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DAMÁRIS MAIA DIAS

APOLOGÉTICA

Trabalho apresentado em cumprimento


parcial das exigências da disciplina
“APOLOGÉTICA” ministrada pelo Profº
Salatiel O. R. Moreira, do curso de Missão
Integral da Escola de Missões do CEM.

Viçosa

2015
RESENHA LIVRO:

Apologética pura e Simples – Allister McGrath

Para aqueles que adotam a fé cristã como verdade, não apenas ganham uma
religião, mas uma missão de vida que vai redirecionar todas as coisas a partir do
momento de decisão por ela. Ser cristão é também levar a mensagem da sua fé com
excelência por onde for, e é por isso que se faz necessário entender as maneiras disto ser
feito. Como podemos expor nossa fé e estar prontos para defendê-la assim que
necessário? É com este intuito que Allister McGrath escreveu o livro “Apologética pura
e simples”, para auxiliar os cristãos nesta missão.
Apologia é um termo grego. Significa defesa, em relação a alegação de uma
crença ou argumento como certo, até a inocência de um acusado no tribunal. É o mesmo
termo que aparece em 1 Pedro 3: 15 e isto baseou a criação de um estudo dos métodos
de defesa cristã, definido como apologética. Este estudo, segundo o autor, foi dividido
ao longo da história em três categorias: Defesa, onde é identificado os empecilhos à sua
fé; Apreciação, fazendo com o que o público possa apreciar a aplicabilidade da
mensagem e tradução, que diz respeito a facilitar a transmissão da mensagem,
conhecendo qual a linguagem melhor que comunica ao publico em questão. McGrath
ressalta que a apologética não substitui a evangelização, elas se diferem no ponto em
que a primeira argumenta e a segunda existe para convidar as pessoas a crerem e que,
também, é importante que ambas caminhem de mãos dadas.
No capitulo 2 do livro, o escritor introduz temas de suma importância, os quais
serão trabalhados no decorrer do livro. Mas, antes inicia um pensamento referente a
cultura contemporânea. Precisamos entender o mundo em que vivemos, como tem sido
a forma de pensamento, os princípios que tem regido os comportamentos das pessoas,
assim como, reconhecer pontos de contato dentro do nosso contexto. Sobre os temas
importantes Allister pontua que é preciso, antes de tudo, entender a fé e ter clareza sobre
a interação da mensagem com a vida cotidiana. “A melhor apologética é feita do ponto
de vista da rica visão da realidade que caracteriza o evangelho, visão essa que suscita
insights realistas e profundos acerca da natureza humana.” (p.39) Com isto, podemos
entender que o argumento é apenas uma parte da estratégia de conduzir as pessoas à
Cristo. Podemos ver exemplos disso em Marcos 1;16-18 quando Jesus convida seus
primeiros discípulos e também no encontro de Filipe e Natanael em João 1:45 e 46. A
mensagem da cruz deve ser sempre central, pois nela encontramos o pecado do ser
humano, o perdão, amor e redenção de Jesus. Sendo assim, é preciso entender e definir
um ponto de partida como primeiro contato com o publico, o restante do evangelho virá
no tempo certo.
Outro ponto abordado pelo autor é o entendimento do publico, qual a melhor
forma de fazer com que nosso discurso se comunique com eles. Seguindo exemplos
apologéticos feitos por Pedro com os judeus e Paulo com os Gregos, aprendemos que é
importante conhecer o que tem influenciado o pensamento do publico e utilizar deste
recurso.
Sabemos que é um desafio defender a fé, existência de Deus e a autoridade das
escrituras, pois vivemos em um mundo cada vez mais secularizado. A ciência ainda é
vista como inimiga de Deus e há uma grande influencia nisso na forma de pensar no
mundo ocidental. O apologeta deve também buscar demonstrar que a fé cristã não foge
a razão, “(...) a fé vai para onde a razão aponta, porém não se limita ao ponto em que a
razão se detém”. (p.81)
McGrath também nos mostra que podemos e devemos utilizar questionamentos
comuns que todos fazem um dia, e por meio da lógica racional, ajudar as pessoas a
enxergarem e refletirem suas respostas, como por exemplo: Qual a origem do universo?
Nosso universo foi criado com proposito para a vida? O instinto que temos em procurar
ordem nas coisas e perceber que essas ordens existem. De onde vem esse senso de
justiça e moral dentro de cada sociedade e ser humano? De onde vem essa referência?
De onde vem essa busca ao transcendente e ao sobrenatural? Por que toda sociedade,
desde os primórdios tinham em seu desenvolvimento crenças religiosas? De onde vem
essa esperança por um futuro melhor, um mundo diferente do que vivemos hoje? Quem
é que não se emociona ao ver uma bela paisagem da natureza, a qual sabemos, sem que
ninguém nos fale que é bela, apenas olhamos algo e só conseguimos ter admiração? E
ainda mais, quem consegue viver sem se relacionar hoje em dia? De onde vem essa
necessidade de relacionamento? Todos estes questionamentos são como pistas que
encontram explicações no cristianismo e como é citado no livro, “As pistas são como
fios no tapete da fé. A teologia cristã é o tear que permitem que elas sejam costuradas,
de modo que seu verdadeiro significado seja apreciado e compreendido.” (p.123)
Apesar da grande influencia da racionalidade ainda presente na cultura ocidental,
ela tem, cada vez mais, perdido força e criou outras portas de acesso, como a estética,
imaginação e moral, e é sobre isto que Allister discorre no capítulo 7. A explicação da
fé cristã é a primeira “nova” porta de acesso descrita pelo autor, muitos desconhecem o
cristianismo por não o conhecerem de fato, nunca lhes foi explicado. Argumentos
também servem para fortalecer a convicção e defender de forma clara os fundamentos
cristãos, a fim de demonstrar racionalmente que o cristianismo é real e verdadeiro.
Outra forma que pode ser bem eficaz são as histórias, inclusive as bíblicas, pois,
valendo-me das palavras do autor, “as histórias são o meio básico pelo qual o ser
humano contempla a realidade”. (p.141). Imagens também pode ser um recurso muito
positivo para a comunicação. Imagens que transmitem conceitos simples e diretos. Ele
ainda cita outras abordagens, como filmes, obras de arte e poesia. (Peço licença ao
MacGrath e acrescento aqui a música também, como uma porta de acesso muito bem
aberta!)
Penso que o autor foi bem equilibrado em diversos pontos do livro relembrar que
não há fórmula para o convencimento e que sempre devemos estar atentos a voz de
Deus em fazer sua vontade, crendo que Ele é quem faz a obra.
A leitura deste livro fez-me pensar sobre meu papel enquanto cristã na
proclamação da verdade. Quantas vezes deixamos oportunidades passarem e quantas
vezes perdemos boas oportunidades, não por medo ou vergonha, mas simplesmente
porque não nos esforçamos antes o suficiente para entender o meio em que vivemos,
não conhecemos nosso publico, não nos dedicamos em encontrar um ponto de contato
com eles, não utilizamos a forma de comunicação mais efetiva. É preciso um preparo,
estudo e sensibilidade para que oportunidades não se percam e pessoas deixem de
conhecer a beleza e a veracidade do evangelho.

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