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FRENTE 1 Citologia

MÓDULO 1 A Organização Estrutural dos Seres Vivos

1. A ESTRUTURA Os órgãos, trabalhando em con- A membrana envolve e protege a


DOS SERES VIVOS junto, formam os sistemas ou apare- célula, além de regular a entrada e
lhos do organismo. Como exemplos, saída de substâncias (permeabilida-
Todos os seres vivos são feitos de podemos citar os sistemas digestório, de seletiva).
estruturas microscópicas, conhecidas circulatório, respiratório e nervoso. No citoplasma, porção mais volu-
como células. Um conjunto organizado de siste- mosa, ocorrem os organoides, estru-
A célula é a menor unidade capaz mas, como um todo, forma um indi- turas com funções específicas, como
de manifestar as propriedades de um víduo ou organismo, conforme se é o caso de: retículo endoplas-
ser vivo; é uma unidade capaz de observa na tabela abaixo. mático (transporte de substâncias),
sintetizar seus componentes, de cres- ribossomos (síntese de proteínas),
cer e de se multiplicar. Complexo de Golgi (secreção ce-
Alguns organismos, como as lular), lisossomos (digestão celular),
bactérias e amebas, são unicelulares, mitocôndrias (produção de ener-
isto é, consistem apenas de uma única gia) e ainda várias outras. O núcleo
célula. Mas a maioria dos organismos, contém o material genético, represen-
incluindo humanos, são feitos de bi- tado pelo DNA, a partir do qual, dire-
lhões de células, ou seja, são plurice- ta ou indiretamente, acontecem todas
lulares. as reações celulares. A principal
Quando as células se agrupam, característica da célula eucariótica é
formam os tecidos. O tecido pode ser a existência de um núcleo bem
definido como um conjunto de células diferenciado, no qual uma membrana
semelhantes, adaptadas a uma deter- envolve o material genético (DNA).
minada função. Há quatro tipos básicos
de tecidos animais: epitelial, conjun- 2. A ORGANIZAÇÃO 3. A OBSERVAÇÃO DA CÉLULA
tivo, muscular e nervoso. DE UMA CÉLULA
Os tecidos, por sua vez, geral- Na maioria dos organismos, as As células geralmente não po-
mente reúnem-se para formar órgãos, células aparecem nitidamente dividi- dem ser vistas a olho nu, pois suas
tais como estômago, coração, cére- das em três partes: membrana, dimensões são muito pequenas. Para
bro, pulmões etc. citoplasma e núcleo (Fig. 1). ampliar as células e torná-las visíveis,
o aparelho habitualmente usado é o
microscópio óptico comum (moc) ou
microscópio composto, que costuma
dar aumentos de até 2.000 vezes. No
“moc” as células podem ser obser-
vadas vivas (“a fresco”) ou mortas
(“fixadas”) pelo álcool, formol etc. É
comum o uso de corantes para dar
maior realce às estruturas celulares.
Alguns corantes podem ser usados
em células vivas (corantes vitais),
mas em geral são aplicados após a
morte (fixação) da célula. Os órgãos
são observados geralmente em finos
cortes feitos com um aparelho cha-
mado micrótomo.
O aparelho mais especializado
para observação da célula é o mi-
croscópio eletrônico, que dá aumen-
tos da ordem de até 160.000 vezes.
A estrutura da célula observada ao
Fig. 1 – A organização geral de uma célula animal. microscópio eletrônico, logicamente
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com muito mais detalhes do que ao 5. TEORIA CELULAR interior das células. Assim, quando um
microscópio comum, é chamada atleta está correndo, toda a atividade
ultraestrutura celular. Uma das mais importantes ge- muscular envolvida no processo tem
neralizações da Biologia é a teoria lugar no interior da célula muscular.
4. UNIDADES DE MEDIDA celular, que afirma:
❑ As células originam-se
❑ Todos os organismos vivos
A unidade habitualmente usada unicamente de células
são formados por células
para exprimir dimensões celulares é preexistentes
Tal generalização estende-se
o micrômetro (μm), que é a milésima Não existe geração espontânea
desde os organismos mais simples,
parte do milímetro. de células. Por meio de processos de
como bactérias, amebas, até os mais
Ao descrever as estruturas celu- divisão celular, as células-mães
complexos, como um homem ou uma
lares, usamos o nanômetro e o produzem células-filhas, provocando
frondosa árvore. Os vírus são exce-
angström. a reprodução e o crescimento dos
ção, pois não apresentam estrutura
O nanômetro (nm) é a milésima organismos.
celular.
parte do micrômetro. O angström (Å)
é a décima parte do nanômetro. ❑ Todas as reações ❑ As células são portadoras
metabólicas de um de material genético
Assim, temos: organismo ocorrem em As células possuem DNA (ácido
1mm = 10.000.000Å = nível celular desoxirribonucleico), por meio do qual
= 1.000.000nm = 1.000μm Em qualquer organismo, as rea- características específicas são trans-
ções vitais sempre acontecem no mitidas da célula-mãe à célula-filha.

MÓDULO 2 A Estrutura da Membrana Plasmática

1. ESTRUTURA
A membrana plasmática ou celu-
lar é uma película delgada e elástica
que envolve a célula. Formada por
lípides e proteínas (lipoproteica), esta
membrana fica em contato, através
da face externa, com o meio extra-
celular e, pela face interna, com o
hialoplasma da célula. Sua espessura
é da ordem de 75Å e, como tal, só
pode ser observada com o auxílio da Fig. 1 – O modelo do mosaico fluido.
microscopia eletrônica, em que apa- • Regular as trocas de substân- para aumentar a superfície de ab-
rece como duas linhas escuras cias entre a célula e o meio, conforme sorção (Fig. 2).
separadas por uma linha central cla- uma propriedade chamada de per-
ra. Esta estrutura trilaminar é comum meabilidade seletiva. ❑ Invaginações de base
às outras membranas encontradas na As células dos canais renais pos-
célula, sendo designada por unidade • Intervir nos mecanismos de re- suem, na base, profundas invagina-
de membrana. O modelo teórico, conhecimento celular, através de re- ções relacionadas com o transporte
atualmente aceito para a estrutura da ceptores específicos, moléculas que da água reabsorvida pelos canais
membrana, é o do mosaico fluido, pro- reconhecem agentes do meio, como, renais (Fig. 2).
posto por Singer e Nicholson. por exemplo, os hormônios.
De acordo com o modelo, a mem-
brana apresenta um mosaico de mo- 3. ESPECIALIZAÇÕES
léculas proteicas que se movimentam DA MEMBRANA
em uma dupla camada fluida de Existem especializações da mem-
lípides (Fig. 1). brana plasmática ligadas a diferen-
ciações celulares. Assim, temos:
2. FUNÇÕES DA MEMBRANA
• Manter a integridade da estru- ❑ Microvilosidades
tura celular. Com a ruptura da mem- São delgadas expansões da Esquerda: célula do epitélio intestinal com
microvilosidades.
brana, provocada por estímulos físi- membrana plasmática, na superfície Direita: célula do canal renal com inva-
cos ou químicos, o citoplasma extra- livre da célula. Estão presentes nas ginações de base.
vasa e a célula desintegra-se (citólise). células do epitélio intestinal e servem Fig.2 – Especializações da membrana.

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❑ Desmossomos ❑ Cutículas
São espécies de “botões ade- As cutículas são camadas delga-
sivos” que aparecem nas membranas das (películas), que em muitos casos
adjacentes de células vizinhas. Estão recobrem externamente a membrana
presentes nos epitélios e aumentam a plasmática. A composição química
adesão entre as células (Fig. 3). dessas películas geralmente é glico-
proteica. A cutícula também recebe o
❑ Interdigitações nome de glicocálix. As cutículas não
Correspondem a dobras da mem- são indispensáveis à integridade da
brana, que se encaixam para aumen- célula, mas estão relacionadas com a
tar a adesão; também ocorrem em associação celular na constituição
células epiteliais (Fig. 3). Fig. 3 – Desmossomo e interdigitações. dos tecidos.

MÓDULO 3 A Permeabilidade Celular

1. PERMEABILIDADE plasmática é semipermeável, ou seja, Os efeitos práticos podem ser dife-


SELETIVA é permeável ao solvente (água), mas rentes meios, de acordo com os ob-
O limite entre o hialoplasma celu- é impermeável aos solutos (sais, açú- servados em hemácias na figura a
lar e o meio externo é feito através da cares etc.). Osmose é a difusão de seguir (Fig. 3).
membrana plasmática. Para viver, a água através de uma membrana se-
célula necessita retirar alimentos do mipermeável. Quando duas soluções
meio e nele atirar as excretas. Todas com concentrações diferentes estão
as substâncias que são trocadas entre separadas por uma membrana semi-
a célula e o meio devem atravessar a permeável, a água passa da solução
membrana plasmática. Dá-se o nome mais diluída (hipotônica) para a me-
de permeabilidade seletiva da mem- nos diluída (hipertônica), tendendo a
brana à propriedade que ela apre- uma isotonia entre as duas soluções
senta de regular as trocas entre a (Fig. 2).
célula e o meio.

2. TIPOS DE TRANSPORTE
Fig. 3 – Hemácias em
O transporte de substâncias, feito meios de concentrações diferentes.
pela membrana, pode ser ativo ou
passivo. No transporte passivo, um 4. PROTEÍNAS
soluto move-se espontaneamente a TRANSPORTADORAS
favor do gradiente de concentração,
sem gasto de energia. Neste tipo de Na estrutura da membrana plas-
transporte, moléculas e íons deslo- mática aparecem várias proteínas
cam-se do meio mais concentrado transportadoras, macromoléculas es-
Fig. 2 – A osmose. pecializadas no transporte de subs-
para o meio menos concentrado, isto
é, no sentido do gradiente de con-
centração, sem usar a energia for-
necida pela hidrólise do ATP (ATP →
→ ADP + P + Energia). No transporte
ativo, íons e moléculas são trans-
portados contra o gradiente de con-
centração, ou seja, da região menor
para a mais concentrada com o
consumo de energia (Fig. 1).

3. OSMOSE, UM
TRANSPORTE PASSIVO
Em condições normais, a água
entra e sai continuamente da célula,
difundindo-se por meio de um proces-
so designado osmose. A membrana Fig. 1 – Os tipos de transporte.
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tâncias específicas. Existem dois ti- 6. AS BOMBAS DE NA+ E K+ 7. PROTEÍNAS-CANAL


pos de proteínas transportadoras: OU PORINAS
proteínas carreadoras e proteínas de Uma hemácia possui no citoplas-
canal, atuantes em transportes dos Proteínas-canal são moléculas
ma uma concentração de K+ vinte
tipos ativo e passivo. proteicas que formam poros hidrofé-
vezes maior do que o plasma circun- licos, também chamados de canais
dante e este, por sua vez, tem con- iônicos, que atravessam a dupla ca-
5. PROTEÍNAS centração de Na+ vinte vezes maior mada lípide da membrana. Para a
CARREADORAS do que a hemácia. formação de poros, as proteínas apre-
OU PERMEASES Para manter essa diferença de sentam-se pregueadas, de maneira
concentração iônica, a célula conti- que os aminoácidos hidrófobos apa-
As proteínas carreadoras parti- nuamente absorve K+ e elimina Na+, recem internamente, enquanto os
cipam de dois processos de transpor- através de um transporte ativo conhe- hidrófilos formam o revestimento in-
te: um passivo, a difusão facilitada e cido como bomba de Na+ e K+. Uma terno do canal. A maioria das porinas
outro ativo, as bombas de Na+ e K+. proteína conhecida como Na+ e K+ é seletiva, permitindo a passagem de
A difusão facilitada é res- ATPase funciona como bomba, trans- íons de acordo com o tamanho e a
ponsável pela passagem de molé- portando K+ para o interior e Na+ para carga elétrica. Assim, para exempli-
culas hidrófilas, como açúcares e ficar, canais estreitos bloqueiam íons
o exterior da célula. Os íons Na+
aminoácidos. O processo inicia-se grandes, enquanto os canais com
intracelulares ligam-se à ATPase, que,
quando uma molécula solúvel, como, revestimento interno negativo atraem
transformando ATP em ADP, obtém a
por exemplo, a glicose, liga-se, na su- e permitem a passagem de íons po-
perfície da membrana, a uma proteína energia necessária à sua mudança de
conformação, expelindo-os para o sitivos (Fig. 6).
carreadora. Sofrendo mudanças con-
formocionais (relativas à conformação meio extracelular. A seguir, os íons
das moléculas), a permease transfere K+ do meio, por mecanismo idêntico,
a molécula de glicose para o interior são transferidos para o citoplasma
da célula (Fig. 4). (Fig. 5).
A difusão facilitada é um trans- Como se observa, a bomba de
porte passivo por não utilizar energia Na+e K+ é um transporte ativo por
e ocorrer a favor do gradiente de utilizar energia e ocorrer contra o gra-
concentração. diente de concentração.

Fig. 6 – Os canais iônicos.

Na maioria dos canais, encon-


tramos “portões” que se abrem ou
fecham, regulando a passagem dos
íons. A abertura dos portões é con-
Fig. 4 – Difusão facilitada da glicose. trolada por estímulos. Existem canais
controlados por voltagem, estimu-
lados por mudanças no potencial de
membrana; outros são regulados por
ligantes, ou seja, obedecem a um li-
gante, que é uma molécula sinali-
zadora que se liga à proteína do
canal abrindo-a ou fechando-a.

8. TRANSPORTE
EM QUANTIDADE

Também conhecido por endoci-


tose, consiste num método de captu-
ra de partículas e moléculas por meio
de dois processos: fagocitose e pino-
Fig. 5 – A bomba de Na+e K+. citose.
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❑ Fagocitose representa um mecanismo de defesa, de gotículas de líquido.


É o englobamento de partículas por meio do qual células chamadas de A membrana invagina-se, forman-
sólidas por meio da emissão de pseu- fagócitos englobam e destroem partí- do um túbulo, visível apenas ao mi-
dópodes. culas inertes e microrganismos inva- croscópio eletrônico. A substância
Nos protozoários, como nas ame- sores. líquida penetra no túbulo, que, por es-
bas, por exemplo, participa dos pro- ❑ Pinocitose trangulamentos basais, origina os
cessos de nutrição. Nos animais, É o processo de englobamento microvacúolos ou pinossomos (Fig. 8).

Fig. 7 – Fagocitose de bactérias por um glóbulo branco. Fig. 8 – A pinocitose.

MÓDULO 4 Mitocôndrias, Retículo Endoplasmático e Complexo Golgiensi

1. MITOCÔNDRIAS
❑ Estrutura
As mitocôndrias são corpúsculos
esféricos ou em forma de bastonetes
que aparecem imersos no hialoplas-
ma em número variável, segundo o
tipo celular. Vista ao microscópio ele-
trônico, a mitocôndria apresenta uma
ultraestrutura típica, sendo delimitada
por duas unidades de membrana, a
externa e a interna, separadas por um
espaço, a câmara externa. A mem-
Fig. 1 – A estrutura de uma mitocôndria.
brana interna limita a matriz mito-
condrial e forma, para o interior desta, que se apresentam sob a forma de endoplasmático associam-se a fila-
uma série de invaginações deno- partículas globulares com 15 a 20 nm mentos de RNA mensageiro, consti-
minadas cristas mitocondriais (Fig. 1). de diâmetro. São constituídos por tuindo os polissomos ou polirribos-
A matriz é uma substância amorfa duas subunidades de tamanhos dife- somos.
em que aparecem moléculas de DNA, rentes, formadas por RNAr e proteí- Os ribossomos originam-se do
RNA, ribossomos e granulações den- nas (Fig. 2). nucléolo, sendo a sede da síntese
sas com 500 Å de diâmetro. As mito- proteica. Os aminoácidos são enca-
côndrias formam-se a partir da divi- deados ao nível dos ribossomos para
são de outras preexistentes. constituir uma proteína. A biossíntese
proteica será estudada mais adiante
❑ Função (Fig. 3).
No interior das mitocôndrias,
ocorrem duas etapas da respiração
aeróbica: o ciclo de Krebs, desenvol-
vido na matriz mitocondrial, e a ca-
deia respiratória, realizada nas cristas
mitocondriais.
Fig. 2 – O ribossomo.

2. RIBOSSOMOS Aparecem livres no citoplasma ou


associados às membranas do retículo
❑ Estrutura endoplasmático. Tanto os ribossomos
Os ribossomos são organoides livres como os que integram o retículo Fig. 3 – O polirribossomo.
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3. RETÍCULO 2. Síntese. Provido de ribossomos, ao lado do núcleo; nas células vege-


ENDOPLASMÁTICO o REG age ativamente na síntese tais aparece difuso no citoplasma,
proteica. Sabe-se que o REL é formando o golgiossomo ou dic-
❑ Estrutura responsável pela síntese de lípi- tiossomo. O complexo de Golgi ori-
O retículo endoplasmático (RE) é des e de esteroides, hormônios gina-se do REL (Fig. 5).
um sistema de sáculos (sacos acha- derivados do colesterol. As mem-
tados) e canalículos, limitados sempre branas do REL são sintetizadas
por membranas lipoproteicas, com- pelo REG.
preendendo dois sistemas: o retículo 3. Armazenamento. O RE arma-
endoplasmático granular (REG) e o zena e concentra substâncias
retículo endoplasmático liso (REL). O provenientes do meio extracelu-
REG apresenta sáculos cujas mem- lar, por meio da pinocitose, bem
branas são recobertas por ribos- como substâncias produzidas
somos. O REL é um conjunto de pela própria célula, como é o ca-
canalículos ou túbulos anastomosa- so dos anticorpos que se acu-
dos, caracterizados pela ausência de mulam no RE dos plasmócitos. Fig. 5 – Complexo de Golgi.
ribossomos (Fig. 4). 4. Detoxificação. Consiste no
❑ Função
processo de inativação de dro-
O complexo de Golgi executa as
gas. Quando se administra a um
seguintes funções:
animal uma grande quantidade
– Concentração de proteínas a
de drogas, verificam-se acentua-
serem secretadas pela célula.
da atividade enzimática e uma
– Formação do acrossomo do
hipertrofia do REL. Evidentemen-
espermatozoide.
te que as citadas enzimas pro-
– Síntese de polissacarídeos. Na
vocam a decomposição das dro-
célula vegetal, por exemplo, o com-
gas, fato bem evidenciado nos
plexo de Golgi produz a pectina,
hepatócitos.
polissacarídeo que entra na consti-
tuição da parede celular.
4. COMPLEXO DE GOLGI – Produção de grãos de zimó-
Fig. 4 – O retículo endoplasmático. geno, vesículas contendo enzimas
❑ Estrutura concentradas presentes nas células
❑ Função Também chamado de aparelho acinosas do pâncreas. Provenientes
O RE executa as seguintes funções: de Golgi, é constituído por uma pilha do complexo de Golgi, tais grânulos
1. Transporte. O RE assegura o de vesículas achatadas e circulares e migram até a membrana plasmática,
transporte de substâncias, rea- outras menores e esféricas que bro- lançando o seu conteúdo no interior
lizando uma verdadeira circulação tam a partir das primeiras. Suas mem- do ácino.
intracelular; por meio dele tam- branas são lipoproteicas e nunca – Síntese de glicoproteínas, co-
bém são feitas trocas entre a apresentam ribossomos. Na maioria mo as enzimas lisossômicas e as
célula e o meio circundante. das células situa-se, quase sempre, imunoglobulinas.

MÓDULO 5 Lisossomos – Peroxissomos, Microtúbulos e Centríolos

1. LISOSSOMOS rugoso. Daí elas atingem o complexo meio da fagocitose ou da pinocitose.


de Golgi, onde, por brotamento, são Os lisossomos recém-formados, de-
❑ Estrutura formados os lisossomos. signados lisossomos primários,
Os lisossomos são corpúsculos fundem-se com as vesículas de fa-
geralmente esféricos, constituídos por ❑ Função gocitose ou fagossomos e as de
uma membrana envolvendo enzimas Por meio das enzimas hidroli- pinocitose ou pinossomos, resul-
hidrolíticas. A membrana lisossômica santes que possuem, os lisossomos tando um vacúolo digestório hetero-
não é atacada pelas enzimas que agem na digestão intracelular de fágico também chamado de lisos-
envolve. Tal fato se deve à existência partículas. Conforme a origem do somo secundário. No interior deste
de um revestimento glicoproteico pro- material digerido, a sua função pode vacúolo, ocorre a digestão do ma-
tetor em sua face interna. Aparecem ser heterofágica ou autofágica. terial ingerido pela célula. Os pro-
nas células animais e já foram ob- dutos resultantes da digestão passam
servados em vegetais e protozoários. • Função heterofágica ao citoplasma e são aproveitados
A síntese das enzimas lisossômicas Consiste na digestão de partí- pela célula. Após a digestão, podem
ocorre no retículo endoplasmático culas englobadas pela célula por permanecer no vacúolo digestório
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resíduos que resistiram ao processo


digestório. Ao vacúolo digestório que
contém material não digerido dá-se o
nome de corpo residual. Circu-
lando pelo citoplasma, o corpo residual
entra em contato com a membrana da
célula, funde-se com ela e elimina os
produtos para o meio externo. Tal pro-
cesso é designado exocitose, plas-
mocitose ou defecação celular
Fig. 1 – A ação dos lisossomos.
(Fig. 1).
Cada microtúbulo é formado por organoide que aparece perto do
• Função autofágica uma hélice de moléculas globosas de núcleo, no centro de uma região
Consiste na digestão de estruturas uma proteína, a tubulina (Fig. 2). chamada centrosfera. O microscópio
celulares. A autofagia caracteriza-se eletrônico mostra que cada centríolo
pelo aparecimento de vacúolos au- é um cilindro cuja parede é consti-
tofagossomos contendo estruturas ce- tuída por 27 microtúbulos dispostos
lulares: mitocôndrias, cloroplastos etc. em nove feixes, cada um deles com
As membranas de tais vacúolos se- três microtúbulos paralelos. Cada cé-
riam originadas no retículo endoplas- lula apresenta dois centríolos perpen-
mático liso ou no complexo de Golgi. diculares um ao outro. Não existem
A autofagia é um processo de re- no- nos vegetais superiores, estando
vação das estruturas celulares, subs- Fig. 2 – Estrutura do presentes em algas e fungos.
tituindo organelas velhas por novas. microtúbulo com subunidades de tubulina. Durante a mitose o centríolo
duplica-se e orienta a formação do
• Autólise Várias funções são atribuídas aos fuso mitótico, estrutura responsável
A ruptura da membrana lisos- microtúbulos, dentre as quais: pela distribuição dos cromossomos
sômica liberta as enzimas hidrolíticas • formação do áster e do fuso entre as células-filhas. Também atuam
que provocam a digestão e desinte- mitótico durante a divisão celular; na formação dos corpúsculos basais
gração celular (autólise). Isto ocorre, • formação de um citoesqueleto de cílios e flagelos (Fig. 3).
por exemplo, na regressão da cauda que age na morfogênese celular;
dos girinos durante a sua metamor- • estrutura de cílios e flagelos;
fose para sapos. A autólise também é • migração de vacúolos diges- 5. CÍLIOS E FLAGELOS
um dos processos responsáveis pela tórios.
desintegração dos cadáveres. ❑ Estrutura
Cílios e flagelos são proje-
ções filiformes, que agem na movi-
2. PEROXISSOMOS mentação das células. Os cílios são
curtos e numerosos, enquanto os fla-
Os peroxissomos são organelas
gelos são longos e em número redu-
esféricas, com diâmetro variando de
zido. Cílios e flagelos possuem a
0,1 a 0,51μm, delimitadas por uma
mesma estrutura, onde aparecem
membrana. No seu interior aparecem
nove pares de microtúbulos, dispos-
enzimas, sendo mais típica e cons-
tos em círculo ao redor de um par
tante a catalase.
A estrutura do centríolo. central; tais túbulos são envolvidos
O metabolismo celular forma
por um prolongamento da membrana
peróxido de hidrogênio (H2O2) ou
4. CENTRÍOLOS plasmática. Cílios e flagelos inserem-
água oxigenada, substância tóxica
se em estruturas denominadas cor-
que danifica estruturas celulares. A ❑ Estrutura púsculos basais, formações seme-
catalase existente nos peroxissomos O centro celular ou centríolo é um lhantes aos centríolos.
protege a célula contra a ação do
H2O2, decompondo-o em H2O e O2.

3. MICROTÚBULOS

Observáveis apenas ao micros-


cópio eletrônico, os microtúbulos cons-
tituem cilindros longos e delgados,
com 25 a 30 nm de diâmetro. Fig. 3 – A estrutura de um cílio ou flagelo.
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❑ Função
Cílios e flagelos determinam a motilidade de espermatozoides, bactérias, algas e protozoários. Epitélios ciliados
promovem a movimentação de partículas, como é o caso das vias respiratórias. O estudo da fisiologia animal evidencia
um grande número de exemplos de estruturas ciliadas.

MÓDULO 6 O Núcleo

1. O NÚCLEO INTERFÁSICO 3. NUCLEOPLASMA mada por longos filamentos, consti-


tuídos por DNA e proteínas, que se
Interfase é o intervalo de tempo O nucleoplasma é um gel pro- apresentam em vários graus de con-
que separa duas divisões sucessivas teico cujas propriedades são compa- densação ou espiralização.
de uma célula. Durante esse período, ráveis às do hialoplasma. Também é A cromatina é classificada em
o núcleo se chama interfásico. Na chamado de suco nuclear, cariolinfa eucromatina e heterocromatina, sen-
interfase a atividade do núcleo é alta, e carioplasma e pode acumular do o critério usado a condensação.
pois, além da duplicação do DNA, produtos resultantes da atividade nu- A eucromatina aparece na inter-
ocorre nele uma série de processos clear, como RNA e proteínas. fase descondensada e geneticamen-
que controlam a vida celular. te ativa; já a heterocromatina se en-
No núcleo interfásico, distingui- contra condensada e inativa (Fig. 2).
4. NUCLÉOLO
mos os seguintes componentes:
membrana nuclear, nucleoplasma,
Nucléolos são estruturas esféri-
nucléolos e cromatina (Fig. 1).
cas e densas, com 1 a 3 μm de diâ-
metro, que aparecem imersas no
nucleoplasma. Apesar de existirem
núcleos com dois ou mais nucléolos,
geralmente encontramos apenas um
em cada núcleo. Ao microscópio ele-
trônico, verifica-se que ele não apre- Fig. 2 – Os tipos de cromatina.
senta membrana e é formado por
uma porção fibrilar e enovelada, o
6. A RNP
nucleoplasma. Quimicamente, é com-
posto por RNA ribossômico, proteínas
e fosfolipídeos, existindo pequena O tamanho do núcleo também é
Fig. 1 – Núcleo interfásico. quantidade de DNA. Com a cariote- variável, mas fixo para cada tipo ce-
ca, o nucléolo desaparece no início lular e vinculado ao volume da célula.
2. MEMBRANA NUCLEAR da divisão celular. No fim da mitose Tal vinculação se expressa pela Rela-
(telófase), o nucléolo reaparece origi- ção de Hertwig ou Relação Nucleo-
Também chamada de carioteca nado de um cromossomo especiali- plasmática (RNP):
ou cariolema, a membrana nuclear é zado, o chamado cromossomo orga-
uma diferenciação local do retículo nizador de nucléolos. volume nuclear
RNP = ——––———————————
endoplasmático, caracterizada pela O nucléolo é o elemento respon- volume celular - volume nuclear
presença de numerosos poros. Obser- sável pela síntese do ácido ribo-
vada ao microscópio eletrônico, apre- nucleico dos ribossomos (RNAr).
senta-se constituída por duas lâmi- A RNP é elevada na célula em-
O nucléolo origina os ribossomos.
nas: a interna, envolvendo o nucleo- brionária, graças ao maior volume do
plasma, e a externa, em contato com núcleo, mas diminui durante o cres-
o hialoplasma e contendo ribos- 5. CROMATINA cimento celular, enquanto o volume
somos. Entre as duas membranas, citoplasmático aumenta e o volume
situa-se uma cavidade, o espaço pe- Cromossomos são estruturas ce- nuclear fica inalterado. Quando a
rinuclear. Quimicamente, a carioteca lulares portadoras dos genes. No nú- RNP atinge certo valor mínimo, a
possui a mesma composição do plas- cleo interfásico, os cromossomos célula se divide.
malema e do retículo endoplasmático: estão representados por um amon-
contém fosfolipídeos e proteínas toado de grânulos e filamentos difi- 7. FUNÇÃO
(membrana lipoproteica). cilmente observáveis ao microscópio
Através dos poros, são realizadas óptico. A todo esse conjunto de mate- O núcleo, por meio do DNA, con-
trocas entre o núcleo e o citoplasma. rial cromossômico interfásico dá-se o trola todas as atividades celulares,
A quantidade de poros varia com o nome de cromatina. sendo responsável pelo crescimento,
estágio funcional da célula. Sabe-se que a cromatina é for- diferenciação e divisão da célula.
260 –
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MÓDULO 7 Os Cromossomos

1. CROMATINA E Além da constrição primária, cer- sentado pelo DNA. Cada nucleos- -
CROMOSSOMOS tos cromossomos apresentam estrei- somo é um octâmero, por ser formado
tamentos que aparecem sempre no por 8 moléculas de histonas, nas
No início da divisão celular, os mesmo lugar; são as chamadas cons- quais se enrola, helicoidalmente, o
cromossomos organizam-se a partir trições secundárias, muito utilizadas DNA. Uma histona, situada por fora
da cromatina do núcleo interfásico. no reconhecimento e caracterização de cada nucleossomo, controla a
A cromatina e os cromossomos dos cromossomos no cariótipo. condensação da cromatina (Fig. 4).
representam dois estados diferentes Na extremidade de um dos bra-
de um mesmo material. A cromatina é ços, em certos cromossomos há uma
constituída por filamentos delgados e pequena esfera presa por fina trabé-
longos que se espiralizam no mo- cula; trata-se do satélite, importante
mento da divisão, formando espiras na caracterização do cromossomo.
cerradas, que constituem os cromos-
somos (Fig. 1). 3. NÚMERO
O número de cromossomos é
constante para indivíduos de uma
mesma espécie. Assim, o homem pos-
sui 46 cromossomos; o gado, 60; a er-
vilha, 14; o feijão, 22; o tabaco, 48 etc.
Esse número de cromossomos,
encontrado nas células do corpo ou
células somáticas, é representado por
2n e chamado diploide. Isso se dá
porque cada cromossomo se apre-
senta em duplicata, designando-se o
par de cromossomos idênticos como
Fig. 4 – A organização
Fig. 1 – A condensação cromossômica. cromossomos homólogos. molecular da cromatina.
As células sexuais ou gametas,
2. FORMA que contêm a metade do número de 5. CICLO CROMOSSÔMICO
cromossomos das células somáticas,
A observação de um cromossomo são designadas haploides (n) (Fig. 3). Na interfase, o cromossomo apa-
condensado mostra-nos que este, em rece descondensado e sofre o pro-
geral, apresenta uma região estran- cesso de duplicação. A condensação
gulada que o divide em duas partes começa na prófase e atinge o grau
chamadas braços. Esse estrangula- máximo na metáfase. A divisão do
mento serve para fixação do cro- centrômero ocorre na anáfase e a
mossomo nas fibras do fuso durante a descondensação na telófase (Fig. 5).
mitose e recebe o nome de constrição
primária, centrômero ou cinetocoro
(Fig. 2).
Fig. 3 – Células diploides e haploides.

4. ORGANIZAÇÃO
MOLECULAR DOS
CROMOSSOMOS
Quimicamente o cromossomo é
constituído pelo DNA associado a pro-
teínas básicas denominadas histonas.
Observada ao microscópio eletrônico,
a cromatina aparece constituída por
fibras de, aproximadamente, 30 nm de
diâmetro, com uma estrutura que lem-
bra um “colar de contas”. As contas
representam os chamados nucleos-
Fig. 2 – Organização de um cromossomo. somos, sendo o fio que as une repre- Fig. 5 – O ciclo cromossômico.
– 261
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6. CROMÁTIDES ❑ Telocêntrico ❑ Submetacêntrico


A duplicação cromossômica, feita Cromossomo com centrômero O centrômero é submediano e
longitudinalmente, ocorre na interfase. terminal. divide o cromossomo em dois braços
Após a duplicação, cada cromos- de tamanhos diferentes.
somo está constituído por duas meta- ❑ Acrocêntrico
des, denominadas cromátides, uni- O centrômero é subterminal, ou 8. O CARIÓTIPO
das pela região do centrômero. Por- seja, situa-se quase na extremidade Geralmente, o número, tamanho e
tanto, cromátides são as partes de do cromossomo, dividindo-o em dois forma de cromossomos de uma deter-
um cromossomo duplicadas enquan- braços, um grande e outro muito minada espécie são constantes. Ao
to ainda se acham ligadas pelo cen- pequeno. conjunto de características de cons-
trômero (Fig. 6). tantes cromossômicas (forma, núme-
❑ Metacêntrico ro, tamanho etc.) de um indivíduo
O centrômero é mediano e divide denomina-se cariótipo.
o cromossomo em dois braços de Na figura abaixo, observamos o
igual tamanho. cariótipo humano (Fig. 8).

Fig. 6 – Cromossomo duplicado.

7. TIPOS
Conforme a posição do centrô-
mero, distinguem-se quatro tipos de
cromossomos (Fig. 7).

Fig. 7 – Tipos de cromossomos. Fig. 8 – O cariótipo humano.

MÓDULO 8 A Mitose
1. A DIVISÃO CELULAR Ocorre em células haploides e diploides. Na meiose, ocorre a chamada
Existem dois processos de divisão redução cromática, ou seja, o material genético é reduzido à metade. Na
celular: a mitose e a meiose, cada meiose, uma célula diploide origina quatro células haploides. A meiose ocorre
um deles com objetivos específicos. na formação de gametas em animais e de esporos em vegetais (Fig. 2).
Mitose é o processo de divisão
celular que permite a distribuição dos
cromossomos e dos constituintes cito-
plasmáticos da célula-mãe igualmen-
te entre as duas células-filhas. Tal pro-
cesso é responsável pela multipli-
cação dos indivíduos unicelulares,
pelo crescimento dos pluricelulares e
pelo aumento do número de células
(Fig. 1). Fig. 1 – Mitose. Fig. 2 – Meiose.

262 –
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2. A MITOSE A carioteca fragmenta-se e o fuso


passa a ocupar a zona axial da célula
A mitose é um processo contínuo (Fig. 5).
que, para efeito didático, é dividido
em quatro fases: prófase, metáfase,
anáfase e telófase.

❑ Prófase
A prófase começa com o aumen-
to do volume nuclear e com a con-
densação da cromatina, formando os Fig. 7 – A anáfase.
cromossomos.
Verifica-se que cada cromosso- ❑ Telófase
mo é constituído de duas cromátides Agora os cromossomos chegam
unidas pelo centrômero, o que sig- aos polos e sofrem o processo de
nifica que a duplicação dos cromos- Fig. 5 – Fim da prófase. descondensação. A membrana nu-
somos ocorreu antes da prófase, ou clear reconstitui-se a partir do retículo
seja, na interfase (Fig. 3). ❑ Metáfase endoplasmático. Os nucléolos tornam
Os cromossomos atingem seu a se formar na altura da constrição
grau máximo de condensação e co-
secundária de certos cromossomos,
locam-se no equador do fuso. Através
os chamados cromossomos orga-
do centrômero, os cromossomos es-
nizadores nucleolares. Assim termina
tão ligados às fibras do fuso. Há dois
a divisão nuclear ou cariocinese,
tipos de fibras no fuso: as contínuas,
produzindo dois novos núcleos com
que vão de centríolo a centríolo, e as
cromossômicas, que vão de centríolo o mesmo número cromossômico da
a centrômero. célula-mãe. A seguir, acontece a di-
É a melhor fase para estudo do visão do citoplasma ou citocinese. Na
cariótipo. região equatorial, a membrana plas-
Cariótipo é o conjunto de dados mática invagina-se, formando um
Fig. 3 – Início da prófase. relativos ao número, à forma e ao ta- sulco anular cada vez mais profundo e
manho dos cromossomos de uma de- terminando por dividir totalmente a
No citoplasma, o início da prófase terminada espécie (Fig. 6). célula (Figs. 8 e 9).
é marcado pela duplicação dos cen-
tríolos, que se envolvem radialmente
pelas fibras do áster. Cada um dos cen-
tríolos resultantes vai migrando para
os polos opostos da célula (Fig. 4).

Fig. 8 – Início da telófase.

Fig. 6 – A metáfase.

❑ Anáfase

A anáfase começa pela duplica-


Fig. 4 – Meio da prófase. ção dos centrômeros, libertando as
cromátides, que agora passam a ser
Durante a migração dos cen- denominadas cromossomos-filhos.
tríolos, o hialoplasma vai formando Em seguida, as fibras cromossômicas
entre eles um conjunto de fibras, encolhem-se, puxando os cromos-
constituindo o chamado fuso mitótico. somos para os polos do fuso. (Fig. 7). Fig. 9 – Fim da telófase.

– 263
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MÓDULO 9 O Ciclo Celular

1. O CICLO MITÓTICO 2. OS AGENTES 3. DIFERENÇAS


ANTIMITÓTICOS ENTRE A MITOSE
Interfase é o período que separa ANIMAL E A VEGETAL
duas mitoses. Tal período caracteri- Também chamados de inibidores
za-se por intensa atividade metabó- da mitose, os agentes antimitóticos Os fenômenos morfológicos da
lica, resultante da descondensação compreendem radiações ou substân- mitose, anteriormente descritos, são
cromossômica. cias químicas capazes de bloquear observados nas células animais, e o
A interfase é dividida em três pe- as mitoses. Esses inibidores atuam mesmo processo, com duas diferen-
ríodos (G1, S e G2). O período durante principalmente sobre o DNA, o fuso e ças fundamentais, acontece nas cé-
o qual ocorre a duplicação do DNA é a citocinese. lulas vegetais.
chamado de S; G1 (do inglês gap = in-
tervalo) é o período que antecede a ❑ Inibidores ❑ Mitose astral e anastral
síntese de DNA; G2 é o período que da síntese do DNA Na célula animal, os centríolos
sucede a síntese de DNA e antecede Sabemos que a mitose só acon- aparecem envolvidos pelas fibras do
a mitose. tece após a síntese do DNA, que áster, falando-se em mitose astral. Os
Em G1, ocorre intensa síntese de ocorre na interfase. Por essa razão, os vegetais superiores não possuem
RNA e proteínas, provocando o cres- agentes que impedem a síntese do centríolo e, consequentemente, não
cimento da célula. No período S, acon- DNA atuam como antimitóticos. Entre formam ásteres; tal mitose é conhe-
tece a síntese de DNA, determinando os bloqueadores da síntese do DNA, cida por anastral (Fig. 3).
a duplicação dos cromossomos. No citaremos os raios X e a aminopterina.
período G2, há pouca síntese de RNA ❑ Citocinese
e de proteínas (Fig. 1). ❑ Inibidores do fuso mitótico Na célula animal, a citocinese
Quando uma célula é tratada pela ocorre por estrangulamento da mem-
colchicina, os fenômenos mitóticos brana plasmática, sendo chamada de
desenrolam-se normalmente até a centrípeta. Já nos vegetais não ocorre
metáfase, mas o fuso de divisão não o processo de estrangulamento cito-
se forma. A célula pode voltar a um plasmático. Na região equatorial, apa-
estado interfásico, ficando tetraploide. recem, no meio do fuso, vesículas
O mesmo acontece quando as limitadas por uma membrana.
células absorvem a vincalencoblas-
tina (Fig. 2).

Fig. 1 – O ciclo celular.

Fig. 3a – Mitose cêntrica e astral.


O gráfico abaixo mostra a varia-
ção da quantidade de DNA no ciclo
celular.

Fig. 2 – A tetraploidia.

❑ Inibidores da citocinese
A cisteamina e a citocalasina
inibem a divisão do citoplasma e pro-
Gráfico da variação da vocam a formação de células binu-
quantidade de DNA no ciclo mitótico. cleadas. Fig. 3b – Mitose acêntrica e anastral.
264 –
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Inicialmente, as vesículas apare-


cem na região central e depois au-
mentam para a periferia; por isso,
falamos em divisão centrífuga.
O conjunto de tais vesículas cons-
titui o fragmoplasto. As vesículas
fundem-se, formando uma lâmina que
separa as duas células-filhas. No in-
terior da cavidade formada pela con-
fluência de tais vesículas, acumula-se
celulose, originando nova membrana
esquelética (Fig. 4). Fig. 4 – A citocinese centrífuga.

MÓDULO 10 A Meiose

1. CONCEITO 2.o) Permite a troca de partes en- 3. PROCESSO MEIÓTICO


tre cromossomos homólogos, por per- A primeira divisão meiótica é cha-
Meiose é o processo de divisão mutação, produzindo novas combina- mada reducional, pois reduz o núme-
celular pelo qual uma célula diploide ções gênicas e aumentando a variabi- ro de cromossomos de um estado
forma células haploides. A meiose lidade das espécies (Fig. 3). diploide para haploide. A segunda di-
consiste em duas divisões celulares, visão é chamada equacional, porque
acompanhadas por uma só duplica- separa as cromátides e mantém o
ção cromossômica. número haploide (Fig. 4).
Assim, ao sofrer a meiose, uma
célula diploide (2n) produz quatro
células haploides (n) de acordo com a
Fig. 1.

Fig. 1 – A meiose.

2. IMPORTÂNCIA

A meiose é um fenômeno de du-


pla importância:
1.o) Por reduzir o número de cro-
Fig. 4 – Esquema geral da meiose.
mossomos, permite que o número
cromossômico seja mantido cons-
tante na espécie (Fig. 2). ❑ Divisão I
Também chamada de divisão re-
ducional, caracteriza-se por apresen-
tar uma prófase longa, complexa e
dividida em vários estágios. Como
características marcantes, apresenta:
pareamento cromossômico, crossing-
over e ausência de divisão dos cen-
Fig. 2 – Ciclo reprodutivo. Fig. 3 – A permutação. trômeros (Fig. 5).
– 265
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mossomos homólogos. A esse fenô- • Telófase I


meno de trocas dá-se o nome de Quando os cromossomos atin-
crossing-over ou permutação. gem os polos, forma-se a carioteca
em torno de cada grupo e ocorre a
Diplóteno divisão do citoplasma. O número to-
A duplicação cromossômica é tal de cromossomos de cada célula-
mais nítida e começa com a separa- filha corresponde à metade do núme-
ção dos homólogos. Essa separação ro da célula-mãe. Entretanto, como ain-
não é completa, notando-se que, em da não ocorreu a divisão do centrô-
determinados pontos, denominados mero, cada cromossomo é consti-
quiasmas, as cromátides homólogas tuído por duas cromátides.
aparecem cruzadas.
❑ Divisão II
O quiasma é consequência do
A divisão II, também chamada de
crossing-over e assim o número de divisão equacional, é rápida e seme-
quiasmas representa o número de per- lhante a uma mitose. Nela ocorre a
mutações ocorridas no estágio anterior. divisão dos centrômeros e a con-
Diacinese sequente separação das cromátides
A principal característica da diaci- (Fig. 6).
nese é o processo de terminalização • Prófase II
dos quiasmas. Observa-se que os É muito rápida e corresponde ao
quiasmas, à medida que os homó- período de desintegração das cario-
logos se afastam, vão migrando para tecas e formação de dois novos fusos
as extremidades dos cromossomos. geralmente perpendiculares ao pri-
meiro.
Tal processo diminui o número de
• Metáfase II
quiasmas e o estágio termina com o
Os cromossomos, ainda constituí-
desaparecimento do nucléolo e a
dos cada um por duas cromátides,
desintegração da carioteca.
Fig. 5 – A divisão I. alinham-se no centro do fuso.
• Metáfase I • Anáfase II
• Prófase I Os cromossomos situam-se na É na anáfase II que os centrôme-
É uma fase complexa e de longa zona equatorial da célula, os centrô- ros se dividem e se separam, cada
duração. Para efeitos didáticos, é meros ligam-se às fibras do fuso e os um levando um cromossomo-filho
dividida em cinco estágios: leptóteno, homólogos se unem a fibras de polos para um polo.
zigóteno, paquíteno, diplóteno e dia- opostos. • Telófase II
cinese. • Anáfase I Nos polos, os cromossomos co-
É a fase em que ocorre a mi- meçam a descondensação, a cariote-
Leptóteno gração dos cromossomos duplicados ca se organiza e o nucléolo reapa-
Os cromossomos aparecem pou- para os polos. Em contraste com a rece. O processo termina com a for-
co condensados e distribuem-se ao anáfase da mitose, os centrômeros mação de quatro células-filhas, cada
acaso pelo núcleo. Ao longo dos cro- não se dividem nesta ocasião. uma com n cromossomos.
mossomos, aparecem os cromômeros,
grânulos que representam regiões
condensadas. Cada cromossomo já
está dividido em duas cromátides,
mas normalmente isso não é visível.
Zigóteno
Neste estágio, ocorre o fenômeno
da sinapse, que consiste no parea-
mento dos cromossomos homólogos.
A associação de cada par de
homólogos é chamada de bivalente.
Paquíteno
Os cromossomos já atingiram um
alto grau de condensação e apa-
recem nitidamente duplicados, isto é,
formados por duas cromátides; cada
par cromossômico é chamado de té-
trade. Durante o paquíteno, pode
ocorrer a troca de pedaços entre cro- Fig. 6 – A divisão II.
266 –
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FRENTE 2 Genética

MÓDULO 1 Os Ácidos Nucleicos

1. O QUE É GENÉTICA Existem dois tipos de ácidos nu-


cleicos: o ácido desoxirribonucleico
A Genética é o ramo da Biologia (ADN ou DNA) e o ácido ribonucleico
que estuda dois tópicos principais: (ARN ou RNA), presentes em todos os
hereditariedade e variação. seres vivos. Os vírus fazem exceção
Hereditariedade é a causa das por apresentarem DNA ou RNA, mas
semelhanças entre ascendentes e nunca os dois.
descendentes. Essa é a razão pela
qual pais e filhos se assemelham uns 5. A COMPOSIÇÃO DOS
aos outros. Variação é a causa das ÁCIDOS NUCLEICOS
diferenças entre os indivíduos. Por-
tanto, a Genética procura explicar as Os ácidos nucleicos são polinu-
razões que determinam tanto as se- cleotídeos, isto é, macromoléculas for-
melhanças quanto as diferenças entre madas pelo encadeamento de unida-
os indivíduos aparentados. des chamadas nucleotídeos (Fig. 1).

2. OS OBJETIVOS
DA GENÉTICA

A Genética procura uma resposta


para as três seguintes questões fun-
damentais: Fig. 2 – Nucleotídeos do RNA e do DNA.
1 – Qual é a natureza do material
genético que os pais transmitem 6. A ESTRUTURA DOS
aos filhos? ÁCIDOS NUCLEICOS
2 – Como é feita essa transmissão
dos pais para os filhos? Nos ácidos nucleicos, os nucleo-
3 – Como age o material genético na Fig. 1 – Nucleotídeo e nucleosídeo. tídeos estão ligados, formando uma
expressão dos caracteres here- cadeia polinucleotídica.
ditários? Nesta cadeia a pentose de um
Por sua vez, cada nucleotídeo re- nucleotídeo está ligada ao grupo
sulta da combinação de três compo- fosfato de outro nucleotídeo e assim
3. OS GENES nentes: fosfato, açúcar e base nitroge- sucessivamente (Fig. 3).
nada.
O conceito central da Genética é A combinação entre uma molé-
o gene, termo proposto em 1909 cula de base e uma de açúcar rece-
pelo biólogo dinamarquês Wilhlem be o nome de nucleosídeo.
Johannsen para descrever uma uni- As pentoses são de dois tipos:
dade hereditária. Genes são segmen- desoxirribose no DNA e ribose no
tos de DNA responsáveis pela de- RNA. A única diferença entre as duas
terminação e transmissão das caracte- pen toses é que a desoxirribose possui
rísticas hereditárias de um organismo. um átomo de oxigênio a menos. As
bases dos ácidos nucleicos são as
purinas e as pirimidinas. As purinas
4. OS ÁCIDOS NUCLEICOS possuem dois anéis heterocíclicos uni-
dos, enquanto as pirimidinas só apre-
As maiores e mais importantes sentam um anel. No DNA e no RNA,
moléculas das células são os ácidos as purinas são adenina (A) e guanina
nucleicos, pois, além de controlarem (G), e as pirimidinas são citosina (C) e
todas as atividades celulares, estabe- timina (T), no DNA. O RNA contém
lecem o elo químico entre as gerações. uracila (U) no lugar de timina (Fig. 2). Fig. 3 – A cadeia de nucleotídeos.
– 267
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O DNA é formado por duas siste em duas cadeias enroladas uma purinas e pirimidinas (Fig. 5).
cadeias de polinucleotídeos, enrola- sobre a outra de maneira regular,
requerendo cerca de dez nucleotí- 7. OS TIPOS DE RNA
das helicoidalmente e ligadas trans-
Existem três tipos de RNA: o
versalmente através de pontes de hi- deos pareados em cada volta com-
RNAr, o RNAm e o RNAt.
drogênio, existentes entre uma purina pleta dessa hélice dupla.
O RNA ribossômico (RNAr), asso-
e uma pirimidina. A adenina forma A distância entre as bases é de
ciado a proteínas, forma os ribosso-
duas pontes de hidrogênio com a 3,4Å e o diâmetro da molécula é de
mos, organoides celulares responsá-
timina, e a guanina forma três pontes cerca de 20Å (Fig. 4).
veis pela síntese de proteínas.
com a citosina. O que diferencia dois DNAs de O RNAr constitui a maior porção
Os pareamentos A–T e C–G fa- origens diferentes é o valor caracte- do RNA celular.
zem com que, na molécula de DNA, rístico da relação (A + T) / (C + G), O RNA mensageiro (RNAm) leva
tenhamos A = T e C = G. Graças ao que é constante dentro de uma deter- a mensagem genética do DNA para
citado pareamento, as cadeias são minada espécie. os ribossomos; a mensagem consiste
denominadas complementares. Existem vírus com DNA formado na sequência de aminoácidos da
Também se observa que, em razão por uma cadeia de nucleotídeos; evi- proteína.
da complementaridade, as cadeias dentemente, neste caso, há diferen- O RNA transportador (RNAt) ou
são orientadas em sentidos opostos, tes quantidades de A e T, bem como RNA solúvel (RNAs) é o de menor
ou seja, são antiparalelas, fato evi- de C e G. cadeia, apresentando de 80 a 100
denciado pela posição das pentoses. O RNA é constituído por uma nucleotídeos. A sua função é o trans-
De acordo com o modelo pro- única cadeia de nucleotídeos, inexis- porte de aminoácidos do hialoplasma
posto por Watso e Crick, o DNA con- tindo as relações de igualdade entre para os ribossomos.

Fig. 4 – A estrutura do DNA. Fig. 5 – O RNA.

MÓDULO 2 DNA: Replicação e Transcrição

1. A REPLICAÇÃO

Replicação é o processo de duplicação da molécula do DNA. Sob a ação de uma enzima específica, a DNA-
-polimerase, ocorre a quebra das pontes de hidrogênio e a consequente separação das duas cadeias. Ao mesmo
tempo, cada cadeia vai formando a sua cadeia complementar, através do encadeamento de novos nucleotídeos,
sempre observando o pareamento de A com T e de G com C. O resultado é a formação de duas novas cadeias que
conservam, na sua estrutura, uma metade da molécula-mãe; daí a designação de semiconservativa, dada a tal forma
de replicação.
268 –
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2. A TRANSCRIÇÃO
Transcrição é o processo através
do qual o DNA serve de modelo para
a síntese de RNA. Apenas uma cadeia
de DNA é usada nesse processo, ati-
vado pela enzima RNA-polimerase.
Numa determinada região, terminal ou
intercalar, da molécula do DNA, ocorre
a separação das cadeias. Uma delas
forma o RNA através do encadea-
mento de nucleotídeos complementa-
res. Assim, pareiam-se A do DNA com
U do RNA, T do DNA com A do RNA,
C do DNA com G do RNA e G do
DNA com C do RNA.

3. AS NUCLEASES
Nucleases são as enzimas que
hidrolisam os ácidos nucleicos. Assim,
a desoxirribonuclease (DNAase)
e a ribonuclease (RNAase) são en-
zimas pancreáticas que hidrolisam,
respectivamente, o DNA e o RNA,
transformando-os em nucleotídeos.
DNAase
DNA ⎯⎯⎯⎯→ nucleotídeos
RNAase
RNA ⎯⎯⎯⎯→ nucleotídeos

4. A LOCALIZAÇÃO
DOS ÁCIDOS NUCLEICOS
O DNA existe principalmente no
núcleo das células, presente na
constituição química dos cromos-
somos. Também aparece nos cloro-
plastos e nas mitocôndrias.
O RNA é encontrado nos cromos-
somos, no nucléolo, nos ribossomos,
nas mitocôndrias, nos cloroplastos e Fig. 1 – Replicação semiconservativa do Fig. 2 – A transcrição.
no hialoplasma. DNA.

MÓDULO 3 O Código Genético

1. DE QUE MANEIRA O GENE não acontece, porém, com as proteí- Os componentes celulares são
DETERMINA O FENÓTIPO? nas e com os ácidos nucleicos, subs- estruturados principalmente a partir
tâncias específicas para cada orga- de proteínas. Sendo mediadores e re-
nismo. Os milhares de organismos guladores metabólicos, agem como
Sabemos que na estrutura celular
que existem na natureza são, geral- enzimas e hormônios.
dos seres vivos existem quatro tipos
mente, representados por diferenças
de macromoléculas: açúcares, lipí-
proteicas. Podemos afirmar que as
dios, proteínas e ácidos nucleicos. As
proteínas determinam o fenótipo. Pa- 2. O CONCEITO DE GENE
duas primeiras não são caracterís-
ra tanto, desempenham duas funções
ticas e específicas dos diversos
gerais, atuando como O gene, ou seja, o DNA, determi-
organismos. Assim, a glicose de um
fermento é a mesma existente no ho- (1) materiais estruturais e na o fenótipo do organismo, espe-
mem; o panículo adiposo de um rato (2) mediadores e reguladores cificando a síntese de determinadas
é similar ao de um elefante. O mesmo metabólicos. moléculas de proteínas.
– 269
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Estruturalmente o gene é equiva- Segunda letra


lente a um cístron, ou seja, um seg- U C A G
mento de DNA que codifica a se-
UUU
} UCU
} } U

}
UAU UGU
quência de aminoácidos de uma Phe Tyr Cys
UUC UCC UAC UGC C
proteína. U Ser
UGA → Sem sentido A

3. O CÓDIGO GENÉTICO
UUA
UUG } Leu
UCA
UCG
UAA
UAG } Sem
sentido UGG → Tryp G

}
} }
CUU CCU CAU CGU

}
U
His
Um código é um sistema de C
CUC CCC CAC CGC C
Leu Pro Arg
símbolos, usado para transmitir uma CUA CCA CAA
} CGA A

Primeira letra

Terceira letra
GluN
determinada informação. A lingua- CUG CCG CAG CGG G
gem escrita, por exemplo, é um tipo
AUU
} ACU
} }
}
de código inventado pelo homem. AAU AGU U
Leu AspN Ser
AUC ACC AAC AGC C
Usando 23 símbolos (letras), pode- A Thr
mos formar um número ilimitado de
palavras, que só tem significado para
AUA
AUG } Met
ACA
ACG
AAA
AAG } Lys
AGA
AGG } Arg
A
G

quem entenda português. É possível


}
} }
GUU GCU GAU GGU

}
U
comparar o código genético a um al- Asp
G GUC Val
GCC
Ala
GAC GGC
Gly
C
fabeto de quatro letras que são as ini-
ciais das quatro bases nitrogenadas:
GUA
GUG
GCA
GCG
GAA
GAG } Glu
GGA
GGG
A
G
A (adenina), C (citosina), G (guanina)
e T (timina). Com as quatro letras, são
formadas palavras de três letras de- 4. AS PROPRIEDADES que todas as formas de vida têm uma
nominadas códons. Portanto, cada DO CÓDIGO GENÉTICO origem comum.
códon é uma sequência de três ba-
ses que codificam um aminoácido O código genético apresenta 5. O CÓDIGO
específico. Os códons do DNA são duas propriedades: a degeneração e GENÉTICO COMPLETO
transcritos para códons do RNAm, a universalidade. O código existente no DNA é
como se observa na tabela abaixo. O código genético é degenerado, transcrito para o RNA que comumen-
CÓDONS CÓDONS AMINOÁCIDOS ou seja, cada aminoácido é codifi- te aparece nas tabelas, como a que
DNA RNAm CODIFICADOS cado por dois ou mais códons. Ar- apresentamos acima.
ginina, por exemplo, é um aminoácido Observe que três dos códons
CCA GGU Glicina codificado por seis códons: CGU, existentes não têm sentido, o que sig-
AGA UCU Serina CGC, CGA, CGG, AGA e AGG. O có- nifica que não codificam qualquer
digo é universal, o que significa que tipo de aminoácido. É o caso de UAA,
CGA GCU Alanina parece ser o mesmo em todos os UAG e UGA, chamados de códons
organismos estudados. Esta é mais terminais por indicarem o término de
AAA UUU Fenilalanina uma evidência evolutiva mostrando um cístron.

MÓDULO 4 A Síntese de Proteínas

1. CÍSTRON RNA, o chamado RNA mensageiro


(RNAm). Uma cadeia da molécula do
O gene é definido modernamente DNA controla a síntese de um tipo
como um cístron, isto é, um segmento específico de RNAm. As bases com-
de DNA que contém a informação plementares pareiam-se: adenina do
genética para a síntese de uma pro- DNA com uracila do RNA, timina do
teína. Para efeito didático, vamos DNA com adenina do RNA etc.
dividir o processo da síntese proteica Assim, a molécula do RNAm formado
em três fases: transcrição, ativação copia a mensagem do DNA.
de aminoácidos e tradução. No processo intervém a enzima
RNA-polimerase.
2. A TRANSCRIÇÃO O RNAm sai do núcleo, vai até o
ribossomo e aí se prende, formando
A mensagem contida no cístron um molde para a síntese de proteínas
é transcrita para uma molécula de (Fig. 1). Fig. 1 – A transcrição.

270 –
C1_3oA_Biol_Teo_Conv_Tony 19/10/10 14:04 Página 271

3. ATIVAÇÃO DE Na subunidade menor, liga-se o O primeiro RNAt que se ligou ao


AMINOÁCIDOS RNAm, enquanto na subunidade RNAm destaca-se e volta para o cito-
maior existem dois sítios (1 e 2), nos plasma. Com o deslocamento do ribo-
É nesta fase que entra em ação o quais podem se unir duas moléculas ssomo, o RNAt com o dipeptídeo
RNA transportador (RNAt), também de RNAt. Cada ribossomo liga-se a passa a ocupar o sítio 1, ficando livre
chamado RNA transferidor ou solúvel uma extremidade do RNAm e move- o sítio 2. Um outro RNAt, transpor-
(RNAs). Trata-se de uma molécula se em direção à extremidade oposta. tando um terceiro aminoácido com
constituída por uma cadeia de 80 nu- Um RNAt, transportando um aminoá- um anticódon complementar ao ter-
cleotídeos que se dobra em forma de cido, encaixa-se no sítio 1; tal encaixe ceiro códon do RNAm, encaixa-se no
“folha de trevo”. só acontece se o anticódon do RNAt sítio 2.
Numa das extremidades existe for complementar ao primeiro códon
Novamente é formada uma liga-
do RNAm. Um segundo RNAt, trans-
um anticódon, isto é, uma sequência ção peptídica entre o terceiro amino-
portando um outro aminoácido, vem
de três bases que são complemen- ácido e o dipeptídeo, destacando-se
e, se houver correspondência, encai-
tares a um códon de RNAm (Fig. 2). o segundo RNAt. O processo vai se
xa-se no sítio 2. Agora acontece o
rompimento entre o aminoácido e o repetindo e o ribossomo vai percor-
RNAt que ocupa o sítio 1. Por ação rendo o RNAm, traduzindo os suces-
enzimática, o primeiro aminoácido sivos códons e formando um poli-
forma uma ligação peptídica com o peptídeo. Após a tradução do último
segundo aminoácido que ocupa o códon, o ribossomo destaca-se do
sítio 2. Desse modo, teremos no sítio RNAm, enquanto o último RNAt se
2 um RNAt ligado a dois aminoácidos, destaca do peptídeo.
ou seja, um dipeptídeo. A seguir, o
ribossomo desloca-se sobre o se- A figura 4 a seguir mostra um
gundo e o terceiro códons do RNAm. ribossomo traduzindo um RNAm.

Fig. 2 – O RNAt.
Fig. 4 – A síntese de proteínas.
No citoplasma, enzimas especí-
ficas ativam as moléculas de ami- O próximo esquema é a correspondência entre códons do DNA e RNAm,
noácidos que se associam com as do bem como dos anticódons do RNAt.
RNAt, formando os complexos
AA–RNAt (Fig. 3).

Fig. 3 – Ativação de aminoácidos.

4. A TRADUÇÃO

É o processo de síntese de uma


proteína, realizado num ribossomo a
partir de um molde de RNAm.
Os ribossomos são partículas de
100 a 150 angstrons de diâmetro,
formados por duas subunidades de
tamanhos diferentes. Fig. 5 – Códons e anticódons.
– 271
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MÓDULO 5 A Mutação Gênica

1. CONCEITO células somáticas podem produzir


T alterações que não são transmitidas
A mutação é uma propriedade A—C—A—T C—G—A—A— à sua descendência. Somente as mu-
dos genes tão fundamental quanto a tações que atingem as células ger-
autorreprodução. T—G—T—A G—C—T—T— minativas podem ser transmitidas aos
A citologia já explicou como os descendentes e são importantes para
genes podem se autoduplicar produ- a variabilidade genética e a evolução
zindo cópias exatas de si mesmos. O No caso acima, a alça do T, entre dos organismos.
mecanismo autorreprodutivo é muito T e C, formada no fio modelo, teve
eficiente e os genes podem ser du- como consequência a ligação direta ❑ Fatores mutagênicos
plicados milhões de vezes sem qual- entre A e G no fio cópia, dando As mutações são espontâneas,
origem a uma deficiência. ocorrem naturalmente e suas causas
quer erro na cópia. Porém, algumas
vezes, ocorre o erro na duplicação, são desconhecidas. Contudo, os ge-
produzindo moléculas de DNA que ❑ Inserção neticistas desenvolvem e conhe-cem
É a colocação de um novo par de vários fatores mutagênicos capazes
deixam de ser cópias exatas do
bases, seja A — T ou G — C, en-tre de acelerar as mutações.
original e passam a ser designadas
dois outros pares preexistentes. Entre os principais fatores muta-
por mutações.
gênicos, citaremos:
A—C—A—T—T—C—G—A—A—T 1. Bromouracil (Bu) – trata-se
2. CLASSIFICAÇÃO
de uma substância que substitui a
T—G—T—A A—G—C—T—T—A
As mutações gênicas podem ser timina na replicação do DNA. Contudo,
classificadas em substituição, defi- G—C o bromouracil pareia com a guanina,
ciência e inserção. produzindo uma transição com a
substituição de AT por GC.
No caso acima, entre A e A, no fio
T
copiado, prendem-se G — C.
C
A—C—A—T C—G—A—A G
G
❑ Mutação reversa Bu
O gene mutado pode novamente Bu
T—G—T—A G—C—T—T A
mutar, produzindo as cópias normais; A Bu
T teremos, então, a mutação reversa. T + Bu A A
T
A
A→a→A T A
T
❑ Substituição
Consiste na substituição de um
nucleotídeo por outro. ❑ Mutação dominante 2. Ácido nitroso (HNO2) –
No esquema acima, vemos que e recessiva transforma citosina em uracil, mu-
as cadeias estão bem pareadas, com Existem mutações dominantes, dando CG para TA.
exceção da região em que T, entre T no entanto, quase todas são dele-
e C, no fio modelo, afastou-se e, no fio térias e recessivas. T
cópia, na altura correspondente, entre Nas populações naturais, ao lon- A A

A e G, entrou um T ou C em vez de A, go das gerações, são selecionados U


aqueles genes que melhor impedem U
que seria o certo. C U A
a manifestação de genes nocivos. G + HNO2 G
As mutações de substituição são
Quanto mais dominante for um gene,
classificadas em dois tipos: as tran- G
mais eficiente ele será em cobrir os C
sições, que são trocas de uma pu-
efeitos deletérios de suas mutações
rina por outra, ou uma pirimidina por alelas.
outra, e as transversões, que são
trocas de uma purina por uma pirimi- 3. O QUE É MUTON?
❑ Mutações somáticas e
dina ou vice-versa. O muton é a menor porção do
germinativas
As mutações podem ocorrer tanto DNA que, alterada, acarreta uma
❑ Deficiência nas células somáticas quanto nas mutação gênica. É representado por
Resulta na perda de bases. germinativas. As que ocorrem nas uma base nitrogenada.

272 –
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MÓDULO 6 A Lei da Segregação

1. O MENDELISMO O cruzamento das moscas da F1 dominância, terão asas normais.


Foi o monge agostiniano Gregor entre si produz uma F2, em que machos As moscas de asas longas de F2,
Mendel que, em 1865, estabeleceu e fêmeas aparecem na proporção de portadoras de genes Vv, produzirão
os princípios básicos da herança, pu- 3 normais: 1 vestigial ou 75% normais: dois tipos de gametas: V e v. A união
blicando as chamadas leis de Mendel. 25% vestigiais (Fig. 3). dos gametas dois a dois formará 4
A grande contribuição de Mendel tipos de combinações em F2, a pro-
foi a herança particulada, sugerindo porção de 3 com asas normais para 1
a existência de partículas ou uni- de asas vestigiais.
dades hereditárias, atualmente cha-
madas de genes. 5. A NOMENCLATURA
GENÉTICA
2. ANÁLISE DE ❑ Alelos
UM CRUZAMENTO Cada caráter é condicionado por
A drosófila, mosca dos frutos, tem dois genes alternativos, um dominante
sido usada para pesquisas genéticas, Fig. 3 – Cruzamento de drosófilas. e outro recessivo, designados alelos.
desde o início do século passado. No caso da drosófila, são alelos V e v.
Nos cruzamentos a seguir, analisa- 3. A INTERPRETAÇÃO ❑ Genótipo
remos a transmissão genética do tipo MENDELIANA A constituição hereditária de um
de asa. DO CRUZAMENTO indivíduo forma o genótipo, represen-
O chamado tipo selvagem possui ❑ Dominância e tado pelos símbolos de todos os seus
asas normais estendidas sobre o recessividade genes ou apenas os que estão sendo
abdômen (Fig. 1). O caráter que aparece na pri- considerados.
meira geração (F1) é chamado domi-
nante, enquanto o contrastante é ❑ Homozigoto
designado recessivo. Assim, no cru- É o indivíduo cujo caráter consi-
zamento em questão, normal é domi- derado é determinado por dois genes
nante, e vestigial, recessivo. iguais. Tal indivíduo produz, em rela-
ção ao caráter considerado, um só
❑ Alelos
tipo de gameta. É o caso das moscas
Cada caráter é condicionado por
VV e vv, que produzem, respectiva-
dois genes alternativos, um dominan-
mente, gametas V e v.
te e outro recessivo, designados ale-
los. No caso da drosófila, são alelos V ❑ Heterozigoto
Fig. 1 – Drosófila macho (A) e fêmea (B). e v, que determinam, respectivamen- É o indivíduo cujo caráter é deter-
te, asas longas e asas vestigiais. minado por dois genes diferentes. Em
Uma das linhagens mutantes de
relação ao caráter analisado, tal or-
drosófila, a vestigial, tem as asas
4. A REPRESENTAÇÃO ganismo produz dois tipos de game-
atrofiadas (vestigiais) reduzidas a
DO CRUZAMENTO tas. É o caso da mosca Vv, que origina
pequenas espátulas (Fig. 2).
Na mosca drosófila de asas gametas V e v.
normais, com genes VV, todos os ga- ❑ Fenótipo
metas serão iguais porque conterão É qualquer aspecto morfológico
um gene V. Isso também acontece ou fisiológico de um organismo resul-
com a mosca vv, que produz game- tante da interação do genótipo com o
tas v. A união dos gametas produzirá, meio ambiente. Assim, são fenótipos
em F1, organismos Vv, que, graças à as asas normais e vestigiais.
Fig. 2 – Drosófila com asas vestigiais.
Nos cruzamentos, usaremos os
seguintes símbolos:
P = geração parental
F1 = primeira geração
F2 = segunda geração
Quando moscas selvagens e mu-
tantes cruzam, independentemente
de quem é o macho ou a fêmea,
todos os descendentes da F1 são do
tipo selvagem.
– 273
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MÓDULO 7 Codominância e Letalidade


1. HERANÇA INTERMEDIÁRIA 2. GENES LETAIS ciona pelagem amarela. O alelo a
OU CODOMINÂNCIA Existem genes que provocam a condiciona preto. O gene Al é domi-
Alelos intermediários ou codomi- morte do indivíduo na fase pré-natal nante em relação ao gene a, mas em
nantes não apresentam relações de ou pós-natal anterior ao período de relação à letalidade é recessivo, pois
dominância ou recessividade. O ge- maturidade. Exemplo: nos ratos, o só age em homozigose.
nótipo heterozigoto origina um fenótipo gene Al é letal em homozigose (AlAl), No cruzamento de dois heterozi-
distinto dos homozigotos e geralmente provocando a morte do embrião, en- gotos (Ala x Ala), a proporção da ge-
intermediário em relação aos fenóti- quanto em heterozigose (Ala) condi- ração é de 2 : 1.
pos produzidos pelos homozigotos.
Exemplo: cor da flor das maravilhas,
caracterizada na tabela a seguir.
Alelos Fenótipos Genótipos Gametas
Branca MBMB MB
MV e MB Vermelha MVMV MV
Rósea MVMB MV e MB

A relação fenotípica em F2 é 1 : 2 : 1.

MÓDULO 8 Fenótipo, Fenocópias e Genealogias


1. RELAÇÃO ENTRE na dependência de certas condições des (patas, orelhas, rabo e focinho)
GENÓTIPO E FENÓTIPO ambientais e disso concluímos: pretas. Se rasparmos o pelo branco e
Atualmente, os geneticistas defi- mantivermos o animal a uma tempera-
GENÓTIPO + MEIO = FENÓTIPO
nem fenótipo como o resultado da tura inferior a 15°C, verificaremos que
interação do genótipo com o meio na região raspada nascerá pelo preto.
ambiente. Realmente, sabemos que 2. EXEMPLOS Contudo, se o pelo for raspado e o
todas as características de um indi- ❑ Coelhos himalaias animal mantido em temperatura supe-
víduo têm origem genética; contudo, Um exemplo interessante do ex- rior a 15°C, o pelo crescerá novamen-
não podemos esquecer a influência posto é o que ocorre com a pelagem te branco. Ora, o genótipo para a pe-
do meio ambiente. Sabemos que o do coelho da variedade himalaia. Tal lagem é sempre o mesmo, e as varia-
genótipo determina um certo fenótipo coelho é branco, com as extremida- ções fenotípicas dependem exclusi-
274 –
C1_3oA_Biol_Teo_Conv_Tony 19/10/10 14:04 Página 275

vamente das condições de tempera- cia do meio ambiente. Em Drosophila, A fenocópia evidentemente não
tura ambiental. o corpo amarelo é determinado por afeta o gene, ou seja, não altera o
No coelho, as extremidades são um gene recessivo a, cujo alelo domi- genótipo e, consequentemente, não é
sempre as regiões mais frias do corpo, nante, A, condiciona corpo cinzento. transmitida à geração.
o que justifica a presença de pelos Larvas com genótipo para cinzento
pretos. (AA ou Aa) que recebem nitrato de
❑ Hortênsias prata, na alimentação, evoluem para 4. ANÁLISE DE GENEALOGIAS
As hortênsias produzem flores adultos amarelos. A carta genealógica é a repre-
azuis, se plantadas em solo ácido, ou O corpo amarelo, determinado sentação de indivíduos relacionados
róseas em solo alcalino, determinadas pelo tipo de alimento, é uma fenocó- por ascendência comum. Na repre-
por interação dos produtos gênicos pia do amarelo produzido por ação do sentação gráfica, observam-se vários
com o meio ambiente. gene a. símbolos que indicam características
Galinhas com asas e pernas cur-
❑ Melanina de importância genética, de modo
tas são chamadas rastejantes, sendo
No homem, a quantidade de me- que o exame de um Pedigree permite
essa característica atribuída a um
lanina existente na pele varia em fun- reconhecer o tipo de parentesco exis-
gene dominante. A injeção de ácido
ção da exposição ou não à luz do sol. bórico em ovos galados, no período tente entre seus membros e relacionar
apropriado do desenvolvimento, pro- esse parentesco com a presença ou
3. FENOCÓPIA duzirá aves com membros curtos que ausência de determinadas doenças
Trata-se da cópia de uma condi- representam fenocópias da caracte- ou anomalias de origem hereditária.
ção hereditária produzida por influên- rística rastejante.

Na elaboração da carta genealógica, usam-se frequentemente as seguintes convenções:

– 275
C1_3oA_Biol_Teo_Conv_Tony 19/10/10 14:04 Página 276

MÓDULO 9 Probabilidade em Genética

1. CONCEITO 4. REGRA DA ADIÇÃO 3. Qual é a probabilidade de, em


uma família com 5 filhos, todos
A maioria dos problemas de gené- A probabilidade de ocorrência de serem meninos?
tica exige soluções em termos proba- dois ou mais acontecimentos mutua- P (5 meninos) = 1/2 . 1/2 . 1/2 . 1/2 .
bilísticos. Por isso, no presente capí- mente exclusivos é determinada pela . 1/2 = 1/32
tulo, ensinamos os princípios básicos soma das probabilidades dos aconte- 4. Daremos agora um exemplo que
das probabilidades envolvendo ex- cimentos isolados. usa as regras da adição e da
perimentos genéticos. P(A ou B) = P(A) + P(B) multiplicação.
Assim, existe uma analogia entre
Qual é a probabilidade de, em
a transmissão de um gene de um pai
5. EXEMPLOS uma família com 5 filhos, serem
para o filho e o lançamento de uma
todos do mesmo sexo?
moeda. Nos dois casos, existem duas
1. Qual é a probabilidade de se obter P (5 meninos) = 1/32
possibilidades: a moeda pode cair
3 ou 4 no lançamento de um dado? P (5 meninas) = 1/32
cara ou coroa e o pai heterozigoto
1 + –––
1 = –––
1 P (5 meninas ou 5 meninos) =
(Aa) pode transmitir o alelo A ou o P (3 ou 4) = –––
6 6 3 = 1/32 + 1/32 = 1/16
alelo a. Em ambos os casos, o pro-
2. Qual é a probabilidade de se reti- 5. Qual é a probabilidade de nasci-
duto final é determinado por chance.
rar de um baralho completo um mento de um filho (7) recessivo
A probabilidade de que um acon-
rei ou uma dama? (aa) num casamento consanguí-
tecimento A ocorra é igual ao quo- neo?
ciente do número de casos favoráveis 4 + –––
4 = –––
2
P (rei ou dama) = –––
52 52 13
à ocorrência de A dividido pelo núme-
3. Qual é a probabilidade de nascer
ro total de casos possíveis.
um homozigoto do cruzamento
Simbolicamente, se P (a) indica a Aa x Aa?
probabilidade de que A ocorra quan- P(AA) = 1/4, P(aa) = 1/4
do o experimento é realizado e, se n P(AA ou aa) = 1/4 + 1/4 = 1/2
e m indicam, respectivamente, o
número total de casos favoráveis e 6. REGRA DA
possíveis, teremos: MULTIPLICAÇÃO
n
P (A) = –––
m A probabilidade de ocorrência de
dois ou mais acontecimentos inde-
2. EXEMPLOS pendentes (não exclusivos) é igual ao
produto das probabilidades dos
acontecimentos isolados. Nesta situação, a probabilidade
1. Um baralho completo apresenta
de 7 ser aa é de 1/2 x 1/2 x 1/2 x
52 cartas, das quais quatro são P(A e B) = P(A) x P(B) x 1/2 x 1/2 x 1/2 = 1/64.
ases. Então, a probabilidade de
se retirar um ás de qualquer naipe 7. EXEMPLOS
6. O pelo preto das cobaias é uma
é de 4/52 ou 1/13. característica dominante (B), bran-
2. De um cruzamento Aa x Aa, os 1. Jogando-se um dado e uma
moeda, qual é a probabilidade de co é recessivo (b). Cobaias hete-
quatro resultados AA, Aa, aA e aa rozigotas são cruzadas entre si.
são igualmente prováveis. A pro- o dado dar 5 e a moeda cara?
P (5 no dado) = 1/6 Quais são as probabilidades de
babilidade de nascer um indiví-
P (cara na moeda) = 1/2 os 3 primeiros descendentes se-
duo aa é de 1/4.
P (5 e cara)= 1/6 x 1/2 = 1/12 rem alternativamente preto-bran-
co-preto ou branco-preto-branco?
3. PROBABILIDADE E
2. Qual é a probabilidade de nascer Bb x Bb = 3/4 preto (BB + Bb) e
EVENTOS ANTERIORES
uma menina recessiva do cruza- 1/4 branco (bb).
mento de dois heterozigotos? P (preto e branco e preto) =
A probabilidade de um evento
acontecer independe de sua ocorrên- Aa x Aa = AA, Aa, Aa e aa = 3/4 . 1/4 . 3/4 = 9/64.
cia em tentativas anteriores. Assim, P (branco e preto e branco) =
Dominante Recessiva = 1/4 . 3/4 . 1/4 = 3/64.
embora um casal tenha cinco filhos
P (aa) = 1/4 P (preto e branco e preto ou
do sexo feminino, a probabilidade de
P (menina) = 1/2 branco e preto e branco) =
o sexto filho ser também do sexo P (menina e aa) = 1/2 . 1/4 = 1/8
feminino é 1/2 ou 50%. = 9/64 + 3/64 = 3/16.

276 –
C1_3oA_Biol_Teo_Conv_Tony 19/10/10 14:04 Página 277

MÓDULO 10 A Lei da Segregação Independente

1. ENUNCIADO 2. DI-HIBRIDISMO duzirá uma F2 com a seguinte pro-


porção: 9/16 cinzento normal: 3/16
Lei da segregação ou distribuição Vamos demonstrar a segregação cinzento vestigial: 3/16 preto normal:
independente, também conhecida independente em drosófila por meio 1/16 preto vestigial.
como a Segunda Lei de Mendel, é do cruzamento de di-híbridos para
usada na transmissão de dois ou mais cor do corpo e tipo de asa. Os resultados obtidos na F2 estão
caracteres e pode ser assim enun- Consideremos os seguintes ale- resumidos na tabela abaixo:
ciada: “Os genes que determinam los:
caracteres diferentes distribuem-se
independentemente nos gametas, P – corpo cinzento Fenó- Genó- Frequência Frequência
tipo tipo genotípica fenotípica
onde se recombinam ao acaso.”
p – corpo preto
PPVV 1
Exemplo: Cinzento PPVv 2
V – asa normal 9
normal PpVV 2
Consideremos, em drosófila, os PpVv 4
seguintes genes: v – asa vestigial
Cinzento PPvv 1
3
vestigial Ppvv 2
P – corpo cinzento O cruzamento de um macho ho-
mozigoto de corpo cinzento e asa 1
Preto ppVV
p – corpo preto normal com uma fêmea de corpo normal ppVv
2 3
preto e asa vestigial produz uma F1
V – asa normal com fenótipo corpo cinzento e asa Preto
ppvv 1 1
normal. O cruzamento de um macho e vestigial
v – asa vestigial uma fêmea, pertencentes à F1, pro-

De acordo com a segregação independente, teremos:

FENÓTIPOS GENÓTIPOS TIPOS DE GAMETAS

PPVV 100% PV

PpVV 50% PV e 50% pV


Corpo cinzento e asa normal
PPVv 50% PV e 50% Pv

PpVv 25% PV, 25% Pv, 25% pV e 25% pv

PPvv 100% Pv
Corpo cinzento e asa vestigial
Ppvv 50% Pv e 50% pv

ppVV 100% pV
Corpo preto e asa normal
ppVv 50% pV e 50% pv

Corpo preto e asa vestigial ppvv 100% pv

– 277
C1_3oA_Biol_Teo_Conv_Tony 19/10/10 14:04 Página 278

FRENTE 3 Biologia Animal

MÓDULO 1 Os Grupos Animais

1. GENERALIDADES 4. PLATIELMINTOS Alguns vivem no meio terrestre,


O ramo da Biologia que estuda os Os animais Platielmintos são ver- ex.: minhoca.
animais é a Zoologia. mes que possuem o corpo achatado Há representantes na água doce,
Os animais são seres vivos pluri- dorsoventralmente. Alguns são pato- ex.: sanguessuga.
celulares. gênicos, ou seja, causadores de doen- Outros habitam na água salgada,
Alguns não possuem órgãos ver- ças (exs.: esquistossomo e tênia). A ex.: palolo.
dadeiros e são denominados Para- planária é um platielminto que não
zoários, ex.: Poríferos. Os demais causa doença ao homem.
possuem e são denominados Me-
tazoários.

2. PORÍFEROS
Os seres vivos do reino animal
que não possuem tecido verdadeiro
pertencem ao filo dos Poríferos ou
Espongiários.
Os Poríferos vivem na água doce
ou salgada. São sedentários (fixos) e
bentônicos (vivem no fundo).
Desenho esquemático da planária.

5. ASQUELMINTOS
7. MOLUSCOS
OU NEMATELMINTOS
Os animais moluscos são de cor-
Os animais Asquelmintos são po mole, viscoso e não segmentado.
vermes que possuem o corpo cilín- Vários deles são utilizados pelo ho-
drico, filamentoso e não segmentado. mem como alimento, exs.: lula, polvo,
Alguns apresentam vida livre, na água marisco, escargô, ostra e berbigão.
e no solo. Outros são parasitas de O caracol é de hábitat terrestre, e
animais e de vegetais. o caramujo aquático.
A lombriga, o ancilóstomo, o ne- A pérola é secretada pelo manto,
Aspecto geral de uma esponja.
cátor, o bicho-geográfico e o oxiúro dobra da pele, da ostra.
3. CELENTERADOS são patogênicos.
OU CNIDÁRIOS Os animais Asquelmintos são
Os animais celenterados (exs.: vermes que possuem o corpo cilín-
anêmona, água-viva, hidra e coral) drico, filamentoso e não-segmentado.
são os primeiros a possuir um tubo Alguns apresentam vida livre, na água
digestório (cavidade intestinal) na e no solo. Outros são parasitas de
evolução. animais e de vegetais.
São urticantes (cnidários), poden- A lombriga, o ancilóstomo, o ne-
Helix – morfologia externa.
do ocasionar reações alérgicas aos cátor, o bicho-geográfico e o oxiúro
banhistas. Apresentam cnidoblastos, são patogênicos.
8. ARTRÓPODES
células urticantes.
O grupo de maior biodiversidade
do globo terrestre é o dos artrópodes.
Apresentam várias classes, como a
Enterobius vermiculares, dos insetos (exs.: gafanhoto, abelha),
vermes causadores da oxiuríase. a dos crustáceos (exs.: camarão, ca-
6. ANELÍDEOS ranguejo), a dos aracnídeos (exs.:
Os animais Anelídeos são vermi- aranha, escorpião), a dos quilópodos
Cnidoblastos, células formes e apresentam o corpo seg- (ex.: centopeia) e a dos diplópodos
urticantes dos cnidários. mentado (metamerizado). (ex.: piolho-de-cobra).
278 –
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São segmentados e possuem 9. EQUINODERMAS 10. CORDADOS


patas articuladas.
O filo dos Equinodermas apre- O filo dos Cordados é o mais
senta somente animais de hábitat evoluído do reino animal. O homem é
marinho, exs.: estrela-do-mar, ouriço- um cordado.
do-mar, pepino-do-mar, lírio-do-mar e Há os protocordados, ou seja,
serpente-do-mar. São animais que cordados primitivos, ex.: anfioxo, e os
possuem espinhos na pele. mais evoluídos (vertebrados), que
incluem as lampreias (ciclostoma-
dos), os peixes, os anfíbios, os rép-
teis, as aves e os mamíferos.
Artrópode da classe dos
diplópodos, denominado
piolho-de-cobra. Apresenta
o corpo cilíndrico, formado
por um grande número de
segmentos. Muitos possuem uma
coloração brilhante. Na cabeça há
numerosos olhos simples e um par de
antenas curtas (díceros). Há quatro Ouriços-do-mar, animais
patas articuladas, por segmento do corpo. do filo dos equinodermas. O anfioxo, animal protocordado.

MÓDULO 2 O Tegumento dos Animais

1. O REVESTIMENTO A epiderme origina-se do ectoder- células mais superficiais são mortas,


DOS ANIMAIS ma do embrião e é constituída por um graças à total impregnação da pro-
tecido epitelial pluriestratificado pavi- teína queratina, substância impermeá-
O corpo dos animais é protegido mentoso (achatado). A camada celu- vel que, formando a camada córnea,
por uma cobertura denominada tegu- lar mais profunda desse epitélio é confere proteção ao animal, principal-
mento, que serve para proteger o or- denominada germinativa, cujas células mente contra a desidratação.
ganismo contra a desidratação, a A derme situa-se logo abaixo
passam por contínuas divisões mi-
hidratação excessiva e os choques da epiderme, sendo bem mais espes-
tóticas, produzindo novas células pa-
mecânicos, e para evitar a penetra-
ra a substituição das superficiais, que sa que esta. Embriologicamente, tem
ção de organismos patogênicos, ou
constantemente morrem e despren- origem mesodérmica e é constituída
seja, causadores de doenças.
dem-se. por tecido conjuntivo, contendo vasos
Nos protozoários, a proteção é
Nos peixes e anfíbios aquáticos, a linfáticos, vasos sanguíneos, nervos e
realizada pela própria plasmalema,
epiderme possui glândulas mucosas; porções basais de glândulas.
que apresenta uma cutícula protetora
(glicocálix). Nos invertebrados (ex.: nos vertebrados, especialmente ter- A hipoderme é uma camada loca-
minhoca) e protocordados (ex.: anfio- restres (répteis, aves e mamíferos), é lizada imediatamente abaixo da der-
xo), a epiderme é uniestratificada, cornificada. me, constitui-se de tecido conjuntivo
pois possui uma única camada de Nesses vertebrados terrestres, as e é extremamente rica em tecido adi-
células. Nos vertebrados, a epiderme poso (gordura); aparece
tem várias camadas de células, ou somente nas aves e nos
seja, é pluriestratificada. mamíferos. Além de ser
O tegumento pode apresentar pe- uma reserva nutritiva (gor-
los (nos mamíferos), penas (nas aves), dura), desempenha im-
escamas (nos peixes e répteis) etc. portante papel auxiliar na
Apenas alguns mamíferos terres- regulação da tempera-
tres possuem glândulas sudoríparas tura corpórea, em razão
e sebáceas. de a gordura funcionar
como uma camada iso-
❑ Tegumento nos
lante, reduzindo, assim, a
vertebrados
perda de calor para o
A pele dos vertebrados é consti-
tuída de epiderme (externa) e derme meio (nos animais homeo-
(interna). As aves e os mamíferos têm termos ou endotermos).
uma terceira camada, abaixo da pele, A hipoderme origina-
denominada hipoderme (tela subcutâ- se a partir do mesoderma
nea). Pele humana e tecido subcutâneo. do embrião.
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MÓDULO 3 O Esqueleto dos Animais

1. SISTEMA ESQUELÉTICO dos recifes outros celenterados e al- re ao esqueleto uma resistência con-
gas marinhas. sideravelmente maior.
A finalidade primária do esquele- Na formação dos recifes, com o Os artrópodes apresentam exo-
to é fornecer suporte para as partes crescimento das colônias, vai aumen- esqueleto quitinoso (possuem quitina,
do corpo do animal ou para o animal tando a extensão da massa calcária que é um polissacarídeo). O tegu-
como um todo, pois sob a ação da constituída pelos exoesqueletos. As mento é secretado (produzido) pelo
gravidade o corpo do animal entraria principais condições que concorrem animal e contém lipoproteínas, ceras
em colapso (se não tivesse elemen- para a formação dos recifes são: (lipídios impermeabilizantes), pro-
tos esqueléticos). água límpida, pouco movimentada e teínas, quitina e CaCO3.
Além de sustentar o animal, o bem oxigenada, temperatura acima Os cordados, filo do qual o ho-
esqueleto tem outras funções: prote- de 20°C e profundidade média de mem faz parte, têm endoesqueleto.
ção mecânica (para parte do corpo 40 m (inferior a 100 m). São exemplos de cordados: anfioxo,
ou para todo o animal); suporte para Os vermes achatados (platelmin- feiticeira, tubarão, lambari, sapo, ja-
a musculatura, garantindo, assim, os tes), filamentosos (nematoides) e ane- caré, galinha e cachorro.
movimentos e a locomoção do ani- lados (anelídeos) geralmente não A medula óssea humana apre-
mal; proteção contra dessecação apresentam esqueletos. Porém, deve- senta um tecido conjuntivo hemato-
(perda de água), como é o caso mos lembrar os anelídeos tubícolas poético (produtor de sangue) mie-
especial dos artrópodes, com a sua (marinhos), que segregam materiais loide. Ela produz glóbulos vermelhos
cutícula esquelética. ao redor de seus corpos, com reten- (hemácias), glóbulos brancos (leucó-
O esqueleto dos animais pode ção de elementos do meio ambiente, citos) e plaquetas. A radioatividade
ser classificado em dois tipos, con- e assim adquirem tubos protetores pode afetar a medula óssea, ocasio-
forme sua localização: exoesqueleto, (têm função esquelética, mas não são nando leucemia, ou seja, câncer de
que se forma e se situa na parte mais esqueletos verdadeiros). sangue.
externa do corpo do animal, e endo- Nos equinodermas (ex.: ouriço- A coluna vertebral protege a
esqueleto, que se forma e se situa na do-mar), o esqueleto é interno (en- medula espinhal ou raquidiana, que é
parte interior do corpo do animal. doesqueleto). Origina-se da meso- formada por tecido nervoso cuja
derme e situa-se abaixo do tegu- lesão pode acarretar paralisias (ex.:
❑ Ocorrência de mento do animal. poliomielite).
esqueleto em Nos moluscos (ex.: mexilhão), ar-
alguns grupos de animais trópodes (ex.: insetos) e vertebrados
Nas esponjas (espongiários ou (ex.: homem), os esqueletos são mui-
poríferos), para a sustentação, existe to desenvolvidos.
um endoesqueleto orgânico (fibras da A distinção entre eles pode ser
proteína espongina) ou inorgânico feita em termos do material de que
(espículas silicosas ou calcárias). são formados ou da posição anatômi-
Nos celenterados, os corais (an- ca do esqueleto em relação aos diver-
tozoários) são famosos por seus exo- sos órgãos.
esqueletos, que constituem os recifes Nos moluscos, salvo exceções
de coral (secretados por colônias de (lulas, que têm concha interna, e les-
antozoários). É bastante famosa a mas, que não têm esqueleto), o es-
grande barreira de coral que se es- queleto é externo (exoesqueleto),
tende ao longo da costa nordeste da composto principalmente por carbo-
Austrália, em uma extensão de cerca nato de cálcio (CaCO3). A concha
de 2 000 km. (esqueleto) é secretada pelas células
Os principais antozoários forma- tegumentares em camadas, à medi-
dores dos recifes de coral são os re- da que o animal cresce. Também são
presentantes da ordem Madreporaria. depositadas fibras de proteínas entre Espinho de equinoderma
Também contribuem para a formação as camadas de CaCO3, o que confe- com revestimento epidérmico.

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MÓDULO 4 O Sistema Digestório

1. ALIMENTOS ❑ Hidrólise enzimática gestório e completa-se no interior das


Os alimentos são utilizados no or- A digestão dos compostos orgâ- células.
ganismo como fonte de energia, co- nicos ocorre na presença da água e é Ocorre nos celenterados (hidra),
mo matéria-prima de crescimento e catalisada pelas enzimas digestórias. platielmintes (planária) e em alguns
reconstituição do corpo e como regu- Substratos Absorção na forma de moluscos (mexilhão).
lador de outras funções orgânicas. Glicídeos Monossacarídeos Os celenterados (ex.: hidra) apre-
Proteínas Aminoácidos
sentam células denominadas cnido-
❑ Classificação blastos, que possuem um líquido
Podem ser classificados em plásti- Ácidos nucleicos Nucleotídeos
urticante (hipnotoxina).
cos, energéticos, mistos e reguladores. Lipídeos Ácidos graxos e glicerol A forma geral de um cnidoblasto
Vitaminas,
é a de um cálice de pé comprido, fe-
❑ Plásticos Não sofrem digestão chado na extremidade superior, na
Água e Sais
São os alimentos utilizados na es- qual há um pequeno prolongamento
trutura do organismo, na construção pontiagudo, o cnidocílio. No interior
de componentes celulares. Ex.: pro- 3. TIPOS DE DIGESTÃO da parte alargada do cnidoblasto, en-
teínas. De acordo com o local da ocor- contra-se o nematocisto, uma diferen-
São fontes de proteínas: carne, rência, temos: ciação de estrutura bastante com-
ovos, soja, feijão, gelatina, queijo, leite — Digestão intracelular (ocorre plexa. O nematocisto é uma vesícula
etc. totalmente no interior da célula). ovoide, com parede dupla, cons-
— Digestão extracelular (ocorre tituída por uma membrana interna del-
❑ Energéticos totalmente no tubo digestório). gada e uma externa mais forte e
São os alimentos utilizados como — Digestão extra e intracelular elástica, que forma o opérculo, uma
"fontes de energia" necessárias às ati- (inicia-se no tubo digestório e com- pequena tampa que fecha a abertura
vidades vitais. Ex.: carboidratos ou pleta-se no interior da célula). superior do nematocisto. A membra-
glícides. — Digestão extracorpórea (a di- na interna evagina-se por baixo do
A energia é obtida por meio da gestão da aranha não ocorre em seu opérculo e forma, no interior da
oxidação dos alimentos, realizada corpo, mas na própria presa). vesícula, um longo filamento enrolado
pelas mitocôndrias. em espiral. No interior do nemato-
São fontes de carboidratos: cana- ❑ Digestão intracelular
Ocorre totalmente dentro das cé- cisto, existe um líquido urticante ou
-de-açúcar, beterraba, arroz, feijão, viscoso.
milho, trigo etc. lulas (protozoários e poríferos) e é
realizada pelos lisossomos. Os cnidoblastos atuam na defesa,
❑ Mistos Os lisossomos são pequenos va- facilitam a caça e, em alguns casos,
São alimentos que apresentam cúolos citoplasmáticos que apresen- contribuem para a movimentação do
várias funções ao mesmo tempo. tam membrana lipoproteica e, no seu animal.
Ex.: lípides (plásticos e energéticos). interior, enzimas digestórias respon- ❑ Digestão extracelular
São fontes de lípides: óleo, man- sáveis pela digestão de vários tipos A digestão ocorre totalmente no
teiga, toucinho, margarina, ovo etc. de compostos orgânicos. interior do tubo digestório do animal.
Se a membrana do lisossomo for Ocorre na maioria dos invertebra-
❑ Reguladores fragmentada, as enzimas serão lan-
São alimentos que controlam as dos (ex.: minhoca), nos protocorda-
çadas no citoplasma e a célula mor- dos (anfioxo) e nos vertebrados (pei-
funções vitais. Ex.: vitaminas e sais rerá por autodigestão.
minerais. xes, anfíbios, répteis, aves e mamí-
As esponjas (poríferos) apresen- feros).
As vitaminas são ativadoras das tam coanócitos e amebócitos – células
enzimas que aceleram o metabolismo Em relação à alimentação, pode-
responsáveis pela digestão intracelular. mos afirmar que o homem apresenta
celular. Elas possuem uma projeção da
São fontes de vitaminas: frutas, especialmente digestão extracelular,
plasmalema que lembra um “colarinho”. enquanto os lisossomos realizam a di-
cereais, ovo, leite etc. Observação gestão de componentes celulares
Os lisossomos dos leucócitos velhos, que devem ser renovados
2. DIGESTÃO
(glóbulos brancos do sangue) reali- (autofagia).
❑ Generalidades zam a digestão intracelular de bacté-
Digestão é o conjunto de transfor- rias, atuando na defesa do organismo. ❑ Digestão extracorpórea
mações fisioquímicas que os alimen- A aranha injeta seu suco digestó-
tos orgânicos sofrem para se con- ❑ Digestão extra rio no interior de sua presa, ou seja,
verter em compostos menores hidros- e intracelular no corpo do inseto, onde ocorre a di-
solúveis e absorvíveis. A digestão inicia-se no tubo di- gestão.
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MÓDULO 5 A Digestão Humana

1. GENERALIDADES 2. DIGESTÃO NA BOCA O muco é produzido pelas glân-


A digestão humana é extracelular, A digestão química na boca de- dulas pilóricas e cárdicas do estôma-
pois ocorre no interior do tubo di- ve-se à ação de enzimas da go e lubrifica o bolo alimentar, além
gestório. Compreende processos físi- saliva. A saliva é secretada pelas de proteger a parede do estômago
cos (mecânicos) como a mastigação, glândulas parótidas, submaxilares, contra a ação das enzimas gástricas
a deglutição e os movimentos peris- sublinguais e em numerosas outras e do HCl.
tálticos. É também um processo quí- glândulas salivares menores. O HCl apresenta as seguintes
mico, graças à ação das enzimas A principal enzima da saliva é a funções:
secretadas por glândulas anexas. ptialina (amilase salivar). Outras en- – facilita a absorção de ferro;
O aparelho digestório é formado zimas da saliva de menor importância – proporciona um pH ótimo para
por boca, faringe, esôfago, estôma- (produzidas em quantidades peque- a digestão proteica;
go, intestino delgado (duodeno, jeju- nas) são a maltase e a catalase. – inicia a digestão proteica (des-
no e íleo), intestino grosso (ceco, A saliva tem um pH entre naturação e possível hidrólise);
cólon ascendente, cólon transverso, 6,4 e 7,5, faixa favorável à ação di- – ativa o pepsinogênio à pepsina;
cólon descendente, cólon sigmoide, gestória da ptialina. – age contra os germes, restrin-
reto) e ânus, e possui os seguintes A ptialina catalisa a hidró- gindo a fermentação microbiana
anexos: glândulas salivares, vesícula lise de polissacarídeos (amido, (ação germicida).
biliar, fígado e pâncreas. glicogênio e seus derivados). A principal enzima do suco gás-
A mastigação e deglutição (ato A digestão do amido pela saliva trico é a pepsina (produzida na forma
de engolir) ocorrem na boca. A produz inicialmente eritrodextrina inativa de pepsinogênio, que é ativa-
faringe e a parte anterior do esôfago (cor vermelha com o iodo); a seguir do pelo HCl e pela própria pepsina).
têm músculos estriados (voluntários). forma-se a acrodextrina (não dá A pepsina é uma enzima pro-
coloração com o iodo); e, finalmente, teolítica (digere proteínas em peptí-
A parte posterior do esôfago, o estô-
tem-se a conversão da acrodextrina dios) que atua num meio altamente
mago e o intestino possuem muscula-
em maltose. ácido (pH ótimo = 2,0) e acima de
tura lisa (involuntária). O alimento é
O método mais usado para medir pH = 5,0, tem pouca atividade pro-
impelido ao longo do tubo digestório,
a atividade da amilase salivar consis- teolítica, logo se tornando comple-
graças aos movimentos peristálticos.
te em tratar uma solução de amido e tamente inativa.
A musculatura lisa do tubo diges-
saliva pelo iodo (ou lugol) e medir o A secreção gástrica é regulada por
tório é inervada pelo sistema nervoso
tempo para o desaparecimento da mecanismos nervosos e hormonais.
autônomo (simpático e parassimpáti-
coloração azul (amido com iodo ou A regulação hormonal é realizada
co). A estimulação do parassimpático
lugol resulta cor azul). por meio de dois hormônios (gastri-
aumenta a motricidade (peristaltismo)
A maltase catalisa a hidró- na e enterogastrona). A gastrina
da musculatura lisa gastrointestinal,
lise da maltose (dissacarídeo) em é produzida pela mucosa da região
enquanto a estimulação do simpático
duas moléculas de glicose (monos- pilórica do próprio estômago e tem a-
a modera ou inibe.
sacarídeo). ção estimulante (excitadora) sobre a
Nos limites das diferentes partes
A catalase catalisa a transforma- secreção gástrica. A enterogastrona
do tubo digestório, existem estruturas
ção da água oxigenada em água e é produzida no intestino delgado
chamadas esfíncteres, formadas
oxigênio: (duodeno) em presença de gordura e
por espessamentos da camada mus-
cular circular; entre o esôfago e o es- inibe a secreção gástrica.
tômago, encontra-se o cárdia; entre 2H2O2 → 2H2O + O2
o estômago e o duodeno, o piloro; 4. DIGESTÃO NO INTESTINO
entre o intestino delgado e o colo, o A secreção salivar é controlada
esfíncter ileocólico e, finalmente, por mecanismo nervoso. Quando o ❑ Suco pancreático
na extremidade inferior do reto, os alimento é colocado na boca, reflexos O suco pancreático é secretado
esfíncteres anais interno e nervosos estimulam a secreção, es- pelo pâncreas (parte exócrina).
externo. pecialmente se o alimento é saboroso O pH deste suco é de 7,8 a 8,2,
ou apetitoso. Tal controle é realizado graças ao seu alto teor em bicarbonato.
pelo sistema nervoso autônomo. As enzimas deste suco são:
tripsina, quimiotripsina, ami-
3. DIGESTÃO NO ESTÔMAGO lase pancreática, lipase pan-
No estômago, o alimento sofre a creática, ribonuclease e deso-
Parótidas: um par de glândulas ação do suco gástrico, que é secre- xirribonuclease.
salivares, cuja inflamação é tado pelas glândulas localizadas na A tripsina é sintetizada nas cé-
denominada caxumba (parotidite). parede estomacal. lulas pancreáticas na forma do precur-
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sor inativo – (tripsinogênio). A ati- contração da parede da vesícula que,


vação do tripsinogênio é realizada então, elimina a bile para o intestino.
pela enzima enteroquinase (pro- Em sua maior parte, os sais bilia-
duzida pelo intestino delgado). O trip- res segregados na bile são reabsor-
sinogênio também pode ser ativado vidos pelo intestino e a seguir res-
pela própria tripsina (autocatálise). segregados pelo fígado várias vezes,
Esta enzima atua sobre proteínas realizando assim sua função na di-
inteiras ou parcialmente digeridas, gestão e na absorção de gordura di-
resultando em frações menores (pep- versas vezes, antes de se perderem
tídeos). com as fezes.
A quimiotripsina é produzida
pelo pâncreas na forma de quimio- ❑ Suco entérico
O suco entérico é produzido pelo
tripsinogênio, que é ativado pela
epitélio glandular das criptas (caver-
tripsina, passando, então, a quimio- Aparelho digestório humano.
nas) de Lieberkuhen, localizadas no
tripsina. Esta enzima age sobre pro- intestino delgado.
teínas inteiras ou parcialmente di- O suco entérico (intestinal) con-
❑ Bile
geridas, resultando em frações me- tém muco (cujo papel é proteger a pa-
A bile é produzida pelo fígado a
nores (peptídeos). rede intestinal contra uma autodi-
partir de hemácias velhas e armaze-
A amilase pancreática hidro- gestão) e as enzimas: enteroqui-
nada na vesícula biliar.
lisa os polissacarídeos a dissacarí- nase, erepsina, lipase, amilase,
Não apresenta enzima digestória.
deos (alguns polissacarídeos, como a maltase, lactase e sucrase. Seu
Possui sais biliares (glicolato e tauro- pH está na faixa de 6,5 a 7,5.
celulose e a quitina, não são hidro-
colato de sódio) que emulsionam as A enteroquinase, além do pa-
lisados pelas amilases do homem).
gorduras, facilitando a ação das lipa- pel de ativadora do tripsinogênio, di-
A lipase pancreática hidrolisa
ses (aumentam a superfície de ação). gere peptídeos a aminoácidos.
as gorduras neutras a ácidos graxos
Outra função dos sais biliares é so- A erepsina é na verdade o no-
e glicerol. lubilizar os produtos finais da digestão me que se dá a um conjunto de pep-
As nucleases (ribonuclease e lipídica, facilitando assim a sua ab- tidases que agem sobre peptídeos,
desoxirribonuclease) hidrolisam, res- sorção pela mucosa intestinal. transformando-os em aminoácidos.
pectivamente, o ácido ribonucleico e A presença de gordura no intesti- A lipase hidrolisa os lípides a
o desoxirribonucleico a frações meno- no delgado estimula a mucosa duo- ácidos graxos e glicerol.
res (nucleotídeos). denal a produzir o hormônio colecis- A amilase hidrolisa os polissa-
A secreção pancreática é regula- toquinina, o qual age determinando a carídeos a dissacarídeos.
da por mecanismo nervoso e também
hormonal, sendo este último mais im- CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS SUCOS DIGESTÓRIOS HUMANOS
portante. Sucos pH Enzimas Hormônios
A visão, o cheiro, o gosto do ali- Amilase
mento e também a chegada do bolo (Ptialina)
SALIVA 6,4 a 7,5 ————
alimentar ao estômago desenca- Maltase
deiam impulsos parassimpáticos atra- Catalase
vés do nervo vago até o pâncreas, Gastrina
determinando uma secreção mode- (excitador)
GÁSTRICO 2 Pepsina
rada do suco pancreático. Enterogastrona
(inibidor)
A chegada do alimento ao intesti-
no delgado estimula a mucosa duo- Amilase
denal a produzir o hormônio secre- Lipase
Tripsina Secretina
tina, que, por sua vez, estimula o pân- PANCREÁTICO 7,8 a 8,2 (excitador)
Quimiotripsina
creas a secretar o suco pancreático.
A secretina é produzida em res- DNA ase
posta à estimulação da acidez do bo- RNA ase
lo alimentar que chega do estômago. Amilase
O suco pancreático, que chega ago- Lipase
ra ao duodeno, é altamente rico em Erepsina
Secretina
bicarbonato, que tem por finalidade ENTÉRICO 6,5 a 7,5 Enteroquinase
(excitador)
reduzir a acidez do bolo alimentar e, Maltase
assim, garantir a ação das enzimas Lactase
Sucrase
pancreáticas que funcionam em pH
ligeiramente alcalino e neutro. BILE 7,5 a 8,0 ———— Colecistoquinina

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A maltase hidrolisa a maltose a A secretina, que tem ação so- água.


glicose. bre o pâncreas, desempenha também Algumas substâncias são ab -
A lactase hidrolisa a lactose a um papel estimulante sobre a secre- sor vidas por pinocitose, porém a
glicose e galactose. ção intestinal. maior parte da absorção ocorre por
A sucrase hidrolisa a sacarose difusão e transporte ativo.
a glicose e frutose. 5. ABSORÇÃO No intestino grosso, passam
Os meios mais importantes para DOS ALIMENTOS dia-ri amente cerca de 500 mL de
a regulação da secreção do intestino A absorção dos alimentos ocorre quimo; a maior parte da água e dos
delgado são vários reflexos ou estí- principalmente no intestino delgado, eletrólitos são absorvidos, restando
mulos diretos, como a distensão do que possui microvilosidades, estrutu- cerca de 100 mL para serem elimi-
intestino e estímulos táteis ou irritan- ras responsáveis pelo aumento da su- nados com as fezes.
tes, que resultam em intensa secre- perfície de absorção. No nível do jeju- Uma população bacteriana está
ção do suco intestinal. noíleo, há uma grande absorção de presente no intestino grosso.
Influxos parassimpáticos levam a glicose, aminoácidos etc. O estôma- Essas bactérias produzem vita -
um aumento considerável da secre- go e o intestino grosso também parti- mi nas (K, B 12, tiamina, riboflavina)
ção. cipam da absorção, sobretudo de e vários gases.

MÓDULO 6 O Sistema Respiratório


1. RESPIRAÇÃO TEGUMENTAR, ❑ Respiração branquial sanguíneos onde ocorrem as trocas
CUTÂNEA OU "POR DIFUSÃO" Respiração por meio de brânqui- gasosas.
O animal não apresenta estrutu- as que ocorre em vários grupos de
ras especializadas e as trocas gaso- animais, como em poliquetas (anelí-
sas se dão através da ou das células deos), muitos moluscos, crustáceos,
superficiais por mecanismo de difu- ciclostomados, peixes e anfíbios.
são. Este tipo de respiração ocorre
em protozoários, espongiários (porífe- ❑ Respiração traqueal
ros), celenterados, vermes (platelmin- Ocorre nos insetos e nos miriá-
tos, asquelmintos e anelídeos) e ce- podos (lacraia, centopeia). Consiste
falocordados. A respiração tegumen- num conjunto de tubos ramificados Respiração filotraqueal da aranha.
tar ocorre ao lado do tipo especia- que se comunicam com o exterior ❑ Respiração pulmonar
lizado de respiração em anelídeos através de orifícios (espiráculos). O É o tipo de respiração dos tetrá-
poliquetas, moluscos e mesmo em sistema circulatório não participa das podos (anfíbios, répteis, aves e ma-
anfíbios. trocas gasosas. míferos), ocorrendo também em al-
guns moluscos terrestres (caracol) e
em alguns peixes (dipnoicos).
• Pulmão saculiforme
Possui uma pequena superfície
de trocas gasosas.
Está presente nos anfíbios e em
alguns répteis.
• Pulmão parenquimatoso
Possui uma superfície de trocas
gasosas maior do que o anterior.
Respiração da minhoca. Está presente em répteis e aves.
• Pulmão alveolar
Possui uma grande superfície de
trocas gasosas.
É encontrado nos mamíferos.
• Pulmão de
Respiração traqueal do inseto. peixe fisóstomo

❑ Respiração filotraqueal
ou pulmotraqueal
Ocorre nas aranhas e nos escor-
Respiração na planária. piões. Consiste num conjunto de tu-
bos que se comunicam com capilares
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MÓDULO 7 A Respiração Humana

1. GENERALIDADES dula, transmite os impulsos que che- tecidos, já que a solubilidade deste
gam aos músculos respiratórios. gás no sangue é muito baixa.
O homem apresenta respiração O centro respiratório é, na ver- Os pigmentos respiratórios são
pulmonar. dade, constituído pelo centro inspira- proteínas que em suas moléculas
tório e pelo centro expiratório. A apresentam um átomo de metal. A
❑ Aparelho respiratório oscilação contínua dos impulsos ner- maioria dos pigmentos respiratórios
O ar, no aparelho respiratório hu-
vosos originados nestes centros contém ferro em suas moléculas. É
mano, percorre o seguinte trajeto: fos-
controla os ciclos respiratórios. ao metal da molécula que o oxigê-
sas nasais ou boca → faringe →
laringe → traqueia → brônquios → nio se liga para ser transportado.
bronquíolos → alvéolos pulmonares. 2. TRANSPORTE
Nos alvéolos pulmonares, ocorre DE GASES
a entrada de O2 e a saída de CO2, RESPIRATÓRIOS K Transporte de
com a consequente passagem do PELO SANGUE dióxido de carbono
sangue venoso a arterial (hematose). Nos tecidos, na respiração intra-
O oxigênio inspirado difunde-se celular, as células estão produzindo
❑ Mecanismo da respiração nos pulmões através das membranas continuamente CO2, que se difunde
Os pulmões podem sofrer ex- respiratórias e cai na corrente sanguí- finalmente para o sangue. O CO2 ago-
pansão e retração e consequen- nea para os demais tecidos do orga- ra é transportado, pelo sangue, até os
temente sofrer diminuição ou aumento nismo. O oxigênio é transportado pelo pulmões, onde se difunde para o ar
de sua pressão interna, em relação à sangue de duas maneiras diferentes: alveolar.
pressão atmosférica. Deste modo, – em solução no plasma (cerca O dióxido de carbono é transpor-
quando os pulmões se expandem, de 3%); tado pelo sangue de três maneiras
aumentam de volume, há queda de – em combinação química com a diferentes:
pressão interna (em relação à pressão hemoglobina das hemácias – em solução no plasma (cerca
atmosférica) e assim o ar se desloca de 7%);
(cerca de 97%).
do exterior, através das vias res - – em combinação com a hemo-
Tem maior importância fisiológica
piratórias, para o interior dos pul- globina e proteínas plasmáti-
mões — é a INSPIRAÇÃO. Quando o o transporte do oxigênio ligado à he- cas, formando compostos car-
pulmão entra em retração, diminui o moglobina (oxiemoglobina), porém, baminas (de 3% a 33%);
volume, aumenta a pressão interna antes de tratar deste transporte do oxi- – na forma de íon bicarbonato
(em relação à atmosférica) e assim o gênio, estudaremos pigmentos respi- (cerca de 60% a 90%).
ar se desloca do interior dos pulmões, ratórios em geral. Como se vê, a maior importância
através das vias respiratórias, para o A finalidade do pigmento respira- fisiológica é o transporte do dióxido
exterior — é a EXPIRAÇÃO. tório é aumentar a capacidade do san- de carbono na forma de íon bicar-
gue em transportar oxigênio para os bonato.

Os pigmentos respiratórios (proteínas) presentes nos animais estão


descritos abaixo.
Pigmento Cor Metal Localizado em: Presente em:
Anelídeos e
Plasma
Moluscos
Hemoglobina Vermelha Fe
Glóbulos Vertebrados

Participação da caixa Hemoeritrina Vermelha Fe Glóbulos Anelídeos


torácica e do diafragma nos
movimentos de inspiração e expiração. Crustáceos,
Azul Cu Plasma Moluscos e
Hemocianina
O mecanismo da respiração de- Aracnídeos
pende de contrações musculares rít- Clorocruerina Verde Fe Plasma Anelídeos
micas, reguladas pelo sistema ner-
voso autônomo. O centro respiratório Vanadina Incolor V Plasma Tunicados
localiza-se no bulbo e, através da me-
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MÓDULO 8 Tipos de Circulação

1. GENERALIDADES furada (placa madrepórica), pela qual lares nos tecidos (sínus, lacunas ou
O sangue (fluido circulante) apre- penetra a água do mar. Nem este sis- hemocelas), nos quais o sangue se
senta, nos mamíferos, as seguintes tema ambulacrário nem qualquer ou- move lentamente (coração pouco
funções: tro sistema de canais do animal de- musculoso: desenvolve pressão san-
– Transporte de substâncias ali- sempenham papel de sistema circu- guínea baixa) e realiza troca de subs-
mentares da região de absorção (in- latório verdadeiro. tâncias com as células dos tecidos
testino) para as demais partes do adjacentes. Este sangue é coletado
corpo (células). por outros vasos ou lacunas que o
– Transporte de excretas para os trazem de volta ao coração. Como o
órgãos excretores (rins) a partir das sangue circula por lacunas, além de
demais partes do corpo. vasos, o sistema é denominado aber-
– Transporte dos gases respira- to ou lacunar.
tórios (oxigênio e dióxido de carbono)
entre os pulmões e as demais partes
do corpo.
– Transporte de hormônios (subs-
tâncias controladoras da atividade de
certos órgãos).
Estas funções são desempenha-
das pelo sistema circulatório (ou sis-
tema de transporte) com eficiência e
precisão nos animais vertebrados. Aparelho circulatório
de mexilhão (molusco).
Observação
No caso dos insetos, o sangue O coração dos artrópodes (ex.:
não participa do transporte de gases, inseto) é um tubo muscular longo. Em
pois eles apresentam respiração tra- cada segmento do corpo, ele apre-
queal e não possuem pigmentos res- senta dois ostíolos (aberturas) provi-
piratórios no sangue. dos de válvulas.
O sangue dos insetos não apre-
2. TIPOS DE SISTEMAS senta função no transporte de gases
Circulação do sangue nos mamíferos.
CIRCULATÓRIOS respiratórios.
Protozoários (ex.: ameba), porífe- Entre os moluscos, o sistema cir-
❑ Aberto ou lacunar
ros (ex.: esponja), celenterados (ex.: Nos moluscos e artrópodes, o sis- culatório é muito desenvolvido nos
hidra), platielmintos (ex.: planária) e tema circulatório está presente e é do cefalópodes (lula, polvo etc.).
asquelmintes (ex.: lombriga) não pos- tipo aberto. Neste tipo de sistema Os protocordados (ex.: anfioxo)
suem um verdadeiro sistema de trans- circulatório, os vasos sanguíneos também apresentam sistema circula-
porte. saem de um ou mais espaços irregu- tório aberto ou lacunar.
Nos celenterados (nas medusas),
encontra-se um sistema gastrovascu-
lar que não é um sistema circulatório Sistema circulatório Sistema circulatório
lacunar (aberto) fechado
verdadeiro: trata-se de um sistema de
canais, junto à cavidade gástrica, Coração pouco musculoso muito musculoso
pelos quais circula (entra e sai) a
água do mar.
Hemocelas presentes ausentes
Os equinodermas (ex.: estrela-do-
mar) constituem um grupo de animais
de relativo grande porte, mas sem sis- Capilares ausentes presentes
tema circulatório verdadeiro. Eles
apresentam sistema de vasos e la- Pressão sanguínea baixa alta
cunas pelo corpo, porém neles não
circula sangue. Na estrela-do-mar, por Velocidade de fluxo baixa alta
exemplo, há três sistemas de canais
diferentes. Um deles é o sistema am- Quantidade de alimentos
bulacrário, que é aberto livremente transportados por pequena grande
para o exterior por uma placa per- unidade de tempo

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mente alta, que varia de 30 a 45 mmHg. querdo para todo o organismo através
O sistema circulatório fechado do sistema arterial e, a seguir, o
está presente nos anelídeos e verte- retorno deste sangue ao átrio direito
brados. através do sistema venoso.
A circulação dupla pode ser com-
pleta ou incompleta. Nos anfíbios
3. CIRCULAÇÃO e nos répteis, é incompleta, porque a
NOS VERTEBRADOS anatomia do coração permite a
mistura do sangue venoso com o
Os vertebrados apresentam circu- arterial. Nas aves e nos mamíferos, a
Circulação simples de peixe.
lação fechada, que pode ser simples circulação é completa, porque o co-
❑ Fechado ou dupla. ração é completamente dividido em
Pressão arterial relativamente alta duas metades (a direita, onde passa o
e sustentada é característica dos ver- ❑ Circulação fechada simples sangue venoso, e a esquerda, onde
tebrados superiores. Depende da Nos vertebrados de respiração passa o sangue arterial).
contração poderosa dos ventrículos, branquial, a circulação é simples,
da elasticidade das paredes das arté- porque pelo coração só passa um tipo
4. CORAÇÃO
rias principais e da resistência peri- de sangue (venoso). O sangue
DOS MAMÍFEROS
férica dos vasos de menor calibre venoso que sai do coração é levado
(arteríolas). Nota-se, portanto, que ani- às brânquias, onde é oxigenado e daí
Contém dois átrios e dois ventrí-
mais de circulação aberta não distribuído pelas artérias para todo o
culos com separações completas. No
podem desenvolver pressões maiores corpo, retornando, a seguir, pelo sis-
embrião, os dois átrios se comunicam
e também constantes, pois seu co- tema venoso ao coração. É o caso
pelo forâmen oval ou forâmen de
ração é pouco musculoso e faltam as dos ciclostomados (ex.: lampreia) e
Botal, uma abertura no septo intera-
artérias de paredes elásticas e a re- peixes.
trial, que normalmente se fecha du-
sistência periférica (pois não há o sis- rante o desenvolvimento. Como nas
tema de arteríolas e capilares). ❑ Circulação fechada dupla aves, o seio venoso aparece só na
Entre os invertebrados, as pres- Nos vertebrados de respiração fase embrionária. No átrio direito, che-
sões sanguíneas mais altas foram en- pulmonar, a circulação é dupla (por- gam uma ou duas veias cavas an-
contradas em polvos e outros cefa- que pelo coração passam dois tipos teriores e uma veia cava posterior. Do
lópodes. As lacunas sanguíneas es- de sangue, o venoso e o arterial, ventrículo direito, parte um tronco
paçosas, características de outros fazendo dois ciclos ou circulações pulmonar que logo se bifurca em duas
moluscos, são nestes animais repre- pelo corpo). O ciclo ou circulação artérias pulmonares. Do ventrículo
sen- tadas por vasos definidos: arté- pulmonar (pequena circulação) é o esquerdo, parte a aorta, que se curva
rias, arteríolas, capilares, vênulas e trajeto do sangue entre o ventrículo para a esquerda. A válvula do orifício
veias, como nos vertebrados. Contra direito e o átrio esquerdo, passando atrioventricular direito é chamada
a resistência oferecida pelos vasos pelos pulmões. O ciclo geral (gran- tricúspide (três lâminas). O orifício
periféricos, o coração é capaz de es- de circulação ou sistêmica) é o per- ventricular esquerdo é guarnecido
tabe- lecer e manter pressão relativa- curso do sangue do ventrículo es- pela válvula bicúspide ou mitral.

Coração dos mamíferos. Esquema de circulação dupla (AD: átrio direito;


AE: átrio esquerdo; VD: ventrículo direito; VE: ventrículo esquerdo).
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QUADRO COMPARATIVO DA CIRCULAÇÃO NOS VERTEBRADOS

Ocorrência Seio venoso Átrio Ventrículo Bulbo Observações

Ciclostomados (ex.:
Iampreia), Circulação fechada e simples; pelo
1 1 1 1
condrictes (ex.: tubarão) coração, só passa sangue venoso.
e osteíctes (ex.: roncador)

Coanictes ou dipnoicos
2 incom-
(ex.: piramboia) e anfíbios
1 pletamente 1 1 Circulação fechada, dupla e incompleta.
urodelos perenebranquiados
divididos
(salamandra)

2 comple-
1
Demais anfíbios (ex.: sapo) 1 tamente 1 Circulação fechada, dupla e incompleta.
reduzido
divididos

2 incom- Circulação fechada, dupla e incompleta;


Répteis não crocodilianos
1 2 pletamente —— início do septo de Sabatier entre os ventrí-
(ex.: tartaruga)
divididos culos.

2 com- Circulação fechada, dupla e incompleta;


Répteis crocodilianos
1 2 pletamente —— mistura de sangue no Forâmen de Panizza
(crocodilo, jacaré etc.)
divididos e na junção das duas aortas.

Circulação fechada, dupla e completa.


Aves e mamíferos —— 2 2 —— Nas aves, a aorta curva-se para a direita;
nos mamíferos, para a esquerda.

MÓDULO 9 O Sangue Humano


1. GENERALIDADES osmótica no sangue. As gamaglo-
O sangue é formado por duas bulinas são também chamadas de
partes: o plasma (parte líquida) e os imunoglobulinas, por constituírem
elementos figurados (glóbulos verme- os anticorpos. O fibrinogênio é uma
lhos, glóbulos brancos e plaquetas). proteína relacionada à coagula-
O plasma é uma solução aquosa ção sanguínea.
de 90% de água e 10% de substân- Os elementos figurados do
cias representadas por proteínas (cer- sangue estão representados pelas
ca de 7% do total), sais minerais hemácias, leucócitos e pla-
(cerca de 0,9%), monossacarídios, quetas.
aminoácidos, ácidos graxos, glicerí-
deos, gorduras, colesterol e ureia. semelhante à do plasma, diferindo ❑ Eritrócitos ou hemácias
Além desses componentes, são en- deste especialmente em relação às São células sanguíneas produzi-
contrados no plasma sanguíneo os proteínas (maior concentração de pro- das pelo tecido conjuntivo hemato-
gases respiratórios (O2 e CO2), hor- teínas no plasma e bem menor no poético mieloide que se localiza no
mônios, enzimas etc. líquido intercelular). Entre as proteínas interior dos ossos (cranianos, vértebras,
Através das paredes dos capila- do plasma, encontram-se globulinas costelas e epífises dos ossos longos),
res, o plasma sanguíneo está em equi- (alfa, beta e gama), albuminas e fibri- formando a medula vermelha.
líbrio com o líquido intercelular dos nogênio. As albuminas têm papel fun- Durante a diferenciação celular,
tecidos, cuja composição química é damental na manutenção da pressão as hemácias dos mamíferos perdem
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núcleo, mitocôndria, sistema golgien- nhos que atinjam os tecidos. Essa formando um tampão que contribui
se e lisossomo. Elas não se dividem, defesa se faz por meio de duas para a obstrução do vaso. As plaque-
têm metabolismo baixo e vida aproxi- propriedades dos glóbulos brancos: tas participam da formação da trom-
mada de quatro meses. a diapedese, que é a propriedade boplastina, que é um fator indispen-
As hemácias dos demais verte- que têm os glóbulos brancos de, por sável para a coagulação do sangue.
brados (exceto mamíferos) são nu- movimento ameboide, atravessar a Além disso, contêm serotonina, subs-
cleadas. parede do capilar e deslocar-se atra- tância de ação vasoconstritora.
A hemácia é discoide, circular e vés do tecido conjuntivo; a fagoci-
bicôncava, apresentando cerca de 7 tose, que consiste em englobar no 2. COAGULAÇÃO DO SANGUE
micrômetros de diâmetro. seu citoplasma o elemento estranho.
Um homem apresenta aproxima- Os linfócitos, ao contrário dos O mecanismo da coagulação
damente 5,5 milhões de hemácias demais leucócitos, são pouco ativos sanguínea é muito complexo, sofren-
por milímetro cúbico de sangue, en- na fagocitose e são mais importantes do a ação de várias substâncias con-
quanto na mulher a quantidade é de na produção de anticorpos. No tecido tidas no plasma, nas plaquetas e nos
5 milhões. conjuntivo, os linfócitos transformam-se tecidos.
As hemácias são produzidas na em plasmócitos (células produtoras Em linhas gerais, a coagulação
medula óssea e destruídas principal- de anticorpos) e dão origem às cé- envolve a formação da tromboplastina
mente no baço. lulas rejeitadoras de enxerto, que in- pela ação dos fatores do plasma, das
Elas transportam gases respira- vadem órgãos transplantados entre plaquetas ou do tecido.
tórios (O2 e CO2). indivíduos. A tromboplastina, em presença
Os acidófilos, também chama- do íon Ca++ e de outros fatores plas-
❑ Leucócitos ou dos eosinófilos, são células fagocitá-
glóbulos brancos máticos, transforma a protrombina do
rias (porém menos ativas que os plasma na enzima trombina.
São células produzidas pelo teci- neutrófilos e monócitos), que aumen-
do hematopoético mieloide e linfoide. A trombina transforma o fibrino-
tam em número no sangue quando há gênio em fibrina.
São esféricas, quando mergulhadas manifestação de doenças alérgicas.
no plasma, e capazes de apresentar A fibrina, sendo uma proteína in-
Os basófilos têm função pouco
movimentos ameboides. solúvel, precipita-se, formando uma
conhecida. Como os mastócitos (cé-
Classificam-se em granulócitos, rede de filamentos. A deposição da
lulas de tecido conjuntivo), possuem
quando apresentam granulação cito- rede de fibrina na extremidade lesada
heparina e histamina. Além dessas
plasmática (neutrófilos, basófilos e no vaso retém os glóbulos sanguí-
substâncias, os basófilos contêm se-
acidófilos), e agranulócitos, quando neos, formando-se assim um tampão
rotonina. A serotonina e a histamina
não apresentam granulação citoplas- que obstrui o vaso lesado.
têm, respectivamente, ação vaso-
mática (monócitos e linfócitos). A protrombina forma-se no fígado,
constritora e vasodilatadora, e a he-
Os granulócitos são produzidos sendo necessária a vitamina K para a
parina tem papel anticoagulante.
na medula óssea; os agranulócitos, sua síntese, e, consequentemente,
Os neutrófilos constituem a pri-
nos gânglios linfáticos (principalmente para que haja a formação do coágulo.
meira linha de defesa contra a ação
no baço). A vitamina K é normalmente sin-
de micro-organismos. São bastante
ativos na fagocitose. tetizada por bactérias do intestino dos
Os monócitos, como os neutró- mamíferos, tornando-se deficitária,
filos, são muito ativos na fagocitose. portanto, quando a sua absorção for
Transformam-se em macrófagos, prejudicada.
que são células fagocitárias do tecido Uma substância de ação anticoa-
conjuntivo. Normalmente, o homem gulante é o dicumarol, produzido
apresenta de 4.300 a 10.000 leucó- por folhas de alguns trevos (trevo-
citos por mm3 de sangue. doce). O dicumarol age no fígado,
competindo com a vitamina K na for-
❑ Plaquetas ou trombócitos mação da protrombina (impede a for-
São corpúsculos citoplasmáticos mação desta última) e pode matar o
(anucleados) produzidos na medula gado, ocasionando hemorragias.
óssea. Sua forma é variável, e me- Como os íons cálcio são neces-
dem cerca de 3 micrômetros. Seu sários para a ação da tromboplastina,
Leucócitos humanos. número normal por mm3 de sangue a coagulação pode ser impedida pela
é de 150 mil a 500 mil. remoção desses íons, possibilitada
A principal função dos leucócitos Têm função na obstrução de va- pela adição de oxalato de sódio ou de
é a defesa do organismo contra a sos sanguíneos: quando há rupturas citrato de sódio (ou mesmo de amô-
ação de bactérias ou corpos estra- de vaso, as plaquetas aí se aglutinam, nio ou potássio).

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MÓDULO 10 O Sistema Linfático

1. CARACTERÍSTICAS plasma filtrado é o líquido intersticial, lular, há uma maior pressão osmótica
GERAIS pelo qual há o fornecimento de subs- no interior do vaso. Em consequên-
tâncias às células. É evidente que es- cia dessa diferença, tem-se movimen-
Está presente nos vertebrados e se líquido é modificado posterior- to de líquido dos espaços intercelu-
tem a mesma finalidade em todos mente em consequência das ativida- lares para o interior através da parede
eles. No homem, o sistema linfático des celulares. capilar (semipermeável). A pressão
está representado por um sistema de É mantido um equilíbrio desse flui- osmótica das proteínas plasmáticas é
vasos revestidos por endotélio, que do entre o sangue e os tecidos: não da ordem de 25mmHg. Desse modo,
recolhe o líquido intercelular e o de- chega a se formar excesso desse lí- observa-se um equilíbrio dinâmico do
volve ao sangue. O líquido, assim co- quido nos tecidos, porque ele é conti- movimento de líquido entre o sangue
lhido e transportado, recebe o nome nuamente reconduzido à corrente dos capilares e do líquido intercelular
de linfa e, ao contrário do sangue, sanguínea pelo sistema de vasos linfá- dos tecidos.
circula apenas num sentido, isto é, da ticos. O fluido, agora dentro dos vasos A pressão sanguínea força o flui-
periferia para o coração. linfáticos, é chamado linfa. O sis- te- do para fora do capilar, de maneira
De acordo com o calibre, os ca- ma linfático funciona como um receptor decrescente, da terminação arterial
nais do sistema são chamados capi- do excesso de líquido intersticial. para a terminação venosa. A pressão
lares (menor calibre), vasos e du- osmótica das proteínas (coloidosmóti-
tos linfáticos (maior calibre). ca ou oncótica) força o fluido dos es-
O duto ou canal torácico de- 2. HIPÓTESE DE STARLING paços intercelulares para o interior do
semboca na veia subclávia esquerda, capilar. Na terminação arterial do ca-
e a grande veia linfática ou duto As proteínas plasmáticas desem- pilar, sai mais fluido do que entra e, na
linfático direito desemboca na veia penham um papel importante na terminação venosa, verifica-se o con-
subclávia direita. A parede dos dutos transferência de líquido através da trário.
linfáticos tem estrutura semelhante à parede capilar. O líquido pode sair da
das veias. corrente sanguínea para o líquido
No trajeto dos vasos linfáticos, en- intercelular e também pode passar
contram-se dilatações denominadas dos espaços intercelulares para a cor-
gânglios linfáticos ou linfono- rente sanguínea. O sentido de passa-
dos. Tais gânglios são constituídos de gem do líquido é determinado pela
tecido conjuntivo hematopoético lin- pressão sanguínea dos capilares e
foide. Na sua parte interna, medular, pela pressão osmótica das proteínas
encontra-se uma trama reticular à qual do plasma.
se agregam células reticuloendoteliais Pressão sanguínea: em razão da
e ainda passagens denominadas si- sístole ventricular, o sangue é bom-
nusoides, revestidas por células fago- beado pelo sistema arterial sob alta
citárias. Por sua riqueza em macrófa- pressão. Essa pressão decresce à
gos, os linfonodos representam filtros medida que o sangue se distancia do
para a linfa, fagocitando elementos coração, de tal modo que, ao passar
estranhos. Neles, formam-se glóbulos das arteríolas para os capilares, atin-
brancos do tipo monócitos e, princi- ge valores de cerca de 35 mmHg. Na
palmente, linfócitos. Além disso, por saída dos capilares, o valor da pres-
sua riqueza em plasmócitos, represen- são sanguínea é de apenas 15 mmHg,
tam locais de formação de anticorpos. em média. Desse modo, a pressão
O líquido intersticial é também de- sanguínea média nos capilares é da
nominado líquido intercelular. É seme- ordem de 25mmHg. Esta pressão é
lhante ao plasma sanguíneo, embora suficiente para fazer extravasar o plas-
contenha bem menos proteínas. A ma sanguíneo (sem a maior parte das
pressão sanguínea faz com que o plas- proteínas) e chegar aos espaços inter-
ma atravesse as paredes dos ca- celulares.
pilares, com exceção das proteínas Em virtude da maior concentração
de grande peso molecular, e passe do plasma sanguíneo (apresenta pro-
para os espaços intercelulares. Esse teínas) em relação ao líquido interce- Hipótese de Starling.

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FRENTE 4 Biologia Vegetal

MÓDULO 1 Classificação dos Vegetais e Ciclo de Vida

1. CRITÉRIOS DE 3. OS CICLOS
CLASSIFICAÇÃO REPRODUTORES
As classificações dos vários gru- Nos vegetais, os ciclos de vida ou
pos vegetais baseiam-se em: reprodutores são classificados ba-
• tipos de reprodução e estru- seando-se no momento da meiose
turas reprodutoras; ou divisão reducional.
• homologias, isto é, estruturas A meiose é o processo em que a
de mesma origem embrionária. partir de uma célula diploide (2N) ob-
têm-se quatro células haploides (N).
2. AS CLASSIFICAÇÕES A meiose é dividida em três tipos: ❑ Seres haplodiplobiontes
VEGETAIS – Meiose inicial ou zigótica. (haplônticos – diplônticos)
O Reino Plantae (Vegetalia ou Apresentam meiose intermediária
– Meiose final ou gamética.
Metaphyta) atualmente é dividido em ou espórica. O ciclo é típico dos ve-
– Meiose intermediária ou espó-
quatro grupos: getais: algas, briófitas, pteridófitas,
1. Briófitas: musgos e hepáticas. rica. gimnospermas e angiospermas. Nes-
2. Pteridófitas: samambaias, aven- se ciclo de vida, surgem dois or-
cas, licopódios e selaginelas. ❑ Seres haplobiontes ganismos adultos: um diploide, cha-
3. Gimnospermas: pinheiros, ci- (haplônticos) mado esporófito e outro haploide,
cas e Ginkgo biloba. São aqueles que apresentam chamado gametófito.
4. Angiospermas: milho, arroz, meiose inicial ou zigótica. Algumas O esporófito, através da meiose,
trigo, feijão, soja e ervilha. espécies de algas são haplobiontes. produz células assexuadas: esporos.
Esses grupos apresentam em A alga possui um corpo haploide que O gametófito, através de mitoses,
comum: parede celular formada por produz gametas. Os gametas unem- produz células sexuadas, os gametas.
celulose; embriões protegidos por se para formar a única célula diploide Podem-se reconhecer, no ciclo
tecidos originados do corpo materno; do ciclo, o zigoto. Este, durante a haplodiplobionte, duas fases bem
cloroplastos contendo as clorofilas germinação, produz, por meiose, cé- distintas: uma haploide, produtora de
a e b, carotenos e xantofilas; reserva lulas haploides que darão, por mito- gametas, chamada geração game-
constituída por amido e reprodução ses consecutivas, novas algas ha- tofítica e outra diploide, produtora
por alternância de gerações (meta- ploides. de esporos, chamada geração
gênese), na qual a meiose é espórica esporofítica. Essas fases alternam-
(intermediária). se entre si para completar o ciclo de
Pelo fato de produzirem embriões, vida, constituindo a alternância de
são classificados como embriófitos. gerações ou metagênese. Quan-
Os embriófitos podem ou não de- do se analisa a metagênese, nos di-
senvolver tecido condutor (vascular), versos grupos vegetais, reconhece-
daí a classificação: rem-se diferenças quanto à duração
• Embriófitos avasculares: das fases esporofítica e gametofítica
representados pelas briófitas. e quanto à complexidade do espo-
rófito e gametófito. Assim, entre as
• Embriófitos vasculares ou ❑ Seres diplobiontes
algas, é muito comum o aparecimento
traqueófitos: são incluídas as pteri- (diplônticos)
de gametófitos e esporófitos igual-
dófitas, gimnospermas e angiospermas. São aqueles que apresentam
mente desenvolvidos.
Produzem sementes apenas as meiose final ou gamética. O ciclo
gimnospermas e angiospermas, por ocorre em algumas espécies de al-
isso recebem o nome de espermá- gas, é raro entre os vegetais, sendo
fitas ou espermatófitas. típico dos animais. A alga possui um
As únicas plantas que produzem corpo diploide que produz gametas,
flores e frutos são as angiospermas. através da meiose. Os gametas
As gimnospermas produzem es- unem-se e formam o zigoto. Este,
tróbilos (pinhas) e sementes. Não através de mitoses consecutivas,
formam verdadeiras flores. produz uma nova alga diploide.
– 291
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Nas briófitas, o gametófito é de- A figura a seguir mostra a evolução do esporófito e a involução do
senvolvido e duradouro, e o esporófito gametófito, nos diversos grupos vegetais.
é reduzido e dependente do ga-
metófito.
Nas pteridófitas, o gametófito é re-
duzido e transitório, enquanto o es-
porófito passa a ser vegetal desen-
volvido, complexo e duradouro. Nes-
tas plantas, ambos, gametófito e espo-
rófito, são verdes e independentes.
Nas fanerógamas (gimnospermas
e angiospermas), o esporófito é o
vegetal verde, complexo, duradouro e
visível, enquanto o gametófito é muito
reduzido e dependente do esporófito.

MÓDULO 2 Reprodução nas Criptógamas: Briófitas e Pteridófitas

1. AS CRIPTÓGAMAS Pode-se observar ainda que, na brófilas). Poucas espécies vivem em


(VEGETAIS INTERMEDIÁRIOS) metagênese, há uma fase haploide e água doce e nenhuma é marinha.
outra fase diploide que se alternam. Não possuem, evidentemente, flo-
Os vegetais intermediários são re-
Na fase diploide existe uma planta res, frutos e sementes (Figs. 1, 2 e 3).
presentados por dois grupos: brió-
assexuada chamada esporófito, e, O corpo primitivo é desprovido de
fitas (musgos, hepáticas e antóce-
na fase haploide, uma outra planta tecidos vasculares, e isso representa
ros) e pteridófitas (samambaias,
sexuada chamada gametófito. o fator responsável pelo tamanho re-
avencas, selaginellas, licopódios e ca-
duzido que caracteriza essas plantas.
valinhas). Esses vegetais nunca pro-
2. AS BRIÓFITAS (MUSGOS, Nesses vegetais, encontra-se
duzem flores, frutos e sementes. Os
HEPÁTICAS E ANTÓCEROS) uma nítida alternância de gerações
órgãos reprodutores são microscó-
(metagênese), em que o gametófito
picos e representados pelos arquegô-
As briófitas mais conhecidas são representa o vegetal verde, complexo
nios (乆) e anterídios (么). Por esse
os musgos e as hepáticas. São plantas e duradouro (permanente), enquanto
motivo, receberam o nome de crip-
muito primitivas, vivendo, na maioria o esporófito é um vegetal reduzido
tógamas (do grego kripton = es-
das vezes, em ambientes terrestres (transitório) e dependente (parasita)
condido + gama = casamento). São
úmidos e sombreados (plantas um- do gametófito.
plantas que dependem da água do
meio ambiente para a fecundação.
Apresentam um ciclo reprodutor com
nítida alternância de gerações (me-
tagênese), no qual a meiose é inter-
mediária ou espórica, isto é, ocorre
durante a formação do esporo.
O ciclo metagenético realiza-se
em duas fases: uma sexuada e outra
assexuada. Na fase sexuada, o
zigoto, formado da união do gameta
masculino (anterozoide) com o ga- Fig. 1 – Planta do gênero Anthoceros. Fig. 2 – Hepática do gênero Marchantia.
meta feminino (oosfera), divide-se por
mitose e origina um organismo de-
nominado esporófito. O esporófito,
por sua vez, se reproduz assexuada-
mente, formando esporos (momento
em que ocorre a meiose). Cada
esporo divide-se por mitose, dando
origem a um novo organismo chama-
do gametófito. É a partir da re-
produção sexuada do gametófito que
surgem novamente os gametas, que
darão início a um novo ciclo. Fig. 3 – Aspecto do gametófito e do esporófito de um musgo.
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Os gametófitos produzem os ór- anterozoides (gametas 么). No interior da cápsula, ocorre


gãos reprodutores representados pe- Para a fecundação, é indispensá- meiose para a formação dos esporos,
los arquegônios e anterídios. vel a água da chuva. Os anterídios que são todos iguais, motivo pelo qual
Os arquegônios são femininos, liquefazem as suas paredes e libertam tais plantas são isosporadas.
muito pequenos e apresentam a for- os anterozoides. Estes, com o auxílio Nos musgos a germinação dos
ma de uma garrafinha. de flagelos, nadam até atingir o arque-
esporos leva à formação de filamen-
No interior do arquegônio forma- gônio. O fenômeno é conhecido por
tos verdes, ramificados, com septos
se a oosfera (gameta 乆). Cada ar- quimiotactismo. Ocorrida a fecunda-
quegônio produz apenas uma oosfera. inclinados, denominados protone-
ção, o zigoto desenvolve-se sobre o
Os anterídios são órgãos mascu- gametófito 乆, originando o esporófito. mas. Estes formam espécies de “ge-
linos e apresentam forma de clava ou Este geralmente consta de uma haste mas” que crescem para a formação
esfera. No interior dos anterídios for- (seta) que suporta no ápice uma re- de gametófitos. Cada protonema é
mam-se muitas células espiraladas e gião dilatada, conhecida por cápsula capaz de produzir muitos gametó-
providas de dois flagelos, chamadas (esporângio). fitos.
OS ÓRGÃOS REPRODUTORES DAS CRIPTÓGAMAS (BRIÓFITAS E PTERIDÓFITAS)

Esquema do arquegônio, visto ao microscópio. Esquema do anterídio imaturo, visto ao microscópio.

CICLO DE VIDA DO MUSGO

Esquema do anterídio imaturo, visto ao microscópio.

3. REPRODUÇÃO fitas), isto é, desenvolvem tecidos es- vezes, possui raízes, caules e folhas.
NAS PTERIDÓFITAS pecializados para o transporte de Não forma flor, fruto nem semente.
As pteridófitas são plantas plu- seiva bruta (lenho ou xilema) e de As folhas produzidas pelo espo-
ricelulares, autótrofas, que vivem em seiva elaborada (líber ou floema). rófito recebem denominações con-
ambientes terrestres úmidos e som- Apresentam meiose intermediária forme a sua função. Assim, as folhas
breados, sendo a Mata Atlântica o há- ou espórica e uma alternância de verdes, que exercem apenas a fun-
bitat da maioria das espécies. Exis- gerações (metagênese) muito nítida, ção de fotossíntese, são chamadas
tem algumas espécies que vivem em ou seja, possuem gametófito e espo- trofofilos; as folhas férteis, que se
água doce, como as dos gêneros rófito macroscópicos e verdes. encarregam apenas da produção de
Salvinia e Azolla. Não existem espé- O esporófito é o vegetal comple- esporos, são esporofilos, e as fo-
cies marinhas. xo, com vida duradoura (permanen- lhas que exercem as duas funções
São plantas vasculares (traqueó- te); é autótrofo e, na maioria das são os trofoesporofilos.
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O esporófito produz esporângios, Pteridófitas isosporadas são aque- Quando os esporos germinam,
em cujo interior ocorrem a meiose e a las que produzem esporos morfolo- dão origem aos gametófitos ou próta-
produção de esporos. Em relação ao gicamente iguais, como as samam- los. O gametófito (prótalo) é um ve-
esporo produzido, existem dois baias, avencas, licopódios etc. getal verde (autótrofo), reduzido e
grupos de pteridófitas: isosporadas transitório, que aparece normalmente
e heterosporadas. como uma estrutura achatada (la-
minar), provida de rizoides na sua
face inferior. Os rizoides fixam o pró-
talo ao substrato, de onde retiram
água e íons minerais. A face inferior
do prótalo produz os órgãos repro-
dutores (gametângios), representados
pelos arquegônios e anterídios.
Cada arquegônio produz uma
Trofoesporofilos de samambaias. oosfera e cada anterídio produz mui-
Já as pteridófitas heterosporadas tos anterozoides, os quais, geralmente
produzem dois tipos de esporos: mi- dotados de muitos flagelos, são atraí-
Báculos de uma samambaia. crósporos, pequenos e numerosos, e dos para o arquegônio graças a subs-
Os báculos desenrolam-se macrósporos (megásporos), grandes e tâncias que este produz. O fenômeno
para formar a folhagem típica. em número de quatro. Ex.: selaginella. é conhecido por quimiotactismo.
CICLO DE VIDA DE UMA PTERIDÓFITA ISOSPORADA As pteridófitas dependem de
água para a fecundação.
A reprodução sexuada é chama-
da de oogamia (união de gametas
diferentes na forma e na função).
Quanto à classificação, as pteri-
dófitas são divididas em quatro clas-
ses:
1) Psilofitinea (Psilopsida): plantas
do gênero Psilotum.
2) Esquisetinea (Sphenopsida):
plantas do gênero Equisetum (cavali-
nha).
3) Lycopodinea (Lycopsida): plan-
tas dos gêneros Lycopodium e Sela-
ginella.
4) Filicinea (Pteropsida): é a clas-
se mais numerosa e corresponde às
plantas genericamente conhecidas
CICLO DE VIDA DE UMA PTERIDÓFITA ISOSPORADA como samambaias e avencas.
Alguns gêneros conhecidos:
Zigoto Esporófito Soro Esporângio
2n 2n 2n
• Davallia: renda portuguesa.
2n
• Dicksonia: samambaia-açu ou
Meio

Oosfera Arquegônio R! xaxim.


se

n n • Nephrolepsis: paulistinha.
• Platycerium: chifre-de-veado.
Prótalo Esporo
n n • Polypodium: samambaia de
metro.
Anterozoide Anterídio
n n • Adiantum: avenca.

Foto ampliada da face inferior de uma folha mostrando os soros. Esporófito de samambaia.

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MÓDULO 3 Pteridófitas Heterosporadas: Ciclo da Selaginella e Evolução Vegetal

1. INTRODUÇÃO a) Microsporofilos produtores de O domínio Archaea possui um


microsporângios. reino conhecido por Archaeabactéria.
As pteridófitas heterosporadas Os microsporângios produzem O domínio Bactéria possui um único
produzem dois tipos de esporos: mi- muitos esporos pequenos chamados reino chamado Eubactéria. Já o do-
crósporos, pequenos e numerosos, micrósporos. mínio Eucaria é subdividido em 4 Rei-
e macrósporos ou megásporos, b) Macrosporofilos (megasporofi- nos, a saber: Protista, Fungi, Plantae
grandes e produzidos em número de los) que produzem macrosporângios (vegetalia) e Animalia.
quatro. Como exemplo, citamos as (megasporângios). Estes produzem O Reino Plantae originou-se a
plantas do gênero Selaginella e al- apenas quatro esporos grandes cha- partir de Protistas que deram origem
gumas espécies de samambaias. mados macrósporos (megásporos). às algas vermelhas (Rhodophyta),
Na complementação do ciclo, os algas pardas (Phaeophyta) e algas
2. ESTUDO DA SELAGINELLA micrósporos desenvolvem micropró- verdes (Chlorophyta).
talos (gametófitos 么), cujas células se A partir das algas verdes origina-
A Selaginella é uma planta ge- transformam em anterozoides biflage- ram-se as plantas terrestres: briófitas,
ralmente rasteira com caules delga- lados. pteridófitas, gimnospermas e angios-
dos. Em algumas espécies, as folhas Os macrósporos são esporos maio- permas.
minúsculas estão colocadas em es- res (tamanho da cabeça de um alfi- O esquema abaixo mostra as
piral em torno do caule e são todas do nete). Quando germinam, produzem possíveis relações entre os grupos
mesmo tamanho. Em outras espécies, macroprótalos verdes, com vários ar- citados.
existem duas fileiras de folhas peque- quegônios, cada um contendo uma
nas e duas fileiras de folhas grandes. oosfera.
Do caule saem rizóforos (ramos sem Quando ocorre a fecundação, a ❑ Evidências da evolução
folhas) que se ramificam na base, for- oosfera une-se com um anterozoide e dos vegetais terrestres a
mando raízes delicadas, as quais se forma um zigoto. Existe a possibili- partir das algas verdes
ramificam dicotomicamente à medida dade da fecundação das várias oos- Todos os grupos (algas verdes,
que penetram no solo. feras contidas no macroprótalo, mas briófitas, pteridófitas, gimnospermas
Na época da reprodução, o espo- acaba ocorrendo apenas o cresci- e angiospermas) apresentam em co-
rófito de Selaginella produz, no ápice mento e desenvolvimento de um zigo- mum:
das ramificações do caule, estruturas to para formar um novo esporófito. • Os mesmos tipos de clorofilas
especiais chamadas estróbilos. Os (A e B);
estróbilos são formados por folhas • pigmentos carotenoides, espe-
3. A EVOLUÇÃO VEGETAL
férteis chamadas esporofilos. Os cialmente o βeta-caroteno;
esporofilos são estruturas produtoras Atualmente, os seres vivos são • reserva de amido;
de esporângios, no interior dos quais divididos em três domínios: • parede celular de natureza
ocorre meiose para a formação de es- 1. Archaea celulósica;
poros. Podemos distinguir dois tipos 2. Bactéria • semelhança no DNA dos cloro-
de esporofilos: 3. Eucaria plastos.

CICLO DE VIDA DE UMA SELAGINELLA EVOLUÇÃO DOS GRUPOS VEGETAIS

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❑ A transição fotossíntese só pode ocorrer onde grupos: isosporadas ou homospora-


para o meio terrestre existe luz. As plantas terrestres de- das e heterosporadas. As heteros-
A vida originou-se no mar e a senvolveram raízes para a fixação e poradas evoluíram para dar origem às
maior parte dos filos, particularmente absorção no solo e folhas, portadoras gimnospermas e às angiospermas.
o das algas e invertebrados, ainda de clorofila para a fotossíntese, acima
são predominantemente ou exclusiva- do solo. Assim, para atingir um porte
mente marinhos. maior, precisam de um sistema rápido
A maior parte dos organismos ter- de transporte entre o solo e as folhas.
restres provavelmente faz sua transi- Mas o meio terrestre é dessecante e
ção do mar para o meio aéreo através os órgãos aéreos devem ser prote-
da água doce dos rios e lagos. A gidos contra a evaporação excessiva
primeira adaptação foi, sem dúvida, à da água. Isto foi conseguido com o
falta de sais dissolvidos na água, isto aparecimento de uma película cerosa São considerados fatores evolu-
é, relacionada ao equilíbrio osmótico conhecida como cutícula. A cutícula tivos importantes na evolução das
do corpo. Depois disso houve a pas- impermeabiliza os órgãos aéreos, mas plantas com sementes:
sagem para o meio terrestre. dificulta a realização de trocas gaso- • aparecimento da heterosporia
Entre as plantas, as algas verdes sas com o meio ambiente. Foi decisi- (formação de micrósporos e megás-
tiveram êxito na transição da água va, ao lado do aparecimento da cutí- poros);
salgada para a doce. Atualmente, o cula, a formação dos estômatos. • endosporia (germinação do me-
número maior de espécies de cloró- As algas verdes que deram gásporo no interior do megasporân-
fitas encontra-se na água doce e nos origem aos vegetais terrestres eram gio).
meios terrestres úmidos. As espécies multicelulares e apresentavam meiose Como consequências da endos-
marinhas são menos numerosas. espórica, isto é, o ciclo de vida era poria têm-se o surgimento da polini-
Um grupo de plantas atuais, as com alternância de gerações (meta- zação, a independência da água do
briófitas (musgos e hepáticas), exi- gênese). A partir delas podem ter meio ambiente para a fecundação e a
bem características de transição entre ocorrido duas situações: formação da semente. Todos estes
a água e a terra. Vivem em ambientes fatos podem ter ocorrido em alguns
úmidos e sombreados pelo fato de grupos fósseis como o das pteri-
não possuírem dois predicados im- dospermas. Nas gimnospermas, a
prescindíveis ao êxito total na vida novidade foi o aparecimento de um
terrestre: integumento recobrindo e protegendo
• sistema de transporte de nu- o megasporângio, dando origem ao
trientes e óvulo.
• dependência de água para a Nas angiospermas, o megaespo-
união dos gametas. rofilo (folha carpelar) cresceu em torno
No meio terrestre a presença do do óvulo, dando origem ao gineceu
tecido vascular é indispensável. As ❑ A evolução das (ovário), que passa a proteger o
plantas aquáticas podem absorver espermáfitas óvulo. Após a fecundação, o óvulo
através de toda a superfície do corpo, (plantas com sementes) dá origem à semente e o ovário, ao
mas as terrestres só obtêm água e As pteridófitas quanto à produção fruto, estrutura exclusiva das an-
nutrientes do solo. Por outro lado, a de esporos são subdivididas em dois giospermas.

MÓDULO 4 Reprodução nas Gimnospermas

1. CARACTERÍSTICAS reduzidos em tamanho, tempo de vida


GERAIS DAS e complexidade, e dependentes do
GIMNOSPERMAS esporófito.

São plantas terrestres de grande


porte (árvores e arbustos), vasculares,
que vivem de preferência em climas
frios. Apresentam metagênese pouco
nítida.
O esporófito é o vegetal verde,
complexo e duradouro, organizado em
raiz, caule, folha, estróbilos e sementes.
Os gametófitos são dioicos, Estróbilos 么. Estróbilos 乆. Pinheiro.
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O gametófito (么) chama-se tubo do estruturas compactas denomina- quegônios muito rudimentares, dentro
polínico ou microprótalo. Em algumas das esporofilos, cones ou pinhas. dos quais aparecem oosferas.
gimnospermas primitivas, os gametas Esses estróbilos são unissexuados: há
(么) ainda são os anterozoides; nas os cones 么 e os cones 乆. ❑ Polinização
mais evoluídas, como os pinheiros, os A polinização é feita pelo vento
gametas são as células espermá- ❑ Estróbilo 么 (anemofilia). O grão de pólen é trans-
ticas ou núcleos espermáticos. O estróbilo masculino é formado portado até a câmara polínica, onde
O gametófito (乆) chama-se sa- por um eixo, em torno do qual se in- germina.
co embrionário ou megaprótalo serem os microesporofilos produtores
e forma-se no interior do óvulo. O me- de microesporângios (sacos políni- ❑ Formação do tubo
cos), em cujo interior encontramos os polínico
gaprótalo produz arquegônios bas-
grãos de pólen (micrósporos). O grão de As células acessórias envolvem
tante rudimentares, no interior dos
pólen é pluricelular: tem duas mem- as células do grão de pólen e formam
quais se encontram os gametas fe-
branas (exina e intina). A exina forma a parede do tubo polínico. A célula ge-
mininos chamados oosferas. Cada ar-
expansões cheias de ar (sacos aé- ratriz divide-se, formando dois núcleos
quegônio produz apenas uma oosfera.
reos, em cujo interior encontramos a espermáticos (gametas masculinos).
2. CLASSIFICAÇÃO célula geratriz, a célula vegetativa e as
Há quatro classes com represen- células acessórias). ❑ Fecundação
tantes atuais: A presença de várias oosferas no
1°.) Cicadinae: são dotados de um ❑ Estróbilo 乆 óvulo permite a fecundação por vários
tronco não ramificado, com folhas ge- O estróbilo feminino também é núcleos espermáticos de vários tubos
formado por um eixo, em torno do qual polínicos, formando vários zigotos;
ralmente penadas no ápice e dioicas.
se inserem os megasporofilos (folhas contudo, apenas um embrião se de-
Exemplo: Cycas.
carpelares), responsáveis pela produ- senvolve. Nas gimnospermas é fre-
2°.) Ginkgoinae: há um único re-
ção de óvulos em número variável. quente a poliembrionia, mas, dos vá-
presentante atual: Ginkgo biloba,
rios embriões formados, apenas um
encontrado na China e no Japão.
❑ Estrutura do óvulo se desenvolve.
3°.) Coniferae: grupo mais impor-
O óvulo é revestido por um único Após a fecundação, o tecido do
tante atualmente. Exemplos: Araucaria,
integumento. Abaixo da micrópila megaprótalo (N) forma o endosper-
Pinus, Cedrus, sequoia, Cupressus etc.
situa-se a câmara polínica, destinada ma primário, tecido cuja função é
4°.) Gnetinae: há dois representan-
a receber os grãos de pólen. acumular reserva. Essas plantas não
tes: Ephedra e Gnetum.
O integumento reveste o nucelo dependem de água do meio ambiente
3. REPRODUÇÃO (megasporângio). Uma célula do nucelo para a fecundação.
As gimnospermas produzem es- sofre meiose, dando origem a quatro O embrião das gimnospermas
tróbilos e sementes, mas nunca pro- células haploides, das quais três de- tem muitos cotilédones.
duzem frutos. ge neram. A célula que persiste (me- O óvulo fecundado evolui e forma
gásporo) divide-se por mitose e acaba a semente, mas não forma fruto;
❑ Estróbilos por formar o megaprótalo (gametófito daí a designação que estas plantas
Os estróbilos reúnem-se, forman- 乆), que, por sua vez, dá origem a ar- recebem: gimnosperma = semente nua.
CICLO DE VIDA DO PINHEIRO

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MÓDULO 5 Reprodução nas Angiospermas

1. CARACTERÍSTICAS ganização da flor, estrutura da raiz e Estames ou microsporofilos


GERAIS DAS caule, tipo de nervação da folha etc. formam o aparelho reprodutor mascu-
ANGIOSPERMAS lino. Androceu é o conjunto de es-
As angiospermas são as plantas – .
tames.
mais adaptadas aos ambientes terres- Carpelos, folhas carpelares,
– .
tres. São encontradas nos mais va- pistilos ou megaesporofilos for-
– .
riados lugares: desde os muito úmidos mam o aparelho reprodutor feminino.
– .
até os desérticos. Poucas são as O conjunto de carpelos forma o gi-
– . neceu.
espécies que vivem em água doce.
Existem raríssimas espécies ma- Perigônio: quando os elemen-
rinhas. Podem ser ervas, arbustos ou – . tos do cálice ficam iguais ao da coro-
árvores. – .
la, quanto à forma e cor. Cada ele-
A maioria apresenta nutrição au- –
mento floral do perigônio chama-se
.
tótrofa fotossintetizante, mas existem tépala.
– .
algumas espécies holoparasitas, co- Bráctea: folha modificada para
– . a proteção da flor ou da inflorescên-
mo o cipó-chumbo, que não possuem
clorofila e não realizam fotossíntese. cia. Ex.: palha da espiga do milho.
Estes vegetais retiram a seiva ela- ❑ Flor
borada de outro vegetal hospedeiro. A flor é um conjunto de folhas mo-
Muitas espécies são epífitas, isto dificadas para a função de reprodu-
é, vivem apoiadas sobre ramos de ou- ção.
tros vegetais, com a única finalidade Uma flor completa é composta
de obter maior luminosidade. Existem por pedúnculo floral, sépalas, pétalas,
muitas espécies de orquídeas e bro- estames e carpelos. Sépalas e péta-
mélias epífitas. las formam o perianto ou verticilos de
Quanto ao ciclo reprodutor, as an- proteção. Estames e carpelos consti-
giospermas apresentam meiose inter- tuem os verticilos de reprodução.
mediária ou espórica e uma alter- Sépalas são folhas geralmente
nância de gerações pouco nítida. verdes. O conjunto de sépalas forma o
A planta que vemos crescer na cálice da flor.
natureza é o esporófito, organizado Pétalas são folhas coloridas ge-
em raiz, caule e folhas e produtor de ralmente diferentes do verde. Ao con- Organização da flor.
flores, frutos e sementes. Estes vege- junto de pétalas chama-se corola.
tais são os únicos que formam frutos.
Os gametófitos são dioicos, ex- A tabela abaixo mostra as diferenças existentes entre monocotiledôneas e dicotiledôneas.
tremamente reduzidos e dependentes
do esporófito. Na verdade, crescem
no interior da flor.
O gametófito feminino é o saco
embrionário (megaprótalo) contido
no óvulo. Não forma arquegônio e
possui uma única oosfera (gameta
乆).
O gametófito masculino é o tubo
polínico (microprótalo), no interior do
qual se formam dois núcleos es-
permáticos (gaméticos), que re-
presentam os gametas 么.
Não dependem de água para a
fecundação.
As angiospermas são divididas
em dois grupos: monocotiledô-
neas e dicotiledôneas. Estes dois
grupos podem ser reconhecidos por
uma série de características, dentre
as quais: número de cotilédones, or-
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MÓDULO 6 Androceu e Polinização


1. ANDROCEU 2. POLINIZAÇÃO 4. POLINIZAÇÃO
Representa o aparelho reprodutor Polinização é o processo de INDIRETA OU CRUZADA
masculino. É constituído por um con- transporte do pólen desde a antera, O grão de pólen é transportado
junto de unidades chamadas esta- onde foi produzido, até o estigma do da antera de uma flor até o estigma de
mes. O estame é dividido em três gineceu. Pode ser direta ou autopo- uma outra flor, podendo, esta última,
partes: antera, filete e conectivo. linização, e indireta ou cruzada. estar na mesma planta ou em outra
A antera é a parte fértil na qual, planta. Quando a polinização é feita
3. POLINIZAÇÃO DIRETA
por meiose, ocorre a formação dos em outra planta, há verdadeira polini-
OU AUTOPOLINIZAÇÃO
grãos de pólen. A antera apresenta zação cruzada. A polinização cruzada
O grão de pólen cai no estigma
em seu interior quatro maciços celu- leva à fecundação cruzada e, conse-
da própria flor. Este fenômeno ocorre
lares chamados sacos polínicos. Ca- quentemente, à produção de descen-
de preferência em flores cleistogâmi-
da célula do saco polínico é chamada dência heterozigota (híbrida).
cas (fechadas), como, por exemplo, a
célula-mãe; divide-se por meiose para Os agentes polinizadores das an-
ervilha. A autopolinização leva à au-
dar origem a quatro células haploides giospermas são variados:
tofecundação que, por sua vez, leva
chamadas micrósporos. O núcleo de
ao aparecimento de descendência
cada micrósporo divide-se por mitose
homozigota.
e dá origem a dois núcleos haploides,
Os indivíduos mais adaptados
contidos em um único citoplasma.
para sobreviver são, no entanto, os A flor de
Cada célula desta, binucleada, cha- hibisco é
ma-se grão de pólen ou simples- heterozigotos, obtidos por fecundação
cruzada. Por este motivo, as plantas polinizada
mente pólen. O grão de pólen é por insetos
desenvolvem vários mecanismos que e beija-flores.
constituído por uma membrana exter-
evitam a autofecundação. São eles: ❑ Entomofilia
na designada exina, uma membrana
interna chamada intina e um citoplas- É o tipo mais importante de
ma, dentro do qual aparecem dois nú- ❑ Dicogamia polinização e realiza-se por meio de
cleos, um vegetativo e outro germi- Consiste no amadurecimento dos insetos. As flores são perfumadas e
nativo ou reprodutor. órgãos reprodutores em épocas dife- exibem corolas ou brácteas coloridas
rentes. A dicogamia pode ser de dois e atraentes aos insetos. Elas possuem
tipos: espécies de glândulas chamadas
nectários, que servem para produzir
• Protandria: quando amadu-
uma solução adocicada chamada
recem primeiramente os órgãos mas- néctar, um alimento para o inseto.
culinos e, posteriormente, os órgãos
femininos.
• Protoginia: quando amadu-
recem primeiramente os órgãos femi-
Formação do grão de pólen. ninos e, posteriormente, os órgãos
masculinos. Abelha
polinizando uma
Quando o grão de pólen germina, flor de composta.
origina o tubo polínico (microprótalo ❑ Dioicia
É o aparecimento de indivíduos
ou gametófito 么).
com sexos separados: uma planta
O núcleo germinativo divide-se masculina e outra feminina.
por mitose e origina os dois núcleos
espermáticos (gametas 么). ❑ Hercogamia
Ocorre uma barreira física que
separa o androceu do gineceu.

❑ Heterostilia
É a existência, nas flores, de es- Borboleta
tames com filetes curtos e estiletes polinizando flor
de composta.
longos.
❑ Ornitofilia
❑ Autoesterilidade É a polinização realizada por
Neste caso, a flor é estéril em rela-
pássaros, como os beija-flores. Estes
ção ao pólen que ela mesma produz.
Estrutura do tubo polínico. animais são atraídos para as flores co-
– 299
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loridas, geralmente tubulosas e pro- ❑ Anemofilia ❑ Quiropterofilia


dutoras de néctar. É o tipo de polinização que se É a polinização feita por morce-
realiza pelo vento. As flores são des- gos. As flores são grandes, abrem-se
providas de cálice e corola (aperian- à noite e são perfumadas.
tadas), possuem numerosos estames,
grande quantidade de pólen seco,
pulverulento, que flutua facilmente no
ar. O estigma do gineceu é amplo e
às vezes plumoso.

Os morcegos podem se
alimentar de néctar e de
frutos, entre outros tipos de alimentação.

❑ Hidrofilia
É a polinização realizada pela
água. Trata-se de um fenômeno raro.

Beija-flor realizando polinização. O milho é polinizado pelo vento.

MÓDULO 7 Gineceu e Fecundação


1. GINECEU
O gineceu é formado por folhas carpelares,
carpelos ou pistilos.
O gineceu é dividido em três partes: estigma,
estilete e ovário.
O estigma é a parte superior do gineceu, que
aparece dilatada e rica em glândulas produtoras de
uma substância viscosa. Esta substância torna o
estigma receptivo e permite aderência do pólen. É
ainda sobre o estigma que ocorre germinação do pólen
e a consequente formação do tubo polínico.
O estilete é um tubo longo que serve de substrato
para o crescimento do tubo polínico.
O ovário é a porção basal, dilatada e oca, onde
crescem os óvulos. No interior do ovário, pode-se
formar um, dezenas ou às vezes centenas de óvulos.
O óvulo é uma estrutura complexa dentro da qual
será formada a oosfera (gameta 乆). Apresenta dois
integumentos protetores chamados primina e
secundina. Esses integumentos não se fecham,
deixando entre eles um poro chamado micrópila. Crescimento do tubo polínico e fecundação.
No interior dos integumentos, existe o
megaesporângio, que possui uma célula volumosa chamada oosfera (gameta núcleos polares. O saco
chamada célula-mãe do megásporo. Esta célula 乆), ladeada por duas célu- embrionário fica revestido e
divide-se por meiose para formar quatro megásporos, las chamadas sinérgides. protegido pela parede do
dos quais três são pequenos e logo degeneram e o que No lado oposto à oosfera, megaesporângio, chamada
resta é o megásporo fértil. O megásporo germina existem três células denomi- agora nucelo.
quando seu núcleo se divide por mitoses. São três nadas antípodas e, no
mitoses consecutivas, que levam à formação de oito centro do saco embrionário, 2. FECUNDAÇÃO
células, as quais vão organizar o saco embrionário existe um citoplasma provido Quando o grão de pólen
(gametófito 乆). O saco embrionário possui uma célula de dois núcleos chamados cai no estigma de uma flor,
300 –
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ocorre a sua germinação: o grão de pólen hidrata-se, rompe-se


a exina e projeta-se a intina, formando o tubo polínico. Uma vez
formado o tubo polínico, inicia-se seu crescimento ao longo do
estilete (quimiotropismo). O núcleo germinativo divide-se por
mitose e forma os dois núcleos espermáticos ou gaméticos. O
tubo polínico alcança o ovário, penetra no óvulo através da micró-
pila e ocorre uma dupla fecundação: 1.o núcleo espermático +
+ oosfera → zigoto (2n); 2.o núcleo espermático + 2 núcleos po-
lares → zigoto (3n).
Uma vez ocorrida a fecundação, há murchamento e queda
das pétalas, sépalas e estames. O óvulo fecundado
desenvolve-se e forma a semente. No interior do óvulo, o zigoto
3n divide-se por mitose e forma um tecido de reserva chamado
endosperma secundário ou albúmen. Após a formação do
endosperma, o zigoto 2n divide-se por mitose e forma o
embrião.
A semente, agora em desenvolvimento, produz AIA e
giberelinas, que promovem o desenvolvimento do ovário para
a formação do fruto.

Formação do saco embrionário.

MÓDULO 8 Fruto e Semente

1. FRUTO tém muitas sementes. Ex.: mamão, – Cápsula loculicida = algodão


O fruto é o ovário fecundado e de- goiaba, uva, tomate, abóbora, pepino, – Cápsula poricida = papoula
senvolvido. Apresenta-se constituído pimentão. – Pixídio = eucalipto, sapucaia
por três paredes: epicarpo, meso- Drupa – apresenta mesocarpo – Vagem = feijão, ervilha
carpo e endocarpo. Ao conjunto carnoso e endocarpo duro, formando
Indeiscentes:
das três paredes dá-se o nome de o caroço, no interior do qual se en-
– Aquênio = girassol, erva-doce
pericarpo. contra uma semente. Ex.: ameixa,
– Cariopse = milho, arroz e trigo
O pericarpo pode ou não acumu- pêssego, azeitona, manga.
– Sâmara = tipuana, pau-d’alho,
lar substâncias de reserva (frutos car-
guapuruvu
nosos ou secos).
O pericarpo às vezes se abre pa- ❑ Pseudofruto simples
ra liberação de sementes (frutos deis- É aquele em que a parte que se
centes) ou não se abre, encerrando desenvolve e se torna comestível não
no seu interior as sementes (frutos é o ovário, mas sim outra parte da flor.
indeiscentes). Assim, temos:
Os frutos protegem as sementes e Caju – a parte suculenta é o pe-
estão relacionados com o fenômeno da dúnculo floral e o fruto verdadeiro é a
disseminação (dispersão das semen- castanha-de-caju (aquênio).
tes). Os frutos carnosos se tornam Maçã, pera, marmelo – a par-
atraentes quando maduros. Os animais te comestível é o receptáculo floral
alimentam-se de suas reservas e es- que envolve o fruto verdadeiro.
palham as sementes, garantindo a dis-
persão da espécie. Os frutos secos ❑ Pseudofruto múltiplo
providos de ganchos ou espinhos Morango – existe um único recep-
aderem ao corpo dos animais. Aqueles táculo desenvolvido, no qual encon-
providos de pelos e expansões aladas tramos grande número de frutículos.
são dispersos pelo vento.
❑ Pseudofruto
2. TIPOS DE FRUTOS composto ou infrutescência
❑ Frutos carnosos ❑ Frutos secos Origina-se do desenvolvimento
Baga – apresenta o mesocarpo Deiscentes: de uma inflorescência, como é o caso
ou endocarpo carnoso e o epicarpo – Folículo = esporinha do abacaxi, da espiga de milho,
formando películas. Geralmente con- – Cápsula septicida = fumo do figo etc.
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Nas gramíneas, o epicótilo é re- necem grandes quantidades de ener-


coberto e protegido por uma espécie gia por unidade de peso. Além de
de capuz chamado coleóptile. O co- lípides, possuem proteínas, car-
leóptile é considerado uma folha modi- boidratos e componentes do cito-
ficada para a proteção do caulículo. plasma, como ácidos nucleicos,
vitaminas, coenzimas, enzimas
e sais minerais. A predominância
dessas substâncias varia de semente
para semente.
O teor em água das sementes é
muito baixo, em torno de 5% a 20%
do peso fresco. (Os tecidos ativos ve-
getais normalmente possuem de 80%
Grão de milho. a 95% de água). Em razão do baixo
teor hídrico, o metabolismo das se-
6. A GERMINAÇÃO mentes é muito baixo.
DA SEMENTE Durante a germinação, o primeiro
A semente madura, quando libe- fenômeno que ocorre é a absorção
3. SEMENTE rada pela planta, geralmente possui de água, que envolve tanto embe-
A semente aparece organizada um embrião em estado de dormên- bição como osmose.
em tegumento ou casca, que é for- cia, isto é, metabolicamente inativo, As enzimas, presentes na semen-
mada pela testa e pelo tégmen, com capaz de suportar condições adver- te, agora hidratada, promovem a hi-
função de proteção e disseminação, e sas do meio ambiente, além de uma drólise das reservas insolúveis. Assim
amêndoa, que é composta do en- quantidade razoável de reserva. A sendo, o amido é hidrolisado até a
dosperma secundário e do embrião. quantidade de reserva é bastante formação de glicose. A glicose é uti-
variável. Assim, em sementes de al- lizada na respiração da plântula que
4. ENDOSPERMA face, muito pequenas, as reservas inicia o seu crescimento.
SECUNDÁRIO OU ALBÚMEN são suficientes para manter o cresci- As outras substâncias também hi-
É um tecido de reserva utilizado mento do embrião durante alguns drolisadas são utilizadas na respira-
na formação do embrião. As sementes dias. Nas sementes de ervilha, que ção celular e nas regiões de cresci-
maduras podem apresentá-lo ou não. são maiores, as reservas são suficien- mento da plântula. Os tecidos de re-
Assim, as gramíneas (milho, arroz, tes para várias semanas e, num caso serva são gastos e desaparecem, co-
trigo etc.) e as sementes de mamona extremo, como o do coco-da-baía, a mo o endosperma; outros morrem e
apresentam o endosperma, enquanto plântula, num período de 15 meses, só secam, como acontece com os cotilé-
as sementes de feijão, ervilha e soja consome metade das reservas acu- dones.
não possuem este tecido, e a reserva muladas. A temperatura é um fator decisivo
fica contida nos cotilédones. As reservas das sementes são na germinação das sementes, assim
constituídas por lípides, principal- como o teor de oxigênio do meio am-
5. EMBRIÃO mente óleos, uma vez que estes for- biente.
É constituído por um eixo dividido
em duas partes: radícula e caulículo.
O caulículo divide-se em duas por-
ções: hipocótilo e epicótilo, basean-
do-se na inserção dos cotilédones.
No ápice do caulículo, existe uma ge-
ma apical chamada gêmula ou plú-
mula.
Nas monocotiledôneas, só existe
um cotilédone (escutelo), que atua na
digestão e absorção do endosperma. Fases da germinação da semente de feijão (dicotiledônea).
Já nas dicotiledôneas existem nor-
malmente dois cotilédones, cheios de
substância de reserva.

Semente de feijão. Fases da germinação da semente de milho (monocotiledônea).

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MÓDULO 9 Célula Vegetal


Uma célula vegetal é muito semelhante à animal, mas
algumas estruturas são encontradas exclusivamente em
vegetais, entre elas:
– parede celulósica (membrana celulósica);
– plastos (plastídeos).

1. PAREDE CELULÓSICA

É uma membrana que envolve e protege o


protoplasma (matéria viva da célula). É uma parede
morta, resistente à tensão e à decomposição, dotada
de certa elasticidade e permeável.
Os principais componentes desta parede são os
polissacarídeos – (C6H10O5)n –, sendo a celulose o mais
importante. Outras substâncias podem estar presentes,
como a suberina, a cutina e a lignina.
As paredes celulósicas de células vizinhas são
unidas entre si pela lamela média composta de pec-
tatos de cálcio e magnésio e formada na telófase
da divisão celular.
A parede celulósica apresenta poros, atravessados
por pontes citoplasmáticas, os plasmodesmos, que
permitem as trocas de substâncias entre as células.

2. PLASTOS OU PLASTÍDEOS

São organoides citoplasmáticos exclusivos de


vegetais. Originam-se por divisões de outros plastos pre-
existentes e são classificados em cromoplastos e
leucoplastos.
Esquema de uma célula vegetal ideal vista ao microscópio
• Os cromoplastos são providos de pigmentos e eletrônico.
classificados em: cloroplastos, ricos em clorofilas; xan-
toplastos, quando possuem xantofilas (amarelos); eritro- 3. VACÚOLOS
plastos com carotenos (alaranjados ou vermelhos). São grandes cavidades encontradas no interior das
• Os leucoplastos não possuem pigmentos e células, originadas do retículo endoplasmático. São delimi-
relacionam-se com o armazenamento de várias subs- tados por membranas, denominadas tonoplastos, e con-
tâncias, entre elas o amido, principal reserva dos têm soluções, com concentrações variadas, de várias
vegetais. Estes plastos são chamados amiloplastos ou substâncias, entre elas açúcares e sais minerais. Os
grãos de amido. vacúolos têm função de reserva e regulação
osmótica (controlam a entrada e saída de água da célula).

MÓDULO 10 Estrutura da Folha e Fotossíntese

1. FOLHA – ÓRGÃO permitir a passagem da luz. do solo, e floema (líber), que trans-
DA FOTOSSÍNTESE Na estrutura da folha, observam-se: porta os açúcares, produzidos na
• Epiderme com estômatos, fotossíntese, para outras partes do
A folha é o órgão da planta adap-
para a realização de todas as trocas corpo da planta. Esses tecidos vas-
tado para a função de fotossíntese,
gasosas, e cutícula, película im- culares formam as nervuras da folha.
isto é, a produção de matéria orgâ-
permeável que impede a excessiva • Parênquimas clorofilianos
nica a partir de inorgânica (CO2 e
perda de água por transpiração. (paliçádico e lacunoso), cujas
H2O), utilizando energia luminosa.
• Tecidos vasculares: xile- células são ricas em cloroplastos,
Para tanto, a folha apresenta grande
ma (lenho), que chega à folha con- onde se realizam todos os fenômenos
superfície para aumentar a captação
duzindo água e minerais absorvidos da fotossíntese.
de luz e pequena espessura para
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Morfologia da folha: mica que pode ser expressa pela ❑ Estômatos


reação: São estruturas encontradas na
Luz epiderme dos órgãos aéreos das plan-
12 H2O + 6CO2 ⎯⎯⎯⎯→
Clorofila tas. O maior número de estômatos
aparece nas folhas, mas também são
→ C6H12O6 + 6H2O + 6O2 encontrados nos caules, flores e frutos.
Em relação à localização dos estô-
matos, as folhas podem ser classifi-
Anatomia da folha: cadas em três tipos: epiestomáticas,
hipoestomáticas e anfiestomáticas. As
folhas mais comuns são aquelas que
apresentam estômatos nas duas epi-
dermes (anfiestomáticas).

Fenômeno da fotossíntese.

Estrutura do cloroplasto
Ao microscópio eletrônico, o cloro-
plasto mostra a seguinte organização:
Corte transversal da folha. – Membrana
plastidial externa Vista frontal
❑ Cloroplastos Membrana que reveste externa- da epiderme com estômatos.
São plastos verdes, em razão da mente o plasto, contínua e de compo-
presença das clorofilas. Neles, reali- sição química lipoproteica.
zam-se todas as etapas da fotossín- – Membrana
tese. plastidial interna
A fotossíntese é a transformação Membrana situada abaixo da plas-
da energia luminosa em energia quí- tidial externa, de composição química
lipoproteica.
– Estroma ou
matriz
Região amorfa do Corte transversal da folha com estômatos.
cloroplasto formada prin- – Estrutura
cipalmente por proteínas, O estômato é constituído por duas
na qual foi observada a células-guarda ou células esto-
presença de ácidos máticas, que delimitam entre elas
nucleicos (DNA e RNA) e uma fenda chamada ostíolo. Ao lado
de ribossomos e grânu- das células estomáticas, aparecem
los de amido. duas ou mais células conhecidas por
Corte transversal da folha vista ao microscópio óptico.
– Lamelas anexas, companheiras ou sub-
Membranas duplas, sidiárias. As células-guarda são pro-
lipoproteicas, que divi- vidas de cloroplastos e a parede vol-
dem a matriz e se origi- tada para o ostíolo apresenta um forte
nam por invaginações da espessamento, enquanto a parede
membrana plastidial in- oposta é delgada.
terna. O ostíolo abre-se, no interior da fo-
– Granum lha, numa grande cavidade denomi-
Formado por pilhas nada câmara subestomática.
de tilacoides. Cada tila- – Função
coide é uma unidade dis- Os estômatos controlam todas as
coidal e achatada, no trocas gasosas que ocorrem entre o
interior da qual se encon- vegetal e o meio ambiente. Através deles
tra a pigmentação do ocorrem a perda de água no estado
plasto: clorofilas A e B, de vapor, fenômeno denominado
carotenos e xantofilas. transpiração, e a entrada e saída de
Esquema mostrando a ultraestrutura
CO2 (dióxido de carbono) e O2 (oxigênio).
de um cloroplasto ao microscópio eletrônico.
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