Você está na página 1de 46

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA DE ECONOMIA DE SÃO PAULO

AMANDA BARBOSA SCHIRMBECK


EDUARDA GABRIEL

ENGAJAMENTO POLÍTICO
O impacto da desigualdade econômica no nível de engajamento político

São Paulo/SP
2018
AMANDA BARBOSA SCHIRMBECK
EDUARDA GABRIEL

ENGAJAMENTO POLÍTICO
O impacto da desigualdade econômica no nível de engajamento político

Trabalho apresentado à Escola de


Economia de São Paulo, como critério
para obtenção da aprovação na disciplina
Econometria I do Curso de Graduação em
Economia.

Orientadora: Cristine Campos de Xavier


Pinto

São Paulo/SP
2018
AGRADECIMENTOS

Agradecemos à nossa tutora Paula Kasmirski pela disposição a


esclarecer nossas dúvidas e pelo auxílio e direcionamento na aprendizagem do
conteúdo referente à disciplina de Econometria 1, utilizada na execução deste
trabalho.
RESUMO

Este trabalho tem como objetivo mensurar o impacto da desigualdade


econômica no nível de engajamento político da população de um país.
Precisamente, este estudo procurou testar empiricamente três teorias
frequentemente abordadas na literatura – teoria do poder relativo, teoria do
conflito e teoria do recurso – que procuram explicar, de maneira conflitante entre
si, como estas duas variáveis estão correlacionadas na população de um
determinado país.
A análise foi feita a partir de regressões lineares e não lineares múltiplas
em cross-section obtido através da combinação de diversas pesquisas
internacionais. Esta amostra incluiu informações da última década (2010-2018)
pertencentes a 161 países distribuídos pelos cinco principais continentes: África,
América, Ásia, Europa e Oceania.

Palavras-chave: Engajamento Político. Participação Política. Desigualdade Econômica.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 5
1.1 Engajamento político e desigualdade econômica ................................... 5
1.2 Revisão da literatura .................................................................................. 5
1.3 Motivação e pergunta a ser respondida ................................................... 7
2 ANÁLISE DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS ..................................................... 8
2.1 A variável dependente ............................................................................... 8
2.2 A variável independente ............................................................................ 8
2.3 As variáveis de controle ............................................................................ 9
2.4 Teste de multicolinearidade entre as variáveis ..................................... 11
3 O MODELO E SUAS HIPÓTESES ............................................................... 12
3.1 Modelo de regressão linear múltipla ...................................................... 12
3.2 Modelo de regressão não linear.............................................................. 13
3.3 Análise dos Resultados ........................................................................... 16
4 CONCLUSÃO ............................................................................................... 19
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 20
APÊNDICE A – SCATTER PLOT DAS VARIÁVEIS EXPLICATIVAS E A
DEPENDENTE ................................................................................................. 23
APÊNDICE B – MODELO DE REGRESSÃO LINEAR MÚLTIPLA ................ 32
APÊNDICE C – CÓDIGOS DO STATA ........................................................... 34
ANEXO A – METODOLOGIA DA MEDIDA DE ENGAJAMENTO POLÍTICO E
PLURALISMO .................................................................................................. 42
5

1 INTRODUÇÃO

1.1 Engajamento político e desigualdade econômica

Engajamento político pode ser resumido como um conjunto de ações dos


cidadãos com o objetivo de influenciar o formato da administração de seu país. Tais
ações podem ser dos mais variados tipos, a depender do conceito de liberdade e
participação política que cada indivíduo possui e, por isso, as manifestações públicas
recorrentes no mundo são das mais variadas formas. Como a atividade política é
multifacetada e capaz de influenciar diversos aspectos da vida social – por exemplo,
o nível de desigualdade econômica – é esperado que a participação política da
população acabe provocando mudanças sociais através do ato político.
No entanto, engajar-se politicamente gera custos ao indivíduo. Cidadãos de
baixa renda possuem um custo de oportunidade muito maior que aqueles com mais
recursos econômicos para concentrar seu tempo e seu dinheiro em atividades de
cunho político. Por outro lado, a teoria econômica nos indica que, a curto prazo, as
pessoas trabalham mais à medida que ganham mais renda, o que pode diminuir a sua
participação política.
Esse fato remete aos modelos econômicos que estudam a relação entre renda
e participação política. O modelo de consumo assume que o indivíduo determina as
horas trabalhadas maximizando a sua função utilidade de consumo e lazer. Assim,
engajamento político pode ser visto como um bem de consumo que aumentaria ou
diminuiria a utilidade do indivíduo e que, portanto, faz parte do processo de decisão
que determinará sua renda e, portanto, impactará nos índices de desigualdade
econômica.
A teoria econômica nos mostra que, de fato, pode haver uma relação entre
engajamento político e renda. A questão principal, no entanto, é como esse efeito se
comporta. Afinal, indivíduos de baixa condição econômica deveriam apresentar mais
ou menos engajamento político? Mais do que isso, numa escala nacional, qual é o
efeito da desigualdade econômica no engajamento político da população de um país?

1.2 Revisão da literatura


6

Não há ainda um consenso dentre os teóricos de Economia Política sobre a


relação exata entre o nível de desigualdade econômica de um país e o engajamento
político de seus cidadãos. As perspectivas hoje existentes são conflitantes entre si:
enquanto uns acreditam que estas duas variáveis se encontram positivamente
correlacionadas, ou seja, países desiguais teriam uma população mais engajada
politicamente, outros defendem uma correlação negativa e, além disso, divergem
sobre os possíveis determinantes dessa correlação.
Existem três teorias principais na literatura que resumem, de maneira geral,
estas diferentes visões acerca da questão sobre os efeitos da desigualdade
econômica no engajamento político da população de um país.
A Teoria do Conflito defende que sim, a desigualdade econômica aumenta o
interesse da população em assuntos relacionados à política (Brady 2004). Na prática,
a desigualdade proporcionaria um ambiente com dois grupos muito diferentes – e até
opostos – entre si, o que fomentaria o debate político. Enquanto os desfavorecidos
lutariam por políticas de redistribuição, os abastados lutariam para preservar seu
patrimônio, proporcionando mobilização pública numa tentativa de cada grupo
defender seus interesses. Num contexto contrário, em que houvesse igualdade
econômica, a mesma teoria afirma que o engajamento político da população
diminuiria, já que os grupos seriam mais homogêneos e, portanto, não haveria tanta
divergência de ideias sobre as medidas políticas a serem aplicadas, gerando pouca
demanda pública ao governo.
Em contrapartida, a Teoria do Poder Relativo e a Teoria do Recurso afirmam
que a desigualdade econômica não aumenta o envolvimento da população com a
política, pelo contrário, diminui. Entretanto, ambas divergem no porquê dessa
redução.
A primeira teoria sustenta que o engajamento político diminuirá, sobretudo
dentre os menos privilegiados (Dahl 2006), devido à distribuição desigual de poderes
que ocorre em sociedades com desigualdade econômica. Nesse contexto, os ricos
serão significativamente mais influentes na política do que os pobres, apenas porque
possuem mais dinheiro. Dessa maneira, a classe mais abastada consegue, com
relativa facilidade, não somente fazer com que suas demandas sejam atendidas, mas
também excluir as solicitações das camadas mais baixas dos debates políticos.
Consequentemente, aqueles desfavorecidos acabam desistindo de se engajar, após
sucessivas tentativas falhas. Os ricos, por conseguinte, também já não precisam se
7

empenhar vigorosamente na política, uma vez que a classe que se opõe às suas
ideias já não luta mais por seus interesses. Portanto, ambos os grupos decrescem
seu engajamento político, embora essa diminuição seja muito mais acentuada entre
os menos favorecidos.
A segunda teoria afirma que o envolvimento da população com a política
diminuirá já que se engajar politicamente requer tempo e dinheiro. Aqueles que estão
mais dispostos a assumir esses custos serão mais envolvidos na política e, quanto
maior a renda, maior a propensão disso ocorrer. Logo, em países muito desiguais, a
população mais pobre acaba sendo menos engajada politicamente porque possui
menos recursos para tal ação do que a população mais rica. É importante destacar
que, nesta segunda teoria, os mais favorecidos não serão, necessariamente,
interessados em política; o engajamento é visto como um bem de consumo que só é
escolhido se a preferência do indivíduo assim quiser, mas quanto maior a renda, mais
recursos ele pode alocar para esse “bem”. Assim, os mais ricos terão mais estímulos
à atividade política (Ansolabehere, de Figueredo e Snyder, 2003).

1.3 Motivação e pergunta a ser respondida

A questão principal deste artigo, portanto, é definir se o efeito da desigualdade


econômica, a nível de países, é positivo ou negativo sobre o engajamento político da
população. Os resultados serão usados, ainda, para obter uma análise mais empírica
sobre quais das três teorias, de fato, é a mais adequada para explicar a realidade.
Para isso, serão usadas ferramentas econométricas de regressão em cross-
section sobre uma base de dados com cerca de 150 países – num total de 191
reconhecidos pela ONU. A análise descritiva deste estudo está estruturada de
maneira que as variáveis dependentes e explicativas são inicialmente apresentadas,
seguidas pela especificação e justificativa do modelo utilizado – incluindo as hipóteses
assumidas para a construção do mesmo –, apresentação de resultados e conclusão
– onde os resultados serão interpretados à luz dos objetivos aqui apresentados.
8

2 ANÁLISE DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS

2.1 A variável dependente

O engajamento político não é uma variável diretamente observável, no caso


desse estudo, pois a análise aqui realizada é a nível de países, e não de indivíduos.
Todas as variáveis apresentadas são medidas em escala nacional, enquanto
engajamento é uma característica subjetiva de cada indivíduo. Assim, faz-se
necessário o uso de uma proxy para adequar nossa variável de interesse à escala
trabalhada.
Para solucionar esse problema, portanto, utilizaremos como variável
dependente a participação política da população. Os dados foram obtidos do
Democracy Index 2017, rank construído pelo The Economist Intelligence Unit.
A participação é uma variável de 0 a 10, calculada a partir de um modelo de
pontuação que considera a quantidade de eleitores efetivos, autonomia de minorias,
a preparação da população para participar de manifestações legais, entre outras
categorias (ver Anexo A). O resultado obtido é ainda ponderado de acordo com a
legitimidade das eleições, segurança dos eleitores, influência política de grupos
poderosos e capacidade do governo em implementar políticas públicas. Em resumo,
os dados tentam mensurar o quanto a população participa da política não apenas
observando presença em eleições e manifestações, mas também considerando a
liberdade de expressão fornecida pelo Estado e o nível de representatividade da
população no governo.

2.2 A variável independente

A variável explicativa trabalhada nesse estudo é o nível de desigualdade


econômica de cada país, medido a partir do Índice de Gini. Tal indicador é calculado
a partir da razão entre as áreas no diagrama de Curvas de Lorenz – simplificadamente,
refere-se a um gráfico no qual cada ponto da curva representa uma porcentagem
acumulada de pessoas com determinado nível de renda. Por isso, o resultado varia
de 0 a 1, sendo 0 o caso de completa igualdade e 1 a situação de completa
desigualdade. Tais dados aqui usados foram obtidos do World Bank e do The World
Factbook (publicação anual da Agência de Inteligência Americana).
9

2.3 As variáveis de controle

Como buscamos estimar o efeito puro da desigualdade econômica no


engajamento político é necessário considerar outras categorias na regressão, uma
vez que há diversos outros fatores que afetam estas duas variáveis simultaneamente
e, por isso, pode afetar uma das hipóteses principais do modelo de regressão:
exogeneidade.
Uma destas variáveis é a renda per capita da população. Nas três teorias
trabalhadas, o montante de renda do indivíduo é um dos principais determinantes para
sua participação (ou alienação) política e, sendo uma das bases para o cálculo do
índice Gini, deve ser controlada para efeitos de estimação. Na base de dados, a
variável renda per capita é o logaritmo natural – por motivos de praticidade na
interpretação do resultado – do PIB per capita de cada país.
É também o caso do nível de educação médio da população. Países onde a
população possui baixos níveis de educação tendem a possuir pouco engajamento
político, uma vez que os indivíduos, por vezes, podem não compreender os assuntos
tratados na política ou não entender a importância desse tema. Não obstante, se
grande parte dos habitantes não têm muito estudo, a mão de obra acaba sendo pouco
qualificada e essa massa populacional acaba concentrando-se em serviços de baixa
renda, enquanto os poucos que possuem mais educação conquistam os cargos de
melhor remuneração. Isso, obviamente, traduz-se em um país com desigualdade de
renda.
Dentre as características da população do país, segundo a literatura
consultada, é importante ainda considerar:

• a porcentagem da população feminina sobre o total - mulheres tendem a ser


menos engajadas politicamente e, por conta do machismo ainda muito presente
em vários países, esse dado pode afetar a desigualdade de renda;
• a porcentagem de indivíduos casados sobre o total - a convivência do
matrimônio pode proporcionar mais momentos de discussão política do que entre
os solteiros e também afeta os níveis de renda;
• a média de filhos por mulher - o custo de oportunidade de trabalhar e/ou se
engajar politicamente para os pais é decrescente em relação ao número de filhos;
10

• a porcentagem da população empregada sobre o total, uma vez que os


indivíduos inseridos no mercado de trabalho tendem a ter mais contato com
assuntos relacionados à política e também afetam os níveis de renda do país;
• a porcentagem da população rural sobre o total - os habitantes dessas
localidades são menos engajados por estarem mais afastados e também é um
indicador de riqueza do país;
• a porcentagem de indivíduos religiosos (sem distinção de religião) - a interação
em uma comunidade religiosa tende a aumentar a participação política e pode ter
efeito sobre a renda do indivíduo;

Além dessas, faz-se necessário considerar as características institucionais do


país, tais como:

• O nível de democracia efetiva, embora haja diversos países que se


autodeclaram como democráticos, há diferentes maneiras de como a liberdade,
de fato, é fornecida aos cidadãos. O Democracy Index 2017 traz uma pontuação
de 0 a 10, na qual, quanto maior a nota, mais democrático é o país. Altos níveis
de democracia facilitam – e possibilitam – a participação política da população.
Em relação à desigualdade de renda, a abertura democrática permite que a
população tenha a opção de lutar por políticas de distribuição de renda.
• Modelo de distribuição de poder, como o federalismo. Países que dão certa
independência aos estados possibilitam que a população se aproxime da política,
o que aumentaria o engajamento político. Ao mesmo tempo, a autonomia
fornecida a estes distritos pode permitir uma maior eficiência na aplicação de
políticas de distribuição de renda, pois a percepção do governo para com as
necessidades da população é maior do que quando comparado à países que
concentram o governo numa única instituição.
• Outras variáveis relacionadas ao modelo de governo e ao nível de liberdade
política são também incluídas na análise uma vez que abrem espaço para o
engajamento político da população e, havendo participação política, as camadas
mais pobres podem vir a lutar por seus direitos e por medidas de distribuição de
renda. É o caso da liberdade de escolha (medida de influência de grupos
poderosos), da liberdade sindical, da representação dos direitos políticos dos
diferentes segmentos da população, do pluralismo partidário e da
obrigatoriedade do voto;
11

• A situação política do país também tem efeito sobre o engajamento político e


sobre a desigualdade econômica. Governos com altos índices de corrupção,
deveriam, portanto, apresentar maior concentração de renda – o que afetaria a
participação política da mesma maneira já mencionada segundo as respectivas
teorias;
• Por fim, adiciona-se também uma dummy de 1 a 6 para indicar os continentes
em que o país pode estar inserido com o propósito de controlar qualquer influência
regional que possa afetar o nível de desigualdade econômica e o engajamento
político;

Pelo modelo ser avaliado a nível de países, os dados das variáveis de cunho
individual foram obtidos através da média das agregações das informações
disponíveis. Ademais, algumas interações entre as variáveis explicativas foram
também adicionadas na regressão a fim de controlar possíveis efeitos que
atrapalhariam a análise caso fossem desconsiderados, uma vez que os efeitos
marginais das variáveis usadas na interação estariam mal estimados.

2.4 Teste de multicolinearidade entre as variáveis

O teste de multicolinearidade do programa Stata, VIF (Variance Inflation


Factors), atestou um alto valor que pode indicar colinearidade perfeita. Entretanto,
esse resultado pode ser explicado pelas interações utilizadas na regressão que, por
definição, são colineares às variáveis envolvidas e explicitadas de maneira singular
na regressão.
É importante reconhecer a presença de multicolinearidade para a análise do
desvio-padrão dos estimadores e do p-valor. A saber, multicolinearidade entre os
regressores leva a um aumento do desvio-padrão dos coeficientes previstos o que,
consequentemente, diminui os respectivos p-valores, levando a erros do tipo I nos
testes de significância – em outras palavras, a multicolinearidade faz com que,
erroneamente, variáveis de efeito desprezível sejam consideradas relevantes.
Consequentemente, na análise de resultados, consideraremos o resultado do teste
VIF.
12

3 O MODELO E SUAS HIPÓTESES

3.1 Modelo de regressão linear múltipla

Inicialmente, assume-se, com base na análise dos scatter plots (Apêndice A),
que a relação entre a variável dependente e as variáveis explicativas pode ser linear
nos parâmetros, podendo estes serem estimados, portanto, pelo método de mínimos
quadrados ordinários. Complementando essa hipótese, considera-se que os
regressores são fixos ou, em outras palavras, que as variáveis explicativas não são
aleatórias e os parâmetros são constantes no modelo populacional (1) abaixo.

𝑝𝑎𝑟𝑡𝑝𝑜𝑙 = 𝛽1 𝑔𝑖𝑛𝑖 + 𝛽2 𝑙𝑛𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎𝑝𝑐 + 𝛽3 𝑣𝑜𝑡𝑜 + 𝛽4 𝑓𝑒𝑑𝑒𝑟𝑎𝑙𝑖𝑠𝑚𝑜 + 𝛽5 𝑑𝑒𝑚𝑜𝑐 + 𝛽7 𝑒𝑑𝑢𝑐


+ 𝛽8 𝑝𝑜𝑝𝑓𝑒𝑚 + 𝛽9 𝑝𝑐𝑎𝑠𝑎𝑑𝑜𝑠 + 𝛽10 𝑓𝑒𝑟𝑡𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 + 𝛽11 𝑝𝑜𝑝𝑒𝑚𝑝
+ 𝛽12 𝑝𝑜𝑝𝑟𝑢𝑟𝑎𝑙 + 𝛽13 𝑟𝑒𝑙𝑖𝑔𝑖𝑜𝑠𝑜𝑠 + 𝛽14 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑢𝑝 + 𝛽15 𝑝𝑙𝑢𝑟𝑎𝑙𝑖𝑠𝑚𝑜
+ 𝛽16 𝑙𝑖𝑏𝑒𝑠𝑐𝑜𝑙ℎ𝑎 + 𝛽17 𝑟𝑒𝑝𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡 + 𝛽18 𝑙𝑖𝑏𝑠𝑖𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑙 + 𝛽19 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑖𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒
+ 𝛽20 𝑑𝑒𝑚𝑜𝑐 × 𝑔𝑖𝑛𝑖 + 𝛽21 𝑙𝑛𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎𝑝𝑐 × 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑖𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒 + 𝛽22 𝑝𝑜𝑝𝑓𝑒𝑚 × 𝑒𝑑𝑢𝑐
+ 𝛽23 𝑝𝑜𝑝𝑒𝑚𝑝 × 𝑙𝑛𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎𝑝𝑐 + 𝛽24 𝑝𝑐𝑎𝑠𝑎𝑑𝑜𝑠 × 𝑓𝑒𝑟𝑡𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
+ 𝛽25 𝑝𝑙𝑢𝑟𝑎𝑙𝑖𝑠𝑚𝑜 × 𝑙𝑖𝑏𝑠𝑖𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑙 + 𝛽26 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑢𝑝 × 𝑑𝑒𝑚𝑜𝑐
+ 𝛽27 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑖𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒 × 𝑒𝑑𝑢𝑐 + 𝜀

Devido à presença de uma constante no modelo, adota-se, sem perda de


generalidade, a hipótese de que a esperança do erro é igual a zero: 𝐸(𝜀) = 0. A
hipótese de normalidade dos erros, entretanto, não pode ser assumida, uma vez que
a variável dependente pertence ao intervalo de 0 a 10.
Como consequência, sem a hipótese de normalidade dos erros, o modelo de
regressão linear múltipla assumido teria problemas de heterocedasticidade e,
portanto, não seria eficiente. Além disso, a limitação do intervalo ao qual pertence a
variável dependente traria problemas para a estimação do vetor de parâmetros, 𝛽,
nesse caso, pois o método de mínimos quadrados ordinários negligenciaria a restrição
de gerar valores de modo que 𝑥𝑖′ 𝛽 – sendo 𝑥𝑖′ o vetor de variáveis explicativas da i-
ésima observação – pertencesse, estritamente, ao intervalo [0,10]. O resultado da
regressão linear pelo método de mínimos quadrados ordinários feita no programa
Stata pode ser consultado no Apêndice B.
13

3.2 Modelo de regressão não linear

No intuito de melhorar estimação dos efeitos de cada variável explicativa sobre


a variável dependente e contornarmos os problemas provocados pela regressão
linear, utilizaremos uma variável latente para expressar se a população de um país é
engajada politicamente ou não. O uso dessa variável facilitará a aplicação e
interpretação do novo modelo utilizado.
A transformação da variável é baseada nas escalas utilizadas pelo Democracy
Index 2017 para classificar o país nas quatro categorias de democracia: completa,
falha, regime hibrido ou regime autoritário. Na prática, cria-se uma variável binária que
assume valor 1 para os países cuja pontuação de participação política – a variável
dependente antes utilizada – tem valor maior ou igual a cinco e assume valor 0 para
o restante dos países, ou seja, aqueles os quais a variável de participação política
possuía valor menor que cinco. Chamemos a variável latente, para fins de
computação, de 𝑏𝑝𝑎𝑟𝑡𝑝𝑜𝑙.
Em termos da variável latente, portanto, o objetivo é medir se a probabilidade
de sucesso 𝑃(𝑏𝑝𝑎𝑟𝑡𝑝𝑜𝑙𝑖 = 1) entre as observações é diferente e, caso o seja, modelar
também as causas dessas diferenças. Como visto, o modelo linear não é adequado
para esse propósito e, portanto, um modelo não linear deverá ser aplicado, ou seja, a
probabilidade de sucesso será modelada de acordo com uma função não linear de
𝑥𝑖′ 𝛽. Matematicamente:

𝑃(𝑏𝑝𝑎𝑟𝑡𝑝𝑜𝑙𝑖 = 1) = 𝐹(𝑥𝑖′ 𝛽) + 𝜀𝑖

Sendo F uma função monotônica e não-decrescente, cujo limite seja 1quando


o argumento, 𝑥𝑖′ 𝛽, tende a infinito. A função F escolhida será a função de distribuição
logística (logistic distribution), pois essa distribuição tende a oferecer grandes
probabilidades de sucesso quando 𝑥𝑖′ 𝛽 é extremamente pequeno e, simetricamente,
pequenas probabilidades de sucesso quando 𝑥𝑖′ 𝛽 é extremamente grande. Essa
característica complementa um dos objetivos deste estudo que é testar se, de fato,
baixos valores do Índice Gini – e, portanto, baixa desigualdade econômica – leva a
maior participação política como defende a Teoria do Recurso, por exemplo.
14

Em suma, o modelo utilizado será um modelo de distribuição logística estimado


pelo método de máxima verossimilhança, o que pressupõe a hipótese de não
linearidade nos parâmetros.
A hipótese de homocedasticidade também pode ser considerada, uma vez que
foi, justamente, uma das motivadoras para o método não linear. Neste novo modelo,
em que a variável dependente é binária, o formato da distribuição assumido é uma
função logit e a variância é homocedástica.
Assumiremos também que os parâmetros são identificáveis, ou seja, são
capazes de serem estimados apenas com base nos valores da amostra. Em outras
palavras, dado um conjunto de observações da variável dependente, a função de
verossimilhança utilizada fornecerá apenas um valor de 𝛽 compatível com tal
observação.
Os regressores serão considerados fixos e estáveis, ou seja, as variáveis
explicativas são não aleatórias e os parâmetros são fixos. A hipótese de exogeneidade
será, a princípio, admitida como verdadeira, pois, na preparação do modelo as
possíveis causas de endogeneidade – erros de medida, simultaneidade e variáveis
omitidas – não foram identificadas, logo, após a análise dos resultados, revisitaremos
essa suposição para confirmar se sua veracidade se mantém.
Com base nos objetivos desse estudo, os coeficientes de interesse variam de
acordo com a teoria escolhida. A Teoria do Poder Relativo prevê que o coeficiente da
desigualdade econômica, 𝛽1 no modelo 1, será negativo. Por sua vez, a Teoria do
Recurso possui expectativas similares para os sinais dos coeficientes, mas diferentes
magnitudes com relação à teoria anterior. Como o engajamento político requer
recursos econômicos, espera-se que o coeficiente 𝛽1 não seja tão significativo como
o coeficiente do logaritmo natural da renda per capita, 𝛽2 no modelo 1. Por fim, sob a
ótica da Teoria do Conflito, espera-se que o coeficiente de desigualdade econômica,
𝛽1 no modelo 1, seja positivo.
O resultado dos coeficientes estimados da regressão não linear de participação
política pelo método de máxima verossimilhança no programa Stata pode ser
observado na Tabela 2 (abaixo).

Tabela 2 – Resultado da Regressão pelo Método da Máxima Verossimilhança


15

Variáveis Desvio
Coeficiente Estatística z P-valor
Explicativas Padrão
gini 44,52317 21,6364 2,06 0,040
lnrendapc 10,34146 4,458232 2,32 0,020
voto 1,479105 1,27334 1,16 0,245
federalismo 5,067641 1,747404 2,90 0,004
democ 8,35667 2,797743 2,99 0,003
educ 11,96612 7,679894 1,56 0,119
popfem 1,058567 0,577304 1,83 0,067
pcasados 0,0482795 0,0824394 0,59 0,558
fertilidade 1,140356 1,041815 1,09 0,274
popemp 0,2587596 0,2036544 1,27 0,204
poprural 0,0024254 0,0321064 0,08 0,940
religiosos - 0,0131752 0,0154214 - 0,85 0,393
corrup - 0,0766316 0,081527 - 0,94 0,347
pluralismo - 0,0848093 0,4222358 - 0,20 0,841
libescolha 1,548408 0,7358822 2,10 0,035
represent - 0,9186622 0,6531965 - 1,41 0,160
libsindical 3,249107 1,537478 2,11 0,035
continente 1,385838 0,7556355 1,83 0,067
democ*gini - 10,39694 4,125656 - 2,52 0,012
lnrendapc*continente - 0,9124821 0,432726 - 2,11 0,035
popfem*educ - 0,2757712 0,1547212 - 1,78 0,075
popemp*lnrendapc - 0,1266363 0,0821952 - 1,54 0,123
pcasados*fertilidade - 0,023136 0,0321143 - 0,72 0,471
pluralismo*libsindical - 0,7730039 0,2868849 - 2,69 0,007
corrup*democ 0,0134799 0,0319255 0,97 0,333
educ*continente(i)
2 1,440114 1,229624 1,17 0,242
3 2,029357 1,309098 1,55 0,121
4 1,755005 1,843554 1,49 0,135
5 1,291841 1,310715 0,99 0,324
6 2,715704 1,6044955 1,69 0,091
constante - 110,441 39,95561 - 2,76 0,006
Tabela 2 – Resultado da Regressão pelo Método de Máxima Verossimilhança.
Fonte: Stata.
16

A regressão demonstrou ainda um 𝑅 2 igual a 0,5850, ou seja, o modelo estimado


explica, aproximadamente, 58,5% da variável dependente – no caso, participação
política. Além disso, a estatística chi-quadrada do teste de significância conjunta não
é rejeitada a níveis mínimos de grau de confiança, indicando uma grande relevância
do modelo proposto.

3.3 Análise dos Resultados

Como o modelo utilizado não é linear, os coeficientes estimados já não indicam mais
o efeito ceteris paribus do regressor em relação à probabilidade de sucesso da
variável latente trabalhada. Por isso, segue a Tabela 3 (abaixo) com os efeitos
marginais estimados.

Tabela 3 – Efeitos Marginais dos Regressores em Relação à Probabilidade de Sucesso

Variáveis 𝐝𝐲⁄ Desvio


Estatística z P-valor
Explicativas 𝐝𝐱 Padrão
gini - 0,8305643 0,3820764 - 2,17 0,030
lnrendapc 0,0412097 0,0590287 0,70 0,485
voto 0,0960969 0,0806269 1,19 0,233
federalismo 0,3292426 0,983501 3,35 0,001
democ 0,293907 0,0757177 3,88 0,000
educ - 0,011775 0,0168268 - 0,70 0,484
popfem 0,0293764 0,261528 1,12 0,261
pcasados - 0,0014369 0,0026979 - 0,53 0,594
fertilidade 0,2778656 0,0378202 0,74 0,461
popemp - 0,00002198 0,0054596 - 0,04 0,968
poprural 0,0001576 0,0020853 0,08 0,940
religiosos - 0,000856 0,0009927 - 0,86 0,389
corrup - 0,0001515 0,0018578 - 0,08 0,935
pluralismo - 0,1253697 0,0411344 - 3,05 0,002
libescolha 0,1005994 0,0442142 2,28 0,023
represent - 0,0596851 0,0407204 - 1,47 0,143
libsindical - 0,1053962 0,053219 - 1,98 0,048
17

continente1 *** *** *** ***


Tabela 3 – Efeitos Marginais dos Regressores em Relação à Probabilidade de Sucesso.
Fonte: Stata.

Inicialmente, podemos observar o efeito que mais interessa a este estudo: a


variação na participação política em decorrência da desigualdade econômica de um
país. Como consta na tabela acima, a variável gini – indicador da desigualdade – tem
um efeito negativo de - 0,8305643. Na prática, isso indica que um aumento de 0,1 no
Coeficiente de Gini, mantendo todas as outras variáveis constantes, provoca uma
diminuição de, aproximadamente, 0,083 na medida de participação política da
população de um país.
Tal resultado é conivente com a Teoria do Recurso e a Teoria do Poder
Relativo, as quais afirmavam que em países onde há muita desigualdade – e, portanto,
um alto Coeficiente de Gini – a participação política da população seria reduzida.
Entretanto, como o efeito da variável referente à renda per capita se mostrou pequeno
e inferior ao efeito de gini, há evidências de que a Teoria do Poder Relativo seria mais
adequada, pois, como visto, a Teoria do Recurso atribuía mais importância à
quantidade de recursos do que à renda relativa. Para embasar essa afirmação,
realizou-se um teste de Wald sob a hipótese nula de que ambos os coeficientes eram
iguais e a estatística de distribuição chi-quadrada resultou num valor muito superior
ao p-valor calculado, portanto, a hipótese pôde ser rejeitada.
É importante destacar também a insignificância que a variável de educação
assume nesta regressão. De acordo com a literatura, os anos médios de educação
não são tão relevantes para determinar a participação política do indivíduo, pois, na
prática, o que determina o engajamento é o background familiar na questão de
interesse político (Solis, 2013). Se a família não incentiva o interesse por esse tema,
as preferências do indivíduo dificilmente serão direcionadas a uma maior participação
política, mesmo este tendo vários anos de estudos.
Paralelamente, numa escala nacional – como trabalhada neste artigo –, se a
conduta mais disseminada na população não é discutir política, este não será um
assunto debatido nas escolas ou nos ambientes de ensino superior.
Consequentemente, os indivíduos, mesmo que bem-educados, não terão interesse
em se engajar politicamente.

1 A função de verossimilhança não é derivável na variável continente já que se trata de valores discretos.
18

Esse argumento nos remete a um problema mais amplo observado nessa


regressão quanto à escala trabalhada. Analisando os p-valores da Tabela 3, percebe-
se que, além de educ, as variáveis popfem, fertilidade, popemp, poprural e religiosos,
também apresentaram altos índices de insignificância. Tais variáveis se referem, na
prática, às características individuais dos cidadãos e, quando trabalhadas à níveis de
países, não conseguem representar seus reais efeitos de maneira satisfatória, pois ao
agregar as informações dos cidadãos, diminui-se a variância dos dados.
Em outras palavras, a hipótese de exogeneidade antes assumida é
insustentável, uma vez que a escala trabalhada gerou um erro na mensuração das
observações, impedindo que o modelo captasse o efeito de variáveis referentes à
aspectos subjetivos do indivíduo. Portanto, a limitação do modelo levou,
possivelmente, a um viés negativo na significância dos efeitos das variáveis
trabalhadas.
19

4 CONCLUSÃO

Ao tentar realizar uma regressão sobre uma base de dados cross-section


contendo dados sobre 161 países, este estudo acabou por ser inconclusivo devido à
limitação provocada pela escala trabalhada que evitou que a variância dos dados
individuais fosse considerada na hipótese de exogeneidade, impossibilitando que ela
pudesse ser minimamente sustentada.
Os resultados aqui obtidos, que acabam por embasar a Teoria do Poder
Relativo, embora compatível com a literatura de apoio (Solt, 2008), não podem ser
considerados numa discussão ampla sobre os determinantes da participação política
da população, pois deixou de considerar aspectos práticos importantes para a
determinação do engajamento político. A violação desta hipótese pode ter
subestimado o efeito da desigualdade econômica a ponto de deixá-lo negativo. Além
disso, qualquer resquício de endogeneidade impede que alguma inferência sobre
causalidade seja feita sobre os resultados alcançados.
Entretanto, o artigo é válido como forma de aplicação prática dos conceitos
trabalhados no estudo da regressão linear e não-linear, além de evidenciar a
importância da análise focada nos aspectos individuais, antes de institucionais, para
o estudo dos determinantes do engajamento político de uma população.
20

REFERÊNCIAS

_____. Normas da ABNT para trabalhos acadêmicos. Disponível em:


<http://formatacaoabnt.blogspot.com.br/2017/10/normas-da-abnt-para-trabalhos-
academicos.html>. Acesso em: 7 jun. 2018.

ANSOLABEHERE; FIGUEIREDO, John M. de; SNYDER, James M; STEPHEN. Why


Is There So Little Money in U.S. Politics? Journal Of Economic Perspectives, v.
17, n. 1, p.105-130, 2003.

BERINSKY, Adam J.; LENZ, Gabriel S. Education and Political Participation:


Exploring the Causal Link. Springer Science+business Media. 19 ago. 2010.
Disponível em: <http://web.mit.edu/berinsky/www/files/edu.pdf>. Acesso em: 09 jun.
2018.

BRADY, Henry E. An Analytical Perspective on Participatory Inequality and


Income Inequality. 2003. Disponível em:
<https://www.russellsage.org/sites/all/files/u4/Brady.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2018.

CENTRAL INTELLIGENCE AGENCY. The World Fact Book - Government type.


Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-
factbook/fields/2128.html>. Acesso em: 30 maio 2018.

CENTRAL INTELLIGENCE AGENCY. The World Fact Book - Suffrage. Disponível


em: < https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/fields/2123.html>.
Acesso em: 23 mar. 2018.

COMPARATIVE STUDY OF ELECTORAL SYSTEMS. CSES Module 4 Election


Study Archive. Disponível em:
<http://www.cses.org/datacenter/module4/module4.htm>. Acesso em: 23 mar. 2018.

DAHL, Robert A. On Political Equality. New Haven: Yale University Press, 2006.

DAVIDSON, Russell; MACKINNON, James G. Econometric Theory and Methods.


Oxford University Press, 2003.

DOUGHERTY, C. Introduction to Econometrics. Oxford University Press, 2016.

FEDERAL RESERVE BANK OF ST. LOUI. Barro-Lee Dataset. Disponível em:


<https://fred.stlouisfed.org/tags/series?t=barro-lee>. Acesso em: 01 jun. 2018.

FORUM OF FEDERATIONS. Federal Countries. Disponível em:


<http://www.forumfed.org/countries/>. Acesso em: 01 jun. 2018.

FREEDOM HOUSE. Freedom in the World 2018. Disponível em:


<https://freedomhouse.org/sites/default/files/FH_FITW_Report_2018_Final_SinglePa
ge.pdf>. Acesso em: 01 jun. 2018.
21

FREEDOM HOUSE. Freedom in the World 2018 Methodology. Disponível em:


<https://freedomhouse.org/report/methodology-freedom-world-2018>. Acesso em: 01
jun. 2018.

GALLUP INTERNATIONAL ASSOCIATION. Survey Results. Disponível em:


<http://www.gallup-international.com/survey-results/>. Acesso em: 31 maio 2018.

GESIS LEIBNIZ INSTITUT FÜR SOZIALWISSENSCHAFTEN. International Social


Survey Programme: Role of Government V. Disponível em:
<https://dbk.gesis.org/DBKsearch/sdesc2.asp??||=10¬abs=&af=&nf=&search=&sear
ch2=&db=e&no=6900>. Acesso em: 31 maio 2018.

GLOBAL BAROMETER SURVEYS. GBS Results 2017. Disponível em:


<https://www.globalbarometer.net/result>. Acesso em: 31 maio 2018.

GREENE, W. Econometric Analysis. Pearson College, 2012.

GUJARATI, D. Econometria Básica. 3.ed. Makron Books, 2000.

HEIJ et al. Econometric Methods with applications in Business and Economics.


Oxford University Press, 2004.

INTER-PARLIAMENTARY UNION. PARLINE Database on National Parliaments.


Disponível em: <http://archive.ipu.org/parline/>. Acesso em: 30 maio 2018.

INTERNATIONAL INSTITUTE FOR DEMOCRACY AND ELECTORAL


ASSISTANCE. Voter Turnout Database - Parliamentary. Disponível em:
<https://www.idea.int/data-tools/data/voter-turnout>. Acesso em: 30 maio 2018.

INTERNATIONAL INSTITUTE FOR DEMOCRACY AND ELECTORAL


ASSISTANCE. Voter Turnout Database - Presidential. Disponível em:
<https://www.idea.int/data-tools/question-view/522>. Acesso em: 30 maio 2018.

INTERNATIONAL MODEL UNITED NATIONS ASSOCIATION. Country Profiles.


Disponível em: <http://www.imuna.org/resources/country-profiles/>. Acesso em: 01
jun. 2018.

INTERNATIONAL SOCIAL SURVEY PROGRAMME. Modules by year. Disponível


em: <http://www.issp.org/data-download/by-year/>. Acesso em: 01 jun. 2018.

LATINOBARÓMETRO. Latinobarómetro 2017. Disponível em:


<http://www.latinobarometro.org/latContents.jsp>. Acesso em: 09 jun. 2018.

LUXEMBOURG INCOME STUDY DATABASE. Datasets Overview. Disponível em:


<http://www.lisdatacenter.org/frontend#/home>. Acesso em: 31 maio 2018.

NATION MASTER. Population considering religion important: Countries


Compared. Disponível em: <http://www.nationmaster.com/country-
info/stats/Religion/Secularism-and-atheism/Population-considering-religion-
important>. Acesso em: 01 jun. 2018.
22

ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Civic


Engagement. Disponível em: <http://www.oecdbetterlifeindex.org/topics/civic-
engagement/>. Acesso em: 30 maio 2018.

ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Data


by Theme. Disponível em: <http://stats.oecd.org/>. Acesso em: 31 maio 2018.

ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT.


Participation first time voters. Disponível em:
<http://www.oecd.org/els/family/CO_4_2_Participation_first_time_voters.xlsx>.
Acesso em: 23 mar. 2018.

PERSSON, Mikael. Does Type of Education Affect Political Participation? Results


from a Panel Surveyof Swedish Adolescents. Scandinavian Political Studies. 2012.
Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/j.1467-
9477.2012.00286.x>. Acesso em: 09 jun. 2018.

SOLIS, Alex. Does Higher Education Cause Political Participation?: Evidence


From a Regression Discontinuity Design. Disponível em:
<http://alexsolis.webs.com/EducationonpoliticalparticipationNew.pdf>. Acesso em: 09
jun. 2018.

SOLT, Frederick. Economic Inequality and Democratic Political Engagement.


American Journal Of Political Science, v. 52, n. 1. 18 jan. 2008. Disponível em:
<https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1540-5907.2007.00298.x>. Acesso
em: 23 mar. 2018.

THE ECONOMIST INTELLIGENCE UNIT. Democracy Index 2017. Disponível em:


<http://pages.eiu.com/rs/753-RIQ-
438/images/Democracy_Index_2017.pdf?mkt_tok=eyJpIjoiWkRKbU1HWmxNVEUwT
W1FdyIsInQiOiJPdlltVFV0blFRQzZNVERCZHhVeitZRElmUGplOHh3NWs1d2wzVzd
RS1JvNU1kVmUxQVRESU9LbEVSOVwvR1F4aG1PV1NlS0ZZcng4NzBcLzVNZ09J
OUxiZU5TTEVPekVHayttOTRqQkQ5TkNzWGNtRlowQTZ0UzlUK0pDdm9PVGlcLyJ
9>. Acesso em: 01 jun. 2018

UNESCO INSTITUTE FOR STATISTICS. Education Data. Disponível em:


<http://data.uis.unesco.org/Index.aspx>. Acesso em: 30 maio 2018.

UNITED NATIONS. World Marriage Data 2017. Disponível em:


<http://www.un.org/en/development/desa/population/theme/marriage-
unions/WMD2017.shtml>. Acesso em: 31 maio 2018.

WOOLDRIDGE, J. Introdução à Econometria. 5. ed. Cengage Learning, 2003.

WORLD BANK. Fertility rate. Disponível em:


<https://data.worldbank.org/indicator/SP.DYN.TFRT.IN>. Acesso em: 30 maio 2018.

WORLD ECONOMIC FORUM. Reports. Disponível em:


<https://www.weforum.org/>. Acesso em: 30 maio 2018.
23

APÊNDICE A – SCATTER PLOT DAS VARIÁVEIS EXPLICATIVAS E A


DEPENDENTE

A fim de encontrar o tipo relação que as variáveis explicativas possuem com a


dependente, constrói-se um scatter plot com base nos dados observados. Seguem os
gráficos de cada variável explicativa (eixo das abscissas) com a variável dependente
(eixo das ordenadas):

⎯ Média do Índice Gini X Engajamento Político

⎯ Log natural da Renda Per Capita X Engajamento Político


24

⎯ Dummy de Voto Compulsório X Engajamento Político

⎯ Nível de Democracia X Engajamento Político


25

⎯ Dummy de Federação X Engajamento Político

⎯ Média de Anos de Educação da População X Engajamento Político


26

⎯ População Feminina X Engajamento Político

⎯ População Casada X Engajamento Político


27

⎯ Número de Nascimentos por Mulher X Engajamento Político

⎯ População Empregada X Engajamento Político


28

⎯ Continente X Engajamento Político

⎯ População Rural X Engajamento Político


29

⎯ Controle da Corrupção X Engajamento Político

⎯ Pluralismo e Transparência do Processo Eleitoral X Engajamento Político


30

⎯ Liberdade de Escolha Política X Engajamento Político

⎯ Representatividade dos Segmentos da População X Engajamento Político


31

⎯ Liberdade de Associação Sindical X Engajamento Político

⎯ Importância da Religião no País X Engajamento Político


32

APÊNDICE B – MODELO DE REGRESSÃO LINEAR MÚLTIPLA

Assumindo todas as hipóteses descritas na seção 3.1 deste artigo, o resultado


da regressão linear múltipla tal como no modelo 1 no programa Stata pelo método de
mínimos quadrados ordinários (MQO) segue na Tabela 1 (abaixo).

Tabela 1 – Regressão linear múltipla de participação política pelo método de MQO


Variáveis
Coeficiente Desvio Padrão Estatística t P-valor
Explicativas
gini 0,3671579 0,5574661 0,66 0,511
lnrendapc 0,4040136 0,1995361 2,02 0,045
voto 0,0192359 0,0921006 0,21 0,835
federalismo 0,1586225 0,0794286 2,00 0,048
democ 0,2804852 0,0794751 3,53 0,001
educ - 0,4956549 0,3094681 - 1,60 0,112
popfem - 0,0094767 0,0105804 - 0,90 0,372
pcasados 0,0048726 0,005835 0,84 0,405
fertilidade 0,0303783 0,0864244 1,30 0,726
popemp 0,0117661 0,0090655 0,35 0,197
poprural 0,005307 0,0020187 0,26 0,793
religiosos 0,0002984 0,0010596 0,28 0,779
corrup - 0,0039956 0,003778 - 1,06 0,292
pluralismo - 0,0168749 0,0337026 - 0,50 0,617
libescolha 0,1132044 0,0546854 2,07 0,040
represent - 0,0421734 0,0511341 - 0,82 0,411
libsindical 0,0952516 0,0747864 1,27 0,205
continente 0,0543109 0,0552086 0,98 0,327
democ*gini - 0,1318106 0,1056455 - 1,25 0,214
lnrendapc*continente - 0,0249992 0,0231222 - 1,08 0,282
popfem*educ 0,0092984 0,005912 1,57 0,118
popemp*lnrendapc - 0,0046707 0,0034945 - 1,34 0,184
pcasados*fertilidade - 0,0020343 0,0023957 - 0,85 0,397
pluralismo*libsindical - 0,0189626 0,0110256 - 1,72 0,088
corrup*democ - 0,0002481 0,000621 - 0,40 0,690
33

educ*continente(i) 0,0042314 0,0087793 0,48 0,631


constante - 1,120103 0,5533285 - 2,02 0,045
Tabela 1 - Resultado da regressão linear múltipla de participação política pelo método de MQO.

Como a hipótese de normalidade do erro não pode ser assumida e a amostra


trabalhada é considerada finita – apenas 151 países – os testes t apresentados na
Tabela 1 – feitos sob a hipótese nula de que o respectivo coeficiente é nulo – não
possuem validade, assim como qualquer teste de heterocedasticidade, já que as
distribuições das estatísticas de teste consideradas já não serão válidas.
34

APÊNDICE C – CÓDIGOS DO STATA

Seguem os códigos utilizados neste artigo que foram executados no programa


Stata, bem como seus resultados.
35
36
37
38
39
40
41
42

ANEXO A – METODOLOGIA DA MEDIDA DE ENGAJAMENTO POLÍTICO E


PLURALISMO

As variáveis de engajamento político e pluralismo utilizadas neste artigo foram


retiradas do Democracy Index 2017 – Free Speech Under Attack, estudo realizado
pelo The Economist Intelligence Unit – divisão de pesquisa e análise do The
Economist Group – que, através de uma série de parâmetros, constrói um rank de
pontuações – pertencentes ao intervalo de 0 a 10 – em que, quanto mais engajamento
e pluralismo possui um país, mais próximo de 10 deve ser sua pontuação.
O índice é baseado na soma dos indicadores, posteriormente citados,
ponderada pelos seguintes aspectos críticos para a democracia: eleições nacionais
livres e justas, segurança dos votantes, influência de grupos de poder sobre o governo
e capacidade do Estado em implementar as políticas públicas. Além disso, a
publicação utiliza pesquisas de opiniões públicas retiradas, por exemplo, do World
Values Survey, e pesquisas nacionais.
Segue abaixo a lista de aspectos considerados e sua respectiva pontuação para
a construção do rank de engajamento político:

1- Participação eleitoral em eleições nacionais (Participação média nas eleições


parlamentares desde 2000 proporcional à população com idade para votar).
1 se for acima de 70%.
0,5 se estiver entre 50% - 70%.
0 se for menor que 50%.

2- As minorias éticas, religiosas e outras possuem um grau de autonomia e influencia


razoável no processo político?
1: Sim.
0,5: Sim, mas com falhas consideráveis.
0: Não.

3- Mulheres no parlamento (Porcentagem de membros femininos no parlamento).


1 se for acima de 20%.
0,5 se for entre 10% - 20%.
0 se for menos que 10%.
43

4- Extensão da participação política (Porcentagem da população que participa de partidos


políticos e/ou organizações não governamentais).
1 se for acima de 7%.
0,5 se for entre 4% - 7%.
0 se for menos que 4%.

5- Porcentagem da população que é, de alguma maneira, interessada em política (Dados


também retirados da World Values Survey).
1 se for acima de 60%.
0,5 se for entre 40% - 60%.
0 se for menos que 40%.

6- Porcentagem da população que participou de manifestações legais.


1 se for acima de 40%.
0,5 se for entre 30% - 40%.
0 se for menos que 30%.

7- Taxa de adultos alfabetizados.


1 se for acima de 90%.
0,5 se for entre 70% - 90%.
0 se for menos que 70%.

8- Porcentagem da população que acompanha política em algum tipo de mídia (impressa,


TV ou rádio) todo o dia.
1 se for acima de 50%.
0,5 de for entre 30% - 50%.
0 se for menos que 30%.

9- As autoridades fazem algum esforço efetivo para promover a participação política?


(Considerando o papel do sistema educacional e outros esforços e medidas para facilitar
o voto. Se a participação é forçada, a pontuação é zero.)
1: Sim.
0,5: Sim, porém fraco.
44

0: Não.

Segue abaixo a lista de parâmetros considerados para classificar o nível de


pluralismo existente no país:

1- As eleições para os cargos executivos e legislativos são livres? (Considerando onde as


eleições são competitivas e os eleitores são livres para votar dentre uma variedade de
candidatos.)
1: Sim.
0,5: Sim, mas há algumas restrições no processo eleitoral.
0: Não.

2- As eleições para os cargos executivos e legislativos são justas?


1: Sim.
0,5: Sim, mas irregularidades significantes já ocorreram.
0: Não.

3- As eleições municipais são ambas livres e justas?


1: Sim.
0,5: São livres, porém não tão justas.
0: Não, não são livres, nem justas.

4- Há sufrágio universal para adultos?


1: Sim.
0: Não.

5- Os cidadãos podem votar livremente sem ameaças significativas à sua segurança por parte
de organizações estatais ou não estatais?
1: Sim.
0: Não.

6- As leis promovem oportunidades de campanha amplamente iguais?


1: Sim.
0,5: Formalmente sim, mas, na prática, as oportunidades passam a ser limitadas.
45

0: Não.

7- O processo de financiamento de partidos políticos é transparente e amplamente aceito?


1: Sim.
0,5: Não é totalmente transparente.
0: Não.

8- Os mecanismos constitucionais para a transferência ordenada de poder de um governo


para o outro, após períodos eleitorais, são transparentes, estáveis e amplamente aceitos?
1: Sim.
0,5: Há algumas restrições.
0: Não.

9- Os cidadãos são livres para formar partidos políticos independentes do governo?


1: Sim.
0,5: Parcialmente.
0: Não.
10- Os partidos políticos da oposição possuem uma perspectiva realista de alcançar o
governo?
1: Sim.
0,5: Há um sistema dominante de dois partidos, no qual outras forças políticas nunca
possuem qualquer chance efetiva de assumir o governo nacional.
0: Não.

11- O potencial acesso para os cargos públicos está disponível à toda população?
1: Sim.
0,5: Formalmente sim, mas, na prática, é restrito para algum tipo de público.
0: Não.

12- É permitido aos cidadãos formarem organizações políticas e civis livres da interferência
e vigilância do Estado?
1: Sim.
0,5: Oficialmente sim, mas, na prática, há restrições.
0: Não.

Você também pode gostar