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Questao de género e soberania alimentar: auto- organizacao de mulheres do MST no estado do Espirito Santo* Gender issue and food sovereignty: self-organization of women in the MST of Espirito Santo Renata Couto Moreira**, Claudilene da Costa Ramalho*** Resumo- 0 anigo tae relexdes acerca dis experiénlas de coletivos de muheres'a partir da tealidade dss miltantes do Movimento. dos ‘Trabalnadores Rurais sem Tera INST) aos sstentamentor Adso Preto eipNuke em Nova Venéeia, ao note do fspita Santo. Considers. Se etsencal entender eslosatvdades na basen da methoria na qual dlde de vida das familias assontadas. Com iso, protendeuse cut Como potencalzar esas experiencing © propia formas de arial {ave ofgantar suas demandss. Para tanta, buacou-se smolar © debate ds questio de género e sigs categoras explieatvas para a compre neo dae relagbes Ge producso.na agricatrs, foralecende pes ectva de acesto dos de tos poiicas publiss. A proponta metodo Fegiea ‘toa da pesquisaagao veanda metodologie de diagnontic planejamento parcipaiv de trabalho. popula, com 2 afterancia fe espagos de diagnarca e reflex teres com acbes que potenca: ilggaors a formagio.e 3 troca de experiéncat enre as mulheres. fainwras-chave: yore questo agar mous sol pole Abstract This paper brings theoretical elections an the expuriences of ‘women’ collectives seated of agrarian reform, ftom the reali of ASO Preto and Pip-Nuk settlements, in Nova Vena, mort of Espirito Santo. Undetsiane this existing activities becomes essential in the Search for improving Ife alt nthe stlemente With this we sought io discuss how to leverage these experiences, and provide ways 0 Sriculate ther and organize thei demands. For thie, we atompted iolbroaden the dacusson of gender ane thei explanatory estepores for understanding te relations of production in agresitue and thet fran of iis nd public pic. The mthaloy wat acon methodologies of popular work ut stemating spaces of diagnostics She theoretical rfietions wih actions that srengthen the formation and exchange of experiences among women Keywords: gender, spranan question: popular social movement Traders since JSCNPO pars arelzastodea pram, camo ds Univers der opin Santo UFES, Coreapondenca: Departamento de Sorvig Soci LURES Avenida Permando feat 514, CSlabaasCEP-29075.910" Vitel, mal tenaa mortals b> Assert soil da Asoca¢30 ds Mun ipo da Micronegio do Mec eguton AMEE, mestanda no programs de Pi radvogso em Poltica Sola da UFES,Corespondénca Departament de Serio Socal” UES Extenda eran Feran 31, Goisberas C= 29078:910- waorai’. ma laueoes@htnl com> EMPAUTA Rio de ano. 2Semestrede 2015-0. 32,9-11,p.249.27 Revista da Faculdade de Srvc Social da Universidade do Esado do Rode ansiro 249 Introducao Aeexperiéncia em assentamentos de auto-organizacao de mulheres militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no Espfrito Santo (ES), apresenta-se como uma realidade que leva a importantes reflexes. A primeira é acerca da resisténcia que representam as familias de trabalhadores rurais no campo e na cidade. A outra evidencia o papel das mulheres na garantia de soberania alimentar dentro da construcao de uma nova perspectiva para as relagdes de producao ¢ de género. Discutir esses aspectos torna-se objetivo fundamental para compreensdo do problema da fome, do éxodo rural e das alternativas de superacao dos mesmos sob 0 ponto de vista das politicas sociais. As mudangas mundiais que vém ocor- rendo atualmente esto exigindo uma reorganizagao da sociedade, uma nova partilha de tarefas, um novo sistema de divisdo do trabalho e um maior equilfbrio na presenca feminina e masculina nos diferentes ambientes setores da vida humana. Em consequéncia, essa maior insergdo na vida pblica cria condigGes ao despertar da consciéncia da mulher que passa a exigir uma participacdo mais equitativa nas grandes decisdes politicas © econdmicas. De acordo com Faria e Nobre (2003), é no campo da producdo que se dao as definigdes financeiras e politicas. Os maiores acessos a ambas as esferas expoem as contradicdes e discriminacGes a que o género feminino vem sendo historicamente reprimido, aprofundando a necessidade de auto- organizacao das mulheres para lidar com as condigdes materiais que as libertam e, a0 mesmo tempo, submetem-nas. Os objetivos da experiéncia de auto-organizaco de mulheres extrapolam, portanto, a esfera da geracao de trabalho e renda, ainda que considerada fundamental para a ‘emancipacao das mesmas. No entanto, agregam outras necessidades que socialmenie foram sendo negadas a este género. A formacao na busca pela autonomia politica e social, e 0 estudo do papel das mulheres nas esferas produtiva e reprodutiva, sobre como se da a divisao sexual do trabalho na sociedade atual e, também, de como funciona a sociedade, se configuram igualmente como essenciais para as transformacées almejadas. No conceito de soberania alimentar tratado pelo presente artigo, ‘0 que esta em jogo é a contraposigao enire distintos modos e relagdes de producdo, de como estdo organizados a distribuicao, o preparo e o consumo de alimentos pelas familias rurais e urbanas. Estas se alteraram historicamente na transi¢ao de uma produgao agricola, praticamente relacionada ao auto- consumo, para outra voltada, exclusivamente, a légica do mercado durante © aprofundamento da especializacao campo-cidade (CALDART et al, 2012). Da primeira, focada no valor de uso, para a segunda, no valor de troca. A reconfigura¢ao na divisao social do trabalho nao escaparia a esfera doméstica e a participagdo da forca de trabalho feminina, cada vez mais, EMPAUTA, lo de ano 2Semestrede 2015-0.32,9-11,p.249.27 250 Revista da Faculdade de Serco Sci da Urvesdade do Estado do Rio de nero

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