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Resumidos
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clássicos da literatura em resumo
Douglas Dutra
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10 Livros Resumidos | Douglas Dutra
10 Livros Resumidos
Douglas Dutra

1ª edição

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Sumário
O Exército de um Homem Só - Moacyr Scliar........................................... 2
A Ferro e Fogo - Josué Guimarães ............................................................. 3
Camilo Mortágua - Josué Guimarães ........................................................ 4
A Revolução dos Bichos - George Orwell................................................... 7
Ana Terra - Érico Veríssimo ....................................................................... 9
Um Lugar ao Sol - Érico Veríssimo .......................................................... 10
O Ateneu - Raul Pompéia .......................................................................... 11
O Alienista - Machado de Assis ................................................................ 12
Memórias do Cárcere - Graciliano Ramos............................................... 13
As Pupilas do Senhor Reitor - Júlio Diniz ............................................... 14

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10 Livros Resumidos | Douglas Dutra
O Exército de um Homem Só - Moacyr Scliar
O personagem título é Mayer "Capitão Birobidjan" Guiznburg,
um judeu que chegou ainda menino da Rússia. Mayer era marxista e
sonhava fundar uma nova Birobidjan (Birobidjan era o nome de uma
colônia coletiva de judeus na Rússia), uma utopia socialista. Jovem, era
muito rebelde, e deu muitos desgostos ao pai que lhe queria ver rabino.
Tinha outros amigos marxistas, incluindo a jovem Léia com quem se
casa. Após algum tempo abandona tudo e vai viver na propriedade de
um desses amigos, que, como todos a essas alturas, já havia
abandonado suas convicções. Em Nova Birobidjan, como ele batiza sua
terra, passa a viver para o trabalho acompanhado pelo Companheiro
Porco, Companheira Cabra e Companheira Galinha, a última a qual ele
não gostava por ser improdutiva, lia Rosa Luxemburgo e dava discursos
a homenzinhos que só ele via. Depois de algum tempo aparecem
inimigos, quatro vagabundos a quem ataca após ser atacado, e cuja
amante coletiva passa a se tornar a segunda cidadã. Mais tarde ela sai
de Nova Birobidjan e Mayer volta para casa. Ele se reforma, após algum
tempo até mesmo abandona o ateísmo, e passa a trabalhar duro. Troca
de ramo para a construção e enriquece, mas complica-se ao se tornar
amante da secretária e acaba se divorciando após abandoná-la. Sua
companhia fale e ele acaba numa pensão (localizada no terreno de
Maykir, sua antiga empresa, que por sua vez se localizava no terreno da
Nova Birobidjan), onde tenta reiniciar Nova Birobidjan, mas acaba
falhando. Acuado, abandonado, triste, muito ligado a religião e quase
sem esperança (os homenzinhos para quem discursava agora já eram só
três), o Capitão Birobidjan tem um ataque do coração ao ensaiar uma
resistência, mas como descobrimos no começo do livro, ele sobrevive. A
história, no entanto, acaba aqui. Contado em terceira pessoa, cada
capítulo deste livro nos remete a um ano ou conjunto de anos. O
primeiro e último é 1970, mas recua-se logo apara 1928, 1916, 1929,
1930... até voltar-se para 1970, contando sempre com o humor irônico e
amargo de Scliar, a saga do Capitão Birobidjan, um louco humanista,
Don Quixote do bairro do Bonfim de Porto Alegre, tentando construir
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10 Livros Resumidos | Douglas Dutra
uma sociedade melhor e coletivista, apesar de tudo e de todos que se
opõe a ele, ridicularizado por todos aqueles a quem chama
Companheiro, ele é um exército de um homem só lutando por um
mundo mais justo que no final não vale a pena.

A Ferro e Fogo - Josué Guimarães


O realismo triunfaria de maneira total em A ferro e fogo. A saga
da colonização alemã, particularizada na luta pela sobrevivência e na
identificação com as condições históricas rio-grandenses por parte da
família Schneider, lembra como processo narrativo O tempo e o vento,
de Erico Verissimo. Porém o sopro épico que anima as páginas do
escritor de Cruz Alta é substituído por uma preocupação maior com o
prosaico, com a mesquinha luta cotidiana, com a tarefa inglória de
resistência em meio a uma terra estranha. A grandeza semi-ociosa dos
dominadores cede aqui lugar ao ramerrão do trabalho. Aos gestos de
intrepidez do capitão Rodrigo Cambará contrapõe-se o buraco onde,
por largo tempo, Daniel Abrahão se esconderá; aos papéis de comando
militar de Licurgo e do Dr. Rodrigo, a função subalterna do oficial
Phillip Schneider; ao agnosticismo dos Cambarás, a religiosidade
primitiva que aproxima a família alemã de Jacobina Maurer, futura
líder dos Mucker, único ponto comum: a força recôndita das mulheres,
já que a imigrante Catarina tem muito de Ana Terra, mais ainda de
Bibiana, com seu senso prático e seu desassombro. A história é virada
pelo avesso. As atribulações, as guerras, os confrontos pelo poder
descem dos céus sem que os imigrantes possam compreender o
significado dos mesmos. Nada de ufanismo ou cantos laudatórios.
Quando Phillip Schneider volta para casa, depois de ter lutado na
Revolução Farroupilha e na Guerra do Paraguai (em A ferro e fogo -
Tempo de Guerra ), ele não ganhou nada e seu único desejo é dormir.
Mais uma vez a metáfora da paz e do esquecimento. "Quando Jacob
saiu, ele ficou afofando o travesseiro com as mãos, alisando os alvos
lençóis e pala sua cabeça desfilaram todos aqueles bons companheiros

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que haviam ficado para trás. Mas quando assoprou a chama do lampião
de bela manga lavrada e afundou a cabeça nos panos macios, dormiu
logo, como se fizesse aquilo pela primeira vez na vida." Sempre chamou
a atenção o carinho de Josué para com as suas personagens femininas.
Você lê A ferro e fogo e descobre uma mulher como aquela Catarina.
Pronto. Nunca mais as mulheres que você conhecer serão as mesmas.
Mudaram também aquelas que você já conhecia antes de ler sua ficção.
Nenhum escritor percebeu tão profundamente a índole da alemã
imigrante quanto Josué. Quer dizer, a literatura brasileira deu a um
Guimarães a tarefa de desvendar a alma tedesca num exílio optativo - o
Brasil. A narrativa se passa no Rio Grande do Sul (abrangendo as terras
que hoje correspondem ao Chuí, Santa Vitória do Palmar, São
Leopoldo, Porto Alegre, Rio Grande e Portão), no tempo do Império,
num ambiente hostil, pobre e violento durante e após a guerra da
Cisplatina, onde os personagens principais vivem em meio a bugres,
negros, castelhanos, gaúchos, soldados e alemães.

Camilo Mortágua - Josué Guimarães


Romance publicado em 1980, Camilo Mortágua representa, na
obra de Josué Guimarães, a culminância de uma trajetória e, ao mesmo
tempo, o retrospecto dos resultados alcançados. A incorporação do
trajeto histórico do Estado coincide com a evolução da intriga,
sobretudo com a biografia do herói que dá nome à obra. Nascido ao
final do século 19, o protagonista vem a falecer na primeira semana de
abril de 1964. Com isto, o autor introduz no fluxo narrativa setenta anos
da história sul-rio-grandense; e, ainda que a família Mortágua,
indiferente passe ao largo dos fenômenos externos, emergem ao fundo
as notícias relativas às guerras europeias, revoluções brasileiras, o
suicídio de Vargas, enfim, os fatos mais marcantes do século 20,
misturados a trivialidades domésticas, mudanças nas modas, novos
costumes, etc. Assim sendo, se a história não é o eixo que suporta o
transcurso dos acontecimentos, ela ali está, e sua fusão a fatos miúdos

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do cotidiano, porém igualmente relevantes segundo o modus vivendi
dos Mortágua, reforça a evidência de que o alheamento crescente
desses significa seu paulatino deslocamento do poder - econômico e
social. Os setenta anos ocupados pela biografia de Camilo
correspondem ao processo de desagregação da classe dominante sulina
de extração rural. Transferidos para um centro urbano mais
desenvolvido, a dilapidação das propriedades dos Mortágua deve-se, de
um lado,, à sua leviandade e falta de tino gerencial; em outras palavras,
decorre de sua incapacidade de adaptação ao novo cenário, em que
avulta a mentalidade empresarial burguesa. De outro lado, são os
acontecimentos históricos que empurram o País na direção da atividade
mercantil e industrial e isto, a família, envolvida com seus amores e
culpas, doenças e mortes sucessivas, não pode alcançar e compreender.
O romance se enxerta à temática da decadência. Camilo Mortágua, o
protagonista, revê a história de sua vida ao ir ao cinema. Na tela, em vez
de Cleópatra, a Rainha de César, o filme mostra a trajetória da
decadência da família de Camilo. Eis o recurso narrativo utilizado pelo
escritor. Como contexto histórico, Josué utiliza os sofridos
acontecimentos do golpe de 64. A história se passa em Porto Alegre,
recuperando o bairro da Azenha, a Avenida Independência, o parque
Farroupilha, a Avenida Osvaldo Aranha, a avenida João Pessoa, a
Faculdade de Direito, a Santa Casa de Misericórdia, a Igreja da
Conceição, etc. Nascido ao final do século XIX, Camilo Mortágua morre
na primeira semana de abril de 1964, fornecendo as coordenadas
temporais que facultam a introdução, no fluxo narrativo, de setenta
anos da história sulina. Os setenta anos de Camilo assentam-se numa
seqüência narrativa dividida entre a moldura - os cinco primeiros dias
do mês de abril de 1964, durante os quais ocorrem simultaneamente o
golpe político e militar contra o governo constituído e a revisão da
biografia de Camilo - e a intriga propriamente dita. Esta apresenta
cronologicamente a vida do herói, cindida em três fases: a infância e
juventude, quando a família vive seu apogeu irresponsável, na primeira
quadra do século; a maturidade, durante a qual ele restaura o poderio

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econômico do clã através da incursão no comércio e indústria porto-
alegrenses; a velhice, quando ocorre a decadência final, já na segunda
metade do século. Estes setenta anos, que explicitam os temas
descritos, mostram-se, no decorrer do relato, embutidos em três noites,
de modo que, na rapidez do écran, Camilo assiste à sucessiva e
galopante desagregação de sua existência e de sua família, o que
culmina numa morte inglória e quase anônima, na escuridão de um
cinema de bairro. Em outras palavras, todo o largo espectro da vida do
herói cabe inteiramente na semana de abril, durante a qual se dão o
golpe militar e a consolidação, no poder público, de seus líderes.
Camilo, mais uma vez, mantém-se alheio ao evento histórico, mas isso
não significa que não faça a parte dele. Pelo contrário, como se encaixa
em seu começo, acaba por imprimir-se neste princípio, vindo a
demonstrar como o movimento serviu para reavivar seres como ele,
para a seguir, acelerar seu passamento. Este fato é que dá sentido à
moldura do romance, sem o qual não se faria a transferência para o
presente, assinalado este pela continuidade dos acontecimentos
desencadeados na semana em que é morto o protagonista. Situando a
narrativa no período crucial em que se inaugura uma nova época da
história nacional, o escritor o traduz como um rito de passagem, que
exige, para sua efetivação, um ato propiciatório - a morte de Camilo.
Por isso, condensa nele toda uma aventura humana fadada ao sacrifício
e revela a oportunidade de sua consumação. Nesta medida, se o livro se
propõe a reconstituir um passado para diagnosticar a deterioração
gradual de um grupo que exerceu um domínio inquestionável no Sul,
ajustando as peculiaridades do romance histórico à inclinação temática
da produção literária de Josué Guimarães, ele ainda se projeta para a
atualidade do leitor, lançando-lhe a indagação, sempre relevante, a
respeito da permanência ou modificação das circunstâncias que
suscitaram a imolação de Camilo Mortágua, no momento em que nada
mais tinha a oferecer à existência.

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A Revolução dos Bichos - George Orwell
A história, desde a expulsão de Jones até a "transformação
completa de Napoleão em "humano" durou aproximadamente 6 anos.
Na Granja do Solar, situada perto da cidade de Willingdon (Inglaterra),
viviam bichos, que como dono tinham o Sr. Jones. O Velho Major
(porco) teve um sonho, sobre uma revolução em que os bichos seriam
auto-suficientes, sendo todos iguais. Era o princípio do Animalismo. O
Major morreu, mas mesmo assim os animais colocaram em prática a
idéia do líder, fazendo a Revolução dos Bichos. Depois da Revolução, a
Granja passou a se chamar Granja dos Bichos, e quem a administrava
era Bola-de-Neve (porco). Bola-de-Neve seguia os princípios do
Animalismo, e mesmo sendo superior (em quesitos de inteligência e
cultura) em relação aos outros animais, sempre se considerou igual a
todos, não tendo privilégios devido à sua condição. Bola-de-Neve tinha
um assistente, Napoleão (porco), que na ânsia pelo poder, traiu o
amigo, assumindo a administração da Granja. Napoleão mostrou-se
competente e justo no começo, mas depois passou a desrespeitar os
SETE MANDAMENTOS, os quais firmavam as ideias animalistas.
Depois de aproximadamente 5 anos, Napoleão já ocupava a casa do Sr.
Jones, bebia álcool, vestia as roupas do ex-dono , andava somente sobre
duas pernas e convivia com seres humanos, enfim agia em benefício
próprio, instalando um regime ditatorial, dominando e hostilizando os
demais animais, considerados seres inferiores e sem direitos. Por essa
época, já não era possível distinguir, quando reunidos à mesa, o porco
tirano e os homens com quem se confraternizava. Napoleão conseguiu
sair vitorioso graças à ajuda de Garganta, porco servil e obediente e que,
através de bons argumentos, convencia os animais de que tudo o que
acontecia era para o bem deles. Os SETE MANDAMENTOS do
Animalismo eram os seguintes: Qualquer coisa que ande sobre duas
pernas é inimigo; Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou
tenha asas, é amigo; Nenhum animal usará roupas; Nenhum animal
dormirá em cama; Nenhum animal beberá álcool; Nenhum animal
matará outro animal; Todos os animais são iguais. Napoleão, aos
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poucos, alterou todos os mandamentos. Foi Bola-de-Neve quem
escreveu os SETE MANDAMENTOS. A Revolução dos Bichos é um livro
de extrema importância para entendermos o funcionamento de
sociedades comandadas por diferentes tipos de governo, além de
mostrar de forma genial a ambição do ser humano, o "sonho do poder".
O Senhor Jones era o dono da Granja e, como tal, explorava o trabalho
animal em benefício próprio, para acumular capital. Em troca dos
serviços prestados, ele pagava com a alimentação, que nem sempre era
boa e suficiente. Temos aí o retrato de uma sociedade capitalista: quem
mais trabalha é quem menos ganha. A Revolução que se deu por idéia
do "Major", tinha por princípio básico a igualdade; sendo assim, o
Animalismo corresponde ao Socialismo, regime em que não existe
propriedade privada e em que todos são iguais, e todos trabalham para
o bem comum. A princípio, houve um socialismo democrático, em que
todos participavam de assembleias, dando ideias e sugestões, liderados
por Bola-de-Neve, sendo bem aceito pelos animais em geral. Napoleão
representa o desejo da onipotência, do poder absoluto e, para conseguir
seus objetivos, tudo passa a ser válido: mentiras, traições, mudanças de
regras. Tempos depois se instaurava na Granja uma verdadeira
Ditadura, o regime em que não há liberdade de expressão, direito a
opiniões etc. Na sede pelo poder e pela riqueza, Napoleão entra em
contato com os homens para com eles negociar, comprar, vender,
enfim, acumular riquezas e tudo graças ao trabalho dos animais,
verdadeiros empregados mal – remunerados, ajudando o "patrão" a ter
regalias, bens materiais, capital. A situação fica mais crítica do que
quando Jones era o dono da Granja porque, mais do que nunca, os
direitos humanos, ou seja, dos animais foram violados de forma cruel e
tendo consequências gravíssimas como a morte de alguns, o
desaparecimento de outros e muita tortura. Com base nos fatos
ocorridos podemos concluir que a história nos mostra os dois tipos de
dominação existentes – a dominação pela sedução: Garganta persuadia
os animais com seus argumentos convincentes e eles aceitavam
pacificamente as mudanças efetuadas, e a dominação pela força bruta:

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quem se rebelasse contra as ordens era punido fisicamente, torturado
por cães treinados e levados até à morte.

Ana Terra - Érico Veríssimo


Ana Terra era uma moça que morava com sua família em um
sítio muito longe da cidade e tinha uma vida sofrida, e a única coisa que
Ana e sua família faziam era trabalhar. Embora Ana tivesse o desejo de
abraçar e beijar algum homem. O princípio de seu desejo veio com a
chegada do índio Pedro Missioneiro, e que lentamente foi crescendo na
sua condição de macho: uma cara moça e trigueira, de maçãs salientes.
Ana, quando o via sentia uma coisa que não podia explicar: um mal-
estar sem nome, mistura de acanhamento, nojo e fascinação. Em sua
singeleza, atraía-se pelo estranho, confirmando-se como aquela mulher
desejável que enxergara no fundo das águas. Entregar-se àquele
desconhecido foi um passo tão natural como o suceder das estações
naqueles ermos. Antes, arriscou um jogo delicioso de avanços e recuos,
sabendo que, quisesse ou não quisesse, agindo a favor ou contra a lei
paterna, seria daquele homem. E, numa tarde, considerou-se pronta, e
o desejo palpitava em todas as suas artérias; encaminhou-se para a
barraca do índio, o reino de Pedro Missioneiro. E lá aconteceu algo que
Ana queria. Os dias seguintes foram de medo, pânico misturado à
vergonha e depois disso, logo soube que estava grávida, e o isso se
tornou um espaço de lágrimas. Carregou o segredo o quanto pôde, mas
um dia, não se contendo mais, revelou tudo à mãe. Dona Henriqueta
nem teve tempo de consolá-la: e o pai declarou já saber de tudo e foi
como se um trovão cortasse os céus. Nada mais poderia ser feito:
cumprindo um código ancestral, ele convocou os dois filhos, e esses
mataram Pedro Missioneiro. Sabia que sua vida naquela casa dali por
diante seria um inferno. De um instante para outro se tornou invisível
aos olhos do Pai, transfigurando-se numa entidade pecadora.
Simbolicamente expulsa de sua casa, procurou fazer-se pequena, para
que sua pequenez diminuísse a dor da culpa; tratava-se, porém, de uma

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culpa mais aceita do que entendida. Logo aconteceu o nascimento do
filho de Ana Terra e, Dona Henriqueta assistiu-a, cortando o cordão
umbilical do menino Pedro. Mesmo assim, os pais e irmãos não
tomaram conhecimento do novo ser que habitaria o rancho. Contra
todas as possibilidades, Pedrinho cresceu, e a vida seguiu seu rumo. Os
irmãos casaram-se, e, para Ana, cada dia era a repetição do dia anterior.
Depois disso, sua mãe morreu de nó nas tripas, mas esta morte não
abalou muito à Ana. Então vieram vários castelhanos, assassinando,
incendiando, violando. Ana mandou a esposa de seu irmão e as duas
crianças irem se esconder no mato, e fingindo ser a única mulher da
casa, imola-se voluntariamente à sanha dos bandidos. Foi estuprada
várias vezes, e ao acordar de seu desfalecimento, encontrou um quadro
de horrores: o pai, o irmão Antônio, os escravos, todos estavam mortos
no meio da casa já destruída. Ana entendia naquele momento que
estava liberta de sua mancha original, e pela forma mais bárbara e
purificadora. Nada lhe fora poupado em sofrimento, e pelo sofrimento
reconciliava-se com a vida. Numa exaltação próxima a uma feroz
alegria, aceitou o convite de um forasteiro para ir formar o núcleo
inicial de uma nova vida, e uma longa viagem a levou para um planalto.
Lá ela construiu uma casa, morando com seu filho, que logo teve que ir
para uma guerra contra os castelhanos. Voltando da guerra vivo, casou-
se com uma moça, teve um filho e logo teve que voltar para a guerra,
com o compromisso de voltar vivo, pois agora ele tinha uma mulher e
um filho para cuidar.

Um Lugar ao Sol - Érico Veríssimo


Vasco caminha pela vida numa incansável e persistente busca:
de emprego, de amor, de dias melhores... Mas não importa. Já se
habituou a viver em constante contradição. Busca as aventuras da
boemia e descobre os prazeres de um viver regrado. Como será o
amanhã? Não se sabe... Há dificuldades imensas, mas é certo que
também existe Clarissa, sua paixão, o elo que o prende à realidade. A

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10 Livros Resumidos | Douglas Dutra
vida ainda vale a pena! Permanecer e lutar ou ganhar mundo com seu
pai, num percurso solitário? Érico Verissimo consegue, neste livro
contundente e atual, mostrar que, apesar dos pesares que marcam o
destino inexorável do homem, todos nós temos direito a Um Lugar ao
Sol. Neste livro, o escritor consegue elaborar de modo impecável um
retrato vivo da complexidade do ser humano e das questões que o
inquietam. Reunindo personagens já conhecidas de suas obras
anteriores, coloca-as a nu, com uma linguagem sincera e comovente,
criando situações em que o cotidiano se impõe sempre, implacável.
Assim, à miséria e à violência que marcam o destino do homem,
somam-se aspectos do mais profundo humanismo: a solidariedade
irrestrita, a esperança de uma vida melhor, a amizade, a paixão. Sempre
crítico, o autor analisa a sociedade procurando compreendê-la de forma
realista, isenta. E as personagens, vivendo o presente intensamente, ao
sabor dos acontecimentos, não se preocupam com o amanhã. É melhor
"seguir ao acaso, como os barcos antigos, sem bússola nem porto certo,
guiados apenas pelas estrelas". Com uma temática atual e forte, o
enredo envolve o leitor e leva-o a refletir sobre o próprio destino, seus
encantos e desencantos, sua impotência e pequenez frente à vida.

O Ateneu - Raul Pompéia


O Ateneu é uma das obras mais importantes do Realismo
brasileiro. Trata-se de uma narrativa na primeira pessoa, em que o
personagem Sérgio, já adulto conta sobre seu tempo de aluna interno
no Colégio Ateneu. A ação do livro transcorre no ambiente fechado e
corrupto do internato, onde convivem crianças, adolescente,
professores e empregados. É dado o início do romance, com o pai de
Sérgio advertindo "Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta
do Ateneu Coragem para a luta" Dr. Aristarco é o diretor do colégio.
Figura soberba, cheia de empáfia e que visava apenas o lucro. Tinha o
sonho de ver um busto com a sua face. Sérgio vai narrando as
decepções, os medos, as dúvidas, a rígida disciplina, as amizades, os

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10 Livros Resumidos | Douglas Dutra
acontecimentos em torno da própria sexualidade, as questões nem
sempre respondidas. O romance é um diário de um internato: as aulas,
a sala de estudos, a diversão nos banhos de piscina, as leituras, o
recreio, o que acontecia nos dormitórios, no refeitório as disputas. O
mundo da escola é sempre visto e retratado a partir da perspectiva
particular de Sérgio (expressionismo). Desse modo, a instituição, os
colegas, os professores e o diretor Aristarco são representados em
função de certa ótica, claramente caricatural, em que os erros,
hipocrisias e ambições são projetados e realçados. Misturando alegria e
tristezas, decepções e entusiasmos, Sérgio, pacientemente reconstrói,
por meio da memória, a adolescência vivida e perdida entre as paredes
do famoso internato. A obra acaba com o incêndio do Ateneu pelo
estudante Américo. No incêndio o diretor fica perdido, estático com o
que está acontecendo com seu patrimônio e naquele mesmo dia é
abandonado pela esposa.

O Alienista - Machado de Assis


O Doutor Simão Bacamarte, cientista de nomeada, monta, em
Itaguaí, um hospício, a Casa Verde, onde pretende executar seus
projetos científicos. Pretende separar o reino da loucura do reino do
perfeito juízo, mas a confusão em que ambas se misturam acaba
aborrecendo o Doutor, que, para levar a efeito a seleção dos loucos, tem
que saber o que é a normalidade. Assim, qualquer desvio do que era o
comportamento médio, a aparência pública, qualquer movimento
interior, que diferisse da norma da maioria era objeto de internação. O
hospício é a Casa do Poder, e Machado de Assis sabia disso muito antes
da antipsiquiatria de Lacan e das teses de Foucould. No início, o projeto
do Dr. Simão Bacamarte é bem recebido pela população de Itaguaí, mas
a aprovação cessa quando o médico passa a recolher na Casa Verde,
pessoas em cuja loucura a população não acredita. O barbeiro Porfírio
lidera uma rebelião contra o hospício que é sufocada. Numa primeira
etapa, são internados os que, embora manifestassem hábitos ou

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10 Livros Resumidos | Douglas Dutra
atitudes discutíveis, eram tolerados pela sociedade: os politicamente
volúveis, os sem opiniões próprias, os mentirosos, os falastrões, os
poetas que viviam escrevendo versos empolados, os vaidosos, etc. Para
pasmo geral dos habitantes de ltaguaí, Simão Bacamarte, um dia, solta
todos os recolhidos no hospício e adota critérios inversos para a
caracterização da loucura: os loucos agora são os leais, os justos, os
honestos etc. A terapêutica para esses casos de loucura consistia em
fazer desaparecer de seus pacientes as "virtudes", o que o Dr. Simão
Bacamarte consegue com certa facilidade. Declara curados todos os
loucos, solta todos e, reconhecendo-se como o único louco irremediável,
o médico tranca-se na Casa Verde, onde morre alguns meses depois.

Memórias do Cárcere - Graciliano Ramos


Em 1953, surge o primeiro dos quatro volumes de “Memórias do
Cárcere”. A metáfora da tirania (...) é superlativa de toda sua obra, além
de definir a noção que o autor formou do homem e seu destino trágico.
Ampliando nossa análise, digamos que os acontecimentos trágico-
políticos, nos quais ele se envolveu, e sem saber por quê, tenham
servido para quê sua visão de mundo ainda mais pendesse para a
certeza da dramaticidade. Desnecessário traçarmos limites rígidos entre
confissão biográfica e testemunho histórico nesse momento. A unidade
final sempre cairá no realismo. Eis o Brasil de 1930, sob a vista de quem
o viveu em porões imundos: misérias, torturas e degradações
perpetradas pelo, ironicamente chamado, ESTADO NOVO. O discurso é
realista também porque acolhe o real e desdobra-o em duas formas: do
documentário ao psicológico, e do particular ao universal. Claro, tudo
isso sob a égide da opressão. Veja o seguinte trecho da obra: “O mundo
se tornava fascista. Num mundo assim, que futuro nos reservaria?
Provavelmente não havia lugar para nós, éramos fantasmas, rolaríamos
de cárcere em cárcere, findaríamos num campo de concentração.
Nenhuma utilidade representávamos na ordem nova. Se nos largassem,
vagaríamos tristes, inofensivos e desocupados, farrapos vivos,

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10 Livros Resumidos | Douglas Dutra
fantasmas prematuros; desejaríamos enlouquecer, recolhermo-nos ao
hospício ou ter coragem de amarrar uma corda ao pescoço e dar o
mergulho decisivo. Essas ideias, repetidas, vexavam-me; tanto me
embrenhara nelas que me sentia inteiramente perdido.”

As Pupilas do Senhor Reitor - Júlio Diniz


Num cenário povoado de tipos humanos cuja bondade só é
maculada pelo moralismo quase ingênuo de comadres fofoqueiras,
desenrola-se o drama amoroso. Daniel, ainda menino, prepara-se para
ingressar no seminário, mas o reitor descobre seu inocente namoro com
a pastorinha Margarida (Guida). 0 pai, José das Dornas, decide, então,
enviá-lo ao Porto para estudar medicina. Dez anos depois Daniel volta
para a aldeia, como médico homeopata. Margarida, agora professora de
crianças, conserva ainda seu amor pelo rapaz. Ele, no entanto,
contaminado pelos costumes da cidade, torna-se um namorador
impulsivo e inconstante, e já nem se lembra da pequena pastora. A esse
tempo, Pedro, irmão de Daniel, está noivo de Clara, irmã de Margarida.
0 jovem médico encanta-se da futura cunhada, iniciando uma tentativa
de con- quista que poria em risco a harmonia familiar. Clara,
inicialmente, incentiva os arroubos do rapaz, mas recua ao perceber a
gravidade das consequências. Ansiosa por acabar com impertinente
assédio concede-lhe uma entrevista no jardim de sua casa. Esse
encontro é o ponto culminante da narrativa: surpreendidos por Pedro,
são salvos por Margarida, que toma o lugar da irmã. Rapidamente esses
acontecimentos tornam-se um grande escândalo que compromete a
reputação de Margarida. Daniel, impressionado com a abnegação da
moça, recorda-se, finalmente, do amor da infância. Apaixonado agora
por Guida procura conquistá-la. No último capítulo, depois de muita
resistência e de muito sofrimento, Margarida aceita o amor de Daniel.

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