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AE2 Barra Final
AE2 Barra Final
1. Introdução
O modelo de estrutura articulada, o mais simples dos modelos estruturais, é utilizado neste texto
para introduzir os conceitos em que se baseia o Método dos Elementos Finitos. Pode ser
desmotivador ilustrar o mais potente e o mais geral dos métodos de análise estrutural tomando
como exemplo de introdução uma aplicação que não só tem solução analítica como a
determinação dessa solução é trivial na maioria das situações. Esta opção justifica-se pela
vantagem de permitir centrar a apresentação sobre os conceitos básicos do Método dos
Elementos Finitos evitando as equações, e as generalizações, que caracterizam os problemas que
justificaram, de facto, o desenvolvimento do método, a análise de problemas estruturais planos e
tridimensionais, designadamente placas, lajes, cascas e sólidos.
O texto está organizado em três partes, sendo assinalados com um asterisco os assuntos que
não são essenciais para uma primeira leitura. Na primeira parte definem-se as hipóteses do
modelo de análise estrutural, identificam-se as variáveis necessárias e suficientes para
representar a resposta dos elementos estruturais e estabelecem-se as equações que regem essa
resposta. Recorre-se depois ao conceito mais intuitivo, que a estrutura responde desenvolvendo
uma energia interna que compensa a que lhe é transmitida pelas acções aplicadas, para introduzir
os conceitos básicos do Método dos Elementos Finitos. Essa introdução é feita recorrendo a um
exemplo simples, sendo os resultados obtidos posteriormente interpretados e escritos de uma
maneira mais geral e formal. Na última parte do texto apresenta-se a aplicação do Método dos
Elementos Finitos à análise de estruturas articuladas. Discute-se, fundamentalmente, como se
calculam as equações obtidas para uma barra e como se combinam essas equações, de uma
maneira fácil de automatizar, de modo a obter as equações que permitem analisar uma estrutura
formada por uma qualquer combinação de barras. O texto termina com uma recapitulação dos
principais conceitos e a sistematização do processo de aproximação adoptado no Método dos
Elementos Finitos.
1
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
2. Hipóteses
No contexto da teoria das peças lineares, uma barra é representada pelo seu eixo, ao qual se
associa um sistema de coordenadas cartesiano, como se indica na Figura 1. Sendo um referencial
directo, é suficiente orientar o eixo da barra para caracterizar o sistema de coordenadas.
O eixo da peça é recto, podendo a área da secção transversal ser variável, A ( x) . Admite-se
que o material é elástico linear (linearidade física), com módulo de elasticidade eventualmente
variável, E ( x) . Admite-se, ainda, que os deslocamentos e as deformações são infinitesimais
(linearidade geométrica). Relativamente ao carregamento, assume-se que são desprezáveis as
forças de inércia e de amortecimento (comportamento quase-estático) e que a peça está apenas
sujeita a cargas axiais.
L
( y)
x A ( x); E ( x)
z
Figura 1: Geometria e sistema de coordenadas
3. Variáveis
Num problema de análise estrutural, são dados do problema as características geométricas e
mecânicas da peça, as cargas aplicadas no domínio da peça (o vão da barra) e as condições de
fronteira (as forças aplicadas nas secções extremas da barra ou os deslocamentos aí impostos).
São incógnitas do problema os esforços, que permitem determinar o campo de tensões, as
deformações, que medem a mudança de forma da peça, e os deslocamentos, que definem o
movimento de cada um dos seus pontos durante o carregamento.
2
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
f ( x)
F1 F2 F1 N ( x)
u1 u2 u1 ε ( x)
x u ( x) x
Figura 2: Forças e deslocamentos Figura 3: Esforço e deformação axial
4. Balanço Energético
O termo correspondente usado anteriormente na identificação das variáveis necessárias e
suficientes para caracterizar o comportamento da barra associa uma par de variáveis que realiza
trabalho, sendo portanto uma de natureza estática (esforço ou força) e outra de natureza
cinemática (deformação ou deslocamento).
Assim, e no presente contexto, são as seguintes as definições do trabalho realizado pelas
forças exteriores e interiores, respectivamente,
2
We = ∫ u ( x) f ( x) dx + ∑ ui Fi
L
(1)
0
i =1
L
Wi = ∫
0 ∫ ε ( x) σ ( x) dA dx
A
(2)
em que σ ( x) representa o campo da tensão axial na secção de abcissa x . Das hipóteses acima
enunciadas decorre que tanto a tensão como a deformação axiais são constantes ao longo de cada
secção, o que permite escrever a equação (2) na forma,
( ∫ σ ( x) dA) dx
L
Wi = ∫ ε ( x)
0 A
e utilizar a definição do esforço axial, a resultante das tensões axiais numa dada secção, ficando:
L
Wi = ∫ ε ( x) N ( x) dx (3)
0
Para além disso, os grupos de variáveis não podem ser independentes entre si. A variação do
esforço tem de equilibrar as forças aplicadas e a variação do deslocamento altera as dimensões
da barra, pelo que tem de ser relacionada com a medida usada para caracterizar a mudança de
forma, a deformação axial. Acresce que as características elásticas do material estabelecem uma
relação de causa-efeito entre essa deformação e o esforço que se desenvolve na barra. São essas
relações que a seguir se apresentam.
3
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
5. Equações Básicas
As variáveis que descrevem o comportamento de um elemento estrutural estão sempre
relacionadas por três grupos de equações, designadamente as equações de equilíbrio e de
compatibilidade e as relações constitutivas, como se resume no Quadro 2 para o caso da barra,
em que se usa a seguinte notação:
∂
∂ x (i) ≡ ( i)
∂x
A condição de equilíbrio no domínio da barra, a equação (5), assegura que a variação do
esforço axial equilibra, em todas as secções interiores, a carga aplicada no vão, enquanto que a
condição de equilíbrio na fronteira, a equação (8), assegura que o esforço axial nas secções
extremas equilibra as forças exteriores aí aplicadas.
Também se distinguem dois tipos de equações de compatibilidade. A condição de
compatibilidade no domínio da barra, a equação (7), define a medida de deformação, a extensão
axial em qualquer secção interior, como a taxa de variação do deslocamento axial. A condição de
compatibilidade na fronteira, a equação (9), assegura que o deslocamento medido nos limites do
domínio é coerente com os deslocamentos nas secções extremas.
As relações constitutivas reduzem-se nesta aplicação à condição de elasticidade (6), definida
apenas no domínio da barra e estabelecendo a relação de causalidade entre o esforço axial e a
deformação axial, a qual depende apenas da rigidez axial da secção:
D ( x) = E ( x) A( x)
− N = F1 x = 0 u = u1 x = 0
e / ou e / ou
+ N = F2 x=L u = u2 x=L
Fronteira (8) Fronteira (9)
4
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
Quando tal sucede, torna-se necessário recorrer a um método de solução aproximada que
convirja para a solução exacta do problema (ou, pelo menos, que não seja divergente) à medida
que se melhora a qualidade da aproximação. O Método dos Elementos Finitos tem essa
propriedade, baseando o modelo de deslocamento desse método no seguinte critério:
7. Equação Resolvente
A vantagem de apresentar as equações que permitem simular o comportamento da barra na
forma apresentada no Quadro 2 é a de esclarecer as relações fundamentais entre as variáveis que
são utilizadas para descrever esse comportamento.
5
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
concluindo-se que:
• A equação diferencial (10) define a condição de equilíbrio no domínio e assegura que as
condições de elasticidade e de compatibilidade no domínio são impostas de maneira forte.
Sendo uma equação de segunda ordem, a sua resolução exige a determinação de duas
constantes de integração. As constantes de integração são calculadas recorrendo a duas das
quatro condições de fronteira (8) e (9). No entanto, do conjunto das seis combinações possíveis
devem ser eliminadas as que são fisicamente inconsistentes, designadamente, a imposição
simultânea de uma força e de um deslocamento numa mesma secção de extremidade.
x = 0 : − N = F1 ou u = u1 (12)
x = L : N = F2 ou u = u2 (13)
Se a equação resolvente (10) for linear (11), a solução geral é da forma,
u ( x) = uc ( x) + u0 ( x) (14)
uc ( x) = c0 + c1 x (15)
∂ x ( D ∂ x u0 ) + f = 0
6
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
D = EA = const. F
L
Figura 4: Barra sujeita a carga uniforme e a força de extremidade
x = L : N ( L) = F2 = F (18)
sendo as seguintes as definições para as soluções complementar e particular do problema, de
modo a satisfazer as condições de fronteira (16) e(17):
uc ( x) = x c1
p
u0 ( x ) = x ( L − x) (19)
2D
A constante de integração que subsiste, c1 , é determinada impondo a condição de fronteira
(18),
N ( L) = D ∂ x ( uc + u0 ) x = L = F
F pL
c1 = +
DL 2 D
encontrando-se a seguinte solução para o problema:
F p
u ( x) = x+ x (2 L − x) (20)
D 2D
Exercício 2: Sabendo que as equações resumidas no Quadro 2 são válidas para barras sujeitas
a variações de temperatura, sendo a relação constitutiva (6) corrigida para incluir o efeito da
componente térmica da deformação, N = D (ε − εθ ) , determine a solução que define a
resposta da barra representada na Figura 5 sujeita a uma variação linear da temperatura,
θ ( x) = (1 − x /L) θ1 + ( x /L) θ 2 , admitindo serem constantes as propriedades termomecânicas.
θ1 θ2
x
L
Figura 5: Barra sujeita a variação de temperatura
7
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
Esta última situação é a mais corrente, levantando duas questões que são analisadas na secção
seguinte usando um exemplo de aplicação:
• Não sendo única a solução aproximada, como se escolhe a melhor das soluções
desequilibradas que se podem obter?
• Como se melhora a aproximação de maneira a diminuir o erro na imposição das condições
de equilíbrio?
9. Exemplo de Aplicação
O exemplo representado na Figura 4, com a solução analítica (20), é utilizado para ilustrar a
aplicação do método quando se admite a aproximação linear (21) para o deslocamento e,
consequentemente, uma deformação (22) e um esforço axial (23) constantes ao longo da peça.
u ( x) N ( x)
u (0) = 0
FL pL2 N (0) = F + pL
u ( L) = +
D 2D N ( L) = F
x=L x=L
Figura 6: Variação do deslocamento e do esforço axial
Portanto, a solução é exacta e única, no âmbito das hipóteses feitas para formular o modelo
estrutural de acordo com as equações resumidas no Quadro 2. Se se aplicarem as definições (1) e
(3) para o trabalho realizado pelas forças exteriores confirma-se o resultado (4):
9
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
L 1
We = Wi = 3 ( pL)2 + ( pL) F + F 2 (24)
D
u ( x ) = ( x /L ) u2 (25)
e utilizar a definição para a deformação que resulta de impor de maneira forte (isto é, em todas as
secções da peça) a condição de compatibilidade no domínio (7):
ε ( x) = (1/L) u2 (26)
( D /L ) u 2 = F
conclui-se que a primeira equação garante ser impossível satisfazer a condição de domínio, para
qualquer valor da incógnita, enquanto a segunda fixa o valor que a incógnita do problema deve
tomar para se satisfazer localmente a condição de fronteira.
Apesar destes resultados serem contraditórios, tem de ser possível chegar a uma solução
coerente baseada na aproximação linear do deslocamento. A única saída é desistir de impor as
10
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
condições de equilíbrio de maneira forte e tentar obter uma solução aproximada impondo essas
condições de maneira fraca, isto é, aproximada.
A maneira mais intuitiva de o fazer é substituir a carga de vão, que é impossível equilibrar
localmente, por um carregamento estaticamente equivalente, garantindo que, pelo menos, a
resultante da força aplicada é equilibrada na solução aproximada. O problema que se põe é como
se deve definir essa força estaticamente equivalente: qual o seu valor e onde deve ser aplicada.
O critério que se usa consiste em assegurar que, no modelo aproximado, o trabalho das forças
interiores seja compensado pelo trabalho das forças interiores, tal como acontece com a solução
exacta. Substituindo as aproximações (25) a (27) na equação (4) e impondo as condições do
problema, a carga de vão f ( x) = p e as condições de fronteira (17) e (18),
0 2 2 0 2 1 2
p F
u ( x) u ( x) = x (2 L − x ) + x N ( x) N ( x ) = p ( L − x) + F
2D D
N ( x ) = 12 pL + F
x
u ( x ) = ( 12 pL + F )
D
x=L x=L
11
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
( 12 pL + F ) ≠ F
No entanto, a base da aproximação é já uma aproximação útil para o campo de
deslocamentos, recuperando até (o que não é uma conclusão geral) o deslocamento na secção
extrema da peça. Para além disso, a solução recupera o valor do esforço axial a meio-vão da
barra (o que também não é uma conclusão geral).
Na solução aproximada, o trabalho das forças interiores continua a compensar o trabalho
realizado pelas forças exteriores, porque assim foi imposto pela equação resolvente (28),
obtendo-se um valor relativamente próximo do obtido para a solução exacta (24):
L 1
We = Wi = 4 ( pL) 2 + ( pL) F + F 2
D
D = EA = const.
1
1
2
pL 2 pL
L
p
1
1
2
pL 2 pL
L
Figura 8: Forças nodais de fixação e forças nodais estaticamente equivalentes à carga de vão
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Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
Não surpreende que a carga de vão, que é impossível equilibrar com uma aproximação
constante para o esforço axial, tenha sido substituída pela sua resultante. O que não é óbvio é
onde essa resultante deveria ser aplicada, ou como ela deveria ser decomposta em duas ou mais
forças concentradas. Pode-se mostrar que o critério de igualar o trabalho interior ao trabalho
exterior que determinou a identificação das forças nodais equivalentes nesta aplicação é
equivalente a minimizar o trabalho realizado ou, o que também é equivalente, a minimizar a
energia potencial do sistema.
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Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
x = L : u ( L ) = u2 = 0 (30)
sendo a seguinte solução exacta para o deslocamento e para o esforço axial:
p
u ( x) = x ( L2 − x 2 ) (31)
6 DL
p 2
N ( x) = (L − 3 x2 ) (32)
6L
f ( x) = p x / L
p
D = EA = const.
L
Figura 9: Barra com apoios fixos sujeita a uma carga linear
10.1 Refinamento-h
O refinamento-h consiste em subdividir a barra mantendo o grau da aproximação do
deslocamento em cada segmento (h traduz dimensão). Para o problema em análise, esta técnica
consiste, portanto, em aproximar uma função cúbica (a solução exacta do problema) usando
funções lineares (as funções de aproximação).
Se se aplicar a aproximação linear (21) à solução deste problema obtém-se um resultado sem
utilidade prática, u1 = u2 = 0 , pois o método exige que sejam satisfeitas as condições de fronteira
cinemáticas (29) e (30). Para se satisfazer estas condições e aproximar a solução cúbica (31)
usando uma aproximação linear torna-se necessário subdividir a barra em segmentos, ou
elementos finitos.
Se a barra for decomposta em dois elementos iguais, o que não é necessariamente o melhor
critério em termos da taxa de convergência do processo de solução, e se se admitir que em cada
elemento o deslocamento varia linearmente, de acordo com a aproximação (21), a equação
resolvente que se obtém usando o mesmo critério, de igualar o trabalho das forças interiores ao
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Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
p F= 6
24
pL
d
L/2 L/2 L/2 L/2
1
p 1
p p
2 2
L/2 L/2
1 2 4 7
24 pL 24 pL 24 pL 24 pL
Confirma-se que a opção de dividir a barra em dois elementos idênticos não produz a melhor
aproximação linear possível para o deslocamento máximo. A aproximação conseguida para o
esforço axial é bastante mais fraca, apresentando a descontinuidade decorrente da substituição do
carregamento pela força nodal equivalente F = 6
24 pL aplicada na secção de meio-vão.
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Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
u ( x) p N ( x)
u ( x) = x ( L2 − x 2 )
6 DL
1
6 pL 1
pL x=L
8
2
pL
d=
1
8
pL
16 D 1
pL
p 2 3
N ( x) = (L − 3 x2 )
6L
x = 12 L x=L
Os resultados que se obtêm repetindo este processo, por subdivisão sucessiva de cada
segmento, estão apresentados na Figura 13. As características gerais das soluções e do processo
de convergência são as seguintes:
• A convergência é relativamente rápida para o deslocamento mas muito lenta para o esforço
axial (a convergência para a função que se aproxima directamente é mais rápida do que a
convergência para a sua derivada);
• A solução é localmente compatível, no domínio e na fronteira, mas mais rígida que a
solução exacta (a estimativa para o deslocamento máximo é inferior ao valor da solução
exacta);
• A solução é localmente desequilibrada, no domínio e na fronteira, e não está do lado da
segurança (a estimativa para o esforço axial máximo é inferior ao valor da solução exacta).
10.2 Refinamento-p
O refinamento-p consiste em manter a dimensão da barra e aumentar o grau da aproximação,
geralmente polinomial (p traduz o grau do polinómio).
Para ilustrar o processo de convergência deste tipo de refinamento, admita-se que, em vez da
aproximação linear, se impõe uma aproximação quadrática para o deslocamento,
4x
u ( x) = ( L − x) d (34)
L2
em que d continua a representar o deslocamento a meio-vão da barra, agora discretizada num
único elemento, sendo a seguinte a aproximação (linear) que se obtém para o esforço axial:
4D
N ( x) = ( L − 2 x) d (35)
L2
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Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
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Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
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Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
u ( x) p N ( x)
u ( x) = x ( L2 − x 2 )
6 DL p
N ( x) = ( L − 2 x)
4
1
p 6
pL x=L
2 u ( x) = x ( L − x)
pL 4D
d=
16 D 1
pL
p 2 3
N ( x) = (L − 3 x2 )
6L
x = 12 L x=L
Os resultados que se obtêm repetindo este processo, por subdivisão sucessiva de cada
segmento, estão apresentados na Figura 15. As características gerais do padrão de convergência
são análogas às obtidas com o modelo linear, verificando-se, no entanto, uma melhoria
substantiva nas taxas de convergência obtidas com o modelo quadrático.
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Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
20
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
27 D 16 −11 d1 3 pL 1
−11 16 d = 40
40 L 2 4
verificando-se que a substituição da solução desse sistema,
d1 pL2 4
=
d 2 81D 5
na aproximação (38) do deslocamento recupera a solução exacta (31) do problema, assim como a
definição do esforço axial (32). Esta é uma conclusão geral:
• O método recupera a solução exacta do problema sempre que essa solução esteja contida
na base de aproximação.
A solução exacta continuaria a ser recuperada aplicando a base cúbica com refinamento-h ou
aumentando o grau da aproximação, isto é, usando elementos quárticos ou de grau superior.
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Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
∑Ψ
i =1
i ( x) = 1 (42)
u ( xi ) = di
como se ilustra na Figura 16 para elementos de dois nós (aproximação linear) e de três nós
(aproximação quadrática).
A vantagem desta definição das funções, que caracteriza a aplicação do método dos elementos
finitos, é a de simplificar a imposição das condições de fronteira (9), bastando agora escrever:
d1 = u1 e /ou d 2 = u2
A função da condição (42) é assegurar que a aproximação (40) é capaz de representar o
deslocamento do corpo rígido da barra, isto é, a eventualidade do carregamento não causar a
deformação da barra, u ( x) = const. quando d i = d .
Pode verificar-se facilmente que as funções usadas nas linear (21), quadrática (34) e cúbica
(38) satisfazem as condições (41) e (42), reunindo-se na Tabela 1 a definição dessas funções e
das suas derivadas, usadas na aproximação da deformação.
A descrição matricial da definição (40) é a seguinte,
u ( x) =Ψ ( x) d (43)
em que o vector-linha Ψ reúne as funções de aproximação,
Ψ ( x) = {Ψ 1 Ψ 2 ⋯ Ψ p +1}
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Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
d1
d
2
d =
⋮
d p +1
x x
L L
1 1
Ψ 1 ( x) = 1 − x /L Ψ 1 ( x) = (1 − x /L) (1 − 2 x /L)
1 1
Ψ 2 ( x ) = x /L Ψ 2 ( x ) = −( x /L) (1 − 2 x /L)
Ψ 3 ( x ) = 4 ( x /L) (1 − x /L )
Figura 16: Funções de aproximação para elementos lineares e quadráticos
x x x
1 1 1 1 1
L L L L L
L 2 2 3 3 3
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Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
B ( x) = { B1 B2 ⋯ B p +1}
Bi ( x) = ∂ xΨ i (45)
tal como se define na Tabela 1 para os elementos linear, quadrático e cúbico.
O esforço axial é determinado impondo a relação de elasticidade (6),
p +1
N ( x) = D( x) ∑ Bi ( x) d i
i =1
N ( x) = D( x) B ( x) d (46)
representando o termo D Bi o esforço axial devido ao deslocamento nodal.
Como se mostrou anteriormente, esta aproximação poderá não satisfazer localmente as
condições de equilíbrio, tanto no domínio,
p +1
∂ x D( x) ∑ Bi ( x) di + f ( x) ≠ 0 (47)
i =1
como na fronteira da barra:
p +1
− D(0) ∑ Bi ( 0) di ≠ F1 (48)
i =1
p +1
+ D( L) ∑ Bi ( L) di ≠ F2 (49)
i =1
Antes de abordar a generalização do procedimento adoptado para impor essas condições de
maneira fraca, ou aproximada, interessa esclarecer as consequências em termos de continuidade
da solução obtida com a aproximação do deslocamento (43) e das aproximações (44) e (46) que
dela decorrem para a deformação e para o esforço axial, respectivamente.
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Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
25
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
Exercício 6: Resolva a barra sujeita a uma força axial representada na Figura 18 usando um
elemento quadrático e compare o resultado obtido para os campos de deslocamento e esforço
axial com a solução exacta obtida com dois elementos lineares, em que d = FL /4 D :
D = EA = const.
L/2 L/2
Figura 18: Barra sujeita a uma força axial
encontrando-se a seguinte expressão para o trabalho realizado pelas forças interiores, de acordo
com as aproximações (44) e (46):
( B( x) d ) ( D( x) B( x) d ) dx
L
Wi = ∫
T
0
O balanço energético mostra que é suficiente (mas não necessário) impor a condição,
K d = F0 + F (52)
para assegurar que, no modelo aproximado, são idênticos os trabalhos realizados pelas forças
interiores e exteriores, sendo K a matriz de rigidez do elemento,
L
K = ∫ B T D B dx (53)
0
A definição seguinte para o vector das forças nodais é escrita admitindo que não existem
forças concentradas aplicadas nos nós interiores do elemento, ou entre esses nós, para satisfazer
as condições de continuidade anteriormente referidas:
F T = { F1 F2 0 ⋯ 0} (55)
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Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
∑K
j =1
ij d j = Fi0 + Fi i = 1, 2,… , p + 1 (56)
estabelece que o somatório das forças nodais equivalentes devidas à deformação causada por
cada um dos deslocamentos nodais deve equilibrar a resultante da força nodal realmente aplicada
no nó i, Fi , e da força nodal equivalente à carga de vão:
L
Fi 0 = ∫ Ψ i f dx (58)
0
diagonais são necessariamente positivos, K ii > 0, pois a rigidez axial é positiva e o integral do
quadrado de uma função não nula também é positivo. A única diferença em relação à formulação
inicial do Método dos Deslocamentos está na substituição das forças nodais de fixação, obtidas
aplicando a carga de vão mantendo nulos os deslocamentos nodais, pelas forças simétricas que
são estaticamente equivalentes a essa carga.
Exercício 7: Verifique ser a seguinte a expressão da equação resolvente (52) para o elemento
quadrático, quando se admite que a carga de vão é linear, p( x) = (1 − x /L) p1 + ( x /L) p2 :
7 1 −8 d1 p1 F1
D L
1 7 −8 d 2 = p2 + F2
3L 6
−8 −8 16 d3 2( p1 + p2 ) F3
Exercício 9: Verifique ser a seguinte a generalização da expressão (54) para o vector das
forças nodais equivalentes às cargas de vão quando se introduz o efeito de uma variação
térmica, θ ( x) , sendo ε θ ( x) = α ( x) θ ( x) a deformação e α ( x) o coeficiente de dilatação:
L L
F0 = ∫ Ψ T f dx + ∫ B T D ε θ dx (59)
0 0
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Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
d T F0 = ∫ (Ψ d ) f dx = d T ∫ Ψ T f dx
L T L
0 0
como está implícito na definição (51) para o trabalho realizado pelas forças exteriores.
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Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
sendo a seguinte a definição das forças nodais equivalentes, de acordo com o resultado (54):
F0 = − ∫ Ψ T ∂ x ( D B d ) dx
L
(61)
0
F2 = + ( D B d ) x = L (63)
d3 = 1
d1 = 0 d2 = 0
u ( x) = Ψ 3 ( x) = 4 ( x /L) (1 − x /L) N ( x) = DB3 ( x) = 4 (1 − 2 x /L) D /L
a) Aproximação do deslocamento, Eq. (43) b) Aproximação do esforço axial, Eq. (46)
F10 = 43 D /L F20 = 43 D /L
F30 = 163 D /L
f ( x) = −∂ x ( D B3 ) = 8 D /L2 Fi 0 = − ∫ Ψ i ∂ x ( D B3 ) dx
L
0
c) Carga de vão, Eq. (60) d) Forças nodais equivalentes, Eq. (61)
F1 = − 4 D /L F2 = − 4 D /L K13 = − 83 D /L K 23 = − 83 D /L
K 33 = + 163 D /L
F1 = − ( DB3 ) x = 0 ; F2 = − ( DB3 ) x = L K i 3 = Fi 0 + Fi
e) Forças de extremidade, Eq. (62) e (63) f) Forças nodais resultantes, Eq. (65)
29
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
• Se o termo independente da equação resolvente (52) define a soma das forças nodais
equivalentes à carga aplicada no vão da barra, F0 , e das forças nodais aplicadas nas
secções extremas, F ;
• O primeiro termo dessa equação, definido pelo produto da matriz de rigidez pelo vector
das forças nodais, K d , deve definir as quantidades equivalentes devidas à aproximação,
isto é, a resultante das forças nodais equivalentes à carga de vão equilibrada pela
aproximação do esforço axial, F0 , e das forças nodais nas secções extremas que
Para o fazer, pode recorrer-se à definição (45) para os modos de deformação para integrar por
partes a definição (53) da matriz de rigidez,
K = ∫ BT D B dx = ∫ ( ∂ xΨ T ) D B dx = − ∫ Ψ T ( ∂ x D B ) dx + Ψ T D B
L L L L
(64)
0 0 0 0
e utilizar as propriedades nodais (41) das funções de aproximação para concluir que o produto da
matriz de rigidez pelo vector dos deslocamentos nodais define, de facto, dois conjuntos de forças
nodais equivalentes,
K d = F0 + F (65)
as forças nodais (61) equivalentes às cargas de vão que equilibram a aproximação do campo de
esforços e as forças de extremidade (62) e (63) que equilibram a aproximação do esforço axial.
É a soma dessas forças que a equação resolvente do Método dos Deslocamentos (52) exige
que equilibre a soma das forças nodais equivalentes à carga de vão e das forças de extremidade
realmente aplicadas ao elemento:
F0 + F = F0 + F (66)
30
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
O resultado (65) está ilustrado na Figura 19f) para o exemplo anteriormente descrito,
confirmando que se recupera a terceira coluna da matriz de rigidez do elemento quadrático,
definida no Exercício 7.
Exercício 10: Determine os resultados (61) a (63) para o exemplo representado na Figura 9
usando a aproximação linear (35) do esforço axial obtida para o elemento quadrático e
confirme o resultado (65), para qualquer valor do deslocamento nodal, d , utilizando a
definição da matriz de rigidez apresentada no Exercício 7.
Exercício 11: Interprete fisicamente a generalização (59) da definição do vector das forças
nodais equivalentes ao carregamento.
Substituindo a definição (58) para as forças nodais equivalentes à carga de vão e aplicando a
condição (42),
L
p +1 p +1 p +1
F0 = ∑ Fi 0 = ∑ ∫ Ψ i f dx = ∫ ∑ Ψ i f dx
L
0 0
i =1 i =1 i =1
conclui-se que:
• A resultante das forças nodais equivalentes à carga de vão é igual à resultante dessa carga,
independentemente da aproximação usada.
p +1
L
F0 = ∑ Fi 0 = ∫ f dx (68)
0
i =1
matriz de rigidez, definido pela equação (57), é a seguinte a expressão da resultante das forças
nodais devidas aos deslocamentos nodais:
p +1
p +1
p +1
Fc = ∑ Fic = ∑ ∑ K ij d j
i =1 i =1 j =1
31
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
Da combinação dos resultados (68) e (69) com a definição (67) conclui-se que:
• A equação resolvente (56) assegura a condição de equilíbrio global da barra,
independentemente da aproximação usada.
p +1
F = ∫ f dx + ∑ Fi = 0
L
(70)
0
i =1
O resultado (68) pode ser verificado na ilustração apresentada na Figura 11, para o elemento
linear, e o resultado (69) pode ser confirmado para o elemento quadrático somando as linhas da
matriz de rigidez definida no Exercício 7.
Exercício 12: Demonstre a equação (69) usando a condição (42) e as definições (61) a (63).
Exercício 13: Mostre que é nula a resultante das forças nodais equivalentes a uma variação
térmica. Sugestão: Integre por partes o termo correspondente definido na equação (59),
tomando, ou não, em consideração que é auto-equilibrado o esforço residual devido a um
gradiente térmico.
32
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
Exercício 15: Substitua na equação (71) as aproximações (43) e (44) para os campos de
deslocamento e deformação e recupere os resultados (52) a (55), admitindo que a carga de vão
é contínua.
Exercício 16: Generalize a definição da energia potencial para incluir o efeito da deformação
térmica e recupere a definição (59).
deslocamentos correspondentes, u ( x) e ui .
No entanto, essa relação mantém-se quando se exige apenas que o esforço axial e as forças
aplicadas definam uma solução estaticamente admissível e a deformação e os deslocamentos
definam uma solução cinematicamente admissível,
L 2
ε c ( x) N e ( x) dx = ∫ u c ( x) f e ( x) dx + ∑ uic Fi e
L
∫0 0
i =1
(72)
não havendo necessariamente uma relação de causalidade entre essas duas soluções, isto é,
independentemente das relações constitutivas serem ou não respeitadas.
A equação (72) define, evidentemente, o Teorema dos Trabalhos Virtuais, na forma de
deslocamentos virtuais quando se admite que a solução estaticamente admissível é a que
fisicamente se desenvolve na estrutura,
L 2
δε ( x) N ( x) dx = ∫ δ u ( x) f ( x) dx + ∑ δ ui Fi
L
∫ 0 0
i =1
(73)
33
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
Exercício 17: Mostre que o resultado (72) e, portanto, a equação (4) podem ser obtidos a
partir das equações básicas resumidas no Quadro 2.
Exercício 18: Generalize os resultados (4) e (72) para incluir o efeito de deformações
térmicas.
Exercício 19: Substitua na equação (73) as aproximações (43) e (44) para os campos de
deslocamento e deformação e recupere os resultados (52), (53), (55) e (59), admitindo que a
carga de vão é contínua. Mostre que não é possível recuperar esses resultados recorrendo à
equação (74) do Teorema das Forças Virtuais.
+ D ∂ x (Ψ d ) x = L = F2 (77)
34
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
Existem vários métodos para impor estas condições de maneira aproximada, ou fraca. A
equação resolvente (52) do Método dos Elementos Finitos é recuperada recorrendo ao Método de
Galerkin (uma variante do Método dos Resíduos Pesados), o qual consiste em impor a equação
(75) em média, ou ponderadamente, usando as funções de aproximação como coeficientes de
ponderação:
∫ Ψ {∂ }
D ∂ x (Ψ d ) + f dx = 0
L
T
x (78)
0
Exercício 20: Recupere os resultados (52) a (55) integrando por partes a equação (78) para
incluir as condições de fronteira (76) e (77), e recorrendo às definições (41) e (45).
A equação resolvente (52) tem a seguinte expressão geral para o elemento de dois nós,
K11 K12 d1 F10 F1
K = +
21 K 22 d 2 F20 F2
L
K 22 = ∫ (+1/L) D (+1/L) dx = + D /L
0
L
K12 = K 21 = ∫ (−1/L) D (+1/L) dx = − D /L
0
Existindo cargas de vão, as forças nodais equivalentes são determinadas pela definição (58):
L
F10 = ∫ (1 − x /L) f dx (79)
0
L
F20 = ∫ ( x /L) f dx (80)
0
Para uma carga axial linear, f ( x) = (1 − x /L) f1 + ( x /L) f 2 , obtêm-se as seguintes definições
para as forças nodais equivalentes:
F10 L 2 f1 + f 2
= (81)
F20 6 f1 + 2 f 2
Q = T TF (83)
que garantem a invariância do trabalho, ou seja, que o trabalho não depende do referencial em
que as forças e os deslocamentos são medidos:
d T F = qTQ
A equação resolvente expressa no referencial global da estrutura,
K * q = Q0 + Q (84)
36
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
Q0 = T T F0
A matriz de transformação tem a seguinte definição,
cos α sen α 0 0
T = (85)
0 0 cos α sen α
sendo a forma explícita da equação resolvente do elemento linear em coordenadas globais:
q6 , Q6
q3 , Q3
z* q5 , Q5
q4 , Q4
q2 , Q2
q1 , Q1 y*
x*
37
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
{ Q1 Q3 } = { F 0}
T
Q2 0 (88)
y* q2 , Q2
p F
q1 , Q1
D = EA = const.
L
q3 , Q3
x*
L
A substituição desses valores, da rigidez axial e do vão na equação (86) define as condições
de equilíbrio nodal de cada elemento tomado isoladamente. É conveniente definir separadamente
as forças nodais equivalentes devidas aos deslocamentos nodais (a solução complementar),
Q11 0 0 0 0 q11
1
Q2 D 0 1 0 −1 q12
1 = (89)
Q3 L 0 0 0 0 q31
Q4
1
c 0 −1 0 1 q14
38
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
Q12 1 0 −1 0 q12
2
Q2 D 0 0 0 0 q22
2 = (90)
Q3 L −1 0 1 0 q32
Q4
2
c 0 0 0 0 q42
Q13 1 −1 −1 1 q13
3 −1 1 1 −1 3
Q2 2D q2
3 = (91)
Q3 4L −1 1 1 −1 q33
Q43 3
c 1 −1 −1 1 q4
e as forças nodais equivalentes à carga de vão (a solução particular) as quais são nulas nos
elementos 2 e 3, sendo calculadas para o elemento 1 recorrendo à definição (81):
Q101 0 Q102 Q103 0
1 2 3
Q20 1 1 Q20 Q20 0
1 = 2 pL ; 2 = 3 = (92)
Q30 0 Q30 Q30 0
Q40
1
1 Q402 Q40
3
0
A aplicação deste critério para construir a estrutura combinando os elementos que a formam
realiza-se com base na seguinte tabela de incidências, que relaciona os deslocamentos e forças
nodais da estrutura com os deslocamentos e forças nodais nos elementos considerados
isoladamente, de acordo com a numeração definida nas Figuras 22 e 23:
Estrutura ( qi , Qi ) 1 2 3
Elemento 1 ( qi1 , Qi1 ) 3 4 -
Elemento 2 ( qi2 , Qi2 ) - - 3
Elemento 3 ( qi3 , Qi3 ) 3 4 1
Tabela 2: Incidência nodal (deslocamentos indeterminados e forças correspondentes)
Esta tabela tem duas leituras. A primeira é a que estabelece a condição de continuidade dos
deslocamentos nodais,
39
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
q31 = q33 = q1
1
q4 = q4 = q2
3
(93)
q2 = q3 = q
3 1 3
e a segunda é a que define a resultante das forças nodais quando as barras são ligadas entre si:
Q1 = Q31 + Q33
Q2 = Q4 + Q4
1 3
(94)
Q = Q 2 + Q3
3 3 1
{ Q10 Q3 } = { 0 pL 0}
T 1
Q2 2 (95)
As definições (93) e (94) são usadas para determinar os coeficientes K ij da matriz de rigidez
da estrutura, presente na equação (87), em função dos coeficientes das matrizes de rigidez K ije
dos elementos, de acordo com as equações (89) a (91). Atendendo a que K ij representa a força
nodal Qi na estrutura devida ao deslocamento unitário q j e que K ije representa a força nodal Qie
no elemento e devida ao deslocamento unitário q ej , conclui-se que, para o exemplo da Figura 22:
K11 = K 33
1
+ K 33
3
K12 = K 34
1
+ K 34
3
K13 = K 313
K 21 = K 43 + K 43 K 22 = K 44 + K 44 K 23 = K 41
1 3 1 3 3
(96)
K = K3 K = K3 K = K2 + K3
31 13 32 14 33 33 11
Exercício 23: Aplique o processo acima descrito para obter a equação resolvente (33) da
barra com apoios fixos discretizada em dois elementos representada na Figura 10.
40
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
1 D D
q2 = 0 K 21 = −
2 2L 2 2L
q1 = 1 D
K11 =
2 2L
1 D D
K 31 = −
2 2L 2 2L
q3 = 0
θ ( x) = const.
q1 =
pL2 FL
2D
+
D
(
2 1 + 2 ; q2 =
2D
)
pL2 FL
+
D
; q3 =
FL
D
Na mesma figura estão definidas as forças nodais (88) e (95) que foram, de facto, utilizadas
para determinar essa solução através do sistema resolvente (87). Na Figura 26 estão identificados
os deslocamentos impostos, qi = 0 nesta aplicação, e as forças correspondentes, as reacções de
apoio Ri . Esta informação é utilizada para relacionar esses deslocamentos e reacções com os
deslocamentos e as forças nodais de cada elemento, definidos na Figura 23, obtendo-se a Tabela
3, com a informação complementar da resumida na Tabela 2.
Estrutura ( qi , Ri ) 1 2 3
Elemento 1 ( qi1 , Qi1 ) 1 2 -
Elemento 2 ( qi2 , Qi2 ) 1 2 4
Elemento 3 ( qi3 , Qi3 ) - - 2
Tabela 3: Incidência nodal (deslocamentos impostos e reacções correspondentes)
R1 = Q11 + Q12
R2 = Q2 + Q2
1 2
(98)
R = Q 2 + Q3
3 4 2
42
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
q1 Q2 + Q20 = 0 + 12 pL
q2
Q1 + Q10 = F + 0
1
2 pL
Q3 + Q30 = 0 + 0
q3
Figura 25: Deslocamentos indeterminados e forças correspondentes
q1 = 0 R1
q2 = 0 q3 = 0 R2 R3
ε 1 = ( 12 pL + F ) /D; ε 2 = F /D; ε 3 = − 2 F /D
43
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
R1 = − F ; R2 = − pL − F ; R3 = + F
mostram o seguinte:
• As reacções recuperam a solução exacta (o que não constitui uma conclusão geral), pois a
estrutura é exteriormente isostática (o que é uma conclusão geral);
• Por se ter utilizado uma aproximação linear para o campo de deslocamento, a condição de
equilíbrio no domínio (5) é satisfeita localmente para os elementos 2 e 3 (sem carga de
vão) mas é violada para o elemento 1 (sujeito a uma carga de vão uniforme, sendo
N 1 = p ( L − x) a solução exacta).
Estas condições são avaliadas analisando a deformada da estrutura produzida pelo programa
de cálculo, só podendo ser violadas se houver erro na introdução dos dados, sobre as condições
de apoio e sobre a incidência das barras, respectivamente.
Não deve ser necessário verificar se o deslocamento é contínuo em cada elemento, se a
deformação é compatível ou se a deformação e o esforço satisfazem localmente a relação de
elasticidade, pois essas condições estão implícitas na aproximação.
Relativamente às condições de equilíbrio, deve-se distinguir o equilíbrio no domínio de cada
elemento e o equilíbrio das forças nodais. Os critérios de análise são os seguintes:
44
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
Relativamente ao equilíbrio das forças nodais, devem-se distinguir dois tipos de forças
nodais: as forças (conhecidas) correspondentes aos deslocamentos independentes e as forças
(desconhecidas, as reacções) correspondentes aos deslocamentos impostos.
Não deve ser necessário verificar o equilíbrio das forças nodais dadas e das forças nodais
equivalentes às cargas de vão, pois essa condição é explicitamente imposta pela equação
resolvente do Método dos Deslocamentos.
Qualquer desequilíbrio detectado entre as reacções e as resultantes, em cada nó, das forças
nodais dadas e das forças nodais equivalentes às cargas de vão indica (a menos de erros de
precisão numérica) existir um erro na introdução dos dados sobre o carregamento.
17. Sistematização
O processo de cálculo coincide, em linhas gerais, com o processo adoptado no anterior exemplo
sobre a análise de uma estrutura articulada, o qual é basicamente idêntico ao adoptado na
aplicação do Método dos Deslocamentos na análise de estruturas reticuladas.
Caracteriza-se pela execução de três grandes grupos de operações, designadamente a fase de
pré-processamento, em que se recolhe e armazenam os dados sobre a estrutura e o carregamento,
a fase de processamento, em que se monta e se determina a solução do sistema resolvente, e a
fase de pós-processamento, em que se caracteriza a resposta da estrutura ao carregamento dado.
A estrutura é caracterizada definindo os nós que partilham duas ou mais barras, as
coordenadas desses nós e as suas condições de ligação ao meio de fundação (as condições de
fronteira cinemáticas). Os deslocamentos independentes são facilmente identificados, tomando
como variáveis todas as componentes, medidas no referencial global da estrutura, que não estão
condicionadas pelas condições de apoio.
São depois identificadas as barras que formam a estrutura, caracterizando as propriedades
geométricas e mecânicas e indicando os nós de extremidade. É com base nessa informação que
posteriormente se definem as tabelas de incidência nodal. Para além disso, deve-se agora
escolher o tipo de elemento, isto é, o grau de aproximação a utilizar em cada elemento. Para
concluir a compilação dos dados sobre o problema estrutural, a fase de pré-processamento, é
necessário definir o carregamento, caracterizando as cargas de vão e definindo as forças nodais.
45
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
os quais são definidos de modo a garantir que, a menos da precisão numérica, o resultado é
exacto se a função for polinomial com grau,
p = 2N −1
sendo N o número de pontos de Gauss: um ponto de Gauss é suficiente para integrar uma função
linear e dois integram exactamente um polinómio cúbico.
46
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
0 0
n =1
Exercício 25: Verifique o resultado (81), assim como o representado na Figura 11, integrando
numericamente as definições (79) e (80).
18. Conclusão
São as seguintes as ideias que interessa reter desta introdução ao modelo de deslocamento do
Método dos Elementos Finitos:
47
Análise de Estruturas II: Estruturas Articuladas
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