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01
DISCIPLINA:
FENÔMENOS DE TRANSPORTE
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................................5
1 DIMENSÕES E UNIDADES DE MEDIDA....................................................................................................................6
2 HOMOGENEIDADE DIMENSIONAL...........................................................................................................................9
3 FLUIDOS..................................................................................................................................................................... 11
3.1 DEFINIÇÃO DE FLUIDO........................................................................................................................................... 11
3.2 TENSÃO DE CISALHAMENTO – LEI DE NEWTON DA VISCOSIDADE............................................................... 13
4 PRESSÃO E ESTÁTICA DOS FLUIDOS.....................................................................................................................20
4.1 TEOREMA DE STEVIN............................................................................................................................................ 21
4.2 LEI DE PASCAL.......................................................................................................................................................24
4.3 CARGA DE PRESSÃO.............................................................................................................................................26
4.4 MEDIDORES DE PRESSÃO....................................................................................................................................27
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 1
A velocidade (V) de um objeto é dada pela razão entre o deslocamento do objeto
em determinado tempo. Pode ser considerada a grandeza que mede o quão rápido o
objeto se desloca. Usando colchetes [ ] para denotar “a dimensão de”, a dimensão da
grandeza velocidade é . Já a aceleração (a) é a grandeza que determina a
variação da velocidade em relação ao tempo. Em outras palavras, ela indica o aumento
ou a diminuição da velocidade com o passar do tempo. Assim, a dimensão da grandeza
aceleração é .
Exemplo 2
Considere a Segunda Lei de Newton, que diz . Assim, temos que a grandeza
força tem dimensão de
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 3
O termo pressão é utilizado em diversas áreas da ciência, como uma grandeza escalar
que mensura a ação de uma ou mais forças sobre um determinado espaço, podendo este
ser líquido, gasoso ou mesmo sólido. A pressão é uma propriedade intrínseca a qualquer
sistema. Para problemas que envolvem gases e sólidos, a expressão matemática utilizada
para expressar pressão é dada por em que F é a força normal, e A é a área. Assim,
temos que a grandeza pressão tem dimensão de
Exemplo 4
Energia em engenharia é um conceito extremamente importante e representa a
capacidade de produzir trabalho. Esse conceito é também usado em outras áreas
científicas, como a biologia, física e química. Energia potencial é a energia que pode ser
armazenada em um sistema físico e tem a capacidade de ser transformada em energia
cinética. A energia potencial é a energia que corresponde ao trabalho que a força peso
realiza. A energia potencial pode ser equacionada como , em que m é a
massa do corpo, g é a aceleração gravitacional e h é a altura em que se encontra o objeto
Exemplo 5
(ITA) Certa grandeza física A é definida como o produto da variação de energia de
uma partícula pelo intervalo de tempo em que esta variação ocorre. Outra grandeza,
B, é o produto da quantidade de movimento da partícula pela distância percorrida. A
combinação que resulta em uma grandeza adimensional é
(A) AB (B) A/B (C) A/B2 (D) A2/B (E) A2B
Solução: Segue, do enunciado, que A = ∆E.∆t, em que ∆E é a variação de energia e ∆t
é a variação do tempo. Por outro lado, temos que B = Q.d, em que Q é a quantidade
de movimento e d é a distância percorrida. Assim, a dimensão da grandeza A é [A] =
M.L2.T–2.T = M.L2.T–1 e a da grandeza B é [B] = M.L.T–1.L = M.L2.T–1. Como [A] = [B],
segue que a razão entre as grandezas A e B resulta em uma grandeza adimensional.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 6
(ITA) Considere um corpo esférico de raio R, totalmente envolvido por um fluido com
velocidade média V. De acordo com a lei de Stokes, para baixas velocidades, esse corpo
sofrerá a ação de uma força de arrasto viscoso dada pela equação F = 6πRV∆, em que
6π é uma constante adimensional e ∆ é uma propriedade do fluido. A dimensão de ∆ é
(A) LT–1. (B) LT–2 (C) MLT-2 (D) MLT-3 (E) ML-1 T-1.
Solução: Segue, do enunciado, que F = 6πRV∆, em que F é força (cuja dimensão é [F] =
MLT-2), R é o raio (cuja dimensão é L), V é a velocidade (cuja dimensão é [V] = L T-1) e
∆ é a grandeza cuja dimensão se deseja avaliar. Assim,
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 7
No século XIX, Osborne Reynolds estudou a transição entre os regimes laminar e
turbulento em um tubo. O parâmetro que determinou o regime de escoamento, mais
tarde, recebeu o nome de número de Reynolds, indicado por Re. O número de Reynolds
é definido por:
2 HOMOGENEIDADE DIMENSIONAL
V = Vo + g Eq. (02)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 8
A equação de Bernoulli é provavelmente a equação mais discutida e utilizada em
Mecânica dos Fluidos. Essa equação, para um escoamento irrotacional de um fluido
incompressível, é dada por = constante , tal que P é a pressão, ρ é a massa
específica, g é a aceleração da gravidade, V é a velocidade, e z, a cota referente à altura
em relação à horizontal. Vamos analisar as dimensões de cada termo aditivo da equação
de Bernoulli. Assim,
Exemplo 9
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
3 FLUIDOS
Numa primeira definição, podemos considerar que fluido é uma substância que não possui
forma própria (assume o formato do recipiente) (Figura 1). Portanto, fluidos são os líquidos e os gases.
Eq. (03)
A análise das dimensões dessa grandeza nos permite afirmar que as possíveis unidades
são: kg ⁄ m3 , g ∕ L, g ∕ cm3, lb ∕ ft3, etc.
O volume específico do fluido (ϑ) é volume (V) do fluido ocupado por unidade de massa
(m). Assim,
Eq. (04)
A análise das dimensões dessa grandeza nos permite afirmar que as possíveis unidades
são: m3 ⁄ kg, L ∕ g, cm3 ∕ g, ft3 ∕ lb, etc.
O peso específico do fluido (γ) é o produto da massa específica (ρ) pela aceleração
gravitacional (g). Assim,
γ = ρg Eq. (05)
Com g = 9,8 m⁄s2. A análise das dimensões dessa grandeza nos permite afirmar que as
possíveis unidades são: : N ⁄ m3 , dyna ∕ cm3, etc.
A densidade do fluido (d) é a razão do valor da massa específica (ρ) do fluido com o valor
da massa específica (ρ) de um fluido padrão. O fluido padrão para líquidos é a água e, para gases,
é o ar. Assim,
Eq. (06)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A análise das dimensões dessa grandeza nos permite afirmar que essa grandeza é
adimensional.
Exemplo 10
Um recipiente de 7,5 m3 é parcialmente preenchido com 900 kg de um líquido cuja
massa específica 2.400 kg/m3. O restante do volume do recipiente contém gás com
massa específica igual a 3,6 kg/m3. Nesta situação, determine a massa de gás, em kg, no
interior do recipiente.
Solução: Depreende-se do enunciado que parte do recipiente está preenchida com o
líquido, e outra parte, com gás. Assim, pela Eq.(01), podemos determinar o volume do
líquido contido no interior do recipiente, ou seja,
V = 0,375 m3
Como o volume do recipiente é 7,5 m3, segue que o volume de gás é igual a 7,5 - 0,375
= 7,125m3. Aplicando novamente a Eq.(01), determina-se o valor da massa de gás no
interior do tanque. Assim,
Exemplo 11
Dois líquidos X e Y possuem massas específicas, a 25° C, de 1000 kg/m3 e 1200 kg/
m3, respectivamente. Em um tanque mantido à temperatura constante de 25°C, serão
misturados 160 m3 do líquido X com 240 m3 do líquido Y. Se os líquidos formarem uma
mistura ideal, determine a massa específica média da mistura a 25° C, em kg/m3.
Solução: Depreende-se do enunciado que, para o líquido X, ρ = 1000 kg/m3 e V = 160
m3. Já, para o líquido Y, ρ = 1200 kg/m3 e V = 240 m3. Como a mistura é ideal, segue que
o volume final da mistura é igual à soma dos volumes dos líquidos X e Y, ou seja, 400
m3. Aplicando a Eq.(01), determinamos a massa dos líquidos X e Y na mistura. Assim,
A viscosidade do fluido (μ) é a propriedade que mede a resistência dele em escoar. Para
obter uma equação para a viscosidade, considere que uma camada fluida seja colocada entre duas
placas planas, paralelas e infinitas. Considere ainda que as placas estejam separadas por uma
distância .
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
No instante t = 0, considere que uma força F, constante e tangencial, seja aplicada sobre a
placa superior, enquanto a placa inferior permanece parada. Após algum tempo, verifica-se que
a placa superior se move continuamente sob a influência da força F, com velocidade constante
V, como apresentado na Figura 2. Lembre-se que essa força F horizontal está sendo aplicada
sobre uma área A da placa. A razão entre F e A é denominada tensão de cisalhamento (τ). Nessa
experiência, o sólido e o fluido são presos entre duas placas planas, uma inferior fixa e outra
solicitada por uma força tangencial FT constante na direção do plano da placa, conforme Fig. 2.
Figura 2 – Experiência das duas placas. Fonte: Fox, McDonald e Pritchard (2012).
Avaliando com mais detalhes a experiência das duas placas, define-se uma importante
propriedade dos fluidos – a viscosidade absoluta. Para tal, será necessária a definição de tensão
de cisalhamento (τ).
Na Figura 3, uma força F é aplicada a uma área (A). A força F pode ser decomposta em
duas componentes: normal (FN) e tangencial (FT). A relação entre a componente tangencial (FT) e
a área (A) de aplicação da força é definida como tensão de cisalhamento (τ).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Na experiência das duas placas, após um intervalo de tempo dt, a placa superior adquire
velocidade constante (v0). Isso demonstra que a força externa (FT) é equilibrada por forças internas
ao fluido, visto que, não existindo aceleração, a força resultante deve ser nula (2ª Lei de Newton).
A variação da velocidade do fluido (de zero na placa inferior até v0 na placa superior –
princípio da aderência) na direção y gera o deslizamento entre camadas adjacentes do fluido.
Eq. (07)
Eq. (08)
Fluido ideal é aquele cuja viscosidade é nula, ou seja, não há forças tangenciais de atrito
entre as camadas adjacentes do fluido (não existe na prática).
A maior parte dos fluidos comuns (como água, ar, gasolina e óleo) são fluidos newtonianos.
Creme dental, piche, tintas e soluções de amido são exemplos de fluidos que não seguem a lei de
Newton da viscosidade, e esses fluidos são denominados fluidos não newtonianos.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Eq. (09)
A análise das dimensões dessa grandeza nos permite afirmar que as possíveis unidades
são: m2 ⁄ s, cm2 ∕ s, etc.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 12
Um experimento consiste em um sistema de duas placas, sendo que uma está imóvel
(v1 = 0), e a outra é puxada com uma força horizontal por unidade de área igual a 15 Pa,
como ilustrado na Figura 6.
Dessa forma, a viscosidade do fluido pode ser calculada por meio da equação
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 13
Na Figura 7, observa-se uma placa quadrada cuja área da base é 2 m2 e massa 2 kg,
que desliza sobre uma lâmina de óleo depositada sobre um plano inclinado em 30º em
relação à horizontal. A viscosidade desse óleo é 0,4 Pa.s, e a espessura da lâmina é de 10
mm. Admita que a lâmina de óleo não escorra pelo plano inclinado, que o escoamento
entre a placa e o plano seja laminar e que a aceleração da gravidade local seja igual a 10
m/s2. Nessas condições, determine a velocidade terminal da placa escoando pelo plano
inclinado.
Solução: Como o fluido em apreço é óleo e esses são fluidos newtonianos, a Eq. (08)
pode ser empregada. Resolvendo essa equação diferencial, escrevemos a equação para
determinar o valor da velocidade
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 14
A placa da Figura 8 está apoiada no topo de um filme fino de água, que está a 25º C.
Quando uma força F é aplicada, o perfil de velocidade através da espessura de fluido é
descrito por
V = 40y – 800y2
em que V está em m/s e y, em m. Nessa situação, considerando que o fluido em
escoamento seja newtoniano, de viscosidade cinemática 10-6 m2/s e massa específica
1000 kg/m3, determine:
A) o valor do módulo da tensão de cisalhamento no ponto localizado sobre a superfície fixa.
B) o valor do módulo da tensão de cisalhamento no ponto localizado sobre a placa móvel.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A estática dos fluidos é a parte da mecânica dos fluidos que estuda o comportamento do
fluido em uma condição de equilíbrio estático. O ponto fundamental desse estudo será o conceito
de pressão.
Pressão média é definida como a força normal (FN) exercida sobre um fluido por unidade
de área (A), como apresenta a equação a seguir:
Eq. (10)
Pressão atmosférica (Patm): é a pressão que o ar, presente na atmosfera, exerce sobre
a superfície do planeta. A pressão atmosférica varia com a altitude, sendo que, em pontos
mais elevados (de maior altitude), a pressão é menor. Por esse motivo, o valor de referência da
pressão atmosférica é medido em relação ao nível do mar, numa unidade denominada atmosfera
(atm). Uma outra unidade de medida utilizada é o milímetro de mercúrio (mm Hg) devido ao
experimento de Torricelli, que mostrou que a pressão atmosférica ao nível do mar equivale à
pressão exercida por uma coluna de 760 mm de mercúrio (Hg).
A seguir, são mostradas algumas relações de unidades de pressão (algumas delas serão
discutidas em tópicos posteriores).
Patm = 1atm = 760 mm Hg = 101,23 kPa = 1,033 kgf/cm2 = 14,7psi = 10,33 mca = 1,01bar
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A pressão é uma grandeza escalar, isto é, ela tem uma intensidade, e não uma direção
específica. Dessa forma, a pressão, em qualquer ponto de um fluido, é igual em todas as direções.
A magnitude do valor da pressão em fluidos aumenta com o aumento do valor da profundidade,
e esse fato é apresentado pelo Teorema de Stevin.
P = γ ∆h = ρ g ∆h Eq. (12)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A pressão exercida pelo fluido num ponto com profundidade h, medida em relação à
superfície livre do fluido, pode ser calculada por P = γ.h (Figura 13).
Note que, para a pressão total (ou absoluta) no ponto, a pressão atmosférica deve ser
somada à pressão do fluido. Nos gases, como o peso específico é pequeno, se a diferença de cota
entre dois pontos não for muito grande, pode-se desprezar a diferença de pressão entre eles.
Exemplo 15
Um tanque cilíndrico é preenchido por um óleo cuja massa específica é igual a 2500
kg/m3. O óleo ocupa o tanque até a altura de 5 m, sendo que, na superfície do óleo, a
pressão é a atmosférica, que foi estimada em 105 Pa. Determine a pressão absoluta na
base do tanque, em kPa.
Solução: Da Eq. (11), segue que a pressão absoluta é a soma da pressão atmosférica, que,
no enunciado, é dito ser 105 N/m2, com a pressão hidrostática, que é calculada pela Lei
de Stevin. Assim, a pressão hidrostática é
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 16
Exemplo 17
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 18
Em uma oficina, um carro encontra-se suspenso por meio de uma prensa hidráulica,
como apresentado na Figura 16.
em que P é a pressão, F é a força normal e A é a área. Como a força que atua no sistema
é o peso e essa grandeza é o produto da massa do objeto com a gravidade, segue, após
simplificações algébricas, que
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Segundo o teorema de Stevin, P = γ.h, pressão e altura mantêm uma relação constante
para um mesmo fluido. É possível expressar, então, a pressão num certo fluido em unidade de
comprimento – relativo à unidade de altura:
Num fluido escoando numa tubulação sob determinada pressão, pode-se verificar a carga
de pressão de fluido por meio da abertura de um pequeno orifício no tubo, canalizando o fluido
num tubo de vidro acoplado ao orifício, conforme mostra a Figura 18. O fluido no tubo de vidro
“sobe” até uma altura h, correspondente à carga de pressão do fluido. Esse dispositivo pode ser
utilizado para medir pressão e é denominado piezômetro.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Outros exemplos: manômetro para amônia (HH3), manômetro de dupla ação, manômetro
diferencial, manômetro com contato elétrico, manômetros digitais, manômetro para freon etc.
Dentre os principais tipos de manômetros, destacamos o manômetro metálico ou de
Bourbon e os manômetros com tubo em U.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CASO 1: Deseja-se medir a pressão do gás contido no tanque mostrado na Figura 23.
Para tal, utilizou-se um manômetro em U com um fluido manométrico (γM).
a. A pressão do gás equivale à pressão no ponto (1), visto que o gás tem pequeno peso
específico e, assim, a pressão pode ser considerada a mesma em todos os pontos ocupados
pelo gás.
b. Os pontos (1) e (2) estão no mesmo nível horizontal, portanto, segundo a lei de Stevin,
a. Nos pontos (1) e (2), é acoplado um tubo em U com a presença de um fluido manométrico
de massa específica (ρ2).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
e. Note que a pressão exercida pelo fluido (1), com altura ‘a’, nos dois ramos do manômetro
não precisaria ser considerada nos cálculos, pois se cancela.
Segundo Brunetti (2005), a seguinte regra pode ser aplicada para determinar a equação
manométrica num manômetro em U: começando do lado esquerdo – no manômetro mostrado
Para um estudo mais detalhado dos tópicos apresentados nesta unidade, com
discussão e resolução de exercícios, leia o Capítulo 3 (Pressão e Estática dos
Fluidos) do livro Mecânica dos Fluidos - Fundamentos e Aplicações (de Cengel e
Cimbala, pela editora McGrawHill).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 19
Solução: Admita que PA e PB sejam os valores das pressões nas tubulações nos pontos A
e B, respectivamente. Para determinar a equação manométrica dessa instalação, vamos
iniciar as tomadas das medidas das pressões das colunas de fluidos a partir do lado
esquerdo. Assim,
No ponto A e no ponto 1, as pressões são as mesmas (lembre-se de que nos pontos
onde o fluido é o mesmo, na mesma cota as pressões são iguais). Entre os pontos 1 e 2,
descemos uma coluna contendo o fluido 1, de altura h1. Logo, essa pressão é positiva e,
pela Lei de Stevin, seu valor é calculado por meio de ∆P12 = γ1 . h1.
Nos pontos 2 e 3, as pressões são idênticas. Entre os pontos 3 e 4, subimos uma coluna
contendo o fluido 2, de altura h2. Logo, essa pressão é negativa e, pela Lei de Stevin, seu
valor é calculado por meio de ∆P34 = –γ2 . h2.
Entre os pontos 4 e 5, subimos uma coluna contendo o fluido 3, de altura h3. Logo, essa
pressão é positiva e, pela Lei de Stevin, seu valor é calculado por meio de ∆P45 = –γ3 . h3.
Nos pontos 5 e B, as pressões são as mesmas. Assim, juntando esses valores, temos a
equação manométrica escrita como:
PA + γ1 h1 - γ2 h2 - γ3 h3 = PB
PA - PB = ∆P = γ2 h2 + γ3 h3 - γ1 h1
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 20
O sistema ilustrado na Figura 27 foi utilizado para medir a pressão do gás contido no
interior de um botijão de gás doméstico. O fluido manométrico é o mercúrio (Hg), cuja
massa específica é 13600 kg/m3.
Logo, a pressão absoluta no interior no botijão é igual a 134,4 kPa. Caso queiramos
determinar apenas a pressão hidrostática, fazemos na equação manométrica anterior
Patm = 0. Assim, a pressão manométrica correspondente é:
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 21
No manômetro ilustrado na Figura 28, instalado em uma aula prática de mecânica dos
fluidos, o fluido manométrico é o mercúrio, de massa específica 13,6 g/cm3. Há água, de
massa específica 1,00 g/cm3 no ramo esquerdo, e óleo, de massa específica 0,80 g/cm3
no ramo direito. Considerando a aceleração da gravidade local g = 10 m/s2, determine
a diferença de pressão, PB – PA, em kPa.
Lembre-se de que, ao usar as medidas que constam na figura e que estão em centímetros,
temos de transformá-las para metro. Daí, resolvendo a equação, temos que
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
5 Empuxo
Acreditamos que todos que fazem a leitura deste material já entraram em uma piscina ou
em um riacho. Vocês observaram que nos sentimos mais leves quando estamos dentro da piscina?
Pois bem, esse fato é explicado devido ao surgimento de uma força normal que surge orientada
para cima, denominada empuxo. Note que o empuxo é um tipo de força, e suas unidades são N,
dyna etc.
Princípio de Arquimedes
Todo corpo, quando imerso em um fluido, sofre ação de uma força empuxo orientada
verticalmente para cima, cuja intensidade é igual ao peso do fluido que esse corpo desloca.
Exemplo 22
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
02
DISCIPLINA:
FENÔMENOS DE TRANSPORTE
EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE
E EQUAÇÃO DA ENERGIA
EM REGIME PERMANENTE
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................38
1 CONCEITOS BÁSICOS...............................................................................................................................................39
1.1 CLASSIFICAÇÕES DE ESCOAMENTO DE FLUIDOS..............................................................................................39
1.1.1 REGIME PERMANENTE E NÃO PERMANENTE (TRANSIENTE)......................................................................39
1.1.2 ESCOAMENTO COMPRESSÍVEL E INCOMPRESSÍVEL....................................................................................39
1.1.3 ESCOAMENTO VISCOSO E NÃO VISCOSO (FLUIDO IDEAL)............................................................................40
1.1.4 ESCOAMENTO LAMINAR E TURBULENTO.......................................................................................................40
1.1.5 ESCOAMENTO UNIDIMENSIONAL, BIDIMENSIONAL E TRIDIMENSIONAL................................................. 41
1.2 SISTEMA E VOLUME DE CONTROLE.................................................................................................................... 41
1.3 TRAJETÓRIAS E LINHAS DE CORRENTE..............................................................................................................42
2 CONSERVAÇÃO DA MASSA – EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE..............................................................................43
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Visto os conceitos relacionados às propriedades dos fluidos e à estática dos fluidos, nesta
unidade vamos estudar a cinemática (ou dinâmica) dos fluidos, ou seja, o fluido em movimento.
Para fazer uma análise qualitativa e quantitativa do escoamento, precisamos conhecer bem as
equações de conservação de massa e energia.
Iniciaremos esta unidade definindo alguns conceitos básicos relacionados à classificação
dos fluidos. Esses conceitos são muito importantes e permitem um maior detalhamento descritivo
e matemático do tipo de escoamento. Após classificar os escoamentos, iremos estudar a equação
da continuidade ou equação da conservação da massa. Neste item, é importante compreender
bem as equações relacionadas à vazão mássica (em massa) e volumétrica (em volume), bem como
relacionar vazão e velocidade de escoamento. Nos problemas em regime permanente, a vazão
em massa é sempre a mesma (constante) no escoamento, enquanto a velocidade pode variar
conforme variar a área da seção transversal do tubo (ou o diâmetro). A equação da continuidade
será muito utilizada na resolução de problemas.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1 CONCEITOS BÁSICOS
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Alguns escoamentos são suaves e ordenados, enquanto outros são um tanto caóticos.
O movimento altamente ordenado dos fluidos, caracterizado por camadas suaves do fluido, é
denominado laminar. A palavra laminar origina-se do movimento de partículas adjacentes do
fluido, agrupadas em “lâminas”.
O escoamento dos fluidos de alta viscosidade (como os óleos com baixas velocidades) é
tipicamente laminar. O movimento altamente desordenado dos fluidos que ocorre em velocidades
altas e que é caracterizado por flutuações de velocidade é chamado de turbulento. O escoamento
de fluidos de baixa viscosidade, como o ar em altas velocidades, é tipicamente turbulento.
O regime do escoamento tem grande influência sobre a potência requerida para
bombeamento. Um escoamento que se alterna entre laminar e turbulento é chamado transitório
(ou de transição). Os experimentos realizados por Osborn Reynolds resultaram na criação
do número adimensional, denominado número de Reynolds, Re, como referência para a
determinação do regime do escoamento.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Trajetória é o lugar geométrico dos pontos ocupados por uma partícula em instantes
sucessivos. Uma visualização da trajetória será obtida por meio de uma fotografia, com tempo
longo de exposição, de um flutuante colorido colocado num fluido em movimento (BRUNETTI,
2005), conforme mostra a Figura 4.
Tubo de corrente é a superfície de forma tubular formada pelas linhas de corrente que se
apoiam numa linha geométrica fechada qualquer.
São propriedades dos tubos de corrente:
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A quantidade de fluido que escoa na tubulação será dada em termos de vazão. A vazão
pode ser dada em termos volumétrico e mássico. A seguir, serão apresentadas as definições.
• Vazão em volume (Q): é a quantidade em volume de fluido que atravessa uma dada seção
do escoamento por unidade de tempo.
Eq. (01)
As unidades podem ser: m3/s (SI), Litros/s, m3/h ou qualquer outra unidade de volume
por unidade de tempo. Existe uma relação importante entre a vazão em volume e a velocidade
do fluido. A vazão em volume pode ser calculada pelo produto da velocidade média do fluido e a
área da seção transversal da tubulação:
(SI).
Eq. (03)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
• Vazão em massa (Qm): é a quantidade, em massa, de fluido que atravessa uma dada seção
do escoamento por unidade de tempo.
Eq. (04)
As unidades podem ser: kg/s (SI), g/s, kg/h, ton/dia ou qualquer outra unidade de massa
por unidade de tempo. Utilizando a definição de massa específica, podemos escrever:
Eq. (06)
Exemplo 1
Uma torneira leva 200 s para encher um tanque de água de volume 10 litros. Considerando
que a área de saída da torneira é A = 5 cm2, determine a velocidade de saída Vs da água
na torneira, em m/s.
Solução: Considerando regime permanente e aplicando a Eq. (01), temos que a vazão
volumétrica é igual a
Agora, aplicando a Eq. (02), segue que a velocidade de saída da água será igual a
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 2
(FGV) Considerando uma rede de esgotos que escoa por uma tubulação circular de 100
mm de diâmetro, determine a vazão desse esgoto, sendo a velocidade do fluido de 1,5
m/s:
(A) 0,0118 L/s. (B) 11,8 L/s. (C) 117,8 L/s. (D) 5,54 L/s. (E) 15,54 L/s.
Solução: Considerando o regime permanente e aplicando a Eq. (02), segue que
Calcule a vazão mássica e volumétrica de um líquido que escoa por uma tubulação de
0,3 m de diâmetro, sendo que a velocidade de escoamento é igual a 1,0 m/s e a massa
específica do fluido é igual a 950 kg/m3.
Solução: Admitindo regime permanente, fluido incompressível e aplicando a Eq. (06),
segue que
Exemplo 4
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 5
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Qm = ρ V A Eq. (07)
ρ1 V1 A1 = ρ2 V2 A2 Eq. (08)
V1 A1 = V2 A2 Eq. (09)
Exemplo 6
Um gás escoa, em regime permanente, no trecho de uma tubulação como apresentado
na Figura 11.
Na seção (A), tem-se área igual a 20 cm2, massa específica de 4 kg/m3 e velocidade igual
a 30 m/s. Na seção (B), tem-se área igual a 10 cm2, massa específica de 12kg/m3. Qual a
velocidade na seção (B)?
Solução: Admitindo regime permanente e aplicando a Eq. (09), segue que ρA VA AA = ρB
VB AB. Substituindo os valores apresentados no enunciado, temos
4 × 30 × 0,002 = 12 × VB × 0,001 ⇒ VB = 20 m/s
Logo, a velocidade na seção B é igual a 20 m/s.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 7
Considere o escoamento de um fluido de processo industrial num tubo convergente-
divergente, tal como o da Figura 12. Considerando-se o escoamento do fluido em
regime permanente através do tubo de Venturi apresentado e que o índice 1 se refere à
seção de entrada do tubo e o 2, à seção da garganta, determine a velocidade na seção de
entrada, em m/s.
• No escoamento mostrado na Figura 13, ocorre uma redução da seção transversal do tubo
na seção 2 (A2). Logo, a velocidade em (2) irá aumentar, visto que v1. A1 = v2. A2. No caso
inverso (aumento da seção), a velocidade diminui.
• No caso de os diâmetros nas seções (1) e (2) serem iguais (d1 = d2 → A1 = A2), as velocidades
nas seções (1) e (2) serão também iguais, visto que v1. A1 = v2. A2.
• Para o caso de diversas entradas e saídas de fluidos, a equação da continuidade pode ser
generalizada para:
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Fluido qualquer:
Fluido incompressível:
Eq. (10)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 8
Um propulsor a jato queima 1,5 kg/s de combustível quando o avião está na velocidade
de 200 m/s, como ilustrado pela Figura 15. Considerando que a massa específica do ar
é igual a 1,2 kg/m3, dos gases de combustão de 0,5 kg/m3, e que na figura A1 = 0,45m2 e
A2 = 0,30 m2, determine a velocidade de saída dos gases de combustão (V2).
Exemplo 9
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 10
Considere o escoamento permanente de água em uma junção em T que une três tubos.
As áreas das seções dos tubos são iguais a 0,15 m2, 0,2 m2 e 0,1 m2, respectivamente.
Sabe-se, também, que: a água entra apenas pela seção de área 0,15 m2; há um vazamento
para fora na junção, com vazão volumétrica estimada em 0,05 m3/s; e as velocidades
médias nas seções de 0,15 m2 e 0,1 m2 são de 15 m/s e 10 m/s, respectivamente. Qual o
módulo da velocidade de escoamento no tubo de seção 0,2 m2, em m/s?
Solução: Considerando regime permanente e fluido incompressível, a equação da
continuidade para múltiplas entradas e saídas é escrita como:
Como temos uma entrada e três saídas (a terceira saída é a perda devido ao furo),
a equação fica reescrita como ρ1 V1 A1 = ρ2 V2 A2 + ρ3 V3 A3 + ρp Vp Ap, em que os
subíndices 2 e 3 denotam saídas; 1, entrada; e p, as perdas pelo vazamento. Como o
Em sua oitava edição, Introdução à Mecânica dos Fluidos, dos autores Robert W.
Fox, Alan T. McDonalds e John C. Leylegian, da editora LTC, mantém o nível de
excelência e traz, como novidade, um espaço destinado às energias renováveis.
O livro contempla toda a ementa da nossa disciplina.
Leitura obrigatória ao(à) futuro(a) engenheiro(a).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 11
Um fluido de processo industrial (ρ = 1000 kg/m³) é descarregado do reservatório (1)
para os reservatórios (2) e (3), como ilustrado na Figura 17.
e, ainda, Q2 = 4,3 l/s = 4,3 × 10-3 m3/s. Aplicando a Eq. (06), temos que
4,3 × 10-3 = 1 × A1 ⇒ A1 = 4,3 × 10-3 m2
5,7 × 10-3 = 1,5 × A2 ⇒ A2 = 3,8 × 10-3 m2
Admitindo que as seções transversais sejam circulares, segue que os diâmetros das
tubulações 2 e 3 são iguais a
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
• Carga Potencial (z): é associada ao estado de energia do sistema devido à sua posição no
campo da gravidade em relação a um plano horizontal de referência (PHR).
Exemplo de aplicação: os reservatórios de abastecimento de água são instalados em pontos
elevados, pois, nesses pontos, a água tem energia potencial gravitacional para escoar até pontos
• Carga de Pressão (P/γ): é associada ao trabalho potencial das forças de pressão que
atuam no escoamento do fluido. É dada pela relação entre a pressão do fluido e o seu peso
específico.
Exemplo de aplicação: as bombas centrífugas fornecem aos fluidos líquidos energia
na forma de pressão para escoarem para pontos mais elevados. Para os gases, utilizam-se
compressores.
Atenção com as unidades: a pressão dada em N/m2 (Pa), o peso específico (ρ g) deverá
estar nas unidades de N/m3. A pressão em kgf/m2, o peso específico (ρ g) deverá estar nas unidades
de kgf/m3 – homogeneidade dimensional.
Eq. (11)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
a. Regime permanente;
b. Propriedades uniformes nas seções;
c. Fluido ideal – sem perdas por atrito no escoamento do fluido;
d. Fluido incompressível;
e. Sem máquina no trecho de escoamento em estudo – entende-se por máquina qualquer
dispositivo mecânico que forneça ou retire energia do fluido, na forma do trabalho. As
que fornecem energia são bombas, e as que extraem energia do fluido são turbinas;
f. Sem perdas por calor.
Admitindo-se essas hipóteses (veja: não há perda por atrito, não há máquina no trecho,
não há perdas por calor), verifica-se que não é fornecida ou retirada energia do fluido no trecho
em questão, ou seja, a energia do fluido nas seções (1) e (2) é constante – a carga total do fluido
na seção (1) é igual à da seção (2):
Eq. (12)
Essa equação poderá ser enunciada da seguinte forma: se, entre duas seções do escoamento,
o fluido for incompressível, sem atritos e o regime permanente, se não houver máquina nem
trocas de calor, então, as cargas totais se mantêm constantes em qualquer seção, não havendo
nem ganhos nem perdas de carga (BRUNETTI, 2005).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 12
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 13
Logo, pressão da água na saída da refinaria é, aproximadamente, igual a 29,4 × 105 Pa.
Exemplo 14
Um fluido, oriundo de um processo industrial, cuja massa específica é igual a 800 kg/
m3, flui pelo conduto ilustrado na Figura 20, de A para B, onde a seção A mede 4 m2 e
a seção B mede 2 m2. Sabendo que a diferença de pressão entre A e B é de 2,4 kPa, qual
o valor da velocidade do fluido na seção A? Considere a aceleração da gravidade local
igual a 10 m/s2.
(01)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
VA = 1,4 m/s
Logo, a velocidade de escoamento do fluido na seção A é igual a 1,4 m/s.
Exemplo 15
Água (ρ = 1000 kg/m3) está escoando em uma tubulação horizontal de diâmetro d, como
mostra a Figura 21. Em determinado ponto da tubulação, foi acoplado um dispositivo
medidor Venturi. Esse dispositivo consiste em um mecanismo que reduz o diâmetro
disponível para o escoamento em uma região do tubo, temporariamente, para d/2, e
um manômetro de mercúrio cujos braços são acoplados em duas regiões da tubulação,
uma delas de diâmetro normal e a outra de diâmetro reduzido, conforme representado
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 16
Deseja-se fazer um pequeno orifício na parede de um reservatório que contém água, de
forma que a água jorrada atinja exatamente o ponto x, localizado a uma distância de 6
m da base do reservatório, conforme indicado na Figura 22.
Assuma que o reservatório seja aberto e grande o suficiente para que o nível da água, H,
permaneça constante e igual a 10 m, mesmo após a abertura do orifício. Diante dessas
informações, determine o valor, em metros, da distância mínima, y, da lâmina d’água
para que a água atinja o ponto x desejado.
Solução: Admitindo escoamento em regime permanente, fluido incompressível e que o
escoamento seja sem perda de carga, decorre da equação de Bernoulli que
O movimento descrito por uma partícula fluida saindo através do orifício e caindo a
uma distância de 6 m do tanque é um movimento de queda livre. Assim,
e
Daí,
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O fluido ideal não existe na prática: esta é apenas uma aproximação que pode ser utilizada
em alguns casos ou para fins didáticos. Considerando ainda regime permanente, sem máquina
no trecho, sem perdas por calor, no caso do fluido real haverá dissipação de energia à medida que
H2 = H1 – ∆H1-2
Também podemos analisar a perda de carga como a diferença de carga entre as seções (1) e (2).
∆H1-2 = H1 – H2
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
• Bomba: máquina que fornece energia para o fluido escoar. O fluido, ao passar pela bomba,
recebe carga (energia) – HB ou HBomba.
• Turbina: máquina que extrai energia do fluido – aproveita a energia disponível do fluido para
conversão em energia mecânica. O fluido, ao passar pela turbina, perde carga – HT ou HTurbina.
A equação da energia para fluido real na presença de uma máquina deverá considerar
a carga recebida pelo fluido, no caso de uma bomba, e a carga perdida pelo fluido, no caso de
turbina. A Figura 26 mostra o trecho de estudo de um escoamento na presença de uma máquina.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
No caso de uma bomba, a carga total do fluido num ponto (2) à jusante da bomba será a
carga inicial do fluido no ponto (1) mais a carga líquida recebida pelo fluido na bomba, menos a
carga dissipada entre os pontos (1) e (2), ou seja:
H2 = H1 + HB – ∆H1-2
No caso de uma turbina, o fluido perde carga HT ao passar pela turbina, logo, HB deverá
ser substituído por – HT na equação da energia:
H2 = H1 + HT – ∆H1-2
Dessa forma, a equação de Bernoulli para escoamento ideal passa a ser reescrita, quando
há presença de máquina do sistema, como:
Eq. (13)
A Eq. (13) afirma que a presença de uma máquina de fluxo no sistema pode acarretar
variações na carga cinética, na carga potencial e na carga de pressão. Ao aplicar a Eq. (13), se o valor
encontrado para HM for positivo, a máquina em apreço é uma bomba; se HM for negativo, a máquina
Exemplo 17
Um reservatório elevado de grandes dimensões contendo um fluido de processo (massa
específica 800 kg/m3) está conectado a outro reservatório de grandes dimensões por
meio de uma tubulação com 100 mm de diâmetro e vazão volumétrica de 0,75 m3/s,
conforme ilustra a Figura 27.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Potência, por definição, é a energia mecânica (ou trabalho) por unidade de tempo e tem
o Watt (W) como unidade de medida no SI. Dessa forma,
ou, equivalentemente
No Exemplo 17, vimos que a máquina presente no sistema é uma bomba, pois HM > 0.
Assim, HB = 8m, e a potência teórica desenvolvida pela bomba será
• Bomba:
PotB: potência da bomba ou disponível no eixo da bomba.
: rendimento da bomba – varia na faixa de 0 a 1 (100%).
; ou
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
• Turbina:
PotT: potência da turbina ou disponível no eixo da turbina.
: rendimento da turbina – varia na faixa de 0 a 1 (100%).
; ou
Exemplo 19
Uma instalação de uma refinaria foi construída para transportar 0,05 m3/s de um
derivado de petróleo (massa específica de 850 kg/m3), entre dois tanques, distantes 100
m um do outro, através de uma tubulação de 150 mm de diâmetro, conforme a Figura 28.
HM = z2 – z1 = 2m
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os assuntos estudados nesta unidade são bastante relevantes, com muitas aplicações
práticas na Engenharia. Por isso, é extremamente importante a consulta em bibliografias
complementares ou outros meios que tratem do assunto.
Pense, reflita e discuta com os(as) seus(suas) colegas sobre aplicações das equações de
conservação de massa e energia, tratadas nesta unidade.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
03
DISCIPLINA:
FENÔMENOS DE TRANSPORTE
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................67
1 PERDA DE CARGA......................................................................................................................................................68
1.1 PERDA DE CARGA DISTRIBUÍDA...........................................................................................................................69
1.2 PERDA DE CARGA LOCALIZADA............................................................................................................................72
1.2.1 MÉTODO DOS COEFICIENTES............................................................................................................................73
1.2.2 MÉTODO DOS COMPRIMENTOS EQUIVALENTES...........................................................................................75
2 SISTEMAS ELEVATÓRIOS........................................................................................................................................79
2.1 PARÂMETROS HIDRÁULICOS DE UMA INSTALAÇÃO DE RECALQUE..............................................................80
2.1.1 ALTURA GEOMÉTRICA (HG).................................................................................................................................80
2.1.2 ALTURA MANOMÉTRICA.................................................................................................................................... 81
2.1.3 POTÊNCIA E RENDIMENTO DO CONJUNTO ELEVATÓRIO.............................................................................. 81
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1 PERDA DE CARGA
Vimos anteriormente que, à medida que um fluido real (não ideal) escoa em uma
tubulação, ocorre uma dissipação de energia ou perda de carga do fluido. A Figura 1 indica a
ideia da perda de carga (∆H) entre os pontos 1 e 2 de uma tubulação.
Figura 1 - Perda de carga do fluido entre dois pontos de um trecho de tubulação. Fonte: Os autores.
Em situações práticas, é muito importante estimar a perda de carga entre dois pontos de
uma instalação onde há escoamento de um fluido. Pois, com o valor estimado da perda de carga,
temos uma estimativa das condições de energia que o fluido terá ao chegar num determinado
ponto. Ou seja, sabendo as condições de energia no ponto 1 (H1) e calculando a perda de carga
• Perda de carga distribuída (perda de carga contínua ou perda de carga no trecho reto):
ocorre num trecho reto de uma tubulação, basicamente, devido ao atrito do fluido com
as paredes da tubulação.
• Perda de carga localizada ou singular: ocorre nas peças (acessórios) da tubulação
(curvas, cotovelos, válvulas, registros, reduções e expansões etc.).
A perda de carga total, que é a que deverá ser considerada nos casos práticos, é a soma das
perdas de carga distribuída e localizada.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
• Rugosidade do conduto;
• Viscosidade e densidade do líquido;
• Velocidade de escoamento;
• Diâmetro da tubulação;
• Grau de turbulência do escoamento;
• Comprimento percorrido.
Na literatura, podemos encontrar várias equações empíricas com aplicações específicas
(adutora de água, instalação predial de água fria etc.) para o cálculo da perda de carga. Dentre
elas, podemos destacar a fórmula universal da perda de carga – Equação de Darcy-Weisbach:
• Fórmula de Hagen-Poiseuille: válida para regime laminar Re < 2000. No regime laminar,
f não depende da rugosidade relativa (ε/D).
• Fórmula de Blausius: curva dos tubos hidraulicamente lisos (como de PVC), sendo
representada por esta fórmula na faixa 3000 < Re < 105.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Eq. (03)
Exemplo 1
ou seja, o escoamento é laminar, e o fator de atrito é determinado por meio da Eq. (09)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 2
Água escoa por 50 km através de uma tubulação horizontal de cobre (ε = 0,0015 mm) de
150 mm de diâmetro a 500 l/min. Determine a perda de carga e a queda de pressão para a
situação descrita, considerando ρ = 1000 kg/m3 e μ = 0,001 kg/(ms).
Solução: Considerando regime permanente e fluido incompressível, segue da Eq. (01) que
ou seja, o regime de escoamento é turbulento e, nessa situação, o fator de atrito é obtido pelo
diagrama de Moody da Figura 2. Temos, ainda, que a rugosidade relativa é:
Agora, para estimar a queda de pressão, aplicamos a Eq. (03). Como o diâmetro da tubulação
é constante, segue que a velocidade é constante ao longo da tubulação e, dessa maneira, não
há variação de velocidade. Como o enunciado não faz menção à diferença de cota ao longo
da tubulação, é pertinente assumir que a diferença de altura é nula. Assim, simplificando a
Eq. (03), temos que
ou ainda,
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 3
O fator de atrito para escoamento em tubulação lisa pode ser determinado pela equação
, quando 5x103<Re<108. Considere um escoamento no qual o fluido é
a água, a qual está escoando com Re = 106, em uma tubulação de 50 mm de diâmetro.
Determine a perda de carga, em metros de coluna por metro linear de tubulação.
Solução: Considerando regime permanente e fluido incompressível, segue da Eq. (08) que a
perda de carga por metro linear de tubulação é
Temos que a velocidade de escoamento será determinada, neste exercício, por meio do
Logo,
Esse tipo de perda de carga ocorre em trechos singulares dos condutos, tais como: junções,
derivações, curvas, válvulas, entradas e saídas de tubulações etc., conforme mostra a Figura 3.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Eq. (04)
Eq. (05)
Considere que a água escoe numa tubulação de diâmetro igual a 5 cm numa vazão de 6,28
l/s. Ao longo da tubulação, está presente uma válvula globo (K = 7) rosqueada, totalmente
aberta. Determine a perda de carga sofrida pelo fluido ao passar por essa válvula.
Solução: Considerando regime permanente e fluido incompressível, segue da Eq. (04) que
A velocidade de escoamento é
Assim,
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 5
Admita que, em uma empresa, haja necessidade de dimensionar uma bomba hidráulica para
uma instalação de bombeamento da Figura 4, que deve operar com vazão de 36 m3/h.
Os acessórios presentes ao longo do circuito hidráulico são: (1) válvula de pé com crivo
K =15; (2) cotovelo na sucção K = 1; (3) cotovelos no recalque K = 1; (4) válvula globo
totalmente aberta K = 16; (5) saída de recalque K = 1.
Sabe-se que o trecho retilíneo de tubo na região da sucção é igual a 0,5 m e, no recalque,
igual a 7,0 m. Considere, ainda, que o fluido a ser transportado seja água (massa específica
= 1000 kg/m3 e viscosidade 0,001 Pa.s) e que o diâmetro da tubulação seja de 5 cm e de aço
liso (ε=0).
Determine a potência teórica da bomba instalada na seção.
Solução: Considerando regime permanente e fluido incompressível, segue da Eq. (02) que
ou seja, o regime de escoamento é turbulento e, nessa situação, o fator de atrito é obtido pelo
diagrama de Moody da Figura 2. Temos, ainda, que a rugosidade relativa é (tubulação
lisa). Com o número de Reynolds e a rugosidade relativa, estimamos o fator de atrito em f =
0,015. Daí, a perda de carga contínua ao longo dos 7,5 m de tubulação (0,5 m da sucção e 7
m do recalque) é
Agora, vamos estimar a perda de carga localizada. Como temos vários acessórios numa
tubulação de mesmo diâmetro, podemos somar os valores de K e, em seguida, aplicar a Eq.
(05). Assim, ∑ K = 35. Daí, a perda localizada será
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A perda de carga total é a soma da perda de carga contínua com a localizada e, nesse caso,
seu valor é hT = 48,4 m. Observe que, neste exercício, a perda de carga localizada é 15,5 vezes
o valor da perda de carga contínua. Agora, vamos determinar que HB é a quantidade de
energia específica que a bomba deve fornecer ao sistema hidráulico a fim de manter o fluido
em movimento e, ainda, vencer as perdas de carga. Para isso, empregaremos a Eq. (03):
Nas superfícies livres dos dois tanques, o fluido está parado (pois estamos admitindo regime
permanente), e a pressão nesses pontos é atmosférica nos dois tanques. Assim, simplificando
a Eq. (03), temos que
Eq. (06)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 6
Calcular o comprimento equivalente de uma instalação hidráulica da Figura 5, de diâmetro
3 polegadas, construída com tubo de aço galvanizado novo, conforme a figura a seguir, que
deve transportar uma vazão de água de Q = 10 m3/h.
O valor de 43,9 m indica que a perda de carga que o fluido sofrerá ao fluir pela tubulação é
equivalente a ele fluir por uma tubulação reta, de mesmos diâmetro e material.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 7
O esquema da Figura 7 representa uma tubulação de ferro galvanizado (ε = 0,15mm), por
,
onde a água escoa a uma vazão volumétrica Q = 0,045m3/min. A massa específica dessa água
é 999 kg/m3, e a viscosidade é 1,12 x 10-3 Pa.s.
ou seja, o regime de escoamento é turbulento e, nessa situação, o fator de atrito é obtido pelo
diagrama de Moody da Figura 2. Temos, ainda, que a rugosidade relativa é
. Com o número de Reynolds e a rugosidade relativa na Figura 7, estimamos o fator de
atrito em f = 0,035. Para o cálculo do comprimento, vamos usar a ideia de comprimento
equivalente de tubo para os acessórios presentes. Assim, além do comprimento linear de
tubo, somamos os comprimentos equivalentes de cada acessório presente na equação. Daí,
segue que o comprimento reto de tubulação é:
Os acessórios são: 4 curvas de 90º , 1 válvula globo totalmente aberta e 1 válvula gaveta
totalmente aberta. Assim, o comprimento equivalente para os acessórios é:
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
2 SISTEMAS ELEVATÓRIOS
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
a. Bomba afogada, quando a cota de instalação do eixo da bomba está abaixo da cota do
nível d'água no reservatório inferior R1.
b. Bomba não afogada, quando a cota de instalação do eixo da bomba está acima da cota do
nível d'água no reservatório inferior R1.
A Figura 9 mostra o esquema das configurações de bomba afogada e bomba não afogada.
A altura geométrica, Hg, é o valor do desnível geométrico vertical (diferença entre a cota
do nível do fluido superior e inferior). Essa altura pode ser dividida entre a altura de sucção e
de recalque. A altura de sucção, hs, é a distância vertical entre o nível do fluido no reservatório
inferior e o eixo da bomba. A altura de recalque, hr, é a distância vertical entre o eixo da bomba e o
nível do fluido no reservatório superior. A Figura 10 mostra a representação da altura geométrica
num sistema de bomba afogada e outra não afogada.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A altura manométrica Hman (ou carga líquida fornecida pela bomba: HB) representa a
energia absorvida por unidade de peso de líquido ao atravessar a bomba, ou seja, é a energia na
saída da bomba menos a energia da entrada. Aplicando a equação da energia num trecho, entre
os pontos 1 e 2, na presença de uma bomba, como visto na Unidade 2, tem-se:
Eq. (07)
Eq. (08)
A altura manométrica, Hman, representa a carga que deve ser fornecida ao fluido para
escoar do ponto 1 (ou reservatório inferior) ao ponto 2 (ou reservatório superior). Dessa forma,
a carga fornecida pela bomba deve ser suficiente para "vencer" o desnível geométrico entre os
reservatórios mais as perdas de carga entre os pontos 1 e 2.
Como visto anteriormente, a potência hidráulica, numa instalação de recalque, é o
trabalho realizado sobre o líquido ao passar pela bomba, podendo ser expressa pela equação:
Eq. (09)
em que P: potência do conjunto elevatório (kW ou cv); HB: altura manométrica (m); Q:
vazão volumétrica (m3/s);
Para efeito de avaliação da potência do conjunto elevatório (motor e bomba), é necessário
conhecer, além do rendimento da bomba ηb, o rendimento do motor ηm, que é a relação entre a
potência que o motor transmite e a que ele recebe da fonte de energia. Sendo assim, o rendimento
do motor, além do rendimento da bomba, também deve ser considerado no cálculo da potência
do conjunto elevatório. Portanto, o coeficiente representa um coeficiente global, , que
considera o rendimento do motor e da bomba.
A partir de testes experimentais, os fabricantes oferecem curvas de desempenho (curvas
características) das bombas. Normalmente, essas bombas são dimensionadas para operarem
a uma velocidade nominal ω0 e para acomodarem diversos rotores no interior da carcaça. Os
resultados desses ensaios experimentais são apresentados em uma série de curvas que apresentam,
para diferentes diâmetros de rotor operando na mesma rotação ou para diferentes rotações de um
mesmo diâmetro de rotor, as seguintes características: (i) vazão versus altura manométrica total;
(ii) vazão versus rendimento; (iii) vazão versus potência requerida no eixo de acionamento.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
WWW.UNINGA.BR 82
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Se, ao contrário, o diâmetro adotado for relativamente grande, haverá perdas de carga
pequenas, e a potência do conjunto elevatório necessária será pequena, enquanto o custo da linha
adutora será alto.
O diâmetro da tubulação mais conveniente, economicamente, é aquele que resulta em
menor custo total das instalações. Esse diâmetro é chamado de diâmetro econômico. Esses
aspectos podem ser ilustrados por meio do gráfico da Figura 12, em que a curva I representa
a variação dos custos da tubulação em relação ao diâmetro, e a curva II representa a variação
dos custos operacionais (energia, acessórios, equipamentos etc.) de implantação do conjunto
motor-bomba em relação ao diâmetro. A curva III representa a soma dos custos das curvas I e II,
fornecendo, portanto, o custo total da instalação elevatória. O diâmetro econômico corresponde
ao ponto de menor (mínimo) custo da curva III.
em que:
Dr: diâmetro de recalque (m)
K: fator de Bresse
Q: vazão (m3/s)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Para as equações citadas, vale ressaltar as seguintes observações: trata-se de uma equação
muito simples para representar um problema complexo com muitas variáveis econômicas,
portanto, deve ser aplicada na fase de anteprojeto. Em sistemas menores (de até 6 polegadas),
pode conduzir a resultados aceitáveis enquanto que, para sistemas maiores, deve ser tomado
como primeira aproximação.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Para a análise das condições de cavitação, será aplicada a equação da energia entre o
reservatório inferior (ponto 0) e a entrada da bomba (ponto 1) no sistema mostrado na Figura
13, de uma bomba não afogada.
Considerando que
• Z0 - Z1 = hs (altura de sucção).
• O reservatório inferior está sujeito à pressão atmosférica, ou seja, P0 = Patm.
• A velocidade no reservatório (v1) é desprezível: v1 = 0.
• A perda de carga entre 0 e 1 (∆H0-1) é a soma das perdas de carga na tubulação de sucção
(∆Hs) e no trecho compreendido entre o fim desta tubulação e a entrada do rotor da
bomba (∆h*), ou seja, ∆H0-1 = ∆Hs + ∆h*.
• A cavitação inicia quando a pressão no ponto 1 é igual à pressão de vapor (P1 = Pv).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Eq. (10)
Na prática, a avaliação das condições de cavitação da bomba é feita com base nessa
equação, mas de uma maneira diferente, a partir de valores denominados NPSH disponível e
NPSH requerido. Esses valores são obtidos separando, na equação (4), os termos que dependem
da instalação ou do líquido bombeado dos termos que dependem da bomba, constituindo, assim,
os lados esquerdo e direito da equação a seguir:
Eq. (11)
Eq. (12)
Observação: O valor de hs (altura de sucção) é positivo nas equações (10), (11) e (12) no
caso de a bomba estar afogada.
O lado direito da equação (11) é denominado NPSH requerido, ou simplesmente NPSHr,
e é interpretado fisicamente como sendo a carga energética de que a bomba necessita para
succionar o líquido sem cavitar. Logo:
Eq. (13)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Em resumo, para avaliar as condições de cavitação, o valor de NPSHd deve ser calculado e
comparado com o valor de NPSHr obtido na curva fornecida pelo fabricante, para a mesma vazão
de operação da bomba. Para que não ocorra a cavitação, o valor de NPSHd deve ser maior que o
valor de NPSHr, ou seja,
Portanto, para evitar o fenômeno, a pressão absoluta na entrada da bomba deve ser maior
que a pressão de vapor do líquido. Quanto maior o valor de NPSHd, melhores as condições para
se evitar a cavitação. Assim, as condições que ajudam a evitar a cavitação são:
a. Menor velocidade no tubo de sucção. Fixada a vazão, esse resultado só pode ser obtido
com tubos de maior diâmetro.
b. Menor altura de sucção.
c. Menores perdas distribuídas e singulares na tubulação de sucção. Pode-se obter essa
condição aumentando-se o diâmetro da tubulação de sucção.
Normalmente, os líquidos bombeados não se apresentam em uma forma pura, mas
contaminados por impurezas que podem alterar a pressão na qual a cavitação se inicia. Um
dos tipos de impureza que ocorre com frequência no meio líquido são gases dissolvidos que
podem provocar o surgimento de bolhas macroscópicas a pressões ainda superiores à pressão de
vapor. Por esse motivo, no caso de seleção de bombas, é importante estabelecer uma margem de
segurança mínima, ou folga, no valor de NPSHd.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 8
A bomba apresentada na Figura 15 é usada para transferir água 25º C para uma estação de
tratamento a partir de um poço, como ilustra a figura a seguir. A vazão através do tubo de 3
in de diâmetro é de 21 l/s, a altura h do nível de coleta de água abaixo da bomba é de 3 m, e
o fator de atrito foi estimado em f = 0,02. Verifique se haverá cavitação da bomba instalada.
Daí,
Note que o NPSH requerido para a vazão de 21 l/s é menor que 3,0 m. Como o NPSHdisponível
≥ NPSHrequerido , a bomba não irá cavitar.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
As bombas são projetadas para trabalhar com vazões (Q) e alturas manométricas
previamente estabelecidas. Por meio de ensaios de bancada, verifica-se que as bombas são capazes
de atender outros valores de vazões e alturas manométricas, além dos pontos para os quais elas
foram projetadas.
As curvas características das bombas são representações gráficas ou em forma de tabelas
das funções que relacionam os diversos parâmetros envolvidos em seu funcionamento. Os
fabricantes de bombas apresentam, nos catálogos, curvas dimensionais da altura manométrica
em função da vazão, Hman = f(Q), da potência necessária em função da vazão, Pot =f(Q), do
rendimento em função da vazão η = f(Q) e do NPSHreq, com a vazão recalcada NPSHreq = f(Q).
As curvas características Hman x Q das bombas centrífugas geralmente podem ser expressas
por uma equação do 2º grau do tipo: Hman = aQ2 + bQ + c. A Figura 17 mostra exemplos de curvas
características, Hman x Q e Pot x Q, de bombas centrífugas.
As informações contidas nessas curvas são essenciais para a escolha da bomba e para o
modo de operação do conjunto elevatório.
Curva Característica da Instalação:
A equação do sistema de tubulação, para a situação em que os pontos 1 e 2 estão sujeitos
à pressão atmosférica, é obtida pela equação:
Portanto, numa instalação cuja altura geométrica, diâmetro e comprimento total (real
+ equivalente) sejam conhecidos, a equação característica do sistema é dependente somente da
vazão e pode ser escrita da seguinte forma:
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A equação anterior mostra que a curva do sistema será uma curva polinomial crescente
(Figura 18).
A operação da bomba num dado sistema é definida em função das condições deste sistema
em termos de sua altura geométrica e perda de carga total. Assim, o ponto de operação (Hman e Q
de operação) de uma bomba num dado sistema é a interseção da curva característica da bomba
CB com a curva do sistema de tubulação CS, conforme apresentado na Figura 18.
Exemplo 9
Água é transferida de um reservatório para uma caixa d'água de um edifício, cujo nível
de referência se encontra 50 m acima do primeiro. Ambos os reservatórios se encontram
sujeitos à pressão atmosférica. A curva de carga do sistema apresenta a seguinte forma:
Hs = 135 + 4500 Q²
na qual Hs é a carga que deve ser desenvolvida pela bomba para que escoe uma vazão
volumétrica Q através da tubulação.
A curva característica da bomba centrífuga utilizada no sistema pode ser definida por:
Hb = 1035 −18.000 Q²
na qual Hb é a carga desenvolvida pela bomba quando ela bombeia uma vazão volumétrica
Q. Em ambas as equações, [H] = m de coluna de água e [Q] = m³/s. Determine a vazão
transferida do reservatório inferior para o superior, no ponto de operação.
Solução: No ponto operacional Hsistema = HBomba. Assim,
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
As exigências das instalações são muito variadas em termos de vazão e altura manométrica,
e nem sempre é possível encontrar essas características em uma bomba somente. A associação
das bombas em série e paralelo, mostradas na Figura 19, pode resolver esse problema. O ponto
de operação do sistema é obtido pela interseção da curva característica do sistema de tubulação
com a curva resultante da associação das bombas (BAPTISTA; LARA, 2010).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A associação em paralelo é utilizada nos casos em que uma bomba somente não atende
à necessidade de vazão do sistema. Nesse esquema, cada bomba recalca a mesma parte da vazão
total do sistema, mas a altura total de elevação do sistema é a mesma de cada uma das bombas.
A curva característica do sistema resultante da associação em paralelo é obtida adicionando as
abcissas (Q) das curvas características de cada bomba para uma mesma altura manométrica (AD
= AB + AC), como mostrado na Figura 21.
Exemplo 10
O sistema elevatório de água de um edifício é composto por duas bombas centrífugas iguais,
ligadas em série, com capacidade de 20 litros por segundo e 40 metros de altura manométrica.
Determine a vazão, em litros por segundo, e a altura manométrica, em metros, das duas
bombas funcionamento em conjunto.
Solução: Na associação em série, a carga líquida (HB) combinada é simplesmente a soma
das cargas líquidas de cada bomba, e a vazão total é igual à vazão de cada bomba individual.
Assim, a vazão é igual a 20 litros por segundo, e a carga líquida das suas bombas em série é
igual a 40 m.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 11
Admita que, em uma empresa, haja necessidade de dimensionar uma bomba hidráulica para
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Como os tanques estão abertos à atmosfera, as pressão são idênticas e, ainda, como os
tanques são de grandes dimensões e o regime é permanentes, vamos assumir que o nível
desses tanques não é alterado, logo, podemos assumir que as velocidades nas superfícies
livres dos tanques são nulas. Assim, a carga a ser fornecida pela bomba é
E é coerente pensar que, para o fluido escoar, é necessário que ele vença a altura geométrica do
sistema e a perda de carga total. Vamos estimar a perda de carga. A velocidade de escoamento é
Agora, estimamos o fator de atrito pelo Diagrama de Moody com (tubo liso) e com
Re = 2,55 × 104, que nos fornece f = 0,015. Nesse exemplo, vamos calcular a perda de carga
total usando a regra do comprimento equivalente uma vez que nos foram dadas essas
informações. Assim, o comprimento equivalente é
3ª etapa: Assim, temos as seguintes informações {HB = 48,1m, QV = 36m3/h e, com elas,
vamos no gráfico de quadrículas do fabricante KSB e vamos assumir uma velocidade de
rotação do rotor de 3500 rpm (observe no catálogo que há dois gráficos de quadrículas).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
4ª etapa: Agora, para dar as especificações, vamos procurar esse modelo de catálogo e
analisar as informações do gráfico da curva característica. Assim, a curva característica da
bomba modelo 32-200, do manual KSB, é dada pela Figura 24.
Observe que a Figura 24 nos fornece informações importantes acerca das especificações da
bomba. No primeiro gráfico, notamos que o diâmetro do rotor é de ϕ = 192 mm (você deve
entrar com as informações HB = 48,1 m, QV = 36 m3/h). No segundo gráfico, observamos
que o NPSH é, aproximadamente, igual a 5 m (você só precisa entrar com o valor da vazão
volumétrica). No terceiro gráfico, com o valor da vazão volumétrica (QV = 36 m3/h) e com o
diâmetro do rotor de (ϕ = 192 mm), observamos que a potência tem valor próximo a 14 HP.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os assuntos tratados nesta unidade são vastos e bastante aplicados na Engenharia Elétrica.
Um exemplo disso é a análise de eficiência energética.
As bombas hidráulicas são equipamentos responsáveis por grande parte do consumo de
energia elétrica na maioria das indústrias. Elas são acionadas geralmente por motores de indução
trifásicos, que são máquinas robustas e de elevado rendimento.
No entanto, existem formas de aumentar o rendimento global do sistema através de
modificações executadas no processo. Uma alteração comum em sistemas de bombeamento,
visando à eficiência energética, é a utilização de conversores de frequência no acionamento dos
motores elétricos.
O conhecimento dos assuntos tratados nesta unidade permite uma análise detalhada e
qualificada desse e de outros vários problemas relacionados à Engenharia Elétrica.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
04
DISCIPLINA:
FENÔMENOS DE TRANSPORTE
TRANSFERÊNCIA DE CALOR
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................98
1 CALOR – DEFINIÇÕES E UNIDADES........................................................................................................................99
2 MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR.................................................................................................. 100
2.1 CONDUÇÃO............................................................................................................................................................. 100
2.2 CONVECÇÃO.......................................................................................................................................................... 112
2.3 RADIAÇÃO.............................................................................................................................................................. 116
2.4 MECANISMOS COMBINADOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR..................................................................... 119
3 CONDUÇÃO DE CALOR EM REGIME PERMANENTE EM CILINDROS E ESFERAS............................................ 122
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................................................... 129
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Os principais assuntos que serão tratados nesta unidade serão os conceitos relacionados
aos mecanismos de transmissão de calor, as equações matemáticas que governam as leis que
definem esses mecanismos e suas aplicações na Engenharia.
Vale ressaltar que, neste material, as equações de transferência de calor não serão tratadas
com o rigor matemático que a disciplina exige. Será dada ênfase aos problemas de transferência
unidimensional em regime permanente – o que simplifica bastante a complexidade matemática
do assunto. No entanto, é importante a busca por um maior aprofundamento da matéria e o
conhecimento de aplicações bi e tridimensionais, em regime transiente e de sistemas com geração
de energia. Além disso, o assunto é bastante vasto, com inúmeras aplicações na Engenharia, o que
torna necessária e fundamental a consulta de bibliografias da área, sites com textos e vídeos que
tratam do assunto, além de outras fontes de informações.
No campo da Engenharia Elétrica, uma análise de transferência de calor deve ser efetuada
no projeto de máquinas elétricas, transformadores e rolamentos a fim de evitar condições que
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Calor é uma forma de energia em trânsito, que ocorre devido a uma diferença de
temperatura. Ou seja, sempre que existir um gradiente de temperatura dentro de um sistema ou
que dois sistemas, a diferentes temperaturas, forem colocados em contato, haverá transferência
de energia (Figura 1), chamada calor ou transferência de calor. É um fenômeno transitório pelo
fato de ser uma grandeza que não pode ser observada ou medida diretamente num corpo, porém,
os efeitos que ela produz são suscetíveis de observação e medição – calor só é identificado quando
atravessa a fronteira do sistema.
Figura 1 - Corpos em contato com diferente temperatura – fluxo de calor. Fonte: Cengel e Cimbala (2007).
O calor trocado entre dois corpos com temperaturas diferentes flui espontaneamente
• 1 cal = 4,1868 J
• 1 Btu = 1,055 kJ
Sendo calor uma forma de energia, todos os processos de transferência de calor envolvem
transferência e conversão de energia. O ramo da ciência que trata da relação entre o calor e as
outras formas de energia é chamado termodinâmica. A Figura 2 mostra uma máquina térmica na
qual podemos verificar a conversão de energia térmica (calor) em energia mecânica.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
2.1 Condução
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Eq (1)
Eq (2)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
etc.
Fonte: Os autores.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Figura 6 - Variação da condutividade (k) com a temperatura. Fonte: Cengel e Cimbala (2007).
Exemplo 1
A Figura 7 representa uma parede na qual as superfícies interna e externa estão a 30º
Determine a taxa de transferência de calor através de uma parede de área igual a 5 m2.
Solução: Considerando que a transferência de calor seja unidimensional e em regime
permanente, a taxa de transferência de calor é calculada pela Eq. (4). Assim,
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 2
As temperaturas das faces interna e externa do telhado, medidas em uma noite, são
iguais a 15º C e 4º C, respectivamente, durante um período de 10 horas. Com bases
nessas informações, determine:
Logo, num período de 10 h, as perdas de energia são iguais a 15,84 kWh. Daí, o custo
dessa perda de calor para o proprietário é de
Exemplo 3
Agora, para redução em 50% na taxa de transferência de calor, temos que o mesmo
deverá ser de Q = 2.000 W. Dessa maneira, a espessura da parede deverá ser de
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 4
A fim de se obter a temperatura interna desejada, qual deve ser o material selecionado,
dentre os apresentados na tabela anterior, para composição da parede externa?
(A) Concreto
(B) Pedra natural
(C) Placa de madeira prensada
(D) Placa com espuma rígida de poliuretano
(E) Placa de aglomerado de fibras de madeira
Solução: Considerando que a transferência de calor seja unidimensional e em regime
permanente, a condutividade térmica do material a ser utilizado é calculada pela Eq.
(4). Temos que Q/A = 105 Wm-2, ∆T = 20 – 35 = –15 e = 0,20 m. Assim,
Eq (03)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A difusividade térmica de uma substância pode ser entendida como a razão entre
a capacidade de ela conduzir calor e a capacidade de ela armazenar calor. Observe que a
difusividade térmica tem a mesma dimensão de viscosidade cinemática (L2T-1). Um material com
alta condutividade térmica e baixa capacidade térmica (ρ cp) terá, com certeza, uma elevada
condutividade térmica e, quanto maior o valor da difusividade térmica, mais rapidamente
ocorrerá a propagação de calor no meio. Por outro lado, um material com baixa difusividade
térmica indica que uma maior parte do calor é absorvida pelo material, e uma pequena parcela é
conduzida adiante.
A razão entre a viscosidade cinemática (ν) e a difusividade térmica (α) define o número
de Prandtl:
Eq (04)
Eq (05)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Figura 12 – Rede de resistência térmica de condução de duas paredes planas. Fonte: Os autores.
e, ainda, que
Eq (06)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 5
A Figura 13 apresenta duas barras de materiais diferentes, combinadas em série e
montadas entre duas paredes. A área da seção reta de cada barra vale 1 m2, e ambas
possuem 0,4 m de espessura. Considerando-se as condutividades térmicas apresentadas,
determine a taxa de calor através das paredes e as temperaturas nas interfaces ao longo
da parede.
e a resistência total é Rtotal = 0,005 + 0,010 = 0,015 K W-1. Daí, substituindo na equação
(4), segue que a taxa de calor através das paredes é:
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 6
A parede externa de uma casa é composta por uma camada de 25 cm de espessura de
tijolo comum e uma camada de 5 cm de gesso, como ilustra a Figura 14. Qual a taxa de
transferência de calor por unidade de área se a face externa da parede se encontra a 35°
C e a face interna a 20° C?
Dados: ktijolo = 0,70 W/m.K; kgesso = 0,50 W/m.K
e a resistência total é Rtotal = 0,357 + 0,10 = 0,457 KW-1. Daí, substituindo na equação (6),
segue que a taxa de calor através das paredes é
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Considere, também, que todas as paredes estão sujeitas à mesma diferença de temperatura,
que as paredes podem ser de materiais e/ou dimensões distintas e que a taxa de calor total é a
soma das taxas por cada parede individual. Assim, a taxa de transferência de calor na parede 1 é
dada por
Daí, como o fluxo de calor total é igual à soma dos fluxos de calor, segue que
Eq (07)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 7
Daí, substituindo na equação (07), segue que a taxa de calor através das paredes é
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
2.2 Convecção
Figura 18 - Resfriamento de um bloco quente por convecção natural e forçada. Fonte: Cengel e Cimbala (2007).
Eq. (08)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 8
Calcule a taxa de transferência de calor por convecção natural entre um telhado de
galpão de 20 m x 20 m de lado e o ar ambiente, Figura 19, se a temperatura da superfície
do telhado é de 27º C, a temperatura do ar é de 3º C e o coeficiente de transferência de
calor médio é de 11 W m-2K-1.
Solução: Considerando apenas a transferência de calor por convecção, segue que ela
pode ser determinada pela Eq. (08). Assim,
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 9
Um determinado fluido escoa através de um tubo de 30 cm de diâmetro interno. O
fluido se encontra a uma temperatura de 65° C. A temperatura da superfície interna do
tubo é de 40° C. Considerando um coeficiente de transferência de calor por convecção
de 2000 W/m².K, calcule a taxa de transferência de calor por metro de comprimento
linear de tubo.
Solução: Considerando apenas a transferência de calor por convecção, segue que ela
pode ser determinada pela Eq. (08). Assim,
Exemplo 10
Um transistor, com altura de 0,4 cm e 0,6 cm de diâmetro, é montado sobre uma placa
plana de circuito, como apresentado na Figura 20.
O transistor é resfriado com ar fluindo sobre ele com coeficiente médio de transferência
de calor de 30 W/m².K. Considerando que a temperatura do ar é de 45ºC e o valor
da temperatura da superfície do transistor não exceda 70º C, determine a quantidade
de energia que esse transistor pode dissipar de forma segura. Desconsidere qualquer
transferência de calor da base do transistor.
Considerando apenas a transferência de calor por convecção, segue que ela pode ser
determinada pela Eq. (08). Assim,
Logo, a quantidade de energia que esse transistor pode dissipar de forma segura é de
7,78 × 10-2 W.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 11
A temperatura de ebulição do nitrogênio é de – 196º C e, por isso, é empregado em
estudos científicos em baixa temperatura, uma vez que a temperatura se mantém
constante em – 196º C até acabar o nitrogênio líquido no tanque. Considere um tanque
esférico de 3 m de diâmetro, inicialmente cheio de nitrogênio líquido a 1 atm e -196º C,
como ilustra a Figura 21.
Fique atento(a) que a área da superfície da esfera é A = 4π × R2. Observe que o sinal
negativo de Q indica que o nitrogênio líquido perde calor para o ambiente. Assim, a
massa de nitrogênio líquido que evapora é calculada por meio da Eq. (2). Daí,
ou seja,
Portanto, a taxa de evaporação do nitrogênio líquido no tanque como resultado da
transferência de calor para o ar ambiente é, aproximadamente, 1 l s-1.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
2.3 Radiação
É a energia emitida por um corpo na forma de ondas eletromagnéticas (ou fótons) devido
à ocorrência de mudanças na configuração eletrônica de átomos ou moléculas. Diferente da
condução e da convecção, a transferência de energia por radiação não requer a presença de um
meio interveniente para ocorrer – é a única que ocorre no vácuo. Essa é a forma como a energia
Eq. (09)
Eq. (10)
Figura 22 - Calor emitido por um corpo a uma temperatura Ts. Fonte: Cengel e Cimbala (2007).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Pelo que foi exposto, todos os corpos emitem calor a uma taxa (Qemit). O calor emitido
por um corpo, a uma temperatura Ts, incide (Qinc) em corpos que estão na vizinhança do corpo
emissor, sendo que parte dessa energia é absorvida (Qabs), e parte é refletida (Qref ). Todos os
sólidos, líquidos e gases emitem, absorvem e refletem radiação em diferentes graus.
Figura 23 - Energia incidente, refletida e absorvida por um corpo. Fonte: Cengel e Cimbala (2007).
Eq. (11)
em que Tcirc é a temperatura do corpo que circunda o corpo emissor. Há ganho de energia
no caso em que a taxa de absorção é maior que a taxa de emissão.
A transferência de radiação de calor para uma superfície cercada de gás, como o ar, ocorre
paralelamente por condução (ou convecção se houver um movimento da massa de gás) entre a
superfície e o gás. Assim, a transferência total de calor é determinada pela adição das contribuições
de ambos os mecanismos de transferência de calor. Por simplicidade e conveniência, isso é muitas
vezes feito por meio da definição de um coeficiente combinado de transferência de calor hcombinado,
que inclui tanto os efeitos da radiação quanto os da convecção (CENGEL; CIMBALA, 2007).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 12
Assim, a taxa líquida de calor que é retirado da haste por radiação é, aproximadamente,
3,6 kW.
Exemplo 13
Logo, a temperatura na qual as superfícies ao redor devem ser mantidas a fim de a caixa
ser resfriada apenas por radiação é de 32,6ºC.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Figura 26 - Mecanismos simultâneos numa garrafa térmica. Fonte: Quites e Lia (2010).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 14
Considere uma janela de vidro, ilustrada na Figura 27, de 0,8 m de altura, 1,5 m de largura,
8 mm de espessura e condutividade térmica k = 0,78 W m-1K-1. Determine a taxa de
transferência de calor permanente através dessa janela de vidro para o dia em que a sala está
mantida a 20º C, enquanto a temperatura externa é de –10º C.
Solução: Considerando o regime permanente, a equação de Fourier pode ser empregada. Note
que o circuito térmico é dado pela Figura 28, em que: R1 corresponde à resistência por convecção
na parte interna; R2, à resistência por condução; e R3, à resistência por convecção na parte externa.
Substituindo na equação (4), segue que a taxa de calor através das paredes é
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 15
Considere uma janela de painel duplo de 0,8 m de altura e 1,5 m de largura, composta por
duas placas de vidro (k = 0,78 W m-1K-1) de 4 mm de espessura, separadas por uma camada
de ar estagnado (k = 0,026 W m-1K-1) de 10 mm de largura, como ilustrado na Figura 29.
Determine a taxa de transferência de calor através dessa janela de painel duplo enquanto a
temperatura externa estiver em -10º C. Considere os coeficientes de transferência de calor
sobre as superfícies interna e externa da janela iguais a 10 W m-2 K-1 e 40 W m-2 K-1.
Substituindo na equação (4), segue que a taxa de calor através das paredes é
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Eq (12)
Para a Eq. (12), separando as variáveis, substituindo a área pela expressão da área lateral
do cilindro (A = 2 × π × r × L) e integrando, temos que:
Eq (13)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Eq (14)
Eq (14)
Em situações como a apresentada pela Figura 31, a resistência total, obtida a partir do
circuito térmico, é calculada como segue:
Eq (15)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 16
Compare a perda de calor em uma tubulação cilíndrica de cobre isolada e não isolada,
ilustrada pela Figura 32, sob as condições a seguir. A tubulação (k = 400 W m-1 K-1) tem
diâmetro interno de 15 cm e externo de 17 cm. Vapor saturado flui através dessa tubulação a
110º C e h = 15 W m-2 K-1. A tubulação está localizada em ambiente a 30º C, onde o coeficiente
de transferência de calor em sua superfície externa é estimado em 20 W m-2 K-1. O isolamento
disponível para reduzir as perdas de calor tem uma espessura de 3,5 cm, e sua condutividade
térmica é igual a 0,25 W m-1 K-1. Admita que o comprimento do cilindro seja de 1 m.
Figura 32 – Condução de calor através de cilindro e circuito térmico. Fonte: Kreith e Bohn (2003).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 17
Assim,
Daí,
Considere uma esfera oca submetida a uma diferença de temperatura entre a superfície
interna e externa, como apresentado na Figura 33.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Admita que a temperatura na superfície interna seja constante e igual a T1, enquanto
que a temperatura da superfície externa seja T2. Para a condução de calor unidimensional, em
coordenadas esféricas, a Lei de Fourier é escrita como
Eq (16)
Para a Eq. (16), separando as variáveis, substituindo a área pela expressão da área da
esfera (A = 4 × π × r2) e integrando, temos que:
Eq (17)
Eq (18)
Eq (19)
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Exemplo 18
Um tanque de aço (k = 40 kcal h-1 m-1 K-1), de formato esférico e raio interno 0,5 m e espessura
5 mm, é isolado com 3,81 cm de lã de rocha (k = 0,04 kcal h-1 m-1 K-1). A temperatura da face
interna do tanque é de 220º C e a face externa do isolante é de 30º C. Após alguns anos de
utilização, a lã de rocha foi substituída por outro isolante, de mesma espessura, tendo sido
notado um aumento de 15% no calor dissipado ao ambiente, mantendo-se constantes as
demais condições. Com base nessas informações, determine:
A) a taxa de transferência de calor por condução pelo tanque isolado com lã de rocha.
B) a condutividade térmica do novo material isolante, considerando que a espessura do
novo material seja de 3,81 cm.
C) qual deveria ser a espessura do novo isolante a fim de que se tenha o mesmo fluxo de
calor que era trocado com a lã de rocha.
Solução: A) Considerando o regime permanente, a lei de Fourier pode ser empregada. A
resistência total por condução, considerando a parede de aço e o isolamento constituído de
lã de vidro, é
Daí,
C) Para manter a mesma taxa de transferência de calor que a obtida no item (A), o valor da
espessura da nova camada de isolante é calculado a partir da equação da resistência total,
que deverá apresentar o mesmo valor numérico que o inicial. Assim,
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Exemplo 19
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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ENSINO A DISTÂNCIA
REFERÊNCIAS
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2010.
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McGrawHill, 2007.
ÇENGEL, Y. A.; GHAJAR, A. J. Transferência de Calor e Massa – Uma abordagem prática. 4. ed.
Porto Alegre: Mc Grall-hill, 2012.
FOX, R. W.; McDONALD, A. T.; PRITCHARD, P. J. Introdução à Mecânica dos Fluidos. 6. ed.
São Paulo: LTC, 2012.
KREITH, F.; BOHN, M. S. Princípios da transmissão de calor. São Paulo: Thomson, 2003.
VILANOVA, L.C. Mecânica dos fluidos. 3. ed. Santa Maria: Colégio Técnico Industrial de Santa
Maria, 2011.
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