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LIGAÇÕES COM PINOS METÁLICOS PARA EMPREGO EM GALPÕES RURAIS

UTILIZANDO TORAS DE CARNAÚBA

Almir Amorim Andrade, Paulo de Tarso Cronemberger Mendes e Maria de Lourdes

RESUMO: A utilização de galpões rurais, construídos com toras de carnaúba, pode ser uma
alternativa barata e viável para a região nordeste do país. Nessa região a abundância desse
tipo de material é muito favorável, e a prática do emprego de estruturas que utilizam toras de
carnaúba é bastante considerável. Um aspecto crítico no projeto desse tipo de estrutura está
relacionado com as ligações dos elementos estruturais, principalmente quando são utilizadas
ligações com pinos metálicos. Dessa forma, esse trabalho objetiva analisar o comportamento
mecânico das ligações com pinos metálicos empregados nesse tipo de estrutura. Para isso,
serão realizadas experimentações físicas visando caracterizar o comportamento mecânico das
ligações.
Palavras-chave: madeira, ligações, carnaúba.

CONNECTIONS WITH METALLIC BOLT FOR EMPLOYMENT IN STORAGE


SHED RURAL USING ROUNDWOOD OF CARNAÚBA

ABSTRACT: The use of storage shed rural, built with roundwood of carnaúba, it can be a
cheap and viable alternative for the northeast area of the country. In that area the abundance
of that material type is very favorable, and the practice of the employment of structures that
you/they use roundwood of canaúba is quite considerable. A critical aspect in the project of
that structure type is related with the connections of the structural elements, mainly when
connections are used with metallic bolt. In that way, that work objectifies to analyze the
mechanical behavior of the connections with bolt metallic employees in that structure type.
For that, physical experimentations will be accomplished seeking to characterize the
mechanical behavior of the connections.
Keywords: wood, timber structures, connections, carnaúba.
1. Introdução
A Universidade Federal do Piauí – UFPI através do Laboratório de Resistência dos Materiais
realiza, desde 1996, estudos sobre a utilização racional da carnaúba em estruturas,
principalmente no emprego de galpões rurais. Nesses estudos já foram executados ensaios de
caracterização das toras de carnaúba submetidas aos esforços de compressão, cisalhamento e
flexão. Dando continuidade a esse trabalho, estão sendo realizados ensaios das ligações entre
as toras de carnaúba utilizando pinos metálicos. Os resultados preliminares estão sendo
apresentados neste artigo.

2. Experimentação Física
Para o desenvolvimento do estudo experimental foram utilizados como corpos-de-prova
pequenas toras de carnaúba medindo 30 cm de altura. Foram executadas furos transversais
distanciados 10 cm das bordas. Os diâmetros dos furos foram executados em função da bitola
dos pinos metálicos (barras rosqueadas), ver figura 1. As toras de carnaúba foram obtidas no
município de Altos, interior do Piauí. Essas toras foram transportadas para UFPI em Teresina
com a autorização do IBAMA-PI.

Figura 1 – Corpo-de-prova.

Para o ensaio de ligação com pinos, utilizando os corpos-de-prova da figura 1, foi construído
um dispositivo auxiliar de aplicação de carga, ver figura 2. Com esse dispositivo de ensaio é
possível aplicar forças de tração em corpos-de-prova de carnaúba com diferentes diâmetros.
Na execução dos experimentos utilizou-se uma máquina universal de ensaio da marca
PAVITEST com capacidade de 1000 kN pertencente ao Laboratório de Resistência dos
Materiais - UFPI.

(a) (b)
Figura 2 – Esquema de ensaio.
3. Resultados Experimentais
Os resultados apresentados aqui são preliminares. Não existe a intenção de se esgotar o estudo
sobre esse tipo de ligação.

Inicialmente foram retiradas dois corpos-de-prova, também de 30 cm de altura, para a


execução de ensaios de compressão. Esses primeiros ensaios têm o objetivo de caracterizar o
lote que está sendo estudado. O resultado desse ensaio está resumido na tabela 1.

Tabela 1 – Toras de carnaúba submetidas à Compressão.


Ensaio de compressão (caracterização do lote)
perímetro área Carga de Tensão de Tensão média de
CP
(cm) (cm2) ruptura (kN) ruptura (MPa) ruptura (MPa)
1 37.0 108.94 472.4 43.36
39.05
2 39.0 121.04 420.5 34.74

Seguindo o programa de experimentação foram ensaiados à tração 6 corpos-de-prova


conforme o esquema das figuras 1 e 2. Nesse grupo de ensaios utilizou-se barras rosqueadas
com 10 mm de diâmetro na ligação. Os resultados experimentais estão apresentados na tabela
2.

Tabela 2 – Ensaio de tração paralelo às fibras (pino = 10 mm).


Ensaio de tração da ligação (paralelo às fíbras, pino = 10 mm)
Carga de Modo de Carga média de Coeficiente de
CP t (cm)
ruptura (kN) ruptura ruptura (kN) variação
1 11 43.00 I
2 11 38.00 I
3 11 50.00 II
45.18 12%
4 11 42.80 I
5 11 44.70 I
6 10 52.60 II

A tabela 2 demonstra a grande capacidade de carga da ligação (carga média de ruptura = 45


kN). Os resultados apresentaram pequena dispersão (coeficiente de variação = 12%),
demostrando que os parâmetros de ensaio foram bem controlados.
Com relação aos modos de ruptura da ligação, observou-se basicamente dois modos:
I) Flexão do pino (figura 3.a) seguindo de embutimento do pino na madeira e
fendilhamento do corpo-de-prova (figura 3.b).
II) Flexão do pino (figura 3.a) seguindo de embutimento do pino na madeira e ruptura de
tração do pino.
(a) (b)
Figura 3 – Modo de ruptura da ligação paralela às fibras.

Com relação à verificação da resistência à tração perpendicular às fibras (tabela 3), foram
ensaiados apenas 2 corpos-de-prova. Essa amostra reduzida foi devida à dificuldade em se
executar os furos num região muito reduzida, principalmente a dificuldade de se obter furos
perfeitamente paralelos. Dessa forma, os resultados aqui apresentados servem apenas como
referência, sem a pretensão de se ter uma estatística consistente dos resultados.

Tabela 3 - Ensaio de tração perpendicular às fibras (pino = 10 mm).


Ensaio de tração da ligação (perpendicular às fíbras,
pino = 10 mm)
Carga de Modo de Carga média de
CP t (cm)
ruptura (kN) ruptura ruptura (kN)
1 9 13.23 III
10.87
2 9 8.50 III

O modo de ruptura observado nesse experimento foi basicamente:


III) Ruptura de tração perpendicular às fibras (figura 4).

Figura 4 - Modo de ruptura da ligação paralela às fibras.


3. Conclusões
Por meio desses primeiros experimentos foi possível construir o dispositivo básico de
aplicação de carga nas ligações com pinos(figura 2) e verificar a viabilidade de utilização
desse dispositivo no comportamento mecânico das ligações com pinos metálicos. Dessa
forma, esses ensaios servirão como referência para futuras experimentações.

Referências Bibliográficas
01. ALMEIDA, PEDRO A.O. – Estruturas de Grande Porte de Madeira Composta, São Paulo,
Escola Politécnica da USP, 1990. Universidade de São Paulo - USP. 276 p. Tese de
Doutorado.
02. STEP – TIMBER ENGENHARIA, Eurofortech, volumes 1 e 2, 1995.
03. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR-7190 Projeto
de Estruturas de Madeira. Rio de Janeiro, 1997.
04. FUSCO, PÉRICLES BRASILIENSE. Estruturas de Concreto: Solicitações Normais. Rio
de Janeiro: Guanabara Dois, 1986. 460p.
05. TIMOSHENKO, STEPHEN P. Mecânica dos Sólidos. volumes 1 e 2. Rio de Janeiro:
LTC - Livros Técnicos e Cietíficos Editora S.A., 1983.

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