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Tipos de órteses utilizados no auxilio a marcha em 


crianças com mielomeningocele: revisão literária
Tipos de ortesis utilizado en la marcha de los niños con mielomeningocele: revisión de literatura
Types of orthotics used in aid to march in children with myelomeningocele: literary review

Saulo Fabrin*
*Graduanda/o em Fisioterapia pelo Claretiano - Centro Universitário saulo.fabrin@gmail.com
Laboratório de Biomecânica do Movimento - Labim, Batatais-SP Nayara Soares*
**Professora Associada 3 da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto/USP naya_lmn@hotmail.com
Depto. de Morfologia, Fisiologia e Patologia Básica
Profa. Dra. Simone Cecílio Hallak Regalo**
 
  Laboratório de Eletromiografia, Ribeirão Preto - SP
simone@forp.usp.br
***Docente do Claretiano - Centro Universitário, Laboratório
de Biomecânica do Movimento - Labim, Batatais-SP Prof. Ms. Edson Donizetti Verri***  
****Docente do Claretiano - Centro Universitário, Batatais-SP edverri@hotmail.com
(Brasil) Prof. Dr. Cesar Augusto Bueno Zanella****
cbzanella@yahoo.com

 
Resumo
                  Introdução: Na mielomeningocele há uma protrusão de elementos neurológicos encontrados sem o saco tecal, o que ocasiona uma série de déficits
apresentados por meio de alterações ortopédicas, neurológicas, geniturinárias, contraturas musculares generalizadas, deformidades da coluna vertebral, as quais,
posteriormente, geram dores articulares, afetam a deambulação, a independência nas atividades da vida cotidiana, o desempenho na escola e a qualidade de vida.
Objetivo: Avaliar os tipos de órteses mais utilizados no auxilio a marcha em crianças portadoras de mielomeningocele com faixa etária de 6 e 12 anos.
Metodologia: Estudo baseado em revisão literária por meio de pesquisa as bases de dados Scielo, Bireme e Pedro, com os seguintes descritores:
mielomeningocele, órteses, marcha, fisioterapia e reabilitação, de artigos publicados entre os anos de 2000 à 2013, indexados na língua portuguesa. O critério de
inclusão baseou-se na relação da utilização de órteses por crianças com disfunções provenientes da mielomeningocele. Resultados: Os dados encontrados
apresentaram um percentual menor de citações (15%) para órteses HKAFOs, já as órteses AFO e KAFO possuem um maior número de citações de 38% e 46%
respectivamente, o que indica um maior número de lesões lombar baixa e maior adesão por parte das crianças. Conclusão: Conclui-se, portanto que os tipos de
órteses mais utilizadas em crinanças com mielomeningocele são as KAFOs e AFOs de acordo com a literatura cientifica brasileira. A contribuição destas
informações, possibilitam através de estudos futuros correlacionar os níveis de lesão com os acometimentos causados pela mielomeningocele, com base nos
tipos de órteses utilizadas.
          Unitermos: Mielomeningocele. Órteses. Marcha. Fisioterapia. Reabilitação.
 
  Abastract  
          Introduction: In myelomeningocele there is a protrusion of neurological elements found without the thecal sac, what causes a series of deficits presented
through orthopedic, neurological changes, genitourinary, generalized muscle contractures, deformities of the spine, which, subsequently, generate joint pain, affect
ambulation, independence in activities of daily life, performance at school and the quality of life. Aim: Evaluate the types of most-used orthotics in aid to march in
children with ages of 6 and 12 carriers myelomeningocele.
Methodology: Study based on literature review by searching the databases SciELO, Pedro and Bireme data, using the following keywords: myelomeningocele,
orthotics, march, physiotherapy and rehabilitation, articles published between the years 2000 to 2013 indexed in Portuguese. The inclusion criterion was based on
the relationship of the use of orthoses for children with myelomeningocele dysfunctions. Results: The data found presented a smaller percentage of citations (15%)
to HKAFOs orthotics, already the AFO orthotics and KAFO possess a greater number of citations of 38% and 46% respectively, which indicates a greater number of
low lumbar lesions and increased adhesion  on the part of children.  Conclusion: It is concluded therefore that the types of most commonly used orthoses for
children with myelomeningocele are the AFOs and KAFOs according to Brazilian scientific literature. The contribution of this information, possible through future
studies correlating levels of injury caused by bouts with myelomeningocele based on the types of orthotics used. 
          Keywords: Myelomeningocele. Orthotics. March. Physiotherapy. Rehabilitation.
 
Recepção: 30/08/2014 - Aceitação: 04/10/2014.
 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 197, Octubre de 2014. http://www.efdeportes.com/

1/1

Introdução
      A mielomeningocele é a malformação congênita tratável mais complexa do sistema nervoso central(1), aonde
ocorre uma falha na fusão dos elementos posteriores da coluna vertebral e, consequentemente, falta de fechamento
do canal vertebral, relacionado a displasia da medula espinhal. Encontram-se constantemente também anormalidades
do sistema nervoso central associadas, como por exemplo a hidrocefalia e a deformidade de Arnold-Chiari. Tem
incidência de aproximadamente 1:1000 nascidos vivos(2). Consiste de uma estrutura saculiforme contendo liquor e
tecido nervoso, cuja protrusão leva a diversas anomalias neurológicas, dependendo da localização e gravidade da
lesão(3). Ocorre entre a terceira e quinta semanas de vida intrauterina e nem sempre é diagnosticado durante a
gravidez(2). Ainda não se conhece exatamente a alteração embriológica que origina a lesão(3), mas alguns fatores
podem promover o surgimento da doença, tendo assim caráter multifatorial, dentre eles destacamos os ambientais,
nutricionais, raciais e hereditários. A importância da presença do ácido fólico na dieta pode associar-se a uma
diminuição da incidência da doença e a não utilização de substâncias antagonistas do ácido fólico durante a
gestação como, por exemplo, a carbamazepina, fenobarbital, fenitoína, primidona, sulfasalazina, trianterene,
methotrexate, trimetropim e aminopterina(2).

    Nesta patologia há uma protrusão de elementos neurológicos encontrados sem o saco tecal, o que ocasiona uma
série de déficits apresentados através de alterações ortopédicas, neurológicas e geniturinárias(4,5,6). As
manifestações ortopédicas se apresentam sob a forma de contraturas musculares generalizadas, deformidades da
coluna vertebral, as quais, posteriormente, geram dores articulares. As alterações neurológicas estão intimamente
relacionadas à localização e magnitude da falha, sendo a mais freqüente na mielomeningocele, a região
lombossacra(7).

      A mielomeningocele é uma das mais complicadas anomalias do sistema nervoso central, que são passíveis de
tratamento e compatíveis com a sobrevida. Caracteriza-se por diminuição da motilidade, abrangendo principalmente
quatro sistemas: aparelho genitourinário, aparelho de locomoção, sistema nervoso central e pele. A gravidade das
manifestações clínicas varia desde as discretas deficiências sensitivomotoras, localização distal e disfunção
neurogênica dos esfíncteres, até paralisia completa, malformações ósseas graves e uma série de anomalias
concomitantes do desenvolvimento e do sistema nervoso, compreendendo, por exemplo, a disfunção dos membros
superiores ou as deficiências cognitivas, da percepção ou da atenção que afetam a deambulação, a independência
nas atividades da vida cotidiana, o desempenho na escola e a qualidade de vida(8). Com os achados do exame clínico
(função muscular), e o conhecimento dos níveis medulares e suas respectivas funções, é possível identificar o nível
da última raiz funcionante, a qual nomeará o nível da paralisia e definirá o prognóstico(9).

    Segundo Werner (1994), muitas crianças com mielomeningocele são incapacitadas da cintura para baixo e apesar
da deficiência, é importante que elas aprendam a desenvolver o corpo, a mente, e as habilidades sociais ao máximo. O
nível da lesão é preditor do quadro de complicações em órgãos e sistemas, e por apresentar capacidade intelectual
preservada as crianças podem ter dificuldades para lidar com a vida social, de formar que certas órteses podem ser
empregadas para o auxílio de suas habilidades, favorecendo uma menor defasagem da evolução das fases do
desenvolvimento em comparação com crianças não comprometidas(10).

      A órtese pode imobilizar totalmente uma articulação ou segmento do corpo, restringir o movimento numa certa
direção, controlar a motricidade, auxiliar o movimento ou reduzir as forças de sustentação de peso. Em presença de
músculos paréticos ou paralisados, a imobilização ortótica de uma articulação ou membro inteiro proporciona
sustentação. Em presença de forças musculares desequilibradas, uma órtese previne o aparecimento de uma
deformidade ou contratura articular(11). A maioria das crianças portadoras da mielomeningocele, apresentam
complicações como: luxação congênita de quadril e pé equino-varo, partindo desses pressupostos surge a
necessidade de realizar uma pesquisa abordando os tipos de órteses mais comumente utilizados no segmento
corpóreo com a finalidade de direcionar a reabilitação funcional de crianças que apresentam disfunção com
necessidade de suporte.

Objetivo

Avaliar os tipos de órteses mais utilizados no auxilio a marcha de crianças com mielomeningocele por meio de
revisão literária.

Material e métodos

      Estudo de revisão literária utilizando como fonte de pesquisa as bases de dados Scielo, Bireme e Pedro. Os
descritores utilizados na pesquisa foram: mielomeningocele, órteses, marcha, fisioterapia e reabilitação. Foram
utilizados artigos publicados entre os anos de 2000 e 2013, indexados na língua portuguesa. Como critério de
inclusão, os artigos deveriam relacionar-se a utilização de órteses em crianças com disfunções provenientes da
mielomeningocele.

    Foram selecionados 18 artigos, que abordavam a mielomeningocele, e se enquadraram ao assunto pesquisado e
período predeterminado. A grande parte dos artigos encontrados consiste em estudos realizados e relatos de casos, o
método de mensuração foi baseado na quantidade de citações, e quando determinada órtese estava associada ao
tratamento de uma criança com mielomeningocele no artigo pré-selecionado, passava a fazer parte da estatística.

Resultados e discussão

      No Brasil, as Secretarias de Saúde tem utilizado terminologias próprias, fazendo uma correlação com segmento
anatômico envolvido. Seguindo este critério, encontraremos descrições de órteses inguinopodálicas (HKAFOs),
cruropodálica (KAFOs) e suropodálica (AFOs). De acordo com análise comparativa simples ficaram determinados os
resultados conforme demonstra o Gráfico 1.
Gráfico 1. Comparativo dos tipos de órteses utilizados em crianças com mielomeningocele

    Os dados encontrados em nosso estudo apresentam um baixo número de citações (15%) para órteses HKAFOs e
corroboram com estudo de Teulier et al. (2009), aonde apesar dos benefícios da marcha com HKAFOs, muitas
crianças com nível de lesão lombar alta abandonam essa função na adolescência ou na vida adulta, pois a cadeira de
rodas torna-se mais funcional, já que a órtese HKAFOs é utilizada associada a aditamentos para marcha, o que
implica em um gasto energético elevado, velocidade e cadência diminuídas(12). Ramos et al. (2005) também se
depararam com uma ampla parcela (62,7%) de crianças, que abandonaram a utilização de HKAFO quando entraram
na adolescência, optando pelo uso das Kafos, Afos, ou cadeira de rodas(13).

    Os tipos de órteses dependem do nível da função motora da criança, são destinadas a promover o ortostatismo e o
quanto antes prescritas melhor o desempenho e adaptação, de forma que a proposição é iniciar na fase de
deambulação, aonde a criança demonstra grande interesse na posição ortostática. Em geral, a criança se colocada de
pé com apoio entre os 10 e 12 meses de idade, época na qual começa normalmente a se sustentar sobre os membros
inferiores e já possui controle adequado da cabeça. Isto pode ser realizado com o uso do parapódio que proporciona
total contato e suporte nos tornozelos, joelhos, quadris e tronco da criança. A posição em pé é capaz de promover a
postura em extensão, favorecendo o desenvolvimento visual e motor da criança, estimula o uso dos membros
superiores, facilita a fisiologia intestinal e urinária(9,14 15,).

      O nível da lesão dita a presença de certas deformidades e limitações que demonstram qual à probabilidade da
função de deambulação. A criança que faz a utilização de uma órtese correta para o seu nível de lesão é beneficiada
principalmente durante a marcha ganhando maior independência comparando-se com aquela que não utiliza uma
órtese. As órteses AFO e KAFO possuem um maior número de citações de 38% e 46% respectivamente, o que indica
um maior número de lesões lombar baixa, uma vez que Buckwalter & Weinstein (2000), dizem que crianças com nível
lombar baixo e com quadríceps fortes começam a andar com uma AFO para o controle da instabilidade do pé e
tornozelo e crianças com menor força nos quadríceps podem necessitar de órteses KAFO, ou um período num
parapódio, antes que tenham resistência para andar com menor apoio.

    Crianças com nível sacral geralmente começam a andar na época normal e não precisam de qualquer apoio, e nem
de AFO. Para Shepherd (1996), a criança que apresenta paralisia ou paresia abaixo dos joelhos, às vezes consegue
ficar em pé com um AFO, enquanto outros casos se dão melhor no início com um KAFO, até que sua função de
equilíbrio melhore(16).

Conclusão

    Conclui-se, portanto que os tipos de órteses mais utilizadas por crianças com mielomeningocele são as KAFOs e
AFOs de acordo com a literatura cientifica brasileira. A apresentação destas informações possibilitam por meio de
estudos futuros correlacionar os níveis de lesão, com os acometimentos causados pela mielomeningocele baseados
nos tipos de órteses utilizadas por crianças.

Referências

1. Lindseth RE. Mielomeningocele. In: Morrissy RT, Weinstein SL. Ortopedia pediátrica de Lovell e Winter. 5a ed.
Editora Manole. Barueri -SP. 2005; 16:652-687.

2. Fernandes AF, Mendonça AB, Santos CA. In: AACD Medicina e Reabilitação – Princípios e práticas. 1a ed. Editora
Artes Médicas. São Paulo – SP. 2007; 8:142-160.

3. Warner Jr. WC. In: Canale ST Cirurgia Ortopédica de Campbell 10ª ed. Editora Manole. Barueri-SP. 2006;31:1327-
46.

4. Shepherd RB. Fisioterapia em pediatria. In: Espinha bifida. São Paulo: Santos livraria editora, 3ª ed, 1998, 238-
260.

5. Botto L, Moore CA, Khoury MJ, Erickson JD. Neural tube defects. N Engl J Med 1999; 341: 1509-1519.

6. Tomlinson P, Sugarman ID. Complications with shunts in adults with spina bifida. BMJ 1995; 311: 286-287.

7. Santos CMT, Pereira CH, Santos EAS, Monteiro JTS. Reabilitação na mielomeningocele. Moreira Jr. Editora. 2007:
518-520.

8. Burns, YR, Mac Donald, J. Fisioterapia E Crescimento Na Infância. 1ª. Ed. São Paulo: Santos, 1999.

9. Telöken MA. Mielomeningocele. Revista AMRIGS. 1993; 37(3):168-174.

10. Werner D. Guia de Deficiências e Reabilitação Simplificada: para crianças e jovens portadores de deficiência,
famílias, comunidades, técnicos de reabilitação e agentescomunitários de saúde. 1ª. ed. Brasília: Corde, 1994.

11. Delisa JA. Medicina de Reabilitação: Princípios e Práticas. Volume 1. São Paulo: Manole, 1992.

12. Teulier C, Smith BA, Kubo M, Chang C, Moerchen V, Murazko K, et al. Stepping Responses of Infants With
Myelomeningocele When Supported on a Motorized Treadmill. Phys Ther 2009;89:60-72

13. Cintas HL, Long, TM. Manual de Fisioterapia Padiátrica. Rio de Janeiro:Revinter, 2001.

14. Shepherd RB. Fisioterapia em Pediatria. 3ª. ed. São Paulo: Santos, 1995.

15. Ramos FS, Macedo LK, Scarlato A, Herrera G. Fatores que influenciam o prognóstico deambulatório nos
diferentes níveis de lesão da mielomeningocele. Rev Neurocienc 2005;13:80-86.

16. Buckwalter JA, Weinstein, SL. Ortopedia de Turek: Princípios e sua aplicação. 1ª. ed. São Paulo: Manole, 2000.

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