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CONSAGRADO
Universo dos Livros Editora Ltda.
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AMANTE
CONSAGRADO
J. R. WARD
Copyright © Jes- Diretor-
sica Bird, 2008 Editorial
Todos os direitos re- Luis Matos
servados, incluindo Tradução
os direitos de re- Alyne Azuma
produção integral Preparação
ou em qualquer Felipe C. F.
forma. Esta edição Vieira
foi publicada em Revisão
parceria com NAL Fernanda
Signet, membro do Duarte
Penguin Group Assistente-
(USA) Inc. Editorial
Título original Noele Rossi
Lover Enshrined Talita Camargo
© 2011 by Talita
Universo dos Gnidarchichi
Livros Arte
Stephanie Lin
6/1233
W259a Ward, J. R.
Amante Consagrado / J.
R. Ward ; [tradução de Alyne
Azuma ]. – São Paulo :
Universo dos Livros, 2011.
552 p. – (Irmandade da Adaga
Negra)
ISBN 978-85-7930-236-7
CDD 813.6
Dedicado a: você.
Você foi um perfeito cavalheiro e um
alívio.
E eu acredito que a alegria se transforma
em você – com certeza você merece.
AGRADECIMENTOS
Dhunhd: Inferno.
Lewlhen: Presente.
Libhertador: Salvador.
– Não.
– Eu disse a eles para falarem com você.
– Então, isso deve ser um não.
Assim como na primeira pergunta, ele
forçou a resposta só para ser chato.
– Não entendo por que eles não falaram
com você.
Seu pai descruzou as pernas, cruzou de
novo, o vinco em suas calças era tão marcado
quanto sua boca na taça de vinho.
– Eu realmente só quero dizer as coisas
uma vez. Não acho que seja pedir…
– Você não vai me dizer, vai?
– … demais. Quero dizer, de verdade, o
trabalho de um servo é claro. O propósito é
servir, e eu realmente não gosto de me
repetir.
O pé livre do pai bateu no ar. Seus mocas-
sins eram, como sempre, de Cole Haan:
caros, mas não mais extravagantes que um
sussurro aristocrático. Qhuinn olhou para
suas botas New Rock. As grossas solas
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– Eu quero correr.
Ele abriu o braço e mostrou o gramado.
Cormia não se deixou levar por pensamen-
tos sobre os perigos do desconhecido ou a
dignidade que a Escolhida deveria ostentar
junto com sua túnica branca. Deixando de
lado o grande peso da obrigação, ela levan-
tou a túnica e saiu correndo, o mais rápido
que suas pernas conseguiram. A grama
flexível amortecia seus pés, seu cabelo voava,
e o ar tocava seu rosto.
Ainda que continuasse com os pés no
chão, a liberdade em sua alma a fazia voar.
CAPÍTULO 5
Qhuinn sorriu.
– Sabe, meus amigos e eu não acharíamos
certo deixar você aqui sozinha.
Sim, achariam sim, John pensou. Seus
amigos achariam isso ótimo. Tragicamente, o
sorriso lento de Stephanie foi claro. Eles não
iriam a lugar nenhum até que Qhuinn en-
trasse na caixa registradora dela.
Pelo menos o amigo agia rápido. Dez
minutos depois, a loja estava vazia e a porta
de metal tinha sido abaixada. E ele estava
sendo puxado pela corrente da calça para um
beijo. John ficou segurando suas duas
sacolas enquanto Blay se ocupava em olhar
as camisas que já tinha visto.
– Vamos para um provador – a gerente
disse na boca de Qhuinn.
– Perfeito.
– Não precisamos ir sozinhos. – O olhar
da garota se virou para trás, para John, e
nele ficou. – Tem espaço suficiente.
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– Obrigado.
Em um movimento rápido, o Primaz tirou
a roupa íntima e passou por ela, nu. A respir-
ação de Cormia parou. O sexo enorme dele
estava pendurado na base, macio e grande, a
cabeça balançava levemente.
– Você pode ficar enquanto eu tomo
banho? – ele pediu.
– Ah… é isso que você deseja?
– Sim.
– Então eu… sim, eu fico.
CAPÍTULO 11
Maldito Lash.
Caramba, não importa o resultado daquela
facada, ele não teria feito nada diferente.
Lash sempre foi um imbecil e Qhuinn passou
anos esperando para pegá-lo de jeito. Mas
depois de ter feito aquilo com John? Qhuinn
esperava que ele morresse.
E não só porque um idiota cruel a menos
no mundo seria uma coisa boa.
A verdade era que Lash tinha uma boca
grande e, enquanto estivesse respirando,
aquela informação sobre John não estaria se-
gura. E isso era perigoso. Havia gente na gly-
mera que consideraria algo daquele gênero
totalmente degradante.
Se John tinha esperanças de se tornar um
Irmão completo e ser respeitado na aristo-
cracia, se tinha esperanças de ter uma com-
panheira e constituir uma família, ninguém
podia saber que ele tinha sido violentado por
qualquer macho, muito menos um macho
humano.
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– Ainda bem.
Ele chegou ao segundo andar e andou pelo
corredor das estátuas. Quando Bella en-
costou a cabeça no ombro de Phury, ela tre-
meu um pouco e o fez querer sair correndo.
Assim que chegou ao quarto de Bella, as
portas no fim do corredor se abriram.
Cormia apareceu, hesitou e arregalou os
olhos.
– Você pode abrir a porta? – ele pediu.
Ela avançou e abriu o caminho para que
ele pudesse entrar no quarto. Phury foi
direto para a cama, deitou Bella no vão form-
ado pelos lençóis e cobertores que estavam
dobrados.
– Você quer comer alguma coisa? – ele
perguntou, tentando acalmar o clima de “va-
mos chamar a doutora Jane”. Um pouco de
brilho voltou aos olhos dela.
– Acho que esse é o problema… eu comi
demais. Tomei duas taças de sorvete de
chocolate com menta.
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– A de lâmina curta.
O Sr. D revirou as sacolas, encontrou a
faca certa e lutou contra uma embalagem de
plástico tão forte que ele queria enfiar a faca
em si mesmo de frustração.
– Chega – o Ômega gritou e esticou a mão.
– Posso pegar uma tesoura…
– Passe para mim.
No instante em que a embalagem encon-
trou a palma sombria do mestre, o plástico
queimou, liberando a lâmina e caindo no
chão como um pedaço de couro retorcido.
Quando o Ômega se voltou para o vam-
piro, testou a faca em seu próprio antebraço
escuro e sorriu quando o óleo preto saiu do
corte feito.
Era como abrir um porco e foi tão rápido
quanto.
Enquanto os trovões caíam em volta da
casa como se estivessem procurando uma
maneira de entrar, o Ômega correu a lâmina
pelo centro do corpo do macho desde o corte
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– Agora entre.
Z. fechou a porta do veículo.
Phury soltou um palavrão e entrou no lado
do passageiro enquanto a Mercedes parou e
Qhuinn desceu do banco de trás. Os olhos do
garoto se arregalaram quando viu a mansão.
Claramente, ele estava lá para o julgamento,
Phury pensou ao entrar do lado de seu irmão
gêmeo, que estava em silêncio mortal.
– Você sabe onde fica a casa dos pais de
Lash, não sabe? – perguntou Phury.
– Claro que sei.
O cale a boca não foi subentendido.
Quando o Escalade seguiu para os portões,
a voz do mago ecoava séria dentro da cabeça
de Phury: é preciso ser um herói para ser
digno de gratidão, e você não é nenhum ca-
valeiro de armadura e cavalo branco. Você
apenas quer ser um.
Phury olhou pela janela, as palavras duras
trocadas com Z. ecoavam como tiros em um
beco.
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– Ah… sim.
Claramente, a fêmea ainda não sabia que
ele tinha sido removido da Irmandade, e
aquele não era o momento para surpresas
desagradáveis. A mão de Bella passeou por
sua barriga grávida.
– Alguém contou a você por que Phury se
tornou o Primaz? Quero dizer, em vez de
Vishous.
– Não. Eu nem sabia que tinha havido
uma substituição até encontrar o Primaz no
templo.
– Vishous se apaixonou pela doutora Jane
mais ou menos na época que estava tudo
acontecendo. Phury não queria que eles se
separassem, então ele se voluntariou. – Bella
balançou a cabeça. – A coisa com Phury é
que ele sempre coloca os outros antes de si
mesmo. Sempre. É a natureza dele.
– Eu sei. É por isso que eu o admiro tanto.
De onde eu venho… – Cormia tentou encon-
trar as palavras com dificuldade. – Para as
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– Eu me sinto… morto.
– Vai passar.
– Não… eu nunca vou me sentir… Ah,
dane-se, cale a boca e dirija, ok?
Lash pegou o último cartão quando vir-
aram à direita numa saída da Rota 22. Era a
carteira de motorista falsa de seu pai.
Quando seus olhos pousaram na foto, seu es-
tômago se retorceu.
– Pare o carro!
O Focus parou no acostamento. Enquanto
um enorme utilitário passava por eles, Lash
abriu a porta e vomitou mais coisa preta no
chão. Ele estava perdido. Totalmente per-
dido. Que diabos ele tinha acabado de fazer?
Quem era ele?
– Eu sei onde levar você – disse o Sr. D. –
Se você fechar a porta, posso levá-lo a um
lugar onde vai se sentir melhor.
Tanto faz, Lash pensou.
Nesse ponto, ele aceitaria sugestões de
qualquer coisa.
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– Sim.
Ele pegou o laço da túnica.
– Vou cuidar de você. Confie em mim.
E, por Deus, ele sabia que cuidaria de
Cormia. Alguma parte dele tinha absoluta
certeza de que ia dar prazer a ela, mesmo
que nunca tivesse feito aquilo.
Soltou o laço e abriu a túnica.
O corpo da fêmea se revelou, desde os
seios altos e firmes, passando pela barriga
até os lábios claros de sua parte mais íntima.
Quando a mão dela desceu e pousou sobre o
próprio sexo, ela se transformou no desenho
do dia anterior, totalmente sexual, feminina
e poderosa… só que era de carne e osso.
– Meu… Deus.
As presas de Phury se manifestaram na
boca, lembrando-o de que não se alimentava
há algum tempo. Um barulho que era ao
mesmo tempo uma exigência e um pedido
subiu por sua garganta, e ele não tinha cer-
teza de quanto daquele gemido era por causa
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– Não, não é…
– Você parou, não parou? Você escolheu
não continuar.
– Cormia, não é isso…
– Para quem você está se guardando? – Os
olhos dela foram ágeis ao se voltar para ele.
– Ou seria mais para o quê? É a fantasia de
Bella? É isso que está impedindo você? Se
for, eu sinto muito pelas Escolhidas. Mas se
o celibato é para manter você isolado e se-
guro, eu sinto muito por você. Essa força é
uma mentira.
Ela estava certa. Que inferno, mas ela es-
tava certa.
Cormia enrolou o cabelo e olhou para ele
com a dignidade de uma rainha enquanto o
prendeu de volta.
– Vou voltar para o Santuário. Eu desejo
tudo de bom para você.
Quando se virou, Phury foi até ela.
– Cormia, espere…
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– Deus?
Cormia moveu a mão para frente e para
trás.
– É só uma expressão que eles usam aqui,
não um sinal da minha fé. Agora, por favor,
vá.
Pareceu que Layla precisava de um mo-
mento para voltar a si após o escorregão es-
piritual. E então sua voz tornou-se delicada.
– Tenha certeza de que ele não vai me
escolher. E saiba que se algum dia você pre-
cisar de…
– Eu não vou.
Cormia se virou e ficou olhando pela
janela com total fixação. Quando a porta fi-
nalmente se fechou, ela praguejou. E então
atravessou o quarto e chutou cada pedaço de
sua construção. Ela destruiu cada parte,
quebrando cada caixinha até que a antiga or-
dem se tornasse apenas vestígios sobre o
tapete.
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– Nada.
Blay balançou a cabeça.
– Escutem, eu preciso terminar de fazer as
malas…
Qhuinn rapidamente interrompeu.
– Sim, nós precisamos ir…
Ah, não. John foi até as escadas. Nós va-
mos para o seu quarto resolver isso. Agora.
Quando John colocou o pé em um degrau,
Qhuinn teve que segui-lo, por causa de seu
novo emprego, e imaginou que Blay viria
também porque a professora de boas
maneiras que havia dentro dele não supor-
taria ser um mau anfitrião.
Lá em cima, John fechou a porta atrás dos
três e colocou as mãos no quadril. Enquanto
seu olhar ia de um lado a outro, ele parecia
um pai olhando duas crianças rebeldes e
uma bagunça no chão. Blay foi até o closet e
quando o abriu, o espelho de corpo inteiro
refletiu Qhuinn. Os olhos dos dois se encon-
traram por um instante.
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– Eu sabia.
A Princesa ficou de joelhos e se inclinou.
No instante em que seus lábios encontraram
a cabeça do membro, a sensação de ardência
por causa do batom fez as bolas se contraír-
em como punhos.
– Peça.
– O quê? Sexo oral ou para saber sobre a
mudança de data?
– Estou sentindo que você precisa implor-
ar pelas duas coisas.
Ela pegou seu membro, levantou-o contra
a barriga de Rehv e então passou a língua
por ele, brincando com a farpa pontiaguda
que havia na base. Era a parte de que a
Princesa mais gostava, a que se encaixava
nela quando Rehv gozava e os mantinha
unidos. Pessoalmente, ele detestava aquela
coisa, mas dane-se, era bom que alguém est-
ivesse brincando com aquilo, mesmo com a
dor que vinha do que estava na boca dela.
– Peça!
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Ah… não.
O macho vinculado dentro dele avançou
como um animal, se libertando das mentiras
com que tinha se alimentado sobre seus sen-
timentos, rugindo para fora da caverna de
seu coração, arrancando dele tudo o que
havia de civilizado.
Tudo o que sabia é que sua fêmea estava
parada nua e sendo cobiçada por outros. Isso
era tudo o que importava. Antes que se desse
conta do que estava fazendo, Phury soltou
um rugido que irrompeu pelo ar como um
trovão.
Os olhos de John Matthew e de seus ami-
gos se viraram, e os três recuaram ao mesmo
tempo. Totalmente. Como se a piscina est-
ivesse pegando fogo.
Cormia, por outro lado, não olhou na
direção dele. Também não tentou se cobrir.
Em vez disso, ela deliberadamente pegou a
túnica e passou lentamente pelos ombros,
totalmente desafiadora.
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– O quê?
– Não, ele não mereceu – disse Cormia,
segurando a gola da túnica perto do pescoço.
– Foi consensual.
– Não foi não – Phury balançou a cabeça.
– Não foi.
– O que foi consensual?
Enquanto a convenção no quarto con-
tinuava, John manteve os olhos em Phury.
Caso Rhage diminuísse a força, ele partiria
para cima do Irmão de novo. Não importava
quem estivesse lá. Phury sentou lentamente,
contorcendo de dor, com o rosto começando
a inchar.
– Não minta, Cormia.
– Siga o seu próprio conselho – ela soltou.
– O Primaz não fez nada de errado…
– Mentira, Cormia! Eu peguei você à
força…
– Você não…
Mais alguém entrou na discussão. E mais
alguém. Até John se meteu na confusão,
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– É a última chamada.
– Martini.
O sujeito voltou com a bebida e sacou um
guardanapo antes de baixar a taça triangular.
– Doze dólares.
Phury escorreu uma nota de cinquenta
pelo balcão preto e manteve a mão sobre o
dinheiro.
– Estou procurando uma coisa. E não é
troco.
O barman olhou para o dinheiro.
– O quê?
– Eu gosto de andar a cavalo.
Os olhos do sujeito começaram a percorrer
o local.
– Ah, é? Bem, isto é uma boate, não um
estábulo.
– Eu nunca uso roupas azuis. Nunca.
Os olhos do barman voltaram e olharam
Phury de cima a baixo.
– Com as roupas caras que está vestindo…
você pode usar qualquer cor que quiser.
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DE EQUIPAMENTOS/FISIOTERAPIA. – Eu dou um
jeito nesse corte nas minhas costas.
– Você não vai alcançar, está bem no meio.
Blay segurou a maçaneta e mais uma vez
fez um barulho com a garganta. Dessa vez,
definitivamente não era “eu também”.
– Seja razoável – Qhuinn disse.
Blay continuou olhando para frente. De-
pois de um momento, ele abriu a porta.
– Lave as mãos primeiro. Antes de encost-
ar em mim, quero que você lave as mãos.
Quando entraram, ele foi direto para a
maca onde Qhuinn tinha sido operado na
noite anterior.
– Nós podíamos dividir o aluguel disto
aqui – Qhuinn comentou ao olhar em volta
pela sala cheia de armários de aço inoxidável
e equipamentos médicos.
Blay pulou na mesa, tirou a camisa com
um movimento de ombros e estremeceu de
aflição quando viu os ferimentos abertos no
peito.
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– Droga.
Qhuinn respirou fundo, tirando todo o ar
de seus pulmões, e apenas olhou para o
amigo. A cabeça de Blay estava pendurada
no pescoço enquanto examinava onde tinha
se cortado. Ele estava lindo, ombros largos,
peito forte, braços cobertos de músculos.
Mas o que o tornava mais atraente era sua
discrição. Era difícil não imaginar o que
havia debaixo de toda aquela modéstia.
Qhuinn começou a bancar o enfermeiro,
pegando gaze, esparadrapo e antisséptico
dos armários, colocando tudo em um car-
rinho e levando até a maca. Tendo tudo de
que precisava, foi até a pia de aço inoxidável
e apertou um pedal para abrir a água. En-
quanto lavava as mãos, disse em voz baixa:
– Se eu pudesse, eu faria…
– Como é?
Qhuinn despejou sabão nas mãos e es-
fregou até os antebraços. O que era um
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– Oh…
É mesmo. Ele a tinha feito ir para lá depois
de fazer sexo com ela. E depois ele… Injetar.
Heroína.
– Meu Deus.
Essa pequena constatação fez Phury recu-
perar o foco e olhar em volta. Tudo o que viu,
em toda parte, era lavanda claro, e ele lem-
brou de Cormia passando pelo armário no
escritório com sua túnica branca com aquela
rosa na mão. A flor ainda estava lá, pensou.
Ela a tinha deixado para trás.
– Quer alguma coisa para beber?
Phury olhou de volta para o irmão gêmeo.
Em seu canto, ele parecia cansado e vazio.
– Estou cansado – Phury murmurou.
Z. levantou e levou um copo.
– Levante a cabeça.
Ele fez o que o irmão mandou, mesmo que
seu cérebro reclamasse. Enquanto Zsadist
segurava o copo na boca do irmão, ele deu
um gole, depois outro e então estava
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– Sim.
– De novo.
– Sim.
– Agora… você consegue ver um pouco do
rosto da estátua?
– Sim… sim, eu posso ver o rosto do
jovem. – Uma lágrima escorreu por sua face.
– Eu posso ver… eu posso ver… posse me ver
nele.
Na casa de Lash, John parou nas escadas e
pensou que talvez o fator assustador na casa
Tudor tivesse prejudicado seu cérebro.
Porque não era possível que fosse Lash lá
embaixo, sentado de pernas cruzadas no
chão do saguão, com uma mancha girando
em volta dele.
Enquanto seu cérebro tentou lidar com a
realidade e o que não podia ser real, John
percebeu o cheiro doce de talco de bebê per-
meando o ar, quase deixando tudo rosa. Meu
Deus, não diminuía o buquê da morte – só
piorava o terrível fedor de podridão.
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– O. Que. É?
– É um acordo de dois por um.
– Como é?
– Eu vou com ele.
– De jeito nenhum.
O homem perdeu toda a leveza na voz.
– Faz parte do acordo e, acredite em mim,
eu também não aceitaria. Mas o fato é que
ele é minha última chance, então, sinto
muito, mas eu vou junto. E, a propósito, se
você disser não, vou destruir a todos nós
assim.
O homem estalou os dedos, e uma faísca
branca brilhou no céu noturno. Após um in-
stante, Wrath se virou para John.
– Este é Lassiter, o anjo caído. Uma das
últimas vezes que ele esteve na Terra, houve
uma praga na Europa Central…
– Certo, aquilo não foi culpa minha…
– … que dizimou dois terços da população
humana.
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– Eu vou trazê-los…
– Não. Considere um presente de
casamento.
– Bom… obrigado.
– De nada. Eu sei que você gosta de
Gucci…
– Não pelos sapatos, mesmo eles sendo in-
críveis. Quero dizer… por me colocar na lista
dos não compradores. Eu sei que Z. falou
com você.
Rehv sorriu.
– Então você está limpo, hein?
– Vou fazer o melhor que puder para
parar.
– Hum. – O olhar ametista ficou menor. –
Eu também acho que você vai conseguir.
Você tem o tipo de determinação que eu vejo
nos olhos dos que vêm muito ao meu es-
critório. E, então, uma noite, por qualquer
razão, eles decidem não voltar nunca mais. E
é isso. É bom de ver.
– Sim. Você não vai mais me ver aqui.
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– Que bom.
Eles ficaram ali juntos na noite fria, aque-
cidos, muito aquecidos. Ele levou os lábios
até a orelha de Cormia e disse, sob a
respiração:
– Eu quero estar dentro de você.
– Sim… – ela disse, sussurrando.
Eles não estariam a sós lá dentro, mas es-
tavam sozinhos ali na varanda, protegidos
pela escuridão e pelo silêncio da casa.
Levando-a para trás, mais para dentro das
sombras, Phury colocou a mão por dentro do
suéter até tocar a pele de sua shellan. Lisa,
quente, vital, ela arqueou diante do toque.
– Vou deixar você de blusa – ele avisou. –
Mas essa calça vai embora.
Com os dedos no elástico da cintura,
puxou a calça até os tornozelos dela e tirou a
peça.
– Você não está com frio, está? – ele per-
guntou, mesmo que pudesse sentir e ante-
cipar a resposta.
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– Nem um pouco.
A lateral da casa era de pedra, mas ele
sabia que o tricô pesado amorteceria os om-
bros dela.
– Encoste-se para mim.
Quando ela fez o que foi pedido, ele colo-
cou o braço em volta da cintura dela para dar
mais apoio a ela e lhe tocou o seio com a mão
que estava livre.
Phury a beijou longa, profunda e demora-
damente, e a boca de Cormia se moveu sob a
dele de uma maneira ao mesmo tempo famil-
iar e misteriosa, mas, até aí, isso era fazer
amor com ela, não era?
A essa altura, ele a conhecia de trás para
frente – não havia nada dele que não tivesse
estado dentro dela de uma maneira ou outra.
E, ainda assim, estar com sua amada era tão
maravilhoso quanto da primeira vez.
Sua shellan era a mesma, mas, de alguma
maneira, era sempre nova.
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– Deveriam ser.
– É melhor eu ir ajudar.
Cormia levantou e gritou:
– Vou descer, minha irmã! Dê-me dois
segundos.
Phury a puxou de volta para um beijo, e
então a deixou ir.
Ela tomou um banho rápido, muito
rápido, e saiu usando uma calça jeans solta e
uma das camisas Gucci de Phury. Talvez
fosse por causa de tantos anos usando tún-
icas, mas Cormia não gostava de roupas jus-
tas. O que seu hellren achava bom, porque
Phury adorava vê-la usando suas roupas.
– Essa cor fica perfeita em você – ele
comentou, enquanto ela fazia uma trança no
cabelo.
– Você gosta de lavanda?
Ela deu uma volta, e o olhar de Phury
soltou faíscas.
– Ah, sim. Eu gosto. Venha aqui,
Escolhida.
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– Bella?
Ela se virou. Wrath estava na porta,
preenchendo com seu enorme corpo todo o
espaço. Com aquele cabelo preto que
chegava até o quadril, os óculos escuros e a
calça de couro preta, ele parecia a própria
Morte chegando silenciosa.
– Oh, por favor, não – ela disse, se segur-
ando na maca. – Por favor…
– Não, está tudo bem. Ele está bem.
Wrath foi até lá e segurou o braço dela,
amparando-a.
– Ele está estável.
– Estável?
– Z. teve uma fratura exposta na parte de
baixo da perna, e isso provocou um pouco de
sangramento.
Um pouco significava enorme, ela pensou.
– Onde ele está?
– Estava com Havers, mas já está sendo
levado para casa agora. Eu imaginei que você
fosse estar preocupada, então quis avisá-la.
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– Obrigada. Obrigada…
Eles estavam discutindo nos últimos tem-
pos, mas, ainda assim, a ideia de perdê-lo era
catastrófica.
– Venha aqui, Bella.
– Não, estou bem. – Estava nada. – De
verdade, eu estou…
– Não está não. Considere um decreto real
se fizer seu ego se sentir melhor.
Bella sorriu e parou de lutar.
Quando o abraçou, o rei colocou os
enormes braços em volta dela e a segurou
delicadamente.
– Permita que a tremedeira atravesse seu
corpo. Você vai respirar com mais facilidade,
acredite.
Ela seguiu a sugestão, diminuindo o con-
trole que estava exercendo nos músculos.
Em resposta, seu corpo tremeu dos ombros
até os tornozelos, e ela precisou se apoiar na
força do rei ou teria caído direto no chão.
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