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Escola: Colégio Internato dos Carvalhos

Disciplina: Introdução à Comunicação Intercultural

Professora: Teodora Barbosa

Trabalho Realizado por: Jorge Braga

Número: 14475

Turma: 10-H3

Data: 31.jan.2019
ANÁLISE AO DOCUMENTÁRIO
MILTON SANTOS: O Mundo Global Visto do lado de Cá
O documentário dá-nos uma visão da sociedade atual. Uma sociedade que vive do
hiperconsumismo, da implantação de uma tecnologia que nos leva a consumir sem pensar. Estamos
a ser programados para o aqui e o agora, para a informação rápida e fácil.
O propósito deste documentário incide na conversa com Milton Santos que se debruça sobre
questões como: globalização, sociedade de consumo, território, as desigualdades da globalização e
crises que esta promove, as barreiras físicas e simbólicas impostas pelo capitalismo desregulado
como efeito da globalização. O documentário começa por elucidar o globalismo na polarização da
expansão colonial do século XVI, com a globalização e fragmentação dos territórios no limiar do
século XX e início do XXI. Salienta a existência de movimentos sociais no mundo, que se opõem ao
capitalismo selvagem global. Milton Santos não se apresenta contra a globalização, mas sim contra
o modelo de globalização vigente no mundo. Refere ainda, que existem contradições e paradoxos
neste modelo económico e cultural, e defende a ideia de uma nova interpretação do mundo, em
que seja possível uma globalização mais justa e mais humana, na qual todas as pessoas,
independente da origem étnica ou nacional, tenham acesso a bens de básicos e condições de vida
dignas.
Neste seguimento, durante o documentário, Milton apresenta três perspetivas de mundo.
Na primeira perspetiva, o autor refere-se ao mundo como fábula, ou seja, o mundo tal como nos
fazem crer, um só mundo. Nesta forma de pensamento encaminhamo-nos para a padronização
cultural, não existe distinção entre o que é real e virtual e fomentamos o empobrecimento do
multiculturalismo. Uma sociedade alienada, onde quem não é cidadão globalizado é rotulado de
pobre. Destaca também, a ideia de “aldeia global” para fazer crer que a difusão instantânea de
notícias realmente informa as pessoas. A partir desse mito e do encurtamento das distâncias
também se difunde a noção de tempo e espaço contraídos. Fala-nos de “um mercado avassalador”
dito global como sendo capaz de homogeneizar o planeta quando, na verdade, as diferenças locais
são aprofundadas.
Numa segunda perspetiva, o autor apresenta-nos o mundo como perversidade, ou seja, a procura
incessante pela negatividade na evolução humana. Para melhor perceber esta ideia, Santos
apresenta-nos ao longo do documentário, várias realidades vividas em diferentes partes do mundo,
como por exemplo, o Consenso de Washington mostra a globalização de forma perversa propondo
aos países da América Latina regras para retomada do crescimento. Elevação de impostos, juros
altos e privatizações deram forças aos setores privados demonstrando a incapacidade do estado em
administrar. No Equador, a dolarização da economia provocou recessão levando a população a se
rebelar contra o governo. Na Bolívia a privatização da água explodiu uma gigantesca revolta popular
forçando o estado a desprivatização. Contudo, discordo de Milton Santos, pois considero que as
consequências negativas que atribuí ao Consenso de Washington são, na verdade, consequências
da forte corrupção vivida nestes países. Santos, realça ainda a ideia que os excluídos são
fundamentais ao funcionamento do capitalismo descontrolado que cria divisões entre as classes,
restringe o espaço no qual o acesso torna-se seletivo, fazendo com que se percam valores humanos
e sociais.
Por fim, a outra globalização, na perspetiva de Milton Santos retrata o cidadão com um caráter mais
humano e solidário trabalhando com os países subdesenvolvidos. Neste mundo alternativo as
massas ganham uma nova qualidade: viver num mundo onde se assume o multiculturalismo e este
coexiste com a globalização de uma forma em que ambas as partes beneficiam.
Termino citando a frase de Jean Paul Sartre no início do documentário “É preciso explicar porque o
mundo de hoje, que é horrível, é apenas um momento do longo desenvolvimento histórico e que a

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esperança sempre foi uma das forças dominantes das revoluções e insurreições e eu ainda sinto a
esperança como minha conceção do futuro.”

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