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Ordem Econémica. Lei n° 8.137, de 27 de dezembro de 1990 CAPITULO 0 Dos crimes Contras Economia e a8 Relagdes de Consumo Art, 4° Constitui crime contra a ordem econdmica: 1 ~abusar do poder econdmico, domtnando o mercado oueliminando, total ou parcial- mente, a concorréncia mediante qualquer forma de 2juste ou acordo de empresas; 8) Gevogada): B) (revogada)s ©) (sevogada)s 4) (eevogada); €) (revogada); 1) (revogada); 4, Fundamento constitucional. A Ordem fconémica é um bem juridico previsto constitucionalmente no art. 170 da CR/88, com a seguinte redago: “A ordem acondmica, fundada na valorizagSo do trabalho humano e na livre inictativa, tem por fim assegurar 2 todos exist&ncia digna, conforme os ditames da justica social, observados os seguintes principios: | - soberania nacional, l— propriedade privada; I - fungSo social da propriedade; |V— livre concorréncia; V—defesa do consumidor; Vi-defesa do melo ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e servicos e de seus processos de elaboragdo e prestaco; Vil ~ redugdo das desigualdades regionais e sociais; VIII — busca da pleno ‘emprego; IX—tratamento favorecide para as empresas de pequeno porte constituidas sob as leis brasifairas e que tenham sua sede e administraca no Pais, Pardgrafo unico, € assegurado a todos o livre exercicio de qualquer atividade econdmica, independentemente de autorizago de érgacs publicos, salvo nos casos previstos em lel.” 2. Bem juridico tutelade, A integridade e a regularidade da economia nacional. 3. Sujelto ativo. O empresario. Trata-se de crime préprio. 783 Ez LEIS PENAIS ESPECIAIS - Gabriet Habib 4. Sujeito passivo. A sociedade. Nao é 0 Estado, tendo em vista que o Estado nao sofre com o abuso, mas, sim, a sociedade. 5. Competéncia. A competéncia para precessar e julgar esses delitos pode ser tanto da Justiga Estadual, quanto da Justi¢a Federal. Nesse iiltimo caso, a depender da presenca de uma das hipéteses do art. 109, da CR/88, sobretudo 9 inciso IV. >» st informative n° 384, Quinta Turma. COMPETENCIA. CRIME CONTRA A ORDEM ECONOMICA, Trata-se de habeas corpus preventivo em que o paciente @ demais co-réus, to- dos representantes togais de sociedades empresariais, foram denunciados pela suposta pratica dos crimes previstos no art, 48, Ill, a, b ¢ ¢, da Lei n, 8.137/1990 (cartel {.. nos crimes contra 8 ordem econbmica, ja quea Lei n, 8.137/1990 no contém dispositiva fixando 3 competéncia da Justica Federal, o julgamento de tais crimes compete, em regra, a Justica estadual. Parém, a norma n&o afasta, de plano, a competéncia da Justica Feceral desde que se verifiquem as hipéteses elencadas no art. 109, Iv, da CF/1988. (..). {HC 127.169-SP, Rel. Min. Napolego ‘Nunas Maia Filho, julgado em 19/2/2009), SU: (..} CRIMES CONTRA A ORDEM ECONOMICA (...) Na esfera penal, somente se verifica.a cormpeténcia da Justica Federal caso tenha havido ofensa direta € efetiva a bens, services ou interesse da Unido ou de suas entidades autarquicas ‘ou empresas publicas. Apesar de a comercializagio de combustivel estar sujeita a fiscalizac3o federal, basicamente de responsabilidade da ANP, a colocacdo desse produto adulterado no mercado, em desconformidade com a normas vigentes, tem como agentes passivos, em tese, a ardem econdmica e as relages de consumo. No tendo as Leis 8.137/90e 8.176/91 disposta expressamente so- bre a competéncia da Justice Federal para 0 processo e 0 julgamento dos crimes elas previstos, nos termos do inciso Vi do art. 109 de CF, no ha que se falar na incompeténcia do Juizo singular estacual para condutir 0 feito instaurado contra 9s pacientes. Ordem parcialmente conhecida e denegada. (HC 38,580/SP, Rel. Min, Giison Dipp, julgado em 04/08/2008). 6. Inciso |. Abuso do poder econémico. Configura-se pelo excesso no uso do poder econémica, Trata-se, portanto, da pratica de conduta que ultrapessa os atos normais praticados pelo agente, Portanto, 0 uso normal nfo constitui fato tipico. 7, Concaito de abuso do poder econémico previsto na cartitha distribuida pelo CADE (Conselho Administrative de Defesa Econémica): O abuso do poder econdmico ‘ocorre toda a vez que uma empresa se aproveita de sua condi¢4o de superiorida- de econdmica para prejudicar a concorréncia, inibir o funclonamento do mercado ou ainda, aumentar arbitrariamente seus lucros. Em outras palavras, poderiamos dizer que o agente abusivo faz mau uso ou 0 uso ilegitimo do poder que detém no mercado. Este abuso nao se da a partir de praticas especificas, mas sim, quando o detentor de substancial parcela do mercado age em desconformidade com os seus fins, desvirtuando, ultrapassando as fronteiras da razoabilidade. Por prejudicar a Order Econémica. Lei n° 8.137, de 27 de dezembro de 1990 ordem econdmica e os consumidores, o abuso no encontra qualquer amparo legal, até porque é ato praticado com exereicio Irregular do direito de livre iniciativae de propriedade.” 8, Dominio do mercado ou eliminagao da concorréncia. Apesar deo legislador des- crever as duas hipéteses, dominar o mercado e eliminar a concorréncia acabam sendo causa e efeito. Isso porque o dominio do mercado gera a eliminacao total ou parcial da concorréncia, tendo em vista que ela perde o seu espaco dentro do mercado. Per outro lade, a auséncia de concorréncia gera o abuso, pois quem domina o mercado (sem concorrentes) cobra 0 preco que quiser e 0 consumidor é obrigado a pagar o valor para ter acesso aquele determinado produto ou servico, configurando-se, portanto, o abuso. Por tais raz6es, o sistema capitalista deve so- frera intervencdo eo controle do Estado para evitar esse abuso. S40 exemplos de dominio de mercado e eliminagao da concorréncia: formacao de cartel, sistemas seletivos de distribuicSo, precos predatérios etc. 9. Trecho que trata da concorréncia, previsto na cartitha distribuida peto CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econdmica): “E essencial a presenca da concor- réncia no contexta de uma economia de mercado, posto que a mesma possibilita um aumento na variedade e na qualidade de produtos, ¢ ainda corrobora para a diminui¢do dos precos dos mesmos, Ea concorréncia, o fator determinante para que 0S precos exprimam a relacao de equitibrio entre a oferta e a procura. Para que se obtenham 0s beneficios derivados da concorréncia, & necessdrio que as empresas invistam em tecnologia, bem como realizem um estudo de mercado com 9 intuita de conhecer e atender as expectativas e desejos dos consumidores. Poderfamos dizer que @ concorréncia é um instrumento existente em beneficio dos cidadaos, vez que sao estes os consumidores finais dos produtos e que experimentam as melhorias decorrentes das circunsténeias concorrenciais, Além de conferir bene- ficios aos consumidores, a disputa entre as empresas acasionada pelo ambiente concorrencial propicia que a economia brasileira entre com uma melhor estrutura no mercado externo.” 10. Qualquer forma de ajuste ou acordo de empresas. Trata-se do meio executério, que significa qualquer modalidade de pacto, de combinar’o, de conluio entre as empresas. O presente tipo penal configura um delito de execugao vinculade. 11. Consumag3o. Com o efetivo prejuizo gerado para a coletividade. Crime material, 12.Classifteag3o. Crime prdprio; material; doloso; comissivo; instantaneo de efeitos permanentes; de execusao vinculada; admite a tentativa. II - formar acordo, convénio, ajuste ou alianga entre ofertantes, visando: a) a fixagdo artificial de pregos ou quantidades vendidas ou produzidas; b) uo controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas; <) a0 controle, em detrimento da concorréncia, de rede de distribuicdo ou de fornece- dores. 785

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