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CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

SERVIÇO SOCIAL

Volta Redonda/RJ

2017
CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

SERVIÇO SOCIAL

ESTUDO DIRIGIDO: MATERNIDADE NEGADA

Trabalho elaborado pelos alunos Ane,


Bruna Resende, Fabíola, Gabrielle, Joana
e Thiago; do primeiro e quinto período do
Curso de Serviço Social, para obtenção de
nota parcial da disciplina Tópicos
Especiais III: Gênero, ministrada pela
docente Vanessa.

Volta Redonda/RJ

2017
Representante do grupo: Joana (5º período)
Tema: Gênero e Educação.
Para a elaboração do presente, foi necessário levantamento bibliográfico em artigos,
reportagens e demais materiais textuais; e pesquisa de campo para identificação mais
aproximada da realidade vivenciada na região, a partir de entrevista – a qual foi elaborada
anteriormente para futura análise do discurso de pessoas que estão inseridas no ambiente
educacional nas cidades de Barra Mansa, Volta Redonda, Piraí e Barra do Piraí, sendo todas
pertencentes a região Sul Fluminense do estado do Rio de Janeiro.
A pesquisa foi realizada com a finalidade de identificar a percepção de gênero no meio
educacional nas cidades da região por profissionais da área, principalmente, pois sabe-se que
mesmo com o aumento da discussão acerca do tema, ainda há grande desconhecimento sobre
o tal.
Inicialmente, falar de gênero não é uma tarefa fácil nos dias de hoje, mas é de demasiada
importância, visto que é possível identificar fatos histórico-sociais de avanços e, também, de
retrocessos.
È necessário entender que gênero vai além de “sexo”, sendo não só aspecto biológico e
“natural”, mas também reflexo cultural – ou seja – gênero pode ser entendido pelas
características sociais distintas entre os sexos, por isso, também encontra-se a terminologia
“identidade de gênero” que é a forma como determinado sujeito se identifica.]
Logo, as discussões sobre gênero se amplificam, não estando restritas somente à determinada
questão, visto que ao se discutir gênero, fala-se da realidade social existente pelo homem e
pela mulher, pelos que se identificam como homem e pelos que se identificam como
mulheres, fala-se sobre a desigualdade existente no meio escolar, laboral, formal/informal,
social, econômico¸ político etc. Com isso, verifica-se diversas possibilidades e entendimentos.
Por meio do levantamento bibliográfico, nota-se que as desigualdades surgem desde os
primórdios e, como o tema é educacional, restringindo-se a ele, identifica-se que –
antigamente – a escola, muita das vezes, era um ambiente exclusivamente masculino, sendo
que quando as mulheres frequentavam tal meio era em locais separados e, em sua maioria,
com predominância religiosa, como o convento, por exemplo.
Talvez tenha sido os índios os primeiros defensores dos direitos das mulheres em nossas
terras. Uma vez que os mesmo perceberam a discriminação que havia no ensino introduzido
com a chegada dos colonizadores, tal ensino concentrou-se nas mãos da igreja. Este ensino
ministrado pelas ordens religiosas nas missões e nos colégios fundados por elas destinava-se
fundamentalmente à catequese e à formação das elites no Brasil. Desde a primeira escola de
ler e escrever, erguida incipientemente lá pelos idos de 1549, pelos primeiros jesuítas aqui
portados, a intenção de formação cultural da elite branca e masculina foi nítida na obra
jesuítica. Aonde achando injusta os índios brasileiros foram solicitar ao Pe. Manoel da
Nóbrega a entrada também das suas filhas na escola de ler e escrever, fato que fez o jesuíta
enviar uma carta à Rainha de Portugal solicitando a permissão necessária para o ensino das
moças. “Alegavam que, se a presença e a assiduidade feminina era maior nos cursos de
catecismo, porque também elas não podiam aprender a ler e escrever?” (Ribeiro, 200, p.80).
São grandes a preocupação e o esforço investidos em mudanças na educação básica brasileira
nas últimas décadas, principalmente no final dos anos de 1980, com a consolidação da
Constituição Federal de 1988, e durante todo período dos anos de 1990, repleto de reformas
educacionais.
A intersecção das relações de gênero e educação ganhou maior visibilidade nas pesquisa
educacionais somente em meados dos anos de 1990, com grandes avanços na sistematização
de reivindicações que visam à superação, no âmbito do Estado e das políticas públicas, de
uma série de medidas contra a discriminação da mulher.
A importância da educação para consolidação do exercício de direitos e para construção da
autonomia individual e coletiva, bem como para o desenvolvimento econômico e social do
mundo moderno, é reconhecida mundialmente.
As relações de gênero aponta para o caráter construído de mulheres e homens como sujeitos
históricos em contraponto com a naturalização do feminino e masculino.
No que se refere à avanços gerais, em âmbito nacional, verifica-se:
- Constituição Federal (1988): constituem objetivos fundamentais da República Federativa
do Brasil: artigo 3º, item I e IV e artigo 5º.
- ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente (1990): reúne os direitos das crianças e
adolescentes no Brasil e traz disposições sobre igualdade de gênero e proteção contra
discriminação.

- Lei de Diretrizes Básicas na Educação


- Estatuto da Igualdade Racial (2010): Visa garantir à população negra a efetivação da
igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o
combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica. Há neste estatuto artigos
específicos sobre desigualdades que atingem especificamente mulheres negras.

- Lei Maria da Penha: sobre violência doméstica e violência contra a mulher.

Já, quando fala-se em retrocessos, verifica-se:


- Retirada do termo “gênero” do PNE generalizando as erradicações e desigualdades,
cedendo pressões de diversos setores conservadores.
Quanto a realidade regional, como mencionado anteriormente, por falta de bibliografia
pertinente, foi realizada pesquisa de campo com profissionais da área nas respectivas cidades,
análise de discurso através do exposto por gestores, por exemplo, em redes sociais etc.
Nos anexos dispostos a seguir é possível identificar o posicionamento de representantes de
cada cidade quanto ao debate de gênero nas escolas. Com o discurso individual, foi
perceptível a reprodução do senso comum, falta de conhecimento técnico/teórico com relação
ao tema, aplicação de terminologias defasadas e que distorcem, muita das vezes, o real sentido
da questão utilizada, como por exemplo, a utilização de “ideologia de gênero”, terminologia
esta, aplicada em sua maioria das vezes por críticos e contrários à discussão de gênero nas
escolas, defensores de uma educação conservadora e moralista, os quais apresentam
argumentos como uma possível “doutrinação”, ignorando a necessidade da tal discussão para
promover um ensino com cada vez mais equidade, transparência e como um meio de direito.
Encontra-se, ainda, em anexo, o discurso do prefeito municipal de Barra Mansa (2017-2020),
Rodrigo Drable, o qual foi publicado em seu perfil na rede social “Facebook”, no dia 04 de
maio de 2017, onde responde questionamentos da população sobre “ideologia de gênero” na
educação, enfatizando que no município de sua gestão quem se responsabiliza é “família e
igreja”.
Contudo, não só por este discurso apresentado, mas pelos mais variados ocorridos sempre por
pessoas que tem papel fundamental em decisões importantes legais, apresentam
posicionamento conservador, moralista e tendencioso. Por isso, se faz cada vez mais
necessárias ações voltadas para conscientização e desconstrução da reprodução do senso
comum acerca do tema.
Anexo I
Entrevista com A.M, 43 anos, feminino. Diretora do Departamento de Educação Infantil na
Secretaria de Educação de Barra do Piraí.

1 – O que você entende por gênero?


A.M: Então o trabalho com educação infantil onde é a fase que a criança está se descobrindo,
está se percebendo como ser no mundo e tal, a gente só tem essa diferenciação de menino e
menina, na fila, na chamadinha, na rodinha agente trabalha com o menino e a menina, mais é
difícil ainda você perceber alguma outra questão sobre, então nesse primeiro momento é
mesmo a interação entre meninos e meninas.

2 – Como gênero se relaciona com a educação como um todo?


A.M: Então quando a criança já vai adquirindo uma certa idade você já começa a perceber
uma maturidade, um sentimento, até nessa própria identificação que no infantil ela começa,
então ela já vai identificando e muitas vezes a gente percebe que tem meninos que tem gosto
diferenciado , e são homens, tem nome de homem mas tem atitude de menina, mas na nossa
facha etária pouco se observa isso.

3 – Como é apresentada a questão de gênero em seu município?


A.M: Como eu já disse nessa fase da educação infantil, aqui no departamento infantil no qual
eu represento, agente trabalha mesmo o menino e a menina, não tem essa diferenciação, uma
outra forma, e na fila, na hora da chamadinha, mas é menino e menina, e o respeito acima de
tudo.

4 – Você consegue identificar avanços ou retrocessos na questão de gênero no seu meio de


atuação profissional? Quais?
A.M: Como é no nosso meio de atuação, respondendo pela educação infantil, não se percebe
muito isso, porque eles são pequenos, estão ainda se descobrindo, então não existe muito.

5 – Qual o seu posicionamento sobre estudo do gênero no ambiente escolar?


A.M: Eu penso que acima de tudo tem que haver o respeito, independente do que seja a
pessoa, agente sabe da questão da lei que fala do nome social, a pessoa se ela que se chamada
por aquele nome que é um nome feminino e ele e um homem ou se é um nome masculino e é
uma mulher isso tem que ser respeitado, isso é um direito, mas isso são nas fases mais adultas,
agente não tem isso no infantil, até porque a criança não responde por ela.
Anexo 2
Entrevista com P. L, 38 anos feminino, da instituição de atuação: Instituto de educação
Manuel Marinho, Ciep:295- Glória Roussim.

1) O que você entende por gênero?


R: gênero diferencia o homem e a mulher, o feminino e masculino, de acordo com o órgão
reprodutor.

2) Como gênero se relaciona com a” Educação”, como um todo?


R: ?
3) Você consegue identificar avanços ou retrocessos na questão de gênero no seu meio
de atuação profissional? Quais?
R: Acho que estamos retrocedendo.Discutir gênero é mostrar que pode existir igualdade e
respeito na sociedade e na escola. E a gente perde muito tirando isso da escola, que é lugar
onde se formam diversas relações sociais. Ex: violência contra mulheres, violência homo/
lesbo e transfóbica.

4) Como está apresentada a questão de gênero em seu município?


R: Em minha cidade ainda há um impasse sobre a autorização ou não da discussão dessa
ideologia na escola. A discussão retornou á câmara dos vereadores.

5) Qual seu posicionamento sobre estudo de gênero no ambiente escolar?


R: Acho que não estamos preparados para tratar sobre a ideologia de gênero do jeito que está
sendo abordado.
Anexo 4

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