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Expansio e limite da poesia de Joao Cabral | Ateides Villaga ‘Marea de humana oficina —— ome toda grande possi, a de Joto Cabral de Melo Neto afrma, para expandive,crtrios de uma pot tica muito paticulat, que também The aga os i te. A tendéncia geal dos eioresconquisados por ua bra poetca éa de colar a amigo ao que mostra como Yopriamente expansive nos poemas 2 que vive mas gees € impresses recolhidas livremente dos temas, figuris € Himos sionados no textos ja leita cxtca rend, por deve de of 2 eeonhecimento dos mits do trio poi inerpetado ~ teconhecimemto que, no» casos bem-sucedis,identiicrse como qualidade mesma da admiragio. Discerni no objeto de so que est nee dererminad no € nega suas propredades de ua, bem pelo contri: € compreend as. eu PSP Qual a expansio qual o limite da posi de Cabal, ‘busca pode encontrar pont de apoio na poética xpi 143 credundante que € base consente de tants e tants A prio Cava mass peas deren uma ye gem our, costo mess pring de pl Finca ono um go de epho conta epg fe dade se i como vere poesia dete pera Gano & cons segundo mattzes que se expdem no ce ponds como projet de iid gue spn a fie dotip sublinhacto. Seu deo € aus tm paso alm da edundincia qual o sentido dese proens reso da express Von mynediad Como projet eabraino no nasce x mii, mas poe fons injunges de nature picldgia,geracionale cule ¢ sl etl sobre sua arqucolgi, cujos sna, um tant ep Peds do sono Olivo €de 1942 c0 poeta éentdo pouco mais que ade cent A dedicadra a Carlos Drummond de Andrade, poem bomenagem a Picasso algumas pegis de feito nitdameme mu- rilano (como “A poesia andando", “Noturno” e “Janel e@ imagnirio de feigd sutealistatragam uma rbita nada aiden ta so inh de orga da poesia da época e da arte moderna dkvidamenteafimadaseinspirando,sobretudo nos artists as jorens um novo fego liberi. A resposta fatura de Cab ‘como sino, ponder es ier, desconfa dee Hci” ¢ doar sa linguagem de um programado controle mat Pt de wn pos eatin, quale ag sim + qusto da idenidad pesoa eda perona attic © dato et ome rt gic 0 mai SO“ toro de seus coroliros as alusdcs a suicidas, a cristata? <4 roxo num reo, simlacro de um manequim a fig cs, insrevem-s na livro de est ze avcrpes viLine’ nem enforcado|A prineia peso gramatial ei hay: vent sui nas no mod pad dquo pa ‘Reruns Os lon mena em ep ecto CIES, & experi viva em la deo emia ef fevolvr, tempo a roda de um ear mn So epagos preferencias da Pedet do sone os “nn da inka aséncn campo metaférico em que o poca eas oer rvamento interior €2alenacio bisica do nenhum conto ‘fo eom ocotidiano e 0 mundo. O surreaismo no € 9 uma ‘Fomacio de visioniio, mas um eédigo apocliptico que a sre tcnica da montagem cubist, Um e outa procedimen. ‘pvsuprimem, de saa, toda rlagio “natural” entre o sueno eo ‘mundo, impondo mediagdes violentas que diem a idenidade pesal €0 empirismo da vida, Os gestos, as noticias as mae tens do cotidiano surge filtrados por lentes, 08 no espug im preso, ou em espelhos ¢ retratos, ou em vous teleBnicas. A fgua mesma do eu, inatingida, apenas se insnua no silencio do aterado, no gesto “por detris da cortina’, na estitua especular eum manequim, Méquinas e aparelhos do mundo modero, 4 eprodzem e expandem os sentides humanos,compareeem par sublinhar mais fortemente a inavidade exasperame dese ‘st, 20 qual parece estar a recep ransiguradora que con- ‘ere tudo em “lors seca, em "so ead", em ia mortem “ua decapitadas", em “guas para’ Nio é incomum a attude radical de posts jovens que ‘sam jd imersos em negagBes absolutas, Desde o gsm ‘aelitiano, otho realista nas rua agitadas eo olholitco m4 ‘ali alkvae milenar da poesia armam uma visi divest ‘Poe dar em impasse — cabendo a cada poet cuba St Frio modo de epresentar as incongruéncns. Exo 9 wisn maior de Manuel Bandeia, nos pocsia moderns ‘Onheceu afiemagao. da personaidade inepra ou tbiad um bce “5 tem vivido sobretudo nas perspectivas da. multiplicasio ¢ dp contralto, Sem fugit & ogra, Jodo Cabral — o estreane — afonta a questo da identidade liica com um peso mésimo de recast mas, nas sucessivas declaragbes de auséncia, o syjeito em dono © 0 im. pase, Embora pequeno oliveo curtos os poemas, hd uma sate primeira pessoa nio faz mais que atualizar 0 p ragio no tom sombrio da perspectiva para a morte e no anf se fragmencar o mundo em imagens desgarradas. Sem dear de insinuar-se em vertent da rica, poesia de (Carl asc esgargando a identidade subjtiva, com nuances que a ditinguem da negatvidade mérbida do Drummond de Bre cde alas (oa qual se mantém o primado da consciénca sempre individual do gauche Carlos) ou das inquietagbes vsiondis de Murilo Mendes (ujo pano de fando estampa sinalizasSo utp ‘emia tatase, antes, de represencar um rosto em sua plena imposiildade, Sob pena de tepetigio desfibrada, 0 paradoxo ¢ © impasse nio podem continua por muito tempo: a reincdén- cia na imagens de um “eu morro” daria a um segundo lv um tom de fas. Enfim: Pedra do sono busca promover 0 exrcsno da condigio lirica sem mes reais de se Furtar expresso subje- “va, A morte anunciada encena-se antes como impacto dedars ‘Gro, ndo Ihe correspondendo uma equivalent forsa exit, ‘Um salto calewlado Se para poet a instincia sentimental etd condenad,¢ com elo nexoimediato ¢ afetivo com o mundo, impos, pa 2 posi continua, a necessidade de uma order outa, 20 hgo do caminko lfc, O salto de Cabral — original e definite — ‘ari ma eftivagio de um estilo que repel toda conisio oo ieguismor exari na consteucio de uma matéia pogica quese M6 sveres vineagh acrimune A oscilagio 8 angistia, quaifcada por um maximo aE pe coc alg poss de O exe {ioi5)em que se promove a passagem para a potica manifesta e alc de Picola da composicdo (1947). Afseada a “desordem qh alma’, uma luz reveladora vem incidi sobre objets, see, Seve stuages do mundo, com os quis objet refletamen- tcoato mesmo da construgo verbal, A “tala lima’, “lou Franca a"lranja verde”, o“Iipis gusto” so indies da busca de composisio de figura © pasagens de organiza plisica, em Sea supor antes a extatcidade que o movimento, ates e- qe que a duragio, © poema pase a sstematsar-se numascon- zp material da palavrae da poesia, apresenadasenquanto fenomenologia de um literal eerever a tina ou ape), sobre 2folha de papel "branco asséptico”) em que cabem sugetivas ions (como a de representa of impuliosinconscietes nos “ons” “nadando no pogo! negro e fecunda” — pogo que € também o tinteiro). Se o que pode provocaro ior é tafe tos gsosinstrumentos mesmos da esrnura, bem como in- tet de “sepsis, © que ao poeta pernutba £0 io de “bot! dem cho mineral” o er vivo do veo. a desconfanga quano a1cse ficil “brotar” que impele o construtora recortar 0 sentido ido e mas exteriorzado possvel de cada ign, Em O enge ei sasistern metioras de perfil tradicional, mas na Pcl {ide composigdo 0 “Vico da poesia’ tend ao execco egdo «rgorso da linguagem, culminando na potica recone ‘mente cabralina. Vale lembrar alguns de seus procedimentot Uisicos: senso. de proporgio na medida dos versos ondenagio, simdtica deles e das estofes; unificagso das sonoridades em ‘Stiri dels c_ dag estrofes wn caplolies Sammemeaies eR somincias ¢ alteragdescomenitio cones dis ‘gus: clpsese quebras da sintaxe mais onodoxa:recorréncias ‘um lésico preferenciah paurado pela categoria do ementer terres oe posi “7

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