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MÁQUINAS ELÉTRICAS

PROF. ME. ALEXANDRE COELHO


Presidente da Mantenedora
Ricardo Benedito Oliveira
Reitor:
Dr. Roberto Cezar de Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica
Gisele Colombari Gomes
Diretora de Ensino
Prof.a Dra. Gisele Caroline
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Edson Dias Vieira
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Camila Cristiane Moreschi
Danielly de Oliveira Nascimento
Fernando Sachetti Bomfim
Luana Luciano de Oliveira
Patrícia Garcia Costa
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção:
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Fernando Sachetti Bomfim
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

01
DISCIPLINA:
MÁQUINAS ELÉTRICAS

CONCEITOS BÁSICOS DA CONVERSÃO


ELETROMECÂNICA DE ENERGIA

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................................4
1 CONCEITOS BÁSICOS DA CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA..........................................................5
1.1 LEI CIRCUITAL DE AMPÈRE....................................................................................................................................5
1.2 LEI DE FARADAY......................................................................................................................................................6
1.3 LEI DE LENZ.............................................................................................................................................................8
1.4 FORÇA ELETROMAGNÉTICA (FORÇA DE LORENTZ)...........................................................................................8
2 CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA......................................................................................................9
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................ 11

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO

Caro(a) acadêmico(a), seja bem-vindo(a) ao estudo da disciplina de Máquinas Elétricas.


Esta é a Unidade 1 de desenvolvimento dos estudos e pesquisas, sendo este um material básico
dirigido aos conhecimentos da disciplina. Nesta unidade, será possível compreender a importância
do conhecimento da conversão eletromecânica de energia.
Os conceitos da conversão eletromecânica de energia são base para o estudo de máquinas
elétricas, visto que, basicamente, uma máquina elétrica converte energia elétrica em energia
mecânica, ou o contrário dessa situação, a energia mecânica é convertida em energia elétrica.
Esta unidade foi dividida em tópicos e subtópicos, com o intuito de apresentar o conteúdo
de forma a estimular as reflexões, facilitar a busca ao apoio nas leituras complementares e consultar
materiais no intuito de agregar aos temas apresentados nesta unidade.
Desejo a você, acadêmico(a), uma ótima aula e leitura proveitosa sobre os temas abordados
na disciplina.

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1 CONCEITOS BÁSICOS DA CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA

O conhecimento de disciplinas básicas como circuitos elétricos, circuitos magnéticos,


eletromagnetismo e materiais elétricos e magnéticos, aliado aos conhecimentos de conversão
eletromecânica de energia, se torna ferramenta indispensável ao entendimento de máquinas
elétricas. Dessa forma, esta unidade apresenta uma revisão sobre os conceitos básicos de
eletromagnetismo e da conversão eletromecânica de energia. Conheceremos algumas leis básicas
e importantes para o nosso estudo.

1.1 Lei Circuital de Ampère

De acordo com Chapman (2013), basicamente na lei de Ampère podemos dizer que um
condutor que conduz uma corrente elétrica produz um campo magnético em sua vizinhança.
Esse campo magnético são circunferências concêntricas e podem ser visualizadas na Figura 1.
Ampère formula matematicamente a partir da observação de Oersted, da influência
de um condutor conduzindo corrente elétrica em uma bússola. Essa relação determina que a
intensidade do campo magnético a partir da intensidade de corrente ou de uma densidade de

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corrente pode ser calculada a partir de:

em que H é a intensidade de campo magnético, i é a intensidade de corrente elétrica e l é


o comprimento total desse condutor.

Figura 1 - Linhas de campo magnéticas, criadas a partir da passagem de corrente elétrica em um condutor.
Fonte: O autor.

Em uma situação na qual temos um solenoide, ou seja, um condutor disposto por vários
enrolamentos, como uma espira (verificada na Figura 2), a aplicação da lei de Ampère é feita com
a quantidade de espiras como um fator multiplicativo da corrente. Tal relação pode ser obtida a
partir de:

em que H é a intensidade de campo magnético, I é a corrente elétrica e L é o comprimento


da bobina.

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Figura 2 - Intensidade de campo magnético, criada por um solenoide. Fonte: O autor.

O comportamento de um solenoide, como apresentado na Figura 2, se assemelha ao


comportamento do ímã. Essa comparação pode ser feita a partir da Figura 3. Nela, a figura da
direita apresenta um ímã com seus polos norte e sul; já na figura da esquerda um solenoide com
a passagem da corrente é apresentado, em que percebemos um comportamento exatamente igual
ao do ímã. Na verdade, o solenoide é um eletroímã, sendo que podemos controlar a intensidade

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do campo magnético criado a partir de seu comprimento, a quantidade de espiras e sua corrente
elétrica.

Figura 3 - Linhas de fluxo em um eletroímã e em um ímã. Fonte: Chapman (2013).

As mesmas características apresentadas pelo ímã são verificadas no eletroímã. Assim, no


eletroímã os polos opostos vão se atrair, e os polos iguais se repelem.

1.2 Lei de Faraday

A lei de Faraday é basicamente o caminho inverso do que vimos na lei circuital de Ampère.
A tentativa de Faraday em um experimento era justamente induzir uma corrente elétrica a partir
de um campo magnético. Em um primeiro momento, Faraday utiliza-se de campo magnético
constante para tentar induzir uma corrente elétrica e percebe que essa indução só ocorre quando
há variação desse campo magnético em relação a um condutor. A Figura 4 apresenta um melhor
entendimento sobre a lei de Faraday. Utilizando um ímã com um campo magnético constante,
haverá uma tensão induzida pelo solenoide somente no momento em que esse ímã se aproxima
e se afasta do solenoide.

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Se esse ímã é mantido fixo dentro do solenoide, não há tensão induzida, e o ponteiro do
galvanômetro não vai se mover.

Figura 4 - Indução de tensão em um solenoide a partir de ímã, Lei de Faraday. Fonte: Chapman (2013).

Basicamente, podemos dizer que, quando um circuito elétrico é atravessado por um


fluxo magnético variável, surge uma força eletromotriz (tensão elétrica) induzida atuando sobre

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o mesmo. Essa relação é matematicamente obtida a partir de:

em que e é a tensão induzida e dϕ é a variação do fluxo magnético no tempo t.

Para auxílio no entendimento sobre a Lei de Faraday, leia o seguinte


artigo, da Universidade Federal do ABC.

Disponível em:
https://propg.ufabc.edu.br/mnpef-sites/relatividade-restrita/lei-
de-faraday.

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1.3 Lei de Lenz

A lei de Lenz verifica que a tensão induzida em um circuito fechado por um fluxo
magnético variável produzirá uma corrente elétrica de forma a se opor à variação do fluxo que
o criou. Basicamente, esse entendimento pode ser verificado a partir da Figura 5. No momento
em que o ímã se aproxima da espira, a corrente elétrica induzida tem sentido anti-horário e, no
momento em que o ímã se afasta, essa corrente está no sentido horário.

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Figura 5 - Sentido da corrente elétrica com aproximação e afastamento do ímã, lei de Lenz. Fonte: Chapman (2013).

A partir da lei de Lenz, a tensão induzida em uma espira é, então, .

1.4 Força Eletromagnética (Força de Lorentz)

O conceito da força de Lorentz, conhecido como força eletromagnética, diz que, quando
um condutor que conduz uma corrente elétrica é imerso em um campo magnético, surge sobre
esse condutor uma força mecânica, conhecida como força de Lorentz e determinada por:

em que F é a força eletromagnética, B é a densidade de campo magnético, i é a corrente


elétrica conduzida pelo condutor e l é o comprimento desse condutor. A Figura 6 apresenta esse
comportamento, no qual um condutor conduz uma corrente com a presença de um campo que,
neste caso, está entrando para o papel, surgindo, assim, uma força que pode ser determinada a
partir da regra da mão esquerda (Força de Lorentz).

Figura 6 - Força eletromagnética de um condutor que conduz uma corrente na presença de campo magnético.
Fonte: Chapman (2013).

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A tensão induzida quando um condutor imerso em um campo magnético é colocado


em movimento tem a relação com a densidade de campo magnético (B), o comprimento (l) e a
velocidade (v) com que esse condutor é movimentado. Tal relação é obtida a partir de:

A Figura 7 apresenta essa situação, com um campo magnético entrando no papel, com
um ângulo de 90º em relação à velocidade v.

Figura 7 - Relação da tensão induzida em um condutor imerso em um campo magnético sendo movimentado
com velocidade v. Fonte: Chapman (2013).

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A indução eletromagnética foi fator determinante para que
pudéssemos gerar energia elétrica. O vídeo de uma aula do Instituto
de Tecnologia da Califórnia (CALTECH) pode ser utilizado para
auxílio ao entendimento do assunto em questão.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ygVZjQK5z-8&


t=332s.

2 CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA

A conversão eletromecânica de energia basicamente se divide no estudo das conversões


realizadas por máquinas elétricas. O estudo pode ser dividido em dois: a conversão da energia
elétrica para energia mecânica (feita nessa situação por motores elétricos) e a conversão da energia
mecânica em energia elétrica (nesse caso, realizada pelos geradores elétricos).

Uma importante reflexão a ser feita é sobre o porquê da necessidade da conversão


da energia. Analisando a situação energética mundial, em sua grande escala
de geração de energia é utilizado um gerador de energia que converte energia
mecânica em energia elétrica; porém, se analisarmos que a grande demanda
dessa energia está concentrada na indústria, essa energia elétrica será novamente
convertida para energia mecânica. A pergunta que fica dessa situação é: por que
todas essas conversões são necessárias?

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O fluxograma apresentado na Figura 8 demonstra basicamente que a conversão


eletromecânica de energia pode ser feita por motores ou geradores elétricos, sendo eles conhecidos
como máquinas elétricas. Por sua vez, as máquinas elétricas podem ser divididas em máquinas de
corrente contínua e máquinas de corrente alternada.

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Figura 8 – Fluxograma: conversão eletromecânica de energia e suas áreas. Fonte: Chapman (2013).

As máquinas elétricas mais utilizadas são as máquinas de corrente contínua, as máquinas


síncronas e as máquinas assíncronas (indução), sendo estas duas últimas operadas em corrente
alternada. Conheceremos cada uma dessas máquinas em nosso material.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado(a) acadêmico(a), esta unidade serviu como introdução ao estudo das máquinas
elétricas.
Abordamos assuntos pertinentes à engenharia elétrica, cujo foco é a propriedade elétrica
e magnética dos materiais e sua importância no estudo da conversão eletromecânica de energia,
aspectos importantes para conhecermos.
Uma breve introdução à conversão eletromecânica de energia se fez necessária para
trabalharmos nas próximas unidades com as máquinas elétricas. Assim, conhecemos mais sobre
a Lei Circuital de Ampère, Lei de Faraday, Lei de Lenz e sobre a Força de Lorentz, preceitos
básicos para entenderemos o funcionamento das máquinas elétricas, o principal objetivo da
nossa disciplina.

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02
DISCIPLINA:
MÁQUINAS ELÉTRICAS

MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................ 13
1 MÁQUINAS ELÉTRICAS............................................................................................................................................ 14
2 MÁQUINA DE CORRENTE CONTÍNUA.................................................................................................................... 15
2.1 ASPECTO CONSTRUTIVO DAS MÁQUINAS CC................................................................................................... 15
2.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DA MÁQUINA CC......................................................................................... 17
2.3 APLICAÇÕES, VANTAGENS E DESVANTAGENS DA MÁQUINA CC.................................................................... 19
2.4 CIRCUITOS EQUIVALENTES E TIPOS DE EXCITAÇÕES DA MÁQUINA CC....................................................... 19
2.4.1 GERADORES DE CORRENTE CONTÍNUA..........................................................................................................20
2.4.2 MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA..............................................................................................................23
2.5 CONTROLE DE VELOCIDADE MOTOR CC EM DERIVAÇÃO................................................................................25
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................26

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INTRODUÇÃO

Caro(a) acadêmico(a), nesta Unidade 2 será possível conhecer a máquina de corrente


contínua e sua operação no modo motor e gerador.
Na unidade anterior, foi apresentada uma breve revisão sobre conversão eletromecânica
de energia. Vamos aplicar o uso dos materiais ferromagnéticos ao estudo das máquinas elétricas,
iniciando nesta unidade a partir das máquinas de corrente contínua.
Esta unidade foi dividida em tópicos e subtópicos com o intuito de apresentar o conteúdo
de forma a estimular as reflexões, facilitar a busca ao apoio nas leituras complementares e consultar
materiais no intuito de agregá-los aos temas apresentados nesta unidade.

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1 MÁQUINAS ELÉTRICAS

As máquinas elétricas são responsáveis pela maior parte do consumo da energia elétrica
produzida no mundo. Em países desenvolvidos, a demanda de energia elétrica na indústria pode
ultrapassar 90% do consumo anual, sendo grande parte desse consumo utilizada nas máquinas
elétricas.
As máquinas elétricas são de extrema importância para o sistema elétrico e para indústria
de um modo geral. Trata-se de um conversor eletromecânico de energia, que pode ser utilizado
como gerador ou como motor.
O objetivo maior do nosso estudo são as máquinas elétricas. Mas, antes que possamos
conhecer mais sobre a máquina CC, vamos entender a importância de todo tipo de máquinas
elétricas na evolução da humanidade.
Quando opera como um gerador elétrico, converte energia mecânica em energia
elétrica. Exemplo disso é o gerador acoplado às turbinas na geração hidráulica, térmica e eólica,
convertendo a energia cinética do movimento e/ou energia potencial gravitacional em energia
elétrica.
A operação das máquinas elétricas no modo motor tem como princípio a conversão
da energia elétrica em energia mecânica, sendo na indústria responsável pela força motriz

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dos processos. Nas casas, está presente em muitos dos equipamentos, desde o portão elétrico
até à máquina de lavar, geladeira, freezer, ar-condicionado, batedeira, liquidificador e demais
equipamentos.
O princípio de funcionamento das máquinas elétricas está baseado nas relações de campos
magnéticos e na corrente elétrica através da lei de Ampère, lei de indução de Faraday, lei de Lenz
e força eletromagnética (força de Lorentz). Detalharemos esse funcionamento ao tratarmos de
cada um dos tipos de máquinas elétricas aqui abordadas.
Trataremos das principais máquinas elétricas, as quais podem ser divididas com se vê
na Figura 1. Basicamente, temos as máquinas divididas quanto à sua excitação; assim, temos as
máquinas de Corrente Contínua (CC) e as máquinas de Corrente Alternada (CA). As máquinas
CA são classificadas ainda como máquinas síncronas e assíncronas (indução).

Figura 1 - Classificação das máquinas elétricas. Fonte: O autor.

Nesta unidade, trataremos das máquinas de corrente contínua, seus modos de operação,
princípio de funcionamento, aspecto construtivo, circuito equivalente e aplicações desse tipo de
máquina.

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2 MÁQUINA DE CORRENTE CONTÍNUA

As máquinas CC são assim conhecidas pelo fato de serem excitadas em CC e gerarem


energia também em CC. A máquina CC já teve uma importância maior nas aplicações industriais
e vem perdendo espaço após o advento da eletrônica de potência, visto que podemos realizar
controles de velocidade e torque utilizando inversores de frequência e máquinas mais robustas.
Mesmo com a perda de espaço da máquina CC, é de extrema importância conhecermos
e entendermos o seu funcionamento, visto que ela ainda se encontra em operação e é base dos
estudos de máquinas elétricas.
Em se tratando das máquinas elétricas, a máquina CC é nosso ponto de partida devido à
sua simplicidade de operação, além de seu modelo matemático simplificado.

2.1 Aspecto Construtivo das Máquinas CC

Os aspectos construtivos das máquinas que aqui abordaremos são muito similares,
guardadas as particularidades de cada uma delas. As máquinas elétricas rotativas são basicamente
constituídas de estatores, rotores e uma carcaça de proteção da máquina.

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A Figura 2 apresenta a estrutura construtiva de uma máquina CC. A partir de um
corte realizado na carcaça e estator da máquina, é possível verificar internamente como é sua
configuração.

Figura 2 - Estrutura construtiva de uma máquina de CC. Fonte: Makungu International (2022).

Ao conhecermos as máquinas elétricas, perceberemos uma estrutura construtiva muito


similar. Basicamente, as partes de uma máquina são: o estator, que é parte fixa da máquina, no
caso da máquina CC conhecido como enrolamento de campo da máquina; e o rotor acoplado
ao eixo da máquina constitui a parte girante da máquina, aqui conhecido como enrolamento
de armadura. Acoplado ao rotor, temos a presença do comutador e das escovas de carvão, que
fornecem potência elétrica ao funcionamento como motor ou recebem a tensão gerada da
máquina, funcionando como gerador.

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O estator é a parte fixa da máquina e é apresentado na Figura 3, onde estão localizadas as


bobinas de campo. Na máquina CC, o estator é onde está concentrado o campo magnético gerado
pelo enrolamento de campo. O estator é constituído por um núcleo de material ferromagnético
com alta permeabilidade magnética e enrolamentos que, ao serem percorridos por uma corrente
contínua, geram o campo magnético primário dessa máquina. O enrolamento de campo é
excitado na máquina tanto operando como motor quanto operando como gerador.

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Figura 3 – Principais partes constituintes de uma máquina CC. Fonte: Fitzgeralds (2014).

O rotor da máquina é a parte girante da máquina e está representado na Figura 3,


onde estão alocadas as bobinas de armadura. A Figura 4 apresenta uma visão mais ampla do
rotor. Ele também é constituído por um material ferromagnético e seus enrolamentos. No seu
funcionamento como motor, também é excitado em CC através das escovas e, na operação da
máquina como gerador, as escovas são responsáveis por disponibilizarem a tensão gerada pela
máquina.

Figura 4 - Rotor da máquina CC. Fonte: Santana (2022).

Na Figura 4, fica também evidenciado o comutador da máquina CC. O comutador é


o responsável por excitar o enrolamento de armadura da máquina operando como motor ou
disponibilizar a tensão gerada pela máquina em sua operação como gerador. Fica evidenciado
que cada parte do enrolamento de armadura tem seu contato com o comutador. Ele é responsável
também por entregar a tensão gerada em CC, sendo este muitas vezes conhecido como um
retificador mecânico, fazendo analogia com uma ponte retificadora de diodos, entregando
corrente à carga sempre no mesmo sentido, visto que este opera em conjunto com o enrolamento
de armadura e estando as escovas de carvão nele conectadas estáticas.

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A Figura 5 apresenta uma visão mais ampla de um comutador. O anel comutador é


constituído de lâminas de material condutor (cobre) segmentado por um material isolante (mica).

Figura 5 - Comutador de uma máquina de CC. Fonte: Slide Player (2022).

Agora que já conhecemos as principais partes construtivas da máquina CC, podemos


entender o seu princípio de funcionamento como motor e gerador.

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2.2 Princípio de Funcionamento da Máquina CC

A máquina CC pode operar tanto no modo motor como no modo gerador. Basicamente,
seu aspecto construtivo é o mesmo, e os princípios de funcionamento de ambos estão associados
aos conhecimentos que obtivemos ao final da Unidade 1.
Para entendermos o princípio de funcionamento de um gerador simples, vamos considerar
o estator da máquina CC um ímã, visto que seu enrolamento de campo é alimentado por um
campo magnético estacionário gerado pela CC aplicada. Podemos determinar polos norte e sul
desse ímã para facilitar nosso entendimento (Figura 6).

Figura 6 - Princípio de funcionamento de um gerador CC simples. Fonte: Slide Share (2022).

Na Figura 6, podemos perceber os polos norte e sul, que representam o campo magnético
criado a partir dos enrolamentos de campo. De modo a simplificar nosso entendimento, o
enrolamento de armadura está aqui representado a partir de uma única bobina e o par dessa
bobina do comutador segmentado.

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Sabemos que, para que ocorra tensão induzida nessa bobina, é necessário que tenhamos
variação de fluxo magnético, como visto na lei de Faraday. Para o funcionamento do gerador,
além da entrada elétrica responsável pela geração do campo magnético de estator, é necessária
também uma entrada mecânica que estará acoplada ao eixo do gerador, fazendo com que as
bobinas de armadura possam girar, neste exemplo no sentido horário.
Perceba que, no caso do gerador CC, não é o campo magnético que sofre variação, mas,
sim, a bobina de armadura, que ora está sob influência do polo norte, ora sob influência do polo
sul. Essa variação de fluxo vista pela bobina de armadura é a responsável pela geração da energia
elétrica, visto que a tensão induzida é gerada a partir dessa variação de fluxo.
O comutador está sob influência também da energia mecânica fornecida e gira junto
com o eixo da máquina. Estando as escovas de carvão paradas, elas sempre estarão conectadas ao
comutador do mesmo lado do campo norte ou sul, ou seja, a influência do campo será coletada
pela escova de carvão sempre do mesmo polo, o que faz com que, na carga, a corrente sempre
tenha apenas o mesmo sentido. Devido a esse fato, o comutador é conhecido como um retificador
mecânico.
No exemplo prático de funcionamento da máquina operando como gerador, é possível
também verificar o formato de onda da tensão gerada, na prática havendo um achatamento dessa
curva em seu pico. Com a presença de várias bobinas, essa tensão de saída se torna praticamente
contínua, idealmente podendo assim ser considerada.
Na operação do gerador, a entrada mecânica fornecida ao eixo da máquina é convertida

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em energia elétrica entregue pelo enrolamento de armadura.
O funcionamento da máquina operando como motor não conta com a presença de uma
entrada mecânica, visto que o objetivo é justamente que a energia elétrica seja convertida em
energia mecânica. Nesse caso, a saída mecânica entregue no eixo é convertida a partir da interação
dos campos magnéticos de estator e rotor, visto que o campo magnético gerado pela armadura
tenta estar sempre alinhado com o campo magnético gerado pelo enrolamento de campo já que,
neste caso, temos a excitação elétrica também do enrolamento de armadura.
A partir da força de Lorentz, sabemos também que uma corrente que percorre um
condutor imerso em um campo magnético faz com que uma força seja gerada movimentando
esse condutor. Na Figura 7, tal comportamento é apresentado utilizando apenas uma bobina de
armadura. Percebemos que a força presente na bobina de armadura se soma considerando cada
um dos polos.

Figura 7 - Princípio de funcionamento do motor CC. Fonte: O autor.

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Para entender o funcionamento do motor CC, esta animação


pode ajudar bastante. Aproveite para acessar e não se preocupe
por ele estar em Inglês, pois ele contém legenda. O vídeo se
chama DC Motor, How it Works?.

Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=LAtPHANEfQo&list=PLuUd
FsbOK_8qVROrfl2M2WSV2xAz-ABVU&index=8.

2.3 Aplicações, Vantagens e Desvantagens da Máquina CC

A máquina CC vem perdendo espaço em algumas aplicações, visto que a máquina de


indução se beneficia com a utilização de inversores de frequência, facilitando os controles de
torque e velocidade destas, exatamente aplicações em que o uso das máquinas CC era mais
viável. A necessidade de manutenção intensiva em seu uso (por conta das escovas de carvão e do

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anel comutador, reduzindo, assim, a robustez da máquina, além do fator peso-volume/potência
elevado e a restrição para uso em ambientes com possível poluição ou explosivos) faz com que
essas desvantagens sejam essenciais em comparação com as máquinas de indução.
O modelo elétrico da máquina CC é simplificado, e seu modelo dinâmico é linear,
vantagens que trazem facilidades na aplicação dos controles de torque e velocidade. Aliado a
essas vantagens, o acionamento da máquina é bem simplificado, e as estratégias de controle são
bem conhecidas e de fácil execução. O acionamento da máquina pode ser em derivação (para um
controle simplificado da velocidade) ou em série (para um alto conjugado de partida).
Devido às vantagens da máquina CC, as aplicações eram facilmente encontradas em
máquinas de papel, bobinadeiras e desbobinadeiras, lamidoras, máquinas de impressão, prensas,
elevadores e tração elétrica, basicamente em aplicações que exigem um alto torque e um bom
controle de velocidade. Com a evolução do controle aplicado às máquinas de indução e a
possibilidade de operação com controle de velocidade e torque facilitado, principalmente a partir
do uso dos inversores de frequência, as máquinas de indução têm sido uma opção mais utilizada.

2.4 Circuitos Equivalentes e Tipos de Excitações da Máquina CC

Analisado o aspecto construtivo das máquinas CC, não verificamos nenhuma diferença
entre o motor e o gerador de CC. A máquina opera nos dois modos, e fica evidenciada apenas a
diferença no sentido do fluxo de potência elétrica da máquina operando em cada um dos seus
modos. Na operação como gerador, o fluxo de potência está saindo da máquina, pois a corrente
tem sentido dos seus enrolamentos para a carga quando a conectamos em seu enrolamento de
armadura. Já na operação como motor, a corrente tem sentido de entrada, ou seja, da fonte de
alimentação (excitação) para os enrolamentos da máquina.
Poderemos compreender melhor sobre o fluxo de potência da máquina analisando seu
circuito equivalente, operando como motor e operando como gerador. Além dessa compreensão,
podemos realizar uma análise da sua dinâmica de funcionamento e conhecer também os tipos de
excitação empregados.

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2.4.1 Geradores de corrente contínua

Em um primeiro momento, vamos analisar o funcionamento dinâmico do gerador de


CC e conhecer também o seu circuito equivalente. Para que possamos compreender melhor os
circuitos equivalentes das máquinas CC, é apresentada na Figura 8 a simbologia utilizada para
representar os enrolamentos de campo e de armadura da máquina. O enrolamento de campo é
representado pela simbologia de um indutor, e o enrolamento de armadura faz menção às escovas
de carvão acopladas ao comutador da máquina situado em conjunto com rotor.

Figura 8 - Simbologia utilizada para representar os enrolamentos de campo e armadura no circuito


equivalente da máquina CC. Fonte: Fitzgeralds (2014).

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O circuito equivalente de um gerador simples é apresentado na Figura 9. O circuito
equivalente simplificado está dividido em sua representação, onde o enrolamento de campo é
representado por LF, a resistência variável RF representa a resistência que controla a corrente
que passa pelo enrolamento de campo e a resistência própria do enrolamento, e VF é a tensão
aplicada ao enrolamento de campo. Na representação do enrolamento de armadura, temos a
tensão interna induzida (gerada) representada por EA, a resistência do enrolamento de armadura
é representada pela resistência RA, e a tensão entregue à carga, quando houver conexão desta, é
representada pela tensão terminal VT.

Figura 9 - Circuito equivalente de um gerador CC simples. Fonte: Chapman (2013).

A tensão interna induzida (EA) pode ser calculada a partir de EA = K ∙ Φ ∙ nm, em que K é
um coeficiente que diz respeito à parte construtiva da máquina e pode ser desprezado nas análises
aqui apresentadas, Φ é o fluxo magnético gerado pelo enrolamento de campo e nm é a velocidade
mecânica da máquina.

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Como já conhecemos o circuito equivalente simplificado da máquina, vamos analisar


dinamicamente o comportamento do gerador para as excitações independentes e em derivação.
A Figura 10 apresenta o circuito equivalente de um gerador CC com excitação independente.

Figura 10 - Circuito equivalente do gerador CC com excitação independente. Fonte: Chapman (2013).

Analisando a Figura 10, fica evidenciada uma fonte externa responsável pela excitação do
campo a partir de uma tensão VF. A corrente de campo (IF) pode ser calculada a partir da relação
IF = VF / RF visto que, em CC, o enrolamento de campo se comporta como um indutor e pode ser
representado por um curto-circuito.
Independentemente dessa parte do circuito, há a presença da tensão interna induzida

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(EA). A corrente de armadura (IA) é igual à corrente de linha (IL), sendo esta que alimenta a
carga, e a tensão terminal (VT) pode ser obtida a partir da análise do circuito como VT = EA – IA
∙ RA, ou seja, é a tensão interna gerada menos a queda de tensão na resistência do enrolamento
da armadura.
Ao aumentarmos a carga conectada aos terminais de um gerador CC, ocorre um aumento
da corrente de linha, ocasionando uma diminuição na tensão terminal do gerador, visto que IL =
IA e a tensão terminal depende da queda de tensão ocorrida no enrolamento de armadura; assim,
quanto maior a corrente de armadura, maior será a queda de tensão em seu enrolamento e menor
será a tensão terminal disponibilizada para a carga.
Essa análise deve nos trazer um questionamento: como podemos manter a tensão
entregue à carga constante mesmo com um aumento dessa carga? A tal questionamento podemos
responder analisando a relação da tensão terminal e a tensão interna gerada.
Para mantermos a tensão terminal constante mesmo com a carga sofrendo variação,
é necessário alterar a velocidade da máquina ou alterar a corrente de campo que gera o fluxo
magnético da máquina, visto que essas relações são diretamente proporcionais à tensão interna
gerada a partir de EA = K ∙ Φ ∙ ωm.
Dessa forma, ao aumentar a tensão interna gerada na mesma proporção em que a queda de
tensão no enrolamento de armadura é aumentada, podemos manter constante a tensão terminal
entregue à carga.
A característica terminal de um gerador é a relação de suas variáveis de saída, ou seja, a
relação entre a corrente de linha e a tensão terminal entregue à carga. Cada excitação apresentará
uma curva característica referente a essa relação.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A Figura 11 apresenta o comportamento da curva característica do gerador CC com


excitação independente.

Figura 11 - Curva característica de terminal do gerador com excitação independente. Fonte: Chapman (2013).

Outra estratégia de acionamento do gerador CC que conheceremos é a excitação em


derivação. Basicamente, um gerador CC excitado em derivação produz sua própria corrente de
campo, conectando seu campo diretamente aos terminais da máquina.
A Figura 12 apresenta o circuito equivalente de um gerador de CC operando com excitação

MÁQUINAS ELÉTRICAS | UNIDADE 2


em derivação. A partir desse circuito, fica evidenciado que a tensão terminal que alimenta a carga
é novamente VT = EA – IA ∙ RA, ou seja, a tensão terminal é a tensão interna induzida menos a
queda de tensão do enrolamento de armadura, visto que, nesta situação, a tensão é a mesma na
carga e no enrolamento de campo da máquina. A corrente de armadura neste caso é IA = IL + IF,
em que IL é a corrente que alimenta a carga e IF é a corrente de campo da máquina, que pode ser
controlada a partir da resistência variável RF, já que IF = VT / RF.

Figura 12 - Circuito equivalente de um gerador CC excitado em derivação. Fonte: Chapman (2013).

Na excitação em derivação, o próprio gerador alimenta sua corrente de campo. Analisando


o circuito equivalente, isso fica facilmente entendido. A possibilidade normalmente dessa
autoexcitação é possível a partir de um campo magnético residual presente nos enrolamentos da
máquina; ou seja, na partida da máquina esse campo magnético residual é suficiente para que a
máquina entre em operação.
Quando o campo magnético residual não é suficiente para essa autoexcitação, é utilizada
uma excitação externa na partida e, após a partida da máquina, a excitação externa pode ser
retirada.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

O controle da tensão terminal para o gerador excitado em derivação segue a mesma


estratégia já apresentada para a excitação independente, ou seja, um aumento/decréscimo de
velocidade ou um aumento/decréscimo da corrente de campo resultam no aumento, decréscimo
ou manutenção da tensão de terminal, de acordo com a necessidade a ser atendida.
Outras estratégias de excitação para o gerador CC podem ser utilizadas, como as excitações
em série e as compostas cumulativa e diferencial. Essas outras estratégias de excitação podem ser
verificadas em literaturas específicas da área, como em Chapman (2013) e Fitzgeralds (2014), que
estão entre as indicações de leitura para complementação deste material.

2.4.2 Motores de corrente contínua

O motor de CC apresenta a mesma estrutura construtiva do gerador, sendo o fluxo de


potência elétrico da máquina contrário ao apresentado pelo gerador. As estratégias de excitação
também podem ser diversas. Conheceremos a excitação independente e a excitação em derivação
do motor de CC. Diferentemente das características terminais do gerador, as variáveis de interesse
na operação da máquina como motor são o torque e a velocidade entregues na ponta de seu eixo.
Ao analisar o circuito equivalente, ficará evidenciado que ainda temos a presença de
uma tensão interna induzida, já que o fluxo magnético permanecerá em variação visto pelo
enrolamento de armadura.
A Figura 13 apresenta o circuito elétrico de um motor de CC e sua excitação independente,

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em que VF é a tensão de campo aplicada nos enrolamentos de campo, IF é a corrente de campo
que pode ser controlada a partir de uma resistência Raj que é colocada em série com a resistência
do enrolamento de campo RF. LF é utilizado para representar o enrolamento de campo.

Figura 13 - Circuito equivalente do motor CC com excitação independente. Fonte: Chapman (2013).

Analisando o circuito da Figura 13 no lado que representa a armadura da máquina, temos


a presença da tensão interna induzida representada por EA, a tensão terminal VT neste caso
excitando os terminais de armadura e a presença da corrente de armadura IA = IL que, no motor,
tem o sentido de entrada para a máquina, diferentemente do que temos no caso da máquina
operando como gerador.
Analisando o circuito, fica evidente que a corrente de campo pode ser calculada a partir
de IF = VF / RF, e a resistência RF nesse caso tem o adicional da resistência Raj, que pode controlar
a corrente na partida da máquina e ser também utilizada para controlar a corrente de campo da
máquina. A tensão terminal do motor é obtida pela relação VT = EA + IA ∙ RA, sendo a corrente
de armadura IA igual à corrente de entrada IL da máquina.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A Figura 14 apresenta o circuito equivalente do motor CC operando com a excitação


em derivação. Nessa situação, não há uma fonte de tensão para cada um dos enrolamentos da
máquina, apenas a tensão terminal é aplicada, estando os enrolamentos de campo e de armadura
em derivação.

Figura 14 - Circuito equivalente do motor CC com excitação em derivação. Fonte: Chapman (2013).

A corrente de campo IF do motor excitado em derivação pode ser obtida a partir de IF

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= VT / RF, visto que a tensão terminal VT é aplicada nos terminais de campo da máquina. A
relação entre a tensão terminal e a corrente de armadura nesta situação é exatamente a mesma da
excitação independente, em que VT = EA + IA ∙ RA, porém, a corrente de linha neste caso não é
igual à corrente de armadura e pode ser obtida a partir da Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC)
ou lei dos nós e é IL = IF + IA, já que, agora, os enrolamentos de campo e de armadura dividem a
corrente total de entrada da máquina.
As variáveis de interesse da máquina CC operando como motor são o torque e a velocidade,
assim, a característica terminal do motor será a relação entre essas variáveis. O torque do motor
CC pode ser obtido a partir da relação τind = K ∙ Φ ∙ IA, em que o coeficiente K novamente tem
relação com o aspecto construtivo da máquina e não interfere nas nossas análises, Φ é o fluxo
magnético da máquina gerado a partir da corrente de campo, e IA é a corrente de armadura.
Assim como no gerador, o motor tem o gráfico que apresenta o comportamento de suas
variáveis terminais do motor, ou seja, das variáveis de interesse da máquina operando como
motor, o torque induzido na ponta do eixo e a velocidade de rotação da máquina. A Figura 15
apresenta a característica terminal de um motor em derivação, em que fica evidenciado que um
aumento no torque induzido do motor proporciona uma queda na velocidade do mesmo.

Figura 15 - Característica terminal do motor CC em derivação. Fonte: Chapman (2013).

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Para entender o comportamento apresentado na Figura 15, vamos analisar o


comportamento da máquina dinamicamente. Para essa análise, vamos considerar um motor
excitado em derivação e vamos considerar um aumento de carga em um motor. Instantaneamente,
um aumento de carga resulta em uma queda na velocidade do motor (τcarga > τind → ↓ ωm).
A queda na velocidade do motor faz com que ocorra também uma queda na tensão
interna gerada (↓ EA = K ∙ Φ ∙ ↓ ωm), resultando em um aumento da corrente de armadura (↑ IA =
((VT - ↓ EA)) / RA), até que o torque induzido seja novamente igual ao torque exigido pela carga,
visto que o torque induzido pode ser obtido a partir da relação τind = K ∙ Φ ∙ IA.

2.5 Controle de Velocidade Motor CC em Derivação

Uma das vantagens do motor CC é a facilidade do controle de sua velocidade visto que
seu modelo matemático é linear e de simples entendimento. Para o controle da velocidade de um
motor CC em derivação, basicamente há três possibilidades:

1. Ajuste da resistência de campo (Rf) e, consequentemente, o fluxo do campo magnético


criado pelo enrolamento de campo;
2. Ajuste da tensão terminal aplicada à armadura;

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3. Inserção de um resistor em série com o circuito de armadura.
Os dois primeiros métodos de controle de velocidade de um motor CC em derivação
são mais comuns, sendo o primeiro mais aplicado; já o terceiro método não é tão comumente
encontrado.
A partir do primeiro método, pode-se aumentar ou diminuir a corrente de campo da
máquina e, consequentemente e diretamente proporcional, aumentar ou diminuir o campo
magnético do enrolamento de campo e a tensão interna induzida (EA). A variação na tensão
interna induzida resulta, de forma inversamente proporcional, numa variação também na
corrente de armadura do motor e, assim, também em seu torque induzido, situação esta que pode
resultar em aumento ou diminuição da velocidade do motor CC.

Para auxílio no entendimento da máquina de corrente contínua,


o livro Fundamentos de Máquinas Elétricas, do autor Stephen J.
Chapman, pode ser leitura complementar ao nosso material.

Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580552
072/cfi/0!/4/2@100:0.00.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado(a) acadêmico(a), esta unidade serviu para introduzirmos os conhecimentos


referente às máquinas elétricas. A máquina de corrente contínua foi apresentada a partir de seus
aspectos construtivos, aplicações e modos de operação como motor e gerador.
Foram apresentados os circuitos equivalentes e as principais formas de excitar a máquina
para as operações. Essa máquina vem perdendo espaço nas aplicações práticas, mas é base para o
estudo de máquinas elétricas, sendo possível encontrá-la para aplicações específicas, sendo peça
importante e fundamental para esta área da engenharia elétrica.

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

03
DISCIPLINA:
MÁQUINAS ELÉTRICAS

MÁQUINAS SÍNCRONAS

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................28
1 MÁQUINAS SÍNCRONAS...........................................................................................................................................29
1.1 ASPECTO CONSTRUTIVO DAS MÁQUINAS SÍNCRONAS...................................................................................29
1.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DAS MÁQUINAS SÍNCRONAS....................................................................32
1.3 CARACTERÍSTICAS E CIRCUITO EQUIVALENTE DO GERADOR SÍNCRONO....................................................33
1.4 DIAGRAMA FASORIAL DO GERADOR SÍNCRONO...............................................................................................37
1.5 POTÊNCIAS EM UM GERADOR SÍNCRONO........................................................................................................39
1.6 PARÂMETROS DO MODELO DE GERADOR SÍNCRONO......................................................................................40
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................43

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO

Seja bem-vindo(a) à Unidade 3 de desenvolvimento dos estudos e pesquisas, sendo este


um material básico dirigido aos conhecimentos da disciplina. Agora, será apresentada a máquina
síncrona, desde seu aspecto construtivo e aplicações, até análises dinâmicas de seu funcionamento
como motor e como gerador.
A máquina síncrona, diferentemente da máquina CC apresentada na Unidade 2, é uma
máquina de corrente alternada, sendo ela responsável por grande parte da energia gerada no
Brasil, visto que é a máquina empregada nas usinas hidrelétricas para geração da energia.

MÁQUINAS ELÉTRICAS | UNIDADE 3

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

1 MÁQUINAS SÍNCRONAS

As máquinas elétricas têm seu aspecto construtivo muito similar. Na Unidade 2, pudemos
conhecer mais sobre as máquinas de corrente contínua a partir do seu modo de operação e seu
comportamento dinâmico.
A máquina síncrona também é uma máquina rotativa, que terá sua parte fixa conhecida
como estator e seu rotor sendo sua parte móvel, que se movimenta na parte interior da máquina.
A primeira diferença entre a máquina síncrona e a máquina CC que já conhecemos é a sua
operação: como gerador, a mesma gera uma tensão alternada e, em sua operação como motor,
esta também recebe uma tensão alternada para seu funcionamento.
A importância da máquina síncrona pode ser destacada em seu funcionamento como
gerador, visto que ela é a máquina utilizada na geração hidráulica de energia em grande parte
dos casos. Sendo assim, é extremamente importante para a matriz energética brasileira visto que
a energia gerada pelas hidrelétricas corresponde à grande parte da energia gerada do nosso País.
Essa característica faz com que seja importante conhecermos essa máquina e entendermos como
é seu funcionamento.
Trataremos da máquina síncrona dividida por partes para facilitar nosso entendimento;
primeiramente, abordaremos o seu aspecto construtivo e suas características.

MÁQUINAS ELÉTRICAS | UNIDADE 3


1.1 Aspecto Construtivo das Máquinas Síncronas

As máquinas síncronas também são compostas por estator e rotor, como já mencionado.
Diferentemente da máquina CC, no seu estator está localizado seu enrolamento de armadura e,
em seu rotor, encontra-se o seu enrolamento de campo.
Os princípios envolvidos no funcionamento das máquinas são basicamente os mesmos,
mas a forma de interação entre os campos magnéticos e as particularidades construtivas de cada
uma delas é o aspecto que traz as diferenças. O estator da máquina síncrona é construído a partir
de material ferromagnético com enrolamentos de cobre, de forma que a tensão gerada resultante
ou a tensão aplicada seja uma tensão alternada trifásica. A Figura 1 apresenta o estator de uma
máquina síncrona e sua carcaça de proteção.

Figura 1 - Estator e carcaça de proteção de uma máquina síncrona. Fonte: Chapman (2013).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A Figura 2 apresenta o comportamento da tensão alternada trifásica normalmente


utilizada na máquina síncrona. Lembre-se de que o fluxo de potência elétrica da máquina
operando como gerador é diferente do fluxo de potência da máquina operando como motor.
Normalmente, a máquina síncrona operando como gerador tem uma entrada mecânica e uma
entrada elétrica e uma saída elétrica; já a operação da máquina como motor é de duas entradas
elétricas e uma saída mecânica.

Figura 2 - Sistema trifásico. Fonte: Chapman (2013).

O rotor da máquina síncrona segue o mesmo padrão construtivo das demais máquinas

MÁQUINAS ELÉTRICAS | UNIDADE 3


elétricas, composto por material ferromagnético com enrolamentos de cobre. As máquinas
síncronas com variações construtivas no rotor, como as máquinas brushless (sem escovas), não
serão aqui abordadas, e o objetivo do nosso estudo são as máquinas mais utilizadas. O rotor da
máquina síncrona é normalmente utilizado em duas variações: os rotores de polos lisos e os
rotores de polos salientes.
A Figura 3 apresenta o rotor de polo liso utilizado nas máquinas síncronas, conhecido
como eixo horizontal. Esse rotor é utilizado para aplicações com altas velocidades, normalmente
operando com 2 ou 4 polos. A Figura 4 apresenta um rotor de polo liso que, na prática, é utilizado
em uma usina termoelétrica.

Figura 3 - Rotor de polos lisos da máquina síncrona. Fonte: Chapman (2013).

Figura 4 - Rotor de polos lisos, utilizado em uma usina termoelétrica. Fonte: Chapman (2013).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Os rotores de polos salientes, conhecidos como rotores verticais, são utilizados para
aplicações em que a máquina opera com baixa velocidade e têm uma grande quantidade de
polos, sendo utilizados normalmente em usinas hidrelétricas. A Figura 5 apresenta a estrutura
construtiva do rotor de polos salientes, e a Figura 6 apresenta o rotor utilizado na usina hidrelétrica
de Itaipu, em sua fase de montagem.

Figura 5 - Rotor de polos salientes da máquina síncrona. Fonte: Chapman (2013).

MÁQUINAS ELÉTRICAS | UNIDADE 3

Figura 6 - Rotor de polos salientes utilizado na usina hidrelétrica de Itaipu. Fonte: Saber Fazer (2022).

Independentemente do rotor utilizado, a máquina síncrona tem seu enrolamento de


campo, presente no rotor, excitado em corrente contínua. Essa excitação pode ocorrer de duas
formas: com a utilização de escovas e a presença de anéis coletores, assim como a excitação feita
nas máquinas CC, ou a partir da prolongação do eixo da máquina e a presença de um gerador
conhecido como excitatriz que gera a energia CC e entrega diretamente ao enrolamento de campo
da máquina.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A Figura 7 apresenta o rotor de uma máquina síncrona com eixo prolongado e um gerador
que fornece a tensão CC diretamente ao enrolamento de campo da máquina síncrona.

Figura 7 - Rotor de polos salientes e excitatriz presente no eixo da máquina síncrona. Fonte: Chapman (2013).

1.2 Princípio de Funcionamento das Máquinas Síncronas

A máquina síncrona é assim conhecida devido ao seu sincronismo entre os campos de

MÁQUINAS ELÉTRICAS | UNIDADE 3


estator e rotor. Há uma relação entre seu campo de estator (campo girante) e a velocidade de
operação da máquina.
Na operação como motor, as tensões trifásicas aplicadas em seu estator resultam em um
campo conhecido como girante. Esse campo girante é resultado das interações entre as três fases,
e o comportamento do mesmo é exatamente como se ele estive girando em seu estator. O campo
girante resultante gira em uma velocidade conhecida como síncrona. Ela depende da frequência
da tensão aplicada e da quantidade de polos que a máquina possui, podendo ser calculada a partir
de:

em que ns é a velocidade do campo girante em rpm, f é a frequência da tensão aplicada e


P é a quantidade de polos da máquina. No caso da máquina síncrona, a velocidade do seu campo
girante é igual à velocidade de operação da máquina.

Para entender como o campo magnético é gerado, a animação


apresentada no vídeo é essencial. Após assistir ao vídeo, você terá
compreendido, de forma mais facilitada, sobre o campo magnético
girante das máquinas AC.

Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=8XF-11MQGQ0.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Como já sabemos, o rotor da máquina síncrona é alimentado em CC. A corrente que


passa pelos enrolamentos de campo submerso no campo girante de estator faz com que uma
força seja gerada, e é justamente a interação entre o campo girante e o campo criado no rotor que
faz com que a máquina tenha movimento, entregando um torque mecânico em seu eixo no seu
funcionamento como motor. Vale salientar que a velocidade de rotação da máquina é exatamente
a velocidade síncrona do campo girante de estator.
Percebemos que, no funcionamento do motor síncrono, há a interação entre o campo
girante resultante das três tensões aplicadas ao estator e o campo magnético gerado pelo
enrolamento de campo.
Da mesma forma como no gerador CC, o gerador síncrono tem uma entrada mecânica,
uma entrada elétrica e uma saída elétrica. Dessa forma, no gerador síncrono a entrada elétrica
é disponibilizada no enrolamento de campo a partir de uma tensão CC, a qual gera um campo
magnético estacionário que, ao entrar em movimento a partir do torque mecânico aplicado ao
eixo da máquina, faz com que a bobina presente no estator esteja imersa em uma variação de
fluxo magnético, já que ora está sob influência do polo sul, ora do polo norte quando fazemos
uma analogia com um ímã.
De acordo com a lei de Faraday, a variação de fluxo observada pelo enrolamento de
armadura é a responsável pela tensão gerada nos enrolamentos do estator. Essa tensão gerada
é uma tensão trifásica, como aquela apresentada na Figura 2, e a frequência dessa tensão tem
relação com a velocidade da máquina e a quantidade de polos, podendo ser obtida a partir da

MÁQUINAS ELÉTRICAS | UNIDADE 3


relação:

em que f é a frequência da tensão gerada, nm é a velocidade mecânica da máquina e P é a


quantidade de polos.

1.3 Características e Circuito Equivalente do Gerador Síncrono

Foi apresentado o princípio de funcionamento dos motores e geradores, mas, devido


à importância do gerador síncrono, ele será nosso foco de estudo quanto às características e
circuito equivalente dessa máquina.
Para compreender mais sobre as características do gerador síncrono, vamos iniciar
analisando a tensão interna gerada no gerador síncrono. A tensão interna gerada é obtida a partir
da relação:

em que EA é a tensão interna gerada, k é o coeficiente que representa os aspectos


construtivos da máquina e pode ser desconsiderado nas nossas análises, Φ é o fluxo magnético
presente no enrolamento de campo do gerador e ω é a velocidade da máquina.
A tensão interna gerada é diretamente proporcional ao fluxo magnético e à velocidade da
máquina. O fluxo magnético é dependente da corrente de campo aplicada aos enrolamentos do
rotor, assim, podemos concluir que a tensão interna gerada é também diretamente proporcional
à corrente de campo da máquina.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A curva de magnetização da máquina apresentada na Figura 8a pode assumir para


velocidade constante a curva apresentada na Figura 8b, que relaciona a tensão interna gerada e a
corrente de campo.

Figura 8 - Curva de magnetização da máquina síncrona. Fonte: Chapman (2013).

Analisando a Figura 8 e a curva de magnetização da máquina síncrona, quanto maior


a corrente de campo, maior será o seu fluxo magnético e, consequentemente, a tensão interna

MÁQUINAS ELÉTRICAS | UNIDADE 3


induzida. Esse crescimento ocorre de forma linear até o joelho da curva de magnetização, sendo
esse o ponto onde ocorre a saturação do material ferromagnético. Com a saturação do material
ferromagnético, o aumento da corrente de campo não resulta em um aumento também da tensão
interna induzida na mesma proporção.
A tensão interna induzida pelo gerador não é a tensão disponibilizada para a carga, ou
seja, não é a tensão terminal do gerador. A tensão terminal do gerador (Vϕ) é a tensão interna
induzida menos as perdas elétricas ocorridas no enrolamento de armadura. A Figura 9 apresenta
o circuito equivalente do gerador síncrono.

Figura 9 - Circuito equivalente de um gerador síncrono. Fonte: Chapman (2013).

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O circuito equivalente da máquina síncrona apresentado na Figura 9 é dividido em duas


partes. A parte à esquerda representa o enrolamento de campo presente no rotor, sendo: VF a
tensão de excitação CC desse enrolamento; Raj representa uma resistência variável que pode ser
utilizada em série com o enrolamento da máquina para controle da corrente de campo IF; RF
representa a resistência do enrolamento de campo; e LF, a indutância desse enrolamento. A parte
à direita representa as três fases disponíveis no enrolamento de armadura, EAn a tensão interna
induzida em cada um dos enrolamentos de armadura, jXS é a reatância própria de cada um dos
enrolamentos, RA é a resistência nos enrolamentos de cada fase, IAn é a corrente em cada uma
dessas fases e Vϕn é a tensão terminal também de cada uma das fases, em que n pode representar
as fases 1 a 3 para essa aplicação.
Como as três fases são idênticas, exceto pelo ângulo de fase, é usual encontrarmos o
circuito equivalente do gerador síncrono utilizando apenas uma fase na representação de sua
armadura, como apresentado na Figura 10. Todas as considerações e valores ali expressos ou
calculados equivalem igualmente para as demais fases. Nesse caso, a resistência variável Raj está
representada juntamente com RF.

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Figura 10 - Circuito equivalente do gerador síncrono representado apenas com uma fase no estator.
Fonte: Chapman (2013).

Os fatores responsáveis pela diferença entre a tensão interna induzida (EA) e a tensão
terminal (Vϕ) são a reação da armadura, a autoindutância das bobinas da armadura e as
resistências das bobinas da armadura.
A reação da armadura é a distorção que ocorre no campo original do gerador no momento
em que uma carga é acoplada no gerador, uma corrente trifásica circulará nos enrolamentos da
armadura e a interação do campo produzido por essa corrente distorce, então, o campo magnético
da máquina.
A reação da armadura e a autoindutância dos enrolamentos da armadura são representadas
na Figura 10 a partir de jXS, denominada reatância síncrona da máquina, matematicamente
representada por:

em que X representa a reatância indutiva dos enrolamentos da armadura e XA representa


a reatância simbolizada pela reação da armadura.

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Assim, podemos determinar que a tensão terminal do gerador é:

em que jXIA é a parcela da queda de tensão no enrolamento de armadura, jXAIA é a queda


de tensão proveniente da reação da armadura e RAIA é a queda de tensão ocorrida na resistência
do enrolamento da armadura. A tensão terminal pode ser determinada de forma simplificada a
partir da reatância síncrona, pela relação:

em que jXsIA representa a queda de tensão ocorrida devido à indutância do enrolamento


de armadura e a reação da armadura.
Agora que conhecemos mais das características da máquina síncrona e seu funcionamento
como gerador, é importante salientar que essa máquina pode, a partir da regulação de sua
corrente de campo e sua corrente de armadura, operar com fator de potência unitário, indutivo
e capacitivo, sendo muitas vezes utilizada como compensador síncrono reativo em subestações.
A tensão gerada na máquina síncrona é uma tensão trifásica. Os enrolamentos de
armadura podem ser conectados em estrela (Y) ou em triângulo, também conhecido como delta
(Δ).
A Figura 11 apresenta a conexão do gerador síncrono conectado em estrela. Percebemos

MÁQUINAS ELÉTRICAS | UNIDADE 3


nessa conexão, como esperado, a presença do ponto neutro comum a todas as fases.

Figura 11 - Conexão em estrela do enrolamento de armadura de um gerador síncrono. Fonte: Chapman (2013).

Analisando a Figura 11, percebemos que a tensão terminal (Vϕ) representa a tensão
fase-neutro ou tensão de fase para cada uma das fases, a corrente de armadura (IA) é igual à
corrente de linha (IL) e a tensão (VT = VL) é a tensão de linha (tensão fase-fase) do gerador. Essa
análise utilizou a fase A1 como referência, mas o mesmo se aplica para as outras fases da máquina,
considerando que o gerador está equilibrado e alimentando cargas equilibradas.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Como já sabemos, a tensão de fase e a tensão de linha estão relacionadas na proporção


de √3; assim:

A conexão em triângulo dos enrolamentos da armadura do gerador síncrono é


apresentada na Figura 12. Analisando a Figura 12, é possível verificar a ausência do neutro, como
já conhecido por nós, por se tratar da conexão em triângulo. A tensão terminal (Vϕ) de cada fase
está representada nos terminais de cada uma delas. Nessa configuração, a tensão terminal é igual
à tensão de linha (VT = Vϕ), sendo esta a tensão fase-fase do gerador síncrono. A corrente IL é a
corrente de linha para cada uma das fases. Utilizamos a fase A3 como referência, sendo válido o
mesmo para as demais fases.

MÁQUINAS ELÉTRICAS | UNIDADE 3


Figura 12 - Conexão em triângulo do enrolamento de armadura de um gerador síncrono. Fonte: Chapman (2013).

1.4 Diagrama Fasorial do Gerador Síncrono

O fasor é o artifício utilizado na análise de circuitos elétricos de corrente alternada, já que


é possível analisar o comportamento da tensão e corrente de acordo com os elementos presentes
no circuito analisado. O fasor como conhecemos apresenta a magnitude e fase (ângulo) e pode
ser expresso na forma polar, retangular ou exponencial.
Graficamente, as interações entre as tensões e corrente de fase podem ser apresentadas
em um gráfico bidimensional conhecido como diagrama fasorial.
Para analisar o diagrama fasorial do gerador síncrono alimentando as cargas resistivas,
indutivas e capacitivas, utilizaremos apenas uma fase na análise e podemos considerar, assim, o
circuito equivalente apresentado na Figura 13.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Figura 13 - Circuito equivalente da armadura do gerador síncrono utilizado para analisar o fator de potência
para as diversas cargas. Fonte: Chapman (2013).

Analisaremos, a partir da Figura 13, as conexões de cargas resistivas, indutivas e capacitivas


no gerador síncrono. Nas nossas análises, apresentaremos a relação entre a tensão interna induzida
(EA), a tensão terminal (Vϕ), a queda de tensão referente à reatância síncrona (jXSIA), a queda de
tensão referente à resistência do enrolamento de armadura (RAIA) e a corrente de armadura IA.
O diagrama fasorial para uma carga resistiva com fator de potência unitário é apresentado
na Figura 14. É possível verificar que a corrente de armadura (IA) e a tensão terminal (Vϕ) estão
em fase, já que os dois fasores estão alinhados. A queda de tensão resistiva é representada pelo

MÁQUINAS ELÉTRICAS | UNIDADE 3


fasor RAIA, também alinhado com a tensão terminal e a corrente de armadura. A queda de tensão
devido à reatância síncrona é representada pelo fasor jXSIA, o qual representa a queda de tensão
devido à reação de armadura e a reatância própria do enrolamento de armadura. A tensão interna
induzida é perceptivelmente maior que a tensão terminal, e há um deslocamento de δ entre elas.

Figura 14 - Diagrama fasorial de um gerador síncrono com fator de potência unitário. Fonte: Chapman (2013).

O diagrama fasorial para uma carga indutiva é apresentado na Figura 15. Analisando
o diagrama fasorial, percebemos o atraso da corrente de armadura (IA) em relação à tensão
terminal (Vϕ) que alimenta a carga. O fasor que representa a queda de tensão resistiva (RAIA) do
enrolamento de armadura também está em atraso com relação à tensão terminal, por se tratar de
carga indutiva. A queda de tensão devido à reatância se apresenta maior do que o caso da carga
resistiva apresentado na Figura 14. A tensão interna é induzida com valores superiores à tensão
terminal também com o deslocamento δ entre elas.

Figura 15 - Diagrama fasorial de um gerador síncrono com fator de potência atrasado. Fonte: Chapman (2013).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

O diagrama fasorial para uma carga capacitiva é apresentado na Figura 16. Para essa
situação, percebemos uma corrente de armadura adiantada em relação às tensões terminal e
interna induzida. O fasor que representa a queda de tensão resistiva dos enrolamentos também
está adiantado em relação à tensão terminal, devido ao comportamento de adianto da corrente.
Diferentemente dos casos anteriores, a tensão interna induzida neste caso é menor que a tensão
terminal.

Figura 16 - Diagrama fasorial de um gerador síncrono com fator de potência adiantado. Fonte: Chapman (2013).

Percebemos que a tensão interna induzida necessária para produção da mesma tensão
terminal é maior quando o gerador alimenta cargas atrasadas do que adiantadas. Na modelagem
da máquina para estudos dinâmicos, a resistência do enrolamento de armadura normalmente
pode ser desprezada visto que a reatância síncrona normalmente tem valores muito superiores, e

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somente ela é considerada.

1.5 Potências em um Gerador Síncrono

A potência mecânica entregue ao gerador é uma potência de entrada, visto que o gerador
converterá a potência mecânica de entrada em potência elétrica. Nem toda potência mecânica
de entrada será convertida em potência elétrica já que há perdas nessa conversão. A potência
mecânica de entrada é a potência fornecida ao eixo do gerador e pode ser obtida a partir da
relação:

em que τap é o torque fornecido e ωm é a velocidade da máquina em radianos por segundo.


A potência convertida para a forma elétrica pode ser obtida a partir de:

em que EA é a tensão interna induzida, IA é a corrente de armadura e γ é o ângulo entre a


tensão interna induzida e a corrente de armadura. A potência de saída elétrica ativa da máquina,
expressa em grandezas de linha, é obtida a partir de:

sendo θ o ângulo entre a tensão e a corrente de linha. Essa mesma relação pode ser obtida
para as grandezas de fase do gerador, e a potência de saída pode ser calculada a partir da relação:

em que θ é o ângulo entre a tensão terminal e a corrente de armadura.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A potência de saída reativa da máquina também pode ser expressa a partir das relação de
linha e fase. A potência reativa de saída, expressa a partir das grandezas de linha, pode ser obtida
pela relação:

E essa potência de saída expressa a partir das grandezas de fase é calculada a partir de:

sendo θ os ângulos entre as tensões e correntes em cada um dos casos.


Basicamente, se analisarmos o diagrama de fluxo de potência apresentado na Figura 17,
entendemos como é o comportamento das potências em um gerador síncrono.

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Figura 17 - Diagrama do fluxo de potência em um gerador síncrono. Fonte: Chapman (2013).

Analisando a Figura 17, vemos que a potência elétrica de saída é a potência mecânica de
entrada menos todas as perdas que ocorrem no processo de conversão dessa energia. As perdas
são baseadas em perda no núcleo ferromagnético da máquina, por correntes parasitas, as perdas
por atrito e ventilação, perdas suplementares e as perdas resistivas que ocorrem nos enrolamentos,
que são as perdas no cobre (I2 ∙ R).

1.6 Parâmetros do Modelo de Gerador Síncrono

A partir do circuito equivalente do gerador síncrono, percebemos que, para descrever o


comportamento de um gerador síncrono real, é necessário determinar três grandezas: a relação
entre corrente de campo e o fluxo (corrente de campo e tensão interna induzida), a reatância
síncrona e a resistência de armadura.
Utilizando o recurso de dois ensaios, podemos determinar essas grandezas. Com ensaio
a vazio (circuito aberto), é possível encontrar a tensão interna do gerador para qualquer corrente
de campo dada; para este ensaio, é necessário colocar o gerador em operação em velocidade
nominal e, com todos os terminais de armadura desconectados, ajustar a corrente campo para
zero. O segundo passo é incrementar gradualmente a corrente de campo e medir a tensão nos
terminais para cada incremento realizado.

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Com os terminais de armadura abertos (IA = 0), a corrente de armadura é igual a zero
visto que não há nenhuma carga conectada ao gerador, assim, EA = Vϕ. Desse modo, é possível
construir o gráfico EAxIF. Essa curva é denominada Característica a Vazio (CAV) ou Característica
de Circuito Aberto (CCA), curva apresentada na Figura 18.

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Figura 18 - Característica a vazio (CAV) de um gerador síncrono. Fonte: Chapman (2013).

A partir da curva apresentada na Figura 18, é possível encontrar a tensão gerada interna
do gerador para qualquer corrente de campo. O comportamento linear da curva ocorre até a
saturação magnética do material devido aos elevados níveis de corrente de campo. Essa porção
linear de uma curva característica é conhecida como linha de entreferro.
O segundo ensaio que pode ser realizado é o ensaio de curto circuito. Para esse ensaio,
novamente é necessário que a corrente de campo inicie novamente em zero. Com a utilização de
um conjunto de amperímetros, coloque em curto circuito os terminais do gerador; dessa forma,
a corrente de armadura ou a corrente de linha é medida enquanto incrementamos a corrente de
campo. Para esse experimento, é necessário cuidado no aumento da corrente de campo, e deve-
se verificar para que a corrente armadura não seja extrapolada. A curva obtida a partir desse
experimento é denominada Característica de Curto Circuito (CCC), apresentada na Figura 19.

Figura 19 - Curva Característica de Curto Circuito de um gerador síncrono. Fonte: Chapman (2013).

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A curva apresentada na Figura 19 é basicamente uma reta. Analisando o circuito


equivalente quando os terminais são curto circuitados, a corrente IA é dada por:

e seu módulo é simplesmente:

Analisando as duas curvas características, a impedância interna da máquina pode ser


obtida a partir de:

E, como já de conhecimento, como XS ≫ RA, essa equação se reduz a:

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Assim, se EA e IA forem conhecidas em uma dada situação, a reatância síncrona poderá
ser encontrada.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado(a) acadêmico(a), nesta unidade conhecemos a máquina síncrona em sua


principal aplicação no seu modo gerador.
Essa é a principal aplicação para este tipo de máquina, principalmente no Brasil, onde
temos grande parte da nossa geração a partir de hidroelétricas.

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

04
DISCIPLINA:
MÁQUINAS ELÉTRICAS

MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................45
1 TRANSFORMADOR....................................................................................................................................................46
2 MÁQUINA ASSÍNCRONA..........................................................................................................................................48
2.1 ASPECTO CONSTRUTIVO DA MÁQUINA ASSÍNCRONA.....................................................................................48
2.2 CARACTERÍSTICAS E PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DA MÁQUINA DE INDUÇÃO..................................50
2.3 O CONCEITO DE ESCORREGAMENTO.................................................................................................................52
2.4 CIRCUITO EQUIVALENTE DO MOTOR DE INDUÇÃO..........................................................................................53
2.5 POTÊNCIA E CONJUGADO.....................................................................................................................................56
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................58

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO

Caro(a) acadêmico(a), nesta Unidade 4 será apresentada a máquina assíncrona.


A abordagem dessa máquina elétrica será de forma básica, com o intuito de entender como
se dá seu funcionamento e as principais partes construtivas que a compõem, suas características
e seu circuito equivalente.
Ótima aula e leitura proveitosa sobre os temas abordados na disciplina!

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1 TRANSFORMADOR

As máquinas elétricas mais utilizadas e mais conhecidas são as estudadas neste material.
Primeiramente, conhecemos as máquinas de CC e sua operação no modo motor e gerador. Após
a máquina CC, conhecemos a máquina síncrona, sua importância na operação como gerador,
principalmente em países como o Brasil, onde grande parte de sua geração vem da geração
hidráulica de energia.
Nesta unidade, conheceremos a máquina assíncrona, conhecida como máquina de
indução. Trataremos dela na sua operação como motor, principalmente atuando com três fases.
A robustez, eficiência e peso-volume-potência, aliados a outras vantagens, fazem com que ela
seja a máquina mais utilizada em todo o mundo. Após o advento da eletrônica de potência,
posterior aos anos 1980, a possibilidade do controle de velocidade e torque facilitado na máquina
de indução faz com que o aumento do seu emprego ocorra de forma considerável.
Para facilitar o entendimento da máquina de indução e seu funcionamento como
motor, primeiramente apresentaremos os conceitos básicos de um transformador monofásico.
O transformador de potência não é uma máquina elétrica, mas tem sua operação baseada na
indução eletromagnética, com funcionamento similar à máquina de indução.
Esse equipamento é essencial para o funcionamento dos sistemas elétricos de potência,

MÁQUINAS ELÉTRICAS | UNIDADE 4


pois é o transformador que viabiliza que a energia elétrica seja transportada da geração até os
centros consumidores.
O transformador consiste em um núcleo ferromagnético que acopla dois circuitos
elétricos: um circuito que chamamos de primário e outro denominado secundário, como pode
ser visto na Figura 1.

Figura 1 - Modelo básico do transformador. Fonte: USP (2022).

Ao se aplicar uma tensão alternada no enrolamento de primário (NP), uma


corrente elétrica alternada (IP) gera um fluxo também alternado que fica concentrado, quase
que em sua totalidade, no núcleo ferromagnético, situação exemplificada na Figura 1. O fluxo
magnético presente no núcleo do transformador induz, a partir da lei de Faraday, uma tensão no
secundário (VS) e, consequentemente, uma corrente (IS) no momento em que uma carga elétrica
é conectada aos enrolamentos de secundário do transformador.
O fluxo variável concentrado no núcleo possibilita que, pela indução eletromagnética,
uma tensão seja gerada no secundário do transformador, e é essa etapa que faz com que o
transformador e o motor de indução sejam muito similares. O transformador não possui partes
móveis, sua estrutura é toda constituída de partes fixas, mas, devido a essas similaridades, a
máquina de indução é conhecida como um transformador rotativo, fazendo analogia aos dois
equipamentos.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

O transformador é utilizado com alguns objetivos, sendo o mais importante a


possibilidade de elevação de tensão e abaixamento da corrente elétrica, mantendo a relação de
potência constante. Para a quantidade de enrolamentos de primário e secundário que define se
um transformador vai elevar ou abaixar o nível de tensão e de quanto será essa variação, tal
relação é determinada a partir de:

em que VP é a tensão aplicada no primário, VS é a tensão induzida no secundário, NP é a


quantidade de espiras de primário, NS é a quantidade de espiras de secundário e a é a relação de
transformação. Essa é a relação de tensão de um transformador de potência.
A partir da relação de tensão, conseguimos entender como deve ser a relação das espiras
de primário e secundário para que o transformador opere elevando ou abaixando a tensão.
Para uma elevação de tensão, a relação de transformação é menor que 1. Para entendermos,
utilizaremos exemplo prático: se queremos obter uma tensão de secundário duas vezes, a tensão
de primário, a relação de transformação deve ser 0,5, sendo assim, a quantidade de enrolamentos
de secundário deve ser superior à quantidade de enrolamentos de primário.
Se o objetivo é abaixar a tensão, podemos novamente utilizar o exemplo prático,
considerando agora que queremos, nos enrolamentos de secundário, uma tensão com metade
do valor da tensão de primário; para tal, a relação de transformação deve ser superior a 1. Assim,

MÁQUINAS ELÉTRICAS | UNIDADE 4


a quantidade de enrolamentos de primário deve ser superior à quantidade de enrolamentos de
secundário. A relação da corrente elétrica no transformador é definida a partir de:

em que IP é a corrente dos enrolamentos de primário, NP é a quantidade de enrolamentos


de primário, IS é a corrente de secundário quando há uma carga elétrica, NS é a quantidade de
enrolamentos de primário e a é a relação de transformação. A aplicação do transformador é
essencial no transporte da energia elétrica, justamente porque a relação da tensão e corrente no
transformador é inversamente proporcional. Assim, se utilizamos um transformador que eleva a
tensão em dez vezes, a corrente abaixa dez vezes, considerando um transformador ideal.
Com a queda da corrente elétrica, diminuem-se as perdas por efeito Joule; por isso, é
comum encontrarmos nas linhas de transmissão tensões acima de 230 kV, podendo chegar até a
800 kV. Após a energia chegar aos centros consumidores, novamente o transformador é utilizado
para abaixar as tensões para níveis de distribuição e consumo.

Para entender o funcionamento do transformador, este vídeo


apresenta as relações entre o campo magnético e a tensão
induzida no secundário.

Disponível em:
https://www.learnengineering.org/how-does-a-transformer-work.html.

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2 MÁQUINA ASSÍNCRONA

A máquina elétrica assíncrona, conhecida como de indução, tem papel de destaque no


estudo de máquinas elétricas. É a mais utilizada em todo o mundo, e sua operação no modo
motor é a mais comum. Em aplicações residenciais, normalmente é utilizada como motor de
indução monofásico e, nas aplicações industriais, sua utilização é encontrada com três ou mais
fases.
A máquina de indução pode operar como motor e gerador, mas a aplicação como motor
é muito mais expressiva e será a única aqui abordada.
Assim como na máquina síncrona, a máquina de indução opera com dois diferentes tipos
de rotor. Para um melhor entendimento da máquina de indução, dividiremos os tópicos como
nas unidades anteriores.

2.1 Aspecto Construtivo da Máquina Assíncrona

O aspecto construtivo da máquina de indução não difere das demais aqui abordadas.
Normalmente, possui sua estrutura fixa externa no estator; a estrutura interna é a parte móvel da

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máquina, conhecida como rotor.
A abordagem aqui apresentada será da máquina de indução trifásica, pois essa é a mais
utilizada na indústria visto que o foco do nosso estudo é o nível técnico superior onde há essa
possibilidade de atuação.
Em se tratando da máquina de indução trifásica, o seu estator é exatamente igual ao
estator da máquina síncrona, constituído de material ferromagnético e enrolamentos de cobre
formando as bobinas, distribuídos de forma a compor as três fases de estator. A Figura 2 apresenta
a estrutura construtiva do estator de uma máquina de indução e sua carcaça de proteção, onde os
enrolamentos de armadura estão em processo de montagem.

Figura 2 - Estator máquina de indução, processo de manutenção. Fonte: Chapman (2013).

O rotor da máquina de indução pode ser normalmente encontrado em dois modelos: o


rotor bobinado, cuja estrutura é similar à estrutura do estator, com material ferromagnético e
bobinas de cobre; e o rotor em gaiola de esquilo, sendo o modelo mais encontrado nas aplicações
residenciais e industriais (e aqui abordado).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

O rotor em gaiola de esquilo não possui enrolamentos, sendo aspecto diferente entre as
máquinas CC e síncrona. O fato de não possuir enrolamentos aumenta sua robustez, diminui o
seu tamanho e o seu custo, aspectos que a tornam altamente competitiva. O rotor em gaiola é
apresentado na Figura 3.

Figura 3 - Rotor gaiola de esquilo de um motor de indução. Fonte: Planas (2018).

O rotor gaiola de esquilo consiste em barras de alumínio curto-circuitadas por um anel


para que o circuito elétrico seja fechado, visto que é necessário que tenhamos uma corrente
também no circuito do rotor. A Figura 4 apresenta o aspecto construtivo do rotor, que, para ser
concluído, é preenchido com material ferromagnético.

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Figura 4 - Aspecto construtivo do rotor gaiola de esquilo. Fonte: Chapman (2013).

A Figura 5 apresenta o motor de indução completo, estator, rotor acoplado em seu eixo
e sua carcaça de proteção. É possível verificar, a partir de um corte em sua estrutura, os mancais
de seu eixo e também a parte interna, responsável por contribuir com a ventilação da máquina,
tudo isso aliado a suas aletas presentes na carcaça, que também contribuem para o arrefecimento.

Figura 5 - Motor de indução gaiola de esquilo. Fonte: Wikipédia (2020).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A máquina de indução não difere das outras nas questões do aspecto construtivo, mas tem
suas particularidades, tais como o rotor em gaiola. Agora que conhecemos as partes construtivas
da máquina de indução, podemos conhecer suas características e como se dá seu funcionamento.

2.2 Características e Princípio de Funcionamento da Máquina de Indução

A operação do motor de indução, no que diz respeito ao seu estator, é muito similar à do
motor síncrono. Nos dois casos, temos a presença do enrolamento trifásico, e o campo magnético
resultante da interação das três fases é um campo girante, como analisamos no motor síncrono.
O mesmo ocorre no motor de indução.
O campo girante presente no motor de indução tem velocidade síncrona obtida pela
relação:

em que nsinc é a velocidade do campo magnético resultante no estator, fse é a frequência


da tensão aplicada ao motor de indução e P é a quantidade de polos do motor de indução, que
pode variar a depender de seu aspecto construtivo e fechamento dos enrolamentos da armadura.
Diferentemente das máquinas CC e síncrona, o motor de indução gaiola de esquilo não

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tem um enrolamento de campo. O campo magnético presente no rotor é resultado da indução
magnética visto que o campo girante do estator induz uma tensão no rotor, e seus barramentos
curto-circuitados fazem com que uma corrente produza um campo magnético de rotor também
girante, que acompanha o campo girante presente no estator.
No motor de indução, a velocidade do campo girante de rotor nunca será igual à velocidade
síncrona do campo girante do estator. Por esse motivo, essa máquina é conhecida como máquina
assíncrona, pois não há o sincronismo encontrado na máquina síncrona.
O torque induzido no motor de indução é obtido a partir da relação:

em que BR é a densidade de campo magnético do rotor e BS é a densidade de campo


magnético de estator. Como o torque induzido é obtido a partir de um produto vetorial, se esses
campos estivessem alinhados, o torque induzido seria zero.
Assim como é do comportamento dessa máquina, o campo girante de estator e o campo
girante de rotor nunca terão a mesma velocidade. Consequentemente, a velocidade do rotor da
máquina não será a velocidade síncrona como conhecemos na máquina síncrona.
A Figura 6 apresenta essa relação de atraso entre os campos de estator e rotor, em que BS é
o campo do estator, ER é a tensão induzida do rotor, IR é a corrente do rotor, Blíq é o campo girante
do estator, resultante da interação das três fases e BR é o campo do rotor.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Figura 6 - Estator e rotor da máquina de indução com seus campos magnéticos. Fonte: Chapman (2013).

Analisando a Figura 6, verificamos o não alinhamento entre os campos do estator e do


rotor. Como já sabemos, eles não podem ser alinhados, visto que seu alinhamento inviabilizaria
o torque induzido, sendo assim, essa máquina é projetada para que ocorra tal defasagem.
O motor de indução, como seu próprio nome já caracteriza, funciona a partir da indução

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magnética, como um transformador. Ao energizar o estator (primário) com uma tensão alternada,
é induzida uma tensão no rotor (secundário) que faz circular uma corrente elétrica, produzindo,
assim, um campo magnético e um torque que faz com que a máquina produza um movimento
em seu eixo.
A velocidade do rotor nesse tipo de máquina nunca é em sincronia com a frequência da
tensão aplicada no estator, por isso, é conhecida como máquina assíncrona. Dizemos que seu
campo magnético gira com velocidade síncrona e que a velocidade de rotação da máquina é
sempre menor. Essa máquina é utilizada nas aplicações mais simples do dia a dia, com conexão
direta na tomada residencial, por exemplo, pois opera somente com uma fase.
Altamente utilizada na indústria devido à sua robustez, resultado da ausência de escovas
de carvão para excitação de enrolamento no rotor, teve sua utilização aumentada também para
operações em velocidade variável e que necessitam de um controle de velocidade afiado e que foi
possibilitado a partir da evolução da eletrônica de potência e desenvolvimento de inversores de
frequência. Para que possamos entender a diferença da velocidade síncrona do campo girante do
estator e a velocidade da máquina, o conceito de escorregamento é indispensável.

Para entender o funcionamento da máquina de indução, este texto


apresenta a relação entre os campos magnéticos de estator e
rotor e como a máquina funciona como motor. Leia How does an
induction motor work?.

Disponível em:
https://www.learnengineering.org/how-does-an-induction-
motor-work.html.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

2.3 O conceito de Escorregamento

O escorregamento é a relação da velocidade do campo magnético girante do estator e


o campo magnético resultante do rotor. Essa relação influencia na tensão induzida das barras
do rotor de um motor de indução, que irá influenciar diretamente o comportamento do motor.
A velocidade de escorregamento é definida como a diferença entre a velocidade síncrona e a
velocidade do rotor, sendo definida como:

em que nesc é a velocidade de escorregamento, nsinc é a velocidade dos campos magnéticos


e nm é a velocidade mecânica da máquina de indução.
O escorregamento é o termo utilizado para descrever o movimento relativo em uma base
por unidade ou percentual, sendo definido como:

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em que s é o escorregamento. Ele pode ser expresso também em termos da velocidade
angular (rad/s) a partir de:

em que ωsinc é a velocidade angular do campo de estator e ωm é a velocidade angular


mecânica da máquina.
Analisando a relação da velocidade dos campos magnéticos e a velocidade mecânica
da máquina (escorregamento), podemos concluir que, se o rotor estiver girando na velocidade
síncrona, o escorregamento é igual a zero (s = 0); caso o rotor esteja bloqueado com velocidade
mecânica igual a zero, o escorregamento é igual a um (s = 1); assim, todas as velocidades normais
de um motor estão situadas entre esses dois limites. Porém, essas são situações hipotéticas visto
que, para s = 0, não há torque induzido e, para s = 1, o rotor teria de estar com velocidade igual a
zero, situação real que não é viável para o funcionamento da máquina.
A velocidade mecânica da máquina pode também ser expressa em termos da velocidade
síncrona e o escorregamento da máquina, podendo ser obtida a partir de:

ou a partir de sua relação da velocidade angular:

Essa equações são úteis na dedução das relações de conjugado da máquina de indução.
Diferentemente do transformador, cuja frequência da tensão induzida no secundário é a
mesma frequência da tensão aplicada no primário, no motor de indução essa relação também é
dependente do escorregamento, ou seja, da relação da velocidade síncrona do campo magnético
de estator e a velocidade do campo magnético do rotor. Visto que os campos não estão com a
mesma velocidade, podemos entender que a frequência da tensão induzida no rotor não será a
mesma frequência da tensão aplicada no estator.

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A frequência da tensão induzida no rotor tem relação direta com o escorregamento,


podendo ser obtida a partir de:

em que fre é a frequência da tensão induzida no rotor, s é o escorregamento e fse é a


frequência da tensão do estator. Podemos determinar, a partir da análise de valor máximo e
mínimo do escorregamento, que a amplitude da tensão e a frequência induzida no rotor tem
seu valor máximo quando o escorregamento é igual a 1 e tem seu valor mínimo quando o
escorregamento é igual a 0.

2.4 Circuito Equivalente do Motor de Indução

Devido à similaridade do funcionamento da máquina de indução com transformador,


seu circuito equivalente tem muita semelhança com o circuito equivalente de um transformador.
A Figura 7 apresenta o circuito equivalente modelo transformador do motor de indução.

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Figura 7 - Modelo do transformador para o motor de indução. Fonte: Chapman (2013).

A Figura 7 apresenta VP como a tensão aplicada no estator, I1 como a corrente


nos enrolamentos do estator, R1 a resistência dos enrolamentos de estator, X1 a reatância própria
dos enrolamentos de estator, IM a corrente de magnetização responsável pela geração do campo
magnético de estator e a impedância de magnetização representada por RC e XM. A relação de
transformação aef acopla, como no transformador, os circuitos de estator e de rotor. A corrente
IR, a tensão ER, a reatância XR e a resistência RR apresentam o circuito do lado do rotor, onde
fica evidenciado o fechamento dos anéis de curto-circuito, visto que esse circuito está totalmente
fechado, diferentemente do transformador.
Esse modelo aproximado evidencia que o motor de indução é uma máquina de excitação
simples, visto que a potência é fornecida somente aos enrolamentos de estator, sendo esse um
diferencial quando comparamos com as máquinas CC e síncrona, que são de dupla alimentação.
Devido a isso, não temos no circuito equivalente do motor de indução a presença da tensão
interna induzida EA, presente nas demais máquinas elétricas aqui apresentadas.
Devido à presença do entreferro entre o estator e o rotor, não presente no transformador,
visto que os circuitos elétricos estão acoplados por um mesmo núcleo, a curva de magnetização
do transformador e do motor de indução tem também suas diferenças.

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A Figura 8 apresenta as curvas de magnetização do transformador e do motor de indução.

Figura 8 - Curvas de magnetização do transformador e do motor de indução. Fonte: Chapman (2013).

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Analisando a Figura 8, fica evidente que, para um mesmo fluxo magnético, é necessária
uma corrente elétrica muito superior para o motor de indução devido à presença do entreferro
entre os circuitos de estator e rotor. Devido a isso, a reatância de magnetização XM terá um valor
muito menor quando comparada com um transformador.
Partindo do modelo transformador do motor de indução e analisando as diferenças que
podem ocorrer no motor de indução, basicamente as diferenças ficam restritas ao lado do rotor
devido à frequência da tensão induzida não ter o mesmo comportamento do transformador,
sendo esta dependente do valor do escorregamento. Assim, analisaremos o circuito do lado do
rotor.
Sabemos que, quando o escorregamento é igual a zero, a tensão induzida e a frequência
no lado do rotor têm seu valor mínimo e igual a zero. Nessa situação, os campos magnéticos de
estator e rotor têm a mesma velocidade e estão completamente alinhados.
Na situação contrária, quando o escorregamento tem seu valor máximo, igual a um,
situação esta em que o rotor tem velocidade igual a zero, a tensão induzida e a frequência do
rotor têm seus valores máximos. Estando a frequência da tensão induzida entre esses dois
valores e com relação direta ao escorregamento, vamos considerar a situação de valor máximo
para análise, porém, incluiremos o fato do escorregamento nesse equacionamento; sendo assim,
vamos considerar que, para qualquer escorregamento, a tensão induzida no rotor é:

e a frequência da tensão induzida no rotor será considerada como:

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A variação da frequência no rotor não traz nenhuma variação na resistência RR do rotor,


que pode ser considerada constante, porém, na reatância XR essa variação traz consequências
visto que, com a indutância LR do rotor, a reatância é obtida a partir de:

Como é sabido que fre = s ∙ fse, a reatância, então, pode ser obtida considerando também
o fator do escorregamento a partir de:

e podemos aproximar ainda a reatância como:

em que .
O circuito equivalente do rotor após a análise, e considerando agora o fato do
escorregamento, é apresentado na Figura 9.

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Figura 9 - Circuito equivalente do rotor do motor de indução, considerando o escorregamento.
Fonte: Chapman (2013).

Considerando a corrente no rotor, podemos dizer que IR = ER / (RR + jXR), assim, se


considerarmos a presença do escorregamento, essa relação tem o equacionamento dado por:

e a impedância equivalente do circuito de rotor pode ser obtida a partir de:

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Assim, a tensão ER0 pode ser considerada sem a interferência do escorregamento, cujos
efeitos ficam referidos todos na impedância do circuito. Dessa forma, o circuito equivalente do
rotor é apresentado na Figura 10.

Figura 10 - Circuito equivalente do rotor para o motor de indução. Fonte: Chapman (2013).

O circuito equivalente final do motor de indução pode agora ser obtido refletindo o
circuito de rotor (secundário) da mesma forma como fazemos no transformador. Tal circuito
finalizado é apresentado na Figura 11.

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Figura 11 - Circuito equivalente do motor de indução. Fonte: Chapman (2013).

2.5 Potência e Conjugado

As máquinas elétricas operam, tanto no modo gerador como no modo motor, com perdas
na conversão eletromecânica de energia, sejam elas perdas elétricas ou mecânicas. Isso faz com
que a eficiência dessa conversão não seja 100%. Porém, a eficiência de algumas máquinas elétricas
pode ser acima de 90%, o que as confere alta eficiência em comparação com outros tipos de
conversores.
Para entendermos com funcionam as perdas no motores de indução, podemos analisar
o fluxo de potência na máquina a partir da Figura 12. Ela apresenta o diagrama do fluxo de
potência de um motor de indução.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Figura 12 - Fluxo de potência de um motor de indução. Fonte: Chapman (2013).

A Figura 12 apresenta todas as perdas que ocorrem, desde a potência de entrada até a
potência de saída, que, neste caso, está apresentada como a potência mecânica disponibilizada no
eixo da máquina.
A potência de entrada é dada por Pentrada = √3 ∙ VT ∙ IL ∙ cosθ, considerando um sistema
trifásico de tensões e correntes. A primeira perda encontrada são as perdas nos enrolamentos
do estator (PPCE), que são decorrentes do efeito Joule, ou seja, as perdas resistivas, e são obtidas

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a partir da relação I2 ∙ R. Posteriormente, temos as perdas no núcleo, que podem surgir por
conta das correntes parasitas no material ferromagnético (Pnúcleo), a potência de entreferro
(PEF) é a potência transferida ao entreferro entre estator e rotor e pode ser obtida a partir da
potência de entrada, menos as perdas no cobre do estator e as perdas no núcleo. No rotor, temos
as perdas resistivas, que são representadas pelas perdas no cobre do rotor (PPCR). Após essas
perdas elétricas, o restante é convertido da forma elétrica para a forma mecânica, conhecida
como potência convertida (Pconv). Posteriormente, temos ainda as perdas mecânicas, que são
determinadas pelas perdas por atrito e ventilação (Patrito e ventilação), ocasionadas pelos mancais
de fixação do rotor e da ventilação forçada que ocorre nas máquinas. Por fim, ainda podemos
ter as perdas suplementares (Psuplementares) e, assim, após todas as perdas, temos realmente a
potência disponibilizada no eixo da máquina após toda a conversão.
O torque ou conjugado induzido do motor de indução pode ser obtido a partir da potência
convertida e sua velocidade angular mecânica da máquina a partir de:

A eficiência da máquina pode ser obtida de forma simplificada pela relação da potência
de saída e a potência de entrada e, em valores percentuais, pode ser calculada a partir de:

As conversões de potência mecânica para potência elétrica podem ser obtidas de


forma simplificada. Para as potências mecânicas dadas em cv, basta multiplicar essa
potência por 736 para obter a potência elétrica em kW; já para as potências dadas
em hp, basta multiplicar essa potência por 746 para obter a potência elétrica em kW.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado(a) acadêmico(a), nesta unidade conhecemos a máquina assíncrona e, dessa


forma, as principais máquinas elétricas foram abordadas no nosso material. A máquina de
indução foi aqui apresentada com rotor gaiola de esquilo e o seu funcionamento como motor,
sendo essas as principais aplicações para esse tipo de máquina.
Esperamos ter contribuído à sua formação como engenheiro(a) e que todos os
ensinamentos aqui apresentados possam servir de base para os desafios que você encontrará no
mercado de trabalho ou na continuidade dos estudos.

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ENSINO A DISTÂNCIA

REFERÊNCIAS
CHAPMAN, S. J. Fundamentos de Máquinas Elétricas. 5. ed. São Paulo: Mc Graw Hill, 2013.

MAKUNGU INTERNATIONAL. Estrutura construtiva de uma máquina de CC. 2022.


Disponível em: https://makunguinternational.lifeshades.co.ke/fxef152c62b54352d_5582b/
item/4497429158. Acesso em: 23 set. 2022.

PLANAS, O. Rotor gaiola de esquilo. In: DeMotor. 2018. Disponível em: https://pt.demotor.net/
motores-eletricos/motores-de-corrente-alternada/motor-assincrono/rotor-de-gaiola-de-esquilo.
Acesso em: 4 out. 2022.

SABER FAZER. Itaipu: sua história em fotos. 2022. Disponível em: https://www.saberfazer.net/
itaipu-sua-historia-em-fotos/. Acesso em: 3 out. 2022.

SANTANA, A. C. Geradores de Corrente Contínua. 2022. Disponível em: http://professor.ufop.


br/sites/default/files/adrielle/files/aula_5.pdf. Acesso em: 23 set. 2022.

SLIDE PLAYER. Comutador de uma máquina de CC. 2022. Disponível em: https://slideplayer.
com.br/amp/11855809/. Acesso em: 23 set. 2022.

USP - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Modelo básico do transformador. 2022.


Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1614721/mod_resource/content/2/
TransfomadoresTeo1_2016PEA3311.pdf. Acesso em: 4 out. 2022.

WIKIPEDIA. Motor de indução gaiola de esquilo. 2020. Disponível em: https://pt.wikipedia.


org/wiki/Motor_de_indu%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 4 out. 2022.

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