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GUIA PRÁTICO

Planejamento e Boas Práticas em Campo


VOLU M E 03

AUTORES
Augusto Nelson Carvalho Viana
Renato Swerts Carneiro Dias Junior

COORDENADOR TÉCNICO
Peter Batista Cheung

COORDENADOR EDITORIAL
Alexandre Batista Pereira Gealh

Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – PROCEL


Guias práticos / organização, Peter Batista Cheung. – Campo
Grande: Espaço, 2016. 5 v.

Conteúdo: v. 3. Planejamento e boas práticas em campo. / Augusto


Nelson Carvalho, Renato Swerts Carneiro Dias Junior

ISBN 978-85-63202-04-8

1.Planejamento e boas práticas. 2. Diagnóstico hidroenergético.


I. Carvalho, Augusto Nelson. II. Dias Junior, Renato Swerts Carneiro.
III. Título.

CDU – 628.1
Planejamento e Boas Práticas em Campo GUIA PRÁTICO 5

APRESENTAÇÃO
O presente guia prático aborda as questões de planejamento e boas práticas de campo na realização de um diagnóstico ener-
gético em uma estação elevatória. Serão apresentados os principais conceitos e práticas envolvidas, bem como apresentados
exemplos e estudos de caso aplicados nos sistemas de saneamento.
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EQUIPE

Este trabalho é fruto do convênio ECV-DTP 004/2011 firmado entre a ELETROBRAS, no âmbito do PROCEL e a UFMS/FAPEC,
tendo como um de seus produtos a elaboração de guias técnicos para auxiliar a realização de Diagnóstico Hidroenergético e
controle operacional em sistemas de abastecimento de água.

ELETROBRAS/PROCEL

PRESIDÊNCIA
José da Costa Carvalho Neto

Superintendência de Eficiência Energética


Renata Leite Falcão

Departamento de Projetos de Eficiência Energética


Marcel da Costa Siqueira

Divisão de Eficiência Energética no Setor Público


Denise Pereira Barros

EQUIPE TÉCNICA - ELETROBRAS/PROCEL


Camila Capobiango Martins
Davi Veiga Miranda
Jailson José Medeiros Alves
Marcus Paes Barreto
Thiago Vogt Campos

UFMS

REITOR EQUIPE TÉCNICA - LENHS/UFMS


Marcelo Augusto Santos Turine Peter Batista Cheung (Coordenador)
Alexandre Batista Pereira Gealh
VICE-REITORA Carlos Nobuyoshi Ide
Camila Celeste Brandão Ferreira Ítavo Fábio Veríssimo Gonçalves
Ingrid Craco Anders de Almeida
AUTORES Jhonatan Barbosa da Silva
Peter Batista Cheung Johannes Gerson Janzen
Raquel Rabello Akagi Moacir Muniz Pereira Júnior
Narumi Abe
COORDENADOR TÉCNICO Paulo Jose A. de Oliveira
Peter Batista Cheung Raíssa Honorio Barreto Antunes
Raquel Rabello Akagi
COORDENAÇÃO EDITORIAL Taiani Tiemi Shirado Sakihama
Alexandre Batista Pereira Gealh Vinícius Battistelli Lemos
Weslley Henrique Alves Barbosa
CONSULTORIA TÉCNICA EXTERNA
Airton Sampaio Gomes

REVISOR EXTERNO
Fábio Veríssimo Gonçalves
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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO............................................................................................................................. 5
EQUIPE............................................................................................................................................. 6
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................ 8
1.1. VISÃO GERAL............................................................................................................................ 8
1.2. CAMPANHAS DE MEDIÇÕES.................................................................................................. 8
2. PLANEJAMENTO DO DIAGNÓSTICO...................................................................................... 8
2.1. REUNIÃO DE ABERTURA ....................................................................................................... 8
2.2. VISITA PRÉVIA........................................................................................................................... 9
2.2.1. Equipe de visitantes  ...................................................................................................9
2.2.2. Verificações em instalações e equipamentos hidráulicos e mecânicos .....................9
2.2.3. Verificação em instalações e equipamentos elétricos ...............................................18
3. INSTRUMENTAÇÃO.................................................................................................................... 19
3.1. CARACTERÍSTICAS DOS EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO.................................................. 19
3.2 SELEÇÃO DA INSTRUMENTAÇÃO E SISTEMAS DE AQUISIÇÃO DE DADOS.................... 20
3.3 CALIBRAÇÃO............................................................................................................................. 20
3.4 PONTOS DE MEDIÇÃO............................................................................................................ 21
3.4.1 Medição da vazão ........................................................................................................21
3.4.2 Tomadas de pressão na entrada e na saída da bomba, cotas e diâmetros ...............22
3.4.3 Níveis dos reservatórios de sucção e recalque das bombas ......................................23
3.4.4 Pressões em dois pontos da adutora ..........................................................................24
3.4.5 Pontos de medição de grandezas elétricas ................................................................25
3.5 SINCRONIZAÇÃO DOS HORÁRIOS DOS EQUIPAMENTOS................................................ 26
3.6 CHECK-LIST DOS EQUIPAMENTOS E ACESSÓRIOS............................................................. 26
4. MEDIÇÕES EM CAMPO.............................................................................................................. 26
4.1 ESCOLHA DA EQUIPE DE CAMPO......................................................................................... 26
4.2 SEGURANÇA DE PESSOAL E EQUIPAMENTOS..................................................................... 26
4.3 INSPEÇÃO INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E ELÉTRICAS....................................................... 27
4.4 ENSAIOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO........................................................................ 27
4.5 MONITORAMENTO.................................................................................................................. 29
4.5.1 Dia a Dia do Monitoramento ......................................................................................29
4.5.2 Eventos Atípicos ..........................................................................................................29
4.6 TRATAMENTO DE DADOS ...................................................................................................... 29
4.6.1 Tratamento de dados preliminar ................................................................................29
4.6.2 Formato padrão de dados ...........................................................................................29
4.6.3 Identificação de Eventos Comuns e Anormalidades no Monitoramento ..................30
4.6.4 Relatório de medições .................................................................................................31
4.6.5 Exemplos de oportunidades de eficiência ..................................................................32
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................ 36
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1. INTRODUÇÃO
O presente guia prático aborda as questões de planejamento e boas práticas de campo na realização de um diagnóstico
energético em uma estação elevatória. Serão apresentados os principais conceitos e práticas envolvidas, bem como exemplos
e estudos de caso aplicados nos sistemas de saneamento.

1.1. VISÃO GERAL


Um diagnóstico energético é uma avaliação sistemática do uso de energia de uma unidade consumidora, buscando oportu-
nidades de melhoria no seu desempenho energético. Esta pode ser uma estação de bombeamento simples com um conjunto
motobomba ou com vários conjuntos bombeadores em paralelo, uma adutora ou várias adutoras, seja de uma captação de
um rio, lago ou poço, uma distribuição de um bairro ou cidade.
De maneira geral o diagnóstico energético pode ser decomposto em etapas de planejamento, plano de medições, medições
em campo e análise de dados e apresentação dos resultados através do relatório do diagnóstico, como ilustra o diagrama da
Figura 1.
Figura 1 - Diagrama do processo de Diagnóstico Energético - Adaptado de (“NBR ISO 50002:2014)

Após definido o local a ser estudado, o planejamento do vulas e acessórios), conjuntos motobombas, quadro de co-
diagnóstico é iniciado com uma reunião de abertura com a mando e proteção, transformadores e subestação.
concessionária com apresentação dos objetivos do trabalho. Com o conhecimento da instalação a próxima etapa é estabe-
A visita a estação de bombeamento selecionada pode fazer lecer o plano de medições em campo, que envolve a instru-
parte dessa fase do projeto, onde inicia-se a coleta de dados, mentação, metodologia e os pontos de medições hidráulicas
que envolve desde o histórico do consumo de energia até o e elétricas.
conhecimento de todo o circuito hidráulico (tubulações, vál-
1.2. CAMPANHAS DE MEDIÇÕES

Tem como finalidade conhecer através de medições e análises Os ensaios de rendimento envolvem medições para o cálculo
em campo a instalação de bombeamento a ser estudada. de rendimento e consumo específico dos conjuntos moto-
A primeira visita, denominada de prévia é realizada na aber- bomba, e também das combinações de operação em paralelo
tura do processo de diagnóstico. Ela não envolve medições, e dos conjuntos.
tem como principal objetivo o início do processo de coleta de Para cada condição de operação, são medidas grandezas hi-
dados e para a definição do plano de medições. dráulicas e elétricas por um período curto de tempo. Nesta
Na metodologia proposta para avaliação são realizados três etapa podem ser realizados ainda os ensaios para determina-
tipos de avaliações em campo: ção da perda de carga, que envolvem a medição de pressão
em dois pontos e da vazão de água na tubulação entre eles.
• Inspeção das instalações (elétricas, hidráulicas e mecânicas);
Já as medições de monitoramento têm como objetivo conhe-
• Ensaios de desempenho; cer a o perfil de variação das grandezas hidráulicas e elétricas
• Monitoramento de grandezas. por um período mais amplo, que seja representativo do perfil
de consumo de energia para atendimento da demanda de
Na inspeção das instalações são feitas observações e medi- água.
ções pontuais de grandezas hidráulicas, mecânicas e elétricas.
Tem como objetivo verificar informações obtidas na coleta de Após a realização das campanhas de medições serão analisa-
dados de planejamento e avaliar condições de operação, lim- dos os resultados, subsidiando as ações de eficiência energé-
peza e manutenção de instalações hidráulicas, mecânicas e tica que serão propostas e os ganhos estimados.
elétricas. Nesta etapa podem ser feitas medições pontuais Os capítulos a seguir apresentam detalhes do planejamento
para subsidiar a avaliação, como alinhamento, vibração, tem- do diagnóstico energético na estação elevatória, abordando
peratura, desequilíbrio de fases, tensão de alimentação entre as informações necessárias e recomendações para as campa-
outras. nhas de medição de campo.

2. PLANEJAMENTO DO DIAGNÓSTICO
2.1. REUNIÃO DE ABERTURA

Para estabelecer um padrão na primeira visita é importante a da equipe de visitantes.


realização de uma reunião, presencial ou a distância através Espera-se nessa reunião, que a instalação do diagnóstico já
de teleconferência e outros meios eletrônicos. esteja selecionada.
A reunião deve ser presidida pelo coordenador do setor de Inicialmente, os integrantes das equipes se apresentam, com
energia da concessionária com a participação dos técnicos o nome, cargo e funções, e suas experiências no setor.
que acompanharão a visita, dos convidados estratégicos e
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Em seguida a equipe apresenta: objetivos; escopo do diag- • Calibração dos medidores (quando existirem);
nóstico; equipe envolvida no diagnóstico; monta-se a equi-
• Existência de programas de manutenção elétrica e mecânica
pe geral do diagnóstico, tanto da parte da contratada, como
dos equipamentos;
da parte da concessionária, suas funções, responsabilidades,
para que assegure-se a cooperação das partes afetadas, ten- • Desenhos da instalação hidráulica (diagrama hidráulico,
do as informações solicitadas o mais breve possível. diagrama simplificado) e elétrica (planta elétrica, diagrama
unifilar e diagrama simplificado);
Nesta reunião dá-se início também a coleta de dados. Deverão
ser solicitadas: • Volumes de água bombeados, produzidos ou disponibili-
zados no sistema estudado;
• Cópia das faturas de energia da unidade(s) consumidor(as)
dos últimos 12 meses; • Levantamento altimétrico das instalações;
• Dados cadastrais dos equipamentos - motores, bombas, • Verificar se há instalações existentes de telemetria, trans-
quadro elétrico e transformadores (nem sempre existem ou missão de dados e variáveis monitoradas.
não estão atualizados); A relação acima dificilmente existirá na empresa concessio-
• Cadastros dos medidores existentes na instalação como nária de água, a não ser em empresas mais organizadas.
de pressão das bombas e do barrilete, de vazão das bombas Assim, a equipe passa a ter um desafio na busca da maior
e da instalação, de nível dos reservatórios, de rotação, de parte das informações, pois as principais deverão ser obtidas
grandezas elétricas; em campo para subsidiar as análises do diagnóstico.

2.2. VISITA PRÉVIA


Tem como objetivo o conhecimento preliminar de uma deter- a um dia e meio é suficiente para a visita, desde que seja rea-
minada instalação de bombeamento para obter informações lizada por pessoas com experiência em cada setor estudado.
inerentes ao circuito hidráulico e elétrico e dar subsídios ao Deverão ser confirmadas e atualizadas as informações solici-
planejamento ou plano de medições. tadas na reunião de abertura e verificadas as instalações hi-
Dependendo da simplicidade da estação, a visita pode ser su- dráulicas, elétricas e mecânicas para definir a instrumentação,
ficiente para a obter as informações necessárias para a reali- metodologia, cronograma e demais informações necessárias
zação do plano de medições. Visitas complementares podem ao plano de medições.
ser realizadas conforme a necessidade. Normalmente, um dia

2.2.1. Equipe de visitantes


Os técnicos visitantes (engenheiro e/ou técnico) devem ter ex- No local a equipe da concessionária fará uma primeira expli-
periência, para descrever o sistema e sua operação. Recomen- cação do circuito geral desde a captação de água, conjuntos
da-se dois técnicos, com experiência em hidráulica e elétrica. motobombas, quadro elétrico e transformadores, barriletes e
Os técnicos deverão sair para conhecer as instalações, dota- adutoras até o local delimitado no trabalho, podendo ser um
dos de equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados reservatório ou uma distribuição de água. Após a visita geral,
a este tipo de instalação. a equipe pode ser dividida em duas, uma equipe para a parte
hidráulica e outra equipe a parte elétrica.

2.2.2. Verificações em instalações e equipamentos hidráulicos e mecânicos

2.2.2.1. Reservatório de sucção das bombas


Verificar nível d´água do reservatório em relação ao centro do O NPSH requerido é dado pelo fabricante da bomba em fun-
eixo da bomba: ção da vazão. A perda de carga na linha de sucção deverá
ser calculada em função do comprimento da tubulação e dos
a) Acima do centro do eixo da bomba (bomba afogada) ou
acessórios instalados na linha de sucção. A pressão atmos-
abaixo do centro do eixo da bomba (bomba não afogada)
férica ou barométrica pode ser calculada com a medida da
e também qual é seu valor em relação ao centro do eixo da
altitude em metros no nível do reservatório (ponto 1).
bomba;b) Verificar se há variação de nível, para prever a me-
dição e determinar a altura geométrica de sucção; A Figura 3 ilustra um reservatório de sucção das bombas de
uma captação de água bruta de um rio que alimenta por gra-
Este item é importante para a verificação se a bomba está ca-
vidade a comporta. O reservatório de sucção está exterior a
vitando ou não através da determinação do NPSH disponível
casa de máquinas.
da instalação, Figura 2.
2.2.2.2. Número de bombas e regimes de operação
Conhecendo-se o número de bombas e suas características filtros.
nominais, deve-se levantar com o operador da elevatória
A instalação da Figura 4 possui motores de 500[cv] de potência,
quais os regimes de operação são normalmente praticados.
e as bombas centrífugas têm carcaças iguais, são bipartidas, en-
Instalações de pequeno porte muitas vezes possuem duas
tretanto três delas possuem diâmetros dos rotores diferentes das
bombas, sendo uma operante e outra de reserva. Há um rodí-
demais. Isso acarreta a operação com vazão, altura e potência
zio de operação entre elas para que haja o mesmo desgaste e
diferentes das demais.
assim haja um planejamento na manutenção.
A operação normal durante o dia é com 3 a 4 conjuntos. No
Em estações elevatórias maiores, aumentam o número de
horário de ponta (18hs as 21hs), operam dois conjuntos e
bombas e as combinações de operação possíveis de serem
após as 21hs voltam as 3 ou 4 bombas. Entretanto, por se
realizadas. Estas possibilidades de operação devem ser defini-
das para que se possa medir o consumo em cada operação. tratar de uma cidade turística, em épocas de temporada o
consumo de água aumenta 50% e a estação opera direto com
A Figura 4 traz exemplo de uma estação elevatória, com 8 con- 4 a 5 bombas e ainda tem um reforço de 2 conjuntos boosters
juntos motobombas, bombas bipartidas e afogadas, sendo 6 a 4km de distância da casa de máquinas.
conjuntos da elevatória e dois conjuntos inativos de lavagem de
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Figura 2 - Altura geométrica de sucção e determinação do NPSH disponível.

BOMBA NÃO AFOGADA BOMBA AFOGADA


Pbar Pbar.[N/m²] – pressão atmosférica em 1
NPS disp . [ m ]= ± H s − H v − H ps
ρ⋅g 𝞺[kg/m³] e g[m/s²]
+Hs (bomba afogada) e –Hs (bomba não afogada) Hv[m] – altura referente a pressão de vapor da água
(Altura de vapor a 20oC Hv = 0,238[m]) Hps[m] – perda de carga na linha de sucção (de 1 a 2)
Pbar
[ m] =
10 − 0, 00122 ⋅ A [ m ]
H ps [ m ] =
8⋅ L
f s ⋅ 2 4s ⋅ Q 2 [ Darcy − Weisback ]
ρ⋅g
NPSHdisp. > NPSHreq (dado pelo fabricante) π ⋅ Ds ⋅ g

Figura 3 – Reservatório de sucção de água bruta, alimentado por gravidade Figura 4 - Exemplo de arranjo da estação elevatória.
de um rio

Elevatória de
lavagem de filtros
(desativada)

Comporta de alimentação Tubulação de sucção


Portanto, de acordo com o horário a elevatória opera com 3, Tabela 1 – Exemplo de combinações de operação
4 ou 5 conjuntos em paralelo. Considerando a numeração Quantidade de conjuntos Combinações
das bombas de 1 a 5, as combinações possíveis de operação em paralelo possíveis
são apresentadas na Tabela 1. Essas informações servirão 1-2-3 1-4-5
para o planejamento dos ensaios na avaliação da operação 1-2-4 2-3-4
em paralelo e/ou isolada de cada conjunto.
3 conjuntos 1-2-5 2-3-5
2.2.2.3. Linha de sucção (tubulação, válvula e entrada 1-3-4 2-4-5
da bomba) 1-3-5 3-4-5
Na linha de sucção de cada bomba deve ser verificada quanto 1-2-3-4
é a sua perda de carga e se a instalação, quando necessária 1-2-3-5
tem uma redução excêntrica. A redução excêntrica é impor-
tante para evitar a formação de bolsas de ar na entrada da 4 conjuntos 1-2-4-5
bomba, pois se for concêntrica pode provocar cavitação de- 1-3-4-5
vido a diminuição do diâmetro do escoamento e aumento da 2-3-4-5
velocidade no local (abaixamento da pressão).
5 conjuntos 1-2-3-4-5
A cavitação, é um fenômeno hidráulico, que ocorre quando
a pressão na entrada da bomba atinge a pressão de vapor na encontrarmos instalações de reduções erradas na entrada da
temperatura que a água se encontra, produzindo a bolhas de bomba.
vapor. Essas bolhas sendo carregadas a locais de maior pres-
são (interior da bomba), implodirão acarretando desgastes no 2.2.2.4. Placa da bomba com os dados nominais
rotor e nas partes internas da bomba e consequentemente a
redução do rendimento da mesma e que aumentará o con- Recomenda-se portando que a empresa mantenha um históri-
sumo do motor. co de manutenção e operação dos conjuntos motobomba, de
Em muitos casos também se monta a redução excêntrica com modo a preservar os dados nominais e o seu desempenho ao
o seu ângulo para cima, que faz provocar a formação de bol- longo da vida útil. Além disso, o cadastro deve ser frequente-
sas de ar, como mostra a Figura 6, com a redução excêntrica mente atualizado, registrando qualquer intervenção que pos-
invertida (errada) e a redução excêntrica instalada correta- sa alterar os dados nominais da bomba, principalmente neste
mente. Note que a bomba com a redução excêntrica certa caso, a vazão, altura e rendimento da bomba.
trabalha melhor que aquela errada. Caso a empresa possua um cadastro das bombas estas informa-
A Figura 7 (a) ilustra uma linha de sucção com bomba afog- ções devem ser passadas a equipe de diagnóstico, pois são infor-
mações importantes para determinarmos a eficiência de catálogo
ada com válvula e suas reduções são concêntricas, portanto
neste primeiro momento.
erradas. A Figura 7 (b) mostra uma linha de sucção não afog-
ada e com redução excêntrica (certa). É comum na prática Mesmo com a falta de informações das duas placas foi possível
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Figura 5 – Estação elevatória de água tratada (EEAT)

Linha de sucção – válvula gaveta, redução excêntrica e junta de dilatação Linha de recalque – redução concêntrica, junta de dilatação e válvula
borboleta
encontrar mais detalhes de cada bomba (Figura 9 e Figura 10). Figura 6 – O fenômeno da cavitação

Na Figura 9 não é possível localizar o ponto de operação da


bomba, pois não se tem nesse momento a vazão e altura na pla-
ca da bomba 1, mas foi possível tirar a informação da rotação
(1750rpm). No caso da Figura 10, bomba 2, com as informações
da placa, vazão 130[m³/h] e altura 50[m] é possível tirar as in-
formações: rotação 1750[rpm], rendimento 71[%], diâmetro do
rotor entre 306[mm] e 320[mm]. São informações importantes
para serem comparadas com os ensaios que serão realizados na
próxima etapa do diagnóstico.

Entrada da bomba – formação Desgaste na pá do


da bolha rotor

Figura 7 – Linhas de sucção de bombas. Figura 8 – Placas de identificação de bombas

(A) - Reduções concêntricas (instalação errada) A – Placa de identificação da bomba 1

(B) - Redução excêntrica (instalação correta) B – Placa de identificação da bomba 2

Figura 9 – Gráfico de vazão versus altura com curvas de diâmetro do rotor e Figura 10 – Gráfico de vazão versus altura com curvas de diâmetro
rendimento total da bomba 1 do rotor e rendimento total da bomba 2
12 GUIA PRÁTICO Planejamento e Boas Práticas em Campo

A Tabela 2 mostra um exemplo de registro de dados retirados das placas e do cadastro da empresa para a uma estação de
recalque de água tratada das bombas mostradas na Figura 4 e Figura 5.

Tabela 2 – Dados de placa e do cadastro das bombas da EETA das Figuras 3 e 4


Bomba Centrífuga Bipartida
Conjunto 1 2 3 4 5 6
Marca WORTHINGTON WORTHINGTON WORTHINGTON WORTHINGTON WORTHINGTON WORTHINGTON
No. de série BX59080 35304.01.02 BX 69458 35304.01.01 BX59081 35304.01.01
Modelo 8LN-21 E 8LN-21 E 8LN-21 E 8LN-21 E 8LN-21 E 8LN-21 E
Vazão [m3/h] 960 960 960 960 960 960

Altura [m] 92 92 92 92 92 92
Rotor [pol.] 22” 18,68” 18,68” 18,68” 22” 22”

Bocal de sucção [mm] 355,6 355,6 355,6 355,6 355,6 355,6

Bocal de recalque [mm] 203,2 203,2 203,2 203,2 203,2 203,2

2.2.2.5. Alinhamento e vibração do conjunto motobomba


Não basta que o conjunto motobomba tenha sido bem sele- O nível de vibração do conjunto motobomba é um indicador
cionado e bem fabricado. É necessário também que seja devi- qualitativo de sua eficiência. Caso os níveis encontrados sejam
damente instalado. O trabalho deve ser executado por pessoal elevados, problemas como desbalanceamento, defeitos nos
habilitado que possibilita uma instalação segura, com bom rolamentos ou até mesmo desalinhamento no acoplamento
nivelamento e alinhamento preciso, aspectos fundamentais podem estar prejudicando sua operação, e consequentemen-
para se garantir uma vida útil longa sem transtornos na ope- te causando queda em seu rendimento, pois sobrecarregam
ração, desgastes prematuros e danos imprevistos. Um equipa- o motor.
mento bem instalado terá boa eficiência e evitará perdas de Existem medidores nacionais de vibrações de uso geral, leve e de
energia e consumo excessivo no motor. fácil utilização, mesmo por pessoas sem experiência. Eles medem
Por essa razão a verificação principalmente do alinhamen- vibrações nas unidades de velocidade (mm/s).
to do conjunto motobomba é importante na visita técnica. A título de exemplo a Tabela 3 apresenta os níveis de vibração
É possível realizar uma primeira avaliação no local somente encontrados nos pontos de verificação de quatro conjuntos moto-
verificando com o tato nas partes fixas se aquele determina- bombas de uma estação de recalque de água bruta. As medidas
do conjunto está desalinhado e com vibração. Sendo assim, da vibração foram obtidas com um aparelho portátil de custo bai-
poderá ser previsto no retorno ao local equipamentos e pro- xo e encontrado no mercado.
cedimentos para as verificações do alinhamento e da vibração
do conjunto motobomba.
De acordo com a norma ISO 10816- Tabela 3 – Exemplo de nível de vibração de 4 conjuntos motobombas
1, para motores com potência entre Conjunto A B C D
100[cv] e 500[cv], o limite de vibração Vertical Dianteira [mm/s] 2,11 1,27 1,05 1,56
admitido é de 4,5 mm/s, o que indica Horizontal Dianteira [mm/s]
1,43 1,60 1,16 1,42
uma instalação correta dos conjuntos.
Axial Dianteira [mm/s] 3,36 1,52 0,93 1,24
A vibração pode estar ocorrendo
devido ao desalinhamento entre Horizontal Traseira [mm/s] 1,29 1,40 0,86 1,15
motor e bomba. Mesmo que os Vertical Traseira [mm/s] 1,48 1,43 0,52 1,34

acoplamentos elásticos compensem os desalinhamentos dos O desalinhamento pode ser axial, radial e angular. A Figura
eixos, deve-se procurar fazer com que os eixos do equipa- 10 mostra esses três tipos de desalinhamentos. Existem várias
mento acionador e da máquina acionada estejam alinhados maneiras para corrigir o desalinhamento desses eixos. Os mé-
da melhor forma possível, fazendo com que o funcionamento todos mais simples não exigem uso de ferramental sofisticado
do equipamento seja suave e a vida útil do acoplamento seja e são de custos baixos e são mostrados na Figura 11.
mais longa.
Figura 10 – Tipos de desalinhamento entre eixos

Desalinhamento paralelo ou radial Desalinhamento angular

Desalinhamento axial
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Figura 11 – Métodos simples de correção do alinhamento

...................................................................................
Correção de desalinhamento angular usando-se calibradores cônicos. Correção do desalinhamento paralelo usando-se régua metáli-
ca e calibrador de lâminas, e para axial micrômetro.

Existe um método de alinhamento intermediário, que ofere- O método apresentado do relógio comparador é bastante
ce precisão razoável, e usa instrumentos simples: basta um difundido na engenharia mecânica, sobretudo porque é efi-
relógio comparador e um dispositivo para fixação deste ao ciente e não requer tecnologia avançada e cara na operação.
eixo. O relógio comparador é um instrumento de medição que Ocorre que nem sempre é possível utilizar tais métodos, ora
possui uma ponta metálica de contato que “sente” as altera- por condições físicas (proporções do eixo, eixos que não po-
ções superficiais e as acusa através de um ponteiro sobre uma dem parar de girar, etc.), ora por necessidade de uma maior
escala graduada. Este é um método mais preciso e oferece um precisão. Nestes casos, é indicado o sistema a laser de alinha-
resultado de alinhamento até dez vezes melhor que a régua mento, o mais utilizado quando se necessita precisão mais
e calços calibrados. A haste do relógio comparador deve ser alta. Basicamente, esse sistema é provido de um laser óptico
apoiada em um dos eixos ou em um dos cubos do acoplamen- e um sensor, dois equipamentos independentes que quan-
to, enquanto que a ponta apalpadora do relógio deve estar do são fixados frente a frente nos eixos a serem alinhados
em contato com a periferia do cubo do acoplamento fixado constituem o sistema a laser de alinhamento. Usualmente, o
ao outro eixo. As leituras do relógio comparador devem ser conjunto ainda possui um display controlador para monitora-
feitas a cada 90º. Para isso, os dois eixos devem ser girados, mento do desalinhamento onde estão os botões de coman-
em conjunto, para que aponta apalpadora do relógio compa- do. Esse display mostra a atual situação dos valores lidos bem
rador fique em contato com o mesmo ponto da geratriz. Esta como indica as correções nos pés do motor ou do equipa-
providência é necessária, pois, caso contrário, o relógio indi- mento, entre outras funções.
cará irregularidades que porventura possa haver na periferia A Figura 12 ilustra uma estação elevatória de água tratada,
do cubo, que poderão ser erroneamente interpretadas como onde na visita foi verificada no local a possibilidade de haver
desalinhamento. desalinhamento e vibração. Neste caso, em função do mo-
No extremo oposto, existem ferramentas a laser, microproces- tor ter uma referência no eixo e pela avaliação realizada no
sadas, que fornecem alta precisão, no entanto, são caras e acoplamento e nos mancais através do tato, o conjunto en-
para sua operação e é necessário pessoal com treinamento contrava-se bem alinhado e com vibrações dentro dos limites
especial. aceitáveis.
Figura 12 – Verificação in loco do alinhamento e vibração – Conjunto
2.2.2.6. Manutenção mecânica motobomba de 500[cv]

A otimização das condições de operação de uma instala-


ção existente encontra como maiores obstáculos os custos
envolvidos na substituição de tubulações, equipamentos ou
reformas estruturais. Entretanto algumas medidas, de menor
investimento, mas não menos eficazes, podem ser adotadas
para atingir o objetivo de operação mais eficiente. Estas me-
didas normalmente enquadram-se no orçamento estrutural
da empresa cujos recursos destinam-se, dentre outras ativida-
des, a cobrir os custos de manutenção.
A manutenção pode ser dividida em três principais tipos ou
formas de agir:
• Manutenção Corretiva;
• Manutenção Preventiva;
• Manutenção Preditiva.
Sendo que cada uma delas é indicada para um contexto ou si-
tuação, que depende principalmente da classificação do grau
de importância da máquina ou do equipamento, do conjunto
de máquinas ou então da unidade. Para elevados graus de
importância justifica-se o uso de técnicas apuradas, pois isso
tem retorno econômico ou existe uma exigência que envolve
14 GUIA PRÁTICO Planejamento e Boas Práticas em Campo

segurança. Em caso contrário as formas mais simples de ma- presas têm utilizado esse tipo de manutenção. No aspecto de
nutenção podem ser empregadas. eficiência energética, qualquer equipamento mau mantido
A forma mais primitiva de se agir é com a Manutenção Cor- traz prejuízos no rendimento da máquina.
retiva. Aguarda-se até que a falha ocorra para que seja to- Deve ser verificado na parte mecânica durante a visita no con-
mada a ação corretiva. Na maioria dos casos isso tem como junto motobomba em uma instalação o seguinte:
consequência uma elevação dos custos e ainda pode haver • Mancais – lubrificação e estado geral, Tabela 4;
grandes prejuízos em razão das quebras e das paradas de
produção. É bom lembrar que, em muitas situações, a falha • Vedações no eixo – sem vazamentos nas gaxetas (Tabela 5)
de um equipamento poderá causar em falhas subsequentes ou vazamentos excessivos nas gaxetas (Tabela 6);
nas máquinas que estão a ele conectadas, é o conhecido efei- • Sistema de refrigeração das gaxetas – com ou sem anel ca-
to cascata. deado, verificar se está na posição correta (Tabela 7);
No entanto, esse tipo de manutenção, tem aplicação nos • Estado das válvulas (Tabela 8);
equipamentos de menor importância e de custo mais baixo,
onde a falha não causa maiores prejuízos e não oferece riscos • Protetor do acoplamento e eixo – se existe e se está raspan-
à segurança das pessoas envolvidas ou ao ambiente. do no eixo (Tabela 9);
Apesar da importância da distribuição de água, muitas em- • Limpeza nos conjuntos motobombas e na área da casa de
máquinas.
Tabela 4 – Mancais – lubrificação e estado geral
Verificação Observação Consequências

As bombas e motores têm em seus manuais Falta de óleo ou graxa danifica as partes inter-
Verificação da de manutenção, a especificação do óleo ou da nas do mancal, principalmente os rolamentos.
lubrificação. graxa que devem ser colocados e seu vencimen- O excesso contamina as partes externas próxi-
to em função das horas de operação. Isso deve mas ao mancal e as deterioram na mistura com
ser respeitado. água.

Falta de graxa no mancal do Falta de graxa no mancal da Vista do mancal a graxa da


motor. bomba. bomba.

Excesso de graxa no mancal. Mancal a óleo da bomba – Excesso de óleo

Figura 13 – Infiltração de ar pela caixa de gaxetas – não está havendo gotejamento

Consequências:
• Vazão insuficiente;
• Aquecimento das gaxetas e pode
danificar a luva protetora do eixo.
• Bomba pode perder escorva (mui-
to ar dentro da bomba e ela perde
pressão).

Gaxetas sem gotejamento – possibilidade de


entrada de ar.

Infiltração de ar pelas gaxetas.


Planejamento e Boas Práticas em Campo GUIA PRÁTICO 15

Tabela 5 – Vedação no eixo – por gaxetas


Verificação Observação Consequências
Falta de gotejamento – aquecimento dos anéis de
Por gaxetas há um pequeno gotejamento gaxetas e da luva protetora do eixo. Excesso de go-
Verificação da vedação do eixo calculado para resfria-las e não podem fi- tejamento – a água vai misturar com a graxa ou óleo
da bomba. car sem gotejamento e nem com excesso em excesso do mancal e danificar as peças próximas e
de gotejamento (esguichamento). pode diminuir a vazão de bombeamento.

a) Sem vazamentos (sem o mínimo de gotejamento).

Falta gotejamento (vai aquecer os anéis de gaxeta e o eixo, Excesso de vazamento (esguichamento) – contaminação e
podendo danificar a luva protetora do eixo). deterioração das peças externas.

Prática comum – esconder os vazamentos excessivos da


câmara de gaxetas.

Figura 14 – Vazamentos excessivos na caixa de gaxetas.


Consequências

• Diminuição da vazão (queda da eficiência) da bomba e


deterioração das peças externas;

• Danificação da luva protetora do eixo.

Motivos do vazamento excessivo:

• Em uma manutenção esqueceu-se da instalação da bu-


cha da garganta;

• Colocação errônea dos anéis da de gaxeta e com aperto


excessivo da sobreposta.

Falta gotejamento (vai aquecer os anéis de gaxeta e o eixo, podendo danificar a luva protetora do eixo).

Figura 15 – Luvas protetoras do eixo.

Desgastes na luva protetora do eixo. Rotor duplo e eixo de uma bomba biparti-
da e no detalhe as duas luvas desgastadas.

Aquecimento por aperto excessivo das


Prováveis motivos: gaxetas e/ou falta de refrigeração (goteja-
mento).

Trocar as luvas, colocar anéis de gaxetas


Solução: novos, controlar o gotejamento e evitar o
problema.
16 GUIA PRÁTICO Planejamento e Boas Práticas em Campo

Tabela 6 – Sistema de refrigeração das gaxetas com anel lanterna ou cadeado ou de selagem
Verificação Observação Consequências
Se não houver o controle do gotejamento
Anel lanterna ou de selagem – tem – aquecimento dos anéis de gaxetas e da
a função de facilitar a entrada da luva protetora do eixo (não gotejamento)
Refrigeração com anel cadeado. água da saída da bomba e distribui- e excesso de gotejamento pode danificar
-lo circunferencialmente ao longo as peças externas próximas a câmara das
dos anéis de gaxetas (Figura 16). gaxetas. Também sobrecarrega o motor.
a) Sistema de alimentação b) Sistema de alimentação obs- c) Sistema de alimentação existen-
inexistente. truído e não funcionando. te.

Bomba bipartida com falta de manutenção no sistema de alimentação Sistema existente, mas com vaza-
da refrigeração das gaxetas e portanto falta de controle do gotejamento. mentos camuflados.

No saneamento, principalmente para bombeamento de água, utiliza-se vedação no eixo por anéis de gaxetas. Como foi dito,
há necessidade de um gotejamento de água para a refrigeração das gaxetas. Esse gotejamento é realizado pela própria pressão
da bomba através das folgas existentes entre o rotor e a carcaça com os anéis de gaxetas instalados em toda a câmara, Figura
16a. Existem bombas centrífugas que possuem um anel, denominado de cadeado ou lanterna ou de selagem, que distribui a
água circunferencialmente e facilita a refrigeração das gaxetas, Figuras 16b e 17.
Figura 16 – Instalação das gaxetas sem anel cadeado (a) e com anel cadeado ou lanterna ou de selagem (b)

A
B
Câmara Anéis de ga-
de gaxetas, Luva xetas com o anel
protetora do eixo, cadeado montado
sobreposta e intermediariamen-
anéis de gaxetas. te.

Figura 17 – Instalação do anel cadeado ou lanterna ou de selagem.

Bomba bipartida com a alimentação do líquido de selagem para o anel cadeado. Anel cadeado ou lanterna.

Figura 18 – Instalação do anel cadeado ou lanterna ou de selagem.

Instalação errada do anel cadeado, que pode permitir Instalação correta do anel cadeado com a alimen-
a alimentação de água não uniforme para as gaxetas tação uniforme do líquido de selagem.
Quando a instalação dos anéis de gaxetas e anel cadeado estiverem corretos pode-se determinar o número de gotas. Existem
ábacos para a determinação do número de gotas por minuto em função do diâmetro da luva protetora do eixo, da rotação do
eixo e da determinação da velocidade tangencial ou periférica do eixo. Entretanto, de uma forma prática, a partir da acomo-
dação das gaxetas pode se admitir um valor de 45[gotas/minuto] a 60[gotas/minuto].
Planejamento e Boas Práticas em Campo GUIA PRÁTICO 17

Tabela 7 – Verificação do estado das válvulas


Verificação Observação Consequências

Normalmente as válvulas de entra- A não manutenção nas válvulas podem


1 - Verificar o estado das válvulas da e saída das bombas são acio- provocar falhas na operação da bom-
quanto a manutenção. nadas manualmente. É importante ba, mudando seu ponto melhor de efi-
estarem bem mantidas. ciência.

Válvula gaveta na saída da


bomba e com excesso de graxa e com
muita sujeira nas partes lubrificadas

É comum, devido a manutenção pre- Na entrada de uma bomba centrífu-


cária, válvulas não abrirem totalmen- ga, uma válvula entre aberta provoca
2 - Verificar se as válvulas na entra- te. Na entrada da bomba ela deverá o fenômeno da cavitação. Na saída da
da e saída da bomba estão abrindo estar totalmente aberta. O ideal é bomba a válvula faz diminuir a vazão
e fechando normalmente. a válvula de saída estar totalmente e aumentar a pressão e não operar nas
aberta nas condições de melhor efi- melhores condições de eficiência.
ciência e sem sobrecarregar o motor.
Os conjuntos motobombas são forne-
1 - Verificar se existe protetor do cidos com protetor do acoplamento Caso não tenha protetor há um risco
acoplamento e do eixo. do eixo. Um eixo girante não pode de acidentes.
ficar exposto.

Tabela 8 – Verificação do protetor do acoplamento e do eixo

Conjuntos motobombas a
1750[rpm], 500[cv] e protetor de
acoplamento – Nada a ver com efici-
ência, mas sim com segurança.

O eixo raspando no protetor o mo-


2 - Verificar se o protetor do acopla- Acontece do mau posicionamento do tor será sobrecarregado (aumento de
mento está raspando no eixo. protetor raspar no eixo. consumo).

Conjuntos motobombas
com protetor de acoplamento do
eixo.

Tabela 9 – Verificação da limpeza dos conjuntos motobombas e na área na casa de máquinas


Verificação Observação Consequências

1 – Verificar a limpeza nos conjun- Os conjuntos motobombas sempre A limpeza é uma questão de higiene
tos motobombas.. limpos independentemente do tipo de e segurança. Caso a estação seja de
instalação. água tratada poderá contamina-la.

Conjuntos motobombas de uma


captação de água bruta - necessi-
dade de limpeza.

2 - Verificar a limpeza do local. O local precisa estar muito limpo. Risco de acidentes.

A - Água e sujeira na fiação


elétrica no piso.

B - Óleo ou graxa no piso.

A B
18 GUIA PRÁTICO Planejamento e Boas Práticas em Campo

A Manutenção Preventiva é uma evolução do tipo anterior. ferramenta é possível decidir entre uma parada programada
Em vez de se aguardar a falha de determinado componente, com antecedência ou uma de emergência de acordo com a
o mesmo é substituído antes que ela ocorra. evolução da falha.
É importante que tenha o máximo de informações, que se As técnicas de manutenção preditiva tiveram grande impulso
monte um registro do equipamento, que as falhas e defeitos a partir da união com a informática, que possibilitou que as
anteriores tenham sido analisadas e anotadas e, que se faça análises e as ações sejam feitas de forma automática, dimi-
um controle exato dos tempos de operação. Somente dessa nuindo tempos de resposta e aumentando a confiabilidade.
forma será possível fixar a melhor frequência de manutenção. A técnica mais comum é a análise de vibrações, que é usada
Verifica-se que para esse tipo de manutenção as ferramentas em geral para monitorar máquinas que possuam partes ro-
essenciais são a documentação correta e um rígido controle tativas, nas grandes estruturas metálicas, nos equipamentos
administrativo. Porém, deve-se lembrar que toda intervenção elétricos, etc. As medidas são feitas em pontos determinados
é fator de risco. Um exemplo é aquele do médico que esquece dos equipamentos e em períodos pré-fixados. A aparelhagem
uma pinça dentro do seu paciente depois de uma cirurgia. pode fazer comparações com padrões de operação bem co-
A Manutenção Preditiva seria o modelo mais avançado nhecidos. Os instrumentos também têm capacidade de sepa-
de manutenção. São adotadas técnicas que podem antever rar os componentes fundamentais de um dado espectro de
quando uma falha ou defeito vai ocorrer. Isso possibilita que frequências.
se tomem as providências necessárias de forma antecipada, Outra técnica moderna é a termografia. É sabido que todos os
que se programem as devidas paradas na produção sem os corpos emitem radiação eletromagnética, em frequência na
atropelos de última hora, minimizando os prejuízos causados região do infravermelho, com uma intensidade que é propor-
pelas falhas inesperadas. Para isso são usados instrumentos cional a sua temperatura absoluta elevada a quarta potência.
que monitoram em tempo real, caso seja necessário, as verda- Esse fenômeno pode ser detectado usando-se câmeras sensí-
deiras condições de funcionamento dos equipamentos. veis essa faixa de radiação. Na indústria é usado para desco-
Qualquer anomalia que houver pode ser disparado um alar- brir falhas nos isolamentos térmicos, aquecimento anormal de
me, ser dado um “trip” na máquina, etc. A técnica atual terminais e contatos elétricos, funcionamento inadequado de
permite avaliar com bastante precisão se um mancal de rola- motores e transformadores, pontos de fuga de corrente, etc.
mentos, por exemplo, apresenta um defeito na pista interna, É importante o registro sistemático das medidas clássicas de
externa ou em algum elemento girante. temperatura, pressão, vazão, etc. Caso essas medidas sejam
Normalmente, a manutenção preditiva trabalha com compa- registradas é possível acompanhar e monitorar o desempenho
rações. Tomam-se medidas do valor de uma ou mais grande- de muitos equipamentos. Por exemplo, as temperaturas no
zas que possam representar com a maior fidelidade possível o interior dos enrolamentos dos motores e geradores, a tempe-
estado real de um equipamento. ratura dos casquilhos dos mancais, os diferenciais de tempe-
ratura em um trocador de calor. Uma outra aplicação poderia
Esses valores são comparados com valores medidos previa- ser o registro das pressões em um sistema de bombeamento
mente. Sendo que as medidas prévias foram executadas es- de água. As alterações que ocorrem nesses valores podem
tando o equipamento em perfeito estado e em condições indicar falhas dos equipamentos ou problemas na operação.
controladas. Essas medidas recebem o nome de assinaturas
do equipamento. A razão disso é que, do mesmo modo que Todas os tipos de manutenção são importantes, mas de um
uma pessoa embriagada apresenta alterações na sua assina- modo geral, muitas empresas de saneamento, como mostra-
tura, um equipamento defeituoso modifica seu padrão ha- do nos exemplos, praticam a manutenção corretiva. Deixam
bitual de funcionamento. E o interessante que isso pode ser o equipamento chegar ao ponto de sua parada por falta de
detectado com certa facilidade. condições de operação. Essa prática é totalmente prejudicial
ao sistema em termos de eficiência energética. Inicialmente as
Além do controle da magnitude do desvio entre o padrão ha- empresas deveriam introduzir a manutenção preventiva, pro-
bitual e o medido pode-se também monitorar a forma como gramar a corretiva e com mais planejamento e investimentos
esse desvio aumenta com o tempo, ou seja, a velocidade de na aquisição de instrumentação e treinamento de uma equi-
crescimento dessa alteração pode ser quantificada. Com essa pe para realizar a manutenção preditiva.

2.2.3. Verificação em instalações e equipamen-


tos elétricos
O diagrama unifilar é o documento que indica o caminho da
corrente elétrica desde o ponto de conexão com a conces- - Ponto de conexão com a rede de distribuição, onde está
sionária distribuidora de energia até os usos finais. Traz ain- instalado o medidor de energia da concessionária:
da informações dos principais componentes da distribuição • Transformadores;
elétrica, como níveis de tensão, transformadores, elementos • Disjuntores e chaves seccionadoras;
de proteção, dispositivos de partida e comando, medição e
também das cargas principais. • Cabos condutores e circuitos de distribuição;
Muitas vezes a instalação não possui diagrama unifilar ou o - Quadro de comando e proteção de conjuntos motobomba;
mesmo está desatualizado. Uma visita aos principais com- • Dispositivos de proteção;
ponentes da rede deve levantar em campo informações da
• Dispositivos de partida;
rede elétrica e confirmar os dados existentes ou levantar um
diagrama simplificado com as principais informações que per- • Automação e telemetria;
mitam conhecer as instalações elétricas e seus impactos no - Motores:
consumo de energia. • Placa do motor, com os dados nominais;
Rede de distribuição de energia elétrico da unidade • Data de instalação;
consumidora • Regime de operação (horas de operação);
A melhor eficiência das instalações envolve a minimização de
perdas: na distribuição, contatos e equipamentos. Assim, de- • Histórico de manutenção.
verão ser coletados os principais dados nominais e observados
o estado de conservação, limpeza, manutenção preventiva de
todos os componentes:
Planejamento e Boas Práticas em Campo GUIA PRÁTICO 19

Figura 18 – Exemplo de diagrama unifilar de estação elevatória


Fonte: (GOMES ET AL., 2009)

3. INSTRUMENTAÇÃO
3.1. CARACTERÍSTICAS DOS EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO
A medição de grandezas requer seleção adequada da instru- dado como um valor percentual do fundo de escala. A classe
mentação. Algumas características são comuns a instrumen- de exatidão se refere aos limites de exatidão estabelecidos
tação, e devem ser identificadas: para as aplicações mais comuns, como por exemplo trans-
• Faixa de medição ou alcance (range): Conjunto de valo- formadores de potência (TP) e transformadores de corrente
res entre os valores máximos e mínimos possíveis de serem (TC). As classes e aplicações mais comuns são apresentadas
medidos com um determinado instrumento. Recomenda-se na Tabela 10.
medidor que opere no segundo terço da escala. Por exemplo
para medir uma pressão estimada de 70mca um transdutor A precisão está relacionada a repetibilidade das medições,
de pressão pode ter o range de 0 a 100 mca. sendo definido como o grau de concordância entre os valores
medidos. Na Figura 19 é ilustrada a diferença entre os concei-
• Exatidão e Precisão: essas características são frequente- tos de precisão e exatidão de medidas.
mente confundidas. A exatidão é a aptidão de um instrumen-
to de medição para dar respostas próximas a um valor verda-
deiro convencional. É um conceito qualitativo, normalmente

Tabela 10 – Classes de exatidão


CLASSE APLICAÇÃO
Menor que 0,3 não padronizado TC padrão, medições em laboratório, medições especiais.

0,3 Medidas de energia com fins de faturamento, medições em laboratório.

0,6 a 1,2 Alimentação usual de amperímetros, voltímetros, medidores estatísticos, fasímetros e outros
Fonte: (SOUZA; BORTONI, 2006)

Figura 19 – Diferença entre exatidão e precisão


Fonte: (Notas técnicas Novus)

Centro do alvo Centro do alvo


Repetitivo Exato Não repetitivo Exato

Centro do alvo
Centro do alvo
Repetitivo inexato
Repetitivo Exato
20 GUIA PRÁTICO Planejamento e Boas Práticas em Campo

• Resolução • Comunicação
É a menor variação possível na grandeza física que causa uma Muitos equipamentos não possuem memória de massa para
variação na resposta do equipamento de medição armazenamento de dados mas permitem de comunicação
• Fonte de alimentação de energia através da transmissão dos dados ou conexão com um sof-
A fonte de alimentação de energia dos medidores de ser veri- tware ou cartões de memória.
ficada. Para equipamentos com alimentação externa deve-se O tipo de comunicação irá definir o sistema necessário para
verificar a tensão nominal (127/220V) e prever as tomadas armazenamento de dados. Para saídas analógicas (0-10V ou
para ligação. Especialmente em medições de vazão muitas ve- 4-20 mA, por exemplo) ou saída digital deve-se escolher um
zes são necessárias extensões devido a distância entre o ponto datalogger com entrada compatível. Os dados de saída são
de medição e a tomada de energia. lineares, e a escala de medição deve ser ajustada para os mí-
No caso de medidores a bateria, deve-se avaliar a autonomia nimos (0 V ou 4mA) e máximos (10V ou 20mA) definidos.
de operação, para que o mesmo não de descarregue durante Em medidores que possuem software próprio, a comunicação
as medições. Os transdutores de pressão são alimentados em é definida pelo fabricante, como ethernet, RS232, USB entre
tensão contínua (24Vcc) e uma fonte deve ser prevista outros.
• Memória de massa A Figura 20 apresenta como exemplo as especificações técni-
Deve-se observar se o medidor possui função de armazena- cas de um analisador de energia. Para o medidor do exemplo
mento de dados (datalogger), e qual a memória de massa a faixa de medição (range) de tensão é de 30 a 600 [V], com
disponível. Esta memória deve ser suficiente para armazenar classe de exatidão de 0,2% para medições de 100 a 500 [V].
as medições no período definido. Caso a memória não seja O range de corrente irá depender do sensor de corrente sele-
suficiente deve-se definir um intervalo maior de tempo entre cionado, mas a classe de exatidão é de 0,2% entre 5 a 100%
as medições, ocupando assim menos memória. do fundo de escala.
Por exemplo um medidor ou um datalogger com capacidade A alimentação deste medidor pode ser feita de 85 a 300V,
de registro de 32000 pontos. Para medições a cada 30 segun- com consumo máximo do equipamento de 10VA. As dimen-
dos, tem-se uma autonomia de 11 dias de monitoramento. sões e pesos do equipamento podem ser necessários ao trans-
Já com intervalos de registro de 10 minutos a autonomia é porte. A comunicação é através de rede Ethernet e o período
de 222 dias. de integração pode ser definido entre 0,1 segundos (100ms)
até 30 minutos.
Figura 20 - Exemplo de especificação técnica de analisador de energia

3.2 SELEÇÃO DA INSTRUMENTAÇÃO E SISTE- 3.3 CALIBRAÇÃO


MAS DE AQUISIÇÃO DE DADOS
Todos os equipamentos de medição devem possuir aferição
A seleção do equipamento, da instrumentação, do ferramen- registrada através de um certificado. A aferição deve possuir
tal e do sistema de aquisição são determinante para o resulta- rastreamento com a RBC (Rede Brasileira de Calibração), com-
do das medições, e deverão ser apresentados no relatório. São provando assim a sua comparação com os padrões de cada
definidos basicamente os seguintes medidores: grandeza.
• Pressão: tipos (transdutor e/ou analógico, quantidades, ma- Os equipamentos que possuírem curva de calibração para
nifolds para instalação e como aquisitar; ajuste das medidas deverão ser conhecidos antes do início
das medições. No caso de medição com sistema de aquisição
• Vazão: tipos, quantidades e acessórios - por exemplo se for
de dados com datalogger ou supervisório, as curvas de cali-
um Pitot-Cole uma máquina Miller e taps; se for ultrassom,
bração podem ser implementadas via software.
deverá ter seus acessórios por exemplo um medidor de es-
pessura;
• Tacômetros: tipos (ótico e/ou de ponta), quantidades;
• Grandezas elétricas: tipo, quantidade, local a ser instalado;
• Nível d´água: tipo, quantidades, sistema de aquisição (da-
taloggers);
• Outros: por exemplo se for necessária a realização de topo-
grafia, deverá ser previsto uma estação total e/ou um DGPS.
Planejamento e Boas Práticas em Campo GUIA PRÁTICO 21

3.4 PONTOS DE MEDIÇÃO Figura 21 – Possíveis locais para medição de vazão

3.4.1 Medição da vazão


Os pontos selecionados para as medidas de vazão têm impor-
tância fundamental para o sucesso dos trabalhos de campo
e consequentemente para os resultados dos estudos de efici-
ência energética. Em muitos casos as medidas de vazão são
pontuais e em outros são necessárias o monitoramento em
várias bombas e com um tempo de vários dias de medições.
O local ou os locais de medidas de vazão dependem da ins-
talação de bombeamento a ser estudada. Para que a medida
tenha a menor incerteza possível, alguns critérios têm que ser
utilizados. Primeiramente o local da medida tem que ter um
trecho reto da tubulação uma distância de acessórios de tu-
bulação (válvulas, curvas, tês) maior ou menor, dependendo
do tipo do medidor de vazão. Para se fazer medições de vazão
pontuais ou até por um período estabelecido, os mais utili-
zados atualmente no saneamento são os medidores do tipo
Pitot-Cole e do tipo ultrassom. Existem outros medidores, mas
Figura 22 – Locais selecionados e local adaptado para as medições de vazão
neste manual, para o caso de ensaios de campo serão utiliza-
– Exemplo 1
dos e apresentados esses dois.
A Figura 21 ilustra possíveis pontos de medição de vazão de
uma Estação de Elevação de Água Bruta com 4 conjuntos
motobombas. Aqui poderão ser utilizados dois medidores de
vazão do tipo ultrassom tempo de trânsito com sensores ex-
ternos. Na visita esperava-se que esses trechos teriam distân-
cias suficientes para que o sinal do equipamento tenha uma
boa porcentagem e as medidas das vazões apresentem bons
resultados. Caso contrário deverá ser utilizada sondas do tipo A – Locais selecionados para B – Local selecionado para
Pitot-Cole. As distâncias recomendadas de qualquer acessório medição – Bombas 1 e 2 a medição
de tubulação para esses dois medidores, de uma forma geral,
são 10 diâmetros a montante e 5 diâmetros a jusante.
Antigamente os projetos de instalações de bombeamento no
saneamento não previam locais para medição de vazão. Por
essa razão em muitos casos existem dificuldades da medição
da vazão, principalmente com medidores modernos. Na visita
ao local pode se prever um tipo de medição de vazão e duran-
te a instalação do medidor pode não dar certo. Assim, pode-
-se decidir por um outro tipo de medidor ou fazer adaptações
C - Locais adaptados para as medições
para que essa medida seja com bom desempenho.
Para ilustra esta realidade são apresentados dois casos onde
esperava-se que a medição de vazão seria bastante tranquila e
previu-se utilizar o ultrassom. As Figura 22 (a) e (b) mostram
os locais previstos durante a visita ao local, na saída das tubu-
lações de três bombas de recalque de água tratada. Entretan-
to, quando foi-se instalar os medidores do tipo ultrassom não
houve condições de medidas. Desta forma, foi solicitado ao
SAAE a escavação de uma vala em um local adequado para a
execução das medidas e neste local foram instalados três me-
didores, Figura 22 (c), que funcionaram perfeitamente bem.
É importante comentar que essas medidas de vazão nas três
bombas eram pontuais, pois se fossem medidas aquisitadas
por vários dias, não haveria proteção dos medidores, princi-
palmente quanto a chuva.
O segundo exemplo está ilustrado na Figura 23, em uma
estação de Captação de Água Bruta de um Rio a 12 km do
Estação de Tratamento. A estação possui três bombas e me-
dição de vazão foi bastante complicada. Foi constatado que a
posição selecionada para a medida de vazão das três bombas
não era adequada para a medição com ultrassom devido a
uma curva e uma válvula (Figura 23 a e b).
Foi necessário solicitar da concessionária a construção de um
posto subterrâneo de medida próximo à casa de máquinas. O
posto de medidas foi construído de alvenaria com a distância
necessária para esse tipo de medidor, Figura 23 C, e as me-
dições foram realizadas com sucesso. Neste caso, o medidor
de vazão está protegido contra chuva, sol e roubo, e poderá
utilizar a medição por vários dias.
22 GUIA PRÁTICO Planejamento e Boas Práticas em Campo

Figura 23 – Locais selecionados e o local adaptado para as medições de vazão – Exemplo 2

B – Local selecionado para a medição – Barrilete das bombas

C - Local construído de alvenaria adaptado para as medições de


vazão com ultrassom.
A – Locais selecionados para medição – Bombas 1, 2 e 3

No caso da Figura 24 apresenta uma estação de recalque de Figura 24 - Locais selecionados e medidas de vazão por ultrassom e Pitot-
água tratada que alimenta parte de uma cidade, onde são -Cole
várias bombas operando e houve necessidade do monitora-
mento simultâneo para uma semana. Neste caso foram ins-
talados vários ultrassons e houve necessidade de instalação
de um Pitot-Cole. A figura ilustra dois medidores ultrassons
instalados e um medidor do tipo Pitot-Cole.
A vazão medida serve para a macromedição em uma determi-
nada estação elevatória e também a medida de cada bomba
que está sendo analisada e neste caso, serve para a determi-
nação da altura total de elevação.
3.4.2 Tomadas de pressão na entrada e na saída
da bomba, cotas e diâmetros
Para a medição das pressões deve-se verificar se existem os
bujões de entrada e saída da bomba, locais de instalação
de manômetros ou transdutores de pressão. Normalmente
as bombas possuem esses locais destinados a instalação de
medidores de pressão, Figura 25. Entretanto, bombas mais
antigas não possuem o bujão de entrada, ou seja, possui so-
mente o de saída. Neste caso, poderá ser furado o local de
entrada da bomba ou medir a pressão antes da entrada da Saída de uma bomba – Preparação para instalação
bomba, Figura 26, podendo ser até no nível do poço de suc- do tap e do Pitot-Cole.
ção e aplicar a equação de Bernoulli até a entrada da bomba,
determinando a perda de carga do considerado até a entrada
da bomba.
A razão dessas medidas é para determinar a parcela da dife-
rença de pressão estática ou manométrica entre saída e en-
trada da bomba para a determinação da altura total de eleva-
ção da bomba (ATE) ou altura manométrica total da bomba
(AMT).
A instalação de bombeamento da Figura 28 mostra as referências
de níveis d´água dos reservatórios de sucção (1) e recalque (4),
da entrada da bomba (2) e saída da bomba (3). A altura total de
elevação H é definida como sendo a diferença da altura total na
saída da bomba e altura total na entrada da bomba. As pressões
p3 e p2 são medidas, respectivamente, nos manômetros M3 e M2
que serão instalados na segunda fase, ou seja, nas medições. As
pressões p1 e p4 são atmosféricas, portanto as pressões manomé-
tricas são: p1 = p4 = 0.
A quantidade de medidores de pressão dependerá do tipo de ins-
talação, quantidade de bombas e faixa de pressão principalmente
no recalque das bombas. Quando não for possível medir a pres-
são na entrada da bomba, pode-se aplicar a equação de Bernoulli Saídas de duas bombas – Pitot-Cole e ultrassom.
no nível 1 do reservatório de sucção até a entrada da bomba.
Após determinada a pressão na entrada da bomba, utiliza-se a
equação mostrada na Figura 28 para a determinação de H.
Planejamento e Boas Práticas em Campo GUIA PRÁTICO 23

Figura 25 – Bujões de entrada e saída da bomba Figura 26 – Bomba sem tomada de pressão na entrada

A – Entrada da bomba B – Saída da bomba A – Tomada de pressão antes da B – Bujão de saída da


entrada da bomba bomba
Figura 27 – Instalação de bombeamento com bomba não afogada

Altura Total de Elevação H[m]:

8  1 1 
H = h3 − h2 = ⋅ − ⋅ Q 2 + ( z3 − z2 )
π 2 ⋅ g  D34 D24 

Diâmetros na posição 3 e 2 - D3[m]; D2[m];


z3[m]; z2[m]; vazão a ser medida - Q[m3/s]

Figura 28 – Instalação de bombeamento com bomba afogada.

Determinação da pressão na entrada (2) da bomba:


p2 8
h2 [ m ] = [ m] = ( z1 − z2 ) − 2 4 ⋅ Q 2 − hp1−2
ρ⋅g π ⋅ D2 ⋅ g

g[m/s²]; Diâmetro 2 - D2[m]; (z1 - z2)[m]; vazão a ser me-


dida - Q[m3/s]; Perda de carga entre 1 e 2 a ser calculada
hp1-2[m]

3.4.3 Níveis dos reservatórios de sucção e recalque das bombas


Outras medidas necessárias são os níveis dos reservatórios de de tratamento (reservatório de sucção) e é um reservatório de
sucção e de recalque das bombas. sucção que alimenta várias bombas que fornecem água para
No reservatório de sucção, além da análise da cavitação, o quatro bairros de uma cidade de 70.000 habitantes. O nível da
controle de nível, caso não exista serve para determinar o água é medido por um piezômetro instalado na tubulação de
comportamento da sua operação para poder-se estudar por sucção de uma das bombas, Figura 29 (b), para controle ape-
exemplo, a sua possível reservação a ser utilizada no horário nas de seu mínimo e máximo de uma forma analógica. Todos
de ponta. esses reservatórios deverão ser monitorados seus níveis de água
por vários dias para conhecer seus comportamentos.
A Figura 29 (a) ilustra as adutoras alimentando um reserva-
tório de água, que foi bombeada da estação de tratamento
de uma cidade. Este reservatório é o de recalque da estação
24 GUIA PRÁTICO Planejamento e Boas Práticas em Campo

Quando se tratar de uma instalação que possua um reserva- Figura 29 – Medida de nível de reservatório de água tratada
tório de sucção e um reservatório de recalque os dois níveis
de água deverão ser medidos e monitorados. Além de estudar
o comportamento de cada um, é determinar a altura estática
total, ou seja, o desnível entre dois reservatórios, que poderá
ser constante ou variável.
A Figura 30 ilustra duas instalações de bombeamento, sendo
a primeira com bomba não afogada e a segunda com bomba
afogada. A curva da bomba centrífuga para a rotação cons-
tante e a curva da instalação estão mostradas, além da equa- A – Reservatório de água B – Variação de nível do
tratada reservatório
ção da altura total de elevação da instalação H, bem como o
ponto de funcionamento F da bomba e da instalação.
As alturas geométricas ou estáticas de sucção Hs e de recal-
que Hr, bem como a altura geométrica total H0 (desnível da
água entre os dois reservatórios) são representados na Figura
30 explicitadas em função da vazão utilizando-se a equação
universal ou de Darcy-Weisback e estão representadas no grá-
fico da Figura 30.
Figura 30 – Instalações de bombeamento e suas alturas geométricas

Bomba não afogada e curvas


da bomba e da instalação

Altura Total de Elevação da instalação H[m]


8  L L 
H =H 0 + H p1− 2 + H p 3− 4 =H 0 + ⋅  r − s4  ⋅ Q 2
π 2 ⋅ g  Dr4 Ds 
OBS.: os comprimentos equivalentes dos acessórios das tubu-
lações são tabelados em função do diâmetro e encontram-se
nos manuais de hidráulica.

Bomba afogada e curvas da bomba e da instalação

H0[m]; perda de carga na linha de sucção Hp1-2[m]


perda de carga na linha de recalque Hp3-4[m]; g[m/
s²]; comprimento equivalente da linha de suc-
ção Ls[m]; comprimento equivalente da linha de
recalque Lr[m]; Diâmetro da linha de sucção Ds[m];
Diâmetro da linha de recalque – Dr[m]; vazão a ser
medida Q[m3/s].

3.4.4 Pressões em dois pontos da adutora


Figura 31 – Aumento de rugosidade da tubulação por incrustação e
sedimentação.
A razão de monitorar a pressão estática ou manométrica de
dois pontos de uma adutora de mesmo diâmetro é para de-
terminar a rugosidade da tubulação em muitos anos de uso.
As rugosidades das tubulações novas são conhecidas e tabe-
ladas em função do seu material e da sua fabricação. Entre-
tanto, com o envelhecimento da tubulação poderá aparecer
incrustações ou sedimentações que aumentam a perda de
carga na mesma, Figura 31. Um método em campo para a
verificação da rugosidade é medir as pressões estáticas em
dois locais de um trecho da adutora de mesmo diâmetro.
Na visita são escolhidos os dois pontos que serão medidas as
pressões estáticas.
Incrustação
Na adutora deverá ser medida e monitorada as pressões em dois pontos de uma distância L[m] e a vazão, como mostra a.
Sejam os transdutores de pressão Tp1 e Tp2 medindo as pressões p1[N/m2] e p2[N/m2], respectivamente nas cotas de posição
z1[m] e z2[m]. O diâmetro interno da adutora é D[m]. A vazão Q[m3/s] pode ser medida por um medidor do tipo ultrassom
e seus sensores estão mostrados na Figura 32, ou também medida por Pitot-Cole. Aplicando a equação de Bernoulli entre 1
e 2, pode-se explicitar o coeficiente de perda de carga f[1], de Darcy-Weisback ou o coeficiente de perda de carga C[1], de
Hazen-Willians, apresentados na Figura 32.
Planejamento e Boas Práticas em Campo GUIA PRÁTICO 25

Figura 32 – Determinação dos coeficientes de perda de carga de Darcy-Weisback e de Hazen-Willians

Perda de carga no trecho 1 a 2:


H p1− 2 = ( h1 − h2 ) + ( z1 − z2 )  ;
p1 p2
h1 [ m ] = [ m] + y1 [ m] ; h2 [ m] = [ m ] + y2 [ m ] ;
ρ⋅g ρ⋅g
( z1 − z2 ) [ m]

Coeficiente f (Darcy-Weisback):

 π 2 ⋅ g ⋅ D5 
f = ( h1 − h2 ) + ( z1 − z2 )  ⋅  2 
 8⋅ L ⋅Q 
Coeficiente C de Hazen-Willians:
0,54054
 10, 667 ⋅ L ⋅ Q1,85 
C =  4,87 
 D ⋅ ( h1 − h2 ) + ( z1 − z2 )  

3.4.4 Pressões em dois pontos da adutora


A Tabela 11 apresenta algumas recomendações e sugestões para aplicação em campo da medição das pressões na adutora
para determinar o coeficiente de atrito. O fator de perda de carga f (Darcy-Weisback) e o coeficiente de perda de carga C de
Hazen-Willians são determinados pelas equações da Figura 32.
Tabela 11 – Recomendações para verificação das incrustações em tubulação e determinação do fator de atrito
Recomendações Sugestões Observação
1 – Distância entre os pontos de Pelo menos 1km Quando possível
medidas de pressão
Utilizar 1 medidor (caso não haja vazamentos) ou
dois medidores (verifica se há vazamentos ou per- 1 medidor – vazão média; 2 medidores –
2 – Medição de vazão das de água pela diferença das vazões), que podem média da vazão média de cada medidor
ser Pitot-Cole ou ultrassom
Utilizar 2 taps ou soldar 2 luvas de ½” nos locais Manifold de ½” fixado na luva soldada na
3 – Tomadas de pressão selecionados; preparar o manifold, furar no centro tubulação, composto 2 válvulas, 2 niples,
da luva (3mm) e instalar o manifold. 1 tê
Se o coeficiente de perda de carga deter-
4 – Determinação do coeficiente Comparar com os coeficientes experimentais nas minado for maior que o tabelado, deve-se
de Darcy-Weisback f ou de Hazen tabelas dos manuais de hidráulica. fazer uma limpeza na tubulação para
Willians C diminuir as incrustações.

3.4.5 Pontos de medição de grandezas elétricas Figura 33 - Esquema de ligação de analisadores de energia em cargas
trifásicas
A medição das grandezas elétricas permite analisar a opera-
ção do motor e seu consumo de energia também calcular o
rendimento dos conjuntos motobomba. Devem ser medidas e
monitoradas pelo menos tensão, corrente e fator de potência
de operação de motores ou instalações. Equipamentos como
os analisadores de energia normalmente também registram a
potência ativa, potência reativa, no entanto estas podem ser
calculadas. Em bombas acionadas por conversores de frequ-
ência é interessante a medição da distorção harmônica total,
um indicador da qualidade da energia que alimenta o motor.
O analisador mede grandezas elétricas a partir da medição Assim os equipamentos e os dataloggers deverão ter seus
da tensão e da corrente. Mede-se a tensão com a ligação em horários ajustados e sincronizados. Para que as medições se-
paralelo com um ponto de tensão de alimentação com garras jam registradas no mesmo horário recomenda-se ainda que
tipo ”jacaré”. o início do armazenamento de dados seja iniciado automati-
A corrente é medida com sensores de corrente que envolvem camente, em um horário definido para todos. O período de
os condutores de corrente, que devem ser especificados de monitoramento e o intervalo entre medições também deverá
acordo com a corrente máxima a ser medida. Em motores de ser o mesmo.
maior potência é comum o uso de dois ou mais condutores Caso seja utilizado um sistema único de aquisição de dados
por fase e sensores de corrente flexíveis podem sem necessá- (supervisório), o horário entre as grandezas será o mesmo, e
rios, por ter uma abertura maior. apenas deverá ser ajustado a hora local.
Para a avaliação de motores o analisador deve ser ligado na O defasamento no tempo entre de medições de diferentes
alimentação do conjunto. Caso o conjunto seja acionada por equipamentos prejudica a análise das medições e a posterior
conversor de frequência, este deve ser considerado parte do análise da relação entre as grandezas.
conjunto, e o analisador deve ser instalado na entrada no
conversor. Para a análise de uma instalação o medidor deve
ser instalado junto a entrada do quando de distribuição geral.
26 GUIA PRÁTICO Planejamento e Boas Práticas em Campo

3.5 SINCRONIZAÇÃO DOS HORÁRIOS DOS 3.6 CHECK-LIST DOS EQUIPAMENTOS E ACES-
EQUIPAMENTOS SÓRIOS
As medições realizadas com aquisição de dados deverão estar A Tabela 12 traz uma lista de componentes e acessórios ne-
sincronizadas, de modo que possam ser reunidas na mesma cessários para alguns tipos de medição:
tabela de medidas ao longo do tempo.
Tabela 12 – Check-list dos equipamentos e acessórios
Equipamento Componentes Acessórios
Sensores Datalogger
Fonte de alimentação e extensão Lixa para limpeza da tubulação
Medição de vazão ultras- Régua de fixação para sensor Cabo de transmissão de dados
sônico
Gel para sensores Trena
Medidor de espessura
Medidor de espessura Ponta de prova Pilhas
Tubo de Pitot-Coli Manômetro de coluna
Medição de vazão/pito- Mangueira para manômetro ou transdutor Fonte 24VDC para transdutor
metria
Transdutor de pressão diferencial
Maquina Miller Pote vaselina
Sela Corrente para prender máquina no tubo
Instalação de taps Borracha de vedação p/ sela Chave catraca
- Pitometria
Broca Chapa 3mm para tubulações finas e solda
Tap 1” Chave de boca para fixar parafuso
Manômetro de bourdon Desengripante
Transdutores de pressão Válvulas Conexões hidráulicas para manifold
Medição de pressão
Datalogger Fita veda rosca
Cabos de alimentação e comunicação Chave inglesa e chave de cano
Garras tipo “jacaré” – Medição de tensão Multímetro
Medição de grandezas Sensores de corrente Alicate amperímetro
elétricas
Cabo de alimentação Equipamentos de proteção
Medição de rotação Tacômetro (ótico ou estroboscópio) Adesivo para fixar no eixo ou ponta de contato

Medidas de nível Trena


Transdutor de pressão hidrostática ou ultrassônico
Cabo comunicação ou datalogger

4. MEDIÇÕES EM CAMPO
4.1 ESCOLHA DA EQUIPE DE CAMPO
A equipe definida para a realização das medições em campo • 01 engenheiro eletricista especialista em eficiência energéti-
deve ser qualificada e conhecer as práticas de campo, princi- ca e em instrumentação;
palmente no setor de saneamento. A equipe deverá ser for- • 01 engenheiro mecânico de preferência especialista eficiên-
mada por engenheiros e técnicos com capacidade de avaliar cia energética e em hidráulica;
as condições de uma instalação de bombeamento completa,
suas condições operativas e as condições de manutenção, e • 01 engenheiro civil ou hídrico de preferência especialista em
através de medidas hidráulicas e elétricas. A instrumentação, eficiência energética e em hidráulica;
bem como sua instalação e operação, além da parte de aqui- • 01 técnico especialista em hidráulica;
sição de dados deverá ser de total conhecimento da equipe
ou de seus membros, tendo especialidades nas áreas hidráuli- • 01 técnico especialista em instrumentação.
ca, mecânica e elétrica, compondo um corpo de especialistas O trabalho pode ser executado por 02 especialistas no míni-
para executar o trabalho. mo (instalação menor) e no máximo por 04 especialistas (ins-
Uma equipe bem treinada deverá ter os seguintes membros e talação maior), mesclando as especialidades.
suas especialidades:

4.2 SEGURANÇA DE PESSOAL E EQUIPAMENTOS


Toda atividade de medição de campo envolve riscos, seja na mentos de proteção individual (EPI) para cada especificidade
instalação dos equipamentos, transporte, ou pelo simples do trabalho que cada um vai executar.
fato de estar exposto aos riscos. Assim, além das qualifica- De acordo com a norma NR-06, o Equipamento de Proteção
ções técnicas da equipe envolvida, é fundamental que tenham Individual (EPI) é todo dispositivo de uso individual, de fabri-
treinamento e conhecimento das medidas de segurança per- cação nacional ou estrangeira, destinado a proteger a saúde e
tinentes. Recomenda-se também que equipe e equipamentos a integridade física do trabalhador.
tenham seguro contra acidentes e danos.
No caso dos trabalhos de campo nas visitas e nos ensaios de
Deve-se, portanto, identificar, avaliar e tomar medidas de pre- instalações de bombeamento pode se considerar para a par-
venção de risco em todas as atividades das campanhas de te hidráulica e mecânica seguintes equipamentos: capacete,
medição. A equipe deverá estar munida de todos os equipa- botas, protetor auricular, óculos de segurança, luvas e cintos
Planejamento e Boas Práticas em Campo GUIA PRÁTICO 27

de segurança. Para o caso específico desse trabalho no sanea- Na Figura 34 note que o operador da concessionária de água
mento tem-se as seguintes funções: não possui todos EPIs necessários na operação da válvula,
• Capacete de segurança - para a proteção do crânio contra mas o membro da equipe de campo possui protetor auricular,
agentes meteorológicos (trabalhos a céu aberto), impactos capacete e botas.
provenientes de quedas, projeção de objetos ou outros (vál- Figura 34 – Equipamentos de proteção individual
vulas), queimaduras ou choque elétrico;
• Botas – usar calçados contra riscos de origem mecânica e
lugares encharcados;
• Protetor auricular: para trabalhos realizados em locais em
que o nível de ruído seja superior ao estabelecido na norma
NR 15 (Tabela 13);
• Óculos de segurança - para trabalhos que possam causar
irritação nos olhos, provenientes de poeiras;
Operando a bomba Medindo a espessura da
• Luvas de segurança – para trabalhos que contenham graxas – Falta de capacete no parede da tubulação.
e também locais frios; operador.

• Cintos de segurança - para trabalhos em alturas superiores


a 2[m] em que haja riscos de quedas.
Figura 35 – Equipamentos de proteção arco elétrico e luvas
Tabela 13 – Limites de tolerância para ruído contínuo e intermitente (NR15)
NÍVEL DE RUÍDO
[dBa] 85 95 105 110 115

EXPOSIÇÃO MÁX.
DIÁRIA PERMISSÍVEL 8 horas 2 horas 30min 15min 7min

A instalação de equipamentos elétricos deve ser realizada por


pessoal qualificado e experiente, com treinamento e certifica-
ção na norma regulamentadora de segurança em instalações
elétricas – NR-10. De acordo com a norma, o trabalho em
instalações elétricas deve ser realizado com o sistema desliga-
do e desenergizado, ou seja, o motor deve estar desligado e
a chave seccionadora aberta, de forma que não haja tensão
nos pontos de instalação. Caso não seja possível desligar e
desenergizar o painel, deverão ser utilizados equipamentos
de proteção individuais apropriados para trabalhar em insta-
lações energizadas:
• Óculos ou máscara para proteção do rosto;
• Luva isolante de acordo com o nível de tensão;
• Luva protetora da luva isolante
• Roupa “anti-chama”
• Botas para eletricista, sem bico de aço
• Capacete
• Protetor auricular
• Roupa de proteção contra arcos elétricos, de acordo a cor-
rente de curto circuito do ponto de instalação (Figura 35).
4.4 ENSAIOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
A Figura 35 ilustra ainda a utilização de luvas protetoras para
trabalhos em painéis elétricos, para proteção contra choques
Nos ensaios de avaliação do desempenho é realizado o ensaio
e arco elétrico.
de rendimento, para determinar a curva de operação do con-
junto motobomba.
4.3 INSPEÇÃO INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E
O ensaio de rendimento do conjunto pode ser realizado com
ELÉTRICAS medições pontuais das grandezas, no entanto recomenda-se
a aquisição dos dados, para que possam ser feitas mais medi-
A inspeção da estação elevatória tem início na visita prévia, ções e assim melhorar a confiabilidade das medições.
com levantamento dos principais dados e avaliação das con-
dições de limpeza e manutenção. No entanto a visita prévia O tempo total de execução do ensaio depende do número de
não envolve instrumentação, e medições pontuais comple- conjuntos e as combinações de operação em paralelo possí-
mentares podem ser realizadas para avaliar as condições dos veis. O período de medições em cada ponto pode ser peque-
equipamentos. no ( 5 ou 10 minutos ), no entanto sugere-se que o intervalo
entre as medições seja curto (a cada 30 ou 10 segundos).
Entre as medidas que podem auxiliar uma avaliação das insta- Com isso tem-se mais medições para traçar uma média.
lações pode-se citar:
Os resultados destas medições são os pontos de operação da
• Vibração de conjuntos motobombas curva e os rendimentos específicos de cada operação, como
• Alinhamento de eixo de conjuntos ilustram as figuras e tabelas para uma estação elevatória com
• Temperaturas de mancais e painéis elétricos 6 conjuntos, dos quais os conjuntos 2 e 3 não estavam ope-
rando por manutenção.
• Qualidade da energia: tensão de alimentação; desequilíbrio
de tensão; desequilíbrio de corrente; distorção harmônica.
28 GUIA PRÁTICO Planejamento e Boas Práticas em Campo

Tabela 14 – Exemplo de dados coletados nos ensaios individuais dos Figura 36 - Consumo específico das diferentes associações
conjuntos
VALORES MEDIDOS
p1 p2 N Q Q Pel
Bombas [m] [m] [rpm] [m3/s] [m3/h] [kW]
Entrada Saída

1 1,15 45,9 1400 0,2356 848,2 161,0

4 1,30 45,0 1390 0,2280 820,8 197,0

5 1,34 46,8 1394 0,2100 756,0 158,0

6 1,12 46 1400 0,2340 842,4 197,0


VALORES CALCULADOS
H Ph Pe nm nb nc
Bombas [m] [kW] [kW] [%] [%] [%]

1 47,3 109,4 154,6 96,0 70,8 68,0

4 46,1 103,2 189,1 96,0 54,6 52,4

5 47,5 97,9 151,9 96,1 64,4 62,0

6 47,4 108,9 189,8 96,3 57,4 55,3


VALORES CORRIGIDOS – n = 1775[rpm]
Q Q H Ph Pe Pel
Bombas [m3/s] [m3/h] [m] [kW] [kW] [kW]

1 0,2987 1075,4 76,1 223,0 315,1 328,1

4 0,1170 1033,4 75,2 214,8 393,8 410,2

5 0,2636 949,1 77,0 202,8 313,6 326,2

6 0,2967 1068,0 76,3 221,9 386,7 401,5

Tabela 15 - Resultados das diferentes associações

CEN Qtotal[m3/h] Ptotal [kW] CE [kWh/m3]


Associação Bomba Q [m3/h] Pel [kW] H [m]
[kWh/m3/100m]

1 1 848 161 47,3 0,401 848 161 0,190


4 4 821 197 46,1 0,521 821 197 0,240
5 5 756 158 47,5 0,440 756 158 0,209
6 6 842 197 47,4 0,493 842 197 0,234
1/6 1 895 215 56,0 0,429 1832 482 0,263
6 937 267 56,3 0,506
4/5 4 868 238 61,8 0,444 1872 481 0,257
5 1004 243 61,7 0,392
4 929 341 81,4 0,451
4/5/6 5 822 250 81,4 0,374 2642 944 0,357
6 892 353 81,4 0,486
1 802 243 81,3 0,373
1/5/6 5 684 225 81,5 0,404 2317 772 0,333
6 831 304 81,1 0,451
1 688 242 99,3 0,354
1/2/5/6 2 471 336 100,0 0,714 2491 1121 0,450
5 559 224 99,5 0,403
6 774 319 100,2 0,412
1 628 246 99,9 0,392
1/4/5/6 4 627 323 100,1 0,515 2534 1122 0,443
5 541 229 100,5 0,421
6 737 324 100,4 0,438
Planejamento e Boas Práticas em Campo GUIA PRÁTICO 29

4.5 MONITORAMENTO
Para a definição do intervalo de monitoramento deve-se bus- Recomenda-se, portanto, que o período de monitoramento
car estabelecer um período que seja representativo do com- seja de pelo menos 7 dias. Para este monitoramento de maior
portamento típico da estação elevatória. É bastante comum prazo, o intervalo entre as medições pode ser maior, reduzin-
que em estações elevatórias de água tratada haja variação da do assim o volume de dados armazenados no datalogger e
demanda de água e consequentemente de energia nos finais que posteriormente deverão ser analisados. Medições a cada
de semana. É o caso por exemplo de cidades turísticas, onde 5 minutos são suficientes para o monitoramento.
o consumo de água aumenta ou de distritos industriais, onde O exemplo da Figura 36 apresenta os dados de monitora-
o consumo nos finais de semana é reduzido. mento de vazão total de uma estação elevatória e a potência
dos conjuntos motobomba.

Figura 36 – Exemplo de monitoramento de vazão da estação elevatória e potência dos motores

4.5.1 Dia a Dia do Monitoramento 4.6 TRATAMENTO DE DADOS


No monitoramento das grandezas o tempo de medição é
maior, e com isso a medição está mais sujeita a problemas. 4.6.1 Tratamento de dados preliminar
Recomenda-se que ao menos uma vez ao dia seja feita uma
avaliação do sistema de medições, verificando: Ainda durante as campanhas de medição deve ser feito um
pré tratamento dos dados, visando identificar rapidamente
• Alimentação dos medidores na rede elétrica; eventuais erros ou inconsistências nos resultados. Desta ma-
• Capacidade de armazenamento de dados dos dataloggers; neira haverá tempo hábil para correções, e evita-se descobrir
problemas depois das medições, o que prejudicaria as análises
• Funcionamento adequado de medidores e transdutores;
Para cada grandeza medida deve-se verificar se os valores es-
• Continuidade das medições. tão coerentes (dentro da faixa de operação normal). Em caso
Caso algum problema seja encontrado, deverá ser feita uma de dúvida em alguma medição o sistema de medição deverá
avaliação se o monitoramento deve ser reiniciado ou se os ser revisado e investigar a origem dos valores discrepantes.
dados coletados até o momento são suficientes. Para o monitoramento sugere-se que seja feito um gráfico
das grandezas ao longo do tempo, de forma que possa ser
4.5.2 Eventos Atípicos identificado visualmente alguma falha nas medições ou valo-
res anormais.
Durante o período de monitoramento, a equipe deve acom-
panhar eventuais eventos atípicos na operação da elevatória. 4.6.2 Formato padrão de dados
Atividades de manutenção, faltas de energia ou situações de
consumo anormal de água irão afetar a operação típica da Os medidores com armazenamento de dados normalmente
elevatória, e os dados monitorados serão também atípicos da exportam os dados através de um arquivo tipo texto, com
operação. extensão .CSV ou .TXT. Estes arquivos podem pode sem im-
portados para trabalhar em editor de planilhas, como o Excel,
Estas situações devem ser acompanhadas para que os resulta- permitindo a análise dos dados.
dos possam considerar esta operação anormal e sejam feitos
os devidos ajustes.
30 GUIA PRÁTICO Planejamento e Boas Práticas em Campo

4.6.3 Identificação de Eventos Comuns e Anormalidades no Monitoramento

A apresentação dos dados de monitoramento em gráficos todas as grandezas no mesmo período, que se trata da re-
permite ainda identificar um comportamento comum da es- dução do bombeamento no horário de ponta para reduzir
tação e também anormalidades, que devem ser confrontadas custos. Na área central do gráfico não ocorre esta redução,
com os eventos e a operação dos conjuntos do período de devido ao fato de ser sábado e domingo, quando não há ho-
monitoramento. rário de ponta.
Nos gráficos apresentados na Figura 37 e Figura 38 tem-se
o monitoramento da demanda total e da vazão e pressão
no barrilete da adutora do mesmo período. Neles observa-se
que a vazão, pressão e demanda da estação elevatória estão
diretamente relacionadas. Observa-se ainda uma redução de

Tabela 16 - Tabela de dados de monitoramento


Vazão Vazão Potência Potência Potência Potência Potência Potência
Nível Demanda Conjuntos
Data e Hora Barrilete Filtros Motor 1 Motor 2 Motor 3 Motor 4 Motor 5 Motor 6
(mca) total (kW) ligados
(l/s) (l/s) (kW) (kW) (kW) (kW) (kW) (kW)
20/08/15 00:00 688 59 2,48 1256 339 338 255 325 4
20/08/15 01:00 644 54 2,67 1000 351 330 318 3
20/08/15 02:00 685 57 2,64 1223 331 330 249 312 4
20/08/15 03:00 689 60 2,54 1217 331 330 243 312 4
20/08/15 04:00 666 56 2,21 1217 331 330 243 312 4

Figura 37 - Exemplo Monitoramento de demanda

Figura 38 - Exemplo de monitoramento de vazão e pressão no barrilete


Planejamento e Boas Práticas em Campo GUIA PRÁTICO 31

4.6.4 Relatório de medições


Ao final das medições recomenda-se a confecção de um relatório, com conteúdo recomendado apresentado na Tabela 17.

Tabela 17 – Tópicos de um relatório


ITENS CONTEÚDO
De uma forma geral é apresentada o nome e local da estação de bombeamento escolhida para
1 – INTRODUÇÃO
os estudos e os itens a serem desenvolvidos no relatório.

2 – VISITA PRÉVIA É realizada uma reunião da equipe de visita com a equipe da empresa concessionária de água.
2.1 – Reunião Realizada Define-se o responsável técnico, a equipe complementar (técnicos que acompanharão a visi-
2.2 – Dados Cadastrais da Empresa ta) e solicita-se os dados cadastrais da empresa (Razão social, nome fantasia, CNPJ, endereço
completo), do representante legal, responsável técnico e equipe complementar (RG, CPF) para
colocar no relatório.

Neste item é apresentada uma descrição do local com um croqui da instalação e/ou instalações,
3 – CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO Figura 38, com fotos ilustrativas, dados completos tabelados das bombas (altura, vazão, rota-
ção, fabricante, etc.), e motores (tensão, corrente, rotação, fabricante, etc.), Tabela 18. Reserva-
3.1 – Descrição do Local
tórios estudados, Tabela 19). Número de conjuntos motobombas e sua forma de operação no
3.2 – Balanço Hídrico Simplificado sistema. Também é apresentado um balanço hídrico simplificado baseado nos dados do Sistema
3.3 – Informações Sobre os Medidores de Nacional de Informações de Saneamento (SNIS) para os últimos 12 meses, determinando as
grandezas Hidráulicas e Elétricas Existentes perdas reais aproximadas, Tabela 20. Informações dos medidores de grandezas hidráulicas e
3.4 – Manutenção Mecânica, Elétrica e elétricas (Tabela 21 e Tabela 22) existentes e com isso deve-se planejar a necessidade de medi-
limpeza do local dores para a etapa de medições em campo. No relatório deve-se descrever a situação atual da
manutenção mecânica e elétrica da instalação, além da limpeza do local.

No relatório da visita deverá mostrar os problemas relacionados com a hidráulica e elétrica. Por
exemplo se as informações obtidas das bombas (diâmetro do rotor, dados nominais de altura e
4 – AVALIAÇÃO HIDRÁULICA E ELÉTRICA DA
INSTALAÇÃO vazão) são reais. Em muitos casos, houve alteração no diâmetro do rotor e consequente altera-
ção na altura e vazão e não foram atualizados. Devem ser verificados quais parâmetros hidráu-
4.1 – Avaliação Hidráulica licos não estão monitorados e são importantes para a avaliação energética. Motores que foram
4.2 – Avaliação Elétrica trocados e não possuem cadastros. Válvulas de saídas das bombas que não operam totalmente
abertas por limitações da amperagem do motor. Todos os problemas hidráulicos e elétricos per-
ceptíveis na visita e que podem provocar perdas de energia são transcritos nesse item.
5 – O USO DA ENERGIA Neste item é colocada a Companhia de Energia, o enquadramento da tensão e do tipo de tarifa
e é avaliada nos últimos 12 meses as contas de energia da instalação estudada. Com o histórico
5.1 – Histórico de Faturamento da Energia de faturamento é possível avaliar a demanda contratada, revisão tarifária e os custos da energia.
Cada caso de estudo tem sua particularidade. Com base nas observações feitas durante a visita
6 – MEDIDAS DE EFICIÊNCIA PROSPECTADAS técnica e com o levantamento das contas de energia, são selecionadas para as ações de medidas
de eficiência energética. As mais comuns estão na listados na Tabela 23.
No relatório é definida toda a instrumentação necessária para os trabalhos de campo. Na par-
te hidráulica são definidos todos os medidores de pressão, vazão, rotação, níveis de água e
7 – INSTRUMENTAÇÃO UTILIZADA temperatura. Na parte elétrica os medidores de grandezas elétricas e máquinas termográficas.
Outros medidores como estação total e GPS para a topografia caso sejam necessários, além de
equipamentos auxiliares e acessórios.

Tabela 18 – Dados das bombas e dos motores da captação de água bruta


32 GUIA PRÁTICO Planejamento e Boas Práticas em Campo

Figura 40 – Exemplo de croqui de uma captação de água bruta, Tabela 19 – Dados dos reservatórios do exemplo da Figura 38
ETA e distribuição estudadas

Tabela 20 – Balanço hídrico simplificado de um sistema estudado Tabela 21 – Relação de medidas hidráulicas existentes em uma estação elevatória de
água tratada
MEDIDOR TIPO LOCAL OBSERVAÇÃO
Entrada da Não existe nem um medi-
PRESSÃO - bomba dor em todas as bombas.

Não existe nem um medi-


PRESSÃO - Saída da bomba dor em todas as bombas.

PRESSÃO Transdutor e manô- Saída do barrile- Existe também um medidor


metro de Bourdon te das bombas analógico de Bourdon
Reservatório de
NÍVEL Transdutor sucção Medidor analógico

Tanque de lava-
VAZÃO - gem dos filtros Não há medidor de vazão

Não possui o coeficiente da


VAZÃO Pitot-Cole Adutora instalação

Tabela 23 – Relação de medições de grandezas elétricas de uma estação elevatória de água tratada
MEDIDOR TIPO LOCAL OBSERVAÇÃO
Ponto de conexão com a rede Medição do consumo total da
CONSUMO E DEMANDA Concessionária de energia
13,8 kV estação elevatória
Quadro de distribuição geral
TENSÃO DE ALIMENTAÇÃO Supervisório Medição não é registrada
(220V)

CORRENTE DOS MOTORES Supervisório Quadro de comando dos motores Medição não é registrada

4.6.5 Exemplos de oportunidades de eficiência


Tabela 23 - Medidas de eficiência prospectadas
Medidas de Eficiência OBSERVAÇÃO CONSEQUÊNCIAS
CE[kWh] – custo da energia; 𝞺[kg/m3] – massa específica da água; g[m/s2] – aceleração da gravidade;
ρ ⋅ g ⋅Q ⋅ H
=CE ⋅10−3 ⋅ t ⋅ Tarifa H[m] – altura total de elevação da bomba; ηm[1] – rendimento do motor; ηb[1] – rendimento da bomba;
η m ⋅η b t[h] – tempo de operação; tarifa aplicada em R$.

1 – Medidas de Gestão. São medidas que não demandam investimentos. Diminuem o consumo somente com ações de ges-
tão.

a) Análise tarifária.
Estudar a melhor tarifa para cada caso, pode ser Redução de custos de energia.
uma fonte de economia. Vide exemplo da Figura 39 (redução da tarifa).
Desligar alguns conjuntos motobombas ou todos
b) Redução no horário de ponta de uma determinada estação sem prejudicar o Redução de consumo e demanda no horário de
abastecimento. Estudar a possibilidade de instalar ponta. Vide exemplo da Figura 41 e Figura 42.
um gerador Diesel e opera-lo neste horário.
Planejamento e Boas Práticas em Campo GUIA PRÁTICO 33

Tabela 23 - Medidas de eficiência prospectadas


Medidas de Eficiência OBSERVAÇÃO CONSEQUÊNCIAS
- Promover a conscientização e a motivação dos
funcionários quanto a conservação de energia e
água; Funcionários bem treinados e acompanhando a si-
c) Introduzir na empresa a Comis- tuação da empresa relacionada com as economias
são Interna de Conservação de
- Acompanhar o faturamento de energia;
- Realizar cursos para a capacitação relacionados a de energia e metas sendo alcançadas trarão sempre
Energia e Água. (CICEA).
conservação de energia e água; benefícios a empresa.
- Estabelecer metas e objetivos;
- Divulgar resultados obtidos.

São medidas que requerem investimentos no trei-


2 – Medidas Estruturais. namento das pessoas e também investimentos de Os estudos de cada caso indicarão a viabilidade tec-
aquisição de equipamentos. noeconômica.

Quando o estado dos conjuntos motobombas es- Um equipamento bem mantido, com certeza tra-
tão precários, vale a pena investir na manutenção balhará em melhores condições de eficiência. Essa
a) Realizar uma manutenção geral
nos equipamentos. corretiva passo a passo, depois introduzir a manu- é uma decisão de custo benefício. Muitas vezes ape-
tenção preventiva e por último adotar a manuten- nas manutenção gera aumento do rendimento da
ção preditiva. bomba (consumo de energia menor).

Tem um custo mais alto, mas muitas vezes necessá-


rio, principalmente com a substituição de bombas
Esta é uma ação mais radical, entretanto necessária
e motores mais eficientes, que proporcionam um
b) Substituição dos conjuntos quando o equipamento foi muito mal mantido e
motobombas. retorno do investimento em pouco tempo. Veja Ta-
está muito velho, com desgastes no rotor e na car-
bela 25 um exemplo de troca de bombas. Aumen-
caça, mancal desgastado e eixo empenado.
to do rendimento da bomba (consumo de energia
menor).
Essa operação com rotação variável pode ser uma Operar com o conjunto moto bomba variando-se
c) Uso de inversores de frequência.
opção de economia de energia. Há necessidade de a rotação com uma vazão e alturas reduzidas em
estudar o retorno do investimento com a aquisição determinados horas do dia pode significar uma eco-
do inversor de frequência. nomia muito boa. Exemplo Figura 43.
Existem duas possibilidades de redução da altura. Os dois casos levarão a um abaixamento da altura
A primeira é quando há incrustações da tubulação. manométrica e consequentemente uma queda de
d) Redução da altura manométrica. Neste caso faz-se uma limpeza na mesma. O se- consumo. No caso da limpeza existem empresas
gundo é estudar o comportamento do reservatório especializadas utilizando Pigs, Figura 44.
e verificar se é possível a redução do seu nível.
Necessita de aquisição de equipamentos de pes-
Esse controle dos vazamentos e da pressão tem
e) Redução do índice de perdas.
quisa de vazamentos com um treinamento de uma
como objetivo a diminuição das perdas de água e
equipe para a execução. Também necessita-se a ins-
consequentemente a diminuição de energia.
talação de válvulas redutoras de pressão.

Figura 41 – Ajuste de demanda contratada

a) Excesso de demanda contratada. b) Multa por ultrapassagem.


Deve ser reduzido o valor da demanda contratada, reduzindo custos Deve ser trocado o tipo de tarifa ou controlar o consumo para não
fixos com energia. ultrapassar o limite contratado. A tarifa cai.
34 GUIA PRÁTICO Planejamento e Boas Práticas em Campo

Figura 42 – Exemplo de redução de bombeamento no horário de ponta – Uso da operação de um reservatório

Atual Sem bombeamento no horário


de ponta

Consumo HP (kWh) 195,7 0

Demanda HP (kW) 65,5 0

Consumo fora HP 1.347,4 1.525,9


(kWh)

a) Comportamento da vazão no reservatório. Demanda fora HP (kW) 68,19 89,8


(+27,6%)
Volume do reservatório 665 938
(m3)

Gasto Anual Energia 112.525 85,081


(R$)
(-24,38%)

c) Economia conseguida de 24[%].

b) Nível do reservatório variando no horário de ponta.


Sem prejuízo do abastecimento. Há redução do consumo e deman-
da no horário de ponta.

Figura 41 – Exemplo de redução de bombeamento no horário de ponta – Uso da operação de um gerador Diesel

Eletricidade Diesel

2,4154 1,3174

Custo mensal (R$)

45.834 24,984
(-45,5%)

Comportamento da vazão em um dia. A tarifa cai. O gasto com energia cai.

Tabela 25 – Exemplo de troca de bombas de um sistema de captação de água bruta, estação de tratamento e um booster
LOCAL ηatual[%] ηnovol[%] Investimento[R$] Economia [R$] Retorno [Anos]
Captação 50,15 71,14 30.000 7.900 3,77
ETA 45,58 72,90 10.200 12.900 0,78
Booster 38,52 51,52 17.400 11.500 1,76
TOTAL - - 57.600 32.300 2,12

Figura 55– Exemplo de redução de bombeamento no horário de ponta –


Uso da operação de um gerador Diesel

Investimento 25.000

Consumo de energia atual (kWh/ano) 179.412


Consumo de energia com inversor 122.624
(kWh/ano)
Economia de energia (kWh/ano) 56.788
Economia (R$/ano) 16.045
Payback (anos) 1,65

Comportamento da vazão e pressão no O investimento no inversor de frequência permitirá um


sistema durante 20 horas possibilita o uso retorno de 1,65 anos na operação com rotação variável.
de inversor.
Planejamento e Boas Práticas em Campo GUIA PRÁTICO 35

Figura 43 – Exemplo de redução de altura manométrica.

Exemplo de ação em um reservatório que


alimenta quatro bairros de uma cidade de
70.000 habitantes através de uma estação de
elevação.
Tubulação incrustada e depois
realizada a limpeza. Economia pela redução do nível do reserva-
tório e consequentemente a redução da al-
tura manométrica total. Redução anual de R$
20.257,00.

Comportamento do nível do reservatório durante vários


Pigs para limpeza de tubulações. dias.

Figura 44 – Exemplo de redução de altura manométrica. Figura 45 – Laboratório Móvel de Hidráulica – furgão adaptado.

Diminuição da altura
manométrica da bomba
H, com aumento de ren-
dimento.

Vista externa.

4.7 LABORATÓRIO MÓVEL DE HIDRÁULICA

Os equipamentos e toda instrumentação deverão ser embala-


dos e alojados em caixas, que por sua vez deverão ser fixadas
no local do veículo, que pode ser uma caminhonete ou outro
propício para os trabalhos de campo. O Laboratório Móvel
de Hidráulica (LMH) da Universidade Federal de Itajubá é um
bom exemplo para o alojamento e transporte de equipamen- Toldo externo de proteção
tos e pessoal a trabalhos em campo.
Figura 46 – Laboratório Móvel de Hidráulica – adaptação interna – parte
O veículo pertence ao Laboratório de Etiquetagem de Bom- traseira
bas (LEB) e Laboratório de Eficiência Energética e Hidráulica
em Saneamento (LENHS – UNIFEI).

O Laboratório Móvel foi adquirido através de um convênio


ELETROBRÁS (PROCEL) -UNIFEI, com recursos do Programa
das Nações Unidas-PNUD.
O Laboratório Móvel teve como objetivo realizar um protó-
tipo para ser utilizado em trabalhos de campo em eficiência
energética no saneamento. Possui equipamentos portáteis de
avaliação e ensaios em instalações de bombeamento in-situ.
O veículo para o transporte da equipe, dos equipamentos e Mini oficina, gavetas e armário para o ferramental, tomadas elé-
da instrumentação mostrado na Figura 45 e 46 é um furgão tricas (alimentação externa) e local do gerador de emergência.
adaptado para 6 lugares contendo uma mini oficina, um pe-
queno gerador a gasolina de emergência, armários para alojar
ferramentas, máquina Miller, materiais de consumo, equipa-
mentos de medidas como transdutores de pressão, manôme-
tros analógicos, medidores de vazão ultrassônicos, tubos de
Pitot-Cole, medidores de temperatura e rotação, registradores
de grandezas elétricas, computadores e sistema de aquisição
de dados, câmera fotográfica, filmadora e GPS portátil.

Mesa e cadeira para trabalhos de escritório (notebook) com


tomadas 127V.
36 GUIA PRÁTICO Planejamento e Boas Práticas em Campo

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ELETROBRAS/PROCEL. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE BOMBEAMENTO. 2005.
GOMES, H. P.; GOMES, A. S.; FILHO, L. S. DE A.; et al. Sistemas de Bombeamento - Eficiência Energética. 2009.
MOREIRA SANTOS, A. H.; HORTA NOGUEIRA, L. A.; SILVA LORA, E. E. Conservação de Energia - Eficiência Energética de
Equipamentos e Instalações. 3a ed. Itajubá/MG, 2006.
NBR ISO 50002:2014 - Diagnósticos energéticos - Requisitos com orientação para uso. .
SOUZA, Z.; BORTONI, E. . Instrumentação para sistemas energéticos e industriais. Itajubá/MG, 2006.
TSUTIYA, M. T. Redução do Custo de Energia Elétrica em Sistemas de Abastecimento de Água. 2001.
CARVALHO, D.F.; Instalações Elevatórias. Bombas. Fumarc, Belo Horizonte, 1977.
HENRY, P. ; Turbomachines Hydrauliques. Press Potytechniques et Univeritaires Romandes, Lausanne, 1992.
KARASSIK, I.J.; Centrifugal Pumps and System Hydraulics. In the Chemical Engineering Guide of Pumps, Ed. Kenneth
Mc Naughton, N. Y., USA, 1984, p. 60-82.
MATAIX, C.; Turbomaquinas Hidraulicas, Editorial Icai, Madrid, 1975.
MATOS, E.E.; FALCO, R.; Bombas Industriais, Editora Técnica Ltda, Rio de Janeiro, 1989.
STEPANOFF, A. T.; Centrifugal and Axial Flow Pumps. Nova Iorque: John Wiley & Sons, 1957. ISBN 471-82137-3.
MACINTYRE, A.J., Bombas e Instalações de Bombeamento, 2a edição, Editora Guanabara, Rio de Janeiro, 1987, 1 volume,
782 páginas.
DRAPINSK, J., Manual de Manutenção Mecânica Básica, 1a edição, Editora MacGraw-Hill, São Paulo, 1973, 1 volume,
239 páginas.
LIMA, E.P.C., Mecânica das Bombas, 2a edição, Editora Interciência, Rio de Janeiro, 2003, 1 volume, 595 páginas

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