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Ogbè se aventurou.
De acordo com o itan odu Eji Ogbe descrito acima, a vida é constituída de fases e
grandes desafios. Nos versos (ese) acima, essas dificuldades são representadas pela
floresta, pelo oceano e pela terra.
Em sua trajetória, diante de cada desafio, Ogbe ficou perplexo, desconcertado, confuso
(dààmú). Perplexo, não soube o que fazer. Neste momento alguém (Exu, ou seja, o
próprio caminho, segundo a tradição) lhe soprou no ouvido, lembrando-o de que ele já
tinha o que precisava para passar por aquele desafio. Bastava-lhe, tão-somente usar o
que tinha em seu poder. Segundo o itan, Ogbe fez o que Exu orientou e alcançou êxito.
Portanto, uma primeira lição que se pode extrair deste itan é que cada dificuldade que a
vida nos apresenta exige de cada um de nós um tipo de resposta ou atitude certamente
diferente da resposta ou atitude apresentada diante da dificuldade anterior. A situação é
outra, o momento é outro e nós mesmo já somos diferentes do que éramos. Logo, não
podemos tratar de todos os problemas e desafios que a vida nos traz com uma única
solução. Não é possível dar a mesma resposta para todas as perguntas que a vida nos
faz.
Outra lição que temos ao refletir sobre este itan é sozinhos, estamos perdidos. Observe
que o sucesso de Ogbe não é devido a sua grande capacidade de realização ou seu
talento natural. Também não foi por ter dado sorte ou por ter alguma coisa que o
pudesse beneficiar (posses). Nada disso o ajudaria se ele não fosse lembrado por alguém
diante da dificuldade de quem ele era, do que era capaz e do que tinha em seu poder. O
sucesso, ou seja, a possiblidade de realizar a sua viagem (de ter uma vida realizada) foi
resultado de sua capacidade de ouvir e se deixar orientar.
Eji Ogbe foi aconselhado a realizar um sacrifício (ebó) e seguiu o conselho. Quando
esteve perplexo diante da vida (durante a sua viagem), ouviu o conselho e colocou em
prática aquilo que lhe foi sugerido.
Posso ter todas as coisas. Ser capaz de tudo nesta vida e ainda assim fracassarei em
meu objetivo de alcançar a felicidade, se achar que posso andar ou realizar este feito
sozinho. A percepção que tenho de mim é que não sei nada de antemão. A resposta me
é dada no instante mesmo em que a pergunta é feita…
A vida propõe questões para as quais não estamos prontos. Contudo, não estar pronto
não é o mesmo que não ser capaz, mas, também, ser capaz, não é o mesmo que ser
auto-suficiente. Preciso do outro para ser eu-mesmo e realizar a minha vida.