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GUIA PRÁTICO

Avaliação de Estações Elevatórias


VOLU M E 04

AUTORES
Augusto Nelson Carvalho Viana
Renato Swerts Carneiro Dias Junior

COORDENADOR TÉCNICO
Peter Batista Cheung

COORDENADOR EDITORIAL
Alexandre Batista Pereira Gealh

Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – PROCEL


Guias práticos / organização, Peter Batista Cheung. – Campo
Grande: Espaço, 2016. 5 v.

Conteúdo: v. 4. Avaliação de estações elevatórias. / Augusto


Nelson Carvalho, Renato Swerts Carneiro Dias Junior

ISBN 978-85-63202-05-5

1. Estações elevatórias. 2.Medições e Análises. I. Carvalho,


Augusto Nelson. II. Dias Junior, Renato Swerts Carneiro. III. Título.

CDU – 628.1
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 5

1. APRESENTAÇÃO
Este Guia Prático de Avaliação de Estações Elevatórias aborda medições e análises que devem ser realizadas no diagnóstico
hidroenergético de uma estação elevatória. É complementar ao Guia Prático de Planejamento e Boas práticas em campo, e
apresenta procedimentos para identificar e avaliar oportunidades de uso mais eficiente de energia em estações elevatórias.

2. INTRODUÇÃO
O diagnóstico energético de uma instalação é uma avaliação sistemática do uso da energia em suas operações, e envolve le-
vantamento de dados, medições e análises visando oportunidades de uso mais eficiente.
As estações elevatórias em sistemas de saneamento são instalações com o objetivo de transportar água entre pontos de dife-
rentes níveis. Estas podem ser utilizadas tanto para o recalque de água bruta como também de água tratada.
Geralmente são compostas por conjuntos motobomba, tubulações e seus acessórios (válvulas, tês, reduções, etc.) Que succio-
nam a água de um poço de sucção e recalcam para outra unidade do sistema, como estação de tratamento, reservatório ou
direto na rede. As elevatórias tipo “booster” se destinam a aumentar a pressão em adutoras ou redes de distribuição de água.
6 GUIA PRÁTICO Avaliação de Estações Elevatórias

EQUIPE

Este trabalho é fruto do convênio ECV-DTP 004/2011 firmado entre a ELETROBRAS, no âmbito do PROCEL e a UFMS/FAPEC, tendo como
um de seus produtos a elaboração de guias técnicos para auxiliar a realização de Diagnóstico Hidroenergético e controle operacional em
sistemas de abastecimento de água.

ELETROBRAS/PROCEL

PRESIDÊNCIA
José da Costa Carvalho Neto

Superintendência de Eficiência Energética


Renata Leite Falcão

Departamento de Projetos de Eficiência Energética


Marcel da Costa Siqueira

Divisão de Eficiência Energética no Setor Público


Denise Pereira Barros

EQUIPE TÉCNICA - ELETROBRAS/PROCEL


Camila Capobiango Martins
Davi Veiga Miranda
Jailson José Medeiros Alves
Marcus Paes Barreto
Thiago Vogt Campos

UFMS

REITOR EQUIPE TÉCNICA - LENHS/UFMS


Marcelo Augusto Santos Turine
Peter Batista Cheung (Coordenador)
VICE-REITORA Alexandre Batista Pereira Gealh
Camila Celeste Brandão Ferreira Ítavo Carlos Nobuyoshi Ide
Fábio Veríssimo Gonçalves
AUTORES Ingrid Craco Anders de Almeida
Peter Batista Cheung Jhonatan Barbosa da Silva
Raquel Rabello Akagi Johannes Gerson Janzen
Moacir Muniz Pereira Júnior
COORDENADOR TÉCNICO Narumi Abe
Peter Batista Cheung Paulo Jose A. de Oliveira
Raíssa Honorio Barreto Antunes
COORDENAÇÃO EDITORIAL Raquel Rabello Akagi
Alexandre Batista Pereira Gealh Taiani Tiemi Shirado Sakihama
Vinícius Battistelli Lemos
CONSULTORIA TÉCNICA EXTERNA Weslley Henrique Alves Barbosa
Airton Sampaio Gomes

REVISOR TÉCNICO
Fábio Veríssimo Gonçalves
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 7

SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO......................................................................................................................... 5
2. INTRODUÇÃO............................................................................................................................ 5
3. METODOLOGIA DE DIAGNÓSTICO........................................................................................ 9
3.1 PLANO DE MEDIÇÕES............................................................................................................ 9
4. EQUIPAMENTOS E MEDIÇÕES.................................................................................................. 9
4.1. MEDIÇÕES DE VAZÃO............................................................................................................ 9
4.1.1 Medidor de Vazão Ultrassom ......................................................................................9
3.2. RELATÓRIO E ENCERRAMENTO............................................................................................ 9
4.2 MEDIÇÕES DE GRANDEZAS ELÉTRICAS............................................................................... 14
4.3 ROTAÇÃO.................................................................................................................................. 14
5. AVALIAÇÃO DE INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E ELÉTRICAS................................................. 14
5.1 PLACA DA BOMBA COM OS DADOS NOMINAIS ................................................................. 14
5.2 TEMPERATURA.......................................................................................................................... 14
5.3 VIBRAÇÃO.................................................................................................................................. 15
5.4 PLACA DO MOTOR E DADOS NOMINAIS............................................................................. 15
5.5 AVALIAÇÃO GERAL DE CONDIÇÕES ELÉTRICAS................................................................. 16
5.5.1 Tensão de alimentação ................................................................................................16
5.5.2 Desequilíbrio de Tensão  .............................................................................................16
5.5.3 Corrente ......................................................................................................................16
5.5.4 Distorção harmônica ...................................................................................................16
6. ENSAIOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO.......................................................................... 17
6.1 ENSAIO DE RENDIMENTO DE CONJUNTOS MOTOBOMBA............................................. 17
6.1.1 Determinação da Curva do Sistema e da Bomba ......................................................18
6.1.2 Determinação da Curva da Bomba ............................................................................18
6.1.3 Determinação da curva do sistema ............................................................................18
6.1.4 Interpolação por três pontos ......................................................................................19
6.1.5 Altura Total de Elevação .............................................................................................19
6.1.6 Rendimento do motor .................................................................................................20
6.1.7 Rendimento do conjunto .............................................................................................20
7. MONITORAMENTO DOS PARÂMETROS HIDRÁULICOS E ELÉTRICOS............................... 20
8. ANÁLISE DE DADOS................................................................................................................... 22
8.1 HISTÓRICO DAS FATURAS DE ENERGIA................................................................................ 22
8.1.1 Classificação das Unidades Consumidoras .................................................................22
8.1.2 Consumo de energia [kWh] ........................................................................................22
8.1.3 Demanda [kW] ............................................................................................................22
8.1.4 Fator de Potência ........................................................................................................23
8.1.5 Custos da energia ........................................................................................................23
8.2 ESTABELECIMENTO DE LINHA DE BASE............................................................................... 23
8.3 CÁLCULO DE INDICADORES ................................................................................................. 24
8.3.1 Consumo específico de energia (CE) ..........................................................................24
8.3.2 Consumo específico normalizado (CEN).....................................................................24
9. PROPOSIÇÃO DE MEDIDAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA COM ESTIMATIVA DE BENEFÍ-
CIOS.................................................................................................................................................. 24
9.1 MELHORIA DE RENDIMENTO DOS EQUIPAMENTOS......................................................... 24
9.1.2 Exemplo de substituição de bomba ............................................................................25
9.1.3 Motores ........................................................................................................................26
9.2 REDUÇÃO DA ALTURA TOTAL DE ELEVAÇÃO.................................................................... 27
9.2.1 Exemplo em limpeza de adutora ................................................................................27
9.3 OTIMIZAÇÃO DO USO DE RESERVATÓRIOS........................................................................ 28
9.3.1 Cálculo do volume útil .................................................................................................28
9.3.2 Exemplo de redução de bombeamento no horário de ponta ....................................29
9.4 MEDIDAS DE REDUÇÃO DO CUSTO DA ENERGIA.............................................................. 29
9.4.1 Enquadramento da demanda contratada ..................................................................29
9.4.2 Escolha do sistema de Tarifação ..................................................................................30
9.4.3 Correção do fator de potência ....................................................................................30
9.4.4 Principais Causas de um Baixo Fator de Potência .....................................................30
9.5 APLICAÇÃO DE CONVERSORES DE FREQUÊNCIA.............................................................. 30
9.5.1 Condições de Aplicação ..............................................................................................30
9.5.2 Seleção da Bomba para Operar com Rotação Variável .............................................31
9.5.3 Determinação da Rotação de Trabalho ......................................................................32
9.5.4 Determinação do Rendimento ....................................................................................32
do Conjunto .........................................................................................................................32
9.5.5 Determinação da Economia de Energia .....................................................................32
9.5.6 Estimativa da Redução do Volume Perdido em Vazamentos ....................................32
9.5.7 Vantagens e Desvantagens ao se Utilizar Conversores de Frequência .....................33
10. ANÁLISE ECONÔMICA DAS SOLUÇÕES................................................................................ 33
10.1 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)........................................................................................ 33
10.2 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) ................................................................................... 33
10.3 TEMPO DE RETORNO (TR) - PAYBACK ............................................................................... 34
10.4 CUSTOS EVITADOS E PREMISSAS PARA O CÁLCULO DA RELAÇÃO BENEFÍCIO/CUSTO
NA METODOLOGIA DA ANEEL.................................................................................................... 34
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................. 34
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 9

3. METODOLOGIA DE DIAGNÓSTICO
De maneira geral o diagnóstico energético pode ser decomposto em etapas de planejamento, plano de medições, medições
em campo e análise de dados e apresentação dos resultados através do relatório do diagnóstico, como ilustra o diagrama da
Figura 1 e metodologia detalhada, apresentada no Guia Prático de Planejameno e Boas Práticas em Campo, Volume 3 (VIANA;
DIAS JUNIOR, 2017).
Dois aspectos devem ser destacados, o plano de mediçoes e o relatório de encerramento, metodologias e ferramentas que ga-
rantem um diagnóstico energético bem elaborado, e que não foram abordados no Guia Prático de Planejameno e Boas Práticas
em Campo, Volume 3 (VIANA; DIAS JUNIOR, 2017).

Figura 1 - Diagrama do processo de Diagnóstico Energético - Adaptado de (“NBR ISO 50002:2014)

3.1 PLANO DE MEDIÇÕES 3.2. RELATÓRIO E ENCERRAMENTO


Após coleta de informações iniciais deve ser traçado o plano Com os resultados das medições e análises é elaborado o rela-
de medições, que envolve: tório do diagnóstico, que deve apresentar pelo menos:
-Listar pontos de medição relevantes; • Caracterização da área de estudo;
-Metodologia dos ensaios e combinações de conjuntos que • Instrumentação e sistemas de medição utilizados;
serão avaliados; • Resultados das medições e análises;
 -Duração e frequência de medição para cada medição, isto é, • Medidas de eficiência hidroenergética propostas, com esti-
medição pontual dos ensaios e do monitoramento contínuo; mativa de custos e benefícios.
 -Frequência de aquisição para cada medição e variáveis rele- O relatório deverá ser enviado a empresa para análise e então
vantes disponibilizadas pela empresa, p. ex., parâmetros de deve ser realizada uma reunião de apresentação de resulta-
operação; dos, para esclarecimentos, dúvidas e tomada de decisão da
-Volumes bombeados (macromedição); implantação das medidas.
-Responsabilidades para a execução das medições, incluindo
equipe de diagnóstico e pessoal da empresa envolvido;
-Análise de riscos e equipamentos de proteção.

4. EQUIPAMENTOS E MEDIÇÕES
4.1. MEDIÇÕES DE VAZÃO
O local ou os locais de medidas de vazão dependem da ins- me 3 (VIANA; DIAS JUNIOR, 2017) e na série Guias Práticos
talação de bombeamento a ser estudada. Para que a medida do PNCDA, Volume 2, Ensaios Pitométricos (FRANGIPANI,
tenha a menor incerteza possível, alguns critérios devem ser 2007a).
utilizados. Os procedimentos e metodologias para determinação de
Os procedimentos e metodologia para determinar os pontos pressão em tubulações e equipamentos (bombas, reservató-
de medição de vazão e executar as medições de vazão pela rios, etc.) estão detalhados na série Guias Práticos do PNCDA,
metodologia de Pitot-Cole são apresentadas no Guia Prático Volume 1, Macromedição (FRANGIPANI, 2007b).
de Planejameno e Boas Práticas em Campo, Volume 3 Volu-

4.1.1 Medidor de Vazão Ultrassom


Este tipo de medidor é eficaz, de simples instalação e de rá- amente no sentido do escoamento e contra a mesmo. Estes
pida resposta. Ele possui sensores emissores e receptores não medidores podem ter o sistema emissor/receptor colocado ex-
intrusivo, é portátil, pode ser conectado às tubulações com ternamente ao tubo ou internamente denominados, respec-
diâmetros externos de 25 a 5000 mm e com a espessura da tivamente, medidores de vazão ultrassôni-cos não intrusivos
parede do tubo de até 40 mm. O medidor de vazão ultras- e medidores de vazão ultrassônicos intrusivos. Para o caso de
som, além de mostrar em seu display a vazão medida, permi- ensaios de campo, o não intrusivo torna-se mais prático.
te realizar a aquisição dos dados, pois trabalha com sinais de Ele é adequado para medida de líquidos limpos e homogêne-
4[mA] a 20[mA]. os, ou sejam, líquidos sem grandes concentrações de partícu-
O princípio funcionamento dos medidores de vazão ultras- las suspensas ou bolhas de ar ou gases.
sônicos é o da propagação das ondas sonoras nos meios, no Com base no tempo de trânsito de duas ondas sonoras o me-
caso fluido em escoamento, com frequências compreendidas didor de vazão calcula a velocidade média do fluido. A velo-
entre 150[kHz] e 5[MHz]. cidade média de escoamento é determinada em função do
Os medidores de vazão ultrassônicos mais utilizados no sane- tipo de escoamento, que envolve a viscosidade do fluido e o
amento são os do tipo tempo de transito, que se baseiam na diâmetro do tubo.
medição dos tempos que ondas acústicas emitidas simultane-
10 GUIA PRÁTICO Avaliação de Estações Elevatórias

A Figura 2 apresenta o esquema de um medidor de vazão Os escoamentos de fluxo, ou sejam, seus perfis de velocidades,
não intrusivo. A praticidade desse tipo de medidor torna-se requerem sempre um trecho reto de conduto para esta-rem
bastante interessante no sentido da sua facilidade de instala- perfeitamente desenvolvidos. Assim sendo, para que a medi-
ção e operação e da não necessidade de furação da tubulação da de vazão pelo ultrassom tenha incerteza menor possível,
e da não inserção de qualquer corpo ou ponta no interior da algumas recomendações em relação à instalação devem ser
mesma. Porém o local de sua instalação deve ser escolhido respeitadas. As Figura 3 e a Figura 4 apresentam recomen-
com cuidado, em um trecho retilíneo, para que não haja in- dações em relação as distâncias de válvulas, curvas, reduções,
terferência da turbulência ocasionada por singularidades. derivações, proximidades de bombas e outras.
Figura 2 - Medidor de vazão ultrassom de tempo de trânsito com sistema emissor/receptor não intrusivo.

4.1.3.1 Como instalar e medir a vazão com o Figura 3 – Distâncias recomendadas para utlização do medidor de vazão
ultrassom
ultrassom
O medidor de vazão precisa ser configurado e os transduto-
res devem ser espaçados de modo adequado em ordem para
eles detectem sinais ultrassônicos e meça o fluxo. A seguir
uma sequência de passos para a medição com o ultrassom.
1º passo: Selecionar o adequado obedecendo as distâncias
recomendadas como mostrado nas Figura 3 e Figura 4. A
escolha a seção que a tubulação esteja sempre cheia de líqui-
do com um tubo vertical sempre com o fluxo na ascendente
ou um tubo horizontal completo. Evitar locais no interior da
tubulação que tenham corrosão excessiva ou de formação
de carepas.
2º passo: Determinar a distância dos transdutores e instalar
(Tabela 1).
Figura 4 – Distâncias recomendadas para utlização do medidor de vazão
3º passo: Determinar a vazão e a velocidade de escoamento. ultrassom
O procedimento está na Tabela 2.
Existem vários fabricantes de medidores de vazão ultrassô-
nicos. Cada um tem a sua particularidade e traz um manual
completo com todas as informações sobre o equipamento,
inclusive a forma de opera-lo para se obter a vazão, a veloci-
dade de escoamento e também o volume. No caso descrito
apresentados nos três passos acima, de uma forma geral,
todos medidores operam dessa forma. Tem medidores com
limitações de diâmetros, como até 1[m], de custos mais bai-
xos, entretanto a seguir será mostrado um exemplo de um
equipamento que pode medir vazão em diâmetros de tu-
bulações até 6[m] e neste caso de custos mais altos.

Tabela 1 – Procedimento para a determinação da distância dos sensores e sua instalação.


SEQUÊNCIA SUGESTÕES OBSERVAÇÃO
1– Medir o diâmetro externo e a espessura da Utilizar trena para o diâmetro e um medidor de
Existe um menu no equipamento e é segui-
parede do tubo. Na sequência o menu solicita espessura do tipo ultrassom para a espessura
da a sequência.
os diâmetros externo e interno da tubulação. (acessório).

Envolve a trena diametralmente em volta da tubulação. Deter- Ltubo [ m ]


1.1 – Diâmetro externo Dext[m]. mina-se o comprimento do tubo. Assim o diâmetro externo Dext =
será: π
1.2 – Espessura da tubulação: e[m] O resultado é o diâmetro interno: Dint = Dext - 2e
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 11

Tabela 1 – Procedimento para a determinação da distância dos sensores e sua instalação.

Raspagem do tubo Medida da espessura

SEQUÊNCIA SUGESTÕES OBSERVAÇÃO


2 – O menu pede o material da tubulação e Essas informações são obtidas no local da Dentro do menu existem vários materiais para
revestimento interno. medição. serem selecionados.
2.1– Material da tubulação. Material aço carbono (captação de água bruta) Material PVC (água tratada de lavagem dos filtros)

O menu apresenta vários revestimentos, mas normalmente para o sane-


2.2 – Material de revestimento interno e sua espessura
amento usa-se a opção sem revestimento.

Esse medidor mede muito bem água tratada e O menu apresenta vários líquidos, mas no ex. a opção
3– O menu solicita o tipo de fluido. água bruta sem excesso de sólidos em suspensão. é água sem distinção se é tratada ou bruta.
Selecionar no menu Standard (padrão). Para líqui- A outra opção é para líquido quente (menu Hi-
4– O menu pede o tipo de transdutor.
do frio. -temp).
5– O menu pede o tipo de montagem Tipos de montagem. Existem três montagens do transdutor, ou seja,
do transdutor. V, W e Z.

6– O menu apresenta o resultado da Instalar os transdutores, utilizando a pasta de Essa distância entre os transdutores estará ar-
distância dos transdutores. acoplamento acústico (veja tabela 6, item 1.3). mazenada.

Verificar se o método V foi selecionado


1 – Método V Método padrão.
durante a configuração.

Tubulação de PVC de 4”

Verificar se o método W foi selecionado Para tubos metálicos de diâmetros pequenos (D


2- Método W
durante a configuração. < 2”).

Tubulação de 2”
de aço carbono

Verificar se o método V foi selecionado Utilizado onde o método V está tendo interfe-
3- Método Z
durante a configuração. rências como ar, sólidos em excesso. Tubulações
maiores.

Tubulação de
1,60[m]

Tabela 2 – Determinação da vazão e da velocidade de escoamento.


SEQUÊNCIA OBSERVAÇÃO
1 – Ajuste da vazão. Existe um menu no equipamento e é seguida a sequência.
No menu escolhe-se a unidade da vazão como Litros/s, m3/s, m3/h e tam-
1.1 – Unidades da vazão.
bém pode ser em unidades inglesas
1.2 – Vazão máxima e vazão mínima. No menu escolhe-se a faixa de vazão - melhora o tempo de resposta.
1.3 – Amortecimento – valor em segundos Para aumentar ou diminuir o tempo de resposta.
2 – Determinação da vazão e da velocidade de escoamento. Há no menu a determinação da vazão e da velocidade de escoamento.
12 GUIA PRÁTICO Avaliação de Estações Elevatórias

4.1.3.2 Exemplo de Determinação da Vazão e da Velocidade de Escoamento


Medir a vazão em uma tubulação de 2” do circuito de ensaios manual do equipamento a ser utilizado quais os procedimen-
do Laboratório de Etiquetagem de Bombas da Universidade tos de inserção das informações através do menu do medidor.
Federal de Itajubá. A bomba centrífuga instalada opera va- 3º passo: Instalar os transdutores e conectar os cabos dos
zões de zero a 12[m3/h] ou 3,33[Litros/s]. transdutores ao medidor. A Tabela 5 ilustra o procedimen-
1º passo: Selecionar o local mais adequado e levantar as dis- to de instalação dos transdutores e a conexão dos cabos dos
tâncias recomendadas, a espessura da parede e os diâmetros transdutores ao medidor.
externo e interno (Tabela 3) 4º passo: Realizar os ajustes para a medição da vazão e da
2º passo: Determinar as distâncias dos sensores ou transdu- velocidade de escoamento.
tores. A Tabela 6 aponta passo a passo os ajustes e verificações para
A Tabela 4 mostra o procedimento para a determinação da as medidas de vazão e velocidade de escoamento.
distância dos transdutores. Cabe verificar detalhadamente no
Tabela 3 – Local adequado para a medição, determinação da espessura do tubo e diâmetros
SEQUÊNCIA SUGESTÕES OBSERVAÇÃO
Lembre-se que teremos que colocar os transdutores a
Entre o flange de saída da válvula esférica e
1 – Local adequado. 10.D do flange da válvula e 5.D do flange do medidor
o medidor de vazão eletromagnético.
eletromagnético.

Flange de saída da válvula. Flange do medidor eletromagnético

2 – Verificação da medida da posição dos transdutores. O primeiro transdutor na faixa amarela.

Montante - 10.D = 10.2” = 10.25,4mm = 254[mm] Jusante – 5.D (no caso tem mais que 5.D)
3 – Medida da espessura do tubo. Utilizar o medidor ultrassom de espessura. Valor obtido: e = 4[mm]

Zerando o medidor. Espessura do tubo (utilizar vaselina).


4 – Medida do diâmetro externo. Utilizar uma fita ou trena para o perímetro do tubo. Valor obtido do perímetro: Ltubo = 192[mm]

Ltubo [ m ] 192
D=
ext = = 61,11[ m ]
π π

Dint= Dext − 2 ⋅ e= 61,11 − 2 ⋅ 4= 53,11[ m ]

Tabela 4 – Determinação das distâncias dos sensores ou transdutores.


SEQUÊNCIA SUGESTÕES OBSERVAÇÃO
1 – Distância entre os transdutores. Ligar o painel do medidor. Utilizar o menu.

1.1 – Entrar com o valor do diâmetro externo do tubo. Dext = 1.5.1 – Resultado da velocidade do som na água – 1432,34[m/s].
61,11[mm]. 1.6 – Entrar com o tipo de montagem dos transdutores. Entrar
1.2 – Entrar com a espessura do tubo e = 4[mm]. com W para tubos menores ou iguais a 2”. Ainda se tem a mon-
1.2.1 – Resultado diâmetro interno Dint = 53,11[mm]. tagem dos transdutores WV e WW.
1.3 – Entrar com o material do tubo – aço carbono. 2 – Resultado da distância dos transdutores para essa montagem.
1.3.1 – Resultado da velocidade do som no tubo – 3230,01[m/s]. Ltransdutor=80,66[m]
1.4 – Entrar com o revestimento do tubo - nenhum.
1.5– Entrar com o tipo de fluido – água.
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 13

Tabela 5 – Instalação dos transdutores e ligação dos cabos no aparelho.


SEQUÊNCIA SUGESTÕES OBSERVAÇÃO
1 – Instalar os transdutores. Limpar o local. Utilizar o menu.

1.1 – Marcar com uma fita o local do transdutor de montante.

1.2 – Verificar o lado do transdutor de montante. O lado da direita fica


contra o transdutor de jusante. Existe uma seta indicando essa posição.

1.3 – Aplicar uma boa quantidade de pasta de acoplamento acústico.


Essa pasta é fornecida pelo fabricante, mas para escoamento a tempe-
raturas de 20o a 30o pode ser utilizada qualquer pasta a base de água.

1.4 – Fixar o transdutor de montante

1.5 – Fixar o transdutor de jusante. Os itens 1.1. a 1.3 deverão ser repe-
tidos para o transdutor de jusante. A fixação pode ser com corda ou fita
de nylon ou ainda com régua de ajuste dos sensores.

Verificar as cores de cada cabo para conectar


2 – Ligação dos cabos. Ligar os cabos dos transdutores ao medidor.
dos transdutores ao medidor.

2.1 – Conectar os cabos nos transdutores. Transdutores fixados com régua


de ajuste e guia corrediça (utilizada para tubos de diâmetro menores) e
conectar os cabos no medidor.

Tabela 6 – Verificações e medições da vazão e velocidade.

SEQUÊNCIA OBSERVAÇÃO
1 – Verificações a serem realizadas. Utilizar o menu de configurações de vazão.

1.1 – Definir as unidades da vazão. Neste caso define-se a vazão como Litros/segundo.
1.2 – Definir a faixa de vazão mínima e máxima. Definir uma faixa ótima de vazão melhora o tempo de resposta do medidor.

1.2.1 – Vazão máxima – 4[L/s]. 1.2.2 – Vazão mínima – 0[L/s]

1.3 – Definir o amortecimento (damping). O amortecimento é o tempo de resposta para determinar a média das vazões. Neste caso T = 10[s].
1.4 – Verificar a vazão e velocidade no menu. Q = 3,29[L/s] e v = 1,49[m/s].

Esse item no menu é importante, principalmente quando a vazão está instável ou não está medindo.
1.5 – Verificar a intensidade de sinal. Se a intensidade estiver muito baixa, menor que 5[%], deve ser verificado todos os itens anteriores no
menu e/ou modificado o tipo de montagem. Em último caso escolher outro local.

4.1.3.2 Exemplo de Determinação da Vazão e da Velocidade de Escoamento


A Tabela 7 apresenta as vantagens e desvantagens dos medidores de vazão Pitot-Cole e ultrassom tempo de trânsito. Em linhas
gerais a maior vantagem do medidor Pitot-Cole é o seu baixo custo e a maior desvantagem é sua dificuldade de instalação e
operação. No caso do ultrassom sua maior vantagem é a facilidade de instalação, mas sua maior desvantagem é seu alto custo.

Tabela 7 - Vantagens e desvantagens dos medidores Pitot-cole e ultrassom de tempo de trânsito.

TIPO DE MEDIDOR VANTAGENS DESVANTAGENS

Simples e de baixos custos de aquisição, manutenção Dificuldade de montagem, principalmente da insta-


e calibração. lação do tap e a vazão é medida indiretamente pela
diferença de pressão (necessidade de instalação de
Apesar de existirem distâncias recomendadas para sua um transdutor de pressão); maior trabalho de cálcu-
PITOT-COLE instalação próximas de curvas, válvulas e acessórios, los para a determinação da vazão.
quando não houver essas distâncias ele mede o perfil
de velocidades, possibilitando uma aproximação do Inseri perda de carga e possui interferência no es-
cálculo da vazão. coamento, pois existe uma área no interior da tu-
bulação.
14 GUIA PRÁTICO Avaliação de Estações Elevatórias

Tabela 7 - Vantagens e desvantagens dos medidores Pitot-cole e ultrassom de tempo de trânsito.


Facilidade de montagem; a vazão pode ser lida no dis- Complexo e altos custos de aquisição, manutenção
play após as informações necessárias solicitadas pelo e calibração.
menu do instrumento e/ou aquisitada.
Quando não obedecer às distâncias recomendadas,
Não inseri perda de carga e não possui interferência no ele não mede a vazão; mesmo com distâncias reco-
ULTRASSOM escoamento, pois seus sensores estão instalados exter- mendadas, se houver vibração na tubulação, poderá
(tempo de Trânsito) namente na tubulação. não medir a vazão.
Quando bem instalado e bem calibrado possui incerte- Mesmo bem instalado e calibrado, possui incertezas
zas nas medidas menores (de 0,5% a 1%). maiores em relação ao ultrassom (1,5%)

4.2 MEDIÇÕES DE GRANDEZAS ELÉTRICAS


Para a medição das grandezas elétricas deverão ser utilizados a chave seccionadora aberta, de forma que não haja tensão
analisadores de energia elétrica. Os analisadores permitem nos pontos de instalação. Caso não seja possível desligar e
registrar as seguintes grandezas elétricas: tensão, corrente, desenergizar o painel, deverão ser utilizados equipamentos
potência ativa, potência reativa e potência aparente, fator de proteção individuais apropriados para trabalhar em insta-
de potência, frequência e distorções harmônicas, permitindo lações energizadas:
uma analisar os parâmetros de operação dos motores ou ins- • Óculos ou máscara para proteção do rosto;
talações elétricas.
• Luva isolante de acordo com o nível de tensão;
A medição com analisadores de grandezas elétricas consis-
te basicamente na instalação de transdutores de tensão e • Luva protetora da luva isolante
de corrente no circuito de alimentação do motor, junto ao • Roupa “anti-chama”
quadro de comando e proteção ou diretamente na caixa de
ligação do motor. • Botas para eletricista, sem bico de aço
A instalação de equipamentos elétricos deve ser realizada por • Capacete
pessoal qualificado e experiente, com treinamento e certifica- • Roupa de proteção contra arcos elétricos, de acordo a cor-
ção na norma regulamentadora de segurança em instalações rente de curto circuito do ponto de instalação.
elétricas – NR-10. De acordo com a norma, o trabalho em
instalações elétricas deve ser realizado com o sistema desliga-
do e desenergizado, ou seja, o motor deve estar desligado e

4.3 ROTAÇÃO
A rotação de um motor pode ser medida através de tacôme- Figura 5 - Medidores de rotação: a) Óptico; b) Estroboscópico; c) Eletrome-
tros, que podem ser mecânicos, eletromagnéticos ou ópticos. cânico
Entretanto, para ensaios de campo os mais comuns são os
ópticos. Estes podem ser divididos em laser e estroboscópico.
O primeiro apresenta um baixo custo e funciona com a refle-
xão de um laser em uma fita reflexiva. O segundo emite uma
luz intermitente, que, quando coincidente com a frequência
de rotação, fará com que uma marca feita no eixo pareça
estacionária. Nos dois casos é necessário que o conjunto mo-
tobomba seja parado para que seja colocada a fita reflexiva ou a) b)
para que seja feita uma marca no eixo. Para bombas peque-
nas, também podem ser utilizados os tacômetros de contato
eletromecânicos, que possuem uma ponteira que deve ficar c)
em contato com o eixo.
A Figura 5 apresenta estes equipamentos.
5. AVALIAÇÃO DE INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E ELÉTRICAS
5.1 PLACA DA BOMBA COM OS DADOS NOMI- Figura 6 -Termografia em motor
NAIS
Na visita deve-se verificar se as bombas possuem placa de
identificação conforme indicado no Guia Prático de Plane-
jamento e Boas Práticas em Campo (VIANA; DIAS JÚNIOR,
2017).
5.2 TEMPERATURA
A temperatura é um parâmetro de grande importância para
uma rápida avaliação das condições de operação de um mo-
tor. Um aumento de 10oC na temperatura dos mancais e rola-
mentos, resultado de uma má lubrificação, pode reduzir pela • Elevação da temperatura ambiente;
metade sua vida útil. No caso de isolantes elétricos, o aumen- • Excesso de partidas e paradas (corrente de partida elevada);
to de temperatura pode indicar sua degradação. • Falta de limpeza (depósitos de poeira podem formar pontes
condutoras);
As principais causas de aquecimento dos motores são: • Ataque por vapores ácidos ou gases arrastados pela venti-
• Variação e desequilíbrio da tensão e frequência de alimen- lação.
tação;
Além reduzir a vida útil do motor, o aumento da temperatura
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 15

dos enrolamentos causa uma queda em seu rendimento, já Figura 7 – Termografia – desequilíbrio de fases
que as perdas joule se elevam. A medida da temperatura dos
enrolamentos através de termômetros ou sensores de tem-
peratura não é fácil de ser obtida, já que a temperatura varia
de um ponto a outro, dificultando a identificação do ponto
mais quente.
O uso de câmeras termográficas facilita o trabalho, já que esta
apresenta o perfil de todo o motor, sendo fácil reconhecer o
local de maior aquecimento. As Figuras 6, 7 e 8 mostra este
equipamento e o perfil de temperaturas resultante.
Comparando-se a medida de temperatura realizada com o Figura 8 – Termografia – Manutenção de instalações elétricas
limite definido pela classe de isolamento do motor (Tabela
8) têm-se um parâmetro para de sua condição de operação.

Tabela 8 – limite de temperatura do ponto mais quente do motor de acordo


com a classe de isolamento
Classe de Isolamento A E B F H
Temperatura máxima do
ponto mais quente (oC) 105 120 130 155 180

5.3 VIBRAÇÃO
A vibração em conjuntos motobombas está ligada diretamen- A análise de vibrações, quando feita corretamente, pode ser
te com problemas de instalação. Vibrações excessivas podem uma importante ferramenta para a manutenção preditiva. A
reduzir a vida útil do conjunto e afetar seu desempenho. As medição pode ser feita através de simples medidores portá-
principais causas de vibração são: teis ou através de analisadores que já indicam possíveis pro-
• Desequilíbrio na tensão de alimentação; blemas do conjunto. A medição deve ser feita nos mancais,
• Desbalanceamento (problema de fábrica); próximo ao eixo, em três direções perpendiculares.
• Desalinhamento do eixo; A Tabela 9 apresenta as zonas de avaliação da vibração, que
• Desgaste de mancais e rolamentos; fornece uma estimativa qualitativa da vibração do conjunto,
• Folgas nos mancais; permitindo que sejam definidas diretrizes com base nos re-
• Má lubrificação. sultados obtidos.
Tabela 9 - limites de vibração para máquinas rotativas (ISO 10816, 1995)
Tipo de Classe I Classe II Classe III Classe IV
Entre 15 e Acima de 75 kW Acima de 75 kW
Equipamento Até 15 kW 75 kW (Fundação Rígida) (Fundação Flexível)
0,28
0,45 Bom
0,71
VIBRAÇÃO [mm/s]

1,12
1,80
2,80 Satisfatório
4,50
7,10 Insatisfatório
11,20
18,00
28,00 Inaceitável
45,00

5.4 PLACA DO MOTOR E DADOS NOMINAIS


Os dados de placa de um motor (Figura 9) apresentam as principais características nominais de sua operação devem ser
identificados para cada motor. Alguns fabricantes disponibilizam ainda as curvas de desempenho (Figura 10), que devem ser
obtidas via internet.
Figura 9 - Dados de placa de motores de indução trifásico

• Nome e/ou marca do fabricante; corrente nominal, (Ip/In);


• Modelo (MOD) atribuído pelo fabricante; • Classificação térmica (ISOL).
• Designação da carcaça da máquina, • Categoria
• Número de série (n°) e/ou código de data de fa- • Grau de proteção (IP XX);
bricação; • Categoria
• Número de fases; • Regime de operação( S1: contínuo);
• Potência nominal (em cv e em kW) • Tensão(ões) nominal(is).
• Frequência nominal; • Corrente(s) nominal(is), de acordo com as ten-
• Velocidade de rotação nominal; sões;
• Rendimento nominal • Diagrama de ligações,
• Fator de potência nominal; • Fator de serviço, quando diferente de
• Razão da corrente com rotor bloqueado para a 1,0;
16 GUIA PRÁTICO Avaliação de Estações Elevatórias

Figura 10 - Curvas de desempenho do motor Por norma todo motor de indução deve conter informações
relativas às suas características de operação e de fabricação
marcadas de forma legível, indelével e durável diretamente
na carcaça. No entanto, em muitas instalações estes dados
não são legíveis. Motores mais antigos apresentavam menos
informações em suas placas, especialmente o rendimento no-
minal. A figura 11 ilustra conjuntos motobomba com moto-
res em torno de 15 e 30 anos e operação.
Figura 11 - Exemplo de placa de motor (ano 2000)

5.5 AVALIAÇÃO GERAL DE CONDIÇÕES ELÉTRICAS

5.5.1 Tensão de alimentação


A tensão de alimentação de uma instalação é a tensão medida O desvio da tensão nominal deve ser analisado, pois pode ser
no ponto de conexão com a rede elétrica. Para consumidores devido a um problema externo, e a concessionária de energia
do Grupo A o fornecimento é em média tensão (normalmente deve ser notificada. Caso seja um problema interno a rede elé-
13,8 kV), e então ligado a subestação onde os transformado- trica deverá ser inspecionada, pois pode apontar um proble-
res abaixam para a baixa tensão, que alimenta os motores em ma no transformador ou na rede de distribuição de energia.
220 V, 380 V ou 440 V. Tabela 10 – Valores limites de tensão
A tensão de alimentação do motor pode ser medida com um Tensão
Valores Limite (V)
multímetro no quadro de comando ou nos bornes da caixa Nominal (V)
de ligação do motor. Caso apresente uma de variação fora 127 117,5 / 136,5
dos limites pode comprometer o rendimento da operação do
motor. Os valores permitidos são de 7,5 % de variação, resul- 220 203,5 / 236,5
tando nos limites apresentados na Tabela 10. 380 351,5 / 408,5
440 407,0 / 473,0

5.5.2 Desequilíbrio de Tensão


A utilização do motor sob tensões desbalanceadas não é dese- Onde:
jável, pois pode reduzir a sua eficiência, ou mesmo, danificar dV [%] – desequilíbrio de tensão;
o motor ao provocar o aumento da temperatura. Normas in-
ternacionais recomendam que o desequilíbrio em motores de Va [V] – tensão na fase A;
indução seja de no máximo 1%. Vb [V] – tensão na fase B;
O desequilíbrio de tensão pode ser determinado a partir da Vc [V] – tensão na fase C;
medição da tensão nas três fases, e calculado como sendo o
máximo desvio da tensão em uma fase em relação a tensão Vmed [V] – tensão média.
média, dividido pela tensão média, conforme as equações.

 max ( Va − Vmed : Vb − Vmed : Vc − Vmed )  Va + Vb + Vc


dV =  Vmed =

 V 
 3

5.5.3 Corrente
A corrente solicitada por um motor elétrico pode ser medi- Durante a partida, os valores de corrente podem atingir picos
da através de transdutores de corrente, normalmente alicates de até 8 vezes a corrente nominal. Desta maneira, é importan-
amperímetros, que envolvem os cabos de alimentação e for- te verificar se há dispositivos de partida de motores (inversores
necem um sinal proporcional à corrente medida. É necessá- ou chaves de partida) quem inimizem as perdas na partida.
rio, portanto conhecer a relação de transformação do sensor
de corrente para configurar adequadamente o analisador de
energia.
5.5.4 Distorção harmônica
As distorções harmônicas são fenômenos associados com de-
formações nas formas de onda das tensões e correntes em
relação à onda senoidal da frequência fundamental. Em esta-
ções elevatórias esta distorção ocorre quando os motores são
acionados por conversores de frequência.
A distorção harmônica total (DHT) não deve ultrapassar 10%,
para tensões até 1 kV.
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 17

6. ENSAIOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO


Nos ensaios de avaliação do desempenho de uma estação • Rendimento dos conjuntos motobomba,
elevatória são realizadas medições que permitam avaliar o de- • Consumo específico das diferentes combinações de ope-
sempenho dos conjuntos motobomba e subsidiar análises de ração
melhoria.
• Avaliação de perdas de carga nas tubulações
Serão abordados três tipos de medições:

6.1 ENSAIO DE RENDIMENTO DE CONJUNTOS MOTOBOMBA


O ensaio pode ser realizado com medições pontuais das gran-
Figura 12 - Consumo específico das diferentes associações
dezas, mas recomenda-se a aquisição dos dados, para que
possam ser feitas mais medições e assim melhorar a confiabi-
lidade das medições. O tempo total de execução depende do
número de conjuntos e as combinações de operação em para-
lelo possíveis. O período de medições em cada ponto pode ser
pequeno (5-10 min.), no entanto sugere-se que o intervalo
entre as medições seja curto (a cada 30 ou 10 segundos).
Com isso tem-se mais medições para traçar uma média.
Os resultados destas medições são os pontos de operação da
curva e os rendimentos e consumos específicos de cada ope-
ração, como apresentam as tabelas e figuras a seguir para
uma estação elevatória com 6 conjuntos, dos quais os conjun-
tos 2 e 3 não estavam operando por manutenção.
Tabela 11 – Exemplo de dados coletados nos ensaios individuais dos conjuntos
VALORES MEDIDOS
p1 [m] p2 [m] n Q Q Pel
Bombas [m3/s]
Entrada Saída [rpm] [m3/h] [kW]
1 1,15 45,9 1400 0,2356 848,2 161,0
4 1,30 45,0 1390 0,2280 820,8 197,0
5 1,34 46,8 1394 0,2100 756,0 158,0
6 1,12 46 1400 0,2340 842,4 197,0
VALORES CALCULADOS
H Ph Pe nm nb nc
Bombas [m] [kW] [%] [%] [%]
[kW]
1 47,3 109,4 154,6 96,0 70,8 68,0
4 46,1 103,2 189,1 96,0 54,6 52,4
5 47,5 97,9 151,9 96,1 64,4 62,0
6 47,4 108,9 189,8 96,3 57,4 55,3
VALORES CORRIGIDOS – n = 1775[rpm]
Q Q H Ph Pe Pel
Bombas
[m3/s] [m3/h] [m] [kW] [kW] [kW]
1 0,2987 1075,4 76,1 223,0 315,1 328,1

4 0,1170 1033,4 75,2 214,8 393,8 410,2

5 0,2636 949,1 77,0 202,8 313,6 326,2

6 0,2967 1068,0 76,3 221,9 386,7 401,5

Tabela 12 - Resultados das diferentes associações

CEN Qtotal CE
Associação Bomba Q [m3/h] Pel [kW] H [m] Ptotal [kW]
[kWh/m3/100m] [m3/h] [kWh/m3]
1 1 848 161 47,3 47,3 848 161 0,190
4 4 821 197 46,1 46,1 821 197 0,240
5 5 756 158 47,5 47,5 756 158 0,209
6 6 842 197 47,4 47,4 842 197 0,234
1/6 1 895 215 56,0 56,0 1832 482 0,263
6 937 267 56,3 56,3
4/5 4 868 238 61,8 61,8 1872 481 0,257
5 1004 243 61,7 61,7
4 929 341 81,4 81,4
4/5/6 5 822 250 81,4 81,4 2642 944 0,357
6 892 353 81,4 81,4
18 GUIA PRÁTICO Avaliação de Estações Elevatórias

Tabela 12 - Resultados das diferentes associações

CEN Qtotal CE
Associação Bomba Q [m3/h] Pel [kW] H [m] Ptotal [kW]
[kWh/m3/100m] [m3/h] [kWh/m3]
1 802 243 81,3 81,3
1/5/6 5 684 225 81,5 81,5 2317 772 0,333
6 831 304 81,1 81,1
1 688 242 99,3 99,3
2 471 336 100,0 100,0 2491 1121 0,450
1/2/5/6 5 559 224 99,5 99,5
6 774 319 100,2 100,2
1 628 246 99,9 99,9
4 627 323 100,1 100,1 2534 1122 0,443
1/4/5/6 5 541 229 100,5 100,5
6 737 324 100,4 100,4

6.1.1 Determinação da Curva do Sistema e da Bomba


Existem situações em que não se tem disponível a curva da à inviabilidade na retirada da linha de tubulações ou sua re-
bomba fornecida pelo fabricante ou, devido ao desgaste da produção em laboratório. Outra dificuldade para obtenção
bomba e do sistema de tubulações, pelo uso prolongado, tor- da curva do sistema é o fato de que no ensaio a bomba deve
na-se inviável a utilização da curva do fabricante ou o seu operar em diferentes rotações, mas é acionada por um motor
ajuste através de equações teóricas. Fazendo-se necessário a elétrico de rotação constante. Desta forma, a troca do motor
obtenção das curvas características reais, com a finalidade de por outro acionamento, ou a ins-talação de um acoplamento
realizar uma análise mais confiável. de rotação variável, para realização dos ensaios é uma alter-
nativa técnica e economicamente inviável.
Os testes requeridos para o levantamento da curva da bomba
podem ser realizados de duas formas: no local de operação A seguir é apresentada uma metodologia que permite rea-
da bomba, caso não seja possível a retirada da mesma, ou em lizar, no campo, os ensaios necessários para obtenção das
laboratório. Já para obtenção da curva do sistema os testes curvas, sem que ocorra a retirada da bomba ou mudança do
só são possíveis de se realizar na própria instalação, devido acionamento da mesma.

6.1.2 Determinação da Curva da Bomba


Analisando a Figura 13, observa-se que o estrangulamento Onde:
da válvula provoca uma alteração na curva do sistema e, man- K1= A. n2;
tendo constante a rotação do motor, o ponto de operação do K2= B. n;
conjunto desloca-se sobre a curva da bomba, que permanece A, B, C – constantes dependentes do projeto da bomba;
inalterada. Assim, com a medição de valores de pressão e va- n [rpm] – rotação da bomba;
zão em diversas posições de abertura da válvula, adquire-se Q [m³/s] – vazão;
um conjunto de pontos que representam a curva da bomba, H [m] – altura de elevação total.
em uma dada rotação. O chamado ensaio de recepção, que serve para verificar as
Para a determinação da curva da bomba os seguintes passos condições reais de funcionamento da bomba.
devem ser seguidos:
1. Com a válvula de controle toda aberta e a bomba em sua
rotação nominal, medir a vazão e a pressão;
2. Repetir a mesma leitura anterior para diversas aberturas de Figura 13 - Obtenção da curva da bomba.
válvula, até que esteja totalmente fechada;
3. Em um gráfico de pressão em função de vazão marcar os
pontos medidos, e obter a curva da bomba ajustando um po-
linômio do segundo grau, de acordo com a equação abaixo,
resultando em uma curva como mostrada na Figura 13.

H = k1 + k2 ⋅ Q + C ⋅ Q 2

6.1.3 Determinação da curva do sistema


A análise da Figura 14 mostra que uma alteração na curva da bomba. Contudo a bomba a ser ensaiada é acionada por
da bomba através da regulagem de sua rotação, mantendo um motor elétrico de rotação constante o que impossibilita o
a mesma abertura de válvula, provoca um deslocamento do levantamento da curva do sistema. No entanto, mesmo o mo-
ponto de operação do conjunto sobre a curva do sistema, que tor sendo de rotação única, pode-se afirmar que num dado
por sua vez permanece inalterada. Assim, a curva do sistema intervalo de tempo tanto o motor quanto a bomba irão traba-
para uma dada condição de linha de tubulações é obtida me- lhar com rotação variável. O referido intervalo corresponde ao
dindo os valores de pressão e vazão para diversas rotações instante de tempo em que o motor é desligado, e sua rotação
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 19

decresce desde a nominal até a rotação igual a zero. Figura 14 - Obtenção da curva do sistema.
Através de um sistema informatizado, com alguns transdu-
tores e programas computacionais, é possível acompanhar o
decréscimo da rotação do conjunto motor- bomba, lendo e
armazenando os valores de pressão e vazão para as diferen-
tes rotações, desde o desligamento do motor até sua parada
completa.
A seguir o procedimento de campo para levantamento da cur-
va do sistema:
1. Com a válvula de controle totalmente aberta, ajusta-se a
bomba ao ponto nominal de operação;
2. Liga-se o sistema de aquisição de dados;
3. Desliga-se o motor e faz-se a leitura dos valores de pressão,
vazão e rotação ao longo do tempo, até que ele pare;
4. Em um gráfico de pressão em função da vazão marcam-se
os pontos e determina a curva do sistema, ajustando um poli-
nômio do segundo grau, tal como na Figura 14.
6.1.4 Interpolação por três pontos
Em casos onde há a impossibilidade de realização dos testes
para levantamento das curvas, seja por dificuldades na imple- H = a + b ⋅ Q2
mentação do sistema de aquisição dos dados ou restrições Da curva do sistema, observa-se que para condição de vazão igual
impostas pelo processo onde a bomba está instalada, é pro- a zero, a Equação fica:
posto à estimativa das curvas características com base no co-
nhecimento de três pontos distintos. H0 = a
A Figura 15 apresenta a curva de uma bomba instalada em
um sistema com ponto nominal de operação representado e para condição nominal:
por N, fornecendo uma vazão QN e pressão HN. A condição de
operação com a válvula toda fechada e máxima pressão é p, H N − H0
b=
com vazão zero e pressão Hp, chamado de ponto de “shutoff” QN2
da bomba. As diferenças geométricas de cotas entre os reser-
vatórios de sucção e descarga são representadas pela altura Para a curva do sistema a expressão simplificada fica:
estática H0 de instalação.
Tanto a curva da bomba quanto a do sistema são expressas
por um polinômio do segundo grau, isto é, admite-se que a
H −H 
altura de carga total fornecida pela bomba e as pressões im- H 0 +  N 2 0  ⋅ Q2
HS =
postas pelas linhas de tubulações são expressas por equações
com a forma:  QN 
Figura 15 - Estimativa das curvas características por três pontos Da mesma maneira, deduz-se que a curva da bomba de forma
simplificada é expressa pela equação:

H −H 
H P +  N 2 P  ⋅ Q2
HB =
 QN 
Assim, se forem conhecidas as ordenadas dos pontos de “shu-
toff” da bomba, a altura estática da instalação e um ponto
de operação do sistema, que pode ser a condição nominal de
trabalho, é possível estimar as curvas características da bomba
e da instalação.

6.1.5 Altura Total de Elevação


A altura total de elevação de uma bomba corresponde à soma nos reservatórios de sucção e recalque, que são desprezíveis,
de duas parcelas de altura: a altura estática e dinâmica. A par- pois para grandes volumes a velocidade se aproxima de zero,
cela de altura estática representa a diferença entre os níveis e principalmente, devido às perdas de carga ocorridas nas
que o fluido precisa vencer, ou seja, representa a diferença de tubulações. A Figura 16 um caso típico em sistemas de abas-
energia que separa a superfície livre do reservatório de sucção tecimento de água com suas respectivas alturas.
e o local onde é feita a descarga do recalque. Ela pode ser Portanto, analisando a altura total de elevação pelo lado da
subdividida em duas outras parcelas: a altura de sucção e a instalação, chega-se a seguinte equação.
altura de recalque, referenciadas com relação ao centro do
rotor da bomba. Caso os reservatórios sejam pressurizados, a
altura estática contará ainda com uma parcela corresponden- p3 v2 − v2
te a diferença de pressão nos reservatórios. Já a altura dinâmi- H =H 0 + + 4 1 + Hp
ca corresponde a parcela devido à diferença de velocidades, ρ⋅g 2g
20 GUIA PRÁTICO Avaliação de Estações Elevatórias

onde: Figura 16 - Esquema de uma instalação de bombeamento


H [m] – altura total de elevação;
H0[m] – desnível geométrico entre os níveis de sucção e re-
calque;
v4[m/s] – velocidade do líquido no nível do reservatório de
recalque;
v1[m/s] – velocidade do líquido no nível do reservatório de H0 = a
sucção;
Hp[m] – perdas de carga na linha de sucção e recalque.
Este tipo de análise, feita pelo lado da instalação, é realizada
em fase de projeto, quando será selecionada a bomba. Para
avaliar as condições de operação de uma bomba que já este-
ja operando deve-se realizar a análise pelo lado da bomba,
ou seja, deve-se aplicar a equação de Bernoulli considerando
como fronteiras do sistema a entrada e a saída da bomba.
Portanto, a altura de elevação total pode ser calculada por.

p3 p2 v32 − v22
H= − + + ( z3 − z2 )
ρ⋅g ρ⋅g 2g
onde:
H [m] – altura total de elevação;
p3/pg [m] – pressão manométrica na saída da bomba;
p2/pg [m] – pressão manovacuométrica na entrada da bomba;
v3 [m/s] – velocidade na saída da bomba;
v2 [m/s] – velocidade na entra da bomba;
z3-z2 [m] – diferença de cota entre a posição de entrada e 4⋅Q
saída da bomba. v=
Na prática, utilizam-se os bujões das bombas para realizar onde:
π ⋅ D2
as medidas de pressão na entrada e saída da bomba e, co- v [m/s] – velocidade na entrada ou saída da bomba;
nhecendo-se seus diâmetros calculam-se as velocidades v3 e D [m] – diâmetro da entrada ou saída da bomba;
v2 através da expressão: Q [m3/s] – vazão do sistema.

6.1.6 Rendimento do motor


O rendimento do motor pode ser obtido a partir de dados 100% da carga nominal. Se o carregamento de um motor for
do fabricante e do seu carregamento, dado pela potência de maior que 75%, o motor pode ser considerado bem dimen-
traba-lho em relação à potência nominal do motor. A maioria sionado, pois trabalha em uma região de operação em que os
dos motores são projetados para operar na faixa entre 50% a rendimentos são elevados.

6.1.7 Rendimento do conjunto


Para avaliar o rendimento do conjunto é necessário determi- Medindo-se a potência elétrica consumida pelo conjunto, cal-
nar primeiramente a potência hidráulica, responsável pelo cula-se seu rendimento :
escoamento do fluido. Através do ensaio da bomba em cam- Ph
po, determina-se a altura total de elevação, que representa ηc =
a quantidade de energia por unidade de peso bombeado e Pel
a vazão. Assim a potência hidráulica pode ser calculada por: onde:
nc [%] – rendimento do conjunto;
Ph [kW] – potência hidráulica;
Ph = ρ ⋅ g ⋅ Q ⋅ H ⋅10−3 Pel [kW] – potência elétrica consumida.
onde: O valor encontrado para o rendimento do conjunto deve ser
confrontado com o valor nominal do conjunto, obtido pela
Ph [kW] – potência hidráulica;
multiplicação dos rendimentos do motor e da bomba.
p[kg/m3] – massa específica da água;
Caso o rendimento encontrado esteja muito abaixo do espe-
g [m/s2] – aceleração da gravidade; rado, é necessário realizar uma análise do porquê desta ocor-
Q [m3/s] – vazão; rência e definir medidas como troca ou reparo do conjunto a
fim de aumentar sua eficiência, reduzindo assim o consumo
H [m] – altura total de elevação. de energia.

7. MONITORAMENTO DOS PARÂMETROS HIDRÁULICOS E ELÉTRICOS


O monitoramento de grandezas hidráulicas e elétrica deve do assim o volume de dados armazenados no datalogger e
compreender um período que seja representativo do com- que posteriormente deverão ser analisados. Medições a cada
portamento típico da estação elevatória. É bastante comum 5 minutos são suficientes para o monitoramento.
que em estações elevatórias de água tratada haja variação da O exemplo da Figura 16 apresenta os dados de monitoramento
demanda de água e consequentemente de energia nos finais de vazão total de uma estação elevatória e a potência dos con-
de semana. É o caso por exemplo de cidades turísticas, onde juntos motobomba.
o consumo de água aumenta ou de distritos industriais, onde
o consumo nos finais de semana é reduzido. No monitoramento das grandezas o tempo de medição é
maior, e com isso a medição está mais sujeita a problemas.
Recomenda-se, portanto, que o período de monitoramento Recomenda-se que ao menos uma vez ao dia seja feita uma
seja de pelo menos 7 dias. Para este monitoramento de maior avaliação do sistema de medições, verificando:
prazo, o intervalo entre as medições pode ser maior, reduzin-
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 21

Figura 17 – Exemplo de monitoramento de vazão da estação elevatória e potência dos motores

• Alimentação dos medidores na rede elétrica; elevatória. Atividades de manutenção, faltas de energia ou
• Capacidade de armazenamento de dados dos datalog- situações de consumo anormal de água irão afetar a ope-
gers; ração típica da elevatória, e os dados monitorados serão
também atípicos da operação.
• Funcionamento adequado de medidores e transdutores;
Estas situações devem ser acompanhadas para que os resulta-
• Continuidade das medições. dos possam considerar esta operação anormal e sejam feitos
Caso algum problema seja encontrado, deverá ser feita os devidos ajustes.
uma avaliação se o monitoramento deve ser reiniciado ou Uma vez planilhados, os dados poderão ser analisados através
se os dados coletados até o momento são suficientes. de gráficos e cálculos. A planilha apresentada na Tabela 13 é
Durante o período de monitoramento, a equipe deve um exemplo das grandezas monitoradas ao longo do tempo.
acompanhar eventuais eventos atípicos na operação da

Tabela 13 - Tabela de dados de monitoramento


Vazão Vazão Demanda Potência Potência Potência Potência Potência Potência
Nível Conjuntos
Data e Hora Barrilete Filtros total Motor 1 Motor 2 Motor 3 Motor 4 Motor 5 Motor 6
(mca) ligados
(l/s) (l/s) (kW) (kW) (kW) (kW) (kW) (kW) (kW)

20/08/2015
688 59 2,48 1256 339 338 255 325 4
00:00

20/08/2015
01:00 644 54 2,67 1000 351 330 318 3

20/08/2015
685 57 2,64 1223 331 330 249 312 4
02:00

20/08/2015
689 60 2,54 1217 331 330 243 312 4
03:00

20/08/2015
666 56 2,21 1217 331 330 243 312 4
04:00

A apresentação dos dados de monitoramento em gráficos


Figura 18 - Exemplo monitoramento de demanda
permite ainda identificar um comportamento comum da
estação e também anormalidades, que devem ser con-
frontadas com os eventos e a operação dos conjuntos do
período de monitoramento.
Nos gráficos apresentados na Figura 18 e Figura 19
tem-se o monitoramento da demanda total e da vazão e
pressão no barrilete da adutora do mesmo período. Neles
observa-se que a vazão, pressão e demanda da estação
elevatória estão diretamente relacionadas.
Observa-se ainda uma redução de todas as grandezas no
mesmo período, que se trata da redução do bombeamen-
to no horário de ponta para reduzir custos. Na área central
do gráfico não ocorre esta redução, devido ao fato de ser
sábado e domingo, quando não há horário de ponta.
22 GUIA PRÁTICO Avaliação de Estações Elevatórias

8. ANÁLISE DE DADOS Figura 19 - Exemplo de monitoramento de vazão e pressão no barrilete

8.1 HISTÓRICO DAS FATURAS DE ENERGIA


O histórico de energia permite analisar diversas grandezas e
seu comportamento (variação de consumo, demanda, tarifas
e encargos) ao longo dos meses. O período de análise deve
ser de no mínimo de 12 meses.
A seguir são apresentadas informações que devem ser iden-
tificadas na fatura e as análises que podem ser realizadas a
partir dos dados que devem ser planilhados mês a mês.

8.1.1 Classificação das Unidades Consumidoras


Os consumidores de energia são identificados por classes e zada pela estrutura tari-fária monômia, onde é cobrado ape-
subclasses de consumo em função da atividade exercida pe- nas o consumo de energia.
las mesmas: residencial, rural, iluminação pública e demais Já o Grupo A consiste em consumidores de alta tensão, ou
classes (consumidores industriais, comerciais, serviços e poder seja, com tensão de fornecimento superior a 2,3 [kV]. É ca-
público). As empresas de abastecimento de água são classifi- racterizada pela estrutura tarifária binômia, onde é cobrado o
cadas como Serviço Público, na qual se enquadram os servi- consumo de energia e de demanda.
ços de água, esgoto e saneamento.
Estações elevatórias de maior porte, que possuam transfor-
São dois os grupos de faturamento para consumidores de mador próprio normalmente são atendidas em 13,8 kV, per-
energia elétrica: Grupo A e Grupo B. ten-cendo ao subgrupo A4. Existem três modalidades de for-
O Grupo B engloba consumidores de baixa tensão (tensão de necimento para este grupo: convencional, horo-sazonal azul
fornecimento menor do que 2,3 kV e é o caso das estações e horo-sazonal verde.
elevatórias de menor porte, atendidas em 220 V. É caracteri-

8.1.2 Consumo de energia [kWh]


O consumo faturado se refere a energia ativa, capaz de pro- de consumo diário, ou seja, o consumo total mensal dividido
duzir trabalho. Corresponde ao valor acumulado pelo uso da pelo número de dias entre os períodos de medição.
potência elétrica disponibilizada ao consumidor ao longo de
um período de consumo, normalmente de 30 dias. O consu- Sazonalidade do consumo
midor paga este consumo no mês seguinte à sua utilização. A variação do consumo ao longo do ano pode ser visualizada
O consumo total de energia da instalação é a soma da energia através de uma curva neutra, composta pelo valor do con-
consumida no horário de ponta e fora do horário de ponta. sumo mensal dividido pela média de consumo no período.
Assim, um valor igual a 1 significa o valor médio.
Consumo no horário de ponta e fora do horário de ponta
[kWh] Perfis diversos podem ser encontrados, como por exemplo: o
consumo de energia se mantem praticamente constante no
O Horário de Ponta é definido pela concessionária e compos- período; ou pode-se apresentar uma amplitude em torno de
to por 3 horas diárias consecutivas entre as 17:00 e 22:00, 30% de diferença entre os meses de menor consumo e o mês
exceção feita aos sábados, domingos e feriados nacionais. de janeiro onde foi registrado o pico de consumo no período,
Neste período a tarifa de energia é maior, e por isso há discri- cenário esse comum em uma cidade turística.
minação do consumo no horário de ponta. O Horário fora de
ponta compreende as demais 21 horas do dia. Potência Ativa [kW]

Nas faturas de energia podem haver variações nos períodos Quantidade de energia elétrica solicitada da rede em um
de leitura da medição, com 32 ou 28 dias por exemplo. Para dado instante.
que essa diferença não afete a análise deve-se utilizar a média

8.1.3 Demanda [kW]


Média da potência elétrica solicitada pela carga instalada em tratada, será cobrada a demanda contratada com a tarifa
operação na unidade consumidora ao sistema elétrico, du- comum e a demanda de ultrapassagem com a tarifa de ultra-
rante um intervalo de tempo especificado (normalmente 15 passagem. Caso a registrada seja menor que a contratada, o
minutos). A demanda registrada é o maior valor no período. custo será referente a demanda contratada.
A Demanda Contratada é colocada continuamente e obri- Fator de Carga
gatoriamente à disposição do consumidor por parte da con- Grau de utilização da energia disponível. Pode ser entendi-
cessionária e deve ser paga mensalmente em sua totalidade. do como o consumo de energia pelo tempo de utilização da
Demanda de Ultrapassagem demanda máxima. Pode ser calculado a partir da demanda
Parcela da demanda medida que excede o valor da contrata- média do monitoramento de energia ou a partir do consumo
da, considerando uma tolerância de 5%. A partir deste limite total, como mostram a expressão abaixo.
é cobrado o valor da demanda de ultrapassagem (duas vezes
o valor da contratada). Dmed Dmed ⋅ ∆t E
F
= .C. = =
Demanda Faturada Dmax Dmax ⋅ ∆t Dmax ⋅ ∆t
É o valor considerada para fins de faturamento. Consiste no onde:
maior valor entre a demanda medida e a contratada. No caso F.C. [1] - fator de carga;
de uma demanda registrada maior que 105% o valor da con- Dmed [kW] – demanda média no período;
Dmax [kW] – demanda máxima no período;
E [kWh] – energia consumida no período.
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 23

8.1.4 Fator de Potência


Os motores, transformadores e outros equipamentos de Dmed Dmed ⋅ ∆t E
unidades consumidoras requerem para o seu funciona- F
= .C. = =
mento as potências ativa e reativa. A potência ativa, ex- Dmax Dmax ⋅ ∆t Dmax ⋅ ∆t
pressa em kW, é a potência que efetivamente produz tra-
balho. A potência reativa, expressa em kVAr, é distribuída A melhoria do fator de potência resulta em reduzir custos,
nos elementos indutivos e capacitivos do circuito, sendo pois maximiza a capacidade do sistema, melhora a qualidade
que estabelece o campo magnético nas indutâncias e os da tensão e reduz as perdas de energia. Instalações com bai-
campos elétricos nos capacitores. xo fator de potência necessitam de transformadores, relés de
proteção e outros equipamentos maiores do que o indicado.
Desta forma, pode-se dizer que a potência reativa não
produz trabalho, mas que sem ela o trabalho não se re- Além da redução na eficiência no uso de energia, a legislação
alizaria. A composição destas duas resulta na potência brasileira determina que o fator de potência deve ser mantido
aparente ou total. o mais próximo da unidade, mas permite um valor mínimo de
0,92. Se o fator de potência estiver abaixo desse mínimo, a
O valor do fator de potência da instalação pode ser cal- conta de energia elétrica terá um custo adicional pelo consu-
culado a partir dos valores de demanda ativa e reativa mo excedente de reativo.
(P e Q) ou das respectivas energias (EA e ER), que são
apresentadas nas faturas de energia da concessionária. O Para diminuir este custo e aumentar a eficiência, a energia
fator de potência é calculado utilizando-se as seguintes reativa pode ser fornecida através de fontes externas, em que
equações: os bancos de capacitores têm sido os mais utilizados para a
compensação de energia reativa.
8.1.5 Custos da energia
Figura 20 – Evolução do custo específico
O histórico das faturas de energia traz ainda informações das
tarifas e custos com energia.
O custo específico é dado pelo valor total da fatura, em R$,
dividido pelo consumo total, em kWh. O custo específico
engloba as tarifas de consumo, demanda, taxas, impostos e
encargos. É bastante utilizado na estimativa da redução dos
custos com medidas de economia de energia.
A Figura 20 ilustra o aumento do custo específico devido a
reajustes tarifários e o custo adicional de bandeiras tarifárias.

8.2 ESTABELECIMENTO DE LINHA DE BASE


A linha de base é um modelo do consumo de energia e acor- Figura 21 - Exemplo de linha de base – Boa correlação
do com uma variável independente relacionada ao uso final
da energia. Em geral, uma análise de regressão entre a ener-
gia medida e a variável independente.
Deve-se procurar um modelo que represente, de forma
aproximada, o consumo energético do equipamento em suas
diversas condições de operação. Em estações elevatórias a
variável independente pode ser a vazão ou volume de água
bombeado, sendo este o uso final da energia consumida.
Na Figura 21 observa-se um bom exemplo de linha de base
de uma estação de bombeamento. Neste caso há uma boa
aderência entre o volume bombeado e a energia consumida,
que pode ser visto pelo coeficiente de correlação (R²) próximo
da unidade.
Já no exemplo da Figura 22 não há uma boa correlação, e
Figura 22 - Exemplo de má correlação entre energia e volume
estes dados não devem ser utilizados na linha de base. Neste
caso o consumo de energia foi obtido das faturas da conces-
sionária, que envolve diferentes setores (baixo recalque, alto
recalque e tratamento). Esta correlação pode ser melhorada
se forem utilizados medidores dedicados a cada setor, tanto
de energia como também de vazão.
24 GUIA PRÁTICO Avaliação de Estações Elevatórias

8.3 CÁLCULO DE INDICADORES

8.3.1 Consumo específico de energia (CE)


O consumo específico de energia elétrica (CE) indica a energia EEcons
requerida para que um metro cúbico de água seja elevado CE =
pelo conjunto motobomba. Este indicador mostra a qualida- Vbom
de do conjunto motobomba e também do sistema de tubula-
ções à jusante da bomba, pois a melhoria do rendimento do onde:
conjunto ou a redução da perda de carga da tubulação irão CE– consumo específico de energia elétrica [kWh/m³];
reduzir a potência necessária para elevar o metro cúbico de
água. Quanto menor for seu valor menos energia é gasta. É EEcons – energia elétrica consumida no período [kWh];
calculado pela seguinte equação: Vbom – volume bombeado no período [m³].

8.3.2 Consumo específico normalizado (CEN)


É um indicador utilizado para comparar diferentes instala- onde:
ções, que possuem alturas manométricas próprias. Assim foi CEN – consumo específico de energia elétrica [kWh/m³/100m];
definido o CEN como a energia gasta para elevar um metro EEcons – energia elétrica consumida no período [kWh];
cúbico de água a 100 metros de altura manométrica, e é dado Vbom – volume bombeado no período [m³];
pela equação: Hman – altura manométrica [m].
Como referência este indicador é da ordem de 0,5 kWh/m³
EEcons
CEN = para 100 m. Sistemas com valores inferiores ainda podem ser
H
Vbom ⋅  man  melhorados, porém se o resultado for maior indica que há
100  uma grande chance de reduzir o gasto com energia.
 

9. PROPOSIÇÃO DE MEDIDAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA COM ESTIMATIVA DE BE-


NEFÍCIOS
O consumo de energia de uma instalação de bombeamento
pode ser dado pela expressão abaixo:

Q ⋅ H ⋅ ρ ⋅ g ⋅t
CUSTO DE
= ENERGIA = tarifa
ηb ⋅ηm
Onde ρ e g o peso específico da água e constante gravitacio- c) Redução da vazão (Q)
nal, que podem ser consideradas constantes. Assim, temos d) Redução do tempo de operação (t)
que a redução de despesas com energia pode decorrer de:
e) Redução dos custos de energia (tarifa)
a) Melhoria do rendimento do conjunto (ηbomba e ηmotor)
A seguir são apresentadas algumas destas oportunidades.
b) Redução da altura manométrica total (H)

9.1 MELHORIA DE RENDIMENTO DOS EQUIPAMENTOS

9.1.1 Bombas

A partir dos resultados dos ensaios de rendimento da bom- A substituição de bombas deve buscar o modelo de melhor
ba é possível avaliar os benefícios da substituição por uma desempenho par o ponto de operação. O Programa Brasileiro
bomba nova. Em alguns casos a substituição visa restaurar as de Etiquetagem (PBE) abrange conjuntos motobomba para
características nominais, e em outros casos a substituição é potências de até 25cv de potência, e para bombas até esta po-
necessária pela alteração dos parâmetros de operação, como tência deve-se privilegiar aquelas com etiqueta categoria “A”,
aumento da vazão ou da altura manométrica pela expansão preferencialmente com o Selo Procel de economia de energia.
da rede, pode exemplo.

9.1.2 Exemplo de substituição de bomba


Uma determinada bomba de estação elevatória de captação Onde:
apresenta os seguintes valores nominais: Q = 600 m³/h, H = Ph = potência hidráulica [kW]
80 mca. A partir das curvas de catálogo do fabricante temos
que tal ponto de operação corresponde a uma eficiência de g = aceleração gravitacional [m/s²]
mais de 70%, conforme mostrado na Figura 23. H = altura manométrica [m]
No entanto, com as medições dos ensaios de desempenho Q = vazão [m³/s]
constatou-se que seu ponto de operação é: Q = 414 m³/h, H
= 70 mca. A partir destes resultados foi calculada a potência
hidráulica,utilizando a seguinte equação:

Ph = g ⋅ H ⋅ Q
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 25

Figura 23 - Exemplo ponto de operação bomba atual Figura 24 – Curvas da bomba proposta

413mm (Maximo)

384mm (Nominal)

326mm (Mínimo)

As medições do diagnóstico apontaram ainda que a potência


Ph
correspondente do motor elétrico é 132 kW, e o mesmo é de η=
alto rendimento, pode-se calcular a potência de eixo consu- Peixo
mida pela bomba, conforme a equação a seguir:
Deste modo o rendimento obtido da bomba foi de 64%, bem
Peixo = η MOTOR ⋅ Pel inferior ao esperado. Esse baixo rendimento significa que a
bomba está consumindo uma maior potência de eixo e, con-
sequentemente, mais energia elétrica. Logo propôs-se a troca
Onde: da mesma por outra bomba com melhor rendimento.
Peixo = potência mecânica de eixo [kW] Partindo do mesmo ponto de operação da Bomba C (Q =
Pel = potência elétrica [kW] 600 m³/h, H = 80mca), fez-se uma cotação de bombas cen-
trifugas de melhor rendimento, chegando-se na INI150-400,
Com a potência hidráulica e a potência de eixo em mãos po-
cuja curva de operação e informações técnicas fornecidas
de-se calcular o rendimento da bomba.
pelo fabricante encontram-se ao lado.

9.1.2 Exemplo de substituição de bomba


Partindo-se da premissa de que a potência hidráulica deve ser te), obtendo-se a potência de eixo. Todas essas informações
a mesma, já que ambas as bombas operam no mesmo ponto, estão sintetizadas pela Tabela 14, onde se observa que a po-
com mesma vazão e mesma altura, dividiu-se esta potência tência de eixo solicitada pelo motor sofreu uma redução de
hidráulica pelo rendimento de 80% (fornecido pelo fabrican- 24,5%.

Tabela14 – Dados da bomba antigas e nova do exemplo

Antiga Bomba Pot. Hidráulica [kW] Rendimento Pot. Eixo [kW]

ETA 150-50 78,2 64% 122,2

Nova Bomba Pot. Hidráulica [kW] Rendimento Pot. Eixo [kW]

INI 150-400 78,2 80% 97,7

Através do monitoramento deste conjunto constatou-se que teve-se o consumo energético anual tanto da bomba atual,
o tempo de operação médio, cerca de 10% do ano. Multipli- quanto da bomba selecionada para substitui-la. Esta compa-
cando-se esse tempo pela potência de eixo consumida, ob- ração de consumo pode ser observada na Tabela 15.

Tabela 15 – Economia de energia estimada no exemplo

Antiga Bomba Consumo anual [kWh]

ETA 150-50 107.010


Economia
21.402
[kWh/ano]
Nova Bomba Consumo anual [kWh]

INI 150-400 85.608


26 GUIA PRÁTICO Avaliação de Estações Elevatórias

9.1.3 Motores
Os motores elétricos são máquinas eficientes, com rendimen- O carregamento de um motor pode ser compreendido como
tos nominais acima de 90%, mas o rendimento é afetado por a potência de trabalho em relação à potência nominal do mo-
condições de operação, manutenção, qualidade da energia tor. A maioria dos motores são designados para operar na
e características da carga acionada. Os métodos de determi- faixa entre 50% a 100% da carga nominal. Um motor quando
nação do rendimento são de difícil aplicação em campo, de bem dimensionado trabalha em uma região de operação em
forma que a análise do desempenho do motor pode ser fei- que os rendimentos são elevados.
ta pelo seu carregamento e tomando como referência dados
fornecidos pelo fabricante.
Seleção de motores de alto rendimento pela Lei de Eficiência Energética (Lei nº10295 de 17 de
outubro de 2001). Os rendimentos nominais mínimos es-
A Portaria MME/MCT/MDIC 553/05 estabeleceu os níveis
tabelecidos para os motores de indução seguem na ta-
máximos de consumo específico de energia, ou mínimos
bela 16:
de eficiência energética para motores elétricos trifásicos
de indução, rotor gaiola de esquilo, conforme previsto
Tabela 16 – Rendimentos nominais mínimos para motores trifásicos

Para a estimativa da economia proporcionada pela substituição de um motor padrão por um de alto rendimento pode ser
utilizado o programa BD Motor, disponibilizado pelo Procel Eletrobras. A Figura 25 ilustra a simulação da substituição de um
motor de 250cv, que opera em carga nominal em média 16 horas por dia.
Figura 25 – Simulação de substituição de motores com BDMotor
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 27

9.2 REDUÇÃO DA ALTURA TOTAL DE ELEVAÇÃO


A altura total de elevação de um conjunto motobomba é D [m] – diâmetro da tubulação;
função do desnível geométrico e da perda de carga do siste- v [m/s] – velocidade média na tubulação;
ma. Reduzindo-se as perdas de carga, a potência necessária g [m/s²] – aceleração da gravidade;
irá diminuir, reduzindo assim o consumo de energia.
Em seguida determina-se a rugosidade absoluta da tubu-
Em tubulações antigas pode ocorrer perda de capacidade e lação, que pode ser comparado de referência da Tabela 17.
transporte devido ao processo de incrustação. Em adutoras Caso o valor encontrado seja muito superior, deve-se avaliar a
é possível avaliar o problema da incrustação medindo-se a possibilidade de realizar uma limpeza na tubulação.
perda de carga entre duas seções da tubulação, instalando
manômetros nestes dois pontos e medindo-se suas respecti-  0.0625
2 5, 74 
ε=
3, 7 ⋅  10 f
− ⋅ D
vas cotas. A perda de carga é calculada por:  Re0.9 
 p   p  onde:
H p =  z1 + 1  −  z2 + 2 
onde:  ρ ⋅ g   ρ ⋅g  f [1] – fator de atrito;
Hp [m] – perda de carga; ε [mm] – rugosidade da tubulação;
z1 [m] – cota da seção de montante;
p1/p.g [m] – pressão na seção de montante; D [mm] - diâmetro da tubulação;
z2 [m] – cota da seção de jusante; Re [1] - Número de Reynolds.
p2/p.g [m] – pressão na seção de jusante;
A limpeza da tubulação é feita por dispositivos raspadores
Além disso é necessário realizar a medida de vazão e co- chamados scrapers das paredes puxados por um cabo desde
nhecer o comprimento do trecho e seu diâmetro. Assim é um ponto de acesso à tubulação localizado à jusante, ou en-
possível calcular o fator de atrito. tão através de pigs, que são feitos de espuma recoberta por
fitas abrasivas e movem-se devido a pressão de montante na
D 2⋅ g
f = Hp ⋅ ⋅ tubulação. A avaliação da necessidade de limpeza deve levar
L ν2 em conta os seguintes fatores:
onde: • Comparação da redução do consumo de energia com os
Hp [m] – perda de carga distribuída; custos de implantação;
f – fator de atrito; • Histórico de vazamentos e quebras da tubulação;
L [m] - comprimento da tubulação; • Crescimento da demanda.
Tabela 17 - Rugosidade das paredes dos tubos
Material E [m] – Tubos Novos E [m] -Tubos Velhos
Aço galvanizado 0, 00015 - 0, 00020 0, 0046

Aço rebitado 0, 0010 - 0, 0030 0, 0060

Aço revestido 0, 0004 0, 0005 – 0, 0012

Aço soldado 0, 00004 – 0, 00006 0, 0024

Chumbo lisos Lisos

Cimento amianto 0, 000013 -

Cobre ou latão lisos Lisos

Concreto bem acabado 0, 0003 – 0, 0010 -

Concreto ordinário 0, 0010 – 0, 0020 -

Ferro forjado 0, 00004 – 0, 00006 0, 0024

Ferro fundido 0, 00025 – 0, 00050 0, 0030 – 0, 0050

Madeira com aduelas 0, 0002 – 0, 0010 -

Manilhas cerâmicas 0, 0006 0, 0030

Vidro lisos Lisos

Plástico lisos Lisos

9.2.1 Exemplo em limpeza de adutora


Um exemplo do impacto da limpeza de adutoras é apresen-
tado a seguir, buscando melhorar o coeficiente de rugosida- Tabela 18 – Resultados para a limpeza das adutoras
de das adutoras. Os ensaios realizados em duas adutoras em Investimento [R$] 36.983
paralelo e de diametros diferentes apresentou um resultado
Economia de energia [kWh/ano] 84.452
de 92 para a adutora de 250 mm e de 56 para a adutora de
400 mm (Figura 26). Com a limpeza, espera-se que possa ser Demanda evitada no HP [kW] 3
atingido o valor de 120.
Economia [R$/ano] 25.580
Os resultados obtidos da avaliação da economia proporcio-
nada são apresentadas na Tabela 18, onde se observa uma Payback [anos] 1,68
economia de mais de R$25.000 por ano e um retorno do in-
vestimento em pouco mais de um ano e meio.
28 GUIA PRÁTICO Avaliação de Estações Elevatórias

Figura 26 – Cálculo do coeficiente c com a interligação das adutoras fechada

9.3 OTIMIZAÇÃO DO USO DE RESERVATÓRIOS


O uso de reservatórios em sistemas de abastecimento de água Em reservatórios de montante e elevados, ou seja, que pos-
se deve à necessidade de atender às variações do consumo suem cotas piezométricas suficientes para pressurizar as redes
horário, manter uma pressão mínima ou constante na rede e de distribuição, de forma que os pontos mais desfavoráveis
também atender demandas de emergência, como em casos da rede de abastecimento sejam atendidos, é possível realizar
de incêndio ou interrupções nos sistemas de captação e tra- o deslocamento do bombeamento para fora do horário de
tamento. Os reservatórios podem ser de montante, quando ponta onde a tarifa de energia é mais cara. Porém, para que
estão localizados antes da rede de distribuição, ou de jusante, haja um bom funcionamento do sistema de reservação, é ne-
quando estão localizados após a rede, recebendo água quan- cessário que haja um bom nível de controle operacional. Além
do o consumo é mínimo para que possa ajudar o abasteci- disso, é indispensável conhecer de maneira precisa a curva de
mento no horário de maior consumo. demanda da área abastecida pelo reservatório, o que implica
realizar a medição contínua da vazão de saída.
9.3.1 Cálculo do volume útil
Os reservatórios possuem limites operacionais máximos e mí- hora, para encontrar assim o volume útil necessário, como
nimos. O volume entre estes limites é chamado de volume mostra a Tabela 19. Este valor deve ser igual a soma das dife-
útil, ou seja, é o volume que realmente poderá ser utiliza- renças positivas. Se o valor for menor pode haver vazamentos
do para suprir o bombeamento no horário de ponta. Para no reservatório, e se for maior, a demanda está maior do que
avaliar se o volume útil do reservatório é capaz de atender a a produção.
demanda no horário de ponta é utilizado o método dos vo- Caso a soma das diferenças negativas seja menor do que o
lumes diferenciais. Este método pode ser utilizado quando o volume útil atual do reservatório, podem ser feitas as seguin-
reservatório é de montante e quando a curva de demanda do tes mudanças:
dia de maior consumo é conhecida. Quando esta curva não
é conhecida, recomenda-se que seja feito o monitoramento • Desligamento de todas as bombas no horário de ponta;
do reservatório pelo menos durante uma semana. Para deter- • Desligamento de um número de bombas inferior ao total de
minar o volume de entrada e saída pode ser feita a medição máquinas instaladas;
direta ou então realizar a medição apenas na entrada ou na
saída e monitorar o nível d’água. Assim a vazão de saída ou • Desligamento das bombas por um período inferior as três
de entrada pode ser determinada através de balanço hídrico. horas do horário de ponta.
Esta alternativa é válida quando existe dificuldade em medir a Em todas estas situações deve ser feita uma simulação para
vazão (tubulação enterrada, falta de trecho reto, etc.) verificar se a capacidade do reservatório é suficiente. O au-
mento da capacidade de reservação ou a construção de um
∆NA ⋅ Ares − Qe ⋅ ∆t
Qs = novo reservatório de regularização, dependerá da sua viabili-
∆t
dade técnica e econômica. Os reservatórios elevados são, ge-
∆NA ⋅ Ares + Qs ⋅ ∆t ralmente, muito caros e serão viáveis somente se a economia
Qe = de energia elétrica, proporcionada pela parada das bombas
∆t
no horário de ponta, compensar os custos deste investimento.
onde:
ΔNA [m]– variação do nível do reservatório (positiva se há au-
mento e negativa se há redução);
Ares [m²] – área do reservatório;
Qe [m³/s] – vazão de entrada;
Qs [m³/s] – vazão de saída;
Δt [s] – intervalo de tempo entre as medidas;
No método dos volumes diferenciais é feita a soma das dife-
renças negativas entre a vazão de entrada e de saída a cada
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 29

Tabela 19 - Método dos volumes diferenciais.


9.3.2 Exemplo de redução de bombeamento no
horário de ponta Volume de
Entrada
Volume de
Saída
Saldo (Qe-Qs)
Hora
A Figura 27 apresenta a operação típica de um reservatório a Qe [m³/h] Qs [m³/h] + -
jusante de uma estação elevatória. Observa-se a operação dos
reservatórios praticamente em nível constante, próximo aos 1 270 437,49 -167,49
80 % de sua capacidade. Nesta operação atual, o volume uti- 2 270 267,05 2,95
lizado é de 440m3 (soma do volume dos dois reservatórios). 3 270 46,57 223,43

Utilizando métodos de otimização, obteve-se a operação da 4 270 20,72 249,28


estação elevatória apresentada na Figura 28. Ressalta-se que 5 270 20,80 249,20
todas as condições operacionais foram satisfeitas (níveis máxi- 6 610 311,07 298,00
mos e mínimos, vazão máxima aduzida, volume útil máximo). 7 610 462,92 147,08
Nesta operação observa-se uma forte queda no nível dos re- 8 610 381,30 228,70
servatórios durante o horário de ponta, quando apenas um 9 610 250,54 359,46
conjunto de um total de 4 opera, consumindo uma potência
10 610 708,77 -98,77
de 135 kW.
11 610 768,46 -158,46
A demanda contratada na ponta é de 420 kW, e poderia pas-
12 610 569,97 40,03
sar então para 140 kW, ou seja, uma redução de 280 kW. A
13 610 380,34 229,66
tarifa precisaria ser então THS azul, com contratação diferen-
ciada para ponta e fora da ponta. Após o horário de ponta 14 610 694,40 -84,40
devem ser ligados três conjuntos para recuperação do nível. 15 610 715,86 -105,86
Com esta alteração da operação estima-se uma economia de 16 610 733,27 -123,27
R$ 40.000,00 por ano. 17 610 519,18 90,82
Figura 27 – Operação atual da estação elevatória e dos reservatórios 18 610 553,40 56,60
19 0 606,21 -606,21
20 0 449,00 -449,00
21 0 604,36 -604,36
22 610 613,54 -3,54
23 610 593,53 16,47
24 610 401,19 208,81
Total 11110 11110 2401 2401
Volume Útil
Qmédia [m³/h] 457,7 Necessário 2401
[m³]

Figura 28 – Operação otimizada da estação elevatória e dos reservatórios

9.4 MEDIDAS DE REDUÇÃO DO CUSTO DA


ENERGIA
Algumas análises podem ser feitas visando reduzir o custo
associado ao consumo de energia. Embora não representem
economia de energia estas medidas representam boas práti-
cas da gestão energética da estação e devem ser observadas.

9.4.1 Enquadramento da demanda contratada

A demanda contratada representa um custo fixo na conta de


energia, e pode ser otimiza a demanda contratada, deve ser
verificado a possibilidade de: • Redução de Cargas Instala-
das; equipamentos com alto rendimento; equipamentos bem
dimensionados; •Introdução de Controles Automáticos para
modulação de carga; •Remanejamento de cargas para o ho-
rário fora de ponta.
Figura 29 – Ajuste de demanda contratada

a) Excesso de demanda contratada.


Deve ser reduzido o valor da demanda contratada, reduzindo b) Multa por ultrapassagem.
custos fixos com energia. Deve ser reajustada a demanda contratada para controlar o
consumo para não ultrapassar o limite contratado.
30 GUIA PRÁTICO Avaliação de Estações Elevatórias

9.4.2 Escolha do sistema de Tarifação


Alterações no sistema de tarifação são possíveis principal- cargas;
mente entre as tarifas Azul e Verde. Para a correta escolha do • Realizar simulações que permitam comparar os cenários,
sistema de tarifação, deve-se: com um período de pelo menos 12 meses.
• Verificar o regime de funcionamento da estação (curvas de Em geral, pode-se observar as seguintes condições para a es-
carga típica); colha do sistema tarifário, Tabela 20.
• Verificar possibilidade de remanejamento ou modulação de
Tabela 20 - Tarifa azul x Tarifa verde
TARIFA AZUL TARIFA VERDE
Empresas que não modulam a carga na ponta Quando é possível modular a carga no horário de ponta

Empresas com elevado consumo de Empresas sem consumo de energia ativa alto, mas com
energia ativa; uma demanda elevada

Fator de carga na ponta maior do que 0,65; Fator de carga na ponta menor do que 0,65;

------------------- Possam ter uma redução significativa do consumo ativo


no horário de ponta

9.4.3 Correção do fator de potência


A melhoria do fator de potência de uma instalação não so- com baixos fatores de potência necessitam de transformado-
mente irá evitar os custos de excesso de reativo da fatura, pois res, cabos, relés de proteção e outros equipamentos maiores
irá maximizar a capacidade do sistema, melhorando a quali- do que o indicado.
dade da tensão e reduzindo as perdas de energia. Instalações

9.4.4 Principais Causas de um Baixo Fator de Potência


Antes de realizar qualquer investimento para correção de Fa- • Correção na entrada da energia de baixa tensão: Este
tor de Potência é necessário a identificação da causa de sua tipo de correção é utilizada em instalações com quantidades
origem, que em sistemas de abastecimento tem como prin- elevadas de cargas com potências diferentes e regimes de uti-
cipais causas: lização não uniformes. Normalmente são utilizados bancos de
• Motores Operando a Vazio capacitores automáticos.

• Motores Super Dimensionados: • Correção por grupos de cargas: o capacitor é instalado de


forma a corrigir um setor ou um conjunto de pequenas má-
• Transformadores Operando em Vazio ou com Pequenas quinas (<10cv). É instalado junto ao quadro de distribuição
Cargas que alimenta esses equipamentos. Tem como desvantagem
• Nível de Tensão acima da Nominal não diminuir a corrente nos circuitos de alimentação de cada
equipamento;
• Grande Quantidade de Motores de Pequenas Potência
• Correção localizada: é obtida instalando-se os capacito-
A correção do fator de potência pode ser realizada através da res junto ao equipamento que se pretende corrigir o fator
instalação de bancos de capacitores, e pode ser classificada de potência. Representa, do ponto de vista técnico, a melhor
quanto ao local da instalação deste banco de capacitores: solução, apresentando as seguintes vantagens:
• Correção na entrada da energia de alta tensão: corrige o - reduz as perdas energéticas em toda a instalação;
fator de potência visto pela concessionária. O custo é elevado - diminui a carga nos circuitos de alimentação dos equipa-
e todos os inconvenientes permanecem internamente. mentos;
- gera potência reativa somente onde é necessário.
9.5 APLICAÇÃO DE CONVERSORES DE FREQUÊNCIA
Os conversores de frequência são equipamentos eletrônicos com a redução da frequência de saída e da carga, sendo que
acoplados aos motores de indução trifásicos dos conjuntos a de maneira geral a faixa de operação ideal fica entre 30 e 60
motobombas, cuja função é controlar da velocidade de rota- Hz. Quando aplicado de maneira correta, estas perdas se tor-
ção do conjunto. O processo se desenvolve pela variação do nam irrelevantes quando comparadas à redução no consumo
fluxo magnético, que é proporcional a variação da tensão e de energia devido à operação com rotação variável.
da frequência.
Os conversores consomem em média de 4 a 10 % da energia
necessária para acionar o conjunto. Seu rendimento diminui

9.5.1 Condições de Aplicação


O uso de conversores de frequência é justificável em situações A Figura 30 mostra as variações de vazão e pressão em um
onde há variação da carga hidráulica ao longo do dia, o que sistema de abastecimento convencional.
ocorre quando o bombeamento é feito diretamente na rede As variações no consumo ocorrem pelo estrangulamento de
de distribuição, isto é, quando não há um reservatório de re- válvulas dos consumidores. As válvulas utilizadas podem ser
gularização. Nesta situação a variação ocorre de acordo com tipo globo, gaveta ou borboleta, sendo manobradas de acor-
o consumo, apresentando um valor máximo de vazão entre do com a demanda. Com o fechamento há uma redução do
as 9 e as 15 horas e um valor mínimo durante a madrugada. diâmetro da tubulação, criando uma resistência adicional, ou
O comportamento da pressão ocorre de maneira inversa, pois seja, inserindo uma perda de carga localizada. Desta forma há
com baixas vazões a pressão fornecida pela bomba é maior. uma mudança na curva do sistema, deslocando o ponto de
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 31

operação (interseção entre a curva da bomba e do sistema). Figura 30 - Variações de vazão e pressão em um sistema com bombea-
Quanto maior for o fechamento, maior a perda de carga e a mento direto na rede
redução da vazão, como mostra a Figura 31.
Como a operação ocorre em cima da curva da bomba, para
baixas vazões ocorre um desperdício de energia devido ao
aumento de pressão. Quando é feito o controle de pressão
através de conversores de frequência os desperdícios de ener-
gia são eliminados, pois com a redução da rotação há um
deslocamento da curva da bomba sobre a curva do sistema,
como mostra a Figura 32.
Porém, em sistemas onde a parcela de altura estática tem
maior relevância na curva do sistema do que a parcela de
altura dinâmica, ou seja, quando o desnível geométrico é
maior que as perdas de carga do sistema, com uma pequena
variação da rotação do conjunto motobomba há uma grande
variação da vazão e eficiência da bomba, e, portanto, os con-
versores de frequência não são recomendados.

Figura 31 - Esquema de controle de vazão através de uma válvula.

Figura 32 - Esquema do controle de vazão através de um conversor de frequência.

9.5.2 Seleção da Bomba para Operar com Ro-


tação Variável
Na seleção da bomba que opera com rotação variável deve-se onde há variação na altura manométrica com vazão constante,
consdierar alguns fatores, entre eles optar por bombas que (ex. balsas de captação) a seleção deve se basear no ponto de
apresentem curvas mais acentuadas, pois os de curvas suaves pressão máxima, que deve estar à esquerda do ponto de máxi-
tem variação mínima. mo rendimento.
Após o correto dimensionamento do sistema, é conhecido o
ponto de operação de vazão máxima. As bombas, normal-
mente, conseguem operar dentro da faixa de vazão entre 70 e
120%, onde as variações de rendimento são menores. Assim,
na seleção da bomba, o ponto de vazão máxima deve estar a
direita do ponto de máximo rendimento, pois à medida que a
rotação é reduzida o ponto de operação se desloca em dire-
ção ao ponto de máximo rendimento (Figura 33). Em sistemas
32 GUIA PRÁTICO Avaliação de Estações Elevatórias

Figura 33 - Pontos de operação da bomba de uma bomba com rotação variável

9.5.3 Determinação da Rotação de Trabalho


Conhecendo-se a curva do sistema é possível calcular a rotação de trabalho através das leis de semelhança:

3 onde:
Q1 n1 H1  n1 
2
Pe1  n1 
= =  =  n1, Q1, H1 e Pe1 – rotação, vazão, altura e po-
Q2 n2 H 2  n2  Pe 2  n2  tência de eixo no ponto de rotação nominal;
n2, Q2, H2 e Pe2 – rotação, vazão, altura e potên-
cia de eixo no ponto da nova rotação.

9.5.4 Determinação do Rendimento do Conjunto


0,1
Com a variação da rotação os rendimentos do motor e da n 
bomba também irão sofrer alterações, e o rendimento do η2 =1 − (1 − η1 ) ⋅  1 
conversor de frequência também deve ser considerado (em  n2 
torno de 97%). No caso de motores, considera-se que, se sua
onde:
operação ocorre na faixa entre 75 e 100 % de carregamento,
n1, η1 – rotação e rendimento no ponto de rotação nominal;
seu rendimento se mantém constante. Já no caso das bombas
n2, η2 – rotação e rendimento no ponto da nova rotação.
a variação do rendimento pode ser estimado pela equação.
9.5.6 Estimativa da Redução do Volume Perdi-
9.5.5 Determinação da Economia de Energia
do em Vazamentos
A redução no consumo de energia pode ser calculada pela
equação abaixo. Para determinar a economia diária divide-se O chamado conceito FAVAD – Fixed And Variable Area Dis-
o dia em faixas de operação com vazão e altura conhecidas charge – teoriza a experiência prática que demonstra que as
com duração de uma hora: vazões de vazamentos em um orifício variam com a pres-
são em relações superiores a quadrática, conforme a rigi-
dez dos materiais componentes das redes e ramais. Quando
 H1 H2  se utilizam conversores de frequência, a pressão na rede é
E = ρ ⋅ g ⋅Q ⋅ − ⋅t controlada, e, portanto, a redução do volu-me perdido em
 ηm1 ⋅ηb1 ηm 2 ⋅ηconv ⋅ηb 2  vazamentos pode ser estimada pela seguinte equação:
onde: n
E [kWh] – energia economizada; p 
Q=
2 Q1 ⋅  2 
P [kg/m³] – massa específica da água;  p1 
g [m/s²] – aceleração da gravidade;
onde:
Q – [m³/s] – vazão requerida pelo sistema;
H1 [m] – altura sem o uso do conversor (obtida pela curva da Q1 [m³/h] – vazão do vazamento normal;
bomba); Q2 [m³/h] – vazão do vazamento com a redução da pressão;
H2 [m] – altura com o uso do conversor (obtida pela curva do
p1 [m] – pressão normal;
sistema);
ηm1 [1] – rendimento do motor sem o uso do conversor; p2 [m] – pressão reduzida;
ηm2 [1] – rendimento do motor com o uso do conversor; n - 0,5 para tubos rígidos, 2,5 para tubos flexíveis e 1,15 na média geral
ηconv [1] – rendimento do conversor de frequência; da rede de distribuição.
ηb1 [1] – rendimento da bomba sem o uso do conversor;
ηb2 [1] – rendimento da bomba com o uso do conversor;
t [h] – tempo de operação.
Avaliação de Estações Elevatórias GUIA PRÁTICO 33

9.5.7 Vantagens e Desvantagens ao se Utilizar Conversores de Frequência


Como visto anteriormente o uso de conversores de frequência se mostra adequado em situações onde é feito o bombeamento
direto na rede, controlando-se a pressão de saída e assim obtendo um benefício duplo: redução do consumo de energia e
redução das perdas por vazamentos (Tabela 21).
Tabela 21 – Vantagens e desvantagens do uso de conversores de frequência

VANTAGENS DESVANTAGENS

Facilidade, suavidade e confiabilidade no controle operacional das Introdução de distorções harmônicas da tensão
bombas;

Melhor resposta em situações de emergência como incêndios e Elevação da temperatura na superfície dos motores
rompimentos de tubulações;

Eliminação do transitório hidráulico causado pelo acionamento e para- Atenção especial aos cabos, que devem ser de baixa impedância
da da bomba;

Controle do fator de potência; Limitada distância entre o inversor e o motor

Eliminação da alta corrente de partida; Instalação de medidores de pressão, vazão e nível em pontos críticos

Redução nos custos de manutenção; Alteração em parâmetros da bomba, como o rendimento e o NPSHr

10. ANÁLISE ECONÔMICA DAS SOLUÇÕES


Para realizar a análise econômica do investimento é necessário Figura 34 – Fluxo de caixa típico de um projeto de eficiência energética
construir um fluxo de caixa diferencial ou descontado (Figura
34), ou seja, o benefício será a economia de energia obtida
com as melhorias do sistema. Desta forma existem pelo me-
nos quatro diferentes métodos usados para avaliar a viabilida-
de e atratividade do investimento nas melhorias.

10.1 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)


Este método de análise se caracteriza por transferir para o O VPL igual a zero é a condição necessária para que haja atra-
presente todas as variações de caixa esperadas ao longo da tividade no projeto, sendo mais atrativa quanto maior for o
vida útil do investimento. valor.
Onde:
T
FCt -FCr é o fluxo de caixa líquida (entradas de caixxa subtraídas
VPL = ∑ de saídas de caixa) no período t
(1 + r )
t
t =0
-r é a taxa de desconto ou retorno requerido

10.2 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR)


É a taxa de juros para a qual o valor presente das receitas atrativo, mas se for menor entende-se que existem outros in-
se torna igual aos gastos, ou seja, a TIR é a taxa que torna vestimentos mais vantajosos. Se dois projetos que possuem o
nulo o VPL, sendo entendida como a taxa de remuneração do mesmo montante de investimento inicial e duas TIRs diferen-
capital. A TIR é comparada com a TMA (Taxa Mínima de Atra- tes, o projeto com maior TIR é o mais lucrativo.
tividade) da empresa. Se for maior o investimento se mostra
Onde:
-TIR: taxa interna de retorno
T
FCt
VPL= 0= ∑ -VPL: valor presente líquido do projeto, igual a zero quando a
(1 + TIR )
t
t =0 taxa utilizada for a taxa interna de retorno
-FCr: fluxo de caixa no período t
-T: tempo de vida do projeto
34 GUIA PRÁTICO Avaliação de Estações Elevatórias

10.3 TEMPO DE RETORNO (TR) - PAYBACK


Indica o tempo necessário para que a somatória dos benefí- O payback é dado em número de períodos (meses ou anos),
cios seja igual à dos custos, considerando uma determinada e pode ser calculado com base nos valores nominais (payback
taxa de juros. Este parâmetro é importante, pois indica a ra- simples) ou com base no fluxo de caixa trazido para valores
pidez com que o investimento irá gerar lucros, diminuindo presentes (payback descontado). Quanto menor o payback,
os riscos e permitindo que o lucro seja usado em projetos de mais atrativo é o projeto.
maior interesse.
FCt
∑ (1 + r )
T
t =1 t

Payback =
Investimento Inicial

10.4 CUSTOS EVITADOS E PREMISSAS PARA O CÁLCULO DA RELAÇÃO BENEFÍCIO/CUSTO NA


METODOLOGIA DA ANEEL
O Programa de Eficiência Energética (PEE) da ANEEL estabele- O benefício considerado é a valoração da energia economi-
ce que as concessionárias de energia devem investir 0,5% de zada e da redução da demanda na ponta durante a vida útil
sua receita operacional em projetos de eficiência energética do projeto para o sistema elétrico. O custo são os aportes
em unidades consumidoras. Estes projetos são captados atra- feitos para a sua realização (do PEE, do consumidor ou de
vés de chamadas públicas de projetos, realizados por cada terceiros).
concessionária de energia em sua área de atuação. A energia economizada, medida em MWh, e a redução de
O cálculo da viabilidade econômica de um projeto de efici- demanda no horário de ponta, medida em kW, são os prin-
ência energética no âmbito do PEE/ANEEL é estabelecido no cipais indicadores quantitativos para projetos de eficiência
Módulo 7 dos Procedimentos do Programa de Eficiência Ener- energética.
gética, sendo o principal critério para avaliação da viabilidade O custo da energia evitada (CEE) e o custo evitado de
econômica de um projeto do PEE é a relação custo benefício demanda (CED), são definidos pela concessionária, e va-
(RCB) que ele proporciona, e deve ser menor que 0,8 para que riam de acordo com o nível de tensão de fornecimento de
o projeto seja considerado viável. energia, sendo que seu va-lor não depende da modalidade
tarifária (convencional, azul ou verde).

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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