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AUTORES
Augusto Nelson Carvalho Viana
Renato Swerts Carneiro Dias Junior
COORDENADOR TÉCNICO
Peter Batista Cheung
COORDENADOR EDITORIAL
Alexandre Batista Pereira Gealh
ISBN 978-85-63202-05-5
CDU – 628.1
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 5
1. APRESENTAÇÃO
Este Guia Prático de Avaliação de Estações Elevatórias aborda medições e análises que devem ser realizadas no diagnóstico
hidroenergético de uma estação elevatória. É complementar ao Guia Prático de Planejamento e Boas práticas em campo, e
apresenta procedimentos para identificar e avaliar oportunidades de uso mais eficiente de energia em estações elevatórias.
2. INTRODUÇÃO
O diagnóstico energético de uma instalação é uma avaliação sistemática do uso da energia em suas operações, e envolve le-
vantamento de dados, medições e análises visando oportunidades de uso mais eficiente.
As estações elevatórias em sistemas de saneamento são instalações com o objetivo de transportar água entre pontos de dife-
rentes níveis. Estas podem ser utilizadas tanto para o recalque de água bruta como também de água tratada.
Geralmente são compostas por conjuntos motobomba, tubulações e seus acessórios (válvulas, tês, reduções, etc.) Que succio-
nam a água de um poço de sucção e recalcam para outra unidade do sistema, como estação de tratamento, reservatório ou
direto na rede. As elevatórias tipo “booster” se destinam a aumentar a pressão em adutoras ou redes de distribuição de água.
6 GUIA PRÁTICO Avaliação de Estações Elevatórias
EQUIPE
Este trabalho é fruto do convênio ECV-DTP 004/2011 firmado entre a ELETROBRAS, no âmbito do PROCEL e a UFMS/FAPEC, tendo como
um de seus produtos a elaboração de guias técnicos para auxiliar a realização de Diagnóstico Hidroenergético e controle operacional em
sistemas de abastecimento de água.
ELETROBRAS/PROCEL
PRESIDÊNCIA
José da Costa Carvalho Neto
UFMS
REVISOR TÉCNICO
Fábio Veríssimo Gonçalves
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 7
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO......................................................................................................................... 5
2. INTRODUÇÃO............................................................................................................................ 5
3. METODOLOGIA DE DIAGNÓSTICO........................................................................................ 9
3.1 PLANO DE MEDIÇÕES............................................................................................................ 9
4. EQUIPAMENTOS E MEDIÇÕES.................................................................................................. 9
4.1. MEDIÇÕES DE VAZÃO............................................................................................................ 9
4.1.1 Medidor de Vazão Ultrassom ......................................................................................9
3.2. RELATÓRIO E ENCERRAMENTO............................................................................................ 9
4.2 MEDIÇÕES DE GRANDEZAS ELÉTRICAS............................................................................... 14
4.3 ROTAÇÃO.................................................................................................................................. 14
5. AVALIAÇÃO DE INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E ELÉTRICAS................................................. 14
5.1 PLACA DA BOMBA COM OS DADOS NOMINAIS ................................................................. 14
5.2 TEMPERATURA.......................................................................................................................... 14
5.3 VIBRAÇÃO.................................................................................................................................. 15
5.4 PLACA DO MOTOR E DADOS NOMINAIS............................................................................. 15
5.5 AVALIAÇÃO GERAL DE CONDIÇÕES ELÉTRICAS................................................................. 16
5.5.1 Tensão de alimentação ................................................................................................16
5.5.2 Desequilíbrio de Tensão .............................................................................................16
5.5.3 Corrente ......................................................................................................................16
5.5.4 Distorção harmônica ...................................................................................................16
6. ENSAIOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO.......................................................................... 17
6.1 ENSAIO DE RENDIMENTO DE CONJUNTOS MOTOBOMBA............................................. 17
6.1.1 Determinação da Curva do Sistema e da Bomba ......................................................18
6.1.2 Determinação da Curva da Bomba ............................................................................18
6.1.3 Determinação da curva do sistema ............................................................................18
6.1.4 Interpolação por três pontos ......................................................................................19
6.1.5 Altura Total de Elevação .............................................................................................19
6.1.6 Rendimento do motor .................................................................................................20
6.1.7 Rendimento do conjunto .............................................................................................20
7. MONITORAMENTO DOS PARÂMETROS HIDRÁULICOS E ELÉTRICOS............................... 20
8. ANÁLISE DE DADOS................................................................................................................... 22
8.1 HISTÓRICO DAS FATURAS DE ENERGIA................................................................................ 22
8.1.1 Classificação das Unidades Consumidoras .................................................................22
8.1.2 Consumo de energia [kWh] ........................................................................................22
8.1.3 Demanda [kW] ............................................................................................................22
8.1.4 Fator de Potência ........................................................................................................23
8.1.5 Custos da energia ........................................................................................................23
8.2 ESTABELECIMENTO DE LINHA DE BASE............................................................................... 23
8.3 CÁLCULO DE INDICADORES ................................................................................................. 24
8.3.1 Consumo específico de energia (CE) ..........................................................................24
8.3.2 Consumo específico normalizado (CEN).....................................................................24
9. PROPOSIÇÃO DE MEDIDAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA COM ESTIMATIVA DE BENEFÍ-
CIOS.................................................................................................................................................. 24
9.1 MELHORIA DE RENDIMENTO DOS EQUIPAMENTOS......................................................... 24
9.1.2 Exemplo de substituição de bomba ............................................................................25
9.1.3 Motores ........................................................................................................................26
9.2 REDUÇÃO DA ALTURA TOTAL DE ELEVAÇÃO.................................................................... 27
9.2.1 Exemplo em limpeza de adutora ................................................................................27
9.3 OTIMIZAÇÃO DO USO DE RESERVATÓRIOS........................................................................ 28
9.3.1 Cálculo do volume útil .................................................................................................28
9.3.2 Exemplo de redução de bombeamento no horário de ponta ....................................29
9.4 MEDIDAS DE REDUÇÃO DO CUSTO DA ENERGIA.............................................................. 29
9.4.1 Enquadramento da demanda contratada ..................................................................29
9.4.2 Escolha do sistema de Tarifação ..................................................................................30
9.4.3 Correção do fator de potência ....................................................................................30
9.4.4 Principais Causas de um Baixo Fator de Potência .....................................................30
9.5 APLICAÇÃO DE CONVERSORES DE FREQUÊNCIA.............................................................. 30
9.5.1 Condições de Aplicação ..............................................................................................30
9.5.2 Seleção da Bomba para Operar com Rotação Variável .............................................31
9.5.3 Determinação da Rotação de Trabalho ......................................................................32
9.5.4 Determinação do Rendimento ....................................................................................32
do Conjunto .........................................................................................................................32
9.5.5 Determinação da Economia de Energia .....................................................................32
9.5.6 Estimativa da Redução do Volume Perdido em Vazamentos ....................................32
9.5.7 Vantagens e Desvantagens ao se Utilizar Conversores de Frequência .....................33
10. ANÁLISE ECONÔMICA DAS SOLUÇÕES................................................................................ 33
10.1 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)........................................................................................ 33
10.2 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) ................................................................................... 33
10.3 TEMPO DE RETORNO (TR) - PAYBACK ............................................................................... 34
10.4 CUSTOS EVITADOS E PREMISSAS PARA O CÁLCULO DA RELAÇÃO BENEFÍCIO/CUSTO
NA METODOLOGIA DA ANEEL.................................................................................................... 34
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................. 34
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 9
3. METODOLOGIA DE DIAGNÓSTICO
De maneira geral o diagnóstico energético pode ser decomposto em etapas de planejamento, plano de medições, medições
em campo e análise de dados e apresentação dos resultados através do relatório do diagnóstico, como ilustra o diagrama da
Figura 1 e metodologia detalhada, apresentada no Guia Prático de Planejameno e Boas Práticas em Campo, Volume 3 (VIANA;
DIAS JUNIOR, 2017).
Dois aspectos devem ser destacados, o plano de mediçoes e o relatório de encerramento, metodologias e ferramentas que ga-
rantem um diagnóstico energético bem elaborado, e que não foram abordados no Guia Prático de Planejameno e Boas Práticas
em Campo, Volume 3 (VIANA; DIAS JUNIOR, 2017).
4. EQUIPAMENTOS E MEDIÇÕES
4.1. MEDIÇÕES DE VAZÃO
O local ou os locais de medidas de vazão dependem da ins- me 3 (VIANA; DIAS JUNIOR, 2017) e na série Guias Práticos
talação de bombeamento a ser estudada. Para que a medida do PNCDA, Volume 2, Ensaios Pitométricos (FRANGIPANI,
tenha a menor incerteza possível, alguns critérios devem ser 2007a).
utilizados. Os procedimentos e metodologias para determinação de
Os procedimentos e metodologia para determinar os pontos pressão em tubulações e equipamentos (bombas, reservató-
de medição de vazão e executar as medições de vazão pela rios, etc.) estão detalhados na série Guias Práticos do PNCDA,
metodologia de Pitot-Cole são apresentadas no Guia Prático Volume 1, Macromedição (FRANGIPANI, 2007b).
de Planejameno e Boas Práticas em Campo, Volume 3 Volu-
A Figura 2 apresenta o esquema de um medidor de vazão Os escoamentos de fluxo, ou sejam, seus perfis de velocidades,
não intrusivo. A praticidade desse tipo de medidor torna-se requerem sempre um trecho reto de conduto para esta-rem
bastante interessante no sentido da sua facilidade de instala- perfeitamente desenvolvidos. Assim sendo, para que a medi-
ção e operação e da não necessidade de furação da tubulação da de vazão pelo ultrassom tenha incerteza menor possível,
e da não inserção de qualquer corpo ou ponta no interior da algumas recomendações em relação à instalação devem ser
mesma. Porém o local de sua instalação deve ser escolhido respeitadas. As Figura 3 e a Figura 4 apresentam recomen-
com cuidado, em um trecho retilíneo, para que não haja in- dações em relação as distâncias de válvulas, curvas, reduções,
terferência da turbulência ocasionada por singularidades. derivações, proximidades de bombas e outras.
Figura 2 - Medidor de vazão ultrassom de tempo de trânsito com sistema emissor/receptor não intrusivo.
4.1.3.1 Como instalar e medir a vazão com o Figura 3 – Distâncias recomendadas para utlização do medidor de vazão
ultrassom
ultrassom
O medidor de vazão precisa ser configurado e os transduto-
res devem ser espaçados de modo adequado em ordem para
eles detectem sinais ultrassônicos e meça o fluxo. A seguir
uma sequência de passos para a medição com o ultrassom.
1º passo: Selecionar o adequado obedecendo as distâncias
recomendadas como mostrado nas Figura 3 e Figura 4. A
escolha a seção que a tubulação esteja sempre cheia de líqui-
do com um tubo vertical sempre com o fluxo na ascendente
ou um tubo horizontal completo. Evitar locais no interior da
tubulação que tenham corrosão excessiva ou de formação
de carepas.
2º passo: Determinar a distância dos transdutores e instalar
(Tabela 1).
Figura 4 – Distâncias recomendadas para utlização do medidor de vazão
3º passo: Determinar a vazão e a velocidade de escoamento. ultrassom
O procedimento está na Tabela 2.
Existem vários fabricantes de medidores de vazão ultrassô-
nicos. Cada um tem a sua particularidade e traz um manual
completo com todas as informações sobre o equipamento,
inclusive a forma de opera-lo para se obter a vazão, a veloci-
dade de escoamento e também o volume. No caso descrito
apresentados nos três passos acima, de uma forma geral,
todos medidores operam dessa forma. Tem medidores com
limitações de diâmetros, como até 1[m], de custos mais bai-
xos, entretanto a seguir será mostrado um exemplo de um
equipamento que pode medir vazão em diâmetros de tu-
bulações até 6[m] e neste caso de custos mais altos.
Esse medidor mede muito bem água tratada e O menu apresenta vários líquidos, mas no ex. a opção
3– O menu solicita o tipo de fluido. água bruta sem excesso de sólidos em suspensão. é água sem distinção se é tratada ou bruta.
Selecionar no menu Standard (padrão). Para líqui- A outra opção é para líquido quente (menu Hi-
4– O menu pede o tipo de transdutor.
do frio. -temp).
5– O menu pede o tipo de montagem Tipos de montagem. Existem três montagens do transdutor, ou seja,
do transdutor. V, W e Z.
6– O menu apresenta o resultado da Instalar os transdutores, utilizando a pasta de Essa distância entre os transdutores estará ar-
distância dos transdutores. acoplamento acústico (veja tabela 6, item 1.3). mazenada.
Tubulação de PVC de 4”
Tubulação de 2”
de aço carbono
Verificar se o método V foi selecionado Utilizado onde o método V está tendo interfe-
3- Método Z
durante a configuração. rências como ar, sólidos em excesso. Tubulações
maiores.
Tubulação de
1,60[m]
Montante - 10.D = 10.2” = 10.25,4mm = 254[mm] Jusante – 5.D (no caso tem mais que 5.D)
3 – Medida da espessura do tubo. Utilizar o medidor ultrassom de espessura. Valor obtido: e = 4[mm]
Ltubo [ m ] 192
D=
ext = = 61,11[ m ]
π π
1.1 – Entrar com o valor do diâmetro externo do tubo. Dext = 1.5.1 – Resultado da velocidade do som na água – 1432,34[m/s].
61,11[mm]. 1.6 – Entrar com o tipo de montagem dos transdutores. Entrar
1.2 – Entrar com a espessura do tubo e = 4[mm]. com W para tubos menores ou iguais a 2”. Ainda se tem a mon-
1.2.1 – Resultado diâmetro interno Dint = 53,11[mm]. tagem dos transdutores WV e WW.
1.3 – Entrar com o material do tubo – aço carbono. 2 – Resultado da distância dos transdutores para essa montagem.
1.3.1 – Resultado da velocidade do som no tubo – 3230,01[m/s]. Ltransdutor=80,66[m]
1.4 – Entrar com o revestimento do tubo - nenhum.
1.5– Entrar com o tipo de fluido – água.
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 13
1.5 – Fixar o transdutor de jusante. Os itens 1.1. a 1.3 deverão ser repe-
tidos para o transdutor de jusante. A fixação pode ser com corda ou fita
de nylon ou ainda com régua de ajuste dos sensores.
SEQUÊNCIA OBSERVAÇÃO
1 – Verificações a serem realizadas. Utilizar o menu de configurações de vazão.
1.1 – Definir as unidades da vazão. Neste caso define-se a vazão como Litros/segundo.
1.2 – Definir a faixa de vazão mínima e máxima. Definir uma faixa ótima de vazão melhora o tempo de resposta do medidor.
1.3 – Definir o amortecimento (damping). O amortecimento é o tempo de resposta para determinar a média das vazões. Neste caso T = 10[s].
1.4 – Verificar a vazão e velocidade no menu. Q = 3,29[L/s] e v = 1,49[m/s].
Esse item no menu é importante, principalmente quando a vazão está instável ou não está medindo.
1.5 – Verificar a intensidade de sinal. Se a intensidade estiver muito baixa, menor que 5[%], deve ser verificado todos os itens anteriores no
menu e/ou modificado o tipo de montagem. Em último caso escolher outro local.
4.3 ROTAÇÃO
A rotação de um motor pode ser medida através de tacôme- Figura 5 - Medidores de rotação: a) Óptico; b) Estroboscópico; c) Eletrome-
tros, que podem ser mecânicos, eletromagnéticos ou ópticos. cânico
Entretanto, para ensaios de campo os mais comuns são os
ópticos. Estes podem ser divididos em laser e estroboscópico.
O primeiro apresenta um baixo custo e funciona com a refle-
xão de um laser em uma fita reflexiva. O segundo emite uma
luz intermitente, que, quando coincidente com a frequência
de rotação, fará com que uma marca feita no eixo pareça
estacionária. Nos dois casos é necessário que o conjunto mo-
tobomba seja parado para que seja colocada a fita reflexiva ou a) b)
para que seja feita uma marca no eixo. Para bombas peque-
nas, também podem ser utilizados os tacômetros de contato
eletromecânicos, que possuem uma ponteira que deve ficar c)
em contato com o eixo.
A Figura 5 apresenta estes equipamentos.
5. AVALIAÇÃO DE INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E ELÉTRICAS
5.1 PLACA DA BOMBA COM OS DADOS NOMI- Figura 6 -Termografia em motor
NAIS
Na visita deve-se verificar se as bombas possuem placa de
identificação conforme indicado no Guia Prático de Plane-
jamento e Boas Práticas em Campo (VIANA; DIAS JÚNIOR,
2017).
5.2 TEMPERATURA
A temperatura é um parâmetro de grande importância para
uma rápida avaliação das condições de operação de um mo-
tor. Um aumento de 10oC na temperatura dos mancais e rola-
mentos, resultado de uma má lubrificação, pode reduzir pela • Elevação da temperatura ambiente;
metade sua vida útil. No caso de isolantes elétricos, o aumen- • Excesso de partidas e paradas (corrente de partida elevada);
to de temperatura pode indicar sua degradação. • Falta de limpeza (depósitos de poeira podem formar pontes
condutoras);
As principais causas de aquecimento dos motores são: • Ataque por vapores ácidos ou gases arrastados pela venti-
• Variação e desequilíbrio da tensão e frequência de alimen- lação.
tação;
Além reduzir a vida útil do motor, o aumento da temperatura
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 15
dos enrolamentos causa uma queda em seu rendimento, já Figura 7 – Termografia – desequilíbrio de fases
que as perdas joule se elevam. A medida da temperatura dos
enrolamentos através de termômetros ou sensores de tem-
peratura não é fácil de ser obtida, já que a temperatura varia
de um ponto a outro, dificultando a identificação do ponto
mais quente.
O uso de câmeras termográficas facilita o trabalho, já que esta
apresenta o perfil de todo o motor, sendo fácil reconhecer o
local de maior aquecimento. As Figuras 6, 7 e 8 mostra este
equipamento e o perfil de temperaturas resultante.
Comparando-se a medida de temperatura realizada com o Figura 8 – Termografia – Manutenção de instalações elétricas
limite definido pela classe de isolamento do motor (Tabela
8) têm-se um parâmetro para de sua condição de operação.
5.3 VIBRAÇÃO
A vibração em conjuntos motobombas está ligada diretamen- A análise de vibrações, quando feita corretamente, pode ser
te com problemas de instalação. Vibrações excessivas podem uma importante ferramenta para a manutenção preditiva. A
reduzir a vida útil do conjunto e afetar seu desempenho. As medição pode ser feita através de simples medidores portá-
principais causas de vibração são: teis ou através de analisadores que já indicam possíveis pro-
• Desequilíbrio na tensão de alimentação; blemas do conjunto. A medição deve ser feita nos mancais,
• Desbalanceamento (problema de fábrica); próximo ao eixo, em três direções perpendiculares.
• Desalinhamento do eixo; A Tabela 9 apresenta as zonas de avaliação da vibração, que
• Desgaste de mancais e rolamentos; fornece uma estimativa qualitativa da vibração do conjunto,
• Folgas nos mancais; permitindo que sejam definidas diretrizes com base nos re-
• Má lubrificação. sultados obtidos.
Tabela 9 - limites de vibração para máquinas rotativas (ISO 10816, 1995)
Tipo de Classe I Classe II Classe III Classe IV
Entre 15 e Acima de 75 kW Acima de 75 kW
Equipamento Até 15 kW 75 kW (Fundação Rígida) (Fundação Flexível)
0,28
0,45 Bom
0,71
VIBRAÇÃO [mm/s]
1,12
1,80
2,80 Satisfatório
4,50
7,10 Insatisfatório
11,20
18,00
28,00 Inaceitável
45,00
Figura 10 - Curvas de desempenho do motor Por norma todo motor de indução deve conter informações
relativas às suas características de operação e de fabricação
marcadas de forma legível, indelével e durável diretamente
na carcaça. No entanto, em muitas instalações estes dados
não são legíveis. Motores mais antigos apresentavam menos
informações em suas placas, especialmente o rendimento no-
minal. A figura 11 ilustra conjuntos motobomba com moto-
res em torno de 15 e 30 anos e operação.
Figura 11 - Exemplo de placa de motor (ano 2000)
5.5.3 Corrente
A corrente solicitada por um motor elétrico pode ser medi- Durante a partida, os valores de corrente podem atingir picos
da através de transdutores de corrente, normalmente alicates de até 8 vezes a corrente nominal. Desta maneira, é importan-
amperímetros, que envolvem os cabos de alimentação e for- te verificar se há dispositivos de partida de motores (inversores
necem um sinal proporcional à corrente medida. É necessá- ou chaves de partida) quem inimizem as perdas na partida.
rio, portanto conhecer a relação de transformação do sensor
de corrente para configurar adequadamente o analisador de
energia.
5.5.4 Distorção harmônica
As distorções harmônicas são fenômenos associados com de-
formações nas formas de onda das tensões e correntes em
relação à onda senoidal da frequência fundamental. Em esta-
ções elevatórias esta distorção ocorre quando os motores são
acionados por conversores de frequência.
A distorção harmônica total (DHT) não deve ultrapassar 10%,
para tensões até 1 kV.
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 17
CEN Qtotal CE
Associação Bomba Q [m3/h] Pel [kW] H [m] Ptotal [kW]
[kWh/m3/100m] [m3/h] [kWh/m3]
1 1 848 161 47,3 47,3 848 161 0,190
4 4 821 197 46,1 46,1 821 197 0,240
5 5 756 158 47,5 47,5 756 158 0,209
6 6 842 197 47,4 47,4 842 197 0,234
1/6 1 895 215 56,0 56,0 1832 482 0,263
6 937 267 56,3 56,3
4/5 4 868 238 61,8 61,8 1872 481 0,257
5 1004 243 61,7 61,7
4 929 341 81,4 81,4
4/5/6 5 822 250 81,4 81,4 2642 944 0,357
6 892 353 81,4 81,4
18 GUIA PRÁTICO Avaliação de Estações Elevatórias
CEN Qtotal CE
Associação Bomba Q [m3/h] Pel [kW] H [m] Ptotal [kW]
[kWh/m3/100m] [m3/h] [kWh/m3]
1 802 243 81,3 81,3
1/5/6 5 684 225 81,5 81,5 2317 772 0,333
6 831 304 81,1 81,1
1 688 242 99,3 99,3
2 471 336 100,0 100,0 2491 1121 0,450
1/2/5/6 5 559 224 99,5 99,5
6 774 319 100,2 100,2
1 628 246 99,9 99,9
4 627 323 100,1 100,1 2534 1122 0,443
1/4/5/6 5 541 229 100,5 100,5
6 737 324 100,4 100,4
H = k1 + k2 ⋅ Q + C ⋅ Q 2
decresce desde a nominal até a rotação igual a zero. Figura 14 - Obtenção da curva do sistema.
Através de um sistema informatizado, com alguns transdu-
tores e programas computacionais, é possível acompanhar o
decréscimo da rotação do conjunto motor- bomba, lendo e
armazenando os valores de pressão e vazão para as diferen-
tes rotações, desde o desligamento do motor até sua parada
completa.
A seguir o procedimento de campo para levantamento da cur-
va do sistema:
1. Com a válvula de controle totalmente aberta, ajusta-se a
bomba ao ponto nominal de operação;
2. Liga-se o sistema de aquisição de dados;
3. Desliga-se o motor e faz-se a leitura dos valores de pressão,
vazão e rotação ao longo do tempo, até que ele pare;
4. Em um gráfico de pressão em função da vazão marcam-se
os pontos e determina a curva do sistema, ajustando um poli-
nômio do segundo grau, tal como na Figura 14.
6.1.4 Interpolação por três pontos
Em casos onde há a impossibilidade de realização dos testes
para levantamento das curvas, seja por dificuldades na imple- H = a + b ⋅ Q2
mentação do sistema de aquisição dos dados ou restrições Da curva do sistema, observa-se que para condição de vazão igual
impostas pelo processo onde a bomba está instalada, é pro- a zero, a Equação fica:
posto à estimativa das curvas características com base no co-
nhecimento de três pontos distintos. H0 = a
A Figura 15 apresenta a curva de uma bomba instalada em
um sistema com ponto nominal de operação representado e para condição nominal:
por N, fornecendo uma vazão QN e pressão HN. A condição de
operação com a válvula toda fechada e máxima pressão é p, H N − H0
b=
com vazão zero e pressão Hp, chamado de ponto de “shutoff” QN2
da bomba. As diferenças geométricas de cotas entre os reser-
vatórios de sucção e descarga são representadas pela altura Para a curva do sistema a expressão simplificada fica:
estática H0 de instalação.
Tanto a curva da bomba quanto a do sistema são expressas
por um polinômio do segundo grau, isto é, admite-se que a
H −H
altura de carga total fornecida pela bomba e as pressões im- H 0 + N 2 0 ⋅ Q2
HS =
postas pelas linhas de tubulações são expressas por equações
com a forma: QN
Figura 15 - Estimativa das curvas características por três pontos Da mesma maneira, deduz-se que a curva da bomba de forma
simplificada é expressa pela equação:
H −H
H P + N 2 P ⋅ Q2
HB =
QN
Assim, se forem conhecidas as ordenadas dos pontos de “shu-
toff” da bomba, a altura estática da instalação e um ponto
de operação do sistema, que pode ser a condição nominal de
trabalho, é possível estimar as curvas características da bomba
e da instalação.
p3 p2 v32 − v22
H= − + + ( z3 − z2 )
ρ⋅g ρ⋅g 2g
onde:
H [m] – altura total de elevação;
p3/pg [m] – pressão manométrica na saída da bomba;
p2/pg [m] – pressão manovacuométrica na entrada da bomba;
v3 [m/s] – velocidade na saída da bomba;
v2 [m/s] – velocidade na entra da bomba;
z3-z2 [m] – diferença de cota entre a posição de entrada e 4⋅Q
saída da bomba. v=
Na prática, utilizam-se os bujões das bombas para realizar onde:
π ⋅ D2
as medidas de pressão na entrada e saída da bomba e, co- v [m/s] – velocidade na entrada ou saída da bomba;
nhecendo-se seus diâmetros calculam-se as velocidades v3 e D [m] – diâmetro da entrada ou saída da bomba;
v2 através da expressão: Q [m3/s] – vazão do sistema.
• Alimentação dos medidores na rede elétrica; elevatória. Atividades de manutenção, faltas de energia ou
• Capacidade de armazenamento de dados dos datalog- situações de consumo anormal de água irão afetar a ope-
gers; ração típica da elevatória, e os dados monitorados serão
também atípicos da operação.
• Funcionamento adequado de medidores e transdutores;
Estas situações devem ser acompanhadas para que os resulta-
• Continuidade das medições. dos possam considerar esta operação anormal e sejam feitos
Caso algum problema seja encontrado, deverá ser feita os devidos ajustes.
uma avaliação se o monitoramento deve ser reiniciado ou Uma vez planilhados, os dados poderão ser analisados através
se os dados coletados até o momento são suficientes. de gráficos e cálculos. A planilha apresentada na Tabela 13 é
Durante o período de monitoramento, a equipe deve um exemplo das grandezas monitoradas ao longo do tempo.
acompanhar eventuais eventos atípicos na operação da
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688 59 2,48 1256 339 338 255 325 4
00:00
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01:00 644 54 2,67 1000 351 330 318 3
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685 57 2,64 1223 331 330 249 312 4
02:00
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689 60 2,54 1217 331 330 243 312 4
03:00
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666 56 2,21 1217 331 330 243 312 4
04:00
Nas faturas de energia podem haver variações nos períodos Quantidade de energia elétrica solicitada da rede em um
de leitura da medição, com 32 ou 28 dias por exemplo. Para dado instante.
que essa diferença não afete a análise deve-se utilizar a média
Q ⋅ H ⋅ ρ ⋅ g ⋅t
CUSTO DE
= ENERGIA = tarifa
ηb ⋅ηm
Onde ρ e g o peso específico da água e constante gravitacio- c) Redução da vazão (Q)
nal, que podem ser consideradas constantes. Assim, temos d) Redução do tempo de operação (t)
que a redução de despesas com energia pode decorrer de:
e) Redução dos custos de energia (tarifa)
a) Melhoria do rendimento do conjunto (ηbomba e ηmotor)
A seguir são apresentadas algumas destas oportunidades.
b) Redução da altura manométrica total (H)
9.1.1 Bombas
A partir dos resultados dos ensaios de rendimento da bom- A substituição de bombas deve buscar o modelo de melhor
ba é possível avaliar os benefícios da substituição por uma desempenho par o ponto de operação. O Programa Brasileiro
bomba nova. Em alguns casos a substituição visa restaurar as de Etiquetagem (PBE) abrange conjuntos motobomba para
características nominais, e em outros casos a substituição é potências de até 25cv de potência, e para bombas até esta po-
necessária pela alteração dos parâmetros de operação, como tência deve-se privilegiar aquelas com etiqueta categoria “A”,
aumento da vazão ou da altura manométrica pela expansão preferencialmente com o Selo Procel de economia de energia.
da rede, pode exemplo.
Ph = g ⋅ H ⋅ Q
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 25
Figura 23 - Exemplo ponto de operação bomba atual Figura 24 – Curvas da bomba proposta
413mm (Maximo)
384mm (Nominal)
326mm (Mínimo)
Através do monitoramento deste conjunto constatou-se que teve-se o consumo energético anual tanto da bomba atual,
o tempo de operação médio, cerca de 10% do ano. Multipli- quanto da bomba selecionada para substitui-la. Esta compa-
cando-se esse tempo pela potência de eixo consumida, ob- ração de consumo pode ser observada na Tabela 15.
9.1.3 Motores
Os motores elétricos são máquinas eficientes, com rendimen- O carregamento de um motor pode ser compreendido como
tos nominais acima de 90%, mas o rendimento é afetado por a potência de trabalho em relação à potência nominal do mo-
condições de operação, manutenção, qualidade da energia tor. A maioria dos motores são designados para operar na
e características da carga acionada. Os métodos de determi- faixa entre 50% a 100% da carga nominal. Um motor quando
nação do rendimento são de difícil aplicação em campo, de bem dimensionado trabalha em uma região de operação em
forma que a análise do desempenho do motor pode ser fei- que os rendimentos são elevados.
ta pelo seu carregamento e tomando como referência dados
fornecidos pelo fabricante.
Seleção de motores de alto rendimento pela Lei de Eficiência Energética (Lei nº10295 de 17 de
outubro de 2001). Os rendimentos nominais mínimos es-
A Portaria MME/MCT/MDIC 553/05 estabeleceu os níveis
tabelecidos para os motores de indução seguem na ta-
máximos de consumo específico de energia, ou mínimos
bela 16:
de eficiência energética para motores elétricos trifásicos
de indução, rotor gaiola de esquilo, conforme previsto
Tabela 16 – Rendimentos nominais mínimos para motores trifásicos
Para a estimativa da economia proporcionada pela substituição de um motor padrão por um de alto rendimento pode ser
utilizado o programa BD Motor, disponibilizado pelo Procel Eletrobras. A Figura 25 ilustra a simulação da substituição de um
motor de 250cv, que opera em carga nominal em média 16 horas por dia.
Figura 25 – Simulação de substituição de motores com BDMotor
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 27
Empresas com elevado consumo de Empresas sem consumo de energia ativa alto, mas com
energia ativa; uma demanda elevada
Fator de carga na ponta maior do que 0,65; Fator de carga na ponta menor do que 0,65;
operação (interseção entre a curva da bomba e do sistema). Figura 30 - Variações de vazão e pressão em um sistema com bombea-
Quanto maior for o fechamento, maior a perda de carga e a mento direto na rede
redução da vazão, como mostra a Figura 31.
Como a operação ocorre em cima da curva da bomba, para
baixas vazões ocorre um desperdício de energia devido ao
aumento de pressão. Quando é feito o controle de pressão
através de conversores de frequência os desperdícios de ener-
gia são eliminados, pois com a redução da rotação há um
deslocamento da curva da bomba sobre a curva do sistema,
como mostra a Figura 32.
Porém, em sistemas onde a parcela de altura estática tem
maior relevância na curva do sistema do que a parcela de
altura dinâmica, ou seja, quando o desnível geométrico é
maior que as perdas de carga do sistema, com uma pequena
variação da rotação do conjunto motobomba há uma grande
variação da vazão e eficiência da bomba, e, portanto, os con-
versores de frequência não são recomendados.
3 onde:
Q1 n1 H1 n1
2
Pe1 n1
= = = n1, Q1, H1 e Pe1 – rotação, vazão, altura e po-
Q2 n2 H 2 n2 Pe 2 n2 tência de eixo no ponto de rotação nominal;
n2, Q2, H2 e Pe2 – rotação, vazão, altura e potên-
cia de eixo no ponto da nova rotação.
VANTAGENS DESVANTAGENS
Facilidade, suavidade e confiabilidade no controle operacional das Introdução de distorções harmônicas da tensão
bombas;
Melhor resposta em situações de emergência como incêndios e Elevação da temperatura na superfície dos motores
rompimentos de tubulações;
Eliminação do transitório hidráulico causado pelo acionamento e para- Atenção especial aos cabos, que devem ser de baixa impedância
da da bomba;
Eliminação da alta corrente de partida; Instalação de medidores de pressão, vazão e nível em pontos críticos
Redução nos custos de manutenção; Alteração em parâmetros da bomba, como o rendimento e o NPSHr
Payback =
Investimento Inicial