um jeito, mas que tinha


uma outra intenção.

➔ A gente tem, na simulação, um ato que se chama simulado e um ato


que se chama dissimulado. Um ato simulado é o ato que se vê, é o
negócio que foi declarado. É o que se apresenta aos olhos. E o ato
dissimulado é aquele que é oculto.

➔ O artigo 167 diz que é nulo o negócio jurídico simulado. Se houve uma
simulação, esse negócio jurídico é nulo. Mas o artigo 167 diz também que
subsistirá o que se dissimulou, se valido for na sua forma e essência. Na sua
substância.

➔ Ex.1: pessoa nunca foi ao médico, mas o médico emitiu uma nota fiscal
(famosa nota fria), simulando que houve uma prestação de serviço.
Esse prestação de serviço, na verdade, não existiu. Essa simulação gera
nulidade. Nesse caso, a simulação foi absoluta. A gente não teve
nenhum negócio dissimulado, oculto.

➔ Ex.2: você faz uma doação, mas escreve no contrato que está fazendo
compra e venda. Então, o ato simulado (que é o que se apresenta aos
olhos de quem vê o contrato) parecerá que é uma compra e venda. Na
realidade, o negócio dissimulado foi uma doação. O que as partes
realmente quiseram fazer foi uma doação. Mas elas simularam a
celebração de uma compra e venda. Nesse caso, o art.167 diz que a
compra e venda é nula, porque foi simulada. E a doação subsiste,
somente se ela for válida na sua forma e na sua essência. Ou seja, é
possível que o negócio oculto subsista. Mas o negócio simulado é
sempre nulo.

i) Anulabilidade (nulidade relativa). – Deseja-se


proteger o interesse das partes, o interesse particular.

1. Já o negócio jurídico anulável produz efeitos até


a anulação. Quando você celebra um negócio
jurídico anulável, ele produz efeitos
normalmente. Como se fosse válido. Só que em
algum momento, ele pode vir a ser anulado.

2. A parte interessada deverá requerer ao juiz o


reconhecimento dessa anulabilidade, para anular
o negócio jurídico. E se essa parte interessada
não ingressa com ação anulatória (não provoca
o juiz, pedindo para anular o negócio jurídico)
dentro do prazo decadencial previsto em lei, o
negócio vai convalescer.

3. Ultrapassado esse prazo, se nenhuma parte


interessada propôs ação, o negócio convalesce.
Torna-se válido dali em diante. Não pode mais
ser anulado. Os prazos decadenciais estão no
artigo 178 e 179, do Código Civil.

4. Anulabilidade admite convalidação. Quando o


negócio é anulável, ele pode ser confirmado
pelas partes. Ou seja, existia uma causa de
anulabilidade. As partes identificam essa causa e
querem resolver o problema. Então, elas
confirmam o negócio. Ao fazer isso, afastam um
vício do negócio.

Príncípio da manutenção ou da conservação do negócio jurídico~ (Artigo


170, do Código Civil) - sempre que for possível, o intérprete deve preservar os efeitos do
negócio, apesar da invalidade. É claro que em alguns casos essa causa de invalidade não
permite que seja aproveitado algum efeito do contrato. Mas sempre que for possível, a gente
tem que interpretar um negócio da maneira que aquele vício contamine o mínimo possível o
contrato. Porque ninguém celebra contrato para que ele não produza efeitos.

O negócio anulável produz efeitos jurídicos quando é celebrado. Só que um dia pode vir a
ser anulado, se a parte interessada entrar com uma ação anulatória dentro do prazo
decadencial. O negócio anulável pode ser confirmado. E ele convalesce com o tempo, basta
que se tenha passado o prazo decadencial, sem que seja proposta a ação anulatória. Isso está
alinhado com princípio da conservação dos negócios jurídicos.

Quando o negócio é nulo, em algumas situações, você poderá converter esse negócio em
outro que seja válido. Exemplo típico - contrato de compra e venda de imóvel, feito por
instrumento particular. No artigo 108, do código civil, há uma exigência de que a compra e
venda de um imóvel acima de 30 salários mínimos seja feita por escritura pública. Se não for
observada a sua forma, temos o vício da nulidade. Mas, de acordo com o princípio da
conservação, a gente pode aproveitar esse contrato não como compra e venda, porque ele é
nulo. Mas sim como uma promessa de compra e venda, que é um outro tipo de contrato. Um
que não depende de forma especial.

• Hipóteses de anulabilidade (artigo 171, do Código Civil)

➔ além de outras espalhadas pelo código, as principais estão no artigo 171. A


primeira é a incapacidade relativa. Se uma pessoa com 17 anos, por exemplo,
assina o contrato sozinha, sem assistência, esse contrato é anulável.

➔ A segunda hipótese é sobre os vícios que tornam o negócio anulável - Erro,


dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores.

III. Eficácia - Aptidão para produzir efeitos jurídicos, de acordo

com a lei ou vontade das partes. Porque podem ser inseridas, no negócio jurídico, algumas cláusulas
que afetem a eficácia do negócio - termo, condição e encargo
i) Condição (Artigo 121, do Código Civil) - uma
cláusula que vai subordinar o efeito do negócio a um
evento futuro e incerto.

➔ É uma cláusula estabelecida pelas partes, que afasta a eficácia desse


negócio.

➔ Suspensiva (artigo 128, do Código Civil) - Enquanto ela não se verificar,


não serão adquiridos direitos. A condição suspensiva impede a produção de
efeitos. Ex: emprestar o livro, no caso em que alguém passe na OAB.

➔ Resolutiva - é um evento futuro e incerto que, se acontecer, vai resolver o


contrato. Ex: O empréstimo de um livro se resolver, caso a pessoa que
recebeu esse livro se forme.

ii) Termo - o termo é um evento futuro e certo. Há

certeza de que ele vai acontecer.

➔ Ex: Um comodato. Emprestei meu carro para ele, mas o contrato só


terá início (só produzirá efeitos), a partir do ano que vem. Somente
quando chegar o ano que vem, esse contrato se tornará eficaz.
Produzirá os efeitos jurídicos. Há aqui um termo incial.

➔ O termo pode ser inicial ou final - termo final é quando a eficácia do


contrato é encerrada. Ex: uma locação que terá vigência de 3 anos.

➔ OBS: “ quando alguém morrer” representa um termo. A morte é certa,


só não se sabe quando ela vai acontecer. Mas a gente tem certeza de
que, em algum momento, todo mundo morrerá.
Termo VS Condição: Quando a gente fala em termo, a gente está se referindo ao quando.
Quando a gente fala da condição, a gente está tratando do se (se acontecer isso). É um evento
incerto.

Eu pego meu livro e falo que emprestarei para alguém, se ele passar na OAB.
Obviamente, estamos diante de uma condição. Ele já tem um direito adquirido? Não, porque
ele não sabe se vai passar na OAB. Por mais competente que ele seja, a gente não tem como
afirmar isso. Na condição, a gente não pode dizer que ele já adquiriu o direito. Agora, se for
um termo, se eu disser que entregarei meu livro para ele no mês que vem, ele já sabe que tem
aquele direito, que poderá exercer a partir do mês que vem.

iii) Encargo - é uma cláusula que pode ser inserida no


negócio e que afetará a eficácia dele. O encargo é uma obrigação imposta a
um beneficiário de uma liberalidade. Uns exemplos de liberalidade são a
doação e o testamento. Significa dizer que, ao fazer uma doação, eu posso
inserir uma cláusula estipulando o encargo para o donatário. E, se isso
acontecer, o donatário assumirá a obrigação de fazer alguma coisa.

➔ Em qualquer um desses contratos gratuitos, que são meras


liberalidades, você pode estipular um encargo. E o descumprimento do
encargo pode tornar o negócio ineficaz.

• Pode ser que haja alguma cláusula no contrato que impeça a produção desses efeitos. Ou que
haja alguma causa, prevista em lei, que impeça a produção dos efeitos jurídicos.

• Testamento - negócio jurídico causa mortis. Só produzirá efeitos após a morte do


testador. Esse é um exemplo de um negócio existente, válido e ineficaz. Quando o
testador morrer, o testamento vai se tornar eficaz. Vai produzir seus efeitos.

4) Defeitos do negócio jurídico


• Também chamados de vícios do negócio jurídico. Geram invalidade do negócio. Então,
afetam o plano da validade dele.

• Esses vícios são aqueles do artigo 171, II. Eles geram anulabilidade.

• Eles se subdividem em vícios do consentimento, vícios atípicos e vícios sociais.

1- Os vícios do consentimento são o erro, dolo e a coação.

2- Os vícios atípicos são a lesão e o estado de perigo.

3- O vício social é a fraude contra credores.

• A vontade manifestada deve ser livre e consciente. Se houver algum defeito de vontade, esse
negócio se torna anulável. Quando que há um vício de vontade? Nas hipóteses de erro, dolo e
coação

I. Erro ~(artigo 138, do Código Civil). ~ o código não explicou


o que é o erro. A doutrina diz que o erro é a falsa representação
da realidade.

➔ A pessoa se enganou em relação a alguma circunstância daquele negócio e


manifestou uma vontade com defeito. Não é o que ela realmente desejava. Ela
partiu de uma noção inexata sobre aquele negócio.

➔ Só que esse erro só tornará o negócio anulável, se ele for substancial (como
diz o artigo 138) - O erro substancial é aquele que se fosse reconhecido pela
parte, o negócio não seria celebrado. É um erro que foi determinante para a
prática daquele negócio.

➔ Já o erro acidental é o erro que se fosse conhecido, acarretaria a celebração de


um negócio em outras condições.

➔ Natureza do negócio (artigo 139, do Código Civil). Ex: uma pessoa acha que
está celebrando uma doação. Mas, na verdade, é uma compra e venda.

➔ Objeto do negócio Ex: eu queria comprar a casa 540 da rua tal e compro a
casa 640.

➔ Identidade da pessoa. Ex: pessoa que faz uma doação para alguém, supondo
que esse beneficiário fez uma boa ação para ela.
➔ Também exige que o erro pudesse ser percebido por pessoa de diligência

normal, em face das circunstâncias do negócio - O erro tem que ser também
cognoscível - um erro que pode ser reconhecido pela outra parte. Então, você
só poderá anular o negócio jurídico por erro, quando a outra parte do negócio
souber do erro ou pelo menos quando ela tenha condições de saber

➔ OBS: possibilidade de anular o casamento por erro essencial quanto à pessoa


do cônjuge

II. Dolo~ (artigo 145, do Código Civil).


➔ É o erro intencionalmente provocado.

➔ São manobras efetuadas com propósito de obter uma declaração de vontade


que não seria emitida, se o declarante não fosse enganado.

➔ Também é possível falar em dolo substancial ou acidental. O dolo substancial


também é chamado de dolo principal.

➔ Quando o dolo é substancial, ele é a causa do negócio. Ele torna o negócio


anulável. Quando o dolo é apenas acidental, o negócio seria celebrado
(embora de outra maneira). Ele não pode tornar o negócio anulável. Mas pode
gerar direito a indenizações(Artigo 146, do Código Civil) por perdas e
danos. Vai depender das consequências de cada caso.

➔ Requisitos para o dolo - O que se costuma dizer aqui é que o requisito é a


má fé. Deve haver a intenção de enganar. Quando a parte age de má-fé, com a
intenção de enganar a outra, é possível anular o negócio por dolo. Desde que
ele seja dolo principal.

➔ Pode ser comissivo ou omissivo - O mais comum é que o dolo seja


comissivo. Uma parte age de maneira a enganar a outra.

➔ Mas também é possível que haja dolo de forma omissiva. Isso se


aproxima muito do erro. A diferença seria que, no erro, essa omissão não é
planejada.

➔ Um exemplo de dolo ocorre quando eu vendo uma bijuteria, um anel


que é de lata. E eu digo que é de ouro. Estou enganando a outra parte.
Obviamente, se a pessoa comprou achando que era de ouro, ela pode
depois requerer a anulação desse negócio. Houve aqui um vício do
consentimento. Ela achou que estava comprando ouro e só estava
comprando lata. Mas ela não se enganou sozinha, ela foi enganada. Por
isso é dolo.

➔ Dolus bonus - aquele dolo que é tolerável no comércio - Deve haver uma
certa flexibilidade. É aquele dolo tolerável. Aquele exagero publicitário que
ninguém leva a sério. Já se sabe de antemão que toda publicidade tem uma
parcela de exagero.

➔ Dolus malus - enganação efetiva - o negócio jurídico é anulado.

III. Coação~ (artigos 151 ao 155, do CC)~ A coação só viciará a


vontade, quando ela gerar fundado temor de dano iminente e considerável à
sua pessoa, à sua família e aos seus bens.

➔ Ela é uma pressão psicológica que vai recair sobre a pessoa, a própria
parte do negócio, algum familiar dessa parte, ou ao patrimônio dela. Em
decorrência dessa ameaça, a parte celebra o negócio. Ou seja, com receio de
receber o dano, ela celebra o negócio. Portanto, há também um vício de
consentimento aqui. Se isso acontecer, o negócio jurídico é anulável

➔ Pressão psicológica, de ameaça. Não de violência física. A doutrina diz que a


violência física, ou absoluta, gera inexistência do negócio. Porque não houve
sequer consentimento - Quando é coação física, gera inexistência. Coação
moral gera anulabilidade.

➔ Um dos requisitos da coação é a ameaça séria i) o exercício regular de um


direito não pode ser considerado uma coação. Ex:Inserir o nome no SPC; ii)
Também não se considera coação o temor reverencial, a não ser que haja um
abuso.
➔ Outro requisito é que esse dano seja iminente. O dano tem que estar
prestes a acontecer, não pode estar muito distante. Obviamente, tudo
tem que ser analisado de acordo com o caso concreto.

➔ Qual é o prazo para entrar com ação anulatória? Isso está no artigo 178. O
prazo decadencial para ação anulatória, em caso de vício de consentimento, é
de 4 anos. Esse prazo é contado desde a celebração do negócio. A ressalva que
a lei faz é que, no caso de coação, esse prazo só será iniciado quando cessar a
coação. Porque se a coação persiste no tempo, não faz sentido já considerar
esse prazo.

• Vícios atípicos-> Lesão e estado


de perigo
➔ Assim como os vícios do consentimento, esses vícios atípicos
também geram anulabilidade. Tornam o negócio anulável (artigo
171,II). Portanto, aqui há um prazo de natureza decadencial para que
seja proposta a ação anulatória do negócio jurídico. Esse prazo é de 4
anos, de acordo com artigo 178.

Estado de perigo(artigo 156, do CC).


Requisitos –
• 1) necessidade de salvar-se ou a pessoa de sua família - Diz a doutrina que esse
dano deve ser iminente, deve estar prestes a acontecer. E deve ser um dano grave, não
pode ser qualquer dano. Pode ser qualquer dano físico ou até mesmo um de natureza
moral.
• 2) dolo de aproveitamento - A parte que não assumiu a obrigação excessivamente
onerosa tem que ter tido a intenção de se beneficiar do estado de perigo
• 3) assunção de uma obrigação excessivamente onerosa
Lesão( artigo 157, do Código Civil)
Requisitos –
1) Subjetivo - uma situação de vulnerabilidade - Na lesão, você tem a premente
necessidade contratual ou inexperiência da parte.

2) Objetivo - justamente essa desproporção das prestações

Exemplo: 1) devedor de alimentos que vende uma moto por um preço desproporcional
para não ser preso por não pagar a pensão alimentícia.

OBS: Exige-se a intenção de se beneficiar? Aqui, majoritariamente, a doutrina diz que


não. Porque a lei não exige. O artigo 157 não falou nada a respeito. E diz a doutrina
que se há uma situação de inferioridade, é porque a outra parte se beneficiou. Então,
não interessa se houve ou não a intenção de se beneficiar.

OBS2: Pesso jurídica pode sofrer lesão.

OBS3: o Enunciado 149 da Jornada de Direito Civil fala que "em atenção ao princípio
da conservação dos contratos, a verificação da lesão deverá conduzir, sempre que
possível, à revisão judicial do negócio jurídico e não à sua anulação. Sendo dever do
magistrado incitar os contratantes a seguir as regras do artigo 157, parágrafo 2º".

OBS4: A gente pode encontrar a lesão na hipótese em que há um contrato de consumo com
cláusula abusiva, impondo ao consumidor uma obrigação excessivamente onerosa. - No CDC,
basta o requisito objetivo e nele essa cláusula enseja nulidade. A proteção e defesa do Código
de Defesa do Consumidor é maior.

• Fraude social (fraude contra credores)


• O devedor perde a disponibilidade dos bens? Em regra, não. Em
regra, o devedor pode praticar atos de disposição dos bens. Não
é porque ele deve, que ele fica proibido de se desfazer dos seus
bens. Seja a título gratuito ou oneroso. Uma doação ou uma
venda. Mas, eventualmente, esse negócio jurídico vai ser
considerado fraudulento. Quando estiverem presentes os
requisitos da fraude contra credores. Quais são esses requisitos?
(artigos 158 e 159, do Código Civil)

OBS: Credor quirografário nada mais é do que um credor que não tem garantia real.
- O artigo 158 trata dos negócios gratuitos. O 159 dos negócios onerosos.

- Quando que o negócio jurídico gratuito é considerado fraudulento? Quando a pessoa já está
insolvente e faz uma doação de um bem. Ao fazer isso, ela está prejudicando os credores.
Porque o seu patrimônio serve de garantia aos credores. E ela está reduzindo esse patrimônio.
O artigo 158 também comenta que pode acontecer quando o devedor se tornar insolvente com
aquele negócio.

- Quando o ato é gratuito, basta a prova do elemento objetivo. Basta provar que houve
prejuízo. Doutrina diz que quando há ato de desfazimento de um bem gratuito, como uma
doação, o requisito subjetivo é presumido. O artigo 158 não exige nenhum requisito subjetivo.

- Requisitos

1) requisito objetivo - o prejuízo - eventus damini


2) consilium fraudis, o que seria o conluio fraudulento. Mas a melhor doutrina disse que para
que o negócio seja anulável é preciso que o terceiro adquirente tenha ciência do dano.

- Ação Pauliana é justamente a ação anulatória proposta pelo credor, em hipóteses de


negócios fraudulentos. Os requisitos da ação Pauliana estão no artigo 161, do CC.

• Abuso de direito (artigo 186, do Código Civil)

(artigo 188, do Código Civil) - Aqui a gente tem os atos que não são considerados
ilícitos. Quando são praticados por legítima defesa ou estado de necessidade, que vocês
já conhecem do direito penal. Legítima defesa é a mesma do conceito do Direito Penal.
Agressão injusta, inexistência de outro modo de reagir, defesa imediata. E o estado de
necessidade que é similar à legítima defesa, mas que é aplicado quando você não tem uma
agressão humana.
• o primeiro dos incisos do artigo 188, que também fala sobre o exercício regular
de um direito reconhecido. Ele disse que não constitui ato ilícito, aquele
praticado no exercício regular do direito.

➔ uma teoria ficou conhecida como a teoria dos atos emulativos.


Quando você exerce um direito com a intenção de prejudicar terceiros,
você estaria diante de um ato emulativo. E esse ato não merece
proteção jurídica. Hoje em dia não deixa de ser importante, mas não é a
que melhor resolve os problemas.
➔ A teoria que melhor resolve os problemas é a chamada teoria do abuso
do direito (artigo 187, do Código Civil). comete ato ilícito o titular de
um direito que ao exercê-lo excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim econômico ou social, pela boa fé, ou pelos bons costumes.
Não há aqui nenhuma menção à finalidade. O critério que foi adotado é
o objetivo.

➔ Diz a doutrina que a gente considera abusivo um ato quando ele


descumpre sua função. Ele está de acordo com a estrutura definida em
lei. Por isso, aquela pessoa está agindo na aparência de exercer um
direito. Ela está dentro dos limites previstos em lei, mas ela está se
desviando da finalidade ou da função esperada pelo ordenamento
jurídico ao reconhecer aquele determinado direito.

➔ a boa-fé objetiva também tem uma função que é restringir o exercício


de direitos em alguma situação. Ela tem uma função restritiva do
exercício de direitos. Isso se dá justamente através da teoria do abuso
do direito.
➔ E o terceiro parâmetro do artigo 187 está relacionado aos bons
costumes.

➔ É um conceito extremamente vago. A noção de bons costumes é muito


imprecisa e varia no tempo e espaço.

• Prescrição

A prescrição tem base legal nos artigos 189 a 211. Mais o artigo 2028.
- razão de ser da prescrição- Segurança jurídica.
- Prescrição aquisitiva e prescrição extintiva. A prescrição aquisitiva é
sinônimo de usucapião. Usucapião é um modo de aquisição de direito de
propriedade. Isso também está relacionado com prescrição, porque a usucapião
também decorre do fenômeno temporal. A prescrição lato sensu abrange a
prescrição aquisitiva, ou usucapião, e a prescrição extintiva.

Efeitos da prescrição
1) Uma primeira corrente irá sustentar justamente a
perda de direito. Caio Mário, por exemplo,
sustenta que a prescrição acarreta a perda do
próprio direito material que a pessoa tinha
2) Uma segunda corrente diz que o que se perde na
realidade não é o direito material e sim a ação, o
direito de ação.

3) Ainda há uma terceira corrente que defende que


a prescrição acarreta a perda da pretensão. Essa é
a corrente majoritária do nosso ordenamento
jurídico. (art.189,do CC)
Se a gente entende que a prescrição acarreta a perda do direito, o que acontece se
mesmo quando houver a prescrição, o devedor pagar? O credor não teria mais direito de
crédito. Se ele não tem mais direito de crédito, o devedor pode pedir de volta. Quando
você faz um pagamento indevido para quem quer que seja, você tem o direito de exigir a
devolução desse dinheiro. Se eu falei que a prescrição ocasionou a perda do próprio direito
e o devedor pagou mesmo assim, ele não poderá mais pedir a repetição. Ou seja, a
devolução daquele dinheiro que ele deu para o credor.

Se a gente adota outra teoria, seja a segunda ou a terceira, a conclusão é


diferente. Porque por mais que o credor não tivesse mais o direito de ação ou a pretensão,
o direito material continuaria existindo. Se o devedor pagou,  embora estivesse prescrita a
dívida, ele não poderia pedir a repetição.

Segunda teoria VS Terceira teoria


A teoria da perda da ação é criticada porque, a rigor, ninguém pode perder o direito de
ação. O direito de ação é uma garantia constitucional, está no artigo 5º,XXXV. Decorre da
garantia de acesso à justiça, que alguns autores chamam de inafastabilidade do controle
jurisdicional.
Em outras palavras, o direito de ação é um direito em abstrato. Todo mundo tem o
direito de provocar o judiciário. Mesmo quando não haja um direito material a ser
tutelado.

A pretensão é a exigibilidade do direito. Como o próprio artigo 189 menciona, o que


se extingue é a pretensão. Prevalece o entendimento (que era defendido pelo Humberto
Theodoro Júnior, por exemplo. E que é adotada também em outros códigos, como o
alemão e o francês) de que a prescrição acarreta a perda da pretensão.

Quando a dívida está prescrita, o direito material continua existindo. O devedor pode
querer pagar moralmente, por motivos morais. Só que o credor não poderá mais exercer a
pretensão. Ele não pode ir a juízo exigir aquele pagamento.

OBS: Antes do vencimento, não há que se falar em prescrição.

OBS2: No mesmo contrato, a gente tem diferentes prestações com diferentes prazos
prescricionais. Porque prazo prescricional começa a correr a partir da violação dos direitos.

Requisitos-
1) pretensão. Porque se a prescrição
extingue uma pretensão, o pressuposto é
que exista uma pretensão.
2) inércia do credor pelo prazo legal. A lei
diz qual é o prazo prescricional. Varia de
acordo com a natureza da dívida.

3) ausência de causas impeditivas,


suspensivas ou interruptivas.

Renúncia da prescrição-
O artigo 191 diz que a renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita e só
valerá sendo feita sem prejuízo de terceiro e depois que a prescrição se consumar. Detalhe
que é fundamental a gente perceber é que é possível a renúncia à prescrição somente
depois que ela se consuma. Depois que ela ocorre.

Caso contrário, todo contrato teria uma cláusula dizendo que o devedor renuncia
desde já a invocar eventualmente a prescrição daquela dívida. A lei impede que isso seja
pactuado. Na prática, o credor costuma ter mais poder de barganha na hora de negociar o
contrato. Em última análise, o instituto da prescrição iria por terra abaixo.

Mas depois que ela se consuma, não há problema algum. Se aquele devedor quiser
abrir mão desse argumento que ele tem, pode renunciar. E a partir de então, o credor poderá
exigir em juízo.

(artigo 192, do CC)A prescrição sempre resulta da lei e o prazo é sempre aquele previsto
em lei. Os prazos não podem ser alterados pelas partes. - Muito cobrado pelo professor
nos exercícios.

(Artigo 193, do CC)Aqui é uma discussão mais de cunho processual. Até que momento o
devedor pode alegar a prescrição? Diz o 193 que, em qualquer grau de jurisdição, isso pode
ser feito.

OBS: Quem é a parte que se aproveita da prescrição? Já vimos que, via de regra, o devedor.
Mas às vezes alguma terceira pessoa pode ter um benefício nisso também. Um herdeiro do
devedor pode ter interesse. Porque se o devedor deixa de alegar, o patrimônio dele vai se
reduzir. Mas, principalmente, os credores. Outros credores daquele devedor.
OBS 2: O artigo 194 está revogado. Ele dizia que o juiz não podia suprir de ofício a
alegação de prescrição.

(artigo 196, do CC) A prescrição iniciada contra o credor, diz o artigo 196, continua a correr
contra o seu sucessor. Vamos supor que o credor morra, seus sucessores são seus herdeiros. Se
começou a correr a prescrição contra o credor e ele morre no meio do prazo prescricional,
esse prazo vai continuar correndo contra os herdeiros desse credor.

(artigo 197, do CC)Não corre prescrição entre cônjuges durante o casamento. Se um deve
para o outro e não paga, não há que se falar em prazo prescricional. Essa é uma causa
impeditiva da prescrição. Porque ela impede a contagem do prazo. Embora a lei não diga, a
melhor interpretação à luz da Constituição é a que diz que não corre prescrição entre
companheiros.

Inciso II. Poder familiar ou autoridade parental é o poder-dever que os pais têm em relação
aos filhos menores e não emancipados. Até 18 anos, se você não for emancipado, você está
sob o poder familiar dos seus pais. Se você não tem pai nem mãe, terá um tutor. Entre pais e
filhos, durante o poder familiar, não há que se falar em prescrição.

Inciso III. É a mesma lógica. Assim como no poder familiar entre o pai e filho, entre tutor e
tutelado não corre prescrição. Ou entre curador e curatelado não corre prescrição.

(artigo 198,I,II e III) - Não corre prescrição contra os incapazes de que trata o artigo 3º. O
Artigo 3º trata dos absolutamente incapazes, que são os menores de 16 anos. Portanto, se o
credor tem menos de 16 anos, não corre prescrição contra ele.

(artigo 199, do CC). Se a dívida tem uma condição suspensiva, ainda não está produzindo
efeitos jurídicos, ela não pode ser exigida. Então, não está correndo prescrição por enquanto.
Inciso IIPorque antes do vencimento, não há que se falar em prescrição. Como exigiria o
pagamento de uma coisa que ainda não venceu? O devedor tem até o vencimento para
fazer o pagamento. Até o vencimento não há que se falar em prescrição. Ela só começará a
correr a partir do vencimento.

Inciso III - ação de evicção - Evicção é a perda de uma coisa em razão de uma ordem
judicial.

Causas impeditivas, suspensivas e interruptivas –


Uma causa impeditiva, como o próprio nome sugere, impede o transcurso da
prescrição. Uma coisa é impedir, outra é suspender uma prescrição que já está em andamento.
A causa impeditiva impede a prescrição. Em outras palavras, se eu sou casado e contraio uma
dívida com meu cônjuge. Não pago. Vimos que não corre prescrição durante o casamento.
Estamos diante de uma causa impeditiva ou suspensiva? Impeditiva, a prescrição nunca
começou a correr.
Agora, vamos supor que eu sou devedor, não paguei no vencimento. Começou a
correr a prescrição, porque houve a violação do direito do credor. Nasceu a pretensão,
portanto já existe prazo prescricional em curso. Vamos supor que eu me case com o credor.
Nesse novo exemplo, o casamento se tornou uma causa suspensiva. Porque o prazo
prescricional começou a correr e veio uma causa que suspendeu a contagem dele naquele
momento

OBS: Quando o credor é absolutamente incapaz (por exemplo, tem 13 anos), os pais dele, que
são os representantes legais, podem entrar com a ação. Vão entrar em nome dele. Porque ele é
absolutamente incapaz e não pode praticar os atos da vida civil por si só. Quem vai praticar
será um representante. Mas se os pais não fazem, até quando ele poderá fazer? Quando ele
completar 16 anos, começará a contar o prazo.

- Quando o credor pratica um dos atos que interrompem a prescrição, como fica a
contagem do prazo? O prazo é interrompido e a partir dali, ele se reinicia do zero.
Diferente da causa suspensiva, onde se aproveita o período anterior. Quando há a
interrupção da prescrição, a contagem do prazo se interrompe.

( Art. 202,I,II,III,IV,V,VI) - O que todas essas hipóteses estão revelando? Por que a
prescrição se interrompe nesses casos? Porque o credor não está inerte. Ele está agindo em
prol da cobrança daquele crédito. Seja entrando com ação, seja exercendo um protesto, seja
notificando o devedor para constituí-lo em mora. Se ele não está inerte, não há que se falar em
prescrição.

• Prazos prescricionais

Os prazos prescricionais estão nos artigos 205 e 206. A regra geral é que o prazo é de
10 anos (artigo 205, do Código Civil).

Nos parágrafos do artigo 206, a gente tem os prazos especiais. Se vocês lerem esse
artigo, verão que há várias hipóteses de prazos diferentes que podem ser de um, dois, três,
quatro, ou cinco anos. Dependendo da natureza daquela dívida.

O artigo 132 estabelece uma regra sobre a contagem do prazo, dizendo que a gente
tem que excluir o dia do início e incluir o dia do vencimento. Começou a correr a prescrição
no dia 14 de abril de um ano e a prescrição é de um ano. Ela vai prescrever no dia 14 de abril
do ano seguinte.

Você também pode gostar