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CURSO LIVRE

PSICOTERAPIA HOLÍSTICA
MÓDULO III
MERGULHANDO EM SI
Alternativa Consultoria - Terapias Holísticas
CNPJ 04.226.034/0001-50
Fernando Martins - Terapeuta Holístico - CRT 37.039

INTRODUÇÃO
Este Módulo, intitulado Mergulhando em Si, trata, como o título
diz, de procedimentos que nos levam a nos conhecer melhor. Aqui
estudaremos dois métodos que, a meu ver, são os que mais profundamente
nos leva ao autoconhecimento: a meditação e a interpretação dos sonhos.
No tópico Meditação, utilizarei bibliografia variada buscando
conduzir o aluno à construção de uma visão ampla do que seja a meditação
e seus efeitos, bem como, dicas práticas que servirão não só para utilização
do próprio terapeuta na sua autoavaliação, mas também para sugerir aos
clientes. Junto à meditação, veremos algumas técnicas de respiração que
podem acompanhar a prática meditativa.
No tópico Compreensão Onírica, estudaremos não só os
mecanismos do sonho, mas também como interpretá-los. Veremos por alto,
a fisiologia do sono. Os estudos estão baseados em Carl G. Jung, médico
psiquiatra e psicanalista, que após romper com Freud (que se referia a Jung
como seu “príncipe herdeiro”), criou sua própria teoria psicoterapêutica, a
qual intitulou de Psicologia Analítica. Jung é notoriamente reconhecido como
um dos grandes pensadores a respeito das elaborações oníricas.
Complementamos o módulo com o tópico Vivência Mística.
É importante enfatizar que os dois métodos ensinados aqui
devem ser primeiramente utilizados pelo próprio terapeuta, para depois,
vivenciado seus efeitos, recomendar aos clientes.

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MEDITAÇÃO

INTRODUÇAO
O mestre tibetano Chogyam Trungpa define meditação como
sendo um exercício de atenção plena e de consciência panorâmica, ou seja,
na meditação você procura estar plenamente consciente e presente em
cada momento vivido, sentindo corpo e ambiente onde está sem se perder
nos pensamentos.
É uma prática espiritual. Entende-se espiritualidade aqui como a
conexão do ser humano consigo mesmo e com os planos superiores,
podendo chamá-los de Divino ou outro nome que queira.
Obs.: Temos que ficar atentos para não misturar espiritualidade
com religião.
Esta prática, por sua natureza, estimula a atenção e a consciência
do instante presente, produzindo, consequentemente, um estado mental
mais estável e tranquilo, o que é de grande importância, principalmente nos
dias atribulados de hoje.
A atenção plena não é somente aplicada em momentos de
contemplação, mas também em momentos de ação, como na dança,
pintura e até mesmo lavando pratos. São formas tão válidas quanto a
clássica e conhecida meditação contemplativa que vemos os monges
praticando sentados, pois a essência de todas é a mesma, a atenção plena
no aqui e agora.
O Chanoyu, cerimônia do chá chinesa, por exemplo, tem a
natureza de um processo meditativo, por conta de toda a sua ritualística
detalhista, de gestos que estimulam a atenção plena e a consciência do
momento presente. Um simples servir de chá transforma-se em um
processo bem mais amplo, um momento de meditação.
É sobre este exercício de atenção plena e de consciência
panorâmica que iremos tratar neste tópico, não só conhecendo a teoria,
mas fazendo reflexões sobre sua natureza. Assim, a prática pode ser
utilizada por você e por seus futuros clientes.

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A NATUREZA DA MEDITAÇÃO

A primeira ideia que vem à mente quando se fala de meditação é


alguém sentado de olhos fechados, pernas cruzadas, mãos apoiadas no
joelho e respirando pausadamente. Esta é uma forma clássica de
meditação, mas não a única.
Existem várias formas de penetrarmos neste momento de
introspecção que, como já dito, nos leva a uma atenção plena de nosso
corpo e do meio ambiente, apaziguando nossa mente.
Precisamos ter claro que a ação não é a questão (a postura
sentada, de olhos fechados, etc.), mas sim a qualidade desta ação. Assim
dizia Mohan Chandra Rajneesh, conhecido popularmente como Osho, que
morreu em 1990.
“Para colher os frutos da meditação, não precisamos nos isolar,
mas, pelo contrário, incorporar a prática meditativa ao nosso cotidiano”, é o
que ensina o médico Jou El Jia, presidente da Sociedade Brasileira de
Meditação Médica.
Esta é a natureza da meditação: estar atento a cada momento.
Isto pode parecer simples, mas requer uma mudança de postura diante da
vida, afinal, aprendemos que para resolver os problemas temos que pensar
neles e o resultado desta postura é que passamos horas do dia com a
atenção dispersa em algo que já passou ou que irá ainda acontecer, o que
gera angustia pelo o que já passou e ansiedade pelo o que virá. Diz-nos
Dalai Lama: “só existe um momento para ser vivido, o agora, pois o antes
já passou e o que virá ainda não existe”.
Meditar é exatamente isto, concentrar-se no presente de forma
plena. Ao tomar um banho, por exemplo, fique atento ao que está fazendo,
sentindo a água e a esponja pelo seu corpo. Ao lavar pratos, não se
disperse, se concentre na cor da esponja, na espuma, na forma dos pratos
e no som da água.
O tempo gasto no trânsito, por exemplo, pode ser aproveitado
para meditar, diz Jou El Jia: “observe cada respiração e entoe um mantra.
Isto trará um grande bem-estar físico e emocional”.
O monge budista Thich Nhat Hanh ensina uma técnica baseada na
observação da respiração e das passadas. A cada inspiração conta-se o
número de passos assim como o número de passos é contado a cada
expiração. Ao inspirar veja o número de passos, foram três, então diga
mentalmente “dentro, dentro, dentro”. O mesmo número de passos foi dado
na expiração? Então diga mentalmente, “fora, fora, fora”.
Veremos mais adiante momentos comuns do nosso dia que
poderão se tornar de maior qualidade por conta de nossa consciência da
natureza da meditação e a mudança que iremos promover na nossa postura
diante da vida a partir desta consciência.

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BENEFÍCIOS TERAPÊUTICOS

Este curso é direcionado não só para a promoção de um


autoconhecimento por parte do aluno, mas também do aprendizado de
técnicas que serão utilizadas no aconselhamento da prática como Terapeuta
Holístico. Nesta seção do tópico veremos os benefícios terapêuticos da
meditação para logo após retomarmos as reflexões sobre ela.
Já vimos a natureza dos males psicossomáticos e, desta forma,
será fácil entender o porquê das respostas físicas aos estados alterados de
consciência.
A meditação produz esta alteração no estado da consciência e,
consequentemente, a atividade do sistema nervoso simpático cai, os
batimentos cardíacos diminuem, o metabolismo fica mais lento e o fluxo
sanguíneo aumenta.
A meditação libera endorfina, que provoca a sensação de alegria
e bem-estar. De igual forma, a meditação diminui a produção de adrenalina
e cortisol, hormônios que são produzidos em situação de estresse, além de
radicais livres, substâncias que atuam no envelhecimento humano.
A autoestima se eleva, visto que com o alto poder de
concentração, o indivíduo aumenta sua capacidade de aprender coisas e
raciocinar com maior qualidade por conta do aumento do fluxo sanguíneo
em determinadas regiões do cérebro.
Fora que você já sabe que ocorre um reforço no sistema
imunológico por conta de todas estas alterações, ficando o organismo mais
resistente a doenças psicossomáticas, como gastrite, enxaqueca, etc.
Diversas pesquisas estão sendo feitas sobre o tema, com
destaque para a do psicólogo Richard Davidson da Universidade de
Wisconsin. Ele comprovou de forma brilhante os efeitos da meditação no
que tange a reestruturação de nossa massa cinzenta. Davidson evidenciou
que as conexões neurais do cérebro podem ser modificadas a partir de
atividades puramente mentais.
Reunindo um grupo de budistas com milhares de horas de
meditação, descobriu-se que o córtex frontal esquerdo deles tinha uma
atividade maior que a do outro grupo que nunca fizera meditação. Davidson
então reuniu um grupo de trabalhadores que nunca fizeram meditação e os
colocou em treinamento. O resultado foi o aumento da atividade nesta
região do cérebro.
É fato que a meditação é um dos mais eficazes instrumentos para
o aumento da qualidade de vida por conta de todas as alterações que
produz no corpo físico e mental.
Conhecer as diversas técnicas e organizar uma padronização para
aplicação terapêutica é uma boa opção para o Terapeuta Holístico, isto é,
para você conhecer.

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Estas técnicas são muitas e vou colocar aqui algumas com


pequenos comentários. Cabe a você buscar se aprofundar em uma delas ou
mesmo ler mais a respeito de algumas, extraindo informações para você
organizar o seu próprio padrão de aconselhamento no que tange a prática
meditativa.
Mais à frente colocarei uma forma de condução de meditação
passo a passo, mas, por enquanto, fiquemos com o estudo de algumas
técnicas como referência para um posterior aprofundamento de sua parte.

As Técnicas
Nas técnicas clássicas, o meditador busca alcançar o silêncio,
tanto interior quanto exterior. Daí a necessidade de um local silencioso onde
ele possa estimular o fluxo de energia que existe transitando no corpo,
despertando este fluxo gradualmente e fazendo-o transitar entre os centros
energéticos do corpo (chamados de chakras – do sânscrito “roda”).
Existem as técnicas que buscam atingir a atenção plena em si
mesmo e no ambiente. Nestas, as tarefas e os fatos do cotidiano passam a
serem as referências para ser vivenciado o processo meditativo.
No Livro Tibetano da Vida e da Morte, existe um princípio budista
que diz: integrar a meditação à ação é a base, o objetivo e o propósito.
Do Ocidente, temos a escola de Georges Gurdjieff, falecido em
1949. Ele percorreu o mundo para sistematizar tradições do oriente e
ocidente em uma só corrente. Segundo Gurdjieff, a vida atribulada faz com
que as pessoas se separem delas mesmo num processo dispersivo, mas
que, a partir de um treinamento meditativo, a atenção plena é retomada e
nos harmonizamos em nosso silêncio interior. Esta busca, segundo ele,
“deve ser buscada na vida como ela é e não na paz dos mosteiros”.
No caso, a agitação e o caos seriam o estímulo para a meditação
e lutar contra as distrações dos sentimentos seria o objetivo.
A Meditação Zen Budista na verdade não é uma técnica, mas uma
corrente meditativa composta por diversas técnicas. Dentre elas, há uma
muito interessante que é do monge budista Thich Nhat Hanh que é
praticada no caminhar, aonde o caminhante vai contando os passos e
sincronizando estes à respiração.
A Meditação Raja Yoga, ligada ao Yoga, onde em determinada
posição de olhos abertos e não fechados, o meditante mentaliza aspectos
positivos da natureza humana, como os sentimentos de amor, generosidade
e compaixão.
A Meditação Transcendental (MT) é técnica de grande penetração
no Brasil. Desenvolvida pelo guru indiano Maharishi Mahesh Yogi, se pauta
na repetição de um som pessoal, somente conhecido pela própria pessoa.
A Meditação do Som Primordial é parecida com a MT (Meditação
Transcendental). Foi criada por Deepak Chopra e também consiste na

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repetição de um som chamado de primordial e que está associado com a


hora, data e lugar em que o meditante nasceu.
A Meditação Cristã, resgatada pelo monge beneditino inglês John
Main (1926-1982), também se utiliza da repetição de um mantra, sendo o
mais comum “maranatha”, que em aramaico significa “vem Senhor”.
A Meditação Dinâmica, criada pelo líder espiritual Moan Chandra
Rajneesh (Osho), serve para ser utilizada no Ocidente e que utiliza danças,
sons e movimentos de várias culturas.
A Meditação Self, desenvolvida pelo yogue Paramahansa
Yogananda, agrupa uma série de técnicas visando o contato do praticante
com o Divino através das vivências experimentadas na sua prática.
Dentre estas, existem outras e cabe você buscar ampliar seu
conhecimento a respeito, não só se aprofundando nas referências que foram
apresentadas aqui, mas em outras que você poderá buscar em pesquisa.
Outro item importante no processo meditativo é a respiração.
Seguem abaixo trechos do livro Heróis Olímpicos Brasileiros de Kátia Rubio,
onde você poderá ver a aplicação, efeito e eficácia da respiração consciente
em uma atividade que requer o máximo de exploração do potencial do
indivíduo que é o esporte.
“Respire e concentre-se antes de começar”, diz a treinadora
Adriana Alves a sua pupila Daiane dos Santos. “Sempre respiro fundo antes
de começar minha série”, diz Daiane.
Lembra-se da Hortênsia, a nossa rainha do basquete? Antes de
cada lance livre, Hortência parava, trazia a bola ao peito, erguia os ombros
para inspirar e soltava-os ao expirar. Só então arremessava. E sempre
acertava.
O Yoga ensina exercícios de respiração, chamados de
pranayamas, que buscam obter e controlar a energia vital, o prana. O que
estas duas atletas faziam e fazem dentre tantos outros, nada mais é do que
buscar esta energia no momento da inspiração.
Ao meditar, e veremos isso mais à frente, a observação e
controle da respiração é fundamental para atingirmos o que buscamos
nesta prática, que é a atenção total.
EXERCÍCIOS DO TÓPICO
Defina com suas palavras o que é Meditação.
Escolha uma das técnicas apresentadas anteriormente, pesquise e
me remeta.

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PREPARAÇÃO
O que iremos estudar agora deverá ser realizado por você antes
de repassá-lo em forma de aconselhamento terapêutico para os clientes que
achar que precisem praticar.
Meditar requer concentração e você deve imaginar que isto não é
fácil. Nossa mente divaga com muita facilidade e ao tentar se concentrar
para meditar, logo vem o pensamento em algo que se passou ou algo que
você terá que fazer, enfim... Nossa mente é irrequieta e apaziguá-la é o
primeiro passo.
E como fazer isto? Aceitando o fluxo dos pensamentos como se
eles fossem cenas de filme. Você perceberá que eles vêm e vão. Tudo é
impermanente, como descobriu Sidarta Gauthama (o Buda) em suas
práticas meditativas.
Fixe no foco, no seu objetivo, que é a concentração, sem se
importar com os pensamentos que irão surgir, pois, como dito, assim como
eles virão, partirão. Com o tempo e disciplina, você terá total controle sobre
a situação de concentração.
É importante fazer diariamente, mesmo que em pouco tempo,
pois de nada adiantará ficar uma hora meditando se a maior parte deste
tempo você estará tentando se concentrar. Cinco minutos por dia para
começar é o ideal.
A concentração plena se dá a partir da plena atenção, que é a
natureza da meditação. Para isto, existem várias técnicas que utilizam um
ponto de concentração, seja a respiração ou a visualização de uma imagem
mental, como um círculo, por exemplo.
A respiração como ponto de concentração, para quem está
iniciando é o melhor caminho. Treine a atenção percebendo o fluxo da
respiração, o inspirar e expirar harmonioso e contínuo.
Devemos observar também, e isto deve ser repassado ao cliente,
que ao se começar a meditar, a sensação pode não ser tão agradável. A
pessoa começa a perceber que sua mente é um verdadeiro turbilhão de
pensamentos e que seu corpo tem diversos pontos de tensão que antes não
eram percebidos. Com o passar do tempo, no entanto, a dispersão mental e
os pensamentos banais começam a desaparecer de forma natural. A partir
daí, o indivíduo começará a sentir os benefícios desta prática.
Por isto, o primeiro conselho para quem nunca fez meditação é a
prática diária de 5 minutos tão somente. Posição confortável, olhos
fechados, respiração sendo observada para se manter a concentração e
deixar que os pensamentos fluam sem se fixar neles.
Após um mês, não só você e seu cliente perceberão que vai se
criando uma necessidade interna no indivíduo de uma prática diária, como
também que a dispersão nos pensamentos vai desaparecendo. Obviamente
que isto não é uma equação matemática, podendo o indivíduo conseguir a
plenitude da atenção em menos ou mais tempo.

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Faça você esta experiência e me escreva ao fim de um mês assim


como deverá orientar seus futuros clientes que você perceber necessitarem
desta prática para a resolução de seus casos, a retornar ao consultório um
mês depois para conversarem sobre os resultados.
Ao fim desta preparação você estará pronto para iniciar-se em
uma técnica.
Colocarei aqui um exemplo que gosto muito e que não foi citada
anteriormente nos exemplos de técnicas utilizadas.
Baseia-se no Vipassana (pronuncia-se Vipáchana).

As bases da técnica a ser apresentada


O atual líder mundial da prática do Vipassana é Satya Narayan
Goenka. Herdeiro da tradição birmanesa do Vipassana. A técnica chegou a
Birmania cerca de 200 anos antes de Cristo. A técnica foi ensinada no
passado por enviados de Ashoka, soberano da antiga Índia, com intuito de
divulgar os ensinamentos de Sidarta Gautama. Ou seja, esta é uma prática
chamada de theravada que significa “de raiz”. Daí a ser praticada em todos
os centros de budismo de linhagem indiana onde a formalidade e tradição
são mantidas de tal forma que até hoje seus praticantes estudam seus
conceitos em palí, que era a língua de Sidarta.
Goenka foi iniciado em 1955. Quatorze anos depois ministrava
seu primeiro curso e daí para frente, a técnica se espalhou pelo mundo.
Eu particularmente vejo a Vipassana como um treinamento
mental que dá ênfase à técnica, sem dogmatismos.

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Conduzindo o Processo consigo e com seu cliente


Atingir o auge do processo meditativo na Vipassana leva cerca de
10 dias, quando, daí para frente, a prática diária irá levando o praticante a
vivenciar todos os seus benefícios.
Nos três primeiros dias devemos utilizar de um procedimento
chamado Anapana, um Pranayama que, como já vimos anteriormente,
trata-se de uma postura respiratória.
1o. dia – Por cerca de 1 hora o praticante deverá se ater em
profunda concentração no ato da respiração. Conscientizar-se dela de forma
plena, mantendo nela a atenção.
Para isto, sente-se confortavelmente em uma cadeira mantendo a
coluna ereta, os olhos fechados e os músculos relaxados. Vá respirando, se
atendo neste processo de inspirar e expirar.
2o. dia – Por cerca de 1 hora o praticante deverá agora ficar
atento ao toque do ar nas narinas. Experimente neste momento de leitura
inspirar e respirar e perceba o que é dar atenção ao toque do ar nas
narinas.
3o. dia – Por cerca de 1 hora o praticante deverá buscar
sensações na região do nariz. Entendendo-se como sensações desde calor
até a picada de um mosquito, de uma coceira até uma vibração.
Somente a partir do quarto dia que você começará o Vipassana
propriamente dito.
4o. até o 10o. dia – Agora sem tempo, na mesma posição
apresentada no processo de Anapana, o praticante deverá ir sentindo cada
parte do corpo em busca de sensações. Esta busca deve ser feita de forma
mental, localizando mentalmente cada parte do corpo. Começando pela
cabeça, a face, detalhando olhos (que estão fechados), boca (que está
semiaberta) e assim por diante, descendo pelo pescoço até chegar às
plantas dos pés. No entanto, o praticante só deverá deslocar a mente de
um ponto para outro quando sentir alguma sensação neste novo ponto.
Qualquer sensação seja ela dor, frio, calor, coceira, peso, formigamento,
etc.
Neste processo, não haverá nenhum juízo sobre se a sensação é
ruim ou boa e é aí que reside o grande segredo desta prática.
Conta-se na história de Sidarta Gautama, a quem é atribuída a
criação do Vipassana, que ele investigou no seu corpo a causa da miséria
humana. Foi através da meditação que descobriu que o sofrimento vinha do
apego que temos pelo que dá prazer e da aversão que sentimos pelo que
causa dor. Isso porque todas as sensações são impermanentes (lembra-se
deste termo no início do tópico?), ou seja, vem e vão. Tudo está em
constante mudança. Isto é impermanência. Daí que o sofrimento ocorre
porque não podemos impedir as boas sensações de partirem nem evitar as
más.

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Como dar fim ao sofrimento então? Sendo imparcial em relação


às experiências e sensações que surgem na vida. (Reflita sobre isto, pois é
importante no trato psicoterápico holístico).
Claro que temos aí um sério problema, o indivíduo já reage a
estas sensações de forma automática, seja em relação ao apego ou a
aversão. É um padrão de reação que já está arraigado.
Esta técnica meditativa se pauta na reflexão e descoberta de
Sidarta Gautama de como desprogramar estes padrões de reações
inconscientes e que o alçou à condição de Buda (Iluminado).
Estes padrões de comportamento arraigados são chamados de
Sankharas por Sidarta, e o truque para desprograma-las é perceber as
sensações que surgem pelo corpo e deliberadamente não reagir a elas. Esta
atitude, diz ele, muda o padrão inconsciente de reação, transformando para
sempre nossa maneira de encarar as situações da vida, sejam boas ou más.
Repare que esta colocação vai ao encontro do que já vimos
anteriormente em outro módulo, onde na prática clínica devemos conduzir o
cliente a fazer uma releitura de sua história de vida e do mundo que o
cerca, pois não podemos mudar nem nossa história nem o mundo, mas
podemos mudar interiormente e esta mudança nos trará um novo olhar e,
consequentemente, a vivência de uma nova realidade.
Podemos perceber que a Meditação na verdade é um campo de
treinamento para a vida real.
Não deixe de realizar estas práticas ensinadas aqui caso tenha
interesse em trabalhar com esta linha dentro da prática clínica da
Psicoterapia Holística. É necessário você vivenciar tais experiências, pois
esta vivência te dará maior segurança ao repassá-las nos futuros
aconselhamentos aos seus clientes.
Fecharemos o tópico com o estudo de três formas meditativas
que se utilizam de práticas comuns no seu dia a dia.

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MEDITAR AO COMER
Confesse. Você por várias vezes já jantou assistindo televisão ou
mesmo já aconteceu de não se recordar no dia seguinte o que almoçou no
dia anterior.
Como dito anteriormente, meditar é manter-se em atenção plena
e um momento meditativo pode ser perfeitamente a hora da refeição.
Quem come sem perceber o que está enviando para o estômago
acaba engolindo mais do que precisa, não mastiga direito os alimentos e
tem mais dificuldade para digerir.
O Orioki, a arte de comer meditando, ensina que devemos trazer
mais consciência e atenção para tudo o que fizer durante a refeição.
Simples assim.
Perceber o aroma, as cores do alimento, mastigar com calma,
enfim, vivenciar em plenitude o momento da refeição só traz benefícios. É
uma forma de meditação.
O Orioki ou Ooryooky que significa tigela em japonês surgiu há
milhares de anos em templos budistas, cumprindo as 81 regras
estabelecidas por Sidarta Gautama para a hora da refeição.
Cada monge tinha seus próprios apetrechos para comer e ao
mesmo tempo à mesa, todos abriam suas trouxinhas de apetrechos e
dobravam, colocando as tigelas à frente em uma verdadeira dança.
Georges Gurdjieff dizia que nos nutrimos de três alimentos
principais: comida, ar e impressões, sendo que poderíamos ficar sem
vivenciar as duas primeiras por alguns dias ou minutos, mas as impressões
seria impossível, pois a todo momento estamos sendo constantemente
alimentados por elas. Daí que a hora da alimentação deve ser um momento
sereno. Pense nas impressões que absorvemos ao jantar assistindo ao
Jornal Nacional com todas as suas notícias catastróficas?
De certo você estará engolindo junto com a comida, muitas
informações, impressões e emoções negativas.
Mude seu estilo na hora das refeições. Experimente, vivencie e
após uma semana de prática, me conte suas impressões.
Volto a lembrar, é importante vivenciarmos o que iremos
aconselhar aos clientes no futuro.

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MEDITAR CAMINHANDO
Estamos sempre caminhando no nosso dia a dia e, no entanto, na
maior parte das vezes, com o pensamento no ponto de chegada ou mesmo
em outras coisas que não no trajeto. De certo, imagens e sons não são
captados por nós, fazendo-nos perder uma gama de informações muitas
vezes prazerosas.
“Quando praticamos a meditação andando, chegamos a todo o
momento. Nosso verdadeiro lar é o momento atual. Neles nossas queixas e
preocupações desaparecem e descobrimos a vida”, diz o monge Thich Nhat
Hanh, no seu livro Meditação Andando. Um nome não muito conhecido no
Brasil, mas importante na História, tanto que, por conta de suas realizações
ao longo da vida, chegou a ser indicado por Martin Luther King ao prêmio
Nobel de 1966. Thich Nhat Hanh nasceu no Vietnã em 1926 e foi ordenado
monge zen-budista aos 16 anos. Hoje, aos 80 anos, vive no sul da França
em Plum Village, um centro fundado em 1982 por ele para a prática da
meditação andando.
A ideia central da meditação andando é a de que “o importante é
perceber que nossa vida está no lugar onde estamos e não naquele para
onde vamos – ela está onde nossos pés estão”.
Isto foi percebido há cerca de mais de 2 mil anos atrás por
monges budistas quando nos mosteiros, interrompiam suas meditações
sentados para caminhar um pouco a fim de aliviar as pernas do tempo
paradas. Perceberam que ao caminhar também era possível aquietar a
mente e de lá para cá essa meditação foi sendo incorporada por outras
tradições e escolas de ioga principalmente, além de ser uma prática
constante de grupos budistas.
Existem alguns conselhos para uma prática eficaz da meditação
andando. A postura deve ser sempre ereta, o corpo relaxado e sempre
atento à respiração. Para manter o foco você pode ir dizendo mentalmente
a cada inspiração e expiração um mantra. É importante não se esforçar nem
controlar os passos. Deixe seus pulmões dizerem o tempo e a quantidade
de ar que precisam para um caminhar suave e confortável. Observe
quantos passos você dá enquanto seus pulmões se enchem e quantos
passos dá enquanto esvaziam.
Em seu livro, Thich Nhat Hanh diz que se prestarmos atenção
poderemos observar todas as preocupações e ansiedades das pessoas
impressas no chão enquanto andam. Nossos passos são em geral pesados,
cheios de apreensão e medo.
Uma forma de saber se você está praticando bem a meditação
andando é sentir muito prazer ao caminhar. Se isto ocorre, a prática está
fazendo efeito.

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MEDITAÇÃO E POESIA
Frescor de outono:
Melão e berinjela
A cada hóspede.
O poema acima é conhecido como haicai. Esta é a tradução de
um haicai escrito há mais de 400 anos por Matsuo Bashô (1664-1696), um
guerreiro samurai que abandonou tudo para cair na estrada e viver apenas
o momento presente. O estilo que ele ajudou a criar atravessou os séculos.
O haicai é uma forma de contemplação que nasceu da sintonia
contemplativa dos japoneses com a natureza.
No passado, no Japão, a cada mudança de estação, mudava-se o
jogo de pratos que era servido à mesa, as pinturas e tecidos que faziam
parte da decoração da casa, os quimonos das mulheres e os arranjos
florais. As estações, com sua temperatura, pássaros, cores e flores
características, entravam pelas grandes janelas e portas de correr das casas
japonesas. O que estava dentro integrava-se ao que estava fora no jardim.
Foi assim, para testemunhar as variações da natureza durante o ano, que
os haicais surgiram, por volta do século XV.
No Brasil, existe uma difusão restrita de alguns clubes em
algumas cidades do país, principalmente em São Paulo, onde os haicaístas
se reúnem para recitar seus haicais e ler os de outros. Um nome famoso de
haicaísta brasileiro é Millor Fernandes, que de 1968 a 1982 escreveu
dezenas de haicais na sua coluna na revista Veja.
Para compor um haicai, um verdadeiro momento de
contemplação meditativa, onde sua mente e corpo são envolvidos pelas
sensações e informações do mundo a sua volta, existem algumas regras.
O haicai clássico é composto por três versos sendo o primeiro e o
terceiro com cinco sílabas e o do meio com sete. O primeiro verso dá a cena
geral, costumeiramente associada a uma estação ou algo que a simbolize. O
segundo é algo que ocorre na cena geral. O terceiro verso traz o sabor da
experiência numa síntese que traduz uma sensação.
Você pode flexibilizar este enquadramento no que tange o
número de sílabas, mas sem, no entanto, perder o ritmo, que ocorre
exatamente por conta desta composição de sílabas, passar um ou outro não
fará muita diferença.
Se achar interessante, faça um e me envie, será prazeroso ler um
momento de registro contemplativo seu. Oriente seus futuros clientes a
fazê-lo também, conforme o caso.

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BIBLIOGRAFIA RECOMENDANDA E UTILIZADA NO TÓPICO

Concentração e Meditação, Swami Sivananda – Ed. Pensamento


Gestos de Equilíbrio – Tarthang Tulku – Ed. Pensamento
Livro Tibetao do Viver e Morrer – Sogyal Rinpochê – Ed. Palas Athena
Meditação na Ação – Chogyam Trungpa – Ed. Cultrix
A Palavra que vem do silêncio – John Main – Ed. Paulus
A Mente Meditativa – Daniel Goleman – Ed. Ática
Meditação Andando – Thich Nhat Hanh – Ed. Vozes
Paz a Cada Passo – Thich Nhat Hanh – Ed. Rocco
Heróis Olímpicos Brasileiros – Kátia Rubio – Ed. Zoak
Haicai Antologia e História – Paulo Franchetti – Ed. Unicamp
Senda do Oku – Alice Ruiz – Ed. Iluminuras

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COMPREENSÃO ONÍRICA

Neste segundo tópico, veremos outra possibilidade de trabalho


terapêutico dentro da Psicoterapia Holística, que é da ordem da
interpretação dos sonhos. Segundo o médico psiquiatra e criador da
Psicologia Analítica, Carl G. Jung, somente o inconsciente pode fornecer
informações claras e verdadeiras a nosso respeito, uma vez que está livre
dos controles racionais do nosso consciente.
Quando adormecidos e sonhando, entramos em diálogo com
nosso inconsciente. Imagens, histórias e revelações se apresentam a nós
através deste momento de relativa liberdade de nosso Ser. Digo relativa
liberdade, por conta de que o inconsciente não se expressa de forma plena,
mas sim, de maneira escamoteada e disfarçada, daí nossos sonhos serem
por vezes confusos e verdadeiros quebra-cabeças.
Interpretar nossos sonhos é dialogar com conteúdos
inconscientes e, consequentemente, integrarmos nosso Ser, trazendo a
compreensão do que está, por algum motivo, distante da nossa consciência,
nas profundezas de nosso inconsciente.
Podemos dizer então, que analisar os sonhos é fazer uma análise
de nós mesmos. Conhecer e interpretar nossos sonhos é conhecer a nós
mesmos, nossos anseios, dificuldades e um caminho para tratá-los ou
desfazê-los.
Conectar-se com os sonhos é, então, expandir a consciência,
trazendo a esta, conteúdos inconscientes.
Um detalhe que você deve ter claro e irá confirmar isto
experimentando ou mesmo lembrando-se de algum momento vivido, é que
as emoções vivenciadas nos sonhos são reais. Emoções reais geram efeitos
reais. Alguém pode acordar de muito bom humor ou mau humor por conta
de um sonho, bem como, tragicamente alguém pode ter um ataque
cardíaco enquanto dorme por conta das emoções vividas em um sonho.
Antes de entrarmos na parte prática do estudo dos sonhos,
vamos ver de forma resumida, como se dá o funcionamento de nosso
cérebro durante o sono, que é o estado no qual nos encontramos quando
produzimos nossos sonhos.
Definindo o Sono - Podemos definir o sono como uma inibição
de nossas funções neurológicas que se estende por todo o córtex (tecido
que cobre a parte externa do cérebro) e posteriormente a níveis mais
profundos de nosso cérebro. Este elaboração fisiológica teria como objetivo,
“proteger” nossas células nervosas permitindo uma recuperação por meio
do repouso.

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A Fisiologia do Sono
A fisiologia do sonho foi compreendida pela primeira vez em
1953, com a análise do ciclo do sono humano. Descobriu-se que nos
humanos, o sono se inicia pelo estado hipnagógico, período de vários
minutos durante os quais os pensamentos consistem em imagens
fragmentadas ou pequenas cenas.
O estado hipnagógico é seguido pelo sono de ondas lentas, assim
chamado porque, durante esse período, as ondas cerebrais do neocórtex (a
camada circunvoluta mais externa do cérebro) apresentam frequências
baixas e de grande amplitude. Esses sinais são medidos como registros de
eletroencefalograma (EEG).
Os pesquisadores descobriram também que o sono noturno é
entremeado por períodos em que os registros do EEG apresentam
frequências irregulares e amplitudes baixas, similares às observadas em
indivíduos acordados. Esses períodos de atividade mental são chamados de
sono REM. Os sonhos ocorrem somente durante esses períodos.
Os neurônios motores são inibidos durante o sono REM, o que
impede o corpo de se mover livremente, embora permita que suas
extremidades permaneçam ligeiramente ativas. Os olhos movem-se
rapidamente em sincronia sob as pálpebras fechadas, a respiração torna-se
irregular e a frequência cardíaca aumenta.
O primeiro estágio REM da noite ocorre 90 minutos após o sono
de ondas lentas e dura cerca de 10 minutos. O segundo e terceiro períodos
REM ocorrem após breves episódios de sono de ondas lentas, mas tornam-
se progressivamente mais longos. O quarto e último intervalo, dura de 20 a
30 minutos e é seguido pelo despertar. Se um sonho for lembrado, trata-se,
frequentemente, do sonho que ocorreu durante esta última fase.

CONHECENDO OS SONHOS E NOS CONHECENDO

Simplificando, podemos dizer que inconsciente é tudo aquilo que


está fora de nossa percepção consciente. São conteúdos que ficam
“bloqueados” de nossa consciência, no entanto, fazendo parte do nosso ser,
mas sem integrá-lo adequadamente.
Quanto mais reprimido estiver sua integração ao eu, mais o
inconsciente se manifestará sob formas cada vez mais "densas",
aparecendo evolutivamente como: sonhos perturbadores; pensamentos
dominantes, fixos; incômodos emocionais e/ou físicos; atos falhos; padrões
de comportamento e ação autodestrutivos; doenças físicas; etc.
Aceitar que a vida é composta não somente de racionalidade é
um bom passo para abrir-se para o processo de integração do inconsciente.
Os processos psicoterapeuticos e de busca de autoconhecimento, sempre
evoluindo, tendem a abrir caminho para que a pessoa possa integrar a
manifestação de seu inconsciente. Este processo na Psicologia Analítica

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chama-se Individuação e seria interessante você ler algo a respeito. É um


termo criado por Jung.
Conhecer, assimilar, aceitar e respeitar as mensagens do
inconsciente é necessário para que seus conteúdos se integrem de forma
adequada a nossa consciência. Uma forma é sua integração pela interação
com os sonhos, o despertar da intuição, uma vida atenta ao sutil sem
perder o foco do equilíbrio, o caminho do meio.
Diminuindo a carga de "represamento", normalmente alta, dos
conteúdos inconscientes, abrimos caminho para que durante os sonhos
tenhamos mais tranquilidade e equilíbrio emocional para lidarmos com os
conteúdos envolvidos, pois conseguiremos acessar emoções, inclusive ruins
ou marcantes, em dimensões e intensidades energéticas com profundidades
infinitas.
Na clínica você verá muitas vezes pessoas se queixando de
estarem tendo sonhos ruins, agitados e acordando angustiados no meio do
sonho. Voltando a dormir, os sonhos voltam a incomodar, levando um
amanhecer de cansaço e com sensações desconfortáveis.
Esse tipo de acontecimento ilustra bem o que foi dito
anteriormente sobre a questão da repressão da manifestação do
inconsciente. Neste caso, a pessoa apresenta uma mensagem forte do
inconsciente que está tentando vir à tona sem sucesso. Podem advir daí
dois caminhos:
- o primeiro e mais comum é o de que a pessoa não se abra
realmente para o que o sonho está tentando trazer à tona, continuando
seus esforços racionais para bloquear essa ação e, pior ainda, sem tentar
entender e integrar o que pode estar querendo ser revelado. Como
consequência desse tipo de ação, o inconsciente seguirá aquele caminho já
citado de procurar manifestações mais densas e contundentes, adentrando
nos fatos da vida cotidiana. Como o que está tentando se manifestar é de
natureza forte, pesada, pode-se esperar pela frente algo marcadamente
ruim, como doenças, acidentes, insucessos;
- o segundo é que a pessoa possa se abrir para o sonho ruim,
entrando nele e deixando-o acontecer, integrando os sentimentos que daí
decorrerão. Uma alternativa mais fácil nessa linha é, ao menos, dedicar um
bom tempo refletindo sobre o que pode estar querendo vir à tona e aí entra
o Psicoterapeuta Holístico conduzindo este processo interpretativo.

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CONDUZINDO O PROCESSO
Faremos aqui um estudo objetivo, embora estejamos lidando com
algo da ordem da subjetividade. Obviamente, o tempo, o treino, a
experiência e a vivência, mais as leituras e estudos constantes darão cada
vez mais respaldo tanto para o aconselhamento quanto para a interpretação
dos sonhos.
Primeiramente vamos à parte do aconselhamento. Temos que:
Para poder sonhar e, ainda, ir além, permitindo que os conteúdos
dos sonhos possam se manifestar livremente, inclusive trazendo mensagens
fortes e marcantes, é necessário:
- ter sono de qualidade, decorrente e integrada com qualidade de
vida;
- saber lidar com sentimentos e emoções na vida cotidiana;
- ter baixo nível de retenção e desequilíbrios emocionais;
- estar aberto para o mundo da manifestação do inconsciente e
consciente sobre sua real importância e necessidade vital de integração
para a manutenção de nosso estado de vitalidade e de saúde.
Agora partimos para a interpretação dos sonhos visando a sua
integração à consciência.
Lembrar-se dos sonhos é o primeiro passo fundamental para
integrá-los, após já os ter tido.
Obs.: para começar a desenvolver a memória dos sonhos (essa
ação deve ser a primeira), deve-se começar a ação exatamente após
acordar, pois essa memória é muito fluída e se desvanece com muita
facilidade, qualquer atividade, mesmo apenas mental, pode dissolvê-la
muito rapidamente.
Anotando os sonhos:
Anotar os sonhos é uma prática muito positiva (também devendo
ser feita logo após acordar). O importante é que isso não se torne mais
obrigação para fazermos sem prazer algum. A frequência pode ser bem
variável. Podemos anotá-los sequencialmente durante alguns dias e passar
um bom tempo sem o fazê-lo novamente. Com a evolução do processo,
vamos sentindo vontade e interesse em registrar alguns sonhos que
sentimos terem algum tipo de mensagem mais significativa para nós. Em
alguns casos, essa sensação é tão marcante que até levantamos ainda no
meio da noite para fazer esse tipo de registro.
Mantenha um caderno especificamente para isso. Em longo prazo
você irá ver os benefícios e a satisfação em manter esse tipo de registro.
Muitas vezes, não é preciso nenhum tipo de aplicação específica, como
rever as anotações, para se obter os benefícios deste tipo de prática. Em
outros casos, você poderá ficar surpreso (a) em reler o que escreveu depois
de passado algum tempo: as mensagens podem se tornar extremamente

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claras, coisa que muito frequentemente pode não ter acontecido quando da
época em que o registro foi feito.
Outro aspecto interessantíssimo é o seguinte: a forma como
fazemos esse tipo de registro, as palavras, frases e estruturas que
utilizamos são também surpreendentes em si próprias. Ao trazer o registro
das imagens e lembranças do sonho, há, necessariamente em decorrência
de estarmos usando um código escrito, um filtro da nossa racionalidade.
Essa interação entre o que sonhamos e o que e como efetivamente
registramos é de suma importância para o entendimento dos processos que
estão sendo representados e como o sonhador reage a eles.
Preparar-se para dormir e até direcionar assuntos e emoções:
Preparar-se para o sono também é muito importante. Atitudes e
preparações como alimentação leve à noite, não entrar em contato com
conteúdos de jornais, filmes e livros que contenham elementos fortes e
perturbadores (desgraças, mortes, imagens violentas, etc.), ambiente
tranquilo, confortável, seguro e aconchegante, bem como se direcionar para
um bom sono com práticas como programação mental, exercícios de
relaxamento, meditação, etc., são fatores que beneficiarão em muito o
poder de entrar em contato com sonhos producentes para nosso
crescimento emocional (veja como ocorre uma interação entre práticas
terapêuticas e como é importante o Psicoterapeuta Holístico estar inteirado
delas).
Interpretando:
A interpretação dos sonhos não é uma ciência, é uma arte. Como
tal, está diretamente ligada à prática, ao tempo e à energia que lhe são
dedicados a esta atividade.
O que é importante para a interpretação:
- Conhecer a pessoa do sonhador é fundamental e isto ao longo
das primeiras consultas você deverá fazer. Saber de sua história, seu jeito
de ser, sua busca e quais traços de personalidade e contexto de seu eu
podem estar envolvidos no(s) sonho(s) em questão. Tendo isso em
consideração, os livros de interpretação de sonhos, com mensagens e
leituras pré-estabelecidas, associando determinados elementos isolados que
aparecem em um sonho com possíveis significados, são totalmente sem
valor. Eles valem, como descrito adiante, como formas de se conhecer e se
familiarizar com a questão de símbolos e arquétipos de uma forma em
geral.
- Estado em que o sonhador se encontrava no dia, ou nos dias,
referente(s) ao(s) sonho(s), pois isso dará sinais claros de como andava o
inconsciente no período a ser considerado.
- Qual o sentimento que o sonho despertou – Uma mulher pode,
por exemplo, sonhar que foi estuprada e acordar apavorada ou então,
descobrir que teve um orgasmo profundo e gratificante...
- No primeiro sonho, o inconsciente pode ter lançado mão do
estupro apenas como um pano de fundo para evocar medo e tensão,

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poderia ser também dentro de um contexto ruim, sensação de invasão,


sujeira, roubo...;
- No segundo, o pano de fundo, o estupro, foi usado para evocar
necessidades de prazer que o inconsciente precisava manifestar naquele
momento, quer seja por um reforço de sintonia (gostar de sentir o prazer
sexual) ou em contra posição a uma eventual repressão interna não
admitida. De qualquer forma, o foco era evocar prazer de natureza sexual.
Nestes casos, as questões morais, dentre outras, não fazem parte,
necessariamente, do que pode estar vindo à tona...
Uma pessoa pode matar alguém no sonho e se sentir
transtornada, apavorada ou ainda incrivelmente forte, realizada, feliz... Os
exemplos são infinitos, o importante é cumprir essa etapa de verificação
do(s) sentimento(s) despertado(s).
- Estar atento às reações que normalmente não seriam comuns
ao sonhador – esse ponto é uma chave bastante importante e interessante.
Vamos supor que a pessoa em seu cotidiano sinta-se sempre fraca,
oprimida, com tendências a depressão e submissão. Em determinado sonho
e a partir de então numa sequência deles, ela começa a se ver em situações
onde se sinta forte, senhora de si, cheia de energias para viver e para evitar
que se imponham a seus próprios interesses. Isso indica uma forte
tendência de que seu inconsciente está começando a criar condições
internas e testes emocionais para que a pessoa atinja esse novo tipo de
comportamento e encontre condições para começar a implementá-lo em
sua vida.
OBS:
Muito raramente, um sonho isolado irá apresentar uma
mensagem completa e integrada. Para entender as mensagens contidas nos
sonhos, o mais indicado é perceber a relação que existe entre sonhos
"sequenciais" que tratam do mesmo assunto.
Primeiro: deve-se entender que sonhos de um mesmo grupo não
envolvem necessariamente os mesmos tipos de contexto, uma vez que os
contextos, cenários e personagens são artifícios dos quais o inconsciente
lança mão para gerar situações dentro das quais consiga se manifestar
dentro daquele momento de vida da pessoa, especialmente para evocar
emoções e percepções bloqueadas de se apresentarem em razão da ação do
consciente. Desta forma, cabe à pessoa sentir onde se encontram os links
entre os sonhos em decorrências dessas sensações e percepções evocadas.
Segundo: sonhos sequenciais podem se manifestar em espaços
de tempo muito irregular. É comum, por exemplo, termos um determinado
tipo de sonho na infância (como estar sendo perseguido, correr, correr e
não sair do lugar) que passamos muitos anos sem ter. Um dia, voltamos a
ter esse mesmo sonho. Passam-se mais alguns anos e ele volta novamente.
Parece ser claro que fazem parte de uma sequência. Neste tipo de exemplo,
cabe lembrar os tipos de reações que tivemos em cada momento (na
infância e atualmente) em decorrência desse sonho. Essas reações podem
ser similares ou divergentes. É importante, ainda, verificar quais as

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situações de vida que podem estar sendo comparadas entre o que nos
acontece hoje e o que aconteceu naqueles primeiros anos de vida. Podemos
ter situações iguais e reações iguais, ou reações diferentes, indicando uma
superação ou um novo padrão de comportamento...
A fluidez com símbolos e arquétipos:
Conhecer questões como arquétipos, padrões de comportamento,
mitos, lendas e fábulas são de suma importância para quem deseja entrar
no fantástico mundo da interação com o inconsciente.
A maior contribuição dos livros com interpretações de sonhos
para nós psicoterapeutas é a de facilitar e familiarizar seu leitor com os
conjuntos de símbolos mais comuns para a maioria das pessoas.
Todos os povos tiveram seus mitos e lendas. Essas formas de
expressão trazem em si um dos maiores legados da humanidade, que é a
capacidade não apenas de se expressar, mas especialmente de fazer da
comunicação um fenômeno vivo, capaz de evoluir em conjunto com o ser
humano. Os mitos são representações de emoções e sentimentos que foram
criados com propósitos subliminares de comunicação, intencionando
transmitir um conhecimento que ia além da razão na época em que foi
criado. Os arquétipos são mais do que apenas modelos de seres, padrões e
exemplos, apontam também imagens psíquicas do inconsciente coletivo e
que são patrimônio comum a toda a humanidade.
Sendo um pouco mais específico: sonhar com água, por exemplo,
é um forte indicativo de que há uma representação emocional intensa
envolvida. Água é sentimento. Mesmo que o sonhador não tenha
consciência dessa correspondência e dessa representação, essa associação
está não apenas no consciente coletivo, mas também registrada e grafada
em seu próprio corpo, querendo ele ou não.
Um exemplo mais intrigante: sonhar que está voando. O voo por
si só tem um componente fortíssimo de liberdade e de espírito (ar é
espírito). Entretanto, esse tipo de sonho não implica em que a pessoa
esteja evocando liberdade e espiritualidade. É fundamental entender o que
a sua sequência de sonhos com voo está representando para ela, como
esses voos se manifestam e que tipo de sensação causam ao sonhador.
Muitos voos em sonhos são limitados em altura, em força e autonomia.
Alguns geram sensação de liberdade, outros de limitação. Pode ser que
após muitas inferências, chegue-se a conclusão de que para determinada
pessoa seus voos oníricos traziam a representação de sua carreira
profissional, para outra, o modelo de como se relaciona com seus pais e por
aí vai...
Os diversos correspondentes:
A interpretação dos sonhos ainda tem mais um componente para
tornar tudo ainda mais intrincado. Cada sonho trará muitos aspectos
distintos que poderão ser revelados.
- Físico – o sonho irá revelar coisas efetivas e diretamente
ligadas a partes específicas do corpo. Aquela água em enxurradas pode

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dizer algo sobre o coração. Aquele voo limitado em autonomia pode estar
revelando um pulmão enfraquecido...
- Psíquico – qual a mensagem que o sonho evocou que a
mente racional se nega a pensar, a acreditar, a aceitar? Qual o padrão
moral que pode estar inconscientemente querendo ser rompido, mas
encontra-se sufocado pelo medo de ser quebrado perante a sociedade?...
- Emocional – qual a emoção que não se permite sentir, não
se consegue sentir e que o inconsciente tenta trazer à tona?...
- Espiritual – este é o aspecto mais procurado nas
interpretações, embora não seja comumente assim denominado. Espírito é
ação. Ação pura. “O que esse sonho quer me dizer?...”; “O que devo
fazer?”; “O que irá acontecer?”; “Será que é para eu parar de fazer isso ou
aquilo? Ficar mais atento”. Bem, as divagações são infindas mesmo para
um sonho e um sonhador específico, o que dirá para evocá-las assim
abertamente...
Em anexo, estarei postando o texto O Homem e seus Símbolos,
cuja leitura será um grande passo para você começar a construir uma
linguagem de entendimento sobre o interpretar dos sonhos.
Dicas sobre o dormir:
Algumas dicas que podem ser dadas ao cliente e observações que
podem ser feitas sobre a sua forma de dormir.
Dormir de barriga para cima:
Dormir de barriga para cima é uma prática bastante saudável e
proveitosa em relação a tudo o que já foi dito até aqui em relação a se
direcionar e deixar que os sonhos ocorram livres, suave ou intensamente,
conforme a necessidade da sabedoria do corpo naquele momento.
Muitas pessoas têm extrema dificuldade em dormir dessa forma.
Um dos primeiros fatores associados aí é a questão de que nessa posição a
respiração fluirá muito mais fácil e intensamente, desdobrando daí todo um
influxo energético e uma íntima associação com a liberação e manifestação
de emoções reprimidas e/ou acumuladas.
Essa posição também possibilita uma tendência de alinhamento
da coluna vertebral, o que pode gerar processos internos pelos quais a
pessoa deva passar para poder chegar ao ponto de postura que lhe é
natural, mas do qual está há muito tempo afastada.
Sensações como princípios de pesadelo, dormência generalizada e
catalepsia projetiva (sensação de estar fora do corpo, muitas vezes
associada a tentativas frustradas de tentar se mexer e não o conseguir)
podem ocorrer.
Uma dica é a de que a pessoa comece a fazer isso quando estiver
se deitando para dormir e se manter assim o tempo que conseguir sem
muito desconforto, até chegar o ponto em que começar a entrar em alguns
momentos de sono assim. As sensações podem começar a vir, ao sentir que
o desconforto já está incomodando, mude de posição. Vá integrando essas

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sensações desconfortáveis ao longo dos meses e até anos, se for


necessário. Gradativamente, o período em que se consegue dormir nessa
posição irá aumentando, até que se consiga ficar horas ou até mesmo a
noite toda assim.
Dormir de barriga para baixo acaba gerando certa proteção
emocional. Entretanto, é a pior postura para se dormir, pois a cabeça terá
de ficar de lado, com uma das fases para cima e a outra no colchão. Essa
torção das vértebras cervicais vai acabar gerando reflexos dissonantes em
decorrência da tentativa de adequação para toda a coluna e,
consequentemente, para todo o organismo. Em médio e longo prazo isso
faz bastante mal à pessoa.
A alternativa viável entre ficar de barriga para cima e para baixo
é dormir de lado, com o cuidado de manter a cabeça apoiada em uma
altura ideal, sem fazer ângulos fortes nem para baixo e nem cima.
Dormindo de lado, habitue-se a poder alternar entre os lados que estão
para baixo e para cima. Uma prática saudável é deixar para cima o lado do
corpo cuja narina correspondente estiver mais fechada do que a outra.
Como esse fechamento entre uma narina e outra há constante alternação.
Esta adaptação irá gerar um equilíbrio entre um lado e outro que
estivermos deixando para baixo e para cima. Outra questão é a seguinte: o
lado que permanece para cima faz com que as correntes respiratórias e
energéticas fluam melhor por aquele lado, privilegiando a circulação e
vitalidade dos órgãos associados àquele lado. Sendo esse lado o que a
narina está mais fechada, ela tenderá a se abrir e trazer mais equilíbrio
para o corpo. É comum nesta prática a outra narina ir ficando mais fechada
e termos de trocar de lado durante o sono, o que é saudável.
Este tópico obviamente não se esgota aqui, pois como dito
anteriormente, um é assunto amplo e carece de permanente consulta,
cabendo aqui tão somente estimular o início da construção de uma
linguagem terapêutica voltada para as elaborações oníricas e sua
interpretação. Inclusive, este é um campo de dispersão teórica onde a partir
da leitura psicanalítica de Freud e a posterior leitura da Psicologia Analítica
de Jung, muitas outras leituras foram feitas, o que gerou várias vertentes.
Cabe a você buscar o melhor caminho.
Fiquemos por aqui neste tópico e sigamos para o fim do módulo
com o tópico, Vivência Mística.

BIBLIOGRAFIA UTLIZADA E RECOMENDADA

A Prática da Psicoterapia - Jung


A dinâmica do Inconsciente - Jung
Em Sintonia - a arte da ressonância - Jasmuheen
A Doença como Caminho - Thorwald Dethlefsen e Rüdiger Dahlke
Libertando-se do Hábito de Morrer - Leonard Orr

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VIVENCIANDO O MÍSTICO

Etimologicamente, o termo místico tem origem na palavra grega


mystica, de myo, que significa “me fecho”, “mergulho em mim”.
As vivências místicas são uma forma de experiência psicológica,
puramente subjetiva, por intuição ou "vidência espiritual", de natureza
afetiva, irracional.
O místico vive o "numinoso", o contato e fusão do próprio Eu com
o Divino, o Ser absoluto, o Todo, o Cósmico, Deus ou que outro nome
queira dar.
No entanto, esta vivência não é prerrogativa de alguns, visto que
a busca pela vivência mística é um acontecimento natural dentro de cada
um de nós que surge a partir da necessidade de sentir uma confirmação
para nossa percepção, muitas vezes oculta, de fazer parte de algo maior do
que apenas a realidade física. Muitos consideram essa busca como algo
totalmente esotérico, outros como resposta a questões metafísicas.
Este tipo de vivência pode ser considerado uma etapa muito
especial dentro do que se pode entender como sendo a busca pessoal, o
encontro por uma resposta sobre os nossos propósitos de vida pessoais e
coletivos, sobre o como podemos viver melhor e mais integradamente com
tudo o que nos cerca, pois envolve necessariamente a amplificação de
nossa consciência através de planos transcendentes à mera percepção física
e/ou intelectual da vida.
Claro que esta vivência do fenômeno místico depende da abertura
do indivíduo para tal evento, dependendo da confluência de diversos fatores
distintos.

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Em momentos e ambientes terapêuticos, por exemplo, são


comuns a manifestação desse fenômeno, especialmente para quem está na
prática da vivência terapêutica já há algum tempo. Entretanto, não utilize
essa situação para focar essa vivência, especialmente se a estiver buscando
pela primeira vez, sob a pena de desfocar o foco terapêutico de seu
propósito e desvirtuar ambas as experiências (terapêutica e mística),
abrindo canal inclusive para ocorrências negativas de percepção e
comportamento.
Estados meditativos e de ressonância profunda são os caminhos
mais suaves e seguros para este tipo de evento, embora sejam mais
demorados e exijam prática, estudo e vivência por longos períodos...
Vejamos alguns canais indutores e potencializadores para as
vivências místicas:
 Meditação é o canal mais forte e o mais seguro, entretanto,
demanda dedicação, paciência e longo prazo até que se comece a sentir e
perceber os resultados;
 Jejum - este indutivo é poderosíssimo, exigindo daquele que
dele lança mão consciência e responsabilidade em sua utilização, de modo a
evitar sequelas orgânicas muitas vezes dificílimas de serem resgatadas.
 Massagem terapêutica - dentre as terapias, destaco esta, pois
além de todos os benefícios terapêuticos e do prazer que pode gerar
durante seu recebimento, atesto este meio como um dos indutores mais
fortes para estados de êxtase.
 Vivências emocionais extremas - muitas vezes de ocorrências
involuntárias e até inevitáveis, os estados emocionais extremos também
podem ser canais indutivos para as vivências místicas.
 Liberação emocional intensa - cabe, antes de tudo, distinguir a
liberação emocional intensa de vivências emocionais extremas. As vivências
emocionais extremas são geradas dentro de processos terapêuticos
específicos (busque pesquisar sobre o processo de catarse). Já a liberação
emocional intensa ocorre geralmente em grupos religiosos ou espiritualistas
onde os participantes dançam, cantam, ritualizam, enfim, buscam atingir a
livre manifestação da energia de suas essências.
 Trabalho com mantras - esta técnica também exige bastante
dedicação e demanda longos prazos em sua prática. Entretanto, é bastante
segura e poderosa, podendo ser associada a técnicas de meditação. É
absolutamente incrível o que se consegue em nível de expansão de
consciência e retomada de estabilidade utilizando-se, por exemplo, as
chaves psíquicas e emocionais proporcionadas, por exemplo, pela aplicação
de exercícios com o mantra OM. Se desejar, posso enviar um arquivo
sonoro com este mantra repetido várias vezes.
 Atividadesfísicas intensas realizadas com esse propósito
místico/espiritual: correr uma grande distância; caminhar vários dias
consecutivos em peregrinação consciente; praticar exercícios
bioenergéticos de posições de estresse; dançar muitas horas seguidas

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buscando o transe, pessoal ou coletivo. Assim como os jejuns, estas


práticas também exigem preparo prévio e consciência do que se está
fazendo e buscando, de forma a evitar sequelas orgânicas e desgastes que
não levam a lugar algum a não ser ao autoconsumo e cansaços
desnecessários;
A Vivência Mística nos proporciona:
 Caráter irretorquível das verdades vivenciadas, o que
pressupõe uma grande potencialização do dom da intuição;
 Sensação de unicidade;
 Experiência subjetiva de fusão do Eu no universo;
 Transcendência do tempo e do espaço, sensação de emergir
beatificamente no Eterno Agora;
 Sensação de profunda positividade frente à vida;
 Reconhecimento da sacralidade do caráter divino da
experiência obtida;
 Aumento do poder de concentração e cognição;
 Insights reveladores e valiosos para o solucionamento de
conflitos internos;
 Reverência e humildade frente ao desconhecido, serenidade
frente à aceitação da morte e a compreensão desta como uma transição
para uma vida desmaterializada e de pura consciência;
 Predisposições de altruísmo e abnegação;
Vemos o quão é importante o vivenciar místico para qualquer ser
humano e cabe ao Terapeuta Holístico, logo na primeira sessão de
anamnese, perceber junto ao cliente, o quanto de porção mística existe em
seu ser, pois de certo este lado do cliente será um poderoso aliado na
solução de seus problemas e que por vezes existe, mas encontra-se
adormecido ou mesmo desconhecido do cliente.
Até o quarto e último módulo.
Peço que me escreva dando sua opinião sobre o curso até aqui.
Paz e Luz
Fernando Martins
Psicoterapeuta Holístico – CRT 37.039

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