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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo nº : 0004152-17.2013.8.05.0230
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : EMPRESA BAIANA DE AGUAS E SANEAMENTO S A
EMBASA
Recorrido(s) : ANA LUCIA MOREIRA DO CARMO
Origem : VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - SANTO ESTEVÃO
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

VOTO-E M E N T A

RECURSO INOMINADO. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA.


FATURA EMITIDA COM VALOR EXCESSIVO. INEXISTÊNCIA DE PROVA
QUE JUSTIFIQUE O AUMENTO. FATURAMENTO MAJORADO
DESMOTIVADO. REFATURAMENTO PARA A MÉDIA DE CONSUMO
MENSAL INEXISTÊNCIA DE SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO .DANOS
MORAIS INEXISTENTES. COBRANÇA EXCESSIVA QUE, DE PER SI, NÃO
GERA LESÃO A DIREITO SUBJETIVO. EXCLUSÃO DOS DANOS MORAIS.
SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que julgou


procedente em parte a ação , nestes termos: “Ante o exposto, DEFIRO EM PARTE
OS PEDIDOS da parte Requerente, para condenar à acionada declarando indevidas as
cobranças das faturas de fevereiro, abril, maio e outubro de 2013 e a recalcular pela média
de consumo de 13 m3. Condeno ainda a ré a reparar à autora os danos morais sofridos que
arbitro em R$ 3.000,00(três mil reais), com juros e correção monetária. Estipulando o termo
inicial da aplicação dos juros a partir do arbitramento, conforme Súmula 362 do STJ. .”

2. A recorrente busca a reforma da sentença, aduzindo, em síntese, que


não houve falha na prestação do serviço, que a variação no consumo
registrada corresponde à média registrada no histórico da parte autora, e
não destoa da média , sendo portanto devido e regular a cobrança. Pugna
por fim pela improcedência dos pedidos.
1. A despeito das alegações da recorrente , a mesma não apresenta
provas acerca de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da parte
autora no caso em comento. Com efeito, tendo o consumidor alegado a
cobrança excessiva na fatura de consumo não condizente com o seu
histórico anterior, cabe à demandada, empresa concessionária de energia
elétrica, a realização da prova do efetivo consumo, por ter meios técnicos
para tanto e diante da fragilidade e hipossuficiência do consumidor.

2. Não se trata, portanto, de prova de fato constitutivo, uma vez que a


realização de tal prova se mostra inteiramente inacessível ao consumidor,
sobretudo porque este não interfere, em momento algum, nos mecanismos
operacionais dos serviços prestado, nem dispõe de meios para demonstrar a
pertinência de sua impugnação. A parte autora colaciona as faturas de consumo
relativas aos meses de maio e outubro de 2013, bem como de maio e junho de
2011, todas estas registrando consumo superior à média do período anterior,
não condizente com o histórico e hábitos de consumo da mesma.

3. Não tendo sido apresentada pela demandada provas acerca da


regularidade da constituição da dívida, mister seja portanto condenada pela
prática abusiva,dada à vigência da teoria do risco do empreendimento, às
vicissitudes da operacionalização dos serviços prestados, notadamente em face
da omissão. Ao se falar da Teoria do Risco da Atividade insculpido na
Constituição Federal de 1988, fala-se de que “aquele que lucra com uma
situação deve responder pelo risco ou pelas desvantagens dela
resultantes” (ubi emolumentum, ibi onus; ubi commoda, ibi incommoda).

4. Todavia, quanto ao dano moral reconhecido pelo magistrado a quo,


não vislumbro sua presença uma vez que não restou demonstrado no caso
a lesão de ordem subjetiva que atingisse a honra, a personalidade ou a
imagem do autor.

5. Não houve no caso comprovação de inscrição indevida nos


cadastros de proteção ao crédito, e nem a interrupção da suspensão do
fornecimento de energia. A cobrança indevida, em que pese ter causado
transtornos ao recorrido, não se reveste de gravidade tal que enseje
ressarcimento a título de danos morais.
6. O caso está a revelar que houvera meros aborrecimentos oriudos
de cobrança indevida, o que todavia não tem o condâo de causar abalos
psíquicos de grande monta, máxime se não fora demonstrada nos autos
nenhuma situação constrangedora que ensejasse indenização pelo
ressarcimento

.
6. ISTO POSTO, voto no sentido de CONHECER e DAR
PROVIMENTO ao recurso interposto, tão somente para excluir da sentença o
capítulo atinente aos danos morais, mantendo-a no mais pelos seus devidos
fundamentos. Sem custas processuais e honorários advocatícios, pelo êxito
da parte no recurso.

Salvador, Sala das Sessões, 20 de JULHO de 2017


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo nº : 0004152-17.2013.8.05.0230
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : EMPRESA BAIANA DE AGUAS E SANEAMENTO S A
EMBASA
Recorrido(s) : ANA LUCIA MOREIRA DO CARMO
Origem : VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - SANTO ESTEVÃO
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

ACÓRDÃO

Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados


Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, CÉLIA
MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente, MARIA AUXILIADORA SOBRAL
LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte
decisão: RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO . UNÂNIME, de acordo
com a ata do julgamento. Sem custas processuais e honorários advocatícios, pelo êxito da
parte no recurso.

Salvador, Sala das Sessões, 20 de JULHO de 2017


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

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