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FACULDADE MARTHA FALCÃO – WYDEN

ADMINISTRAÇÃO

FELICITA SOARES MURILHO 152120493

SUSTENTABILIDADE, ECONOMIA CIRCULAR E LOGÍSTICA


REVERSA: UMA VISÃO HOLÍSTICA

Manaus – AM
2019
FELICITA SOARES MURILHO 152120493

SUSTENTABILIDADE, ECONOMIA CIRCULAR E LOGÍSTICA REVERSA:


UMA VISÃO HOLÍSTICA

Trabalho apresentado ao curso de


Administração, da Faculdade Martha Falcão –
Wyden, para avaliação e obtenção de nota
parcial na disciplina de Logística Empresarial.

Professor: F. Franco de Moraes Neto

Manaus – AM
2019
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Sumário

1. Introdução .............................................................................................................................. 4

2. O sistema termodinâmico da natureza ................................................................................... 5


3. Conceito de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade............................................... 6
4. A Economia Circular ............................................................................................................... 7
4.1. A transição para uma economia circular ............................................................................ 8
4.2. A economia circular nas empresas ...................................................................................... 9
5. A Logística Reversa .............................................................................................................. 10
5.1. Logística reversa como arma competitiva ........................................................................ 11
5.2. Logística reversa e economia circular .............................................................................. 11

6. Conclusão .............................................................................................................................. 12

7. Referências Bibliográficas .................................................................................................. 13

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1. Introdução
Atualmente, as atividades econômicas e humanas são capazes de promover
profundas transformações no sistema global, as questões socioambientais devem ser abordadas
de um ponto de vista sistêmico. Nos sistemas socioambientais, os efeitos das interações entre
os elementos provocam variações não-constante, seu funcionamento está relacionado com a
combinação de suas retroações, fluxos e reservatórios. A sustentabilidade está relacionada com
a manutenção da estrutura do sistema, é uma relação na qual os efeitos das atividades humanas
permanecem dentro dos limites que não deterioram a saúde e a integridade desses sistemas, por
isso, é necessário conhecer os conceitos de logística reversa e economia circular.
Cada vez mais é visto iniciativas que propõem como repensar cadeia de produção
e logística reversa para um sistema mais sustentável, revendo a maneira linear que a cadeia de
suprimentos funciona hoje: extração, produção e descarte. Nesse sistema há excesso de resíduos
e força a extração de tudo da natureza sem respeitar o ritmo de regeneração. Muitas empresas
já notam consequências nesse sistema linear, principalmente pelo aumenta de riscos com
interrupção no abastecimento de recursos, juntamente com o aumento e crescente variação dos
preços das commodities, afetando a sua competitividade.
Os impactos causados sobre o meio ambiente pelos produtos e processos
industriais, acrescidos dos grandes desastres ecológicos tornaram-se mais visíveis pela
sociedade, em geral, nas últimas décadas. A logística reversa se refere ao retorno de certos
produtos ou materiais, a recuperação e reutilização reduz os efeitos negativos sobre o meio
ambiente, trata-se também da questão da responsabilidade perante a produção, consumo de
produtos e resíduos gerados.
Tudo na natureza nasce, morre e se transforma em energia, naturalmente é um ciclo
que funciona em harmonia, mas o ser humano desequilibra cada vez mais essa balança,
tornando cada vez mais difícil os serviços ecossistêmicos suportarem ou se recuperarem.
Estudos apontam que a economia circular pode ser uma solução para minimizar o impacto
humano no meio ambiente. A economia de ciclo fechado e circular propõe não só a redução,
reuso e reciclagem como também a restauração e regeneração. “Do berço ao berço”,
biomimética, blue economy e design regenerativo são alguns dos conceitos agregados à
economia circular, todos propõem maneiras de pensar produção integrada à natureza.

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2. O sistema termodinâmico da natureza
O meio ambiente funciona como um sistema aberto, que recebe constantes insumos,
que são processados e transformados em produtos. Pode-se chamar de input, a organização de
entrada de insumos para ao sistema, nenhum sistema é autossuficiente, necessita de entrada de
energia, de importação de energia do seu ambiente externo, o mesmo ocorre com as atividades
econômicas e humanas, precisam importar energia do meio ambiente. O processamento refere-
se à transformação da energia que entrou no sistema em uma nova forma de energia, assim
como a natureza transforma vários insumos em novos materiais, as atividades econômicas e
humanas, transformam a energia dos recursos naturais. O output é o produto gerado pelo
processamento do sistema.
A entropia está relacionada com o nascimento, crescimento e morte de um sistema,
seu processo impõe-se em todos os seres vivos e as atividades econômicas, contribuindo para
o desgaste da manutenção da vida na Terra. A homeostase é um conjunto de elementos
autorregulares de um sistema aberto que permite manter o estado de equilíbrio do meio
ambiente, os sistemas naturais são autossustentáveis e se desagregam à medida que as
atividades econômicas e humanas interferem em seu meio ambiente. O feedback refere-se ao
mecanismo de retroalimentação de um sistema aberto, em que informações são emitidas de
modo a manter o sistema em equilíbrio, energia de baixo aproveitamento como dejetos
industriais, poluição e outros lixos, constitui-se em excesso de inputs que os sistemas abertos
não têm possibilidade de absorver. Essas características são chamadas funcionais, pois, regulam
o funcionamento do sistema, na figura 1 é visto a demonstração desses elementos em um
sistema.
FIGURA 1
Características funcionais de um sistema aberto

Fonte: LIVRO 7. Projetos Perspectivas do Desenvolvimento Brasileiro. Sustentabilidade


ambiental no Brasil: biodiversidade, economia e bem-estar humano / Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada. Brasília: Ipea, 2010.

A perda de energia do sistema global do planeta Terra é originada da exagerada


exploração econômica dos ativos naturais. O aumento do bem-estar, proporcionado pelo
crescimento econômico mundial, é ameaçado por alterações ambientais ocorridas, em grande
parte, pelas externalidades das próprias ações humanas.

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3. Conceito de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade
Apesar de existirem diversos conceitos na literatura em torno dos temas
“sustentabilidade” e “desenvolvimento sustentável”, o conceito mais conhecido e proposto pela
Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no documento Nosso Futuro
Comum, ou Relatório Brundtland, é o processo que “satisfaz as necessidades presentes, sem
comprometer a capacidade de as gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. O
relatório aborda a incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável, processos produtivos
e consumo, e sugere a conciliação com as questões ambientais e sociais.
Há diversos relatórios, documentos, programas e eventos que reúnem premissas,
recomendações, críticas e políticas sobre a sustentabilidade: como a Agenda 21 com premissas
e recomendações sobre como as nações devem agir em favor dos modelos sustentáveis; a
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, ou Rio-92, onde Rio
de Janeiro se tornou palco do que ficou conhecida como a mais importante conferência sobre
meio ambiente da história; a Organização das Nações Unidas (ONU), incorporou a política ao
debate sobre a relação ambiente e economia, principalmente nas conferências Rio 92, Protocolo
de Quioto e Rio + 10, inserindo questões ambientais na pauta diária dos gestores.
O desenvolvimento da sociedade sempre esteve atrelado aos riscos ambientais,
principalmente pelos resíduos gerados pelo consumo e pelos processos produtivos das
empresas. O desenvolvimento sustentável trata de um novo olhar sobre a maneira da sociedade
se relacionar com o ambiente, de forma que se tenha garantia da continuidade da vida no
planeta. A sustentabilidade é pauta diária e obrigatória das organizações na atualidade, o
progresso econômico não deve afetar o planeta de forma que inviabilize a vida das próximas
gerações.
A inserção de valores associados à preservação do meio ambiente e do
desenvolvimento sustentável pode desenvolver nas empresas uma cultura organizacional
voltada para a busca de uma sociedade mais consciente em relação às responsabilidades
ambientais.
A busca do equilíbrio entre o que é socialmente desejável, economicamente viável
e ecologicamente correto, é o desafio dos gestores das organizações, e esse equilíbrio depende
da parceria entre comunidade, empresas e governos. No cenário atual, a imposição de padrões
ambientais, obriga as empresas a adotares práticas que reduzam ao máximo os danos causados
no processo produtivo, a pressão de consumidores e da mídia, juntamente com a
regulamentação ambiental, para que as empresas sejam socialmente responsáveis são aspectos
motivadores, principalmente, na forma como os gestores veem essas questões.

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4. A Economia Circular
A transição para uma Economia Circular gera oportunidades econômicas, reduz
dependência de importação de matérias-primas e amplia a sustentabilidade. A Fundação Ellen
MacArthur – organização que estuda e estimula a adoção da economia circular – estimou que
uma economia circular pode levar a um crescimento econômico de 550 bilhões de euros e a
criação de 2 milhões de novos empregos na União Europeia, esses ganhos virão do
desenvolvimento de tecnologias mais avançadas, usadas para transformar resíduos em matéria-
prima, além da economia financeira gerada pela redução no uso de recursos naturais. Embora
o potencial econômico líquido seja estimado como positivo, alguns setores decairão em uma
economia circular, como aqueles ligados às matérias-primas primárias e aos materiais de
descartes que não podem ser reciclados.
A ideia de que tudo o que produzimos pode voltar para a produção em vez de virar
lixo ganhou o nome de economia circular, onde nada é desperdiçado, tudo é passado por
reaproveitamento, transformação e reciclagem. Nos últimos anos, esse conceito inovador
passou a ser adotado, entusiasticamente, pelo empresariado, por alguns motivos vitais às
organizações: primeiro, por sobrevivência, com o modelo atual, em algumas décadas, recursos
minerais e matérias-primas ficarão mais escassos e caros; além disso, a tendência é que os
consumidores passem a valorizar mais empresas sustentáveis; e o poder público, as exigências
para ações e práticas das indústrias.
O modelo econômico “extrair, transformar, descartar” da atualidade está tingindo
seus limites físicos. A economia circular envolve dissociar a atividade econômica do consumo
de recursos finitos, e eliminar resíduos do sistema por princípio. Apoiada por uma transição
para fontes de energia renovável, o modelo circular constrói capital econômico, natural e social.
Ele se baseia em três princípios:
▪ Eliminar resíduos e poluição por princípio;
▪ Manter produtos e materiais em ciclos de uso;
▪ Regenerar sistemas naturais.
O conceito de economia circular não está ligado a datas e autor, no entanto, desde
o fim da década de 1970, acadêmicos, líderes intelectuais e empresas veem esses conceitos
aperfeiçoados por algumas escolas de pensamentos: Design Regenerativo; Economia de
Performance; Cradle to Cradle, ou “do berço ao berço”; Ecologia Industrial; Biomimética; Blue
Economy.

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4.1. A transição para uma economia circular
São envolvidas três metas estratégicas no uso de matérias-primas para uma
transição para economia circular:
I. Uso otimizado das matérias-primas nas cadeias de produção existentes, levando à
redução de demanda por materiais primários;
II. Quando novas matérias-primas forem requeridas, a preferência será dada àquelas
produzidas sustentavelmente, renováveis e amplamente disponíveis;
III. Desenvolvimento de métodos de produção e design de produtos inovadores e promoção
de novas formas de consumo.
Existem várias barreiras, como a legislação (atualmente mais focada nos efeitos
negativos do lixo do que no seu valor como matéria-prima), incorporação insuficiente dos
impactos ambientais no preço dos produtos, falta de conhecimento (modelos de negócios,
materiais alternativos e processos de produção), comportamento dos consumidores e produtores
e investimentos.
A economia circular considera novos tipos de transações e de relações empresariais,
além de influenciar mudanças nas responsabilidades e nos lucros. Procura-se, também, otimizar
o valor dos materiais e componentes durante seu ciclo de vida útil, com as seguintes estratégias:
▪ Reduzir o uso de matéria-prima e a utilização de recursos não renováveis, substituindo-
os por recursos renováveis e insumos de base biológica;
▪ Circular resíduos e subprodutos através de seu reuso e reciclagem dentro da mesma
cadeira industrial ou repassá-la para uso em outras indústrias;
▪ Estender a vida útil dos produtos e ativos durante e após seu uso, de forma a preservar
e maximizar seu valor.
FIGURA 2
Desenho ilustrativo para entender Economia Circular

Fonte: LIVRO 7. Projetos Perspectivas do Desenvolvimento Brasileiro. Sustentabilidade


ambiental no Brasil: biodiversidade, economia e bem-estar humano / Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada. Brasília: Ipea, 2010.

Embasada na ideia dos metabolismos na natureza, essa economia estimulará


desenvolvimento e crescimento, em vez de destruição e desvalorização.

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4.2. A economia circular nas empresas
A Europa reúne exemplos de iniciativas em economia circular empreendidas pelo
capital privado. No início de 1980, a cidade de Kalundborg, no litoral da Dinamarca, tornou-se
famosa ao gestar aquilo que os dinamarqueses chamaram de “simbiose industrial”. Começou-
se a atrair indústrias no final dos anos 1950, quando o governo criou uma usina termelétrica na
região, hoje há fabricante de enzimas, fábrica de plástico e refinaria de petróleo, além de outras
companhias públicas e privadas. No modelo estabelecido em Kalundborg, os resíduos gerados
pelas atividades de uma empresa se tornam matéria-prima para outra. A cooperação entre a
indústrias, começou quando a farmacêutica Novo Nordisk passou a comprar o vapor excedente
liberado pela termelétrica da cidade. Hoje, além de compartilhar vapor, uma série de recursos
que, em outras partes do mundo seriam liberados ao meio ambiente, são compartilhados: a água
doce, usada pela refinaria de petróleo para resfriar as máquinas, é vendida para a termelétrica;
a termelétrica compra os gases liberados pela refinaria, que são reaproveitados para geração de
calor; a empresa farmacêutica purifica seus resíduos industriais e transforma em fertilizante,
vendido aos fazendeiros da região.
Uma empresa chamada Coopermiti, em São Paulo, devolve ao processo produtivo
aquilo que é considerado lixo eletrônico, no galpão da cooperativa há carcaças de monitores,
placas-mães de laptops e uma infinidade de produtos descartados, que são exportados para o
Japão, “com 70 toneladas de placas com circuitos e outros componentes, conseguem fazer uma
barra de ouro de 13 quilos” disse Alex Luiz Pereira, fundador da cooperativa. A ONU estima
que o Brasil gera 1,4 milhão de tonelada de lixo eletrônico por ano, esse acúmulo de produtos
descartados evidencia um dos grandes problemas de nosso atual modelo econômico: ele é
linear.
A Apple lançou o robô Liam, anunciado em 21 de março de 2016, que consegue
desmontar e separar todas as peças de um Iphone em 11 segundos. A ideia é aproveitar todos
os componentes que podem ser reutilizados eternamente, como cobre e ouro, já que os aparelhos
da Apple são conhecidos por ter uma “montagem complicada”. Mas para a economia circular
funcionar é preciso mais do que tecnologia, é preciso uma quebra de paradigmas, como a
obsolescência programada e repensar o modelo de negócio totalmente dependente de despejar,
literalmente, produtos no mundo.

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5. A Logística Reversa
Em seu sentido mais amplo, a Logística Reversa refere-se a todas as operações
relacionadas com a reutilização de produtos e materiais, englobando todas as atividades
logísticas de coletar, desmontar e processar produtos e/ou materiais e peças usadas, com o
objetivo de assegurar uma recuperação sustentável. Foi historicamente associada as atividades
de reciclagem de produtos e a aspectos ambientais.
Para chegar aos consumidores, a logística utiliza canais de distribuição, que são
constituídos basicamente por diversos participantes, tais como: centros de distribuição,
varejistas, distribuidores, atacadistas, entre outros, que são responsáveis pela comercialização,
transporte e entrega de produtos ao consumidor ou cliente final. A Logística Reversa, parte do
princípio de que a logística não é finalizada no momento em que o produto chega às mãos dos
do consumidor, mas a implantação de medidas que devem ser seguidas para que os produtos
que precisam retornar ao ciclo reprodutivo, ou seja, a logística de retorno desses produtos.
Há diversas definições para logística reversa, mas uma contribuição importante para
essa definição foi proposta por Lambert e Riopel (2003):
O processo de planificação, implantação, e controle da eficiência, do
custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques de processo, os
produtos acabados, e a informação relevante do ponto de utilização até
ao ponto de origem com o objetivo de recapturar valor ou adequar o seu
destino assegurando ao mesmo tempo uma utilização eficaz e ambiental
dos recursos levados a efeito.

Existem vários tipos de material reutilizáveis – embalagens, materiais de manuseio,


peças de máquinas, bens consumidos. O tempo de disposição varia de acordo com o tempo de
validade do produto ou com o tempo que o produto demorará para ser consumido: peças, por
exemplo, podem ser componentes de máquinas que apresentam algum defeito ou chegaram no
período de manutenção; embalagens são descartados assim que o produto que ela envolve for
entregue; há produtos que são reutilizáveis diretamente após uma breve limpeza, como
containers, pallets e garrafas. Há diferentes formas de reuso, como materiais para reparo,
reciclagem e manufatura.
Materiais reparados são os que tem suas funções restabelecidas depois de um
conserto, como eletrônicos, equipamentos domésticos e máquinas industriais. A reciclagem é a
recuperação de matéria-prima sem conservação da estrutura principal, como reciclagem de
vidros, papéis e pneus. Enquanto a reciclagem descaracteriza totalmente o produto, a
remanufatura preserva sua identidade principal, promovendo a construção de um novo produto,
por meio de desmontagem e montagem das peças com eventuais reparos.
A avaliação do nível de integração entre o canal de distribuição direto e reverso é
importante para saber ser o processo de recuperação será executado pelo fabricante do produto
ou por terceiros. Geralmente a manufatura é feito pelo próprio fabricante, já que detém da
tecnologia dos processos, a reciclagem é feita por agentes especializados externos, por
necessitar de processos e conhecimentos específicos.

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5.1. Logística reversa como arma competitiva
Mais do que ações táticas ou operacionais, a estratégia representa o rumo que a
empresa tomará nos próximos anos. Há algum tempo, essas estratégias consistiam nas funções
básicas do negócio, como finanças e marketing, mas, em meados dos anos 70 algumas
companhias começaram a notar que a logística também poderia fazer parte de uma área
estratégica. Um exemplo ocorreu nos EUA com o laboratório MCNeil, da Jhonson & Jhonson,
onde várias pessoas foram envenenadas, pois, havia cianeto dentro de frascos de Tilenol, um
remédio para dores e gripe, ocorrendo duas vezes em menos de dois anos, mas na segunda vez
a empresa já estava preparada com um sistema de logística reversa eficiente, que imediatamente
identificou o canal por onde passava o produto corrompido. O laboratório bateu recordes de
vendas como reflexo da satisfação da população com a agilidade das respostas.
A logística reversa também melhora a imagem da empresa diante do público. Um
exemplo foi o caso da empresa americana Hanna Abderson, vendedora de roupas infantis, a
proposta da campanha era a doação de roupas usadas da Hanna, com benefícios de 20% de
desconto na compra de roupas novas. Em 1996, a empresa teve retorno de 133.000 peças de
roupas que foram rapidamente distribuídas para entidades carentes.
A Nike também fez uma campanha de doação dos tênis usados nos locais onde
foram comprados, mas não foi oferecido desconto, a empresa triturou os tênis e utilizou o
material reciclado na construção de quadras de basquete e pistas de corrida. Gerenciar esse tipo
de logística reversa é custoso, mas aumenta o prestígio da empresa perante a sociedade.

5.2. Logística reversa e economia circular


O ciclo de vida de um bem ou serviço, representado pelos estágios de processo de
produção e comercialização, desde a extração das matérias-primas até a disposição final dos
resíduos, também é conhecida pela expressão “do berço ao túmulo”, na língua inglesa “cradle
to grave”, para Barbieri, Cajazeira e Branchini (2009) o berço é o meio ambiente, de onde são
extraídos os recursos naturais e o túmulo, também o meio ambiente, mas com o papel de ser o
destino final dos resíduos gerados, diferente do conceito “cradle to cradle”, que significa “berço
ao berço” de McDomough e Braungart (2002), que inclui os resíduos novamente no ciclo
produtivo.
A economia circular se ocupa do ciclo produtivo, partindo do design do produto,
seleção de fornecedores e matéria-prima, produção, distribuição, consumo e coleta para
reciclagem, remanufatura ou reuso, para redução máxima da geração de resíduos.
Percebe-se a integração do conceito de logística reversa ao conceito de economia
circular e como parte do conceito de ciclo de vida “berço ao berço”, visto que para que o resíduo
retorne como matéria-prima para outro ciclo produtivo, ele precisa ser coletado, triado, e então,
remanufaturado, recondicionado ou reciclado.

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6. Conclusão
A sustentabilidade organizacional e práticas voltadas a economia circular e logística
reversa, surgiu como um diferencial competitivo importante para manutenção das empresas no
mercado. Apesar dos avanços das últimas décadas, ainda há muito pela frente para atingir um
equilíbrio entre o social, econômico e ambiental. Portanto, os conceitos de desenvolvimento
sustentável e sustentabilidade, economia circular e logística reversa envolve uma nova
consciência dos gestores de políticas públicas e privadas.
As mudanças no sistema produtivo e no consumo excessivo poderão a médio e
longo prazo diminuir os danos causados na natureza, porém, o momento atual pede urgência
nas decisões estratégicas das organizações, e sociedade em geral, na busca de melhores práticas
de sustentabilidade. A mudança da cultura é um processo que demanda tempo, por isso, quanto
antes iniciar melhor para todos.
Com a economia circular, o crescimento econômico se dissocia do consumo
crescente de novos recursos, o que possibilita mais aproveitamento dos recursos naturais e dos
reaproveitados, aumentando a capacidade de ofertas e sem geração de crises econômicas
causadas por escassez. Nesse contexto, a logística reversa é apresentada como um novo modelo
de logística empresarial, que planeja, opera e controla o fluxo de bens de pós-vendas, garantindo
seu retorno ao ciclo produtivo, envolvendo todos players da cadeia, desde a indústria até o
consumidor final.
Mediante o conteúdo desse material, consegue-se observar que no início falou-se
de sustentabilidade como uma preocupação com o meio ambiente e a manutenção dele para a
existência da vida, é discutida há relativamente bastante tempo, mas não foi o suficiente, com
o passar dos anos adotou-se novas ideias e conceitos em torno dos impactos ao meio ambiente,
surgindo a economia circular, que juntamente com a logística reversa, detém conceitos de
grande importância que podem mudar o atual cenário alarmante quanto a utilização de um
recurso finito, a natureza.

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7. Referências Bibliográficas
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Exchange 4 Change Brasil, 2017.
MILHORANCE, Flávia. O que foi o Rio 92. Disponível em:
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O que é economia circular. Disponível em: <https://www.ecycle.com.br/2853-economia-
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Seminário em Administração, 2010.
LIVRO 7. Projetos Perspectivas do Desenvolvimento Brasileiro. Sustentabilidade ambiental
no Brasil: biodiversidade, economia e bem-estar humano. Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada. Brasília: Ipea, 2010.
SILVEIRA, Henrique. Sustentabilidade e Responsabilidade social. Vol. 3. 1 ed. Belo
Horizonte. MG: Poisson, 2017.
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em: <https://www.insectashoes.com/blog/economia-circular-para-alem-da-reducao-reuso-e-
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Ellen Macarthur Foundation. Economia Circular. Disponível em:
<https://www.ellenmacarthurfoundation.org/pt/economia-circular-1/escolas-de-pensamento>.
Acesso 4 mar 2019.
ARBACHE, Fernando. Economia circular – uma nova revolução industrial. Disponível em:
<https://arbache.com/blog/economia-circular-uma-nova-revolucao-industrial/>. Acesso 4 mar
2019.
GUARNIERI, Patricia. Economia circular e logística reversa – quais as diferenças e
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CISCATI, Bruno. Como a economia circular pode transformar lixo em ouro. Disponível
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economia-circular-pode-transformar-lixo-em-ouro.html>. Acesso 3 mar 2019.

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