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ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ”
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
LABORATÓRIO DE ECOLOGIA E RESTAURAÇÃO FLORESTAL
(LERF)
PACTO PARA A
RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA
DA MATA ATLÂNTICA
REFERENCIAL TEÓRICO
Piracicaba
Novembro, 2007
2
SUMÁRIO
1. PRINCIPAIS INICIATIVAS DE RESTAURAÇÃO FLORESTAL NA MATA
ATLÂNTICA E EVOLUÇÃO DAS METODOLOGIAS E CONCEITOS ........................ 3
FASE 1: PLANTIO DE ÁRVORES SEM CRITÉRIOS ECOLÓGICOS PARA A ESCOLHA DAS ESPÉCIES ..3
FASE 2: PLANTIO DE ÁRVORES NATIVAS BRASILEIRAS COM BAIXA DIVERSIDADE FLORÍSTICA E
COM A INSERÇÃO DA SUCESSÃO FLORESTAL .........................................................................8
FASE 3: INCORPORAÇÃO DO CONCEITO DE DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS MUDAS NO CAMPO
(FITOSSOCIOLOGIA) E UTILIZAÇÃO DE ALTA DIVERSIDADE DE ESPÉCIES NATIVAS
REGIONAIS ............................................................................................................................19
FASE 4: ABANDONO DA CÓPIA DE UM MODELO DE FLORESTA, ALIADA À RESTAURAÇÃO DOS
PROCESSOS ECOLÓGICOS QUE CONSTROEM UMA FLORESTA SEM VISAR A UM CLIMAX
ÚNICO (FASE ATUAL)............................................................................................................25
PRÓXIMOS DESAFIOS DA RESTAURAÇÃO FLORESTAL...........................................31
FASE 5: INCORPORAÇÃO DO CONCEITO DA DIVERSIDADE GENÉTICA......................................31
FASE 6: INSERÇÃO DE OUTRAS FORMAS DE VIDA NAS ÁREAS EM RESTAURAÇÃO....................43
FASE 7: APLICAÇÃO DO CONCEITO DE GRUPOS FUNCIONAIS, BUSCANDO CONHECER A
BIOLOGIA DAS ESPÉCIES UTILIZADAS E O ENTENDIMENTO DOS PROCESSOS REPRODUTIVOS
NAS ÁREAS EM RESTAURAÇÃO .............................................................................................50
FASE 8: VISÃO ECOSSISTÊMICA DA RESTAURAÇÃO FLORESTAL ..............................................60
2. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DAS ÁREAS A SEREM RESTAURADAS
VISANDO A DEFINIÇÃO DE METODOLOGIAS DE RESTAURAÇÃO
FLORESTAL .............................................................................................................................. 69
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3. IMPORTÂNCIA DO MONITORAMENTO DAS ÁREAS RESTAURADAS PARA
ANÁLISE DA EFETIVIDADE DAS AÇÕES....................................................................... 94
4. QUANTIFICAÇÃO E MONITORAMENTO DA BIOMASSA E CARBONO EM
PLANTIOS DE ÁREAS RESTAURADAS ......................................................................... 109
5. METODOLOGIA DE RESTAURAÇÃO PARA FINS DE APROVEITAMENTO
ECONÔMICO (RESERVA LEGAL E ÁREAS AGRÍCOLAS)........................................ 118
6. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS DE RESTAURAÇÃO E
LEVANTAMENTO DE CUSTOS MÉDIOS (IMPLANTAÇÃO EM ÁREA TOTAL) 138
3
que resultou na destruição de grande parte das formações vegetais originais. A palavra
do solo, grande parte das regiões tropicais apresenta sua cobertura florestal nativa
foram possíveis (Barbosa & Mantovani, 2000; Rodrigues & Gandolfi, 2004). Há,
uma área de conhecimento, sendo denominada por alguns autores como Ecologia da
numa dada área, para assumir a difícil tarefa de reconstrução das complexas interações
A fase a qual será descrita a seguir relata um pouco o início do histórico deste
Plantios sem critérios e métodos
espécies exóticas e nativas de crescimento rápido e lento (Rodrigues & Gandolfi, 1996).
O foco era a proteção dos recursos naturais e a mitigação dos impactos anteriormente
causados, tendo uma visão simplificada do sistema, buscando apenas recriar uma
plantio de árvores, sem critérios ecológicos para a escolha e combinação das espécies.
procurava entender o papel das espécies quanto à sua função na floresta. Essas
Histórico no Brasil – as primeiras experiências
dois problemas que andaram lado a lado. Como exemplo deste cenário, a necessidade
de água para a população carioca foi o fator decisivo para a desapropriação das terras
das bacias hidrográficas dos rios que abasteciam a cidade, com o objetivo de recompor a
vegetação original devastada pelo extrativismo e pelas plantações de café (Kageyama &
Castro, 1989).
O histórico desta fase, no Brasil, inicia-se no século XIX , sendo um dos primeiros
ictiofauna.
realizados pela CESP (Companhia Energética de São Paulo), iniciados nos reservatórios
mistas, com longo tempo para estabelecimento (fechamento das copas) e insucesso de
2004; Engel & Parrotta, 2003), trabalhando com a concepção dos reflorestamentos mistos
sucessão secundária.
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7
8
A escolha das espécies
possibilitar a restauração efetiva das áreas, essas espécies ainda se tornaram invasoras
inimigos naturais nas nossas condições, o que favorece seu desenvolvimento intenso e
vigoroso. Foi justamente essa rapidez de crescimento e rusticidade que estimulou o uso
dessas espécies nos primeiros projetos de restauração florestal, pois se obtinha uma
caminho a ser seguido, deve-se destacar que, para as plantas, a delimitação geográfica
de um país, estado ou cidade não tem significado algum. O que de fato determina a
vezes no grau de endemismo (espécies únicas de uma determinada região) (Santos et al.,
2007) (Figura 01).
1
02).
cheias
Figura 02: Variações locais da vegetação como resultado da dinâmica da água no solo e das características
edáficas, condicionando o desenvolvimento de diferentes espécies arbóreas.
Mesmo que essas espécies não regionais (nativas brasileiras que não pertencem a
daquele sistema, como geadas, períodos de forte déficit hídrico, ventos e inundação,
possuem características bem diferentes das originalmente presentes naquele local, existe
ainda a possibilidade de que espécies nativas brasileiras, mas não regionais, venham a
restauração, é preciso que a mesma floresça, frutifique, tenha suas sementes dispersas e
interação biológica, verifica-se que as árvores e as demais espécies com outros hábitos
uma forte interação entre essas espécies e seus dispersores de sementes (Fenner &
Thompson, 2005) e polinizadores (Bawa, 1974), além de suas pragas e doenças locais
(Dyer et al., 2007). Como esses organismos são muitas vezes particulares de
Sucessão florestal
Outra questão inserida nessa fase foi a da preocupação com relação à sucessão
Gandolfi, 1998; Durigan et al., 2004). Alguns pesquisadores propuseram categorias que
dos critérios utilizados tenham sido variados e não haja consenso sobre os critérios de
classificação (Budowski, 1970; Denslow, 1980; Swaine & Whitmore, 1988). Alguns
com crescimento rápido, sob luz plena e possuindo comunidades com baixa
grupos ecológicos.
Quadro 01: principais características diferenciais dos grupos ecológicos de espécies arbóreas (adaptado
de Ferreti, 2002).
tolerante no estágio
Tolerância à sombra muito intolerante intolerante tolerante
juvenil
banco de
Regeneração banco de plântulas banco de plântulas banco de plântulas
sementes
relativamente tardia
Idade da 1.° reprodução (anos) prematura (1 a 5) prematura (5 a 10) tardia (mais de 20)
(10 a 20)
1
caminho a ser seguido para a formação de uma floresta madura deveria passar
passaram a ser classificadas em função dos grupos sucessionais a que pertenciam, com
a proporção do número de mudas por espécie sendo definida com base nesses grupos.
sucessionais (Kageyama & Gandara, 2000). Surgiram então diferentes modelos que
consorciavam esses grupos ecológicos. O mais comum passou a ser o plantio das mudas
grupos ecológicos pode também ser considerada uma tentativa de ordenar a alta
realizados nos últimos anos, especialmente na Mata Atlântica, onde a classificação dos
1
2000; Kageyama & Gandara, 2005) e da SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem
grupos ecológicos é que o processo de sucessão ocorra como em uma clareira. Nessas, a
seqüência ‘tradicional” passa pela ocupação inicial das espécies pioneiras, seguida das
qualitativos consideráveis em relação aos modelos anteriores, mas não por isso é isento
de melhorias. Rodrigues & Gandolfi (1998) alertaram que a sucessão secundária pode
não ocorrer em algumas situações, não bastando apenas abandonar essa área para que a
restauração ocorra. É preciso atentar para que o local tenha condições ambientais
adequadas para dar suporte às plantas, bem como que haja disponibilidade de espécies
tempo.
diversidade final, o que tem sido constatado pela reduzido número de espécies
restauradas, com morte dos indivíduos arbóreos pioneiros sem que as espécies
feitas a esse método: mesmo sendo pioneiras, algumas espécies não proporcionam uma
espécies (Barbosa et al., 2003), bem como a baixa equabilidade: mais de 50% dos
de crescimento mais rápido. Por fim, a própria classificação das espécies em grupos
Mesmo não sendo ainda o modelo ideal, os conceitos aplicados nessa fase
Figuras 03 e 04: Visão externa e interna do reflorestamento do Parque São Marcelo, em Mogi-Guaçu-SP.
1
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1
FASE 3: INCORPORAÇÃO DO CONCEITO DE DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS MUDAS
NO CAMPO (FITOSSOCIOLOGIA) E UTILIZAÇÃO DE ALTA DIVERSIDADE DE
ESPÉCIES NATIVAS REGIONAIS
constituindo uma cópia a ser desenvolvida com base em diferentes aspectos, conforme
A busca por um clímax único e pré‐definido
Dessa forma, as espécies pertencentes aos diferentes grupos sucessionais inseridas nas
Uso de alta diversidade de espécies nativas regionais
diversidade florística regional , já que era essa a situação normalmente encontrada nos
projetos. Assim, para que o “ideal” de floresta pudesse ser reconstruído, era
fundamental que suas partes constituintes (nesse caso em particular apenas as espécies
de florestas tropicais (Palmer et al., 1997), nas quais a forte interação existente entre as
biológica (Ricklefs, 1977; Denslow, 1995; Wills et al., 1997; Wright, 2002; Peters, 2003;
sua estrutura, esperava-se também que o uso de alta diversidade de espécies pudesse
plantio de mudas.
Preocupação com a distribuição espacial das espécies no campo
florestas. Segundo Kageyama & Gandara , de maneira geral é possível dizer que
baixas densidades, sendo responsáveis por boa parte da elevada riqueza das florestas
tropicais. Além disso, por ocorrerem em baixa densidade, as espécies raras se tornam
aumentar o conhecimento sobre o papel que estas espécies exercem nos ecossistemas
(Lyon et al., 2005) e de como os projetos de restauração florestal podem contribuir para
espécies em baixa densidade e poucas espécies em maior densidade, sendo esse um dos
fatores que permitem a coexistência de tantas espécies em um mesmo local (Scudeller et
para cada uma das espécies introduzidas nos reflorestamentos, buscando reproduzir o
Pioneiras
Secundárias Iniciais
Clímax
implantação após 2 anos
Figura 07: Esquema ilustrativo da organização dos módulos e do processo de substituição gradual de
espécies no tempo esperado.
atingida tendo como base o plantio de mudas, o que de certa forma restringia o
Publicações relacionadas: Rodrigues, 1992; Luca, 2002; Siqueira, 2002; Vieira &
Gandolfi, 2006.
Características do projeto que justificam sua inserção nessa fase:
Reflorestamento de espécies nativas com 20ha realizado no entorno do reservatório de
água para abastecimento público do município de Iracemápolis-SP e implantado nos
anos de 1988 e 1989. A maioria dos indivíduos utilizados no plantio pertence a espécies
arbóreas nativas regionais (140 espécies), as quais foram selecionadas a partir de
levantamentos florísticos e fitossociológicos de remanescentes florestais da região. As
espécies foram agrupadas em módulos de plantio com base nos conceitos de sucessão
secundária, sendo que cada módulo continha nove indivíduos (6 de espécies pioneiras,
2 de espécies secundárias iniciais e 1 de espécies secundárias tardias ou clímax). Foram
utilizados dois tipos de distribuição espacial para os indivíduos: agrupado, no qual as
repetições do módulo que continham uma determinada espécie foram alocadas
próximos uma das outras, e regular, no qual as repetições foram distribuídas
regularmente na área. A distribuição das repetições para cada tipo de módulo foi obtida
por meio de uma análise conjunta dos parâmetros densidade e freqüência relativa que
essas espécies apresentavam nas formações naturais que serviram de base para a
elaboração do projeto.
Figuras 08, 09 e 10: Visão externa e interna do reflorestamento do entorno do reservatório de água para
abastecimento público do município de Iracemápolis-SP
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2
FASE 4: ABANDONO DA CÓPIA DE UM MODELO DE FLORESTA, ALIADA À
RESTAURAÇÃO DOS PROCESSOS ECOLÓGICOS QUE CONSTROEM UMA FLORESTA
SEM VISAR A UM CLIMAX ÚNICO (FASE ATUAL)
comunidades naturais são sistemas abertos, sofrendo a ação e sendo limitados por
admitiu-se que um mesmo ecossistema pode ser composto por um mosaico de situações
abertura de clareiras pela queda de árvores provocada por morte natural, raios,
1989). Tornou-se necessário entender que a biota é dinâmica em sua evolução, e que os
estudos estruturais nada mais eram do que “fotografias” do terreno, mudando com o
tempo. Inouye (1995) relembrou que muitas sutilezas dos processos naturais podem
reprodução, morte, dispersões, entre outros fatores). Aos levantamentos estáticos das
2007). Estes podem fornecer melhores entendimentos sobre a dinâmica das populações.
dinâmicas das florestas da encosta atlântica, por exemplo, ainda são pouco conhecidas.
O estudo das clareiras foi um dos fatos que levou a essa mudança de
1986; Vasquez-Yanes & Guevara, 1985; Ferreti, 2002) como também o sub-bosque
mas sim dependente das características físicas locais, das espécies presentes, do entorno
múltiplas trajetórias, em um equilíbrio dinâmico (Pickett et al., 1992; Palmer et al., 1997;
Parker & Pickett, 1999, Choi, 2004; Aronson & van Andel, 2005). Cada comunidade final
diferentes grupos ecológicos têm levado a algumas melhorias, que representam as mais
de restauração.
desenvolver no local em restauração (Gandolfi & Rodrigues, 2007). Para isso, deve-se
espécies exóticas invasoras (Kageyama & Gandara, 2003, Rodrigues & Gandolfi, 2007;
da paisagem (Engel e Parrotta, 2003; Rodrigues & Gandolfi, 2004; Alves & Metzger,
2006, Rodrigues & Gandolfi, 2007). Outros métodos têm sido propostos e testados pelo
naturais que serão degradadas por algum motivo (estradas, mineração, hidrelétricas,
sistemas agroflorestais biodiversos, etc.) (Carneiro & Rodrigues, 2007; Viani &
artificiais para atração de propágulos de espécies nativas, etc., além do próprio plantio
de mudas (Figura 11).
Figura 11: Representação esquemática dos processos ecológicos de uma comunidade vegetal, com
indicação das possíveis ações de restauração, baseado numa única comunidade clímax como modelo
(processo previsível) ou aceitando vários clímaces (imprevisível) (Rodrigues & Gandolfi, 2007).
2
nos trópicos e os monitoramentos das áreas já restauradas têm demonstrado que alguns
conhecimento na prática, mas que ainda estão em fase de testes, constituindo-se nos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PRÓXIMOS DESAFIOS DA RESTAURAÇÃO FLORESTAL
FASE 5: INCORPORAÇÃO DO CONCEITO DA DIVERSIDADE GENÉTICA
diversas regiões, inclusive na Mata Atlântica (Wuethrich, 2007). Dessa forma, além da
genética como uma das principais bases da conservação ambiental também trouxe
inclusive afetar o funcionamento dos ecossistemas (Madritch & Hunter, 2002), havendo
ainda diversas questões a serem descobertas para que o papel da mesma nas florestas
mais importante não é conservar os indivíduos, mas sim seus genes, pois os indivíduos
morrem, mas seus genes são mantidos na população por meio das sucessivas gerações.
inserção cada vez maior nos projetos de restauração florestal. O que caracteriza essa
fase é a preocupação com a origem genética das sementes utilizadas para a produção de
3
Restaurando efetivamente a biodiversidade
“totalidade dos genes, espécies e ecossistemas de uma região". Esta definição unifica os
• diversidade genética;
• diversidade de espécies;
biodiversidade, fica claro que a diversidade genética deve ser um dos pilares básicos
dessa atividade, pois essa diversidade representa o substrato onde a seleção natural irá
um ambiente que se pretende restaurar (seja por sementes, mudas e demais técnicas de
satisfatoriamente representada naquele local (Shaffer, 1981). Para isso, é preciso haver
longo prazo.
3
Implicações na biologia reprodutiva
tenham altos índices de diversidade genética. Caso esses animais não estejam presentes
descritos na literatura, tal como a dioicia (separação dos sexos em plantas diferentes), a
(mesmo que o pólen da mesma planta ou de uma planta aparentada atinja o estigma,
não há fecundação).
2000).
3
Influência no vigor
genes deletérios, além da perda de alelos por deriva genética (Fenster & Galloway,
A importância da regionalidade
projetos de restauração florestal faz com que as mesmas estejam expostas a diferentes
(Dyer et al., 2007). Dessa forma, a heterogeneidade ambiental, combinada com a seleção
origem, culminando na formação de ecótipos (McKay et al., 2005). Por definição, os
ecótipos são genótipos distintos (ou populações) dentro de uma espécie, resultado da
capazes de cruzar com outros ecótipos da mesma espécie (Hufford & Mazer, 2003).
Caso um ecótipo seja introduzido em uma região para a qual ele não
diminuindo suas chances de se perpetuar nesse local (Linhart & Grant, 1996). Muitas
longo prazo.
3
existem poucos grupos de coleta distribuídos pelas diversas regiões da Mata Atlântica,
Nesses casos, a introdução de populações não locais por meio dos projetos de
desses indivíduos, os quais possivelmente não são tão bem adaptados às condições
Essa adaptação, normalmente referida como fitness, nada mais é do que uma
ecótipos possuem a capacidade de cruzar entre si. Caso um ecótipo mal adaptado a um
2002). Dessa forma, os descendentes gerados terão cada vez menos chances de
alteradas, pois nessa situação o ambiente não fornece mais condições propícias nem
mesmo para os ecótipos locais (Lesica & Allendorf, 1999). Dessa forma, a mistura de
Como inserir tais questões nos projetos de restauração florestal?
Coleta de sementes
pode ser obtido por meio da coleta de sementes. Entretanto, é preciso saber como
coletar essas sementes, de forma que elas tenham uma representatividade mínima desse
material genético.
genética de uma população (Cockerham, 1969; Ritland, 1989; Nunney & Campbell,
1993), o trabalho de Vencovsky (1987) tem sido o mais utilizado no país. Para que se
tenha uma conservação genética de curto prazo (10 gerações da espécie), minimizando
população (Ne) de 50. Esse parâmetro (Ne) representa o tamanho da “amostra” que
população parental. Para se ter um Ne igual a 50, não é necessário coletar sementes de
50 matrizes. Considerando que cada matriz (árvore mãe) recebe o pólen de cerca de
quatro árvores pais (média geral, variando com a espécie), as sementes de uma única
árvore matriz contêm material genético de outros indivíduos. Dessa forma, a coleta de
sementes de 12 matrizes, desde que elas e nem os pais sejam aparentados (o que é
obtido pela coleta de diferentes matrizes, distanciadas uma das outras e em diferentes
mudas dos ecótipos regionais. Além da coleta de sementes para a produção de mudas
Aproveitamento do potencial de auto‐recuperação local
Uma das formas mais práticas de se inserir genótipos regionais (ecótipos) nos
Embora o diagnóstico tenha sido inserido em uma fase anterior na evolução dos
natural passa a ter uma nova vantagem associada, que é a de conservar o material
genético regional.
primeiro momento, a partir das sementes de poucos indivíduos (Senzen et al., 2005),
restringindo a base genética da população regenerante (embora essa base seja regional).
Nesses casos, pode-se recorrer ao enriquecimento genético, que nada mais é do que a
Por que a questão genética está inserida?
tanto busca parcerias com viveiros florestais e outras instituições ligadas à recuperação
de áreas degradadas.
dividido em 6 regiões ecológicas, tendo como base para a divisão fatores como o clima,
sendo 2 (duas) por região ecológica; em cada trilha são marcadas entre 10 (dez) e 12
doze (doze) indivíduos-matrizes de cada uma das espécies indicadas na respectiva Lista
destas matrizes formando um extenso banco de dados das espécies matrizes. É neste
A B
Figuras 12 e 13: Ilustração das seis regiões ecológicas nas quais o Estado de São Paulo foi dividida (A) e
das doze trilhas regionais para a coleta de sementes (B).
Por que a questão genética está inserida?
Entre 2000 e 2005, o Banco Genético foi implantado em área de 45 ha, com
condições para preservação das espécies. Para a produção das 75.000 mudas, sementes
distribuição espacial no campo das mudas produzidas a partir dessas sementes foi
garantindo o fluxo gênico entre elas e permitindo a produção futura de sementes com
inicialmente proposta.
Por que a questão genética está inserida?
passam por ações de restauração, de forma que os mesmos possam contribuir para a
restauração. Como uma forma de estimular o uso de espécies e genética regionais, são
4
instalados viveiros de produção de mudas nativas em cada uma das empresas que
participam do programa.
Além disso, foi organizada uma Rede de Sementes entre as empresas que estão
forma: uma vez por mês, todos os viveiros são visitados e parte das sementes
produzidas pelos mesmos é fornecida à equipe da rede, a qual, por sua vez, distribui
sementes e da ajuda mútua entre os participantes, no qual cada viveiro doa e recebe
produção no viveiro, já que alguns dos participantes da rede podem ter um excedente
de sementes coletadas dessa espécie, o qual pode ser trocado por sementes de alguma
outra espécie. Além da questão florística, a questão genética também é abrangida pela
certa espécie transportada pela equipe da rede, essas sementes são misturadas e
repartidas entre o viveiro e a rede. Como essas sementes foram coletadas em locais
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4
FASE 6: INSERÇÃO DE OUTRAS FORMAS DE VIDA NAS ÁREAS EM RESTAURAÇÃO
Seguindo a mesma linha de pensamento descrito na fase anterior (fase 5), em que
ecológicos mais próximos possíveis dos originais, será descrito nesta fase o papel da
O papel da diversidade de espécies
2004). Formas de vida vegetal, além das arbóreas, podem representar, quando juntas,
mais de 50% da riqueza de espécies vegetais das florestas tropicais (Ivanauskas et al.,
2001), sendo imprescindíveis à dinâmica florestal (Gentry & Dodson, 1987; Morellato,
regenerado na área verificou que dentre uma riqueza de 150 espécies encontradas, 81
representava somente cerca de 30% das espécies vegetais, sendo os restantes 70% das
das formações vegetais sob domínio atlântico, destacando sua capacidade em criar
Situação dos projetos atuais
estado de São Paulo mostram que tais florestas plantadas podem não ser auto-
sustentáveis, entre outros fatores, pelo baixo número de espécies utilizadas (Siqueira,
2002; Souza & Batista 2004). Isto deixa claro que essas iniciativas não estão garantindo a
vegetal, como lianas e herbáceas é essencial para a criação de uma estrutura semelhante
à encontrada nas florestas tropicais (Kageyama et al., 2003; Souza & Batista, 2004).
Algumas iniciativas em desenvolvimento
processos e funções de uma área restaurada (Rodrigues & Gandolfi, 2004). Dentre estes
outras.
várias formas de vida, pois grande parte delas, principalmente dos estádios mais
(Ferretti et al., 1995; Kageyama & Gandara, 2004; Viani, 2006; Jacovak, 2007).
O resgate e transposição de “topsoil” com mais umas das ações importantes para
lianas, arbustos e arbóreas que normalmente não são incluídas nos projetos de
(Jacovak, 2007). Nave (2005) também realizou experimentos com transposição do banco
de sementes, onde observou a presença de várias outras formas de vida, como arbustos,
polinizadores e dispersores.
C
A
4
D E
Figura 14: Algumas espécies vegetais não arbóreas amostradas nos reflorestamentos com espécies nativas
da Duke Energy. A. Orquídea - Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl.; B. Corda-de-viola – Ipomea sp.; C.
Samambaia – Anemia sp.; D. Samambaia - Thelypteris dentata (Forsk.) E.P.St.John; E. Bromélia - Tillandsia
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4
do não equilíbrio (Pickett et al., 1992) - A Natureza em fluxo. A incorporação desses
alterações metodológicas.
básicas para que ocorram os processos de sucessão em uma área a ser restaurada: a)
disponibilidade de diferentes performances entre as espécies (Pickett et al., 1987;
Barbosa, 2004). Com isso, nas últimas décadas, a ciência tem buscado aprimorar a
décadas tem havido um foco sobre o sistema de classificações funcionais das plantas. E
5
Essa fase ainda é muito incipiente e há muito que se testar e avaliar quantos aos
projetos sob essa ótica, sendo considerada uma etapa de grande desafio para a Ecologia
O conceito de grupos funcionais e suas aplicações
associação a certas variáveis, como fatores ambientais ou distúrbios (Pillar & Orlóci,
desempenham funções similares nos ecossistemas, as quais podem ser reconhecidas por
funcionais de plantas seja mais importante do que a diversidade de espécies por si só,
no que diz respeito à integridade ecológica (Walker, 1992; Power et al., 1996; Sala et al.,
(IGBP) (Steffen et al., 1992) têm buscado a identificação de tipos de plantas que
resposta às mudanças climáticas globais. Tipos funcionais também têm sido aplicados
Grime et al., 1997, Sosinski, 2000) e em estudos de dinâmica das comunidades,
(e.g., Noble & Gitay, 1996; Sosinski, 2000) e histórico de uso da terra (e.g., Díaz et al.,
Biologia das espécies
clímax neste ambiente e das espécies importantes para a evolução desta associação.
conhecer os atributos de cada espécie, bem como utilizar uma alta diversidade de
grupos funcionais têm otimizado o potencial das espécies plantadas na restauração das
outros atributos. Par se utilizar desta ferramenta nos projetos de restauração, deve-se
a ser restaurado.
Entretanto, Reis & Wiesbauer (2006) destacam que atualmente há uma nítida
com a luminosidade nos projetos de restauração. Sendo este, então, um dos grandes
Iniciativa na restauração florestal ‐ visão de grupos funcionais
testado (Rodrigues et al., 2001; Rodrigues et al., 2003a, 2003b, 2003c; Lopes et al., 2004;
Fundação Florestal, 2004; Rodrigues et al., 2004b), buscando-se o recobrimento rápido
condições edáficas e climáticas locais (Nave & Rodrigues, 2007). Para a elaboração deste
modelo e agrupamento das espécies conforme descrito acima, foram feitas análises do
A - 3x2 em linhas de P e D ou P e NP
Grupo de Preenchimento (P)
ou de espécies Pioneiras (P)
Vantagem do modelo A: 3m
a operacionalização de
2m
plantio é mais simples
curso d’água
3m 3m
2m 2m
curso d’água curso d’água
(2007), diz respeito ao processo de redistribuição hídrica, sendo esta a capacidade que
espécies que apresentam tais comportamentos pode ser uma ferramenta útil e efetiva no
secos.
Importância do entendimento dos processos reprodutivos
aspectos da história natural das espécies, como: (1) sistema sexual; (2) estratégia de
polinização; (3) estratégia de dispersão; (4) estratégia de regeneração, entre outros. Este
disposição das espécies num plantio, conforme já descrito anteriormente em relação aos
grupos funcionais.
restauração, tendo como uma das metas a sustentabilidade do ecossistema, podendo ser
Sabe-se que maioria das espécies florestais tropicais são dependentes de animais
(insetos, aves e mamíferos), tanto para a polinização das flores quanto para a dispersão
novas áreas por uma espécie podem ser influenciadas pela presença de animais
dispersores de seus frutos ou sementes que de alguma forma são responsáveis pelo
fluxo gênico.
Por outro lado, o estudo dos padrões de dispersão de sementes das espécies
podendo ser uma ferramenta para acelerar a o processo de restauração (Kageyama &
juntamente com outros aspectos funcionais das espécies de plantas discutidos neste
5
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FASE 8: VISÃO ECOSSISTÊMICA DA RESTAURAÇÃO FLORESTAL
encontram, com especial destaque para a Mata Atlântica, tem alterado profundamente a
teóricas quando se pretende restaurá-los. Até esse o momento, a visão conceitual das
entre a parte biótica e a abiótica dos ecossistemas, com uma exercendo forte influência
sobre a outra. Nesse contexto, a visão dos ecossistemas apenas sobre o ponto de vista
a um patamar mais elevado de eficiência ecológica (Lugo et al., 2004). Além disso, a
melhor compreensão das relações das comunidades de plantas com o meio físico
É sob esse contexto que há uma nova mudança de paradigma, na qual se passa à
fase de entendimento e restauração dos ecossistemas como um todo, e não apenas pelas
suas partes. Dessa forma, a recuperação das funções biogeoquímicas dos ecossistemas
será uma das metas da ecologia da restauração (McKee & Faulkner, 2000) e, sob esses
Como ainda não se chegou a essa fase, serão apresentadas apenas projeções de
como os projetos de restauração florestal irão evoluir até chegar a esse nível de
Figura 16: Exemplos de como as espécies vegetais podem modificar as características abióticas do meio,
agindo como “engenheiras físicas do ecossistema”.
Incorporação e ciclagem de nutrientes
vegetal. Nos dias atuais, esse problema tem sido contornado através do preparo do solo
árvores, será que o simples preparo inicial do solo e a adubação irão possibilitar que
esse local volte a ter condições de dar suporte a uma floresta? Os nutrientes essenciais
funcionamento das florestas voltem a atuar, tal como a ciclagem de nutrientes. Esse
processo tende a ser mais eficiente ao passo que as florestas evoluem estruturalmente
(Cunha, 1997), já que a população de plantas, a área foliar e a competição por fatores de
6
ainda em uma fase muito inicial de estruturação, essa ciclagem tende a ser aquém da
esperada, sendo necessárias ações que acelerem esse processo e possibilitem que essa
de nitrogênio (Franco & Faria, 1997) e com micorrizas (Siqueira et al., 1998).
ciclagem e a eficiência de uso dos nutrientes no solo (Gonçalves et al., 2003). Além
processos biogeoquímicos.
pela lixiviação e pela erosão, contribuindo para a manutenção dos mesmos no sistema.
principalmente nas florestas localizadas em solos de baixa fertilidade, já que parte dos
nutrientes absorvidos poderá ser disponibilizada para as outras espécies por meio da
6
Incorporação de matéria‐orgânica
(Singh et al., 2001). Algumas espécies, como as caducifólias, podem incorporar grandes
leguminosas arbóreas que fixam nitrogênio têm alta capacidade de elevar os teores de
et al., 2000).
ganhando dimensões globais, participando dos esforços para redução dos impactos
Retenção e redistribuição de água
detrimento do escorrimento superficial, fazendo com que parte desta seja retida no solo
e parte alimente o lençol freático, ao invés de ser rapidamente drenada para os cursos
A presença de plantas e seus resíduos sobre o solo reduz as perdas de água deste
et al., 2003).
nas camadas mais profundas do solo, muitas vezes inacessível para outras espécies
vegetais (Oliveira et al., 2005a), e trazê-la para as camadas mais superficiais do perfil,
promovendo a redistribuição hídrica (Burgess et al., 1998). Esse fenômeno, que ocorre
principalmente durante a noite e em dias nublados, é mantido por apenas uma pequena
Esse processo de redistribuição da água do solo por meio das raízes de certas
2005; Oliveira et al., 2005b), também é passível de ocorrer nas formações vegetacionais
do domínio da Mata Atlântica, já que muitas delas apresentam uma estação seca de
duração igual ou superior à relatada para tais regiões amazônicas. Dessa forma, o uso
das espécies responsáveis por esse processo nos trabalhos de restauração florestal pode
Manejo da resiliência dos ecossistemas
Entretanto, o sucesso das ações de restauração baseadas nesse modelo sucessional pode
abordagem funcional desses processos, e não apenas estrutural, para que se possa
suas partes, tal como o foco na comunidade arbórea sem considerar a interação desta
com os fatores físicos do ambiente (Folke et al., 2004). Diante dessa abordagem, é
naturais, de forma que essas descobertas possam ser incorporadas aos projetos de
restauração florestal.
6
Como inserir tais questões nos projetos de restauração florestal?
práticas, o conceito de restauração florestal com base em uma visão ecossistêmica está
Como o foco desses trabalhos será o tratamento das áreas restauradas como um
ecossistema funcional, e não apenas como uma comunidade vegetal, será preciso
atributos físicos. A partir desse ponto, é possível diagnosticar quais são as principais
deficiências desse ambiente, com base nas condições inicialmente presentes antes da
inseridos nos projetos. Como exemplos desses grupos, pode-se citar o das espécies
lateral de copa e alta densidade superficial de raízes ramificadas) e que criem uma zona
as espécies mais aptas para desempenharem essas funções, disponibilizando aos atores
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6
preciso realizar uma série de ações que, genericamente, podem ser chamadas de
corredores de interligação de fragmentos, áreas com baixa aptidão agrícola e/ou alta
potencialidades de auto‐recuperação de cada situação ambiental, de forma a permitir
a definição de ações de manejo capazes de desencadear e/ou conduzir os processos
naturais de recuperação. Dessa forma é possível que pelo menos parte da vegetação
natural se restabeleça a partir de ações de indução e condução do próprio potencial de
adequação ambiental, mas também uma maior garantia de sucesso dessas ações.
vigente e/ou com as condições ambientais e propor alternativas para a sua adequação
legal e/ou ambiental. Sempre que possível é interessante realizar esse tipo de trabalho
6
tendo ao menos noção da microbacia em que o local se insere, de modo que as ações
permita uma boa visualização (se possível menor que 1:30.000). Esse processo,
Geográficas (SIG), onde é possível gerar bancos de dados com nomes das situações,
importante que a imagem esteja corretamente georreferenciada. Isso pode ser realizado
a partir do software, seja com dados coletados em campo (a partir do uso de GPS – Global
culturas anuais, áreas abandonadas, plantios comerciais, etc. (Figura 17). Nesse
hidrografia local, através da própria imagem ou, quando existentes, com o auxílio de
Figura 17: Ilustração do processo de fotointerpretação de parte de uma microbacia hidrográfica,
utilizando fotografia aérea em escala 1:30.000.
precisão e corrigir eventuais falhas ocorridas durante a análise das imagens. Essas
correções podem ocorrer devido às alterações de uso da área posteriores à data dessas
registrar a data da realização da checagem para que conste no mapa final. Quanto
melhor for realizada a checagem de campo, mais fiel será o mapa final.
das áreas potenciais para averbação como Reserva Legal, bem como os eventuais
corredores ecológicos. Para isso, deve-se obedecer aos termos definidos na legislação
Figura 18: exemplo de mapa de adequação ambiental editado, com todas as observações e correções,
(croqui ilustrativo).
Levantamento florístico
natural das áreas a serem restauradas, é primordial entender qual o tipo de vegetação
dos fragmentos da vegetação natural que possam servir de fontes de propágulos para
7
essa regeneração. Saber o tipo de vegetação original também é essencial para saber de
A Figura 19 ilustra uma porção do mapa da vegetação brasileira, onde cada tonalidade
Figura 19: ilustração de parte do mapa de vegetação do Brasil (Fonte: www.ibge.gov.br, 2006).
Figura 20: equipe de campo em trabalho de levantamento florístico.
recuperação, tanto melhor. Levantamentos da fauna local também são importantes para
Definição das prioridades para a recuperação de áreas degradadas
prioridade a restauração das Áreas de Preservação Permanente, já que é nessas áreas
que ocorre a maioria das autuações por irregularidades ambientais e que, em geral,
à erosão (por se localizarem nas cotas mais baixas do terreno, onde geralmente há
agrotóxicos (em caso de utilização agrícola dessas áreas), maior preferência da fauna,
entre outras.
7
além da questão legal, deve-se à sua maior importância na proteção dos recursos
elevada diversidade e forte interação entre flora e fauna, já que animais dispersando
Outro critério que deve ser levado em conta é o potencial de erodibilidade dos
sua composição.
Fora dos limites das APPs também é necessário realizar ações de restauração
para perfazer o total mínimo necessário de Reserva Legal. Sugere-se para tal fim a
estreitos localizados entre APPs que não sejam interessantes para o plantio, seja pela
ecológicos para trânsito da biota local. A Figura 21 exemplifica quais devem ser as áreas
devem ser priorizadas nas ações de recuperação de áreas degradadas. As outras áreas,
como os corredores, devem ser planejadas caso a caso, permitindo aliar interesses
demais áreas
Figura 21: sugestão de ordem de prioridade das situações sujeitas às ações de restauração florestal.
margens de cursos d’água com processos erosivos
Definição de estratégias de recuperação de áreas degradadas
áreas de interligação de
fragmentos florestais
Ao seguir a seqüência sugerida de entendimento da paisagem local, diagnóstico
isso, pode ser utilizada uma chave decisória, adaptada a cada realidade/projeto.
Para o sucesso de qualquer ação de recuperação, é crucial o isolamento da área e
demais Áreas de Preservação Permanente
a retirada do(s) fator(es) de degradação (fogo, invasão pelo gado, extração seletiva,
desmatamentos, erosão, etc.).
2. Ocupação da área
2 a. Campos úmidos antrópicos ................................................................................. vai para o item 7j
2 b. Áreas abandonadas ................................................................................................ vai para o item 3
2 c. Pastagens .................................................................................................................. vai para o item 3
2 d. Áreas agrícolas ........................................................................................................ vai para o item 3
2 e. Florestas comerciais ................................................................................................ vai para o item 5
2 f. Formações naturais ................................................................................................. vai para o item 6
5. Florestas comerciais
5 a. Sem regeneração natural de espécies nativas no sub-bosque ........................ vai para o item 7b
5 b. Com regeneração natural de espécies nativas no sub-bosque, em áreas de difícil acesso
........................................................................................................................................ vai para os item 7c
5 c. Com regeneração natural de espécies nativas no sub-bosque, em áreas de fácil acesso ............
....................................................................................................................................... vai para os item 7d
8. Ações gerais
8 a. Implantação de corredores ecológicos (pg. xx)
Descrição das situações ambientais e das ações de restauração florestal
1. Ações prévias
degradação das áreas onde serão implantadas as ações de restauração. Dessa forma,
desses fatores de degradação, sendo necessário sua re-execução. Além disso, a partir do
pode-se também realizar a colheita manual da cana crua ao longo uma faixa adjacente a
essas áreas.
restauração.
florestais.
‐ deriva de herbicidas: controle maior da aplicação desses produtos nas áreas
dimensões adequados para que a água não se acumule à montante do curso d’água e
1. Condições do solo do local
1 a. Solo degradado
com intenso processo erosivo, é normalmente resultado do mal uso do solo, causando
situações de degradação devem ser cicatrizadas, com a reocupação vegetal, mas isso só
1 b. Solo não degradado
físicas antes das ações de restauração florestal. São locais caracterizados por possuir
7
cobertura vegetal em toda sua superfície, sem a presença de áreas com solo exposto ou
forma que as deficiências nutricionais do mesmo possam ser corrigidas por meio da
adubação.
2. Ocupação da área
2 a. Campo úmido antrópico
‐ Campo úmido antrópico sobre solos hidromórficos
as espécies características dessa formação florestal são as mais aptas a sobreviver nesse
tipo de solo. Com a remoção da formação florestal original, essas áreas são convertidas
em formações campestres, já que a maioria das espécies pertencentes aos outros tipos
natural.
‐ Campo úmido antrópico originado por processos de assoreamento
Com a remoção das matas ciliares e das matas-de-brejo, os cursos d’água ficam
mais vulneráveis a ação dos processos erosivos, pois a função de “filtro” não e mais
processos erosivos, produzindo toneladas de sedimentos que irão se acumular nas cotas
leito definido, ira se espalhar por toda as áreas circunvizinhas. Com isso, toda essa área
é ocupada por uma lâmina d’água fina e contínua, propícia ao desenvolvimento das
2 b. Campo úmido natural
formações vegetais não devem contemplar a introdução de espécies arbóreas, mas sim a
áreas historicamente nunca foram utilizadas para práticas agrícolas em função do solo
encharcado e raso.
2 c. Áreas abertas antrópicas
São áreas anteriormente ocupadas por vegetação nativa e que foram desmatadas
arbórea.
2 d. Florestas comerciais
8
2 e. Florestas nativas
nativas.
3. Florestas comerciais plantadas
3 a. Sem regeneração natural ou com regeneração insatisfatória de espécies nativas no
sub‐bosque, independentemente do relevo
fragmentos florestais) e do uso anterior dessas áreas, que pode ter comprometido os
arbustivo-arbóreos é uma condição natural e já esperada, visto que esse local era
constituído, antes dos plantios comerciais, por formações naturais, como o campo
cerrado. Assim, não se deve realizar o plantio posterior de árvores nesse local, devendo-
8
3 b. Com regeneração natural satisfatória de espécies nativas no sub‐bosque, em área
de relevo acidentado
de relevo acidentado e de difícil acesso, tal como em grotas e fundos de vale, nas quais a
3 c. Com regeneração natural satisfatória de espécies nativas no sub‐bosque, em área
de acesso facilitado
4. Espécies exóticas invasoras
muitas outras, existem também diversas árvores invasoras, com destaque para as
4 a. Presença de espécies exóticas invasoras
de densos agrupamentos, tanto para as espécies arbóreas como para as herbáceas, quase
sejam encontrados poucos indivíduos na área, estes devem ser eliminados, pois essas
8
4 b. Ausência de espécies exóticas invasoras
5. Estado de desenvolvimento da regeneração natural
5 a. Ausência de regeneração natural
5 b. Baixa expressão da regeneração natural
área pela copa dessas espécies ou poucos indivíduos das mesmas distribuídos pela área.
Para fins práticos, são consideradas como áreas de baixa expressão da regeneração
convencionais, ou seja, cerca de 1700 indivíduos/ha. Isso indica que será necessário o
plantio de mudas para complementar a ocupação da área, além de, na maioria desses
casos, ser necessário também o seu enriquecimento. Entretanto, mesmo que se possua
disso, deve-se atentar não só para o número de indivíduos regenerantes, mas também
5 c. Alta expressão da regeneração natural, com baixa diversidade florística
sombreando boa parte da superfície do solo, nos casos em que a regeneração está em
poucas espécies, sendo necessário seu enriquecimento com espécies finais (secundárias
5 d. Alta expressão da regeneração natural, com alta diversidade florística
complementação.
6. Estado de conservação dos fragmentos florestais
necessitar de ações de restauração e que possam servir como fonte de sementes para
entorno imediato.
que crescem sobre o tronco das árvores), a presença de lianas em desequilíbrio na borda
dos fragmentos e a presença de gramíneas exóticas nas bordas ou no seu interior como
6 a. Fragmentos florestais muito degradados
conseqüência de uma série de eventos, tal como incêndios, retirada seletiva de madeira
6 b. Fragmentos florestais degradados
isolamento pode trazer uma série de dificuldades para a reprodução das espécies
6 c. Fragmentos florestais conservados
São fragmentos que ainda mantém sua estrutura básica e não estão isolados de
funcionamento e conservação.
7. Ações de restauração florestal
7 a. Recuperação do solo
restauração.
7 b. Colheita da madeira com técnicas tradicionais
Refere-se à adoção das mesmas técnicas utilizadas para a colheita da madeira das
motosserra.
8
7 c. Morte das árvores em pé
Pode ser realizada pelo anelamento gradual dos indivíduos das espécies
comerciais, que consiste na retirada de uma parte da seção transversal do tronco onde
raízes da planta.
aplicação de herbicida no tronco. Para isso, são realizadas aberturas com machado e
7 d. Retirada da madeira com técnicas de baixo impacto
que metade das entrelinhas sejam poupadas do impacto resultante da queda das
árvores, para que o sub-bosque não seja prejudicado a ponto de comprometer seu
desenvolvimento subseqüente.
7 e. Eliminação de espécies exóticas invasoras
pode ser realizada por meio da aplicação de herbicida na parte aérea, capina manual ou
com o uso de foice. Já para os indivíduos adultos, as árvores são cortadas com
7 f. Introdução de espécies nativas em área total
plantio de mudas.
8
diferentes grupos ecológicos, são utilizados dois grupos funcionais: grupo de
espécies que possuem rápido crescimento “e” boa cobertura de copa, proporcionando o
Pioneira, mas as espécies Secundárias Iniciais também fazem parte desse grupo, e por
isso o mesmo pode ser referido como grupo das Pioneiras (P). Com o rápido
crescimento “e/ou” nem boa cobertura de copa, mas são fundamentais para garantir a
perpetuação da área plantada, já que são as espécies desse grupo que irão gradualmente
clímax). Incluem-se nesse grupo todas as demais espécies regionais não pertencentes ao
grupos, considera-se que metade das mudas utilizadas no plantio deve conter no
Pioneiras), sendo que, em cada um desses dois grupos, o número de mudas por espécie
deve ser o mais igualmente distribuído possível, para evitar plantar muita muda de
poucas espécies. As mudas dentro de cada grupo devem ser plantadas o mais
plantio.
7 g. Condução da regeneração natural
mato em área total. Uma ação que tem resultado em melhoria do desenvolvimento da
coroamento dos indivíduos, pois as espécies dessas formações aparentam não tolerar ou
responder à adubação). Desta forma, fica claro que a regeneração deve ser tratada como
se fosse um plantio de mudas, mas com custo bem inferior, já que não foi necessário
7 h. Adensamento
por meio do sombreamento. Nestes casos, pode ser usado o espaçamento 3x2 ou 2x2m.
8
7 i. Enriquecimento
Esse método é usado nas áreas ocupadas com vegetação nativa, mas que
com a fauna, e/ou das diversas formas vegetais originais de cada formação florestal, tal
7 j. Implantação de zona tampão
atividades que possam prejudicar a vegetação são restringidas, tal como uso de fogo,
8. Ações gerais
8 a. Implantação de corredores ecológicos
corredores ecológicos por natureza, outras áreas das propriedades poderão ser
8 b. Introdução de elementos atrativos da fauna
espécies arbóreas podem servir como poleiros, abrigo e local para nidificação.
fauna é o de polinização, o qual pode ser executado por morcegos, aves (principalmente
fluxo gênico.
monitoramento prévio.
9
prévio.
Estratégia complementar (condicional
Situações em APPs Estratégia prioritária (Incondicional)1 Ações facultativas3
a monitoramento prévio2)
1 - Isolamento e retirada dos fatores de
degradação, 2 - Controle de competidores na
borda e nos trechos sem cobertura florestal, 3 -
Indução e condução dos indivíduos
5 - Introdução de elementos
Floresta Estacional Semidecidual com necessidade regenerantes, 4 - Enriquecimento florístico e
atrativos da fauna, para função de
de restauração em paisagem com poucos genético com mudas e/ou com sementes
nucleação (poleiros naturais e/ou
fragmentos (e muito degradados) desse tipo (semeadura direta de enriquecimento -
artificiais, galharia, etc.)
florestal metodologia em desenvolvimento) de espécies
secundárias e clímaces das “várias formas de
vida” da formação natural característica desse
ambiente.
Andrezza Bellotto, Ricardo A. G. Viani, Ricardo Ribeiro Rodrigues, André Gustavo Nave
Introdução
ser implantados em sua maior parte, a partir do final da década de 1980 e devido à sua
baixa idade, podem ser ainda considerados áreas teste (Melo & Durigan, 2007). No entanto,
espécies nativas são escassos e recentes (ex. Parrotta et al. 1997, Silveira & Durigan, 2004;
Pulitano & Durigan, 2004; Souza & Batista, 2004; Melo & Durigan, 2007).
aspectos mais amplos do que apenas a avaliação fisionômica exigida pelos órgãos
implantadas em uma determinada área estão de fato promovendo a sua recuperação. Para
94
área por indivíduos de espécies nativas, a cobertura que ele está promovendo na área, a
(Rodrigues & Gandolfi, 2001). Os autores ressaltam que, não menos importante que a
estado que a comunidade implantada deve alcançar, para que os resultados sejam
considerados satisfatórios.
edáfica (Sautter, 1998) e parâmetros vegetacionais (Rodrigues & Gandolfi, 1998, Gandolfi,
2006).
relacionados com a vegetação, o que explica por que a maioria dos trabalhos de avaliação
comunidade vegetal (Jansen, 1997; Souza, 2000; Leopold et.al; 2001, Siqueira, 2002).
Além destes fatores, deve-se considerar, também, que tais parâmetros de avaliação e
monitoramento devem ser de fácil realização e que tragam respostas rápidas para possíveis
95
intervenções que possam ocorrer a tempo de se corrigir certas falhas no modelo e não
dos executores e financiadores da atividade, de modo que métodos eficientes, mas com
possível estratégia a se utilizar. É claro que há uma série de outros parâmetros possíveis de
avaliação a fim de complementar este plano, mas estes abaixo são os mais utilizados nos
Método para avaliação dos reflorestamentos
para a situação encontrada, bem como para o indicador a ser analisado, e estabelecer o
de forma a permitir a avaliação desses indicadores em duas condições, mais próximo (B) e
Figura 22: Croqui da parcela de avaliação dos indivíduos plantados e das sub-parcelas de avaliação da
regeneração natural arbórea e da cobertura de gramíneas, sendo A e B respectivamente as sub-parcelas de
avaliação mais distante e mais próxima da linha de plantio.
97
Uma vez desenhadas e distribuídas, as parcelas devem ter suas coordenadas UTM
registradas, de forma a possibilitar sua instalação no campo com auxílio de aparelho GPS
Fase de implantação
98
Indicadores de avaliação e monitoramento da fase de implantação (1 a 12 meses de isolamento de
áreas ou de plantio)
- Avaliação de solo-substrato:
- Avaliação da vegetação:
• Altura
• Taxa de mortalidade
Dentro das parcelas, todos os indivíduos plantados deverão ser identificados e serão
obtidos dados como altura. Todas as medidas serão obtidas com auxílio de trena. Em
relação às espécies arbóreas levantadas, as mesmas serão classificadas em: (1) Grupos
Além disso, as espécies amostradas deverão ser separadas em nativas e não nativas
regionais, com base em sua ocorrência natural nas formações vegetacionais da região. Por
99
fim, deverá ser verificada se as espécies amostradas nos plantios constam na lista oficial de
São Paulo-Resolução SMA 048, de Setembro de 2004), bem como na lista oficial das
espécies da flora brasileira ameaçada de extinção (Portaria IBAMA 37-N, de Abril de 1992).
Indicadores de avaliação e monitoramento da fase pós‐implantação (ocupação) da restauração (1 a 3
anos após o plantio)
- Avaliação das espécies arbóreas plantadas
• Altura e copa (cobertura de copa – método de interseção na linha)
• Fenologia – floração e frutificação ao longo do ano
• Taxa de mortalidade
Nesta fase, além dos dados já descritos para a fase anterior, poderão ser obtidos
dados de copa. Estes dados servirão para obtenção das estimativas de cobertura da área
plantio.
projeção das copas de cada indivíduo, na linha de plantio (Figura 23). O valor de cobertura
da área (%) será obtido através da soma das copas de todos os indivíduos da parcela,
dividido pela metragem total das linhas dentro da parcela. Para transformação em
6
4 5
3
1 2
Linha de plantio
Linhas de projeção da copa
zoocóricos) para fauna ao longo dos meses, poderão ser obtidos dados de fenologia de
importância, uma vez que a disponibilidade de recursos para a fauna pode ser a chave do
Para obtenção dos dados fenológicos deverão ser utilizados dados secundários
- Avaliação da regeneração natural
• Altura
• Densidade (indivíduos.ha-1)
• Homogeneidade da distribuição
10
• Descritores de diversidade: riqueza (número de espécies por área) (Brower & Zar,
1984)
entorno)
restauração, além de um excelente indicador das ações de manejo necessárias para garantir
separando aqueles mais próximos e mais distantes da linha de plantio (Figura 09). Esses
plantados.
Uma informação que pode ser importante para os estudos diz respeito à
caracterização das síndromes de dispersão dessas espécies são bons indicadores dos
processos ecológicos que estão atuando para garantir a chegada de novas espécies na área
para a sustentabilidade das áreas restauradas. Esses dados refletem a atuação da fauna de
dispersores que foram atraídos para a área restaurada por algum motivo (abrigo, alimento,
corredores, etc.), dispersores esses oriundos de áreas naturais do entorno, dando uma boa
- Avaliação da cobertura por gramíneas invasoras
• Altura
Esta análise, assim como a análise de regeneração natural arbórea, poderá ser feita de
A cobertura corresponde à projeção vertical da parte aérea das plantas de uma dada
pode ser avaliada visualmente quando a comunidade vegetal pode ser observada, como no
indicação das necessidades de intervenção nas áreas de plantio, bem como orienta práticas
Indicadores de avaliação e monitoramento da vegetação restaurada (ocupação e funcionamento ‐ 4 ‐
7 anos após plantio)
Nessa fase, deve usar indicadores que possibilitem avaliar e medir o sucesso da
restauração das áreas, nesse intervalo de tempo (até 7 anos), com o propósito de esses
- Avaliação das espécies arbóreas plantadas
copa
- Aspectos fisionômicos da vegetação restaurada – estratificação
10
restaurada. Sendo assim, a avaliação das parcelas permanentes nessa fase enfocará a
presença ou não de estratos da floresta restaurada, que nas florestas naturais é um dos
- Avaliação de outras formas de vida
Formas de vida vegetal, que não a arbórea, quando juntas, podem representar mais
de 50% da riqueza de espécies vegetais das florestas tropicais (Ivanauskas et al., 2001),
sendo imprescindíveis à dinâmica florestal (Gentry & Dodson, 1987; Morellato, 1991;
florístico (registro da presença) das espécies não arbóreas nativas (incluindo angiospermas
10
nativas, mas tipicamente ruderais, com ampla ocorrência em áreas agrícolas (plantas
- Avaliação da regeneração natural
nesta fase em que os plantios devem estar mais consolidados e deverão apresentar um
sucesso da restauração.
- Avaliação da cobertura de gramíneas
nesta fase em que as manutenções dos plantios não são muito periódicas, podendo fazer
necessidade ou não de novas intervenções na área em questão, já que a presença deste fator
pode ser muito comprometedor para as espécies plantadas e mais ainda podendo ser o
Caracterização do custo
altos custos.
tomada de decisão. A definição dos custos vai depender da estratégia a ser utilizada.
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10
(Extraído do Documento: Pacto para a Restauração Ecológica da Mata Atlântica –
ESALQ, novembro de 2007)
1. Introdução
funções dessa área nos menores prazos e custo possíveis. Para tanto é necessário que se
espécies nativas, usadas para a restauração das áreas degradadas, ainda é muito pequeno
face à demanda crescente de informações sobre elas. Portanto é de grande importância que
informações que possibilitem tomar decisões sobre novos plantios e que com isso se tenha
Estufa (GEE).
Desenvolvimento Limpo (MDL), que visam métodos de compensação e redução dos GEE,
nos quais os países sem compromisso de redução desses gases podem participar do
mercado de carbono. Uma das atividades de MDL prevê a implantação de florestas, uma
10
restauração de florestas nativas. Segundo Corte (2005), para que os projetos de MDL
em projetos de MDL. A restrição é que na data base de 31/12/1989 a área não tivesse
2. Definições
de Mudanças Climáticas (IPCC) elaborou guias de boas práticas para estimar as emissões e
existentes em cada categoria: Biomassa viva acima do solo (parte aérea da planta),
biomassa viva abaixo do solo (raízes), madeira morta, serapilheira e solo (Figura 24).
Figura 24: Ilustração dos reservatórios de carbono em uma área degradada e restaurada com o plantio de
essências nativas.
Biomassa: A FAO (1997) define Biomassa como a quantidade de material orgânico vivo
acima do solo proveniente das árvores, que é expresso como matéria seca em tonelada por
unidade de área. Já Sanquetta (2002) explica que a biomassa é matéria de origem biológica,
viva ou morta, animal ou vegetal. O termo biomassa florestal pode significar toda a
plantios de essências nativas, o Guia de boas práticas do IPCC (2006) recomenda estimar as
solo, da biomassa viva abaixo do solo, madeira morta, serapilheira, e solo. Entretanto, neste
solo, ou seja, a parte aérea das plantas, por ser o reservatório mais importante.
11
Adicionalidade: Para que um projeto seja elegível ao MDL florestal, é necessário que na
atmosfera seja superior à soma das mudanças no estoque de carbono nos reservatórios
Linha de Base: é a soma das mudanças nos estoques de carbono nos reservatórios dentro
dos limites do projeto que teriam ocorrido na ausência das atividades do projeto.
(UNFCCC, 2005). Segundo Martins (2004), a linha de base serve de referência para a
baseado em dados históricos, que representa como seria a situação se o projeto não fosse
Mudança do Clima (UNFCCC, 2005) que uma vez determinada a linha de base, de acordo
monitoramento.
Vazamento (lakaege): é o aumento das emissões por fontes de gases do efeito estufa fora dos
3. Monitoramento para projetos de reflorestamento
Couto et al. (2006) listou as etapas que devem ser cumpridas para a elaboração de
• Estratificação da área
11
mudança no estoque de carbono, é necessário medir e monitorar a área que foi plantada
deverá ser seguida durante toda a vigência do projeto. A freqüência de monitoramento nas
parcelas permanentes do plantio deverá durar pelo menos 5 anos, assim como o
3.1. Métodos para estimação de biomassa e carbono
florestas é a variável biomassa, a qual deve ser estimada de forma cautelosa, pois a partir
podem ser aproveitados, mesmo que sejam necessárias pequenas alterações metodológicas
11
diâmetro das árvores) podem ser complementados com procedimentos para avaliação de
destrutiva (Britez, et al., 2006). Sanquetta (2002) explica que existem métodos de
aplicados em pequenas áreas e servem para ajustar e calibrar os modelos empregados nas
estimativas de biomassa. Já os métodos indiretos são utilizados quando se trata uma área
de grande extensão. Esse método depende das informações sobre biomassa (obtidos
realizados.
De modo geral, Sanquetta (2002) explica que os métodos de amostragem podem ser
parcelas alvo sejam eleitas com critérios de representatividade. Para isso, as unidades
ou mista.
Antes de iniciar a fase do campo, é importante definir como serão realizados o corte,
podem ser a pesagem simples (corte e pesagem sem separar a planta em partes) ou por
11
raízes, galhos, folhas, entre outros). Uma vez definida a metodologia a ser utilizada,
A FAO (1997) discute dois métodos para estimação de biomassa florestal, baseado
de árvores com DAP maior que 10cm, excluindo assim pequenas árvores, que também tem
Brasil recomenda-se usar o DAP mínimo de 5 cm. Em seguida faz-se o inventário florestal
contínuo com parcelas permanentes com um número mínimo de plantas por parcela (em
geral 30), ou seja 3 linhas de 10 plantas. Estas informações foram obtidas em um projeto de
sabe que as espécies pioneiras possuem a densidade básica do lenho inferior às não-
pioneiras, é comum, para efeito de determinação da biomassa e carbono, separar esses dois
grupos ecológicos. Ou seja, uma árvore pioneira com mesmo volume pode ter biomassa e
carbono inferior que uma espécie não-pioneira. Seleciona-se dentro de cada classe de DAP
árvores de modo que se tenha para cada espécie um mínimo de 15 árvores e uma mínimo
de 3 espécies para cada grupo ecológico. As árvores selecionadas em cada classe de DAP
serão então abatidas e coletadas amostras para a densidade básica do lenho e casca, assim
como a massa da galhada. Essas amostras são levadas para laboratório para determinação
11
do peso seco e densidade básica do lenho e casca. Uma amostra do lenho, casca e galhada
de cada árvore, será então moída para a determinação do carbono. Com esses dados será
então possível gerar os modelos usando análise de regressão linear ou não-linear que terão
como variável independente somente o DAP ou DAP e altura total da árvore. A densidade
básica será com base no volume verde (saturado em água) e peso absolutamente seco, e
uma célula infra-vermelho não dispersiva, que mede a massa de CO2 presente.
carbono nas áreas restauradas, pois foi obtido em florestas nativas, principalmente da
Floresta Amazônica, e que possuem idades consideráveis (muitas vezes superiores a 200
anos). Dados preliminares indicam que algumas pioneiras possuem densidade básica
inferior a 0,3 Mg.m-3 e não pioneiras plantadas e com idades inferiores a 20 anos, o valor de
densidade básica não chega a 0,4 Mg.m-3. Portanto para efeito de estimativa de biomassa
usar um fator para todas as espécies e idades pode acarretar erros grosseiros.
Tabela 01: Valores recomendados pela FAO e IPCC, mas que não se prestam para utilizar em áreas
restauradas.
Região tropical No. de espécies Média Amplitude de variação
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRITEZ, R.M, BORGO, M.,TIEPOLO, G., FERRETTI, A., CALMON, M., HIGA, R. Estoque e
incremento de carbono em florestas e povoamentos de espécies arbóreas com ênfase na
floresta atlântica do sul do Brasil. Colombo, Embrapa Florestas, 2006.
CORTE, A.P.D. Metodologia para detecção da elegibilidade, linha de base e monitoramento de
projetos de MDL Florestal. Curso de Pós-graduação em Engenharia Florestal, Universidade
Federal do Paraná. 2005. 104 pag.
COUTO, H. T. Z., POTOMATI, A. Metoldolgia para quantificação de monitoramento de carbono
em floresta nativa implantada. In: Simpósio sobre recuperação de áreas degradadas com
ênfase em matas ciliares. Instituto de Botânica, São Paulo, 2006
FAO, 1997. Estimating Biomass and Biomass Change of Tropical Forests: a Primer. A Forest
Resources Assessment publication. FAO Foresty Paper – 134, Rome, Italy
IPCC 2006, 2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories, Prepared by the
National Greenhouse Gas Inventories Programme, Eggleston H.S., Buendia L., Miwa K.,
Ngara T. and Tanabe K. (eds).
MARTINS, O.S. Determinação do potencial de seqüestro de carbono na recuperação de matas
ciliares na região de São Carlos – SP. Curso de Pós-graduação em Ecologia e Recursos
Naturais, Universidade Federal de São Carlos. 2004. 137p.
MELO, A. C. G As florestas nativas brasileiras. In: Revista Opiniões (sobre o setor de celulose e
papel). Março/Maio de 2007.
SANQUETTA, C. R.; WATZLAWICK, L.F.; BALBINOT, R.; ZILLIOTTO, M.A.B.; GOMES, F. S. As
Florestas e o Carbono Curitiba, Brasil, 2002
UNFCCC Simplified baseline and monitoring methodologies for selected A/R small‐ scale cdm
project activity categories. Annex 1. In: Report of the fifth meeting of the afforestation and
refforestation working group.
11
1. Introdução
É fato que a Mata Atlântica abrange 17 estados brasileiros com intensa atividade
entre essas áreas são fundamentais para a reversão desse quadro (Siqueira & Mesquita,
2007).
Conservar, restaurar e conectar esses fragmentos constitui no atual desafio, uma vez
& Mesquita (2007) é necessário motivar pequenos, médios e grandes proprietários rurais a
não só protegerem as matas que ainda restam nas propriedades, mas também recompor
com espécies nativas as Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reservas Legais (RL),
ritmo de aumento dos gases causadores do efeito estufa, possibilitando outros benefícios,
como a conservação dos solos e da biodiversidade. É vantajoso que esta ação esteja
11
associada a alternativas econômicas, para garantir a qualidade de vida das populações das
econômico da madeira de espécies nativas, em Área Agrícola (AA) e Reserva Legal (RL).
2. Legislação
Com o intuito de proteger as áreas florestadas foi instituído em 1965 o novo Código
Florestal, promulgado pela lei 4.771, no qual foram estabelecidos os conceitos de Área
Através das décadas outras Leis e Resoluções foram elaboradas, apurando artigos do Novo
Código Florestal, até que finalmente a Medida Provisória 2166-67 de 24 de agosto de 2001
(APP) pode estar coberto ou não por vegetação nativa e tem a função ambiental de
fluxo gênico de fauna e flora, além de proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populações humanas. Estabelece a largura mínima para diferentes tamanhos de rios, além
natural nessas áreas não é obrigatória, basta cessar as atividades produtivas nelas. É vetada
propriedade rural deverá averbar 20 % da área para Reserva Legal, excluindo as Áreas de
recuperação das áreas da Reserva Legal destituídas de vegetação nativa, o decreto estadual
futura exploração por tempo determinado pelo DEPRN. Entretanto, o plantio comercial
deverá ser acompanhado por um sub-bosque de essências nativas e a sua exploração seja
Além das Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal, existe a Área Agrícola,
na qual não existem restrições legais, exceto os cuidados com a conservação do solo. O
produtor pode fazer uso da área, entretanto, caso opte por alguma supressão da vegetação
nativa, o órgão ambiental responsável autorizará esse ato apenas se for comprovado que a
3. Metodologia da Restauração Florestal da Reserva Legal (RL) e das Áreas Agrícolas
(AA.), incorporando a possibilidade de aproveitamento econômico através de exploração
de madeiras.
categorias:
condições adequadas das demais categorias. Essas espécies são de crescimento rápido e
boa cobertura do solo, de ciclo curto de vida. É característica das fases iniciais de sucessão
e devido à baixa densidade da madeira, tem um valor comercial para uso em caixotaria e
para carvão depois de 10 a 15 anos pós-plantio. Apesar do baixo valor da unidade métrica,
pode trazer retorno interessante, devido ao grande volume de exploração em curto espaço
de tempo.
de ciclo de vida mais longo que as primeiras. Consegue se desenvolver a meia luz, tem
densidade de madeira muito variável, inclusive ao longo do ciclo de vida, mas com bom
valor econômico para uso em serraria e carpintaria rústica após 20 anos do início do
plantio.
3) Madeira Final: São espécies típicas das etapas finais da sucessão florestal,
grupo está a maioria das espécies conhecidas como “Madeira de Lei”. Por suas
características tem elevado valor econômico, com uso mais nobre em marcenaria e
carpintaria. O corte desse grupo ocorre com 40 anos pós-plantio, quando os indivíduos
cobertura do solo. Essas espécies serão plantadas nas linhas de Madeira Final, intercaladas
com as espécies das etapas finais de sucessão florestal. O objetivo é fornecer sombra às
espécies que tenham alternativas econômicas além da madeira, como espécies medicinais,
melíferas ou frutíferas.
12
Tabela 02: Lista de espécies recomendadas para o plantio comercial para o aproveitamento econômico da
madeira, com ênfase na Floresta Estacional Semidecidual do Estado de São Paulo.
Açoita-cavalo-miúdo Luehea divaricata P
Algodoeiro Heliocarpus americanus P
Amarelinho Terminalia Brasiliensis P
Aroeira-pimenteira Schinus terebinthifolius P
Aroeira-salsa Schinus molle P
Canafístula Peltophorum dubium P
Capixingui Croton floribundus P
Monjoleiro Acacia polyphylla P
Mutambo Guazuma ulmifolia P
Pau-cigarra Senna multijuga P
Pau-jacaré Piptadenia gonoacantha P
Pau-jangada Heliocarpus americanus P
Pau-viola Cytharexylum myrianthum P
Saguaraji-vermelho Colubrina glandulosa P
Tapiá Alchornea glandulosa P
Angico-branco Anadenanthera colubrina P
Araçá Psidium araca P
Araçazinho-do-campo Psidium cattleianum P
Cambará Gochnatia polymorpha P
Capororoca Rapanea guianensis P
Escova-de-macaco Apeiba tibourbou P
Ingá-do-brejo Inga uruguensis P
Mamica-de-porca Zanthoxylum hyemale P
Quaresmeira Tibouchina granulosa P
Saguaraji Colubrina glandulosa P
Tamanqueiro Aegiphila sellowiana P
Tapiá Alchornea triplinervia P
12
Angico-vermelho Anadenanthera macrocarpa D
Araribá Centrolobium tomentosum D
Alecrim-de-Campinas Holocalyx balansaei D
Breu Protium heptaphyllum D
Cafézinho Maytenus robusta D
Canela Nectandra megapotamica D
Capitão Terminalia argentea D
Cedro-do-brejo Cedrela odorata D
Embira-de-sapo Lonchocarpus muehlbergianus D
Guajuvira Patagonula americana D
Guanandi Calophillum brasiliensis D
Ingá Inga laurina D
Ipê-amarelo Tabebuia chrysotricha D
Ipê-felpudo Zeyheria tuberculosa D
Ipê-roxo-da-mata Tabebuia avellanedae D
Louro-pardo Cordia trichotoma D
Mamica-de-porca Zanthoxylum riedelianum D
Pau-d'alho Gallesia integrifolia D
Pau-marfim Balfourodendron riedelianum D
Peito-de-pombo Tapirira marchandii D
Pessego-do-mato Hexachlamys edulis D
Peroba-poca Aspidosperma cylindrocarpon D
Pessegueiro-bravo Prunus myrtifolia D
Sapuva Machaerium stipitatum D
Uvaia Eugenia pyriformis D
MADEIRA FINAL
Aroeira-verdadeira Myracrodruon urundeuva D
12
Canela-de-sassafrás Ocotea odorifera D
Canjerana Cabralea canjerana D
Cedro-rosa Cedrela fissilis D
Copaíba Copaifera langsdorffii D
Guarantã Esenbeckia leiocarpa D
Guatambu-amarelo Aspidosperma subincanum D
Ipê-amarelo Tabebuia serratifolia D
Ipê-roxo Tabebuia impetiginosa D
Jatobá Hymenaea courbaril D
Jequitibá-branco Cariniana estrellensis D
Jequitiba-rosa Cariniana legalis D
Peroba-rosa Aspidosperma polyneuron D
MADEIRA COMPLEMENTAR
Babosa-branca Cordia superba P
Capitão Gochnatia polymorpha P
Capororoca Rapanea umbellate P
Coração-de-negro Poecilanthe parviflora D
Embaúba Cecropia pachystachya D
Embaúba-vermelha Cecropia glaziovi D
Figueira-branca Ficus guaranitica D
Figueira-do-brejo Ficus insipida P
Guabiroba Campomanesia pubescens P
Guaçatonga Casearia sylvestris P
Imbiruçu Pseudobombax grandiflorum D
Ingá-banana Ingá uruguensis D
Ingá-feijão Inga edulis P
Jaracatiá Jacaratia spinosa D
Jerivá Syagrus romanzoffiana D
Lixeira Aloysia virgata P
12
Paineira Chorisia speciosa P
Pata-de-vaca-de-espinho Bauhinia forficata P
Pessegueiro-do-mato Eugenia edulis P
Pitanga Eugenia uniflora D
Sangra-d'água Croton urucurana P
Tarumã Vitex polygama P
Uvaia Eugenia uvalha P
P/D: Preenchimento/Diversidade
que não tem boa cobertura, que são as espécies de grupos intermediários e finais da
sucessão (linhas de diversidade). Essas linhas são planejadas com a mais elevada
ressaltar, que as espécies de preenchimento tendem ter uma sobrevida curta (15 a 25 anos)
(Tabela 03).
da área coberta com a floresta implantada, visando manter a área coberta com pelo menos
vigente para Reserva Legal. Já para as áreas agrícolas, a extração de madeira poderá ser
mais drástica, até 50 % dos indivíduos plantados, uma vez que isso dependerá apenas de
12
3.1. Descrição detalhada da metodologia
o início de plantio (Tempo zero) até a idade aproximada de 85 anos pós-plantio (Tempo
85). Entretanto, salienta-se que este sistema de produção madeireira pode ser mantido
primeira linha são plantadas indivíduos das espécies dos estádios avançados de sucessão
lateral e na própria linha). Sendo assim, na segunda linha são plantadas espécies do estádio
12
primeira linha e da terceira, que são constituídas por espécies de estádios intermediários
espécies da sucessão inicial, para o sombreamento da terceira e da quinta linha, que são
Figura 25: Plantio no tempo 0.
grupo Madeira Inicial, da segunda e quarta fileira de cima para baixo (Figura 26a). Logo
após a retirada das linhas desse grupo, serão introduzidas linhas de Madeira Média, cujo
tempo zero será 10 a 15 anos pós-implantação do projeto (Figura 26b). O plantio dos
indivíduos nas respectivas linhas exploradas será feito no espaço entre indivíduos cortados
dessa linha, para que não coincida com os tocos originados do corte anterior. As espécies
desenvolvimento.
12
Figura 26 a Figura 26 b
Figura 26: Plantio nos tempos 10 a 15 anos.
do grupo Madeira Média (terceira fileira), conforme Figura 27a. Em seguida, essa linha
explorada é reposta por mudas do grupo Madeira Final & Complementar, cujo tempo zero
será 20 a 25 anos após implantação do projeto (Figura 27b). As espécies das linhas Madeira
Final & Complementar e Madeira Média do segundo plantio (primeira, segunda, quarta e
Figura 27 a Figura 27 b
na Figura 28a, que foi incorporada no projeto no tempo 10 a 15 anos (Figura 28b). Após
exploração dessa linha, ela será reposta novamente com espécies do grupo Madeira Média,
cujo tempo zero será 30 a 35 anos (Figura 28b). As espécies do estádio sucessional final e
médio (primeira, terceira, quarta e quinta linha de cima para baixo) continuarão em
desenvolvimento.
Ressalta-se que nas Áreas Agrícolas (ou seja, fora da Área de Preservação
Permanente e Reserva Legal), aos 30 - 35 anos, a exploração das linhas de Madeiras Médias
poderá ocorrer em 100 % da área deste grupo (segunda e quarta fileira), representando 50
% da área total, uma vez que poderá ser economicamente mais interessante e em função
Figura 28 a Figura 28 b
grupo da Madeira Média, as quais estarão com 25 - 30 anos (quarta fileira), conforme
apresentado na Figura 29a. Novamente essas linhas exploradas de Madeira Média, serão
repostas com mudas do mesmo grupo. O tempo zero dessa linha será 35 a 40 anos após a
Fig
ura
29:
Pla
ntio
nos
tem
pos
35 a
Figura 29 a Figura 29 b 40
ano
s.
13
serão retiradas as linhas do grupo Madeira Final, as quais foram implantadas no início do
projeto (primeira e quinta fileira), conforme apresenta a Figura 30a. Essas linhas, após
exploração, serão novamente repostas pelas linhas do grupo Madeira Final &
Complementar (Figura 30b). O tempo zero dessa linha será de 40 a 45 anos após
Figura 30 a Figura 30 b
grupo de Madeira Média, as quais estarão com 20 a 25 anos (segunda fileira), conforme
apresenta a Figura 31a. Essas linhas exploradas serão repostas novamente por linhas com
do grupo Madeira Média, cujo tempo zero será 50 a 55 anos após implantação do projeto
Figura 31 a Figura 31 b
De acordo com a Figura 32, no tempo 55 a 60 anos pós plantio serão retiradas as
linhas do grupo Madeira Média, as quais estarão com 20 a 25 anos (quarta fileira),
conforme apresenta a Figura 32a. Essas linhas exploradas serão novamente repostas pelas
linhas do grupo Madeira Média. O tempo zero dessas linhas será 55 a 60 anos após
Figura 32 a Figura 32 b
serão retiradas as linhas do grupo Madeira Final, as quais pertencem à terceira fileira e
(Figura 33b). Após exploração, essas linhas serão repostas pelo grupo da Madeira Final &
Complementar, onde serão plantadas mudas de espécies finais intercaladas com mudas de
espécies do grupo madeira complementar. O tempo zero dessa linha será 60 a 65 anos
(Figura 33b). O plantio será feito no espaçamento entre os indivíduos que já foram
retiradas as linhas do grupo Madeira Média, as quais estarão com 20 a 25 anos (segunda
fileira), conforme apresentado na Figura 34a. Essas linhas exploradas serão novamente
repostas pelas linhas do grupo Madeira Média, cujo tempo zero será 70 a 75 (Figura 34b).
As espécies do estádio sucessional final e médio (primeira, terceira, quarta e quinta fileira)
continuarão em desenvolvimento.
13
serão retiradas as linhas de espécies que constituem o grupo de Madeira Média, as quais
estarão com 20 - 25 anos (quarta fileira), conforme apresenta a Figura 35a. Essas linhas
exploradas serão repostas pelo mesmo grupo, cujo tempo zero será 75 a 80 anos (Figura
35b). As espécies do estádio sucessional final e médio (primeira, segunda, terceira e quinta
retiradas as linhas do grupo Madeira Final, as quais estarão com 40 a 45 anos (primeira e
quinta fileira), conforme apresenta a Figura 36a. Após exploração, essas linhas serão
repostas pelo grupo de Madeira Final & Complementar. O tempo zero dessa linha será 80 a
Dessa forma, a exploração econômica das áreas de Reserva Legal e Áreas Agrícolas
entram num ciclo indefinido de exploração madeireira ao longo do tempo, mas que pode
tempo.
13
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GAMA, M. de M. B. Estrutura, valoração e opções de manejo para uma floresta de várzea na
Amazônia. Lavras: UFLA, 2000. 206p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal).
Universidade Federal de Lavras, 2000.
MANFRINATO, W Áreas de preservação permanente e reserva legal no contexto da mitigação de
mudanças climáticas: mudanças climáticas, o código florestal, o Protocolo de Quioto e o
mecanismo de desenvolvimento limpo. Coordenação Warnwick Manfrinato; co-autores Maria
Jose Zakia...[et. al.]. - - Rio de janeiro: The Nature Conservancy; Piracicaba: Plant Planejamento
e Ambiente Ltda., 2005
13
6.1 ‐ Implantação em área total
6.1.1 ‐ Controle de Formigas Cortadeiras ‐ Inicial
Fipronil, realizando a aplicação de forma sistemática (10 gramas a cada 10m2) pela área e
direta junto aos olheiros quanto encontrados (10 gramas por olheiro e 10 gramas por m2 de
terra solta em volta dos formigueiros). Deve-se realizar uma segunda aplicação logo após o
plantio.
6.1.2 ‐ Limpeza Geral da Área (Roçada manual)
Roçada Manual
Rendimentos e Custos: A roçada manual foi orçada em R$ 500,00 / ha. O rendimento
6.1.3 ‐ Aplicação de Herbicida
Esta operação consiste na aplicação do herbicida glifosato em área total 10 dias antes
do plantio, para controle de plantas invasoras. As gotas devem cobrir no mínimo 30% da
área foliar das plantas invasoras para que o herbicida tenha efeito. A dosagem a ser
utilizada pode variar de acordo com o nível de infestação e com a espécie a ser combatida
R$ 14,00/L. Sendo que o consumo médio da operação é de 5,0 L/ha. O rendimento médio
6.1.4 ‐ Preparo de Solo – (Abertura de covas)
espaçamento utilizado para o plantio será de três metros entre linhas e dois metros entre
removido deverá ser colocado de volta à cova, já misturado com a adubação de base e
devem ser feitas as coroas com um metro de diâmetro ao redor das covas. As covas devem
6.1.5 – Adubação de Base
O adubo a ser utilizado deverá ser misturado previamente ao solo antes do plantio.
Deverá ser utilizado: 120 gramas/cova de NPK (06-30-06), ou outro equivalente. Para a
13
realização dessa atividade alem da equipe que executara a mesma, será necessário um
adubo (estimado) em R$ 1,4 / Kg. Serão utilizados 200 kg / ha de 06-30-06, com rendimento
6.1.6 – Plantio
mudas. A muda deve ser colocada no centro da cova, mantendo-se o colo um pouco abaixo
do solo e compactando ligeiramente o solo, uma pequena bacia deve existir para possível
irrigação. O espaçamento entre plantas será delimitado pelo mesmo homem que está
Para a realização dessa atividade alem da equipe que executara a mesma, será
6.1.7 – Irrigação
As mudas devem ser irrigadas com 4 Litros de água por cova, logo após o plantio.
Devem ser previstas também mais três irrigações caso necessário até o “pegamento” das
mudas. Para a realização dessa atividade deve ser utilizado um tanque de irrigação
acoplado ao trator.
6.2 ‐ Manutenção 1o ano Área Agrícola e Reserva Legal
6.2.1 – Replantio
Deve ser realizado o replantio aos 60 dias pós-plantio, deve ser efetuado o replantio
das mudas mortas, irrigando-as com 4 litros/cova. A mortalidade máxima para efeitos do
operação é de 5 HH / ha e 1 HM / ha.
6.2.2 – Limpeza da Entrelinha (Aplicação de Herbicida)
deve-se controlar as ervas nas linhas e entrelinhas através do uso de herbicida (glifosate, 5
L/ha) de forma manual, com pulverizador costal, bico tipo espuma e chapéu-de-Napoleão
(ou outro método anti-deriva), para não existir qualquer deriva do produto para as mudas.
da “calda” do herbicida.
R$ 14,00 o litro. Esta atividade apresenta um consumo médio de 2 litros / ha. O rendimento
6.2.3 ‐ Limpeza das coroas
diâmetro ao redor das mudas aos 2, 5, 8, 10, 12 meses pós-plantio, retirando todo tipo de
erva da coroa.
6.2.4 ‐ Controle de Formigas – Repasses
As rondas devem ser realizadas até o segundo ano pós-plantio periodicamente para
se evitar a re-infestação. A cada 2 meses, deverá ser feito o controle da formiga com isca
granulada à base de Fipronil, de forma sistemática (10 gramas / 10 m²) nas vizinhanças das
19,00 / Kg. Com um consumo médio de 0,53 Kg / ha. O rendimento médio desta operação é
de 2 HH / ha.
6.2.5 ‐ Adubação de Cobertura
A adubação de cobertura será feita aos 30 dias pós-plantio, com 120 g da fórmula
NPK 14:00:15 ou equivalente, em semi-coroa, durante a estação das chuvas, para sua
melhor absorção.
Rendimentos e Custos: A adubação de cobertura foi orçada em R$ 200,00 / ha, o preço
médio do adubo (cotado para o calculo) é de R$ 700,00 / ton. O rendimento médio desta
6.3 ‐ Manutenção 2o ano Área Agrícola e Reserva Legal
6.3.1 ‐ Controle de Formigas – Repasses
As rondas devem ser realizadas até o segundo ano pós-plantio periodicamente para
se evitar a re-infestação. A cada 2 meses, deverá ser feito o controle da formiga com isca
granulada à base de Fipronil, de forma sistemática (10 gramas / 10 m²) nas vizinhanças das
19,00 / Kg. Com um consumo médio de 0,4 Kg / ha. O rendimento médio desta operação é
de 1,25 HH / ha.
14
6.3.2 – Limpeza da Entrelinha (Aplicação de Herbicida)
deve-se controlar as ervas nas linhas e entrelinhas através do uso de herbicida (glifosate, 5
L/ha) de forma manual, com pulverizador costal, bico tipo espuma e chapéu-de-Napoleão
(ou outro método anti-deriva), para não existir qualquer deriva do produto para as mudas.
da “calda” do herbicida.
R$ 14,00 o litro. Esta atividade apresenta um consumo médio de 2 litros / ha. O rendimento
6.3.3 ‐ Limpeza das coroas
diâmetro ao redor das mudas aos 2, 5, 8, 10, 12 meses pós-plantio, retirando todo tipo de
erva da coroa.
Tabela 05: Detalhamento dos custos médios de implantação e manutenção de áreas em restauração florestal, com plantio em área total.
Custos Total / ha
Atividade Máquinas/Equipamentos Rendimentos Insumo Custo Total Repetições
Operacionais R$
R$
R$
HH / HM / Dose
ha ha / ha Unidade HH HM Insumo HH / ha HM / ha Insumo / ha
IMPLANTAÇÃO
Limpeza de área manual Foice ou motorroçadeira costal 50 10,00 500,00 0,00 0,00 1 500,00
Aplicação de Herbicida Trator 80HP + Pulverizador 13 5 5 Litro 10,00 50,00 14,00 Glifosato 130,00 250,00 70,00 1 450,00
Combate a Formigas MIP´S 8 5 Kg 10,00 19,00 Isca 80,00 0,00 95,00 2 350,00
Abertura de covas Enxadão e perfurador de solo 100 5,6 10,00 40,00 1000,00 224,00 0,00 1 1224,00
Adubação de Base Dosador + Chucho 12 1 200 Kg 10,00 50,00 1,40 adubo 120,00 50,00 280,00 1 450,00
Plantio Trator 65HP/ apoio 20 5 1 Unidade 10,00 50,00 400,00 Eng. Flor 200,00 250,00 400,00 1 850,00
Irrigação Trator 80HP/ tanque de irrigação 5 1,5 6670 Litro 10,00 50,00 0,01 água 50,00 75,00 66,70 3 575,10
Compra de mudas 1700 muda 1,00 1700,00 1700,00
6099,10
MANUTENÇÃO 1 ANO
Replantio Trator 65HP/ apoio 5 1 0 Unidade 10,00 50,00 0,00 muda 50,00 50,00 0,00 1 100,00
Limpeza Entrelinha Pulverizador Costal 2 0,44 2 Litro 10,00 50,00 14,00 Glifosato 20,00 22,00 28,00 5 350,00
Coroamento Enxada 5,86 10,00 58,60 0,00 0,00 5 293,00
Controle de Form. Rep. MIP´S 2 0,53 Kg 10,00 19,00 Isca 20,00 0,00 10,07 5 150,35
Adubação de Cobertura Dosador 4 0,4 200 Kg 10,00 50,00 0,70 adubo 40,00 20,00 140,00 200,00
1093,35
MANUTENÇÃO 2 ANO
Controle de Form. Rep. MIP´S 1,25 0,4 kg 10,00 19,00 Isca 12,50 0,00 7,60 5 100,50
Limpeza Entrelinha Pulverizador Costal 2 0,44 2 Litro 10,00 50,00 14,00 Glifosato 20,00 22,00 28,00 5 350,00
Coroamento Enxada 5,84 10,00 58,40 0,00 0,00 5 292,00
742,50
Total: 7.934,95
144
6.4 Cronograma de Implantação e Manutenção
Tabela 06: 1o Ano: Cronograma para implantação e manutenção no 1o ano do plantio em área total.
Atividade de
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
implantação
A. Controle de Formigas
X
– Inicial
B. Limpeza geral da área
X
– Roçada
C. Aplicação de
X
Herbicida
D. Preparo do Solo X
E. Adubação de Base X
F. Controle de Formigas
X
pós-plantio
G. Plantio X
H. Irrigação X X X X
I. Adubação de
X
Cobertura
Manutenção 1o ano
A. Replantio X
B. Coroamento X X X X X
C. Limpeza das
X X X X X
entrelinhas
D. Controle de Formigas
X X X X X
– repasse
E. Adubação de
X
Cobertura
2º Ano
Manutenção 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
A. Coroamento X X X X X
B. Limpeza das entrelinhas X X X X X
C. Controle de Formigas – X X X X X
repasse
6.5 Monitoramento da vegetação
Na avaliação de projetos de implantação florestal, devemos considerar para as
indicadores que permitam constatar a ocupação gradual e crescente da área por indivíduos
processo está ocorrendo no tempo, a cobertura que ele está promovendo na área, a
antrópicas.
6.5.1. Cronograma de Execução do Monitoramento da Vegetação
Tempo
Situações/ano 1 2 3 4 5 6
0
Regeneração natural X X X X
Plantio em área total X X X
Floresta pouco perturbada (sem manejo) X X X X
Floresta muito perturbada (com manejo)
X X X X
Floresta muito perturbada (testemunha) X X X X
6.5.2 Valores médios para as atividades de monitoramento
O valor médio para realização das atividades de monitoramento foi obtido baseado
na avaliação de áreas restauradas em vários projetos. Este custo médio é de R$ 5.000,00 por