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Curso para Inspetor de

pintura industrial 1

Zehbour Panossian
Abril /2007
Tipos de corrosão
• Generalizada (uniforme)
• Corrosão por pite
• Corrosão por concentração diferencial (em frestas)
• Corrosão galvânica
• Corrosão seletiva (grafítica, dezincificação)
• Corrosão associada a escoamento de fluido
(corrosão-erosão, cavitação, turbulência)
• Corrosão intergranular
• Corrosão sob tensão e corrosão fadiga
• Ocorre em toda a extensão do metal.
• Não há local preferencial para as regiões
anódicas e catódicas

A C A C A C A C A C
C A
A METAL
C
C A C A CA C A C AC A C A
A = anodo C = catodo
Material polido

Depois de sofrer corrosão


generalizada

Conseqüências:
• a superfície do material fica rugosa (a rugosidade depende do
tamanho e da distribuição dos anodos e catodos);
• ocorre uma diminuição da espessura (afinamento) do material.
IPT

Corrosão generalizada ou
uniforme ?
Há controvérsias......

• Como a superfície do metal é um


emaranhado de anodinhos e catodinhos, a
corrosão não pode ser totalmente
uniforme: haverá crateras rasas, o metal
ficará mais rugoso, etc.....
• Há autores que classificam como:
corrosão generalizada uniforme e não-
uniforme.
Papel da corrosão
generalizada no contexto da
economia
• Em termos de toneladas de metal corroído
• Mas é o menos perigoso.
• É previsível desde que se tenham dados.
• Existem três fontes de consulta consagrados:
NACE, Rabald e Dechema.
• Consultas: livros, artigos.
• E em último caso: ensaios de laboratório.
Importante

¾Corrosão generalizada é problema dos metais


que não se passivam no meio considerado.
¾Qualquer metal pode sofrer corrosão
generalizada, depende do meio.
¾Aço-carbono em hidróxido de sódio passiva e
não apresenta corrosão generalizada.
Exemplos

¾ zinco e metais ferrosos em meio ácido;


¾ corrosão atmosférica do zinco, do aço-
carbono, do aço-aclimável, do cobre;
¾ o ouro em água régia (mistura de ácido
clorídrico e nítrico);
¾ aço inoxidável em ácido clorídrico.
É possível determinar taxa de corrosão

U tilização d o T axa d e corrosão


m aterial (m m /a )
T otalm ente resistente < 0,1

N ão resistente, 0,1 – 1,0


utilizável em certos
casos
C orrosão severa, não- 1
utilizável
Ensaios para determinação da taxa de corrosão

• não há nem norma e nem uma metodologia


preestabelecida;
• deve-se avaliar as condições de uso e tentar
reproduzir;
• não há regras rígidas;
• normalmente prepara-se o material na forma de
corpos-de-prova de área e massa conhecidas;
• limpa-se adequadamente;
• expõe-se ao meio corrosivo por período pré-
determinado;
Ensaios para determinação da taxa de corrosão
• tira-se o corpo-de-prova que na maioria das vezes
fica coberta com produtos de corrosão;
• escolhe-se um meio capaz de dissolver os produtos
de corrosão (ou ataque os produtos de corrosão
com velocidade muito maior do que o ataque ao
substrato) – ASTM G1;
• imerge-se nesta solução por tempo pré
determinado (normalizado) ou por decapagens
sucessivas);
• determina-se a massa final;
Ensaios para determinação da taxa de corrosão

• finalmente determina-se a taxa de corrosão:4

minicial − mfinal
Taxa =
Área.tempo
Ensaios não-
acelerados de
corrosão
CORROSÃO
ATMOSFÉRICA

Válvula de uma tubulação de


uma planta de soda cáustica
em Maceió.
Planta petroquímica.

Ambiente extremamente
agressivo
Corrosão
atmosférica:
ambiente
extremamente
agressivo
Corroeu muito:
visível e previsível
Dava para evitar:
Não-visível, mas
previsível
Água extremamente agressiva:
pH=6,6 (deve ser > 7,5 DIN 50930)
Alcalinidade= 7,9 mg/l em CaCO3 (> 200 mg/l)
Índice de saturação: -2,8 (ruim para o aço)
Falando sobre pite

• É um tipo de corrosão localizada que se


caracteriza pelo ataque de pequena áreas
de uma superfície que se mantém
passivo.
• A célula de corrosão responsável por este
tipo de ataque é constituída por pequenos
anodos (áreas atacadas) e catodo de
grande área.
C C C AC C C C C C C C C C C
A A C C

• As velocidades de corrosão são via de


regra muito elevadas ocasionando a
danificação dos componentes metálicos
mais rapidamente quando comparada
`as danificações determinadas por
corrosão generalizada
Geometria de pites
Mecanismos: são vários
• Metais passiváveis na presença de cloretos.
• Presença de depósitos: por exemplo o Al na
atmosfera com SO2.
• Presença de inclusões mais nobres ou menos
nobres
• Presença de carepas descontínuas.
Composição
Elemento Resistência à corrosão por pite
Cromo.............................aumenta
Níquel.............................aumenta
Molibdênio.......................aumenta
Nitrogênio........................aumenta
Vanádio e Rênio................aumenta
Manganês........................aumenta
Silício..............................diminui mas aumenta na
presença do Mo
Titânio............................diminui em altos teores
pois forma fase propícia à
iniciação de pites (em baixos
teores suficientes par evitar
sensitização é benéfico)
Usina de
açúcar

Tubos de vinho sem


levedura (continha
cerca de 0,15% de
cloreto e 0,5% de
sulfato)
Meio não propício
IPT
Este tipo de corrosão ocorre devido
à heterogeneidade no meio

• Este tipo de corrosão pode ocorrer quando se estabelece uma


concentração diferencial de algum agente ativo no meio.
• Por exemplo: pode-se ter uma quantidade de inibidor menor
numa fresta do que fora da fresta. O metal na fresta corroerá
pois não estará inibido.
• Dentro da fresta posso ter maior concentração de íon
metálico.
• O mais comum é quando tenho diferença de concentração de
oxigênio dissolvido dentro e fora da fresta. Na fresta o teor de
oxigênio é menor.
Quando ocorre aeração diferencial
Não se deve generalizar: primeiro
precisa ver se o metal se passiva ou não

• Primeiro caso: passiva-se

Os metais precisam do oxigênio para passivar:


então onde tem oxigênio, o metal é
como se fosse mais nobre....
• Segundo caso: não se
passiva

Onde tem oxigênio corroi mais ....


• Na fresta tem menos oxigênio: então
toda corrosão em fresta é corrosão por
aeração diferencial.....

A fresta tem outras peculiaridades:


• concentração diferencial de outras espécies
(inibidores);
• retenção de eletrólito;
• concentração de poluentes;
• maior tempo de molhamento.
Frestas surgem todo
dia, toda hora
• fatores geométricos (soldas, FRESTAS;)
• contato metal/metal e metal/não-metal;
• depósitos;
• trincas e pites.
Mecanismo: meio aerado neutro

• Dentro e fora da fresta:


Me ⇒ Me+n + ne
O2 + 2H2O + 4e ⇒ 4OH-
• O O2 consumido é reposto fora da fresta. Dentro da
fresta não.....
• Dentro da fresta: eletrólito desaerado
Fora da fresta: eletrólito aerado.
Mecanismo: meio aerado neutro

• Depois, as reações ficam diferentes:


dentro da fresta
Me ⇒ Me+n + ne
fora da fresta
Me ⇒ Me+n + ne
O2 + 2H2O + 4e ⇒ 4OH-

• Conseqüência: acúmulo de íons metálicos dentro da fresta


(transporte de matéria difícil).
Mecanismo: meio aerado neutro

• Dentro da fresta: limite de solubilidade


Fe2+ + 2H2O → Fe(OH)2 + 2H+
acidificação no interior da fresta devido aumento de H+
• Conseqüência: migração de íons negativos OH- e Cl-.
• Aumento de Cl- dentro da fresta
Exemplos
• Aços austeníticos ao Mo: alta resistência à
corrosão por pite, podem sofrer corrosão
em frestas;
• Aços inoxidáveis em meio ácido sulfúrico:
necessita oxigênio para passivação.
• Meios contendo inibidores de corrosão: os
inibidores podem não ser prontamente
repostos na fresta.
Corrosão por Pite na Frestas
Garrafas térmicas
Corrosão por Pite na Frestas
Garrafas térmicas
Corrosão por Pite na Frestas
Origem do problema
Processo de fabricação
9 sabão para trefila para facilitar o
repuxo;
9 o sabão continha íons cloreto;
9 borracha nitrílica é muito permeável;
9 o vapor migrava através da borracha.
Corrosão por Pite na Frestas

Corrosão em placas de trocador de


calor 304
9 Placas de trocador de calor de uma autoclave
para ração úmida, apresentaram corrosão
após 2,5 anos de uso: 70 placas com corrosão
(total 75)
9 De um lado circula água quente proveniente
da autoclave (sistema fechado) e do outro
lado água da torre de resfriamento
(abastecida por cinco poços artesianos).
IPT

Fresta 2
Análise por EDS indicou
presença do elemento cloro
nos pontos de corrosão
Aço-carbono
Aço inoxidável
Relembrando alguns conceitos
e introduzindo outros...
• Num processo de corrosão,
surgem regiões catódicas e
anódicas: as catódicas são mais
nobres e as anódicas menos
nobres.
MAIS NOBRE: significa que tem menos
tendência à corrosão. Portanto,
apresenta tendência a perder elétrons.

MENOS NOBRE: significa que tem


mais tendência à corrosão. Portanto,
apresenta tendência a ganhar elétrons.
A C A C A C A C
A A A A
C C C C
A
Fe A A
Cu A
C C C C
A C A C A C A C
A C A C A C A C
A A A A
C C C C
A
Fe A A
Cu A
C C C C
A C A C A C A C
A C A C
A A
C C
A
Me A
C C
A C A C
• Zinco
• Alumínio
• Aço ou ferro
• Aço inoxidável ativo
• Níquel ativo
• Cobre
• Aço inoxidável passivo
• Titânio
• Ouro
A A
C A AC AC A CC AA
C CC
A AACA AC
A
C
A C
A CC CC
A
Fe A AC
A
Cu
Cu AC
A
C
A C CC
A CC
No anodo A AC A A
C AC
A CC AC A CC No catodo
(sobre o Fe) (sobre o Cu )
Fe → Fe2+ + 2e O2 + 2H2O + 4e → 4OH-
Dois metais dissimilares num
mesmo meio e com contato
elétrico
Efeito de área: área anódica pequena
determina aceleração da corrosão
Resistividade do meio
No deserto

Na atmosfera úmida

Na água destilada

Na água do mar

No HCl
Deu corrosão no aço-carbono

Optou-se pintar só o aço


carbono
Corrosão por
deslocamento
galvânico
SE
Me → Me2+ + 2e

ENTÃO
A + ne → B

A corrosão (oxidação) do metal ocorrerá


SE E SOMENTE EXISTIR
uma outra espécie capaz de se reduzir.
Em Me3+ + e → Me2+
alguns Men+ + ne → Me
casos NO3- + 2e → NO + 2H2O
especiais Cl2 + 2e → 2Cl-

Men+ + ne → Me
Nos catodos:
Além dos nossos Fe Nos anodos:
conhecidos
Fe → Fe2+ + 2e
Cu2+ + 2e → Cu
A C
@
C@
@
A@ @
@
@
@
@C
A Cu2+
C@
@ A
@
@
A @
@ C
@
@
C@
@@@
@@
A
A
Um erro muito comum ...

Cobre Aço
Corrosão
severa
em tubo
de caldeira
mal
projetada
“Corrosão” em implante cirúrgico

Material - Aço ABNT 316 L


“Corrosão” em implante cirúrgico

Problema - corrosão na cabeça do parafuso

O médico não conseguia soltar o parafuso


A fenda estava oxidada
Retirada com alicate
“Corrosão” em implante cirúrgico

Análise metalográfica
“Corrosão” em implante cirúrgico

O parafuso era tipo Halen e foi apertado


com chave de fenda

A chave quebrou e oxidou


Finalizando ......
Definição

Meio de METAL
METAL
exposição
CORROÍDO

Fe Fe2+
Zn Zn2+
Al Al3+
Mez+ Mez+
Mez+
Mez+
eletrólito eletrólito

Metal Íons metálico + energia


Meio corrosivo
Metal Íons metálico + energia
Meio corrosivo

eletrólito
Metal Íons metálico + energia
Meio corrosivo

eletrólito
Metal Íons metálico + energia
Meio corrosivo

eletrólito
Metal Íons metálico + energia

Meio corrosivo

eletrólito
Mudar o material
Modificar o meio (inibidores)
Fornecer energia ao sistema
Fazer proteção por barreira
Seleção de materiais

• Há uma variedade muito grande de ligas metálicas, especialmente


as ferrosas, cada qual apresentando resistência à corrosão em
meios específicos.
• Existem disponíveis manuais (handbook) que podem ser utilizados
para a seleção de materiais.
• Na ausência de dados na literatura, deve-se conduzir ensaios em
laboratório tentando simular as condições de campo.
• A seleção adequada de materiais é tarefa difícil e requer
conhecimentos de especialistas, que deverão planejar ensaios para
avaliar a probabilidade de ocorrência de todos os tipos de corrosão.
Condicionamento do meio - inibidores
• Inibidores são substâncias ou misturas
de substâncias que, em concentrações
adequadas no meio corrosivo reduzem
a corrosão.
• Os inibidores podem agir sobre as
reações anódicas: podem reagir com
os íons de ferro e formar compostos
insolúveis.
Condicionamento do meio - inibidores
• Os inibidores podem agir sobre as reações
catódicas: podem reagir fazer uso da
alcalinidade produzida pelas reações
anódicas e formar compostos insolúveis,
como o carbonato de cálcio.
• Os inibidores podem reagir com o oxigênio
dissolvido retirando do meio a substancia
responsável pela reação catódica
(desaeração).
Proteção catódica
• É a técnica que consiste em abaixar o
potencial de eletrodo da interface
metal/meio para um valor abaixo do
potencial de equilíbrio e torná-lo imune à
corrosão.
Potencial medido (polarização anódica)

Fe2+ + 2e ⇐ Fe

Equilíbrio
Fe2+ + 2e ⇔ Fe

Fe2+ + 2e ⇒ Fe
Potencial medido (polarização
catódica)
Como abaixar o potencial ?
• Coloca em contato elétrico a estrutura a
ser protegida com um metal menos nobre.
• Ou aplica um potencial meos nobre com
um retificador..

É uma corrosão galvânica: o metal menos nobre corroi,


portanto valem as mesmas considerações da corrosão
galvânica
Proteção com revestimentos
Os revestimentos podem ser metálicos,
inorgânicos e orgânicos.
• Metálicos: zinco, níquel, cobre
• Inorgânicos: cromatização, anodização e
fosfatização.
• Orgânicos: tintas e vernizes..
Revestimentos metálicos:
metais aplicados sobre substratos
(metálicos ou não-metálicos) com
espessura consideravelmente
menor do que a do substrato.
Revestimentos nobres:
ƒ metal do revestimento mais nobre que o metal do
substrato
Revestimento nobre

substrato

Revestimento de sacrifício:
ƒ metal do revestimento menos nobre que o metal do
substrato
Revestimento de sacrifício

substrato
Revestimento nobre
O que governa a escolha ?

¾ Se o requisito for só proteção contra


corrosão

¾ Se o requisito for proteção contra corrosão


associado a um outro fator como, por
exemplo, condutividade
° Al
° Cd
° Zn
° Zn/Al, Zn/Fe, Zn/Co, Zn/Ni.

° Cu
° Ni
° Cr
Revestimentos inorgânicos
• Geralmente são revestimentos de conversão.
• Os mais comuns são:
cromatização: sobre o zinco e cádmio, para proteção
contra corrosão durante armazenamento e transporte;
fosfatização: sobre o aço-carbono e o zinco muito
utilizados como pré-tratamento;
anodização: sobre o alumínio, para proteção contra
corrosão e pré-tratamento para pintura;
oxidação preta: para ancoragem de óleo.
O que é tratamento de conversão ?
T ra ta m e nto d e c o nve rsã o é a “ c o nve rsã o ” d e
um m e ta l e m um sa l d o m e ta l a tra vé s d e
re a ç õ e s e le tro q uím ic a s q ue p o d e m o c o rre r
ta nto d e vid o à im p o siç ã o d e c o rre nte c o m o
d e vid o a o a ta q ue d o m e ta l p o r um o xid a nte
p re se nte na so luç ã o .
Em outras palavras:
Composto do metal
Metal (Fe)
(composto de ferro)

Composto de ferro
Fe
Cromatização

• Conhecido também como


bicromatização ou passivação;
• utilizada principalmente sobre o
zinco e cádmio eletrodepositados,
com o objetivo de garantir ausência
da corrosão do revestimento durante
armazenamento e transporte.
Resistência à corrosão

• proteção por barreira: oferecida pelos


compostos de Cr3+. As azuis e incolores
são ricas em Cr3+: proteção
principalmente por barreira;
• proteção por inibição: oferecida pelos
compostos de Cr6+. Amarelo iridescente
é mais rica em Cr6+.
Água: corrosão Água com Cr6+:
Sem corrosão
Pós-tratamento com soluções
contendo sais de cromo trivalente.
Devido às questões ambientais, começou-se a
tentar só com cromo trivalente.
Hoje nem isto é aceito.
Existem muitas alternativas no mercado, não
com as mesma propriedades da cromatização.
Cada dia surge uma nova.
TRATAMENTO
DE SUPERFÍCIE POR
FOSFATIZAÇÃO
Fosfato do metal
Metal Fe
(fosfato de ferro)
Fosfato de ferro
Fe
Base para pintura

Superfícies Aderência
limpas das tintas

Aumento da
resistência à corrosão
Primeira:limpeza
• Para fosfatizar a superfície
deve estar limpa;
• se não, já se rejeita a própria
fosfatização.
Segundo: aderência
Terceiro: qualquer esquema de pintura apresentará
sempre resistência à corrosão superior se aplicada
sobre camadas fosfatizadas.
Corrosão associada à corrente elétrica
Corrente iônica

R R

Corrente eletrônica

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