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1.

Formação da Matéria

1.1 Classificação dos elementos

Existem três classes de elementos: metais, não metais e metaloides.


A maior parte dos elementos é metal.
Os Metais são sólidos em temperatura ambiente, com exceção do mercúrio, que é líquido,
brilhantes, condutores de eletricidade, dúcteis e maleáveis.
Em suas reações os metais tendem a doar elétrons. Também formam ligas, que são soluções de
um ou mais metais dissolvidos em outro metal. Por exemplo, o latão é uma liga de cobre e zinco.
o

Os Não-metais são a segunda classe de elementos. Com exceção do grafite, que é uma das
formas do carbono, os não metais não conduzem eletricidade em temperatura ambiente os não
metais podem se apresentar nos três estados da matéria. Fósforo e iodo são sólidos; bromo é um
líquido e o hidrogênio e hélio são gases.
Em suas reações químicas os não metais tendem a receber elétrons. Praticamente todos os
compostos encontrados em química orgânica são compostos de seis não-metais: hidrogênio (H),
carbono (C), nitrogênio (N), oxigênio (O), fósforo (P) e enxofre (S).
o

Outros seis elementos são classificados como Metaloides: boro (B), silício (Si), germânio (Ge),
arsênio (Ar), antimônio (An) e telúrio (Te).
Esses elementos têm algumas propriedades dos metais e alguns dos não-metais. Por exemplo,
alguns metaloides são brilhantes como os metais, mas não conduzem eletricidade. O silício é um
semicondutor, ou seja, ele não conduz eletricidade sob certas voltagens aplicadas, mas torna-se um
condutor em voltagens mais altas.

1.2 Elementos e matéria

A matéria pode ser dividida em três classes: substâncias puras, compostos e misturas.
As substâncias puras são aquelas formadas por átomos de apenas um elemento (como o
carbono, oxigênio, ferro) que consistem em átomos idênticos. São formados por átomos idênticos.
Compostos também são substâncias puras, porém formadas por dois elementos (portanto
átomos diferentes) em proporções fixas de massas. Por exemplo, a água é um composto formado
por átomos de hidrogênio e oxigênio e o sal de cozinha por átomos de cloro e sódio.
Um composto é caracterizado por sua fórmula. A fórmula de um composto nos dá as proporções
dos seus elementos constituintes, e identifica cada elemento por seu símbolo atômico. Por exemplo,
no sal de cozinha, a proporção de átomos de sódio para átomos de cloro é de 1:1. Dado que o
símbolo atômico do sódio é o Na, e a do cloro é o Cl, a fórmula do sal de cozinha é NaCl. Para a água,
a proporção é de dois átomos de hidrogênio (H) para um átomo de oxigênio (O), portanto a fórmula
da água é H2O. O número subscrito que segue os símbolos atômicos indica a proporção dos
elementos que se combinam. O número 1 é sempre omitido no subscrito.

Misturas são as combinações de ao menos duas substâncias puras ou compostos. A maior parte
da matéria que encontramos no dia-a-dia consiste em misturas e não em substâncias puras. Por
exemplo, sangue, manteiga, gasolina, sabão, argilas, ligas metálicas e até mesmo o ar que
respiramos são exemplos de misturas de substâncias puras.
Uma diferença importante entre composto e mistura é que as proporções, em massa, dos
elementos em um composto são fixas, enquanto na mistura as substâncias puras podem estar
presentes em qualquer proporção de massa.

1.3 Ligações entre os átomos

Substâncias puras, compostos e misturas são formadas pelos átomos de seus elementos
constituintes que se mantêm unidos graças a poderosas forças de atração, chamadas ligações
primárias ou químicas. Essas ligações que mantêm os átomos unidos podem ser de três tipos: as
iônicas, as covalentes e as metálicas.

As ligações iônicas e covalentes em sua formação seguem a chamada Regra do Octeto.

REGRA DO OCTETO – Gilbert N. Lewis, em 1916, demonstrou que a falta de reatividade química
dos gases nobres indica um alto grau de estabilidade em suas configurações eletrônicas, devido a
forma com que a camada de valência (ou seja, a camada de elétrons mais externa) desses elementos
está preenchida. Por exemplo, o hélio, com uma camada de valência preenchida com dois elétrons
e os demais gases nobres com uma camada de valência preenchida com oito elétrons.
A estabilidade é obtida devido aos átomos reagirem de modo a formar uma camada de valência
com oito elétrons (com exceção do hélio). Esta tendência é particularmente comum e recebeu o
nome de regra do octeto.

Há duas maneiras de os átomos adquirirem camada de valência completas:


1. Um átomo pode perder ou ganhar elétrons em quantidades suficientes para adquirir uma
camada de valência preenchida, tornando-se um íon. A ligação iônica resulta da força de atração
eletrostática entre um cátion e um ânion. Segundo a regra do octeto, um átomo com quase oito
elétrons de valência tende a ganhar elétrons necessários a chegar a oito elétrons em sua camada
de valência. Ao ganhar elétrons, o átomo torna-se um íon de carga negativa, denominada ânion.
Por outro lado, um átomo com apenas um ou mais elétrons de valência tende a perder o número
de elétrons necessário para uma configuração eletrônica como a do gás nobre mais próximo em
número atômico. Ao perder elétrons, o átomo se torna um íon de carga positiva, denominado
cátion.
A Ligação iônica geralmente se forma entre um metal e um não-metal. Um exemplo de ligação
iônica é aquela formada entre o metal sódio e o não-metal cloro, no composto cloreto de sódio,
Na+Cl- (sal de cozinha), Figura 1. Quando se forma um íon, o número de prótons e nêutrons no
núcleo do átomo permanece inalterado, muda somente o número de elétrons na camada de
valência do átomo.

Figura 1 – Uma ligação iônica foi criada entre dois átomos diferentes. Quando o sódio doa seu elétron de
valência ao cloro, ambos se tornam íons; ocorre, então a atração entre os íons, resultando na ligação iônica.

2. Um átomo pode compartilhar elétrons com um ou mais átomos para adquirir uma camada
de valência preenchida. A ligação covalente resulta da força de atração entre dois átomos que
compartilham um ou mais pares de elétrons. Forma-se uma molécula de íon poliatômico.
A ligação covalente é formada quando dois não-metais ou um metaloide e um não-metal se
combinam. Em uma ligação covalente, os dois átomos ligados compartilham o par de elétrons e ele
preenche a camada de valência de cada átomo, Figura 2.
O exemplo mais simples da ligação covalente é a molécula de hidrogênio, H2.

Quando dois átomos de hidrogênio se ligam, os elétrons de cada um dos átomos se combinam
para formar um par. O par de elétrons é compartilhado entre os dois átomos de hidrogênio,
formando a molécula H2, e assim completando a camada de valência de cada átomo de hidrogênio
com dois elétrons, ou seja, com a configuração eletrônica do hélio (He), o gás nobre mais próximo
do hidrogênio, em número atômico.
Figura 2 – Nas ligações covalentes, os elétrons devem ser compartilhados entre átomos, de modo que cada
átomo tenha sua camada de valência preenchida. No caso do átomo de silício, que tem valência quatro, é
preciso formar quatro ligações covalentes.
o

Exceções à regra do octeto: Embora a maior parte das moléculas formadas pelos elementos do
grupo principal (1A a 7A) da tabela periódica tenham estruturas que satisfazem a regra do octeto,
existem algumas exceções, como algumas moléculas que contem um átomo com mais de oito
elétrons na camada de valência. Por exemplo, os átomos de fósforo (P) no pentacloreto de fósforo
(PCl5) ou no ácido fosfórico (H3PO4) têm dez elétrons em suas camadas de valência.
O enxofre é capaz de formar compostos com oito, dez ou até mesmo doze elétrons na camada
de valência.
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Na formação de um composto metálico puro (formado apenas por elementos metálicos) temos
que os átomos metálicos estão dispostos a doar seus elétrons de valência, formando uma nuvem
de elétrons ao redor dos átomos, Figura 3.

Figura 3 – As ligações metálicas ocorrem quando os elétrons de valência formam uma “nuvem” de elétrons
que pertencem a todos os átomos. O que sobrou dos átomos (núcleos e elétrons das camadas mais internas),
tornaram-se íons positivamente carregados e são unidos graças à atração mútua com os elétrons, que são
negativamente carregados.
O alumínio, por exemplo, perde os seus três elétrons de valência, restando-lhe apenas o núcleo
e os elétrons das camadas mais internas. Com a falta destes três elétrons, há um excesso de três
prótons no núcleo, tornando-se, portanto, um cátion com carga +3 (Al3+). Os elétrons da camada de
valência (que sempre apresentam uma carga negativa) movem-se livremente em uma “nuvem” ao
redor dos cátions, pertencendo simultaneamente a todos eles. Os cátions ficam unidos pela atração
mútua com os elétrons, produzindo assim uma forte ligação metálica.

As ligações secundárias, de van der Waals ou físicas são ligações fracas em comparação às
ligações primárias. As ligações secundárias existem em praticamente todos os átomos ou moléculas,
mas a sua presença pode ser obscurecida se qualquer uma das três ligações primárias estiver
presente.
A ligação secundária fica evidente para os gases inertes, que possuem estruturas eletrônicas
estáveis, e ainda entre moléculas em estruturas moleculares ligadas de forma covalente.
As forças de ligação secundárias surgem através de dipolos atômicos ou moleculares, Figura 4.

Figura 4 – Ilustração esquemática da ligação de van der Waals entre dois dipolos.

Um dipolo elétrico existe sempre que há alguma separação entre as partes positiva e negativa
de um átomo ou molécula, Figura 5. A ligação resulta da atração de Coulomb entre a extremidade
positiva de um dipolo e a região negativa de um dipolo adjacente.

Figura 5 – Um dipolo pode ser criado ou induzido em um átomo ou molécula que é normalmente simétrico
(a). Como todos os átomos apresentam movimentos constantes de vibração, distorções instantâneas e de
curta duração podem ocorrer nessa simetria elétrica, originando pequenos dipolos elétricos (b). Um desses
dipolos pode, por sua vez causar um deslocamento na distribuição eletrônica de uma molécula ou átomo
adjacente, induzindo a segunda molécula ou átomo a também se tornar um dipolo, que por sua vez é
fracamente atraído ao primeiro. Em algumas moléculas, momentos dipolares permanentes existem devido
a um arranjo assimétrico de regiões carregadas positiva e eletricamente, originando as moléculas polares (c).
As interações de dipolo ocorrem entre dipolos induzidos, entre dipolos induzidos e moléculas
polares (que possuem dipolos permanentes) e entre moléculas polares.
A ligação de hidrogênio, Figura 6, é um tipo de ligação secundária encontrada entre algumas
moléculas que têm hidrogênio como um de seus átomos constituintes.

Figura 6 – Representação esquemática da ligação de hidrogênio no fluoreto de hidrogênio (HF).

1.4 Características dos materiais com relação ao tipo de ligação

Não podemos prever se determinado material terá alta ou baixa resistência, ou se será dúctil ou
frágil, baseando-se apenas na natureza de suas ligações. Outras informações sobre as estruturas em
nível atômico, micro e macro do material devem ser consideradas, porém, a natureza das ligações
indica uma tendência geral em materiais com certos tipos de ligação e composição química.
Por exemplo, a alta energia de ligação, presente nos materiais que apresentam ligações iônicas,
os tornam também mecanicamente mais resistentes.
A condutividade elétrica dos sólidos com ligações iônicas, porém, é bastante limitada. Grande
parte da corrente elétrica se deve a movimentação dos íons, Figura 7. Devido a suas dimensões, os
íons não se movem tão facilmente quanto os elétrons. No entanto, em muitas aplicações
tecnológicas utilizamos a condução de eletricidade decorrente do movimento de íons, como
resultado da elevação de temperatura, entre outros fatores. Um exemplo são as baterias de íons de
lítio, que empregam óxido de lítio-cobalto.

Figura 7 – Ao aplicar tensão elétrica a um material iônico, os íons se movem e geram corrente elétrica. O
movimento dos íons é lento, o que explica a baixa condutividade elétrica.
As ligações covalentes são bastante fortes, portanto os materiais que apresentam esse tipo de
ligação são muito resistentes e duros. O diamante (C), o carbeto de silício (SiC), o nitreto de silício
(Si3N4) e o nitreto de boro (BN), por exemplo, são materiais covalentes.
Materiais covalentes têm ponto de fusão bastante elevados, o que os ornam úteis em aplicações
em temperaturas elevadas. Porém, a resistência a altas temperaturas cria desafios ao
processamento desses materiais. Além disso, os materiais ligados covalentemente costumam ter
ductilidade limitada, já que as ligações tendem a ser direcionais.
A condutividade elétrica de vários materiais covalentes (por exemplo, silício, diamante e algumas
cerâmicas) não é elevada, pois os elétrons de valência estão presos nas ligações entre os átomos,
não estando prontamente disponíveis para condução. Em alguns desses materiais, como o silício, a
inserção deliberada de pequenas quantidades de outros elementos, conhecidos como dopantes,
pode originar níveis controlados de condutividade elétrica. A utilidade, nesse caso decorre desta
condutividade intermediária (são os chamados materiais semicondutores).
Os materiais com ligações metálicas têm módulos de elasticidade relativamente elevados, pois a
força de ligação é elevada. Os metais apresentam, ainda, boa ductilidade, pois suas ligações não são
direcionais. Outras razões, referentes à microestrutura dos materiais metálicos, podem explicar
porque os materiais com ligações metálicas apresentam menor resistência mecânica e maior
ductilidade do que as previstas pelas suas ligações.
A ductilidade refere-se à capacidade dos materiais serem deformados sem se romper. Em geral,
os pontos de fusão dos metais são relativamente altos. Além disso, do ponto de vista das
propriedades ópticas, os metais podem ser bons refletores de radiação visível. Por serem
apresentarem íons carregamentos positivamente, muitos metais, como o ferro, estão sujeitos a
corrosão ou oxidação.
Vários metais puros são bons condutores de calor e são efetivamente usados em muitas
aplicações de transferência de calor.

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