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Paula Sousa Almeida

AO JUÍZO DA ... VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE ILHÉUS-BAHIA

Processo nº. XXX

PEDREIRA DELTA, já qualificada nos autos da Reclamatória Trabalhista em epígrafe, a


qual lhe é movida por RECLAMANTE DAS QUANTAS vem, respeitosamente, por seu
procurador abaixo firmado, apresentar
CONTESTAÇÃO,
conforme os fatos e fundamentos que passa a expor:

1 – PRELIMINARES.
O reclamante ajuizou ação trabalhista suscitando, em suma, ter elaborado para a reclamada
na função de auxiliar administrativa, de 02/01/2012 a 30/12/2015, quando dispensada sem
justa causa, ocasião em que recebia R$1.500,00.
Diz a reclamante que trabalhava de segunda a sexta das 08h às 18h com intervalos de 25
minutos. Aduz ainda que toda semana a pedra era explodida para britagem e, que quando
isso acontecia, era responsável por levar comida para os trabalhadores, permanecendo
cerca de 05 minutos m local perigoso, exposta a explosivos.
Alega também que o valor que recebia da Reclamada, a titulo de vale alimentação, na
importância de R$150,00, não fora integrado ao seu salario, portanto não repercutiu nas
verbas salarias e rescisórias, para todos s efeitos legais.
A reclamante ainda requereu a assistência judiciaria gratuita, uma hora de intervalo
intrajornada, adicional de periculosidade no valor de 40% sobre o salario percebido, a
integração do ticket alimentação, para todos os efeitos legais, compreendendo todo o
período laboral, multa dos artigos 467 e 477, além dos honorários advocatícios, no importe
de 20%.

2- DAS MULTAS DOS ARTIGOS 477 § 8º E 467 DA CLT:


Se não extintos os pedidos em sede prefacial, tem-se que inexiste fundamento para a
pretensão acerca das multas em tela, na medida em que todas as parcelas e obrigações
rescisórias foram adimplidas/cumpridas dentro do prazo legal, conforme documentação em
anexo, restando afastada a incidência da multa do art. 477 da CLT.
Ademais, inexistem parcelas rescisórias incontroversas, razão pela qual não procede o
pedido de pagamento da multa do art. 467 da CLT, conforme documentos em anexo.
3-DO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS:
A reclamante não comprova que atualmente encontra-se em situação de pobreza, devendo,
para todo caso, ser observada a disposição da nova redação do art. 789-B, § 4º da CLT.
GRATUIDADE DA JUSTIÇA - Necessidade de comprovação de
insuficiência de recursos - Não demonstração - Precedentes do STF
e STJ - Recurso desprovido. (TJ-SP 21850862020178260000 SP
2185086-20.2017.8.26.0000, Relator: Alcides Leopoldo e Silva
Júnior, 2ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação:
18/01/2018)
Logo, não restaram comprovados os requisitos previstos na Constituição Federal e nas Leis
de nº. 1.060/50 e 7.115/73, os quais devem ser interpretados à luz do comando da Lei nº.
5.584/70, por sua aplicação específica ao processo do trabalho, devendo a parte autora arcar
com todos os custos no processo.
Assim, ainda requer que seja indeferido o pedido e julgado improcedente a condenação de
honorários advocatícios, condenando-se a reclamante ao pagamento das custas processuais.
Na remota hipótese de procedência da ação deve a condenação limitar-se ao valor de 15%
conforme regra processual celetista vigente no artigo 791-A da CLT, que dispõe:

“Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão


devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor
atualizado da causa.’’

Impugna-se, por cautela, qualquer alegação contrária.

4- DO INTERVALO INTRAJORNADA
Alega o Reclamante que desde o início do contrato dispunha de apenas 25 (vinte e cinco)
minutos para refeição, pleiteando o recebimento de uma hora de intervalo intrajornada .
Assim requer que seja indeferido esse pedido, pois a reclamante só tem direito a receber
35 (trinta e cinco) minutos de intervalo intrajornada, visto que já dispunha de 25 (vinte e
cinco) minutos, sendo assim, só terá direito ao restante dessas horas.
Visto que com a atual redação do art. 71, § 4º, da CLT, alterada pela Lei nº 13.467/2017, a
não concessão parcial do intervalo intrajornada concederia o acréscimo, sobre o tempo
estritamente laborado. Por fim estabelece que o intervalo parcialmente concedido, dá ao
empregado o direito de receber apenas o período não gozado.

5- DA INTEGRAÇÃO AO TICKET ALIMENTAÇÃO


O direito ao auxílio alimentação com a nova reforma trabalhista, não possui mais natureza
salarial, ou seja, não integra a base de cálculo para a percepção de outras verbas trabalhistas.
Ademais, foi vedado seu pagamento em dinheiro. Art. 457, § 2º, CLT.

Art. 457, § 2º, CLT. As importâncias, ainda que habituais, pagas a


título de ajuda de custo, auxílio alimentação, vedado seu
pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos
não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao
contrato de trabalho e não constituem base de incidência de
qualquer encargo trabalhista e previdenciário.
Assim requer que seja indeferido esse pedido, pois a reclamante não tem direito a
integração no salário.

6- DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
O adicional nesse caso não é devido a reclamante, em virtude da exposição eventual ao perigo,
não implicando desta maneira risco acentuado. Pois só terá direito o empregado exposto
permanentemente ou que de forma intermitente, sujeita-se as condições de risco.

Outra observação pertinente, consiste na própria legislação trabalhista, pois, o simples fato
de ocupar cargo considerado como, via de regra, “perigoso” não garante ao trabalhador
o recebimento do adicional de periculosidade, para que esse empregado seja classificado
em um dos casos tratados acima, é necessária a realização de perícia técnica, para averiguar o
seu devido enquadramento.

Nessa mesma linha de raciocínio, o adicional de periculosidade só será devido se a atividade


ocorrer de maneira intermitente, ou seja, durante espaços de tempos sem que o risco se dê
de maneira contínua, conforme entendimento da Súmula 364 do TST.

Súmula nº 364 do TST


ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO
EVENTUAL, PERMANENTE E INTERMITENTE (inserido o
item II) - Res. 209/2016, DEJT divulgado em 01, 02 e 03.06.2016
I - Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto
permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a
condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma
eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-
se por tempo extremamente reduzido. (ex-Ojs da SBDI-1 nºs 05 -
inserida em 14.03.1994 - e 280 - DJ 11.08.2003).

3. DOS REQUERIMENTOS

Isto posto, requer a Vossa Excelência:

-Impugnam-se TODOS os pedidos do Reclamante eis que manifestamente improcedentes


-O recebimento da presente Contestação, bem como sua apreciação para julgar
improcedente a presente demanda, com a extinção do processo com resolução do mérito
sobre esses pedidos, nos termos do inc. IV, do art. 269 do CPC.

-Impugna-se o pedido de Assistência Judiciária, eis que o Reclamante não cumpre com os
requisitos legais para tal concessão;

-No que se refere aos honorários assistenciais, nota-se que o procurador da Reclamante não
cumpre os requisitos legais para tal recebimento;

-Que seja a presente ação julgada totalmente improcedente, com a condenação do


reclamante ao pagamento das custas e demais despesas processuais.

-Postula ainda em caso de condenação a compensação de todos os valores devidamente


pagos.

Termos em que, Pede deferimento.

ILHEUS-BA DATA

ADVOGADO OAB_

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