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Recursos de apoio ao desenvolvimento do

processo de RVCC, nível secundário

Área de Competências-Chave

Cultura, Língua e Comunicação

RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS

Núcleo Gerador 1 – EQUIPAMENTOS E


SISTEMAS TÉCNICOS
DR1 – Tema: Equipamentos Domésticos
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Tema 1: Equipamentos Domésticos

COMPETÊNCIA: Lidar com equipamentos e sistemas técnicos em contexto


privado acedendo à multiplicidade de funções que comportam e reconhecendo a
sua dimensão criativa.

Equipamentos domésticos, publicidade e mudanças sociais

O ambiente doméstico de hoje está repleto de máquinas elétricas relacionadas com as inúmeras
atividades que são realizadas nesse contexto, de forma rotineira. As práticas alimentares, de higiene,
de descanso, de lazer, de contacto com o mundo, de sociabilidade realizam-se, muitas vezes, por meio
de inúmeros aparelhos como, por exemplo: frigorífico, fogão, torradeira, exaustor, ventilador, ar
condicionado, máquina
de lavar louça, máquina
de lavar roupa, micro-
ondas, batedeira,
liquidificador, televisor,
telefone, computador,
aparelho de som e
muitos outros. Mas nem
sempre foi assim. A
familiaridade que temos
hoje com esses objetos
impede-nos, muitas

vezes, de pensarmos Disponível na Internet em: http://aldeiatem.com/post/7981/inox-e-minimalismo-sao-o-must-have-das-


cozinhas
que existe uma história
da presença e dos usos das máquinas no ambiente doméstico.
Se no ambiente de trabalho, nas fábricas, muita resistência teve
que ser vencida para a incorporação das máquinas no processo de
produção, como terá sido a sua adoção nas atividades domésticas?
Que adaptações foram necessárias? Será que houve resistência?
Que mudanças de hábitos, comportamentos, pensamentos
implicaram a entrada da tecnologia nos lares?
Muitas respostas surgem para explicar a ampla aceitação desses
objetos técnicos: facilidade, comodidade, conforto, menos trabalho,
beleza, modernidade. No entanto, aceitar estas respostas significaria
considerar natural a existência desses objetos, como se eles fossem
o resultado óbvio de um tipo de desenvolvimento tecnológico, cujo
fim estaria apenas na satisfação das necessidades humanas. Este é,
em parte, o discurso que encontramos na propaganda de
eletrodomésticos e que merece ser problematizado. Cada um desses
Disponível na Internet em: objetos que hoje entendemos como fundamental para nossa vida
https://www.pinterest.com/pin/24734620
4506603042/
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é, de fato, a expressão de necessidades que foram criadas historicamente.
Quando se usa o termo eletrodoméstico, como o próprio
nome diz, imediatamente nos vem à mente a imagem de
uma infinidade de utensílios domésticos movidos à
eletricidade. Entretanto, alguns deles podem funcionar
movidos por outros meios como petróleo, carvão, lenha ou
o gás. Alguns dos eletrodomésticos que conhecemos hoje
foram originalmente criados para funcionar com outros
combustíveis e, posteriormente, adaptados para a
eletricidade. Diferente do que se pode pensar, o uso da
eletricidade nos equipamentos domésticos não foi
resultado meramente do avanço do conhecimento
científico ou do progresso, ideias que aparecem com
frequência nas histórias da tecnologia.
A publicidade à utilização eletricidade nos
equipamentos domésticos introduziu uma mudança ainda
mais profunda, mais subtil, menos fácil de ser percebida.
Fez mudar hábitos, comportamentos, um trabalho quase
Disponível na Internet em:
pedagógico e de convencimento de que a vida com esses http://hypercubic.blogspot.pt/2010/09/multifuncional
-para-cozinha-1952.html
aparelhos seria mais fácil, mais alegre, mais saudável,
mais bonita. Ela não apenas tornou os eletrodomésticos
conhecidos como também apresentou esses objetos, para além dos seus aspetos físicos e funcionais,
como possibilidades de se ter mais saúde, alimentação saudável, proteção contra doenças, de se
respirar ar puro, de se ter menos trabalho com os serviços domésticos, de se ter mais opções de lazer.
Em torno dos eletrodomésticos, a propaganda produziu um ideal de vida doméstica, movida pela
eletricidade, distante das condições reais em que vivia a grande maioria da população. O que não impediu
que esse ideal fosse ao longo do tempo incorporado, tornando-se uma referência e um modelo para a
sociedade.
Os avanços técnicos na propaganda de eletrodomésticos ao longo do século XX estão estreitamente
ligados à expansão da imprensa, seja escrita, falada ou televisionada. Inclusive, o facto do rádio e da
televisão serem, também, eletrodomésticos e se
tornarem uma presença constante nas residências,
contribuiu grandemente para que a publicidade
alcançasse um público maior e mais diversificado.
A imprensa foi largamente utilizada pelos
fabricantes de eletrodomésticos e teve um papel
extremamente importante na criação de um mercado
consumidor. A escolha do veículo de comunicação
pelos anunciantes de eletrodomésticos estava
relacionada com o público que queriam atingir. Os
fabricantes de eletrodomésticos fizeram uso dos mais
Disponível na Internet em:
http://collections.museumvictoria.com.au/items/1512121 variados meios de comunicação para criar um
mercado consumidor para seus produtos. Ouvintes de
rádio, telespetadores, plateias de cinema, leitores de revistas e jornais passaram a deparar-se
constantemente com os anúncios dos mais diversos tipos de eletrodomésticos, das mais diferentes
marcas.
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Na imprensa escrita, as revistas ilustradas foram amplamente utilizadas para veicular anúncios de
eletrodomésticos. Nas primeiras décadas do século XX, esses anúncios, assim como os de automóveis e os
de cinema, foram os mais refinados exemplares da evolução das técnicas publicitárias.
A televisão em pouco tempo tornou-se um dos mais eficientes
meios de divulgação publicitária. No entanto, nos seus primórdios, a
televisão era vista com desconfiança pelos profissionais da
publicidade. Não se dominava a técnica para a produção de
comerciais para televisão e ainda não havia uma grande audiência
que empolgasse os profissionais do setor. Nessa altura, as empresas
fabricantes de eletrodomésticos preferiam anunciar os seus produtos
no cinema, no rádio e na imprensa escrita.
A publicidade era, em geral, dirigida às mulheres, mas o objetivo
era fazer com que elas convencessem os maridos da necessidade em
comprar um frigorífico. Para facilitar a compra, surge a concessão de
crédito.
A associação entre alegria, prazer e eletrodoméstico, em que
imagens do esforço e do árduo trabalho despendido pelas mulheres
nos afazeres domésticos nunca são mostradas, é feita pela
publicidade pelo menos desde a década de 30. Na década de 60
aparece o apelo à facilidade e ao prazer que os produtos de uso
doméstico podiam propiciar àqueles que os utilizavam. As mulheres
nos anúncios para televisão dos anos 1970, assim como nos anúncios
em revistas nas décadas anteriores, eram brancas, bonitas, jovens,
Disponível na Internet em:
maquiadas, bem vestidas, alegres. Os papéis do marido, da esposa e a https://www.pinterest.com/pin/3065263
18359191162/
divisão do trabalho doméstico também são sugeridos. Quando os
frigoríficos aparecem no cenário da casa, é sempre na cozinha e associados à mulher. Mesmo quando é o
marido que é mostrado ao lado do frigorífico ainda assim é a esposa quem dá a última palavra, é ela que
assume a importância de comprar o produto. O homem aparece como o provedor do lar, aquele que deve
ser convencido da compra pela esposa que, por sua vez, é quem tem a legitimidade de conhecer as
necessidades do lar.
Os papéis de cada um eram bem definidos: a
mulher aparecia agradecendo ao marido a compra do
frigorífico, o marido realizando o sonho da esposa,
fazendo-a feliz. Grande parte das campanhas era
dirigida às mulheres. Como falavam para as mulheres,
essas campanhas destacavam as linhas “modernas”,
“elegantes” e de “grande classe” dos modelos de
frigoríficos. Os publicitários entendiam que a
preocupação com a estética fazia parte do universo
Disponível na Internet em: feminino.
https://www.pinterest.com/pin/148970700146512333/
Colocada em relevo em detrimento da função, a
estética dos aparelhos elétricos domésticos aparece na publicidade dos anos 50 e torna-se mais forte na
década seguinte. Ligada à evolução das técnicas publicitárias e da opinião pública, a publicidade de
eletrodomésticos sofre mudanças com a valorização da forma exterior do objeto mais do que o seu
funcionamento ou a sua função.

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Nos anos 50, paralelamente ao aumento da publicidade de eletrodomésticos – propondo que eles
tornariam mais fácil o trabalho doméstico - começam a
crescer as exigências sobre as donas de casa para obterem
maior eficiência no lar, como se os seus deveres domésticos
fizessem parte de uma rotina industrial. A cozinha eficiente
era a cozinha americana, na qual a localização do fogão,
frigorifico e demais eletrodomésticos havia sido pensada
para permitir economizar energia e obter maior rapidez no
ato de cozinhar.
E não era à toa que se sugeria nessa cozinha a presença
de um relógio de parede elétrico posicionado em lugar bem Disponível na Internet em:
http://diasquevoam.blogspot.pt/2015/10/singer.html
visível. O armazenamento de comida e todas as suas
implicações nos hábitos alimentares e nas práticas domésticas também sofreu modificações com a
utilização de frigoríficos. E os desdobramentos vão mais longe: a televisão e os frigoríficos parecem
formar um conjunto com o setor de produção e comercialização de produtos alimentícios, formando uma
extensa rede de consumo.
O arranque da televisão e a produção de frigoríficos domésticos são apontados como de imensa
relevância na implantação dos supermercados. Uma possibilita a propaganda do novo processo e a outra
permite o armazenamento de perecíveis no lar, incentivando assim a compra de maiores quantidades em
cada visita feita às lojas de alimentação. A imagem de autonomia, de crianças e adultos dirigindo-se até a
cozinha, abrindo a porta de um frigorífico para pegar um alimento ou bebida, frequentemente mostrada
na publicidade, trazia a ideia de autosserviço, self-service, tão cara aos supermercados. A história da sua
implantação não pode deixa de se associar à convergência de interesses com a indústria de
eletrodomésticos, veiculados pela publicidade.
Com a entrada dos equipamentos elétricos nos lares, houve a produção de uma economia dos gestos:
de higiene, alimentares, de trabalho, de lazer, de satisfações corporais, de ordem diferente daquela
existente antes dessas máquinas começarem a fazer parte do
ambiente doméstico. Uma experiência nova que passa a ser
vivenciada no espaço da casa que é ela, também, uma forma
técnica pensada e projetada por engenheiros e arquitetos.
Olhando para a generalização dos eletrodomésticos podemos
vislumbrar uma história que não é aquele de que habitualmente
se refere à procura de correspondências ou oposições ou até
ameaças entre o homem e a máquina; ou então a que toma a
máquina como mero instrumento facilitador da vida moderna; ou
que busca nas invenções técnicas uma história da evolução
humana. É possível problematizar a relação entre homens e
máquinas (no caso, eletrodomésticos) entendendo essa relação
como produtora de um novo tipo de sociedade.
Analisando a publicidade de eletrodomésticos, podemos
encontrar um imaginário em torno desses objetos. Expectativas
Disponível na Internet em:
http://www.propagandashistoricas.com.br/2 sobre os benefícios que podiam trazer para a saúde, para o corpo;
013/08/televisores-philips-anos-50.html
a utilidade para a dona de casa na realização de tarefas
domésticas; o conforto que podiam propiciar; a felicidade que trariam; a capacidade de tornarem mais
fácil o trabalho. Nas publicidades, os eletrodomésticos são apresentados como sinónimos de
modernidade, progresso, desenvolvimento e avanço tecnológico.
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Na prática, esses objetos técnicos precisaram de incorporar no seu aspeto físico essas ideias presentes
na média, se não fosse assim, não seriam aceites pelos consumidores. Os designers de eletrodomésticos
conseguiram materializar ideias como limpeza, higiene, beleza,
modernidade, menor trabalho.
Sabemos que, de fato, além de tornarem mais leve o fardo e
pouparem tempo nas tarefas domésticas, o que esses aparelhos
elétricos fizeram foi tornar possível atingir padrões mais elevados
na realização dessas tarefas. O tempo economizado passou a ser
gasto fazendo a mesma tarefa - ou outras - com mais frequência
e melhor.
Nos próprios eletrodomésticos, nas suas características
técnicas, é possível apreender como a sociedade vive, os seus
medos e os sentimentos. Aspiradores de pó expressam
preocupação com a limpeza; exaustores propõem a renovação do
ar, que, por sua vez, é visto como determinante para a saúde,
assim como, o congelamento de comida que o frigorífico
Disponível na Internet em:
permite, considerado fator de conservação das vitaminas dos https://www.pinterest.com/pin/5760386085637
07679/
alimentos.
A aparência desses objetos também foi pensada para transmitir a impressão de higiene. Nos
aspiradores de pó, os mecanismos foram escondidos por invólucros de materiais, homogéneos e
lustrosos. Os mecanismos continuaram os mesmos, mas o invólucro que brilha esconde as engrenagens
sujas da vista. Rádios e aparelho de som criaram um novo tipo de lazer dentro de casa, liquidificadores,
batedeiras de bolos, moedores, espremedores, refrigeradores convidavam a práticas culinárias mais
rápidas, menos trabalhosas e transformaram os hábitos alimentares. Enceradeiras, aspiradores de pó e
exaustores produziram novas perceções e sensibilidades do
limpo e do sujo, do saudável e do nocivo.
As máquinas de costura são um bom exemplo de como o
imaginário social pode influir sobre o design. As primeiras
máquinas de costura fabricadas nos Estados Unidos, na
década de 1850 e oferecidas para uso doméstico, não eram
diferentes das usadas nas oficinas e operadas por raparigas
da classe trabalhadora. Não eram consideradas apropriadas
para os lares devido a sua aparência industrial. A solução
encontrada pelos fabricantes foi criar um modelo
exclusivamente doméstico, o que foi feito apenas com o
acréscimo de ornamentos e por uma estrutura mais leve. A
publicidade ajudou a máquina de costura a ser vendida
apresentando-a como sinónimo de economia, além de um
bonito objeto de decoração.
Disponível na Internet em: Os objetos técnicos para uso doméstico não são apenas
https://en.wikipedia.org/wiki/Apple_II_series679/
produtos da sociedade como, também, produzem a sociedade.

Márcia Bomfim de Arruda. 2007. Considerações acerca do uso de máquinas elétricas no ambiente doméstico.
Disponível na Internet em revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/download/2230/1331
A evolução do vídeo doméstico

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Foi em 1975 que o mercado doméstico dos videogravadores ganhou um importante impulso. A Nesse
ano, a Sony apresentou o formato de vídeo Betamax derivado do seu gravador profissional o U-matic, que
se transformou no primeiro videogravador de sucesso no mercado consumidor.
No ano seguinte, em 1976 foi a vez da JVC apresentar o VHS - Video Home Syste, aquele que será o
formato de vídeo de maior sucesso para uso doméstico. Foi apresentado como competidor do Sony
Betamax. A fita possuía meia polegada e 250
linhas de resolução. Os tempos máximos de
gravação eram de 180 minutos no modo SP e 540
minutos no modo EP. VHS é a sigla para Video
Home System (Sistema de Vídeo Caseiro), um
sistema de gravação de áudio e de vídeo que
utilizava fitas de vídeo para gravação e
reprodução. Permitia a gravação de programas de
TV e a sua posterior visualização. A facilidade de
operação e a uma razoável qualidade fizeram com
que o sistema se difundisse.
Diferentemente do Betamax o VHS logo foi libertado para outras empresas como a Matsushita
(Panasonic), Sharp, Zenith, RCA, o pudessem utilizar na
produção dos seus próprios aparelhos o que acelerou sua
difusão pelo mundo.
Para o uso doméstico, o Betamax perdeu para o VHS apesar
da grande campanha de marketing da Sony. Na sua
autobiografia o fundador da Sony, Akio Morita, atribuiu tal
fracasso ao facto da Sony dificilmente licenciar a tecnologia
Betamax para outras empresas fabricarem gravadores com
essa tecnologia.
Comparado com o VHS, o tamanho da fita cassete era
menor, considerado por alguns como possuindo qualidade de
imagem superior ao VHS. Assim, e depois de o VHS ter recebido a aceitação de grande parte dos
utilizadores de gravadores de vídeo, o Betamax começou a colapsar também porque outras evoluções
tecnológicas do VHS, como o VHS-HQ e a tecnologia de multi-cabeças permitiram melhorar a qualidade
desse formato ai ponto de a Sony ter começado a produzir os seus próprios gravadores com o formato
VHS, cedendo na “guerra dos formatos”. O último
modelo americano surfgiu no mercado em 1993 e a
produção noutros outros lugares do mundo parou
completamente em 1998. A Sony continuou a produzir
um número limitado de gravadores de vídeo Betamax
para o mercado japonês até 2002, quando foi
oficialmente anunciado o fim da linha Betamax
doméstica, pois segundo a empresa, “era necessário
maior investimento em novas tecnologias de vídeo,
como o DVD”.
Há quem considere que para além de alguns constrangimentos técnicos como o menor tempo de
gravação proporcionado por cada cassete Beta, a vitória do VHS se ficou a dever à sua rápida adoção pelo
mercado pornográfico. A grande disponibilidade de pornografia neste formato terá impulsionado sua

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difusão, refletindo uma tradição que mostra que a
pornografia é também um combustível para a consolidação
de novos formatos (a Internet é um exemplo óbvio disso).
A imagem digital nasceu da colaboração da Philips com a
Sony. Os novos equipamentos que daí surgiram, utilizavam
uma tecnologia que permita gravar o som e a imagem
digitalmente através da impressão de micro-pontos num
disco. Um laser fazia a varredura da informação e convertia a
mesma em imagens que podiam ser vistas nos televisores
domésticos.
O LD ou Laserdisc foi o primeiro disco óptico de armazenamento de áudio e vídeo disponível no
mercado. A tecnologia foi demonstrada em 1972 num protótipo das empresas MCA e Philips e estava
disponível no mercado a partir de dezembro de 1978, apenas dois anos após o VHS e quase quatro anos
antes do primeiro CD, que tem suas bases na
tecnologia do Laserdisc. Neste mesmo ano a
Pioneer Electronics também licenciou o formato e
passou a distribuí-lo como Laser Videodisc. Em
1980 o nome foi resumido para LaserDisc e logo
depois em 1981 para Laserdisc sem letras
maiúsculas no meio.
No final da década de 1990 estimativas
indicavam que o Laserdisc estava presente em 2%
dos lares norte-americanos e em 10% das
residências japonesas. Na Europa o LD teve uma aceitação limitada.
Atualmente o mercado mundial substituiu o Laserdisc pelo DVD e já não há produção de leitores ou de
filmes com recurso a esta tecnologia. Ainda assim o Laserdisc mantém uma certa popularidade entre
colecionadores principalmente no Japão, onde o formato foi mais popular.
Em 1996, a Toshiba e a Panasonic apresentam no Japão os primeiros leitores de DVD para uso
doméstico, o Toshiba SD-3000 e o Panasonic A-100. DVD (abreviação de Digital Video Disc ou Digital
Versatile Disc, em português, Disco Digital de Vídeo ou Disco Digital Versátil). Contém informações
digitais, tendo uma maior capacidade de armazenamento que o CD, devido a uma tecnologia óptica
superior, além de padrões melhorados de
compressão de dados.
O primeiro filme em DVD lançado nos Estados
Unidos foi o “Twister” em 1996. O filme foi um teste para o Surround Sound 2.1. A rede de supermercados
Wal-Mart começou a vender leitores de DVD mesmo havendo pouca procura em comparação com os
vídeos VHS, mas logo outras lojas seguiram o Wal-Mart e o DVD rapidamente se tornou popular nos
Estados Unidos.
Os DVDs possuem por padrão a capacidade de armazenar 4,7 GB de dados, enquanto que um CD
armazena em média de 700 MB (cerca de 14,6 % da capacidade de um DVD). Os chamados DVD de duas
faces (dupla camada) podem armazenar até 8,5 GB.
Apesar dessa capacidade nominal gravável do DVD
comum, é possível apenas gravar 4.484 MB de
informações.

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Dado a data de lançamento de um filme variar de país para país, para evitar que o público compre um
filme antes que ele seja exibido no cinema do seu país e como medida de proteção desse mercado, os
editores de DVD dividiram o mundo em seis zonas. Deste modo, por exemplo, um DVD editado na zona 1
não pode ser lido por um leitor de DVD da zona 2.
Existe, no entanto, uma grande variedade de
leitores multi-zona que permitem ler o DVD,
independentemente da região a que pertencer.
Em Novembro de 2003 um consórcio formado
pelas empresas Toshiba, NEC, Sanyo, Microsoft e
Intel, apresentou o primeiro protótipo do HD-
DVD, um concorrente direto do Blu-Ray,
entretanto desenvolvido pela Sony.
O HD-DVD trabalha com discos de capacidades
que variam entre 15 e 30 GB e seu sistema de gravação é em HDTV (High Definition Television). HD DVD -
(High Definition Digital Video Disc - Disco Digital de Vídeo de Alta Definição) foi um formato de media
ótica digital, desenvolvido como sendo o primeiro padrão de vídeo de alta definição. Foi promovido pela,
NEC, Sanyo e recebeu o apoio da Microsoft, HP e Intel. Também foi apoiado por um grande estúdio de
Hollywood, a Universal Pictures.
Em Maio de 2003 um consórcio formado pela Sony e Panasonic apresentou o Blu-ray como sucessor
do DVD. O Blu-ray é um DVD com alta capacidade de armazenamento de imagens (25GB contra 4.7GB do
DVD-R normal), e permite gravações em alta definição. O Blu-ray, também conhecido como BD (de Blu-
ray Disc) é o sucessor do DVD e sendo capaz de
armazenar filmes até 1080p Full HD até 4 horas
sem perdas. Requer uma TV Full HD de LCD,
Plasma ou LED para exibir todo seu potencial e
justificar a troca do DVD.
A capacidade de um disco Blu-ray varia de 25 (camada simples) a 50 (camada dupla) Gigabytes. O disco
Blu-ray faz uso de um laser de cor azul-violeta, cujo comprimento de onda é de 405 manómetros,
permitindo gravar mais informação num disco idêntico do que as tecnologias anteriores (o DVD usa um
laser de cor vermelha de 650 manómetros).
Blu-ray obteve o seu nome a partir da cor azul do raio laser (“blue ray” em inglês significa “raio azul”).
Disputou uma guerra de formatos com o HD DVD e em 2008 venceu com o apoio exclusivo da Warner
Bros., MGM, Fox e Columbia Pictures. Passou também a ser reproduzido na consola da Sony - Playstation
3.
Em 19 de fevereiro de 2008, a Toshiba decidiu não continuar com o desenvolvimento, fabricação e
comercialização do HD DVD. Segundo Atsutoshi
Nishida, presidente da Toshiba, a decisão da Warner
Bros em usar exclusivamente o Blu-ray foi
preponderante para a tomada dessa decisão. Mas
terão havido outros fatores que influenciaram a
vitória do Blu-ray sobre o HD DVD. Um deles terá
sido o facto da PlayStation 3, o leitor de Blu-ray mais
barato do mercado o ter adotado. A Microsoft
também é apontada como responsável por essa
vitória, a única força financeira com condições de
fazer frente ao consórcio Blu-ray, por não ter adotado o HD-DVD como formato padrão no Xbox 360,
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priorizando a distribuição digital. O Blu-ray ganhou assim a guerra contra o HD DVD sendo o novo
sucessor do DVD. Em 2008, todos os grandes estúdios migraram para o Blu-ray, incluindo o ex-exclusivos
do HD-DVD como Universal e Paramount. O triunfo do Blu-ray não se manteve por muito tempo. Os
novos suportes de gravação e a crescente rapidez e possibilidades da Internet, fizeram os seus estragos e
também ele já passou à história.

In cine Caru. 2010. Disponível em http://cinecaru.blogspot.pt/2010/08/especial-mostra-um-pouco-da-historia-e.html. Adaptado

Máquinas de filmar de ontem e de hoje

Quando hoje ligamos as nossas minúsculas máquinas de filmar para registar os melhores momentos
de nossas vidas com excelente qualidade visual e sonora, temos dificuldade em imaginar o quanto esses
equipamento evoluíram até chegar ao ponto de caberem na palma de nossas mãos, filmando com
qualidade, bem melhor do que as de antigamente, que
possuíam um tamanho e peso enormes.
Portanto, se pensa que a sua câmara moderna é
grande, pesada e complicada, que tal então conhecer
alguns modelos cronologicamente para ver o quanto as
coisas mudaram no que diz respeito às câmaras
portáteis? Talvez comece a pensar que a sua máquina
de filmar é quase fruto de filmes de ficção científica.
Até um pouco antes de 1967 o que existia de mais
moderno de câmaras portáteis a preços viáveis era
basicamente as câmaras de 8 mm ou as Super 8. Essas
eram as únicas opções para os utilizadores domésticos
poderem registar suas férias ou passagens diversas. As Disponível na Internet em: http://cuantohipster.com/wp-
content/uploads/2013/02/
máquinas de 8mm dessa época não gravavam som e
sua utilização era relativamente trabalhosa. Era preciso abrir o filme, ter cuidado para não expô-lo à luz
acidentalmente, colocar na câmara e filmar alguns poucos minutos que
cada filme comportava. Em seguida, era preciso rebobinar o filme dentro
da câmara, retirá-lo sem o expor à luz e enviá-lo para ser revelado. Mais
ou menos uma semana depois recebia-se o filme revelado e podia-se
assistir através de um projetor próprio.
Em 1967 a Sony lança seu Portapack, a primeira câmara de vídeo
realmente portátil e com uso menos complicado. Permitia gravação até 20
minutos com som que podia ser reproduzida num aparelho especial e
pouco a pouco as câmaras começaram a ficar menos complicadas,
menores acabando por produzir imagens coloridas. Nessa época milhares
de pessoas tornaram-se “cineastas-instantâneos” saindo às ruas e
Disponível na Internet em:
filmando o que bem lhes apetecia.
http://www.pddnet.com/blog/201 Em 1982 chegaram ao mercado os mini-VHS, pequenas fitas que
4/08/history-camcorders
permitiram a redução do tamanho e o peso das câmaras.
Em 1984 a JVC lançou a primeira câmara “tudo-em-um”, que gravava diretamente em fitas VHS,
permitindo assim maior duração da gravação e a reprodução imediata em qualquer videocassete VHS.

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Em 1992, a Sharp desenvolveu a LCD Viewcam. Uma câmara relativamente grande, mas que possuía
uma inovação que perduraria até hoje como algo essencial: um
display LCD colorido.
Em 1995 surgiu o precursor de todas as câmaras de hoje: a
Sony DCVR-XV1000. Na verdade a Sony e a Panasonic começaram
a produzir as primeiras câmaras de vídeo digital. Com tamanhos
reduzidos e qualidade de áudio e de som muito melhores,
permitiam ainda transferir o vídeo diretamente para os
computadores,
Disponível na Internet em:
permitindo até ao mais http://articulo.mercadolibre.com.co/MCO-
419495583-filmadora-video-camara-vhs-
panasonic-m9000-ma-066-_JM
leigo conseguir fazer
uma edição básica no vídeo, coisa que até há pouco tempo antes
só era possível manualmente (literalmente). Se se quisesse
retirar uma cena de uma filmagem, ter-se-ia que cortar essa
cena diretamente no filme e colar a cena desejada ali.
Hoje temos câmaras no mercado com LCDs sensíveis ao
toque, som e imagem, até pouco tempo atrás inimagináveis, de
extrema facilidade de uso e portabilidade. É claro que as
Disponível na Internet em:
câmaras profissionais para cinema possuem uma linha do tempo
http://pt.aliexpress.com/w/wholesale-
camcorder-camera.html um pouco diversa, mas que não deixa de ser parecida, pese
embora o fato de que as câmaras para utilizadores domésticos
considerarem o tamanho como o fator mais importante, enquanto as de cinema darem mais atenção à
qualidade de produção.
In Lu Explica, disponível na Internet em http://www.magazineluiza.com.br/portaldalu/filmadoras-as-de-ontem-e-as-de-
hoje/3496/. Adaptado

História dos equipamentos domésticos de gravação e leitura de som


O primeiro protótipo do fonógrafo foi obtido pelo francês Léon Scott em 1857, quando estudava as
características do som. Somente vinte anos depois, no entanto, graças a uma máquina inventada por
Thomas Alva Edison, foi possível ouvir a reprodução de
uma gravação. No século XX, desenvolveram-se muito as
técnicas de gravação e reprodução acústica, o que
resultou numa série de aparelhos domésticos destinados
ao lazer.
Gravação do som é o registo, numa base de gravação
(um disco, por exemplo) das vibrações produzidas no ar
pelo som. Na reprodução, o processo inverte-se, de
maneira que as vibrações gravadas convertem-se
novamente em ondas sonoras.
Entre as técnicas de gravação e reprodução do som
existentes, destacam-se os sistemas de base mecânica, de
que são exemplo os fonógrafos e os gira-discos; os de
base magnética, como os gravadores/leitores de bobinas Thomas Edison e o seu fonógrafo - Disponível na
Internet em: http://cultura.biografieonline.it/storia-
e de cassete; e os de base ótica, como é o caso das trilhas del-fonografo/
sonoras de filmes cinematográficos e dos discos compactos

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digitais.
O primeiro aparelho mecânico de reprodução do som, inventado por Thomas Edison em 1877 e
patenteado no ano seguinte, constava de um cilindro coberto com
papel de estanho e um pavilhão, que tinha no fundo um diafragma
ao qual se fixava uma agulha. Uma manivela imprimia ao cilindro
um movimento de rotação e outro, mais lento, de translação, de
modo que a agulha, apoiada sobre o papel de estanho, produzia
nele um sulco ao riscar uma curva espiral ininterrupta. Quando se
emitia um som, como a voz de uma pessoa, diante do pavilhão, as
ondas sonoras provocavam vibrações no diafragma, que as
transmitia à agulha. Esta produzia no papel uma série de elevações
e depressões decorrentes das oscilações. Desse modo, o som
original era “inscrito”, na forma de sulcos, sobre o papel. Ao passar
a agulha do diafragma pelo sulco traçado durante a gravação, ela
acompanhava as sinuosidades existentes e tornava a vibrar de
modo idêntico. Essas oscilações transmitiam se ao diafragma e
depois ao próprio ar, onde novamente se formavam ondas sonoras O fonógrafo de Thomas Edison - Disponível
na Internet em:
http://cultura.biografieonline.it/storia-del-
audíveis, que repetiam os sons originais. fonografo/
A máquina de Edison, embora de conceção genial, tinha
naturalmente limitações e reproduziam o som com
bastantes imperfeições: a gravação na folha de estanho
só podia ser tocada poucas vezes, não permitia cópias
nem a possibilidade de o papel ser retirado e guardado.
Em 1885, Alexander Graham Bell, seu primo
Chichester A. Bell e Charles Sumner Tainter substituíram
o papel de estanho por um invólucro de papel encerado,
que se podia recolher com facilidade.
A primeira gravação sobre um disco plano deve se ao
O fonógrafo de Thomas Edison - Disponível na Internet em:
http://cultura.biografieonline.it/storia-del-fonografo/ alemão naturalizado americano Emil Berliner, que traçou
num disco de zinco uma linha espiral (partindo das
extremidades para o centro do disco), sobre a qual deslizava a agulha. De acordo com as patentes, porém,
Edison tinha os direitos da gravação com sulcos, e Bell-Tainter os da impressão em cera. Assim, Berliner
foi levado a procurar uma solução nova: sobre um disco de zinco recoberto com uma fina camada de cera,
um serpenteador transversal registava as vibrações; depois, aplicava-se um ácido que atacava somente o
metal e, desse modo, produzia uma estria nos lugares em que a agulha havia retirado a cera. O disco
ficava pronto após a cera restante ficar derretida. Berliner,
porém, prosseguiu com as pesquisas, pois o seu sistema
ainda apresentava o inconveniente de só permitir a
produção de um disco de cada vez. A possibilidade de
cópias surgiu depois que ele teve a ideia de recobrir o disco
original com um metal mais duro e obteve um molde, isto
é, uma reprodução em negativo do original, com o qual
pôde fabricar outros discos.
Outra inovação importante ocorreu em 1890, quando
foram instalados mecanismos de corda nos aparelhos de
O gramafone de Berliner - Disponível na Internet em: cilindro de Edison e de Bell-Tainter, que já encontravam boa
http://wd4eui.com/Antique_Phonographs.html
aceitação no mercado. O próprio Berliner teve a ideia de
apresentar um tipo diferente de aparelho, de preço mais baixo. Com a colaboração do mecânico Eldridge
Johnson, inventou o gramofone, aparelho que em 1896 já era vendido em todos os Estados Unidos.

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Iniciou-se então a produção de discos aos milhares. Feitas por meio do poder mecânico das ondas
sonoras, essas gravações eram denominadas mecânicas ou acústicas. Os discos também eram tocados
mecanicamente. O grande êxito do sistema fonográfico de discos planos nos Estados Unidos e na Europa
incentivou o rápido aperfeiçoamento dos materiais,
conduzindo a melhorias estruturais, como a
incorporação de motores elétricos, daí resultando um
aparelho denominado gira-discos.
Apesar do grande interesse suscitado pela
reprodução de sons ainda nos primeiros anos do
século XX, ela era ainda estridente e barulhenta, com
uma gama limitada de tons. A sonoridade dependia
diretamente da intensidade da voz ou do instrumento
musical, pois não se conhecia nenhum processo de
Amplificador de tubo de vácuo - Disponível na Internet em:
http://megaarquivo.com/category/tecnologia-2/museu-do-
som/page/2/
controlo do volume acústico do disco, para aumentá-
lo ou diminuí-lo, nem de regulação da velocidade de
rotação. Além disso, era impossível gravar uma seleção musical executada por uma orquestra ou por um
grupo numeroso de músicos e cantores, já que cada executante devia cantar ou tocar o seu instrumento
perto da boca de um objeto semelhante a uma corneta, usado para concentrar a energia do som.
Em 1915 houve uma verdadeira revolução quando o americano Lee De Forest inventou um
amplificador de tubo a vácuo. A invenção marcou a transição da gravação acústica para a elétrica, o que
imprimiu uma considerável melhoria no método que, aliado à utilização de novos materiais na confeção
dos discos e das agulhas e ao desenvolvimento tecnológico dos sistemas de reprodução (alto-falantes,
amplificadores etc.), permitiu uma excelente qualidade sonora final. Padronizou-se então a gravação de
discos de 4 minutos e 30 segundos de duração e de 78 rpm (rotações por minuto), originalmente feitos de
goma-laca e depois de resinas sintéticas termoplásticas. A gravação de longa duração (long-playing),
conhecida como LP e lançada comercialmente em 1948 pela marca Columbia, foi projetada para tocar à
velocidade de 33/rpm. Por usar microssulcos, permitia um tempo de reprodução de trinta minutos para
cada lado do disco. Essa técnica representou uma verdadeira revolução, pois apresentava a vantagem da
economia e da fabricação com vinil, material plástico flexível e resistente, que produz muito pouco ruído
pela fricção. Os discos compactos de 45 rpm tocavam até oito minutos por lado e foram introduzidos em
1949. Gravações estereofónicas, com dois canais separados de som gravados no mesmo sulco, foram
feitas a partir de 1958. No início da década de 1970, surgiram os discos quadrafónicos, com dois canais
adicionais, mas não tiveram sucesso comercial.
A ideia de empregar um material magnético como
base de gravação de sons, antecipada pelo inventor
dinamarquês Valdemar Poulsen em 1898, só foi posta
em prática pela indústria na década de 1920, quando
começaram a ser utilizadas fitas magnéticas. Os
primeiros gravadores usavam um arame, que passava a
uma velocidade uniforme de um carretel para outro,
através do campo magnético de um eletroíman. As
ondas sonoras de um fone eram transformadas em
impulsos elétricos e passavam para o eletroíman, que
magnetizava o arame, segundo as ondas sonoras
originais. Para reproduzir os sons da gravação magnética,
Giradiscos - http://www.eventoclick.pt/eventos-
fazia-se passar o arame pelo campo de um eletroíman pt/festas/festa-rockabilly-r.html
semelhante, com a mesma velocidade e na mesma
direção anterior. As partes então magnetizadas do arame produziam um impulso elétrico transmitido ao
altifalante, onde o som era reproduzido. Posteriormente, começaram a ser utilizadas fitas magnéticas

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constituídas de tiras de papel às quais se aplicava o resultado da secagem de um líquido saturado de
partículas magnetizadas. Na Alemanha e nos Estados Unidos desenvolveu-se, na década de 1930, um
processo de gravação magnética sincronizada com as
películas cinematográficas, base do sistema
denominado magnetofone.
As modernas fitas de gravação magnética
consistem num filme de base plástica recoberto de
material magnético, geralmente óxido de ferro,
embora se usem também o dióxido de cromo e
partículas de metal puro. A gravação sobre essas fitas
faz-se por meio do gravador, que efetua a conversão
do som em sinal elétrico, depois aplicado sobre uma
espira enrolada ao redor de um núcleo de ferro Gravador de bobines – Imagem disponível em:
http://megaarquivo.com/category/tecnologia-2/museu-do-
magnetizado. Os gravadores podem ter várias som/
velocidades e números de pistas, mas todos se
baseiam no mesmo princípio: uma bobina magnética, chamada cabeça de gravação que atua como um
íman e magnetiza as partículas de óxido que constituem a base magnética da fita.
Nos sistemas magnéticos, o sinal elétrico a ser gravado é emitido por uma fonte, que pode ser
microfone, disco, rádio etc. Depois de amplificado num circuito eletrónico, o sinal elétrico é enviado para
a fita através de uma cabeça (bobina construída sobre um núcleo de ferro magnetizado) sobre cuja
superfície a fita se move. A corrente na bobina produz uma força que magnetiza as partículas da fita. Para
fazer a reprodução do som, basta passar o mesmo trecho da fita sobre a cabeça de reprodução. As
porções magnetizadas da fita provocam alteração do
fluxo magnético no núcleo, gerando uma voltagem que
é amplificada e enviada para os alto-falantes, os quais,
ao vibrarem, reproduzem o som original.
Os principais tipos de fitas de gravação são a bobine
e a cassete. Os gravadores de fitas de bobines foram os
primeiros a serem desenvolvidos e foram usados
principalmente para gravações profissionais. Podem
operar a diferentes velocidades e têm grande
Gravador de cassetes– Imagem disponível em:
flexibilidade, inclusive capacidade de gravar até 24
http://dqsoft.blogspot.pt/2010/08/som-aposentado-tape-deck- pistas separadas. A fita cassete consiste num jogo de
sony-tc-118sd.html
dois carretéis de fita dispostos num estojo retangular
fechado. Embora o sistema de fitas cassete seja menos flexível e de maneira geral apresente menos
fidelidade que os de fitas de rolo, os gravadores de cassete tornaram-se mais populares, principalmente
devido à facilidade de utilização.
O primeiro sistema ótico de leitura de som foi
inventado por De Forest, que em 1923 desenvolveu
técnicas de transcrição de ondas sonoras em impulsos
de luz que podiam ser fotografados numa fita de filmar.
Quando o filme passava entre uma fonte luminosa e
uma célula fotoelétrica num projetor cinematográfico,
as imagens transformavam-se novamente em impulsos
elétricos que podiam converter-se em som através de
um sistema de altifalantes. Outro tipo de gravação ótica
entretanto inventada foi a do disco compacto digital
(compact disc ou CD). Os métodos de gravação, leitura e Leitor de CD –
http://www.viva80.pt/post.aspx?tab=1&id=44
reprodução sonora mediante raios laser determinou

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uma autêntica revolução tecnológica desses aparelhos. A durabilidade, a precisão de leitura e a qualidade
do som dos compact discs determinaram a troca gradual, em determinados círculos, dos sistemas de
audição fonográfica e magnética pelos de tecnologia a laser.
Diferentemente dos demais métodos de gravação e reprodução,
que criam “analogias” do som original e são por isso chamados de
métodos analógicos, a gravação digital reproduz amostras do som a
intervalos determinados e converte-as em números binários, que são
então gravados em fita sob a forma de uma série de pulsos. Os
compact discs tornaram-se disponíveis comercialmente a partir do
início da década de 1980 e alcançaram grande popularidade no início
da de 1990. Outros sistemas digitais que apareceram no mercado
foram o digital audio tape (DAT) e o digital compact cassette (DCC).
Os instrumentos conversores da potência acústica em elétrica denominam-se microfones; neles, o
som faz vibrar um diafragma, e essa vibração transforma-se em pulso elétrico. As sucessivas conversões
do sinal original provocam uma perda de potência que, tanto nos processos de gravação como nos de
reprodução, se corrige com o emprego de amplificadores. Os elementos finais dos sistemas de
reprodução são os alto-falantes, cujo funcionamento é
basicamente inverso ao dos microfones.
A utilização de sistemas elétricos de conversão do sinal produz
perturbações intrínsecas denominadas ruídos, que podem ser
reduzidos por mecanismos de filtro e pelo uso de amplificadores
de sinais. O termo alta fidelidade (ou hi-fi, do inglês high fidelity)
designa um estado de qualidade mínima que se requer de uma
reprodução. As condições necessárias para os sistemas de alta
Microfones –
https://nelsondominguescga119.wordpress.com/
fidelidade são a adequação do espetro de audição a todas as
modulo-11-exame-tecnologias-audiovisuais/ frequências de som presentes na gravação, a faixa de volume
suficiente para distinguir o sinal dos ruídos e distorções, a
fidelidade na reprodução temporal dos sons e na reprodução aproximada do ambiente acústico durante a
gravação.

In Mega Arquivo, Disponível na Internet em http://megaarquivo.com/category/tecnologia-2/museu-do-som/. Adaptado

O obsoleto walkman um dia já foi um grande sucesso…!


Quando Akio Morita e Masaru Ibuka, fundadores da empresa Sony, tiveram a ideia de um aparelho
portátil de cassetes, ninguém acreditou que fosse funcionar: quem
poderia sair pelas ruas, com umas orelhas em cima das outras, o dia
inteiro? – questionavam os responsáveis de marketing.
Entretanto, cinco anos mais tarde, a marca japonesa tinha vendido
mais de 20 milhões de unidades em todo o mundo, dando um dos
primeiros passos em direção à revolução multimédia do século XXI.
Tudo começou com o lançamento do Sony Walkman TPS-L2, no
Japão, em 1 de Julho de 1979, quando a música se tornou portátil,
definitivamente. Além do tamanho, o aparelho possuía várias características inovadoras para a época,
incluindo saída dupla de auscultadores, controlos de volume independentes para os canais esquerdo e
direito e um diferente botão laranja, na parte superior, que baixava o volume da fita e ativava um
microfone, para que o utilizador pudesse falar com alguém próximo, sem ter que desligar a música ou
tirar os headfones. O desenho e grande parte da mecânica do primeiro Walkman foi o resultado de uma
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adaptação realizada num modelo anterior de gravador de cassetes, desenhado para jornalistas e
repórteres, que tinha no entanto pouca qualidade de áudio na reprodução, já que seu foco residia na
função de gravação.
Como estratégia publicitária, o próprio Morita encarregou-se de
enviar de presente um Walkman a cada estrela de cinema e televisão,
tanto americana como japonesa. No momento do lançamento, o
Walkman era vendido à volta de 150.00 dólares e os modelos que se
seguiram foram melhorando tanto em estilo como utilização: em
1983 surgiu uma versão desportiva, amarela, a prova de água e de
quedas e outra do tamanho de uma fita cassete, que cabia em
qualquer bolso.
Em 1984, apareceu no mercado o primeiro aparelho de
discos compactos, o CD-Walkman, modelo D-50. E a partir de
1992, surgiu um modelo capaz de reproduzir minidiscos e,
posteriormente, versões que podiam reproduzir diferentes
formatos de arquivos.
Com a origem da era multimédia digital, o Walkman
começou a sair definitivamente do mercado, dando lugar aos
dispositivos do tipo Ipod e similares, que centralizam a
possibilidade de reproduzir todo e qualquer tipo de arquivo de
som, vídeo e inclusive aplicativos de software. A Sony dedicou o nome Walkman a uma linha de
telemóveis e em 2010 anunciou o fim da venda e produção do Walkman de cassete, com 200.020.000
unidades vendidas ao longo de sua existência.
In Mega Arquivo, Disponível na Internet em http://megaarquivo.com/category/tecnologia-2/museu-do-som/

História da fotografia
Desde o século XVI que a humanidade já tem conhecimento de alguns conceitos relacionados com a
fotografia, como a câmara escura e o escurecimento da prata pela luz. Era então possível gravar imagens
em superfícies revestidas por sais de prata, quando colocadas no interior de uma câmara escura, mas tais
imagens desapareciam rapidamente,
quando entravam em contacto com a luz
ambiente. Esta técnica de congelar as
imagens não surgiu de um de dia para
outro, foi-se desenvolvendo com o
tempo, até que em 1826, Joseph
Nicéphore Niépce registou a primeira
fotografia reconhecida da história.
Desde a criação de Niépce muita coisa
mudou. A fotografia passou por
diferentes estágios: com o daguerreótipo,
invenção de Daguerre, teve a técnica
Disponível na Internet em: http://www.culturamix.com/tecnologia/historia-
reconhecida cientificamente em 1839 que da-fotografia-a-arte-de-registrar-imagens
possibilitou a gravação de imagens sem
possibilidade de reprodução. A partir da invenção da câmara de filmar, em 1888 por George Eastman, a
fotografia passou a ser acessível, por ser mais rápida, barata e prática. Este momento foi de tal
importância que esta técnica fotográfica predominou por mais de um século. A fotografia instantânea,
lançada em 1948 por Edwin Lnad, possibilitou a visualização de imagens assim que estas eram tiradas,
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sem a necessidade de enviar o filme para o laboratório, para revelação. Por fim a tecnologia digital, que
fez as suas primeiras imagens em 1965, mas só
passou a ser comercializada em 1981, estando
absolutamente presente e dominante nas sociedades
atuais, através do recurso a equipamentos na maioria
das vezes automáticos.
A tecnologia digital acarretou grandes mudanças
para a fotografia. A popularização desta tecnologia
democratizou a atividade, permitindo a um grande
número de pessoas o acesso à produção fotográfica,
possibilitando-lhes o registo de momentos, pessoas e
tudo o mais que queiram fotografar. No entanto,
equipamentos automáticos, registando fotografias Disponível na Internet em:
http://www.prof2000.pt/users/avcultur/postais/StoTirso01.ht
“pixelizadas” em formato digital trouxeram como m
consequência a perda da qualidade das imagens. E o
facto da fotografia digital não agregar valor com a compra e revelação de filmes, não possuir um
“original” e não exigir que as imagens sejam impressas faz com que sejam produzidas em grande
quantidade, muitas das quais sem possuírem qualidade ou técnica, o que pode por vezes banalizar a
atividade fotográfica.
Quando a fotografia surgiu, os
pintores da época sentiram-se
ameaçados pela nova atividade. Como a
pintura era o único meio de retratar
pessoas e registar cenas, esta teve que
encontrar novos meios para se
destacar face à nova atividade
emergente. Durante um certo tempo,
houve uma discussão sobre se a
fotografia poderia ou não ser
Disponível na Internet em: http://www.culturamix.com/tecnologia/historia-da-
fotografia-a-arte-de-registrar-imagens considerada uma manifestação de
arte e hoje, após o esforço de alguns
artistas-fotógrafos e de movimentos que pretendiam elevar a fotografia à categoria de arte, como o
pictorialismo, ela é considerada uma das mais importantes formas de expressão artística. A prova disso é
que hoje se pode encontrar exposições de
fotografias nos museus e galerias de arte.
Para o fotógrafo nem sempre é fácil
encontrar espaço para expor suas obras,
especialmente se este for amador ou estiver
no início da sua carreira. Uma opção
encontrada para solucionar este problema é de
expor as suas imagens na internet. Algumas
redes sociais permitem aos utilizadores
publicar gratuitamente fotografias e outras
Disponível na Internet em:
imagens e visualizar o conteúdo de outros http://www.culturamix.com/tecnologia/historia-da-fotografia-a-arte-de-
registrar-imagens
utilizadores. Duas das redes sociais que
permitem aos fotógrafos expor suas imagens na internet são o Flickr e o Instagram.

Correia, Juliana Rosa. (2009) “A evolução da fotografia e uma análise da tecnologia digital”. Disponível em:
http://www.com.ufv.br/pdfs/tccs/2012/JulianaCorr%C3%AAa.pdf (adaptado)
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Noções Básicas de Fotografia

Já há algum tempo que as máquinas fotográficas são tão automáticas que a grande maioria dos
utilizadores não sabe o que significam termos como velocidade do obturador, abertura ou profundidade
de campo. E porque é que haveriam de querer saber? A resposta é simples: Para poderem fotografar da
forma que querem e não da forma que a máquina quer.
Vamos tentar descrever os conceitos básicos da fotografia sem entrar em grandes detalhes.

Luz - A palavra fotografia significa "desenhar com a luz". De uma forma muito resumida a fotografia é
"desenhada" com a luz que é captada pelo sensor da câmara. Sem luz não haveria fotografia. Ou melhor...
haveria uma fotografia preta!
É importante conhecer a luz e saber quando se pode aproveitar a luz natural, quando é necessário
recorrer a luz artificial ou até mesmo combinar as duas. Este é sem dúvida o conceito mais importante
porque todos os outros estão ligados a ele direta ou indiretamente.

Com demasiada luz a foto Com pouca luz a foto fica sub- Com a quantidade certa de
fica sobre-exposta e perde exposta e perde definição nas luz conseguimos uma
detalhe nas partes mais claras. partes mais escuras. exposição equilibrada.

Exposição - É a quantidade de luz que é captada pelo sensor. Entender o que é a exposição e como ela
limita a fotografia é essencial para conseguirmos captar as imagens como as idealizamos.

Velocidade do Obturador - A velocidade do


obturador ou tempo de exposição define o período
de tempo que deixamos o sensor da máquina
exposto à luz. Sempre que pressionamos o botão do
obturador estamos a abrir uma "cortina" à frente do
sensor de forma a deixar a luz passar e gravar a
imagem. Já todos devemos ter visto na câmara ou
nos detalhes de uma fotografia no computador um
valor representado da seguinte forma: 1/30, 1/60,
1/125 ou 1/1000. Este valor representa o tempo, em
Esta imagem está exposta de forma a que o sol
segundos, que o sensor está exposto à luz.
fique com a exposição correta. O resto da
Normalmente é uma fração de segundo, mas pode fotografia ficou subexposto.
ser de vários segundos, minutos e até horas!
E como é que este valor influencia a fotografia? De duas formas:

1. Quanto mais tempo a "cortina" estiver aberta mais luz é captada pelo sensor e, quanto mais luz, mais
exposta (clara) fica a fotografia. A relação não podia ser mais simples: o dobro do tempo deixa entrar o
dobro da luz. Por exemplo, 1/30 deixa entrar 2 vezes mais luz que 1/60.

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2. A velocidade também é responsável pela forma na qual os objectos ficam gravados na imagem. No
exemplo abaixo podemos ver duas fotografias tiradas a velocidades muito diferentes.

Uma fotografia a alta velocidade (1/4000) Uma fotografia a baixa velocidade (1/8) cria
"congela" a água no ar. um efeito "fantasma" arrastando tudo o que
se move na imagem.

Abertura - A abertura refere-se, como o próprio nome indica, à abertura do diafragma da lente.
A representação numérica da abertura segue uma sequência de valores um pouco estranha (f/1.4, f/2,
f/2.8, f/4, f/5.6, etc.) e, de momento, não vamos entrar em detalhes porque a explicação pode ser
maçadora e não é relevante. A figura ao lado ajuda a perceber a
sequência destes valores e qual o seu significado prático em
termos da área aberta no diafragma. Como podemos ver, quanto
maior o número, menor é a abertura.
E como é que a abertura influencia a fotografia? De duas formas:
1. Quanto maior é a abertura, maior a quantidade de luz que é
captada pelo sensor e, quanto mais luz, mais exposta (clara) fica a
fotografia. Aqui a regra do dobro também se aplica. f/2.8 deixa entrar 2 vezes mais luz que f/4 e, 64 vezes
mais que f/22.
2. A configuração da abertura também nos permite obter diferentes profundidades de campo.

Uma abertura grande faz com que


Uma abertura pequena deve ser utilizada
elementos mais afastados do ponto de quando se pretende que objectos a
focagem fiquem desfocados
. (menor distâncias diferentes fiquem
profundidade de campo).
simultaneamente focados (maior
profundidade de campo).

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Conclusão - Qualquer fotografia é a combinação de uma determinada velocidade com uma determinada
abertura. O desafio está em compreender, dependendo da situação, qual a melhor combinação para
obter o resultado que idealizamos.

Fotografia e Arte

Quando a fotografia surgiu em 1826 e muito se discutiu a respeito do


seu valor artístico. Diziam que a imagem era feita pela máquina e não
pelo fotógrafo. Muitos teóricos da época negavam publicamente a
fotografia como forma de expressão artística, alegando que a fotografia
não passava de refúgio de todos os pintores frustrados. Ou seja, aqueles
que não sabiam pintar recorriam à fotografia por esta ser um
procedimento puramente técnico que não exigia nenhum dom artístico.
A fotografia que permitia a representação fiel da realidade agitou o
Pocket” Kodak, máquina fotográfica de fole
mundo cultural e artístico europeu. Acreditou-se então que a fotografia dobrável, para melhor transporte.
Disponível na Internet em:
substituiria a pintura e o desenho. De facto, o aparecimento da http://focusfoto.com.br/a-
fotografia alterou drasticamente o mundo da arte. Por um lado fez com importancia-do-registro-profissional/

que a pintura procurasse outras formas de interpretação da realidade. Assim, a pintura sentiu-se obrigada
a produzir imagens que a câmara fotográfica não conseguia registar. Como exemplos extremos podemos
citar o cubismo e o expressionismo com suas imagens bizarras e completamente fora da representação
fidedigna da realidade. Vejamos os
exemplos abaixo:
Há muitas fotos que não precisam de
conter qualquer mensagem, só a
beleza da imagem já lhe basta. Na
verdade é muito difícil aceitar que
uma imagem não traga um conceito
por trás, já que toda foto é feita
dentro de um contexto, de uma
determinada época. Contudo, esse conceito pode ficar em segundo plano quando o valor da imagem é
mais visual do que teórico.
A fotografia é por excelência o meio de produção que trabalha com a luz e a sombra. Assim, fotos que
exploram bem esse jogo luminoso e cromático tendem a impressionar pela beleza visual. Dentro dessa
categoria, gosto de destacar
as fotos feitas em estúdio,
cuja iluminação é
cuidadosamente montada.
Mas também é possível obter
excelentes imagens ao ar
livre se as condições
luminosas são propícias. Veja
os exemplos ao lado feitos
por Edward Weston.

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A princípio são objetos banais, como pimentões ou verduras, mas
perceba como esses elementos ganham uma beleza especial quando bem
iluminados. Vejamos outro exemplo de Robert Mapplethorpe.
A iluminação valoriza a musculatura e os contornos do corpo do
modelo. É verdade que o modelo tem um corpo bonito, mas com certeza
esta foto teria muito menos graça se não fosse essa luz bem trabalhada.
Tal mostra que a beleza da imagem está antes na luz do que no próprio
modelo.

Ainda falando de iluminação, não podemos deixar de citar as


fotografias em HDR, uma técnica fotográfica muito recente, surgida com
a tecnologia digital. HDR é a sigla em inglês para High Dynamic Range.
Quer dizer que uma fotografia em HDR apresenta muito mais detalhes na variação da luz desde as
sombras mais escuras até as áreas mais claras da imagem. Numa fotografia normal, se regulamos a
câmara para captar bem as luzes altas, perdemos os detalhes nas áreas de sombra, ou seja, as sombras
ficam muito escuras. Já, se regulamos a câmara para as áreas mais escuras, as luzes altas estouram,
ficando tudo muito branco. Com a técnica HDR eliminamos esse problema, já que com ela obtemos uma
imagem a partir de, pelo menos, três fotografias do mesmo objeto só que com regulações diferentes para
a captação da luz. O resultado final é uma imagem, por vezes estranha, mas muito interessante. Vejamos
alguns exemplos de fotos em HDR para percebermos a magia desse efeito luminoso:

Ainda em relação com a luz, não podemos deixar de falar da cor. Afinal, as cores são obtidas por
diferentes comprimentos de onda dos raios luminosos. Contudo, quando trabalhamos com a cor, todo um
novo universo de possibilidades abre-se à
nossa frente. É possível fazer-se excelentes
fotos usando apenas as cores como objeto
de interesse. Nesse caso, saber combinar as
cores é fundamental para uma boa
composição. Muitas vezes essa mistura já
está presente na realidade, basta sabermos
aproveitar a ocasião. Veja os exemplos
abaixo. Os objetos fotografados continuam
reconhecíveis, mas não são eles que
chamam a atenção, mas as suas cores.
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Mas não é só de luz que se faz uma foto. Afinal, 99,9% do que fotografamos é matéria. E toda matéria
tem forma e volume. Sabendo combinar esses elementos conseguimos boas composições utilizando as
linhas, as superfícies e as texturas. Pensar
na composição da imagem através do uso
de pontos, linhas e superfícies é tão
importante que Kandinsky escreveu um
livro “Ponto e linha sobre o plano” sobre o
tema:
Quando fotografamos pensando nos
elementos pictóricos, tais como as forças
das linhas, o equilíbrio das formas e a
textura dos objetos, pensamos a imagem
fotográfica como um desenho. Para tal é
preciso seguir os ensinamentos do
conceituado pintor Cezane, ou seja, reduzir os objetos do mundo às suas formas mais primitivas. Assim,
uma maçã torna-se uma esfera; uma garrafa torna-se um cone; um telemóvel torna-se um cubo e assim
por diante. Daí se pensar a composição desses objetos como uma composição geométrica em que os
objetos devem ser distribuídos de maneira a criar harmonia e equilíbrio. Isso pode parecer estranho à
primeira vista, mas pode tornar-se natural com a prática.
Ainda com relação ao tema da composição, vejamos outro belo exemplo menos evidente realizado por
Herb Ritz.
Percebamos a beleza das linhas sinuosas do corpo da modelo e do corte do vestido, assim como a
harmoniosa forma do tecido esvoaçante. Tudo isso composto com um fundo claro, limpo e de linha reta.
Dizemos que uma foto é conceptual quando traz consigo
uma mensagem, uma ideia, ou seja, quando extrapola o
campo da imagem em si e se relaciona com outras questões
filosóficas, poéticas, sociais ou históricas.
De acordo com a semiótica, a fotografia, é por natureza um
índice. Ou seja, uma foto é um registo de algo que realmente
ocorreu. Por exemplo: se uma pessoa aparece numa foto é
porque essa pessoa realmente existiu; se um casamento foi
registado por um fotógrafo, é porque essa cerimónia
realmente aconteceu. Isso pode parecer óbvio, mas é
justamente esse caráter indicial da fotografia que a diferencia
da pintura ou do desenho. Um pintor, por exemplo, pode
inventar uma paisagem ou um personagem, mas um fotógrafo
(a princípio) não, ele baseia-se na realidade, no facto
existente. É nesse contexto que estão incluídas as fotos
históricas, documentais e sociais. São fotos que têm como
valor registar a existência das coisas, as transformações
causadas pelo tempo e a diversidade da cultura humana.
Mas como uma foto que apenas regista um facto pode ter
um valor artístico? Pelo simples motivo que nenhuma foto é inocente! Toda foto carrega o ponto de vista
do fotógrafo. Ao enquadrar a imagem o fotógrafo está decidindo o que quer mostrar e o que quer deixar
de fora da imagem. Assim, um mesmo acontecimento pode ser registado de diferentes maneiras por
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diferentes fotógrafos. Cada um inclui na sua foto os seus valores, as suas convicções, o seu ponto de vista,
a sua opinião e, também, a sua poética. São esses elementos que fazem os fotógrafos procurarem uma
linguagem própria dentro da fotografia. Assim como na literatura cada escritor tem seu estilo de escrever,
na fotografia cada fotógrafo tem o seu jeito de olhar para as coisas.
No rol de fotógrafos que trabalham essa temática podemos destacar grandes nomes como Sebastião
Salgado, Claudia Andujar, Cartier Bresson e muitos
outros.
Sebastião Salgado, por exemplo, é conhecido
mundialmente pelas suas fotos que trazem uma crítica
à exploração do trabalho e às desigualdades sociais.
Vejamos um belo exemplo que ele desenvolveu com o
tema “Trabalhadores”, registando as condições de
trabalho de pessoas menos favorecidas.
Cartier Bresson, fazendo juz ao seu lema do
“instante decisivo” dizia que para se obter uma boa
fotografia era preciso saber o momento exato para dar
o clique. Baseado nesse preceito, ele registou de maneira primorosa acontecimentos no início do século
passado. As suas fotos registaram fatos reais no momento do acontecimento e, por isso, surpreenderem
pelo inusitado da situação. As suas fotografias também servem como documento do estilo de vida
daquela época.
Contudo, uma foto documental não necessita de grandes eventos, lugares ou pessoas exóticas para ter
valor. A foto documental pode ser feita no nosso
meio social, no nosso bairro. Registar a arquitetura
do bairro, o modo de vida das pessoas, o caminho
que fazemos para ir para a escola ou trabalho, as
transformações que a paisagem urbana sofre com
o passar do tempo, são realidades que podem
merecer uma fotografia. Todo o lugar, toda a
sociedade, toda a comunidade é digna de ser
fotografada porque é única no mundo. Podem até
existir outras parecidas, mas não serão idênticas e,
mais importante, não serão as mesmas. Vejamos
ao lado a beleza do registo de um simples fato do quotidiano.
Quando pensamos no valor de uma fotografia sempre a relacionamos como o registo de algo do
mundo. Assim, uma foto pode ter um valor histórico
por registar uma época passada; pode ter um valor
sentimental se for um retrato de uma pessoa amada
ou pode ter um valor documental se for, por exemplo,
servir a prova de um crime cometido.
Contudo, uma maneira interessante de pensar a
fotografia é não olhá-la como representação de algo
(como cópia da realidade), mas pensá-la como o lugar
desse algo. Isso pode fazer-se de duas maneiras: na
primeira, a fotografia, por ser um objeto físico (um
pedaço de papel), é por si só parte da realidade e
pode, portanto, ser ícone de si mesma. Na segunda
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maneira, a fotografia pode carregar tão intrinsecamente a referência daquilo que ela retrata que deixa de
ser uma representação para tornar-se um ícone desse objeto ou
pessoa. Ou seja, a fotografia deixa de ser uma simples imagem da
coisa retratada para tornar-se um objeto independente que pode
ser colocado no lugar dessa coisa. Parece complicado? Veja esses
dois exemplos abaixo para entender melhor.
Andy Warhol foi talvez o artista mais conhecido da Pop Art
americana. Não há
quem não conheça
as suas obras com
imagens da Marilyn
Monroe, por
exemplo. Marilyn
foi um ícone do cinema americano. Contudo, esse trabalho
de Andy Warhol é tão conhecido quanto a própria atriz.
Assim, essa obra de Warhol é um ícone dele próprio e do
movimento artístico ao qual ele pertenceu em meados do
século passado. Essa imagem da Marilyn Monroe foi tão
divulgada que já faz parte do imaginário popular e,
portanto, dispensa explicação. Além disso, as obras de
Warhol são na
verdade
serigrafias
produzidas a
partir de fotografias retiradas de revistas e jornais. Nesse
sentido, o trabalho desse artista pop discute o próprio valor
da fotografia como meio de divulgação da imagem e a sua
característica reprodutível. Ou seja, é da natureza da
fotografia permitir indefinidas cópias da mesma imagem. É
justamente nesse ponto que Warhol toca quando reproduz
dezenas de vezes a foto de Jacqueline Kennedy, por
exemplo.
Sempre que falamos de fotografia estamos a falar do
registo da realidade. Mas será que deve ser
sempre assim? Não poderia a fotografia
inventar novas realidades, propor novos
mundos, situações improváveis e personagens
fantásticos? Claro que sim! Ainda mais com o
advento da tecnologia digital e dos recursos
do photoshop. Aliás, atualmente, a
manipulação digital da imagem é tão comum
que dispensa até mesmo qualquer
exemplificação neste texto. Mas, mesmo
muito antes de toda essa tecnologia existir, os
artistas já utilizavam a fotografia para propor
situações inexistentes. Como exemplo disso
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podemos citar as fotografias surrealistas e as fotomontagens.
Ambos os movimentos surgiram no início do século
passado e utilizavam recursos muitas vezes bastantes
primitivos como o recorte e a colagem. Se antes a
fotografia sofria o preconceito de não ser uma técnica
artística por ser um registo frio e objetivo da realidade,
após essas vanguardas artísticas os fotógrafos
romperam de vez com qualquer dúvida que pudesse
existir em relação à pertença da fotografia ao mundo
da arte. Vejamos alguns exemplos e concluamos se
essas imagens não são expressões poéticas e
conceituais de seus autores.

In Fotografia Fácil (2005). Disponível na Internet em: https://fotografiafacil.wordpress.com/2010/09/15/fotografia-e-arte/,


adapatado

Máquinas comprometedoras (Conto)


A vida de André é a tecnologia em si, é a tecnologia na primeira pessoa. Habituado a viver em
função da máquina e de tudo o que ela tem para lhe oferecer, André acordou maldisposto, com a
sensação de que lhe faltava algo. O primeiro sinal de que estava vivo foi o despertador, que emitiu um
som agudo acompanhado pela voz de uma locutora que noticiava o tempo com a mesma cadência
com que as gotas de chuva caíam lá fora. Mas não era esse o som que o incomodava, apenas o agudo
emitido pelo despertador. Desligou-o, levantou-se da cama a muito custo e premiu o botão da
persiana automática, que se elevou lentamente como uma cortina de
um palco de uma qualquer ópera em que o protagonista, naquele dia,
era um dia cinzento, chuvoso e com o odor da neblina matinal. A
escova de dentes, que funcionava a pilhas, ainda estava fria. Quando
André a sentiu nas gengivas, deixou que a água se escapasse pelo
lavatório até ficar morna. Após a higiene pessoal, voltou ao quarto,
ligou o televisor, os dois telemóveis e vestiu-se sem grande
dificuldade. De entre os muitos fatos que guardava no roupeiro,
escolheu o da cor daquele dia, cinzento, claro. A fome não era muito,
mas André continuou com o seu rito matinal e dirigiu-se à cozinha,
preparando umas torradas na torradeira digital, retirando um iogurte
do frigorífico e aquecendo leite no fogão elétrico. Enquanto
preparava o pequeno-almoço, desligou o computador do escritório e
ligou o portátil quando regressou à cozinha, sem se esquecer, claro
está, do televisor. Era um dos cinco de que dispunha na sua luxuosa
casa. Enquanto escutava as notícias, consultou o seu e-mail, gravou
um CD com o trabalho que teria de apresentar durante essa manhã na empresa e navegou pelos sites
do bolsa para se inteirar das ações de que era proprietário. Tratou de limpar a cozinha antes de sair de
casa com o mini-aspirador e, mesmo antes de fechar a porta automática, ativou o alarme. Dirigiu-se
até à garagem, levou a mão ao bolso para retirar a chave da sua bomba, um Volvo S70. Com o
comando, abriu a garagem e o carro. Um simples dispositivo tinha funções que permitiam a André
esforçar-se o mínimo possível. Entrou no carro e ligou-o, tal como o rádio e o ar condicionado. Fez a
manobra necessária para que o carro saísse de frente para a estrada e deu ordem através do comando
do portão automático para que este se abrisse. Ao sair, colocou o auricular do telemóvel e efetuou
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uma chamada para a empresa de publicidade onde trabalhava. Olhando para o relógio do carro, tratou
de confirmar as horas no do pulso, um Rolex em ouro, e avisou que chegaria meia hora atrasado.
Parou numa pastelaria bem perto de sua casa, pediu um café, sentou-se e voltou a ligar o portátil,
desta vez para se ligar no Messenger e conversar com o seu assistente para delinear os principais
objetivos da apresentação dessa manhã. Depois de tudo planeado, desligou o portátil, levantou-se,
retirou o auricular do telemóvel e dirigiu-se até à porta. Ao sair da pastelaria, avistou uma caixa ATM
do outro lado da rua e lembrou-se de reabastecer os bolsos com dinheiro. Sacou de um qualquer
cartão da carteira, inseriu-o na caixa e levantou 50 euros. Meteu-se no carro, voltou a colocar o
auricular e dirigiu-se até ao emprego. Estacionou no seu lugar privado, retirou novamente o auricular,
desta vez para o substituir pelo seu leitor de mp3,
fechou o carro e meteu-se no elevador até ao quarto
andar. Estavam todos à sua espera na sala de
reuniões. Entrou, tirou o leitor de mp3, voltou a
ligar o portátil, conectou-o ao projetor e iniciou a
sua apresentação.
Ao fim de duas horas, o cliente, proprietário de
uma loja de animais, mostrou-se satisfeito com a
publicidade proposta por André, que acabaria por
ser felicitado pelo patrão e chamado ao seu
gabinete. Como era usual, sempre que alguém da
empresa conseguia conquistar um cliente, recebia
das mãos do patrão um presente. André entrou no Imagem disponível na Internet em:
http://cienciados.com/causas-y-consecuencias-de-la-adiccion-
gabinete e, espantado, vê o patrão com uma arma a-las-nuevas-tecnologias/
na mão, em prata, "É para ti. Parabéns pelo novo
contrato". André, que também era colecionador de armas, agradeceu o presente e voltou para o seu
gabinete. A hora de almoço aproximava-se e decidiu sair mais cedo para se sentar numa esplanada ao
lado do edifício da sua empresa, ligou o portátil e pediu uma leve salada. Esteve duas horas agarrado
ao computador. Voltou ao trabalho, numa tarde que acabou por ser calma e com pouco para fazer,
havendo tempo para conversas fúteis, sempre com o auricular ligado, Eram sete da tarde quando saiu,
Por entre vários engarrafamentos, chegou a casa duas horas depois de ter saído da empresa. Meteu a
mão ao bolso, tirou o comando para abrir o portão, premiu o respetivo botão, mas não obteve a
desejada resposta da máquina. Ainda com o auricular colocado efetuou uma chamada para a empresa
que fornecia os portões, dado que não era a primeira vez que tal situação ocorria. No entanto, André
teve uma resposta negativa e, por isso mesmo, teria ele próprio de resolver o problema, o técnico
havia-lhe dito que a única solução era saltar o gradeamento da sua casa e abrir o portão manualmente
por dentro, já que não havia qualquer técnico disponível.
André desligou o carro e saiu. Aproximou-se do gradeamento, que era bem alto, e, com muito
esforço, conseguiu equilibrar-se na parte superior. Ao tentar descer para o outro lado, o auricular, que
se havia esquecido de retirar, engatou-se no gradeamento. André escorregou e o fio do auricular
prendeu-se-lhe ao pescoço. A asfixiar tentou desesperadamente soltar-se, mas o fio apertava cada vez
mais, o espanto pelo facto de o fio não se quebrar com o peso do seu corpo aumentou-lhe o
desespero e, por isso, esticou os braços ao máximo para tentar puxar o fio do sítio onde estava preso.
Esforço infrutífero.
No dia seguinte, os jornais noticiavam uma tentativa falhada de suicídio, e André, transportado
para o hospital acabaria por sofrer graves lesões no cérebro provocadas pela asfixia. Agora, num
profundo estado de coma, estava como queria – ligado a uma máquina.

VÍTOR HUGO, O Mel e o Fel

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