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AUTORES
Augusto Nelson Carvalho Viana
Renato Swerts Carneiro Dias Junior
COORDENADOR TÉCNICO
Peter Batista Cheung
COORDENADOR EDITORIAL
Alexandre Batista Pereira Gealh
ISBN 978-85-63202-04-8
CDU – 628.1
Planejamento e Boas Práticas em Campo GUIA PRÁTICO 5
APRESENTAÇÃO
O presente guia prático aborda as questões de planejamento e boas práticas de campo na realização de um diagnóstico ener-
gético em uma estação elevatória. Serão apresentados os principais conceitos e práticas envolvidas, bem como apresentados
exemplos e estudos de caso aplicados nos sistemas de saneamento.
6 GUIA PRÁTICO Planejamento e Boas Práticas em Campo
EQUIPE
Este trabalho é fruto do convênio ECV-DTP 004/2011 firmado entre a ELETROBRAS, no âmbito do PROCEL e a UFMS/FAPEC,
tendo como um de seus produtos a elaboração de guias técnicos para auxiliar a realização de Diagnóstico Hidroenergético e
controle operacional em sistemas de abastecimento de água.
ELETROBRAS/PROCEL
PRESIDÊNCIA
José da Costa Carvalho Neto
UFMS
REVISOR EXTERNO
Fábio Veríssimo Gonçalves
Planejamento e Boas Práticas em Campo GUIA PRÁTICO 7
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO............................................................................................................................. 5
EQUIPE............................................................................................................................................. 6
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................ 8
1.1. VISÃO GERAL............................................................................................................................ 8
1.2. CAMPANHAS DE MEDIÇÕES.................................................................................................. 8
2. PLANEJAMENTO DO DIAGNÓSTICO...................................................................................... 8
2.1. REUNIÃO DE ABERTURA ....................................................................................................... 8
2.2. VISITA PRÉVIA........................................................................................................................... 9
2.2.1. Equipe de visitantes ...................................................................................................9
2.2.2. Verificações em instalações e equipamentos hidráulicos e mecânicos .....................9
2.2.3. Verificação em instalações e equipamentos elétricos ...............................................18
3. INSTRUMENTAÇÃO.................................................................................................................... 19
3.1. CARACTERÍSTICAS DOS EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO.................................................. 19
3.2 SELEÇÃO DA INSTRUMENTAÇÃO E SISTEMAS DE AQUISIÇÃO DE DADOS.................... 20
3.3 CALIBRAÇÃO............................................................................................................................. 20
3.4 PONTOS DE MEDIÇÃO............................................................................................................ 21
3.4.1 Medição da vazão ........................................................................................................21
3.4.2 Tomadas de pressão na entrada e na saída da bomba, cotas e diâmetros ...............22
3.4.3 Níveis dos reservatórios de sucção e recalque das bombas ......................................23
3.4.4 Pressões em dois pontos da adutora ..........................................................................24
3.4.5 Pontos de medição de grandezas elétricas ................................................................25
3.5 SINCRONIZAÇÃO DOS HORÁRIOS DOS EQUIPAMENTOS................................................ 26
3.6 CHECK-LIST DOS EQUIPAMENTOS E ACESSÓRIOS............................................................. 26
4. MEDIÇÕES EM CAMPO.............................................................................................................. 26
4.1 ESCOLHA DA EQUIPE DE CAMPO......................................................................................... 26
4.2 SEGURANÇA DE PESSOAL E EQUIPAMENTOS..................................................................... 26
4.3 INSPEÇÃO INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E ELÉTRICAS....................................................... 27
4.4 ENSAIOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO........................................................................ 27
4.5 MONITORAMENTO.................................................................................................................. 29
4.5.1 Dia a Dia do Monitoramento ......................................................................................29
4.5.2 Eventos Atípicos ..........................................................................................................29
4.6 TRATAMENTO DE DADOS ...................................................................................................... 29
4.6.1 Tratamento de dados preliminar ................................................................................29
4.6.2 Formato padrão de dados ...........................................................................................29
4.6.3 Identificação de Eventos Comuns e Anormalidades no Monitoramento ..................30
4.6.4 Relatório de medições .................................................................................................31
4.6.5 Exemplos de oportunidades de eficiência ..................................................................32
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................ 36
8 GUIA PRÁTICO Planejamento e Boas Práticas em Campo
1. INTRODUÇÃO
O presente guia prático aborda as questões de planejamento e boas práticas de campo na realização de um diagnóstico
energético em uma estação elevatória. Serão apresentados os principais conceitos e práticas envolvidas, bem como exemplos
e estudos de caso aplicados nos sistemas de saneamento.
Após definido o local a ser estudado, o planejamento do vulas e acessórios), conjuntos motobombas, quadro de co-
diagnóstico é iniciado com uma reunião de abertura com a mando e proteção, transformadores e subestação.
concessionária com apresentação dos objetivos do trabalho. Com o conhecimento da instalação a próxima etapa é estabe-
A visita a estação de bombeamento selecionada pode fazer lecer o plano de medições em campo, que envolve a instru-
parte dessa fase do projeto, onde inicia-se a coleta de dados, mentação, metodologia e os pontos de medições hidráulicas
que envolve desde o histórico do consumo de energia até o e elétricas.
conhecimento de todo o circuito hidráulico (tubulações, vál-
1.2. CAMPANHAS DE MEDIÇÕES
Tem como finalidade conhecer através de medições e análises Os ensaios de rendimento envolvem medições para o cálculo
em campo a instalação de bombeamento a ser estudada. de rendimento e consumo específico dos conjuntos moto-
A primeira visita, denominada de prévia é realizada na aber- bomba, e também das combinações de operação em paralelo
tura do processo de diagnóstico. Ela não envolve medições, e dos conjuntos.
tem como principal objetivo o início do processo de coleta de Para cada condição de operação, são medidas grandezas hi-
dados e para a definição do plano de medições. dráulicas e elétricas por um período curto de tempo. Nesta
Na metodologia proposta para avaliação são realizados três etapa podem ser realizados ainda os ensaios para determina-
tipos de avaliações em campo: ção da perda de carga, que envolvem a medição de pressão
em dois pontos e da vazão de água na tubulação entre eles.
• Inspeção das instalações (elétricas, hidráulicas e mecânicas);
Já as medições de monitoramento têm como objetivo conhe-
• Ensaios de desempenho; cer a o perfil de variação das grandezas hidráulicas e elétricas
• Monitoramento de grandezas. por um período mais amplo, que seja representativo do perfil
de consumo de energia para atendimento da demanda de
Na inspeção das instalações são feitas observações e medi- água.
ções pontuais de grandezas hidráulicas, mecânicas e elétricas.
Tem como objetivo verificar informações obtidas na coleta de Após a realização das campanhas de medições serão analisa-
dados de planejamento e avaliar condições de operação, lim- dos os resultados, subsidiando as ações de eficiência energé-
peza e manutenção de instalações hidráulicas, mecânicas e tica que serão propostas e os ganhos estimados.
elétricas. Nesta etapa podem ser feitas medições pontuais Os capítulos a seguir apresentam detalhes do planejamento
para subsidiar a avaliação, como alinhamento, vibração, tem- do diagnóstico energético na estação elevatória, abordando
peratura, desequilíbrio de fases, tensão de alimentação entre as informações necessárias e recomendações para as campa-
outras. nhas de medição de campo.
2. PLANEJAMENTO DO DIAGNÓSTICO
2.1. REUNIÃO DE ABERTURA
Em seguida a equipe apresenta: objetivos; escopo do diag- • Calibração dos medidores (quando existirem);
nóstico; equipe envolvida no diagnóstico; monta-se a equi-
• Existência de programas de manutenção elétrica e mecânica
pe geral do diagnóstico, tanto da parte da contratada, como
dos equipamentos;
da parte da concessionária, suas funções, responsabilidades,
para que assegure-se a cooperação das partes afetadas, ten- • Desenhos da instalação hidráulica (diagrama hidráulico,
do as informações solicitadas o mais breve possível. diagrama simplificado) e elétrica (planta elétrica, diagrama
unifilar e diagrama simplificado);
Nesta reunião dá-se início também a coleta de dados. Deverão
ser solicitadas: • Volumes de água bombeados, produzidos ou disponibili-
zados no sistema estudado;
• Cópia das faturas de energia da unidade(s) consumidor(as)
dos últimos 12 meses; • Levantamento altimétrico das instalações;
• Dados cadastrais dos equipamentos - motores, bombas, • Verificar se há instalações existentes de telemetria, trans-
quadro elétrico e transformadores (nem sempre existem ou missão de dados e variáveis monitoradas.
não estão atualizados); A relação acima dificilmente existirá na empresa concessio-
• Cadastros dos medidores existentes na instalação como nária de água, a não ser em empresas mais organizadas.
de pressão das bombas e do barrilete, de vazão das bombas Assim, a equipe passa a ter um desafio na busca da maior
e da instalação, de nível dos reservatórios, de rotação, de parte das informações, pois as principais deverão ser obtidas
grandezas elétricas; em campo para subsidiar as análises do diagnóstico.
Figura 3 – Reservatório de sucção de água bruta, alimentado por gravidade Figura 4 - Exemplo de arranjo da estação elevatória.
de um rio
Elevatória de
lavagem de filtros
(desativada)
Linha de sucção – válvula gaveta, redução excêntrica e junta de dilatação Linha de recalque – redução concêntrica, junta de dilatação e válvula
borboleta
encontrar mais detalhes de cada bomba (Figura 9 e Figura 10). Figura 6 – O fenômeno da cavitação
Figura 9 – Gráfico de vazão versus altura com curvas de diâmetro do rotor e Figura 10 – Gráfico de vazão versus altura com curvas de diâmetro
rendimento total da bomba 1 do rotor e rendimento total da bomba 2
12 GUIA PRÁTICO Planejamento e Boas Práticas em Campo
A Tabela 2 mostra um exemplo de registro de dados retirados das placas e do cadastro da empresa para a uma estação de
recalque de água tratada das bombas mostradas na Figura 4 e Figura 5.
Altura [m] 92 92 92 92 92 92
Rotor [pol.] 22” 18,68” 18,68” 18,68” 22” 22”
acoplamentos elásticos compensem os desalinhamentos dos O desalinhamento pode ser axial, radial e angular. A Figura
eixos, deve-se procurar fazer com que os eixos do equipa- 10 mostra esses três tipos de desalinhamentos. Existem várias
mento acionador e da máquina acionada estejam alinhados maneiras para corrigir o desalinhamento desses eixos. Os mé-
da melhor forma possível, fazendo com que o funcionamento todos mais simples não exigem uso de ferramental sofisticado
do equipamento seja suave e a vida útil do acoplamento seja e são de custos baixos e são mostrados na Figura 11.
mais longa.
Figura 10 – Tipos de desalinhamento entre eixos
Desalinhamento axial
Planejamento e Boas Práticas em Campo GUIA PRÁTICO 13
...................................................................................
Correção de desalinhamento angular usando-se calibradores cônicos. Correção do desalinhamento paralelo usando-se régua metáli-
ca e calibrador de lâminas, e para axial micrômetro.
Existe um método de alinhamento intermediário, que ofere- O método apresentado do relógio comparador é bastante
ce precisão razoável, e usa instrumentos simples: basta um difundido na engenharia mecânica, sobretudo porque é efi-
relógio comparador e um dispositivo para fixação deste ao ciente e não requer tecnologia avançada e cara na operação.
eixo. O relógio comparador é um instrumento de medição que Ocorre que nem sempre é possível utilizar tais métodos, ora
possui uma ponta metálica de contato que “sente” as altera- por condições físicas (proporções do eixo, eixos que não po-
ções superficiais e as acusa através de um ponteiro sobre uma dem parar de girar, etc.), ora por necessidade de uma maior
escala graduada. Este é um método mais preciso e oferece um precisão. Nestes casos, é indicado o sistema a laser de alinha-
resultado de alinhamento até dez vezes melhor que a régua mento, o mais utilizado quando se necessita precisão mais
e calços calibrados. A haste do relógio comparador deve ser alta. Basicamente, esse sistema é provido de um laser óptico
apoiada em um dos eixos ou em um dos cubos do acoplamen- e um sensor, dois equipamentos independentes que quan-
to, enquanto que a ponta apalpadora do relógio deve estar do são fixados frente a frente nos eixos a serem alinhados
em contato com a periferia do cubo do acoplamento fixado constituem o sistema a laser de alinhamento. Usualmente, o
ao outro eixo. As leituras do relógio comparador devem ser conjunto ainda possui um display controlador para monitora-
feitas a cada 90º. Para isso, os dois eixos devem ser girados, mento do desalinhamento onde estão os botões de coman-
em conjunto, para que aponta apalpadora do relógio compa- do. Esse display mostra a atual situação dos valores lidos bem
rador fique em contato com o mesmo ponto da geratriz. Esta como indica as correções nos pés do motor ou do equipa-
providência é necessária, pois, caso contrário, o relógio indi- mento, entre outras funções.
cará irregularidades que porventura possa haver na periferia A Figura 12 ilustra uma estação elevatória de água tratada,
do cubo, que poderão ser erroneamente interpretadas como onde na visita foi verificada no local a possibilidade de haver
desalinhamento. desalinhamento e vibração. Neste caso, em função do mo-
No extremo oposto, existem ferramentas a laser, microproces- tor ter uma referência no eixo e pela avaliação realizada no
sadas, que fornecem alta precisão, no entanto, são caras e acoplamento e nos mancais através do tato, o conjunto en-
para sua operação e é necessário pessoal com treinamento contrava-se bem alinhado e com vibrações dentro dos limites
especial. aceitáveis.
Figura 12 – Verificação in loco do alinhamento e vibração – Conjunto
2.2.2.6. Manutenção mecânica motobomba de 500[cv]
segurança. Em caso contrário as formas mais simples de ma- presas têm utilizado esse tipo de manutenção. No aspecto de
nutenção podem ser empregadas. eficiência energética, qualquer equipamento mau mantido
A forma mais primitiva de se agir é com a Manutenção Cor- traz prejuízos no rendimento da máquina.
retiva. Aguarda-se até que a falha ocorra para que seja to- Deve ser verificado na parte mecânica durante a visita no con-
mada a ação corretiva. Na maioria dos casos isso tem como junto motobomba em uma instalação o seguinte:
consequência uma elevação dos custos e ainda pode haver • Mancais – lubrificação e estado geral, Tabela 4;
grandes prejuízos em razão das quebras e das paradas de
produção. É bom lembrar que, em muitas situações, a falha • Vedações no eixo – sem vazamentos nas gaxetas (Tabela 5)
de um equipamento poderá causar em falhas subsequentes ou vazamentos excessivos nas gaxetas (Tabela 6);
nas máquinas que estão a ele conectadas, é o conhecido efei- • Sistema de refrigeração das gaxetas – com ou sem anel ca-
to cascata. deado, verificar se está na posição correta (Tabela 7);
No entanto, esse tipo de manutenção, tem aplicação nos • Estado das válvulas (Tabela 8);
equipamentos de menor importância e de custo mais baixo,
onde a falha não causa maiores prejuízos e não oferece riscos • Protetor do acoplamento e eixo – se existe e se está raspan-
à segurança das pessoas envolvidas ou ao ambiente. do no eixo (Tabela 9);
Apesar da importância da distribuição de água, muitas em- • Limpeza nos conjuntos motobombas e na área da casa de
máquinas.
Tabela 4 – Mancais – lubrificação e estado geral
Verificação Observação Consequências
As bombas e motores têm em seus manuais Falta de óleo ou graxa danifica as partes inter-
Verificação da de manutenção, a especificação do óleo ou da nas do mancal, principalmente os rolamentos.
lubrificação. graxa que devem ser colocados e seu vencimen- O excesso contamina as partes externas próxi-
to em função das horas de operação. Isso deve mas ao mancal e as deterioram na mistura com
ser respeitado. água.
Consequências:
• Vazão insuficiente;
• Aquecimento das gaxetas e pode
danificar a luva protetora do eixo.
• Bomba pode perder escorva (mui-
to ar dentro da bomba e ela perde
pressão).
Falta gotejamento (vai aquecer os anéis de gaxeta e o eixo, Excesso de vazamento (esguichamento) – contaminação e
podendo danificar a luva protetora do eixo). deterioração das peças externas.
Falta gotejamento (vai aquecer os anéis de gaxeta e o eixo, podendo danificar a luva protetora do eixo).
Desgastes na luva protetora do eixo. Rotor duplo e eixo de uma bomba biparti-
da e no detalhe as duas luvas desgastadas.
Tabela 6 – Sistema de refrigeração das gaxetas com anel lanterna ou cadeado ou de selagem
Verificação Observação Consequências
Se não houver o controle do gotejamento
Anel lanterna ou de selagem – tem – aquecimento dos anéis de gaxetas e da
a função de facilitar a entrada da luva protetora do eixo (não gotejamento)
Refrigeração com anel cadeado. água da saída da bomba e distribui- e excesso de gotejamento pode danificar
-lo circunferencialmente ao longo as peças externas próximas a câmara das
dos anéis de gaxetas (Figura 16). gaxetas. Também sobrecarrega o motor.
a) Sistema de alimentação b) Sistema de alimentação obs- c) Sistema de alimentação existen-
inexistente. truído e não funcionando. te.
Bomba bipartida com falta de manutenção no sistema de alimentação Sistema existente, mas com vaza-
da refrigeração das gaxetas e portanto falta de controle do gotejamento. mentos camuflados.
No saneamento, principalmente para bombeamento de água, utiliza-se vedação no eixo por anéis de gaxetas. Como foi dito,
há necessidade de um gotejamento de água para a refrigeração das gaxetas. Esse gotejamento é realizado pela própria pressão
da bomba através das folgas existentes entre o rotor e a carcaça com os anéis de gaxetas instalados em toda a câmara, Figura
16a. Existem bombas centrífugas que possuem um anel, denominado de cadeado ou lanterna ou de selagem, que distribui a
água circunferencialmente e facilita a refrigeração das gaxetas, Figuras 16b e 17.
Figura 16 – Instalação das gaxetas sem anel cadeado (a) e com anel cadeado ou lanterna ou de selagem (b)
A
B
Câmara Anéis de ga-
de gaxetas, Luva xetas com o anel
protetora do eixo, cadeado montado
sobreposta e intermediariamen-
anéis de gaxetas. te.
Bomba bipartida com a alimentação do líquido de selagem para o anel cadeado. Anel cadeado ou lanterna.
Instalação errada do anel cadeado, que pode permitir Instalação correta do anel cadeado com a alimen-
a alimentação de água não uniforme para as gaxetas tação uniforme do líquido de selagem.
Quando a instalação dos anéis de gaxetas e anel cadeado estiverem corretos pode-se determinar o número de gotas. Existem
ábacos para a determinação do número de gotas por minuto em função do diâmetro da luva protetora do eixo, da rotação do
eixo e da determinação da velocidade tangencial ou periférica do eixo. Entretanto, de uma forma prática, a partir da acomo-
dação das gaxetas pode se admitir um valor de 45[gotas/minuto] a 60[gotas/minuto].
Planejamento e Boas Práticas em Campo GUIA PRÁTICO 17
Conjuntos motobombas a
1750[rpm], 500[cv] e protetor de
acoplamento – Nada a ver com efici-
ência, mas sim com segurança.
Conjuntos motobombas
com protetor de acoplamento do
eixo.
1 – Verificar a limpeza nos conjun- Os conjuntos motobombas sempre A limpeza é uma questão de higiene
tos motobombas.. limpos independentemente do tipo de e segurança. Caso a estação seja de
instalação. água tratada poderá contamina-la.
2 - Verificar a limpeza do local. O local precisa estar muito limpo. Risco de acidentes.
A B
18 GUIA PRÁTICO Planejamento e Boas Práticas em Campo
A Manutenção Preventiva é uma evolução do tipo anterior. ferramenta é possível decidir entre uma parada programada
Em vez de se aguardar a falha de determinado componente, com antecedência ou uma de emergência de acordo com a
o mesmo é substituído antes que ela ocorra. evolução da falha.
É importante que tenha o máximo de informações, que se As técnicas de manutenção preditiva tiveram grande impulso
monte um registro do equipamento, que as falhas e defeitos a partir da união com a informática, que possibilitou que as
anteriores tenham sido analisadas e anotadas e, que se faça análises e as ações sejam feitas de forma automática, dimi-
um controle exato dos tempos de operação. Somente dessa nuindo tempos de resposta e aumentando a confiabilidade.
forma será possível fixar a melhor frequência de manutenção. A técnica mais comum é a análise de vibrações, que é usada
Verifica-se que para esse tipo de manutenção as ferramentas em geral para monitorar máquinas que possuam partes ro-
essenciais são a documentação correta e um rígido controle tativas, nas grandes estruturas metálicas, nos equipamentos
administrativo. Porém, deve-se lembrar que toda intervenção elétricos, etc. As medidas são feitas em pontos determinados
é fator de risco. Um exemplo é aquele do médico que esquece dos equipamentos e em períodos pré-fixados. A aparelhagem
uma pinça dentro do seu paciente depois de uma cirurgia. pode fazer comparações com padrões de operação bem co-
A Manutenção Preditiva seria o modelo mais avançado nhecidos. Os instrumentos também têm capacidade de sepa-
de manutenção. São adotadas técnicas que podem antever rar os componentes fundamentais de um dado espectro de
quando uma falha ou defeito vai ocorrer. Isso possibilita que frequências.
se tomem as providências necessárias de forma antecipada, Outra técnica moderna é a termografia. É sabido que todos os
que se programem as devidas paradas na produção sem os corpos emitem radiação eletromagnética, em frequência na
atropelos de última hora, minimizando os prejuízos causados região do infravermelho, com uma intensidade que é propor-
pelas falhas inesperadas. Para isso são usados instrumentos cional a sua temperatura absoluta elevada a quarta potência.
que monitoram em tempo real, caso seja necessário, as verda- Esse fenômeno pode ser detectado usando-se câmeras sensí-
deiras condições de funcionamento dos equipamentos. veis essa faixa de radiação. Na indústria é usado para desco-
Qualquer anomalia que houver pode ser disparado um alar- brir falhas nos isolamentos térmicos, aquecimento anormal de
me, ser dado um “trip” na máquina, etc. A técnica atual terminais e contatos elétricos, funcionamento inadequado de
permite avaliar com bastante precisão se um mancal de rola- motores e transformadores, pontos de fuga de corrente, etc.
mentos, por exemplo, apresenta um defeito na pista interna, É importante o registro sistemático das medidas clássicas de
externa ou em algum elemento girante. temperatura, pressão, vazão, etc. Caso essas medidas sejam
Normalmente, a manutenção preditiva trabalha com compa- registradas é possível acompanhar e monitorar o desempenho
rações. Tomam-se medidas do valor de uma ou mais grande- de muitos equipamentos. Por exemplo, as temperaturas no
zas que possam representar com a maior fidelidade possível o interior dos enrolamentos dos motores e geradores, a tempe-
estado real de um equipamento. ratura dos casquilhos dos mancais, os diferenciais de tempe-
ratura em um trocador de calor. Uma outra aplicação poderia
Esses valores são comparados com valores medidos previa- ser o registro das pressões em um sistema de bombeamento
mente. Sendo que as medidas prévias foram executadas es- de água. As alterações que ocorrem nesses valores podem
tando o equipamento em perfeito estado e em condições indicar falhas dos equipamentos ou problemas na operação.
controladas. Essas medidas recebem o nome de assinaturas
do equipamento. A razão disso é que, do mesmo modo que Todas os tipos de manutenção são importantes, mas de um
uma pessoa embriagada apresenta alterações na sua assina- modo geral, muitas empresas de saneamento, como mostra-
tura, um equipamento defeituoso modifica seu padrão ha- do nos exemplos, praticam a manutenção corretiva. Deixam
bitual de funcionamento. E o interessante que isso pode ser o equipamento chegar ao ponto de sua parada por falta de
detectado com certa facilidade. condições de operação. Essa prática é totalmente prejudicial
ao sistema em termos de eficiência energética. Inicialmente as
Além do controle da magnitude do desvio entre o padrão ha- empresas deveriam introduzir a manutenção preventiva, pro-
bitual e o medido pode-se também monitorar a forma como gramar a corretiva e com mais planejamento e investimentos
esse desvio aumenta com o tempo, ou seja, a velocidade de na aquisição de instrumentação e treinamento de uma equi-
crescimento dessa alteração pode ser quantificada. Com essa pe para realizar a manutenção preditiva.
3. INSTRUMENTAÇÃO
3.1. CARACTERÍSTICAS DOS EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO
A medição de grandezas requer seleção adequada da instru- dado como um valor percentual do fundo de escala. A classe
mentação. Algumas características são comuns a instrumen- de exatidão se refere aos limites de exatidão estabelecidos
tação, e devem ser identificadas: para as aplicações mais comuns, como por exemplo trans-
• Faixa de medição ou alcance (range): Conjunto de valo- formadores de potência (TP) e transformadores de corrente
res entre os valores máximos e mínimos possíveis de serem (TC). As classes e aplicações mais comuns são apresentadas
medidos com um determinado instrumento. Recomenda-se na Tabela 10.
medidor que opere no segundo terço da escala. Por exemplo
para medir uma pressão estimada de 70mca um transdutor A precisão está relacionada a repetibilidade das medições,
de pressão pode ter o range de 0 a 100 mca. sendo definido como o grau de concordância entre os valores
medidos. Na Figura 19 é ilustrada a diferença entre os concei-
• Exatidão e Precisão: essas características são frequente- tos de precisão e exatidão de medidas.
mente confundidas. A exatidão é a aptidão de um instrumen-
to de medição para dar respostas próximas a um valor verda-
deiro convencional. É um conceito qualitativo, normalmente
0,6 a 1,2 Alimentação usual de amperímetros, voltímetros, medidores estatísticos, fasímetros e outros
Fonte: (SOUZA; BORTONI, 2006)
Centro do alvo
Centro do alvo
Repetitivo inexato
Repetitivo Exato
20 GUIA PRÁTICO Planejamento e Boas Práticas em Campo
• Resolução • Comunicação
É a menor variação possível na grandeza física que causa uma Muitos equipamentos não possuem memória de massa para
variação na resposta do equipamento de medição armazenamento de dados mas permitem de comunicação
• Fonte de alimentação de energia através da transmissão dos dados ou conexão com um sof-
A fonte de alimentação de energia dos medidores de ser veri- tware ou cartões de memória.
ficada. Para equipamentos com alimentação externa deve-se O tipo de comunicação irá definir o sistema necessário para
verificar a tensão nominal (127/220V) e prever as tomadas armazenamento de dados. Para saídas analógicas (0-10V ou
para ligação. Especialmente em medições de vazão muitas ve- 4-20 mA, por exemplo) ou saída digital deve-se escolher um
zes são necessárias extensões devido a distância entre o ponto datalogger com entrada compatível. Os dados de saída são
de medição e a tomada de energia. lineares, e a escala de medição deve ser ajustada para os mí-
No caso de medidores a bateria, deve-se avaliar a autonomia nimos (0 V ou 4mA) e máximos (10V ou 20mA) definidos.
de operação, para que o mesmo não de descarregue durante Em medidores que possuem software próprio, a comunicação
as medições. Os transdutores de pressão são alimentados em é definida pelo fabricante, como ethernet, RS232, USB entre
tensão contínua (24Vcc) e uma fonte deve ser prevista outros.
• Memória de massa A Figura 20 apresenta como exemplo as especificações técni-
Deve-se observar se o medidor possui função de armazena- cas de um analisador de energia. Para o medidor do exemplo
mento de dados (datalogger), e qual a memória de massa a faixa de medição (range) de tensão é de 30 a 600 [V], com
disponível. Esta memória deve ser suficiente para armazenar classe de exatidão de 0,2% para medições de 100 a 500 [V].
as medições no período definido. Caso a memória não seja O range de corrente irá depender do sensor de corrente sele-
suficiente deve-se definir um intervalo maior de tempo entre cionado, mas a classe de exatidão é de 0,2% entre 5 a 100%
as medições, ocupando assim menos memória. do fundo de escala.
Por exemplo um medidor ou um datalogger com capacidade A alimentação deste medidor pode ser feita de 85 a 300V,
de registro de 32000 pontos. Para medições a cada 30 segun- com consumo máximo do equipamento de 10VA. As dimen-
dos, tem-se uma autonomia de 11 dias de monitoramento. sões e pesos do equipamento podem ser necessários ao trans-
Já com intervalos de registro de 10 minutos a autonomia é porte. A comunicação é através de rede Ethernet e o período
de 222 dias. de integração pode ser definido entre 0,1 segundos (100ms)
até 30 minutos.
Figura 20 - Exemplo de especificação técnica de analisador de energia
No caso da Figura 24 apresenta uma estação de recalque de Figura 24 - Locais selecionados e medidas de vazão por ultrassom e Pitot-
água tratada que alimenta parte de uma cidade, onde são -Cole
várias bombas operando e houve necessidade do monitora-
mento simultâneo para uma semana. Neste caso foram ins-
talados vários ultrassons e houve necessidade de instalação
de um Pitot-Cole. A figura ilustra dois medidores ultrassons
instalados e um medidor do tipo Pitot-Cole.
A vazão medida serve para a macromedição em uma determi-
nada estação elevatória e também a medida de cada bomba
que está sendo analisada e neste caso, serve para a determi-
nação da altura total de elevação.
3.4.2 Tomadas de pressão na entrada e na saída
da bomba, cotas e diâmetros
Para a medição das pressões deve-se verificar se existem os
bujões de entrada e saída da bomba, locais de instalação
de manômetros ou transdutores de pressão. Normalmente
as bombas possuem esses locais destinados a instalação de
medidores de pressão, Figura 25. Entretanto, bombas mais
antigas não possuem o bujão de entrada, ou seja, possui so-
mente o de saída. Neste caso, poderá ser furado o local de
entrada da bomba ou medir a pressão antes da entrada da Saída de uma bomba – Preparação para instalação
bomba, Figura 26, podendo ser até no nível do poço de suc- do tap e do Pitot-Cole.
ção e aplicar a equação de Bernoulli até a entrada da bomba,
determinando a perda de carga do considerado até a entrada
da bomba.
A razão dessas medidas é para determinar a parcela da dife-
rença de pressão estática ou manométrica entre saída e en-
trada da bomba para a determinação da altura total de eleva-
ção da bomba (ATE) ou altura manométrica total da bomba
(AMT).
A instalação de bombeamento da Figura 28 mostra as referências
de níveis d´água dos reservatórios de sucção (1) e recalque (4),
da entrada da bomba (2) e saída da bomba (3). A altura total de
elevação H é definida como sendo a diferença da altura total na
saída da bomba e altura total na entrada da bomba. As pressões
p3 e p2 são medidas, respectivamente, nos manômetros M3 e M2
que serão instalados na segunda fase, ou seja, nas medições. As
pressões p1 e p4 são atmosféricas, portanto as pressões manomé-
tricas são: p1 = p4 = 0.
A quantidade de medidores de pressão dependerá do tipo de ins-
talação, quantidade de bombas e faixa de pressão principalmente
no recalque das bombas. Quando não for possível medir a pres-
são na entrada da bomba, pode-se aplicar a equação de Bernoulli Saídas de duas bombas – Pitot-Cole e ultrassom.
no nível 1 do reservatório de sucção até a entrada da bomba.
Após determinada a pressão na entrada da bomba, utiliza-se a
equação mostrada na Figura 28 para a determinação de H.
Planejamento e Boas Práticas em Campo GUIA PRÁTICO 23
Figura 25 – Bujões de entrada e saída da bomba Figura 26 – Bomba sem tomada de pressão na entrada
8 1 1
H = h3 − h2 = ⋅ − ⋅ Q 2 + ( z3 − z2 )
π 2 ⋅ g D34 D24
Quando se tratar de uma instalação que possua um reserva- Figura 29 – Medida de nível de reservatório de água tratada
tório de sucção e um reservatório de recalque os dois níveis
de água deverão ser medidos e monitorados. Além de estudar
o comportamento de cada um, é determinar a altura estática
total, ou seja, o desnível entre dois reservatórios, que poderá
ser constante ou variável.
A Figura 30 ilustra duas instalações de bombeamento, sendo
a primeira com bomba não afogada e a segunda com bomba
afogada. A curva da bomba centrífuga para a rotação cons-
tante e a curva da instalação estão mostradas, além da equa- A – Reservatório de água B – Variação de nível do
tratada reservatório
ção da altura total de elevação da instalação H, bem como o
ponto de funcionamento F da bomba e da instalação.
As alturas geométricas ou estáticas de sucção Hs e de recal-
que Hr, bem como a altura geométrica total H0 (desnível da
água entre os dois reservatórios) são representados na Figura
30 explicitadas em função da vazão utilizando-se a equação
universal ou de Darcy-Weisback e estão representadas no grá-
fico da Figura 30.
Figura 30 – Instalações de bombeamento e suas alturas geométricas
Coeficiente f (Darcy-Weisback):
π 2 ⋅ g ⋅ D5
f = ( h1 − h2 ) + ( z1 − z2 ) ⋅ 2
8⋅ L ⋅Q
Coeficiente C de Hazen-Willians:
0,54054
10, 667 ⋅ L ⋅ Q1,85
C = 4,87
D ⋅ ( h1 − h2 ) + ( z1 − z2 )
3.4.5 Pontos de medição de grandezas elétricas Figura 33 - Esquema de ligação de analisadores de energia em cargas
trifásicas
A medição das grandezas elétricas permite analisar a opera-
ção do motor e seu consumo de energia também calcular o
rendimento dos conjuntos motobomba. Devem ser medidas e
monitoradas pelo menos tensão, corrente e fator de potência
de operação de motores ou instalações. Equipamentos como
os analisadores de energia normalmente também registram a
potência ativa, potência reativa, no entanto estas podem ser
calculadas. Em bombas acionadas por conversores de frequ-
ência é interessante a medição da distorção harmônica total,
um indicador da qualidade da energia que alimenta o motor.
O analisador mede grandezas elétricas a partir da medição Assim os equipamentos e os dataloggers deverão ter seus
da tensão e da corrente. Mede-se a tensão com a ligação em horários ajustados e sincronizados. Para que as medições se-
paralelo com um ponto de tensão de alimentação com garras jam registradas no mesmo horário recomenda-se ainda que
tipo ”jacaré”. o início do armazenamento de dados seja iniciado automati-
A corrente é medida com sensores de corrente que envolvem camente, em um horário definido para todos. O período de
os condutores de corrente, que devem ser especificados de monitoramento e o intervalo entre medições também deverá
acordo com a corrente máxima a ser medida. Em motores de ser o mesmo.
maior potência é comum o uso de dois ou mais condutores Caso seja utilizado um sistema único de aquisição de dados
por fase e sensores de corrente flexíveis podem sem necessá- (supervisório), o horário entre as grandezas será o mesmo, e
rios, por ter uma abertura maior. apenas deverá ser ajustado a hora local.
Para a avaliação de motores o analisador deve ser ligado na O defasamento no tempo entre de medições de diferentes
alimentação do conjunto. Caso o conjunto seja acionada por equipamentos prejudica a análise das medições e a posterior
conversor de frequência, este deve ser considerado parte do análise da relação entre as grandezas.
conjunto, e o analisador deve ser instalado na entrada no
conversor. Para a análise de uma instalação o medidor deve
ser instalado junto a entrada do quando de distribuição geral.
26 GUIA PRÁTICO Planejamento e Boas Práticas em Campo
3.5 SINCRONIZAÇÃO DOS HORÁRIOS DOS 3.6 CHECK-LIST DOS EQUIPAMENTOS E ACES-
EQUIPAMENTOS SÓRIOS
As medições realizadas com aquisição de dados deverão estar A Tabela 12 traz uma lista de componentes e acessórios ne-
sincronizadas, de modo que possam ser reunidas na mesma cessários para alguns tipos de medição:
tabela de medidas ao longo do tempo.
Tabela 12 – Check-list dos equipamentos e acessórios
Equipamento Componentes Acessórios
Sensores Datalogger
Fonte de alimentação e extensão Lixa para limpeza da tubulação
Medição de vazão ultras- Régua de fixação para sensor Cabo de transmissão de dados
sônico
Gel para sensores Trena
Medidor de espessura
Medidor de espessura Ponta de prova Pilhas
Tubo de Pitot-Coli Manômetro de coluna
Medição de vazão/pito- Mangueira para manômetro ou transdutor Fonte 24VDC para transdutor
metria
Transdutor de pressão diferencial
Maquina Miller Pote vaselina
Sela Corrente para prender máquina no tubo
Instalação de taps Borracha de vedação p/ sela Chave catraca
- Pitometria
Broca Chapa 3mm para tubulações finas e solda
Tap 1” Chave de boca para fixar parafuso
Manômetro de bourdon Desengripante
Transdutores de pressão Válvulas Conexões hidráulicas para manifold
Medição de pressão
Datalogger Fita veda rosca
Cabos de alimentação e comunicação Chave inglesa e chave de cano
Garras tipo “jacaré” – Medição de tensão Multímetro
Medição de grandezas Sensores de corrente Alicate amperímetro
elétricas
Cabo de alimentação Equipamentos de proteção
Medição de rotação Tacômetro (ótico ou estroboscópio) Adesivo para fixar no eixo ou ponta de contato
4. MEDIÇÕES EM CAMPO
4.1 ESCOLHA DA EQUIPE DE CAMPO
A equipe definida para a realização das medições em campo • 01 engenheiro eletricista especialista em eficiência energéti-
deve ser qualificada e conhecer as práticas de campo, princi- ca e em instrumentação;
palmente no setor de saneamento. A equipe deverá ser for- • 01 engenheiro mecânico de preferência especialista eficiên-
mada por engenheiros e técnicos com capacidade de avaliar cia energética e em hidráulica;
as condições de uma instalação de bombeamento completa,
suas condições operativas e as condições de manutenção, e • 01 engenheiro civil ou hídrico de preferência especialista em
através de medidas hidráulicas e elétricas. A instrumentação, eficiência energética e em hidráulica;
bem como sua instalação e operação, além da parte de aqui- • 01 técnico especialista em hidráulica;
sição de dados deverá ser de total conhecimento da equipe
ou de seus membros, tendo especialidades nas áreas hidráuli- • 01 técnico especialista em instrumentação.
ca, mecânica e elétrica, compondo um corpo de especialistas O trabalho pode ser executado por 02 especialistas no míni-
para executar o trabalho. mo (instalação menor) e no máximo por 04 especialistas (ins-
Uma equipe bem treinada deverá ter os seguintes membros e talação maior), mesclando as especialidades.
suas especialidades:
de segurança. Para o caso específico desse trabalho no sanea- Na Figura 34 note que o operador da concessionária de água
mento tem-se as seguintes funções: não possui todos EPIs necessários na operação da válvula,
• Capacete de segurança - para a proteção do crânio contra mas o membro da equipe de campo possui protetor auricular,
agentes meteorológicos (trabalhos a céu aberto), impactos capacete e botas.
provenientes de quedas, projeção de objetos ou outros (vál- Figura 34 – Equipamentos de proteção individual
vulas), queimaduras ou choque elétrico;
• Botas – usar calçados contra riscos de origem mecânica e
lugares encharcados;
• Protetor auricular: para trabalhos realizados em locais em
que o nível de ruído seja superior ao estabelecido na norma
NR 15 (Tabela 13);
• Óculos de segurança - para trabalhos que possam causar
irritação nos olhos, provenientes de poeiras;
Operando a bomba Medindo a espessura da
• Luvas de segurança – para trabalhos que contenham graxas – Falta de capacete no parede da tubulação.
e também locais frios; operador.
EXPOSIÇÃO MÁX.
DIÁRIA PERMISSÍVEL 8 horas 2 horas 30min 15min 7min
Tabela 14 – Exemplo de dados coletados nos ensaios individuais dos Figura 36 - Consumo específico das diferentes associações
conjuntos
VALORES MEDIDOS
p1 p2 N Q Q Pel
Bombas [m] [m] [rpm] [m3/s] [m3/h] [kW]
Entrada Saída
4.5 MONITORAMENTO
Para a definição do intervalo de monitoramento deve-se bus- Recomenda-se, portanto, que o período de monitoramento
car estabelecer um período que seja representativo do com- seja de pelo menos 7 dias. Para este monitoramento de maior
portamento típico da estação elevatória. É bastante comum prazo, o intervalo entre as medições pode ser maior, reduzin-
que em estações elevatórias de água tratada haja variação da do assim o volume de dados armazenados no datalogger e
demanda de água e consequentemente de energia nos finais que posteriormente deverão ser analisados. Medições a cada
de semana. É o caso por exemplo de cidades turísticas, onde 5 minutos são suficientes para o monitoramento.
o consumo de água aumenta ou de distritos industriais, onde O exemplo da Figura 36 apresenta os dados de monitora-
o consumo nos finais de semana é reduzido. mento de vazão total de uma estação elevatória e a potência
dos conjuntos motobomba.
A apresentação dos dados de monitoramento em gráficos todas as grandezas no mesmo período, que se trata da re-
permite ainda identificar um comportamento comum da es- dução do bombeamento no horário de ponta para reduzir
tação e também anormalidades, que devem ser confrontadas custos. Na área central do gráfico não ocorre esta redução,
com os eventos e a operação dos conjuntos do período de devido ao fato de ser sábado e domingo, quando não há ho-
monitoramento. rário de ponta.
Nos gráficos apresentados na Figura 37 e Figura 38 tem-se
o monitoramento da demanda total e da vazão e pressão
no barrilete da adutora do mesmo período. Neles observa-se
que a vazão, pressão e demanda da estação elevatória estão
diretamente relacionadas. Observa-se ainda uma redução de
2 – VISITA PRÉVIA É realizada uma reunião da equipe de visita com a equipe da empresa concessionária de água.
2.1 – Reunião Realizada Define-se o responsável técnico, a equipe complementar (técnicos que acompanharão a visi-
2.2 – Dados Cadastrais da Empresa ta) e solicita-se os dados cadastrais da empresa (Razão social, nome fantasia, CNPJ, endereço
completo), do representante legal, responsável técnico e equipe complementar (RG, CPF) para
colocar no relatório.
Neste item é apresentada uma descrição do local com um croqui da instalação e/ou instalações,
3 – CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO Figura 38, com fotos ilustrativas, dados completos tabelados das bombas (altura, vazão, rota-
ção, fabricante, etc.), e motores (tensão, corrente, rotação, fabricante, etc.), Tabela 18. Reserva-
3.1 – Descrição do Local
tórios estudados, Tabela 19). Número de conjuntos motobombas e sua forma de operação no
3.2 – Balanço Hídrico Simplificado sistema. Também é apresentado um balanço hídrico simplificado baseado nos dados do Sistema
3.3 – Informações Sobre os Medidores de Nacional de Informações de Saneamento (SNIS) para os últimos 12 meses, determinando as
grandezas Hidráulicas e Elétricas Existentes perdas reais aproximadas, Tabela 20. Informações dos medidores de grandezas hidráulicas e
3.4 – Manutenção Mecânica, Elétrica e elétricas (Tabela 21 e Tabela 22) existentes e com isso deve-se planejar a necessidade de medi-
limpeza do local dores para a etapa de medições em campo. No relatório deve-se descrever a situação atual da
manutenção mecânica e elétrica da instalação, além da limpeza do local.
No relatório da visita deverá mostrar os problemas relacionados com a hidráulica e elétrica. Por
exemplo se as informações obtidas das bombas (diâmetro do rotor, dados nominais de altura e
4 – AVALIAÇÃO HIDRÁULICA E ELÉTRICA DA
INSTALAÇÃO vazão) são reais. Em muitos casos, houve alteração no diâmetro do rotor e consequente altera-
ção na altura e vazão e não foram atualizados. Devem ser verificados quais parâmetros hidráu-
4.1 – Avaliação Hidráulica licos não estão monitorados e são importantes para a avaliação energética. Motores que foram
4.2 – Avaliação Elétrica trocados e não possuem cadastros. Válvulas de saídas das bombas que não operam totalmente
abertas por limitações da amperagem do motor. Todos os problemas hidráulicos e elétricos per-
ceptíveis na visita e que podem provocar perdas de energia são transcritos nesse item.
5 – O USO DA ENERGIA Neste item é colocada a Companhia de Energia, o enquadramento da tensão e do tipo de tarifa
e é avaliada nos últimos 12 meses as contas de energia da instalação estudada. Com o histórico
5.1 – Histórico de Faturamento da Energia de faturamento é possível avaliar a demanda contratada, revisão tarifária e os custos da energia.
Cada caso de estudo tem sua particularidade. Com base nas observações feitas durante a visita
6 – MEDIDAS DE EFICIÊNCIA PROSPECTADAS técnica e com o levantamento das contas de energia, são selecionadas para as ações de medidas
de eficiência energética. As mais comuns estão na listados na Tabela 23.
No relatório é definida toda a instrumentação necessária para os trabalhos de campo. Na par-
te hidráulica são definidos todos os medidores de pressão, vazão, rotação, níveis de água e
7 – INSTRUMENTAÇÃO UTILIZADA temperatura. Na parte elétrica os medidores de grandezas elétricas e máquinas termográficas.
Outros medidores como estação total e GPS para a topografia caso sejam necessários, além de
equipamentos auxiliares e acessórios.
Figura 40 – Exemplo de croqui de uma captação de água bruta, Tabela 19 – Dados dos reservatórios do exemplo da Figura 38
ETA e distribuição estudadas
Tabela 20 – Balanço hídrico simplificado de um sistema estudado Tabela 21 – Relação de medidas hidráulicas existentes em uma estação elevatória de
água tratada
MEDIDOR TIPO LOCAL OBSERVAÇÃO
Entrada da Não existe nem um medi-
PRESSÃO - bomba dor em todas as bombas.
Tanque de lava-
VAZÃO - gem dos filtros Não há medidor de vazão
Tabela 23 – Relação de medições de grandezas elétricas de uma estação elevatória de água tratada
MEDIDOR TIPO LOCAL OBSERVAÇÃO
Ponto de conexão com a rede Medição do consumo total da
CONSUMO E DEMANDA Concessionária de energia
13,8 kV estação elevatória
Quadro de distribuição geral
TENSÃO DE ALIMENTAÇÃO Supervisório Medição não é registrada
(220V)
CORRENTE DOS MOTORES Supervisório Quadro de comando dos motores Medição não é registrada
1 – Medidas de Gestão. São medidas que não demandam investimentos. Diminuem o consumo somente com ações de ges-
tão.
a) Análise tarifária.
Estudar a melhor tarifa para cada caso, pode ser Redução de custos de energia.
uma fonte de economia. Vide exemplo da Figura 39 (redução da tarifa).
Desligar alguns conjuntos motobombas ou todos
b) Redução no horário de ponta de uma determinada estação sem prejudicar o Redução de consumo e demanda no horário de
abastecimento. Estudar a possibilidade de instalar ponta. Vide exemplo da Figura 41 e Figura 42.
um gerador Diesel e opera-lo neste horário.
Planejamento e Boas Práticas em Campo GUIA PRÁTICO 33
Quando o estado dos conjuntos motobombas es- Um equipamento bem mantido, com certeza tra-
tão precários, vale a pena investir na manutenção balhará em melhores condições de eficiência. Essa
a) Realizar uma manutenção geral
nos equipamentos. corretiva passo a passo, depois introduzir a manu- é uma decisão de custo benefício. Muitas vezes ape-
tenção preventiva e por último adotar a manuten- nas manutenção gera aumento do rendimento da
ção preditiva. bomba (consumo de energia menor).
Figura 41 – Exemplo de redução de bombeamento no horário de ponta – Uso da operação de um gerador Diesel
Eletricidade Diesel
2,4154 1,3174
45.834 24,984
(-45,5%)
Tabela 25 – Exemplo de troca de bombas de um sistema de captação de água bruta, estação de tratamento e um booster
LOCAL ηatual[%] ηnovol[%] Investimento[R$] Economia [R$] Retorno [Anos]
Captação 50,15 71,14 30.000 7.900 3,77
ETA 45,58 72,90 10.200 12.900 0,78
Booster 38,52 51,52 17.400 11.500 1,76
TOTAL - - 57.600 32.300 2,12
Investimento 25.000
Figura 44 – Exemplo de redução de altura manométrica. Figura 45 – Laboratório Móvel de Hidráulica – furgão adaptado.
Diminuição da altura
manométrica da bomba
H, com aumento de ren-
dimento.
Vista externa.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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GOMES, H. P.; GOMES, A. S.; FILHO, L. S. DE A.; et al. Sistemas de Bombeamento - Eficiência Energética. 2009.
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Equipamentos e Instalações. 3a ed. Itajubá/MG, 2006.
NBR ISO 50002:2014 - Diagnósticos energéticos - Requisitos com orientação para uso. .
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MACINTYRE, A.J., Bombas e Instalações de Bombeamento, 2a edição, Editora Guanabara, Rio de Janeiro, 1987, 1 volume,
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DRAPINSK, J., Manual de Manutenção Mecânica Básica, 1a edição, Editora MacGraw-Hill, São Paulo, 1973, 1 volume,
239 páginas.
LIMA, E.P.C., Mecânica das Bombas, 2a edição, Editora Interciência, Rio de Janeiro, 2003, 1 volume, 595 páginas