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PROJETOS DE SISTEMAS

TÉRMICOS
PROF. DR. RICARDO CARDOSO DE OLIVEIRA
PROF. ME. RODRIGO CESAR NEPOMUCENO
Presidente da Mantenedora
Ricardo Benedito Oliveira
Reitor:
Dr. Roberto Cezar de Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica
Gisele Colombari Gomes
Diretora de Ensino
Prof.a Dra. Gisele Caroline
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Edson Dias Vieira
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Camila Cristiane Moreschi
Danielly de Oliveira Nascimento
Fernando Sachetti Bomfim
Luana Luciano de Oliveira
Patrícia Garcia Costa
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção:
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Cristiane Alves
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

01
DISCIPLINA:
PROJETOS DE SISTEMAS TÉRMICOS

MISTURAS REAGENTES E
REAÇÕES DE COMBUSTÃO

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................................4
1 COMPOSIÇÃO DE UMA MISTURA DE GASES E O COMPORTAMENTO PVT DE GASES.....................................5
2 COMBUSTÍVEIS E COMBUSTÃO..............................................................................................................................8
3 PROCESSO DE COMBUSTÃO TEÓRICO E REAL..................................................................................................... 10
4 ANÁLISE ENERGÉTICA DAS REAÇÕES DE COMBUSTÃO..................................................................................... 14
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................ 18

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO

Nos nossos estudos em Termodinâmica, ficamos limitados a sistemas que envolvem uma
única substância pura, como a água. No entanto, muitas aplicações termodinâmicas importantes
envolvem misturas de várias substâncias puras em vez de uma única.
O objetivo desta unidade é estudar sistemas que envolvam reações químicas, visto que
a combustão de combustíveis hidrocarbonados ocorre na maioria dos dispositivos geradores de
potência.
Assim, convido você a apreciar esta unidade, que será útil para a compreensão das
unidades seguintes. Bons estudos!

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1 COMPOSIÇÃO DE UMA MISTURA DE GASES E O COMPORTAMENTO


PVT DE GASES

Segundo Çengel, Boles e Leylegian (2013), para entendermos as propriedades de uma


mistura, precisamos conhecer sua composição e, também, as propriedades individuais dos
componentes. Para tanto, considere uma mistura de gases, composta por n componentes. A
massa total da mistura é m, que corresponde à soma das massas dos componentes individuais,
denotada por:

Por outro lado, o número de mols da mistura é N, que corresponde à soma dos números
de mols dos componentes individuais, denotada por:

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A razão entre a massa de um componente e a massa da mistura é denominada de fração
mássica, denotada por:

Já a razão entre o número de mols do componente e o número de mols total da mistura é


denominada de fração molar, denotada por:

A massa molar de uma mistura é assim calculada:

Exemplo 1

Um tanque rígido contém 56 kg de gás nitrogênio e 264 kg de dióxido de carbono, a 27º


C e 15 MPa. Nessa condição, determine a fração mássica e molar de cada componente
na mistura e a massa molar da mistura.

Solução: Note que a massa total da mistura é 28 + 264 = 292 kg. Assim, segue da Eq.
(03) que as frações mássicas são iguais a:

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Com o auxílio da tabela periódica, constatamos que a massa molar do gás nitrogênio
(N2) é igual a 28 kg/kmol e a do dióxido de carbono (CO2) é igual a 44 kg/kmol. Assim,
o número de mols de cada componente da mistura é igual a:

E o número total de mols dos componentes na mistura é igual a 6 + 2 = 8 kmol. Segue


da Eq. (04) que a fração molar de cada componente na mistura é igual a:

A massa molar média da mistura é determinada a partir da Eq. (05), sendo igual a:

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Um gás ideal é definido como aquele gás cujas moléculas estão bem espaçadas
para que o comportamento de uma molécula não seja influenciado pela presença de outras,
sendo essa condição determinada em baixas densidades. O comportamento P-V-T de um gás
ideal é expresso pela equação dos gases ideais da seguinte forma:

em que P é a pressão, T é a temperatura, R é a constante do gás e é o volume molar.


O comportamento P-V-T dos gases reais é descrito por meio de uma relação um pouco mais
complexa, definida por meio da equação:

em que Z é o fator de compressibilidade, que pode ser calculado por meio da temperatura
e pressão reduzidas ou no diagrama da Figura 1.

Figura 1 - Diagrama do fator de compressibilidade. Fonte: Adaptado de Moran et al. (2005).

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Exemplo 2

Uma amostra de 2,2 g de gelo seco sublima e, uma vez no estado gasoso, é colocada em
um recipiente fechado de 1,0 litro e submetida à pressão de 1,23 atm. Nessas condições,
determine a temperatura dessa amostra gasosa, em ºC.

Solução: O gelo seco é dióxido de carbono no estado sólido. Ao sublimar, temos CO2 no
estado gasoso. Assim, assumindo comportamento ideal, tem-se que o número de mols
de CO2 no recipiente é:

O volume molar é:

Aplicando a lei dos gases ideais, segue que:

Assim, a temperatura é de 27º C.

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A previsão do comportamento P-V-T das misturas de gases geralmente se baseia
em dois modelos: a lei de Dalton das pressões aditivas e a lei de Amagat dos
volumes aditivos, como descritas a seguir.
Lei de Dalton: a pressão de uma mistura de gases é igual à soma das pressões
que cada gás exerceria se estivesse sozinho, à temperatura e volume da mistura.
Lei de Amagat: o volume de uma mistura de gás é igual à soma dos volumes que
cada gás ocuparia se existisse sozinho, à temperatura e pressão da mistura.

O fator de compressibilidade é determinado por meio do diagrama


generalizado de compressibilidade. Entenda o que é o fator de
compressibilidade assistindo ao vídeo disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=2LWcKA7q5_E.

Quanto ao procedimento para determinação de Z nesse diagrama,


consulte o vídeo disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=y8ZedJl_AF4&t=595s.

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2 COMBUSTÍVEIS E COMBUSTÃO

Para Çengel, Boles e Leylegian (2013), todo material que pode ser queimado para liberar
energia térmica é chamado de combustível, e a maior parte deles é constituída de carbono e
hidrogênio. Enxofre e outros constituintes poderão ocorrer. São exemplos: gasolina, carvão, gás
natural etc.
Segundo Moran et al. (2005), combustíveis hidrocarbonados líquidos são derivados
de óleo cru por meio de processos de destilação e craqueamento. A gasolina, o óleo diesel, o
querosene e outros são alguns exemplos. Para simplificar os cálculos de combustão, a gasolina
é frequentemente modelada como octano (C8H18), e o óleo diesel, como dodecano (C12H26). Os
combustíveis gasosos são obtidos de poços de gás natural ou são produzidos em determinados
processos químicos. O gás natural, em geral, é constituído de vários hidrocarbonetos, sendo o
metano (CH4) o seu constituinte principal. O carvão é o combustível sólido mais conhecido, e sua
composição varia consideravelmente de acordo com a região de que é extraído.
Existem, ainda, os combustíveis alternativos, que são aqueles cuja queima é mais limpa e
menos prejudicial ao ambiente, como o etanol, metanol, hidrogênio e GLP.
Uma reação química durante a qual um combustível é oxidado e uma grande quantidade

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de energia é liberada é denominada de combustão. Por motivos óbvios, o ar é o oxidante
mais empregado. O oxigênio puro (O2) é usado como oxidante apenas em algumas aplicações
especializadas, como corte e solda, nas quais o ar não pode ser empregado.
Quando a reação de combustão ocorre, as ligações no interior das moléculas reagentes
são quebradas, e os átomos e elétrons são reorganizados para formar produtos. Nas reações de
combustão, os três principais combustíveis presentes são o carbono, o hidrogênio e o enxofre.
O enxofre, em geral, apresenta contribuição inexpressiva à energia liberada. Assim, a reação de
combustão pode ser expressa como:

Diz-se que a combustão é completa quando todo o carbono presente no combustível


é queimado para formar dióxido de carbono, todo o hidrogênio é queimado para formar
água, todo o enxofre é queimado para formar dióxido de enxofre, e todos os outros elementos
combustíveis são completamente oxidados. Quando essas condições não são observadas, diz-se
que a combustão é incompleta.

Em um mol ou uma unidade de volume de ar seco, há 20,9% de gás oxigênio,


78,1% de gás nitrogênio, 0,9% de gás argônio e pequenas quantidades de outros
gases, como dióxido de carbono, gás hélio, neônio e gás hidrogênio. Assim, a
composição molar do ar seco pode ser aproximada por 21% de oxigênio e 79% de
gás nitrogênio. Assim, podemos afirmar que:

1 kmol O2 + 3,76 kmol N2 = 4,76 kmol de ar

Colocar um combustível em contato com o oxigênio não é condição suficiente para a


combustão. Assim, faz-se necessário atingir a temperatura de ignição para iniciar a combustão. A
temperatura de ignição de algumas substâncias no ar atmosférico é de 260º C para a gasolina, 400º C
para o carbono, 580º C para o hidrogênio, 610º C para o monóxido de carbono e 630º C para o metano.

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Durante o processo de combustão, vamos assumir que todos os gases apresentam


comportamento ideal e que, no caso do gás nitrogênio, ele terá comportamento inerte uma vez
que não reage com outros elementos de modo significativo, isto é, a quantidade de óxidos nítricos
é muito pequena se comparada às demais quantidades de produtos formados.
Uma quantidade bastante empregada na análise dos processos de combustão para
quantificar as quantidades de combustível e ar é a razão ar/combustível, definida como:

Note que a Eq. (08) é expressa em termos de massa de ar e combustível empregados.


Podemos usar o fato de que a massa é o produto entre o número de mols e a massa molar e
reescrever a Eq. (08) em termos molares, como:

em que é a razão ar/combustível em base molar (obtida a partir da estequiometria


da reação de combustão), e e são, respectivamente, a massa molar do ar e do
combustível.

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Exemplo 3

Em uma câmara de combustão, 1 kmol de octano é queimado com ar que contém


20 kmol de gás oxigênio. Os produtos de combustão são CO2, H2O, O2 e N2. Nessas
condições e assumindo comportamento ideal, determine o número de mols de cada gás
dos produtos e a razão ar/combustível do processo.

Solução: A massa molar do ar é igual a 29 kg/kmol, e a massa molar do octano é igual a


114 kg/kmol. A equação química desse processo de combustão é escrita como:

Mas, 1 kmol de ar é constituído de 1 kmol de gás oxigênio e 3,76 kmol de gás nitrogênio.
Assim, segundo o enunciado, como há 20 kmol de gás oxigênio, reescrevemos a reação
de combustão como:

Note que as incógnitas x, y, z e w são determinadas pela aplicação do balanço de massa


a cada um dos elementos. O balanço de massa (ou princípio da conservação da massa)
afirma que a massa total de cada elemento é conservada durante a reação química.
Assim, o balanço de massa para cada elemento reagente deve ser igual àquele dos
produtos, como segue:

Segue que a equação balanceada é:

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Fique atento(a) a essa equação, em que o coeficiente 20 na equação balanceada representa


o número de kmols do gás oxigênio, e não o número de kmols de ar. Este último número
é igual a 95,2 kmols (verifique!). Agora, a razão ar/combustível é:

Assim, para cada quilograma de combustível, está disponível na câmara de combustão


uma quantidade de ar igual a 24,2 quilogramas.

3 PROCESSO DE COMBUSTÃO TEÓRICO E REAL

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De acordo com o exposto por Moran et al. (2005), a quantidade mínima de ar que fornece
oxigênio suficiente para a combustão completa de todo o carbono, hidrogênio e enxofre presentes
no combustível é denominada de quantidade de ar teórico. Para a combustão completa com a
quantidade de ar teórico, os produtos gerados consistem em dióxido de carbono, água, dióxido
de enxofre, nitrogênio associado ao oxigênio do ar e qualquer nitrogênio contido no combustível.
Nenhum oxigênio livre aparece nos produtos gerados pela combustão.
Geralmente, a quantidade de ar que é fornecida é maior ou menor que a quantidade teórica.
A quantidade de ar efetivamente fornecida é comumente expressa em termos do percentual
do ar teórico ou ar estequiométrico. Assim, 130% de ar teórico indicam que, efetivamente, é
fornecida 1,3 vezes a quantidade de ar teórico. Assim, a quantidade de ar fornecida poderá ser
expressa em termos de percentual de ar em excesso ou de percentual de deficiência de ar, isto
é, os 130% de ar teórico equivalem a 30% de excesso de ar, e 70% de ar teórico indicam 30% de
deficiência de ar. A quantidade de ar usada nos processos de combustão também é expressa pela
taxa de equivalência, que é definida como a relação entre a razão real de combustível/ar e a razão
estequiométrica combustível/ar.

Exemplo 4

Determine a quantidade de ar teórico para a combustão completa do gás metano.

Solução: A massa molar do metano é 16 kg/kmol, e a do ar é igual a 29 kg/kmol. Como


se trata de uma reação de combustão completa, os produtos da reação serão CO2, H2O
e N2. A reação de combustão é representada por:

Note que as incógnitas x, y, z e w são determinadas pela aplicação do balanço de massa


a cada um dos elementos. O balanço de massa (ou princípio da conservação da massa)
afirma que a massa total de cada elemento é conservada durante a reação química.
Assim, o balanço de massa para cada elemento reagente deve ser igual àquele dos
produtos, como segue:

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Segue que a equação balanceada é:

Fique atento(a) a essa equação, em que o coeficiente 2 na equação balanceada representa


o número de kmols do gás oxigênio, e não o número de kmols de ar. Este último número
é igual a 9,52 kmols (verifique!). Agora, a razão ar/combustível é:

Assim, para cada quilograma de combustível, é necessária uma quantidade de ar teórico


igual a 17,255 quilogramas.

Exemplo 5

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Escreva a reação balanceada para a completa combustão do gás metano com 250% de
ar teórico.

Solução: No exemplo 4, determinamos a equação balanceada da combustão do gás


metano, considerando a combustão completa. Assim, essa reação é:

Ao considerar 250% de ar teórico, temos que a quantidade de ar por kmol de combustível


é 2 vezes a quantidade teórica, e a reação fica escrita como:

Note que, ao admitir a combustão completa, as quantidades estequiométricas dos


produtos, como dióxido de carbono e água, mantêm-se iguais, ao passo que a adição do
ar em excesso faz surgir como produtos o gás oxigênio livre e uma maior quantidade de
gás nitrogênio se comparada à quantidade estabelecida pela base teórica.

Os processos reais de combustão dificilmente são completos mesmo na presença de


excesso de ar. Portanto, é impossível prever a composição dos produtos com base apenas no
balanço de massa. Assim, a única alternativa que temos é medir a quantidade de cada componente
diretamente nos produtos.
Um dispositivo bastante empregado para a análise dos gases de combustão é o analisador
de gás de Orsat. Nesse dispositivo, uma amostra dos gases de combustão é coletada e resfriada à
temperatura e à pressão ambientes, ponto em que seu volume é medido. Em seguida, a amostra
é colocada em contato com um produto químico que absorve o CO2. Os gases restantes são
restituídos à temperatura e à pressão ambientes, e o novo volume que eles ocupam é medido.
A relação entre a redução de volume e o volume original é a fração de volume do CO2 , que é
equivalente à fração molar se o comportamento ideal for admitido. As frações de volume dos
outros gases são encontradas pela repetição desse procedimento. Na análise de Orsat, a amostra
de gás é coletada e mantida em contato com a água, de modo que permaneça saturada durante
todo o tempo.

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Desse modo, a pressão do vapor de água permanece constante durante todo o teste. A
presença de vapor de água permanece constante na câmara de teste e é ignorada. E os dados são
reportados em base seca. A Figura 2 mostra um analisador de gases de Orsat.

Figura 2 - Analisador de gases de Orsat. Fonte: O autor.

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Exemplo 6

Metano é queimado com ar seco. A análise dos produtos em base seca resulta em CO2,
9,7%; CO, 0,5%; O2, 2,95% e N2, 86,85%. Determine: a) a razão ar/combustível; b) o
percentual de ar teórico; c) a temperatura do ponto de orvalho dos produtos, dado que
a pressão dos produtos é de 100 kPa.

Solução: a) Note que, nos gases de combustão, há a presença de CO e O2, além do CO2 e
do N2. Note também que a composição dos gases de combustão é apresentada em base
seca (composição de Orsat). Assim, assumindo 100 kmol de produtos secos, a reação de
combustão é equacionada como:

Observe, na reação anterior, que, além dos 100 kmol de produtos de combustão secos,
deve-se incluir a água como um produto da reação (como, de fato, o é).
Efetuando o balanço de massa entre os átomos envolvidos na reação, segue que:

Segue que a equação balanceada é:

Fique atento(a) a essa equação em que o coeficiente 23,1 na equação balanceada


representa o número de kmols do gás oxigênio, e não o número de kmols de ar. Este
último número é igual a 109,956 kmols (verifique!). Agora, a razão ar/combustível, em
base mássica, é:

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Assim, para cada quilograma de combustível, está disponível uma quantidade de ar


teórico igual a 19,54 quilogramas.

b) No Exemplo 4, determinamos que, para cada quilograma de metano, é necessária


uma quantidade de ar teórico igual a 17,255 quilogramas. Assim,

Ou seja, o percentual de ar teórico é de 113%, o que indica que o excesso de ar é de 13%.

c) Para a determinação da temperatura do ponto de orvalho, é necessário conhecer a


pressão parcial do vapor d’água (Pv). Assim, segue que:

Assim, a pressão do vapor d’água é:

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Fazendo uso de uma tabela de vapor de água saturada, como apresentada na Tabela 1, e
efetuando interpolação, tem-se que a temperatura de saturação é de 56,3º C.

Tabela 1 – Valores de temperatura e pressão de saturação para o vapor da água saturada.

Fonte: Çengel, Boles e Leylegian (2013).

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4 ANÁLISE ENERGÉTICA DAS REAÇÕES DE COMBUSTÃO

Sabemos que as moléculas que constituem um sistema possuem energia em várias formas,
como energia sensível, energia latente, energia química, energia molecular e energia atômica.
Durante uma reação química, algumas ligações químicas que ligam átomos e moléculas
são quebradas, e novas ligações se formam. A energia química associada a essas ligações é
diferente para os reagentes e produtos. Assim, processos que envolvem reações químicas envolvem
mudanças das energias químicas, o que deve ser considerado no balanço de energia.
Neste estudo, estamos interessados com as mudanças de energia de um sistema durante
um processo, e não com os valores da energia em determinados estados. Assim, escolhemos o
estado de referência padrão, que ocorre a 25º C e 1 atm, e os valores de energia nesse estado
são marcados com o símbolo °. A  entalpia  é a energia térmica envolvida em uma reação ou
processo químico. A variação da entalpia pode ser calculada pela subtração do valor de entalpia
dos produtos pelo valor de entalpia dos reagentes.
O resultado do cálculo de variação de entalpia determinará se estamos lidando com uma
reação que libera (exotérmica) ou absorve calor (endotérmica), como pode ser observado na
Figura 3.

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Figura 3 – Diagrama de entalpia de reações. Fonte: O autor.

A entalpia de formação corresponde à variação de energia térmica envolvida na formação


de um mol de uma substância qualquer, sendo ela formada com base em substâncias simples ou
no estado fundamental. A entalpia de combustão corresponde à  variação aferida de energia
para que haja a combustão de um mol de uma substância qualquer. Toda reação de combustão
terá valor de variação de entalpia menor que zero, pois se trata de uma reação que libera calor.
A entalpia de ligação diz respeito à energia necessária para romper-se um mol de uma ligação
química. A variação de energia nesse caso sempre resulta em um valor maior que zero, isto é, a
quebra de ligações demanda absorção de calor.

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Exemplo 7

Octano líquido é queimado em um forno a 25º C e 1 atm. O produto é água no estado


líquido e dióxido de carbono. Nessas condições, determine a entalpia de combustão do
octano.
Dados: A entalpia de formação a 25º C e 1 atm do CO2 é igual a – 393.520 kJ/mol; da
H2O líquida é igual a -285.830 kJ/mol; e do C8H18 líquido é igual a -249.950 kJ/mol.

Solução: A reação de combustão balanceada é:

Note que os reagentes e produtos estão no estado de referência padrão de 25º C e 1 atm.
Dessa forma, os gases N2 e O2 são estáveis, e sua entalpia de formação é zero. Assim:

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Podemos expressar, também, o resultado como:

O sinal negativo indica que 47.991 kJ de energia são liberados na forma de calor quando
1 kmol (114 kg) de octano líquido é queimado.

Um termo empregado quando estudamos a combustão de combustíveis é o poder


calorífico, que é definido como a quantidade de energia desprendida por unidade de massa
ou de volume na combustão completa de um material combustível. Depende basicamente da
composição química de cada combustível, sendo expresso em J/kg, cal/kg etc. O poder calorífico
depende da fase da água nos produtos. O poder calorífico superior (PCS) é determinado quando
o estado físico da água nos produtos está no estado líquido, e o poder calorífico inferior (PCI) é
determinado quando o estado físico da água é determinado na fase gasosa, nos produtos. Os dois
poderes caloríficos estão relacionados por:

em que m é a massa de água nos produtos, e hlv é a entalpia de vaporização da água na


temperatura especificada.

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Tabela 2 - Propriedades de alguns combustíveis.

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1 – A 1 atm e 25°C
2 – A 25ºC para combustíveis líquidos e 1 atm e temperatura normal de ebulição para combustíveis gasosos.
3 – A 25ºC. Multiplicar pela massa molar para obter os valores em kJ/kmol.

Fonte: Adaptado de Çengel, Boles e Leylegian (2013).

No vídeo a seguir, é apresentado um experimento para a


determinação do poder calorífico de combustíveis.
Assista a ele em:
https://www.youtube.com/watch?v=Zu3tI6Zcbk8.

A  temperatura adiabática  da  chama  é a maior  temperatura  que se pode obter para
os produtos de combustão. É atingida quando não houver perda nem adição de energia para
dentro ou fora do sistema. Essa temperatura não é única, e seu valor depende, de acordo com
Çengel, Boles e Leylegian (2013), do estado físico do reagente, do grau de conclusão da reação e
da quantidade de ar usada.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

O vídeo a seguir apresenta a análise térmica de uma caldeira de


bagaço de cana, o cálculo de temperatura de combustão e uma
explanação sobre caldeiras fogotubulares e aquatubulares.
O vídeo está disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=BZFgRm8kWj0.

Célula combustível é uma célula eletroquímica capaz de gerar


energia elétrica através de reações de oxirredução.
Seu funcionamento baseia-se no mesmo princípio das pilhas
e baterias, entretanto, na célula combustível, o fornecimento e
o consumo dos agentes redutores e oxidantes são contínuos,

PROJETOS DE SISTEMAS TÉRMICOS | UNIDADE 1


garantindo seu funcionamento por muito mais tempo, uma vez que
não haverá esgotamento de seus reagentes e sua operação será ininterrupta, já
que não precisará “recarregar”.
Sugerimos a leitura do artigo “Células a Combustível: Energia Limpa a partir de
Fontes Renováveis”, de Villullas, Ticianelli e Gonzalez (2002).

Disponível em:
http://qnint.sbq.org.br/novo/index.php?hash=conceito.32.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo desta unidade, vimos que os combustíveis, ao serem queimados, liberam energia,
e a reação química do processo é denominada de reação de combustão. É a reação de combustão
de uma reação de oxidação na qual o oxidante mais empregado é o ar.
Vimos, também, que as equações químicas de combustão seguem o princípio da
conservação de massa, que afirma que a massa total de cada elemento é conservada durante um
processo de combustão. Estudamos, ainda, que, nessas reações, ocorre o rompimento e a formação
de outras ligações químicas, o que acarreta a mudança da energia química. Aprendemos sobre o
poder calorífico de um combustível, que é definido como a quantidade de calor liberada quando
um combustível é completamente queimado em um processo em regime permanente.
Assim, finalizamos nossos estudos da Unidade 1. Aguardamos você para novos estudos
na Unidade 2. Até lá!

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

02
DISCIPLINA:
PROJETOS DE SISTEMAS TÉRMICOS

TROCADORES DE CALOR

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................20
1 CLASSIFICAÇÃO DOS TROCADORES DE CALOR.................................................................................................... 21
2 O COEFICIENTE GLOBAL DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR..................................................................................25
3 ANÁLISE DE TROCADORES DE CALOR...................................................................................................................28
4 O MÉTODO DA EFETIVIDADE (NTU).......................................................................................................................34
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................37

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO

Os trocadores de calor são dispositivos que facilitam a troca de calor entre dois fluidos que
estão em temperaturas distintas, evitando a mistura de um com o outro. Esses equipamentos são
empregados desde em sistemas de aquecimento e ar-condicionado doméstico até em processos
químicos e produção de potência em grandes usinas. Diferentemente das câmaras de combustão,
os trocadores de calor não permitem a mistura dos fluidos envolvidos.
A transferência de calor em um trocador de calor geralmente envolve a convecção e a
condução através das paredes que separam os dois fluidos. Esses equipamentos são produzidos
em uma variedade de tipos e podem ser dimensionados por dois métodos: LMTD e NTU, como
veremos.
Assim, convido você a apreciar, com muita atenção, esta unidade. Bons estudos!

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

1 CLASSIFICAÇÃO DOS TROCADORES DE CALOR

Devido à ampla variabilidade de aplicação, os trocadores de calor necessitam de diferentes


tipos e configurações dos equipamentos de transferência de calor. Para Çengel, Boles e Leylegian
(2013), o tipo mais comum de trocador de calor é constituído por dois tubos concêntricos de
diferentes diâmetros, denominado de tubo duplo. Nele, um tipo fluido escoa através do tubo
menor enquanto o outro escoa através do espaço anular entre os dois tubos.
Nessas condições, dois arranjos são possíveis: i) escoamento paralelo – os fluidos quente
e frio entram no trocador de calor na mesma extremidade e avançam na mesma direção; ii)
escoamento contracorrente – os fluidos quente e frio entram no trocador de calor em extremos
opostos e escoam em direções opostas. A Figura 1 ilustra tais disposições de trocadores de calor.

PROJETOS DE SISTEMAS TÉRMICOS | UNIDADE 2


Figura 1 – Regimes de escoamento em trocadores de calor de tubo duplo: (a) paralelo, (b) contracorrente.
Fonte: O autor.

No caso dos trocadores de calor de tubo duplo, a variação de temperatura se comporta


em relação ao comprimento do trocador de calor para escoamento dos fluidos em paralelo e
em contracorrente. Por esses perfis, pode-se analisar que a configuração contracorrente é mais
efetiva, pois a temperatura de saída do fluido frio pode ultrapassar a do quente, mas, obviamente,
não a temperatura de entrada do quente, enquanto, na configuração em paralelo, ambos os fluidos
de saída tendem à mesma temperatura, como apresentado na Figura 2.

Figura 2 – Perfis de temperatura, associados em trocadores de calor de tubo duplo. Fonte: O autor.

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O principal uso desse tipo de trocador é para o aquecimento ou resfriamento de fluido


em que pequenas áreas de transferência (até 50 m²) são requeridas. Alguns exemplos citados
são usinas, ar-condicionado, indústria petroquímica, refrigeração, indústrias de processos,
aquecedores solares, reatores químicos e reatores nucleares. Pode-se deduzir que, devido a essa
vasta gama de aplicação, é que foram realizados tantos estudos sobre os trocadores de calor de
tubos concêntricos nas últimas décadas.
Devido ao fato de este ser o trocador de calor mais prático e de projeto mais simples dentre
os existentes, a maioria dos cálculos que envolvem as trocas térmicas dentro dos equipamentos é
baseada em suas características para, então, ser adaptada a outras configurações e projetos.
O trocador de calor compacto é aquele que é especialmente projetado para permitir uma
grande troca de transferência de calor por unidade de volume. Nesse tipo de trocador de calor,
a densidade de área (β) é definida como a razão entre a superfície de transferência de calor e
seu volume. Segundo Çengel, Boles e Leylegian (2013), um trocador de calor cuja densidade
de área seja superior a 700 m2/m3 é denominado compacto. Os autores citam como exemplo:
a) radiadores de carro - β ≅ 1.000 m2/m3; b) trocadores de calor de turbinas de gás de vidro
cerâmico - β ≅ 6.000 m2/m3; c) regenerador de motor Stirling - β ≅ 15.000 m2/m3; d) pulmão
humano - β ≅ 20.000 m2/m3.
Os trocadores de calor compactos, como os apresentados na Figura 3, permitem o alcance

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de altas taxas de transferência de calor entre dois fluidos em um pequeno volume e são usados em
aplicações com limitação estrita sobre peso e volume de trocadores de calor.

Figura 3 – Trocadores de calor compactos. Fonte: O autor.

Note, na Figura 3, que a grande superfície em trocadores de calor compactos é alcançada


pelo uso de chapas finas e onduladas, estreitamente espaçadas nas paredes que separam os dois
fluidos. Esses trocadores de calor são empregados em trocas térmicas gás-gás e gás-líquido,
visando compensar o baixo coeficiente de transferência de calor associado ao escoamento do gás.

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Nos trocadores de calor compactos, em geral, os dois fluidos circulam perpendiculares um


ao outro, e essa configuração é denominada de escoamento cruzado. Nesse tipo de escoamento,
temos ainda o escoamento com e sem mistura, como pode ser analisado na Figura 4. Para Kreith
e Bohn (2003), no trocador sem mistura, as placas forçam o fluido a escoar entre um determinado
espaço, evitando que se movam transversalmente. Já no trocador com mistura, não há placas, e o
fluido fica livre para escoar na direção transversal.

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Figura 4 – Trocadores compactos: não misturado (à esquerda) e misturado (à direita).
Fonte: Çengel, Boles e Leylegian (2013).

O outro equipamento a ser utilizado no trabalho é o trocador de calor de placas, que tem
seu projeto mais elaborado. Ele pode ser classificado como sendo de placas vedadas, placas espirais
ou, ainda, de lamelas. Os trocadores de calor de placa vedada são equipamentos constituídos de
séries de placas finas, com superfícies onduladas, que separam os fluidos de trabalho. Essas placas
possuem partes de canto que são dispostas de tal forma que os meios de comunicação entre as
placas por onde o calor deve ser trocado fluem alternadamente nos espaços entre as placas. Se
os equipamentos forem adequadamente projetados e as placas forem corretamente vedadas, é
possível que os pacotes de placas possam ser mantidos juntos por parafusos de compressão. As
vedações são o agente responsável por manter os fluidos de trabalho sem se misturar, bem como
previnem que haja vazamentos no equipamento e direcionam os fluidos nos espaços entre as
placas, onde ocorrerá a troca térmica. A Figura 5 ilustra essa característica de fluxo entre placas.

Figura 5 – Trocadores de calor de placa vedada. Fonte: Kakaç, Liu e Pramuanjaroenkij (2012).

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A Sondex é uma empresa dinamarquesa, especializada em


trocadores de calor de alta eficiência. No vídeo a seguir, você
confere uma animação sobre como se dá o funcionamento de um
trocador de calor de placas.
Assista a ele em:
https://www.youtube.com/watch?v=Jpx_GstLHHM.

Nos trocadores de calor de placa, o fluxo dos fluidos pode ser contracorrente ou paralelo,
porém, por se tratar de uma configuração mais eficiente, normalmente os projetos dos trocadores
de placas são realizados de forma que o fluxo seja sempre contracorrente. De acordo com
Kakaç, Liu e Pramuanjaroenkij (2012), as principais características desses equipamentos são
a temperatura de trabalho de até 250° C, altos coeficientes de troca térmica, elevada queda de
pressão e uma alta tensão de cisalhamento local, o que faz com que se diminuam as incrustações.
Além disso, esses trocadores fornecem uma superfície de troca térmica leve e compacta. Por

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fim, eles têm manutenção bastante fácil, pois são totalmente desmontáveis, fazendo com que sua
limpeza e esterilização sejam fáceis e efetivas, motivo pelo qual esses trocadores são tão utilizados
em indústrias alimentícias. Segundo Kechichian (2011), as aplicações do trocador de calor de
placas envolvem geralmente processamento de produtos como leite e sucos de fruta, pelas
características anteriormente citadas. Alguns processos, como no suco de laranja, apresentam
inúmeras vantagens, por exemplo, a minimização das propriedades sensoriais.
O trocador de calor casco e tubos é o mais usado em aplicações industriais e é constituído
de muitos tubos acondicionados e paralelos ao eixo do casco, sendo que um dos fluidos escoa
no interior dos tubos e outro, pelo lado externo dos tubos e interno do casco, como pode ser
observado na Figura 6. A transferência de calor ocorre em um fluido escoando no interior dos
tubos, enquanto o outro fluido escoa fora dos tubos, pelo casco. As chicanas são adicionadas no
casco para forçar o fluido do lado do casco a escoar através dele, aumentando a transferência de
calor e mantendo a uniformidade do espaçamento entre os tubos.

Figura 6 – Trocador casco e tubo. Fonte: Adaptado de WWM Consultoria (2021).

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Apesar do uso generalizado, os trocadores de calor do tipo casco e tubo não são
adequados para uso em aplicações automotivas e aeronáuticas, em virtude do
seu tamanho e peso relativamente grandes.

De acordo com Çengel, Boles e Leylegian (2013), os trocadores de calor do tipo casco
e tubo são classificados, ainda, segundo o número de passes envolvidos no casco e nos tubos.
Trocadores nos quais todos os tubos fazem meia-volta no casco são denominados trocadores de
calor de um passe no casco e dois passes nos tubos, enquanto que um trocador de calor que envolve
dois passes no casco e quatro passes nos tubos é denominado trocador de calor dois passes no
casco e quatro passes nos tubos, como ilustra a Figura 7.

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Figura 7 – Trocadores de calor casco tubo: (a) um passe no casco e dois passes nos tubos;
(b) dois passes no casco e quatro passes nos tubos. Fonte: O autor.

2 O COEFICIENTE GLOBAL DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Segundo Kreith e Bohn (2011), uma das primeiras tarefas em análise térmica referente a
um trocador de calor é avaliar o coeficiente global de transferência de calor entre duas correntes de
fluido. Çengel, Boles e Leylegian (2013) afirmam que, em um trocador de calor que normalmente
envolve dois escoamentos de fluidos separados por uma parede sólida, o calor é primeiro
transferido do fluido quente para a parede por convecção, através da parede por condução e,
a partir da parede, para o fluido frio novamente por convecção. Qualquer efeito de radiação é
normalmente incluído no coeficiente de transferência de calor por convecção.
Ainda para os autores, a resistência térmica associada à transferência de calor envolve
uma resistência de condução e duas de convecção, como ilustrado na Figura 8. A análise é similar
àquela estudada na disciplina de Transferência de Calor e Massa.
Assim, a resistência térmica total é calculada como:

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Figura 8 – Rede de transferência de calor em um trocador de calor de tubo duplo.
Fonte: Çengel, Boles e Leylegian (2013).

Ali, h é o coeficiente de transferência de calor por convecção, k é a condutividade térmica


do material que constitui o trocador de calor, L é o comprimento do tubo, A é a área de troca
térmica, D é o diâmetro do tubo, e os subíndices i e o denotam, respectivamente, as superfícies
interna e externa do tubo.
Çengel, Boles e Leylegian (2013) afirmam que, em análise de trocadores de calor, é
conveniente combinar todas as resistências térmicas no caminho do fluxo de calor a partir do
fluido quente para frio em um única resistência R e expressar a taxa de transferência de calor
entre os dois fluidos como:

em que As é a área da superfície, e U é o coeficiente global de transferência de calor, cuja


unidade, no SI, é W/m2K. Simplificando ∆T na Eq. (02), segue que:

Note que, na Eq. (03), há três áreas sendo representadas. É evidente que a área interna do
tubo (Ai) é diferente da área externa (Ao). Ao mesmo tempo, vimos que a área As é justamente a
área de troca térmica característica da estrutura do equipamento. Mas, afinal, surge a pergunta:
qual é essa área de troca térmica: Ai ou Ao? A resposta não é intuitiva: o mais sensato é abordar
esse problema considerando que o trocador de calor apresenta dois coeficientes globais de troca
térmica, Ui e Uo, ou seja, se você conhece o coeficiente global de transferência de calor para um
determinado trocador, é fundamental você saber também qual é a área a que ele diz respeito.

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Por questões de simplificação, vamos admitir que a espessura dos tubos seja muito
pequena de tal modo que possamos afirmar que as áreas Ai e Ao serão quase as mesmas e vamos,
ainda, admitir que o material do tubo é um excelente condutor de calor. Assim,

e a Eq. (03) é reescrita como:

Note, na Eq. (04), que podemos afirmar que U ≅ Ui ≅ Uo, o que é uma aproximação razoável
para muitos trocadores de calor. Na Tabela 1, são apresentados alguns valores representativos
para os coeficientes globais de troca térmica de trocadores típicos envolvendo diferentes pares de
fluidos.

Tabela 1 – Valores representativos do coeficiente global de transferência de calor em


trocadores de calor.
Tipo de trocador U (W/m2K)

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Água-água 850 – 1700
Água-óleo 100 – 350
Água-gasolina ou querosene 300 – 1000
Vapor-óleo combustível leve 200 – 400
Vapor-óleo combustível pesado 50 - 200
Fonte: O autor.

O desempenho de trocadores de calor normalmente diminui com o passar do tempo,


como resultado do acúmulo de depósitos nas superfícies de transferência de calor. Esses depósitos,
denominados de incrustações, representam uma resistência adicional à transferência de calor no
trocador de calor. Para ilustrar esse efeito, imagine que você tenha uma panela a qual utiliza com
frequência para esquentar água e fazer seu cafezinho. Se não for feita a devida limpeza, é possível
identificar que alguns minerais (em geral, o cálcio) se acumulam sobre as superfícies. O mesmo
ocorre com os trocadores, seja por sedimentação, corrosão, cristalização ou outros mecanismos:
essas camadas de sólidos aumentam a resistência térmica da parede dos tubos, prejudicando o
desempenho do equipamento. Essa incrustação pode ser observada na Figura 9.

Figura 9 – Incrustações em tubos de trocadores de calor. Fonte: O autor.

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Em termos matemáticos, podemos entender as camadas de incrustação como termos


adicionais de resistência térmica, e esses valores deverão ser adicionados na Eq. (03). No geral,
fazemos uso da letra “f ” para indicar essas resistências (devido ao termo em inglês para incrustação,
fouling). Dessa forma, sendo Rf,i e Rf,o denominados fatores de incrustação das superfícies interna
e externa, respectivamente, podemos ajustar a expressão para o cálculo da resistência total da
seguinte forma:

Na Tabela 2, são apresentados alguns valores representativos de fatores de incrustação


por unidade de área. Obviamente, estes valores servem apenas como estimativa para prever
os possíveis efeitos na transferência de calor. Tabelas mais completas e detalhadas podem ser
encontradas em manuais mais específicos.

Tabela 2 – Valores representativos de fatores de incrustação.


Fluido Rf (m2K/W)
Água (destilada, marinha, fluvial) (abaixo de 50° C) 0,0001

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Água (destilada, marinha, fluvial) (acima de 50° C) 0,0002
Óleo combustível 0,0009
Vapor (livre de óleo) 0,0001
Ar 0,0004
Fonte: O autor.

3 ANÁLISE DE TROCADORES DE CALOR

Os trocadores de calor são costumeiramente empregados na prática, e um engenheiro


se encontra na posição de escolher o trocador de calor que permita alcançar a mudança de
temperatura especificada no escoamento de vazão mássica conhecida ou, então, prever as
temperaturas de saída dos escoamentos dos fluidos quente e frio.
Para a análise térmica dos trocadores de calor, vamos admitir que o regime é permanente,
que os calores específicos dos fluidos são constantes, que a transferência de calor se dá no sentido
axial ao longo do tubo e que a superfície externa do trocador de calor é perfeitamente isolada, de
modo que não exista troca de calor para o meio envolvente. Assim, partindo dessas suposições,
a primeira lei da termodinâmica exige que a taxa de transferência de calor do fluido quente seja
igual à taxa de transferência de calor para o fluido frio. Assim,

em que é a vazão mássica do fluido em escoamento, cp é o calor específico, Tsai é a


temperatura de saída do fluido, Tent é a temperatura de entrada do fluido, e os subíndices c e h
denotam, respectivamente, os fluidos frio e quente.

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De acordo com Çengel, Boles e Leylegian (2013), a taxa de transferência de calor em um


trocador de calor pode ser expressa na forma análoga à lei de Newton do resfriamento, como:

em que ∆Tm é a temperatura média adequada entre os fluidos. Dessa forma, é evidente
que, para avaliar a transferência de calor no trocador, é necessário descrever as diferenças de
temperaturas entre os fluidos quente e frio no interior do trocador de alguma maneira. Para isso,
recorremos à ideia de diferença de temperatura média logarítmica, denotada por LMTD. Dessa
forma, escrevemos a Eq. (07) como Q = UAs (LMTD).

A demonstração da equação para diferença da temperatura média


logarítmica é feita por meio de um balanço de energia. O vídeo a
seguir faz essa demonstração.
Acesse-o em:
https://www.youtube.com/watch?v=lr7fSh5zlNk.

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A expressão matemática que permite o cálculo da LMTD é:

em que ∆T1 e ∆T2 correspondem às diferenças de temperatura entre os fluidos, entre as


extremidades do trocador de calor, e não faz nenhuma diferença qual extremidade do trocador de
calor é designada como entrada ou saída. A análise criteriosa da Figura 10 permite tal conclusão.

Figura 10 - ∆T1 e ∆T2 para os trocadores de calor em escoamento paralelo (à esquerda) e contracorrente (à direita).
Fonte: O autor.

Para trocadores de calor em escoamento paralelo, ∆T1 = Th,ent –Tc,ent e ∆T2 =


Th,sai – Tc,sai. Já para trocadores de calor em escoamento contracorrente, ∆T1 =
Th,ent – Tc,sai e ∆T2 = Th,sai – Tc,ent.

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As variações de temperatura dos fluidos quente e frio no trocador de calor com escoamento
em paralelo e contracorrente foram apresentadas na Figura 10. Observe que, no caso do escoamento
contracorrente, a temperatura de saída do fluido frio pode exceder a temperatura de saída do
fluido quente. No caso-limite, o fluido frio será aquecido até a temperatura de entrada do fluido
quente. No entanto, a temperatura de saída do fluido frio nunca poderá exceder a temperatura de
entrada do fluido quente, pois isso seria uma violação da segunda lei da termodinâmica.
Para temperaturas de entradas e saídas especificadas, a LMTD para um trocador de calor
de escoamento contracorrente é sempre maior que para um trocador de calor de escoamento
paralelo. Dessa maneira, uma superfície menor (logo, um trocador de dimensões menores)
é necessária para atingir determinada taxa de transferência de calor no trocador de calor
contracorrente. Por isso, é comum a utilização do arranjo contracorrente em trocadores de calor.

Exemplo 1

Em uma indústria química, há um reservatório que contém água a 25° C. Para ser
utilizada no processo, é preciso que ela seja aquecida até 75° C, com uma vazão de
1,5 kg/s. O engenheiro mecânico responsável opta pelo uso de um aquecedor, que
consiste em um trocador de calor de tubo duplo em contracorrente, em que o fluido

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quente será vapor superaquecido que está a 150° C, disponível a uma vazão de 2 kg/s. O
tubo interno possui parede de espessura muito pequena, de modo que o seu diâmetro
(interno e externo) pode ser considerado como 2,0 cm. Determine a área de troca
térmica necessária para esse trocador de calor, admitindo que, para esta aplicação, o
coeficiente global de transferência de calor é de 1000 W/(m².K). Adote: cágua = 4,18 kJ/
(kg.K); cvapor = 2,00 kJ/(kg.K).

Solução: Vamos assumir regime permanente e note que não conhecemos a temperatura
de saída do fluido quente, informação que é necessária para o cálculo de MLDT. Em
seguida, perceba que, agora, estamos trabalhando com vazões mássicas de modo que
os calores específicos podem ser utilizados para calcular a quantidade de calor trocado
entre os fluidos. Assim,

Assumindo que a água não sofrerá mudança de fase (o que é pertinente quando
consideramos que o trocador de calor opera na pressão atmosférica), podemos
determinar o valor da temperatura do vapor na saída do trocador:

Como se trata de trocador de calor em contracorrente, temos que:

Assim, a MLTD é igual a:

Dessa forma, pode-se calcular a área de troca térmica necessária para o trocador com
base no conceito de coeficiente global de transferência de calor:

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No Exemplo 1, podemos determinar o comprimento do trocador de calor usando


a equação de determinação da área lateral de um cilindro (A = π.D.L). Assim,
chegamos a um valor de 83,6 m. Agora, observe esse resultado por um momento:
para cumprir a troca térmica desejada, é necessário que o trocador tenha 85 metros
de comprimento, o que é impraticável. Em situações como essa, trocadores de
placas ou de casco e tubo com múltiplas passagens seriam mais adequados.

Para resolver situações como a do Exemplo 1, em que o comprimento do trocador de


calor é muito grande, podemos recorrer às situações como indicadas anteriormente na Figura 7,
ou seja, podemos efetuar n passagens pelo casco e m passagens pelo tubo, no caso de trocadores
de calor do tipo casco e tubo. Nesse caso, o equipamento é chamado trocador n-m.
Na Figura 11, podemos comparar os perfis de temperatura em um trocador de calor em
que tanto o fluido quente quanto o frio passam apenas uma vez no casco e no tubo, e esse trocador
é denominado de trocador 1 – 1. Ainda na Figura 11, podemos ver o perfil de temperatura de

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outro tipo de trocador, aquele em que o fluido quente passa apenas uma vez e o fluido frio, duas
vezes, e esse trocador é denominado trocador 1 – 2.

Figura 11 – Perfis de temperatura em trocadores de calor contracorrente: (à esquerda) uma passagem pelo caso
e outra pelo tubo; (à direita) uma passagem do fluido quente e duas do fluido frio pelo tubo. Fonte: O autor.

No trocador de calor 1-1, em contracorrente, na Figura 11, a curva superior representa o


gradiente de temperatura da corrente quente ao longo do trocador. O inverso ocorre com a corrente
fria, representada na curva inferior. No segundo caso, temos o trocador 1-2, também na Figura
11, e duas passagens do fluido frio nos tubos do trocador. Nessas condições, a corrente fria tem
um comportamento diferenciado, sendo acrescida até um valor intermediário e, posteriormente,
um outro valor mais elevado. A corrente quente tem um comportamento semelhante ao do
primeiro caso.
Quando existirem duas passagens no lado tubo, uma delas estará em paralelo com o fluido
do casco, enquanto a outra estará em contracorrente. Nesse sentido, para o trocador de calor do
tipo 1-2, a velocidade do fluido será o dobro da obtida no trocador 1-1. O aumento da velocidade
acarreta aumento do coeficiente de transferência por convecção (h) e do coeficiente global (U),
resultando em menor área de troca e promovendo a redução de incrustação. Contudo, a perda de
carga será maior, o que pode dificultar a configuração da instalação.

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Nas situações na quais os trocadores de calor apresentam mais de uma passagem nos
tubos, a verdadeira diferença de temperaturas já não é mais calculada razoavelmente apenas pelo
método MLDT, sendo necessário utilizar um fator de correção (F) para encontrá-la. Assim,

em que F é o fator de correção, que depende da geometria do trocador de calor e das


temperaturas de entrada e saída dos escoamentos dos fluidos quente e frio. O fator de correção é
inferior à unidade para trocadores de calor de escoamento cruzado e casco e tubo multipasses. O
fator de correção F pode ser entendido como a medida do desvio da LMTD a partir dos valores
correspondentes para contracorrente.
O fator de correção F para configurações comuns de trocadores de calor de escoamento
cruzado e de casco tubo é apresentado na Figura 12, em função das razões P e R, definidas como:

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em que os subíndices 1 e 2 denotam, respectivamente, a entrada e a saída, T denota a
temperatura no lado do casco, enquanto t, a temperatura no lado do tubo.

Figura 12 – Fator de correção: (a) um passe no casco e dois passes no tubo, ou um múltiplo de dois passes nos tubos;
(b) dois passes no casco e quatro passes nos tubos, ou múltiplos de quatro passes nos tubos; (c) correntes cruzadas,
um só passe, os dois sem mistura. Fonte: Ozisik (1985).

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Exemplo 2

Um trocador de casco tubo, como ilustra a Figura 13, apresenta duas passagens no casco
e quatro nos tubos e é utilizado para resfriar um óleo na temperatura de 90° C para
50° C, utilizando água como fluido de resfriamento, a qual entra no equipamento a
30° C e sai a 60° C. A espessura da parede do tubo é fina o suficiente, de modo que um
único diâmetro pode ser considerado (D = 3,0 cm). Além disso, o comprimento total do
tubo é de 37,5 m. Para as vazões empregadas, essas condições de temperatura fornecem
coeficientes convectivos de hc = 30 W/m².K para o fluido no casco e ht = 150 W/m².K
para o fluido no interior dos tubos.

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Figura 13 – Representação do Exemplo 2. Fonte: O autor.

Determine a taxa de transferência de calor no trocador.


Após certo tempo de uso, uma incrustação externa com Rf,o = 0,006 m².K/W é formada.
Qual a nova taxa de transferência de calor?

Solução: A) Considerando regime permanente, temos que a taxa de transferência de


calor é calculada a partir da equação Q = U.As.F.(LMTD). Note que a área de troca
térmica é A = π.D.L = π .0,03 . 37,5 = 3,53 m2. Para o cálculo da LMTD, é considerado
que:

Assim, a MLTD é igual a:

O coeficiente global de troca térmica é calculado como segue:

Ou seja, .Agora, vamos calcular o fator de correção, como segue:

Com os valores de P e R na Figura 14(b), temos que F = 0,91. Assim,

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B) Com a camada adicional de incrustação formada, devemos acrescentar seu efeito no


cálculo da resistência térmica. Assim,

Ou seja, . Os demais valores calculados em (A) permanecem os mesmos.


Assim,

Como esperado, a taxa de transferência de calor diminui devido à presença da


incrustação. Essa diminuição foi de, aproximadamente, 13%.

4 O MÉTODO DA EFETIVIDADE (NTU)

A utilização do método da diferença de temperatura logarítmica média é simples quando

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sabemos as temperaturas de entrada e de saída – tanto por serem dadas ou por serem facilmente
determinadas por um balanço de energia. Entretanto, caso se saibam somente as temperaturas de
entrada, o método da diferença de temperatura logarítmica média requer um processo iterativo.
Assim, o método chamado efetividade-NUT surge como uma alternativa.
Para se poder definir a efetividade, deve-se determinar a taxa de transferência máxima de
calor, Qmax, em um trocador. Essa taxa poderia ser determinada em um trocador contracorrente
ou de comprimento infinito. Em tal trocador de calor, um dos fluidos seria submetido à máxima
diferença de temperatura possível: Th,ent – Tc,ent, em que Th,ent é a temperatura de entrada do
fluido quente e Tc,ent é a temperatura de entrada do fluido frio. Dessa forma, podemos escrever
que:

em que Cmínimo é o menor valor entre . Assim, agora torna-


se lógico definir a efetividade (ε) como sendo a razão entre o calor trocador e o calor máximo
possível de ser trocado:

Por definição, a efetividade é adimensional e sempre deve estar contida no intervalo [0,1].
Para qualquer trocador de calor:

sendo que NUT é um parâmetro adimensional, largamente utilizado para análise de


trocadores de calor, definido como:

em que NUT significa Número de Unidades de Transferência.

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As efetividades de alguns trocadores de calor são apresentadas na Figura 14.

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Figura 14 – Efetividade de alguns tipos de trocadores de calor. Fonte: Adaptado de Çengel, Boles e Leylegian (2013).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

No canal do professor Frederico Ribeiro, no YouTube, há um


vídeo com a resolução de um exercício sobre trocadores de calor
empregando o método NUT. O vídeo está disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=hd1PjIzld_k.

Ainda, no canal da professora Karina Klock da Costa, no YouTube,


há um vídeo com a explicação e resolução de um exercício sobre
trocadores de calor empregando o método NUT. Acesse-o em:
https://www.youtube.com/watch?v=XND8ZlZutZw.

PROJETOS DE SISTEMAS TÉRMICOS | UNIDADE 2


O livro Incropera - Fundamentos de Transferência de Calor
e de Massa é o livro mais completo sobre Transferência de
Calor e de Massa.
Referência na área, a nova edição apresenta mais de 300
problemas e uma abordagem diferenciada para a apresentação
das soluções analíticas.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mais uma unidade termina! Aqui, utilizamos os conhecimentos obtidos na disciplina


de Transferência de Calor para conhecer mais sobre os trocadores de calor, equipamentos
importantíssimos para a indústria e para a rotina do engenheiro mecânico.
Obviamente, um projeto completo de um trocador de calor iria além da abordagem da
transferência de calor: é importante também avaliar aspectos, tais como as perdas de cargas do
processo, limitações de espaço físico, facilidade de manutenção e limpeza, a natureza dos fluidos
que serão utilizados (quanto à corrosão e incrustação, por exemplo) e, até mesmo, a distância
entre os tubos de um feixe de influência nos coeficientes convectivos alcançados.
Bons estudos e até a Unidade 3!

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

03
DISCIPLINA:
PROJETOS DE SISTEMAS TÉRMICOS

INTRODUÇÃO AOS CICLOS


DE POTÊNCIA A VAPOR

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................40
1 INTRODUÇÃO AO CICLO A VAPOR........................................................................................................................... 41
2 MODELAGEM DE SISTEMAS DE POTÊNCIA A VAPOR..........................................................................................42
2.1 O CICLO DE RANKINE............................................................................................................................................42
2.2 A TERMODINÂMICA DOS SUBSISTEMAS...........................................................................................................43
2.2.1 TURBINA..............................................................................................................................................................44
2.2.2 CONDENSADOR..................................................................................................................................................44
2.2.3 BOMBA.................................................................................................................................................................44
2.2.4 CALDEIRA............................................................................................................................................................44
2.3 PARÂMETROS DE DESEMPENHO DO CICLO......................................................................................................45
2.4 O CICLO DE RANKINE COM REAQUECIMENTO.................................................................................................47

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

2.5 O CICLO DE RANKINE REGENERATIVO...............................................................................................................47


3 INTRODUÇÃO A CALDEIRAS....................................................................................................................................49
3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS CALDEIRAS........................................................................................................................49
3.1.1 FLAMOTUBULAR..................................................................................................................................................49
3.1.2 AQUOTUBULAR....................................................................................................................................................50
3.2 COMPONENTES CLÁSSICOS DE UMA CALDEIRA..............................................................................................50
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................53

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INTRODUÇÃO

A energia elétrica é um bem essencial nos dias atuais, sendo que dificilmente uma pessoa
consegue passar algumas horas, de forma confortável, sem esse recurso fundamental. Utilizada
em nossas casas, comércio, hospitais e indústrias, essa energia é extraída a partir de fontes
energéticas, tais como: hídrica, biomassa, eólica e térmica.
Dessa forma, nesta unidade, será abordado com mais detalhes um dos sistemas de
extração de energia utilizado em fontes térmicas. Essa energia térmica pode ser transportada e
convertida em energia elétrica por meio de uma máquina térmica, que, basicamente, é inserida
entre os reservatórios térmicos do sistema.
Essa máquina, por vezes, pode utilizar a água como fluido de transporte, a qual é modelada
por um ciclo de potência a vapor, utilizado na maioria das usinas termoelétricas no mundo.
Por fim, além de apresentar as relações termodinâmicas e os componentes e explicitar o
funcionamento do ciclo de potência, serão apresentadas as principais equações utilizadas para
a modelagem do ciclo, maneiras de se aumentar o rendimento e as derivações do ciclo a vapor.

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Bons estudos!

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1 INTRODUÇÃO AO CICLO A VAPOR

A máquina térmica baseada no ciclo de potência a vapor tem um papel importante no


cenário energético mundial, sendo utilizada em várias usinas para a geração de energia elétrica.
Basicamente, as máquinas térmicas utilizam a energia fornecida pela queima de um combustível
para a geração de vapor e, consequentemente, a extração de trabalho pela condensação posterior
desse vapor. Para tal, utilizam-se diversos componentes e equipamentos que serão detalhados nos
próximos tópicos.
Dentre os combustíveis utilizados atualmente para prestação desse serviço, destacamos
os combustíveis não renováveis, tais como: carvão mineral e combustíveis à base de petróleo, bem
como os combustíveis renováveis, como as biomassas e o biogás. Daremos ênfase na biomassa,
muito utilizada no Brasil em usinas de álcool e açúcar.
Por meio da Figura 1, é possível observar a esquematização de uma unidade de geração
de potência a vapor, com destaque para a torre de arrefecimento e a chaminé, as quais cumprem
papéis importantes dentro da usina. A torre de arrefecimento é responsável pelo fornecimento
de água fria para o condensador. Ela funciona em ciclo fechado, fornece água fria e recebe água
aquecida do condensador.

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Já a chaminé é responsável pela liberação dos gases de combustão oriundos do queimador,
sendo um fato de preocupação ambiental, pois são gases que acentuam o aquecimento global.
Ademais, observa-se a variação do estado do fluido de transporte (água) à medida que passa
pelos equipamentos.

Figura 1 – Representação esquemática de uma usina de potência a vapor. Fonte: Moran et al. (2005).

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2 MODELAGEM DE SISTEMAS DE POTÊNCIA A VAPOR

Para a execução do ciclo de potência a vapor, devem-se utilizar necessariamente uma


turbina, bomba, condensador e uma caldeira. Tais equipamentos apresentam funções específicas
dentro do ciclo, sendo que a turbina tem como função principal a extração de energia do fluido
em estado de vapor e sua posterior conversão em energia elétrica.
O condensador, por sua vez, tem a função de retirar ou rejeitar o calor para o meio
ambiente, sendo uma condição necessária e estabelecida pelas leis da termodinâmica. A bomba,
alocada em seguida ao condensador, tem a função de bombear o fluido no estado líquido para a
caldeira, a qual, por sua vez, tem a função de aquecer o fluido de trabalho por meio dos gases de
combustão.
Por fim, o vapor gerado na caldeira é direcionado até a turbina, reiniciando o ciclo. Por
meio da Figura 2, é possível observar a disposição de tais equipamentos.

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Figura 2 – Ilustração dos equipamentos presentes no ciclo a vapor. Fonte: Moran et al. (2005).

2.1 O Ciclo de Rankine

A modelagem do ciclo de potência a vapor é extremamente laboriosa, com vários


parâmetros que influenciam o desempenho e o funcionamento do ciclo. De antemão, destacamos
que o intuito desta disciplina é apresentar uma modelagem simplificada, de forma a obter uma
dedução qualitativa do ciclo e ser possível identificar como os parâmetros de funcionamento e as
alterações no ciclo influenciam no funcionamento real.
Dentre as usinas de potência a vapor, boa parte delas (que utilizam combustíveis fosseis)
funciona de acordo com o ciclo de Rankine de potência, o qual pode ser observado por meio da
Figura 3.
  

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Figura 3 – Grafico Txs do ciclo de Rankine. Fonte: Moran et al. (2005).

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O ciclo de Rankine é semelhante ao ciclo de Carnot, sendo composto por quatro processos,
quais sejam:

a. Processo 1-2: expansão isentrópica do fluido através da turbina;


b. Processo 2-3: rejeição de calor do fluido para o meio externo por meio do condensador,
saindo na forma de líquido saturado em 3;
c. Processo 3-4: compressão isentrópica do fluido por meio da bomba;
d. Processo 4-1: transferência de calor ao fluido de trabalho por meio da queima de
combustível dentro da caldeira.
Na Figura 3, observa-se uma linha adjacente ao ciclo (1’-2’-3-4), a qual representa o ciclo
de Rankine com superaquecimento, em que o fluido de trabalho sai da caldeira na condição de
superaquecido. Essa modificação no ciclo de Rankine é desejável, pois, na condição ideal (1-2-3-
4), o fluido sairia da turbina com um título relativamente baixo, com uma quantidade razoável de
gotículas do fluido no estado líquido. Essa condição é extremamente prejudicial à turbina, pois
causa o efeito de erosão nas pás, propiciando desgaste na turbina e diminuição da eficiência do
ciclo.

2.2 A Termodinâmica dos Subsistemas

Para a determinação dos calores trocados na caldeira e condensador, bem como o


trabalho desenvolvido na turbina e fornecido pela bomba, necessita-se da utilização de equações
termodinâmicas para a modelagem dos componentes.
Para tal, utilizam-se as equações de conservação de massa e energia, aplicando algumas
simplificações, que são: desconsideração das irreversibilidades, as variações de energias cinética
e potencial são desprezadas, e as trocas térmicas que ocorrem entre os componentes do ciclo são
desconsideradas. Dessa forma, as equações que modelam cada componente do subsistema serão
apresentadas na sequência.

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2.2.1 Turbina

O fluido de trabalho entra na turbina (estágio 1) na condição de vapor, onde é extraído


e convertido à energia do fluido em trabalho. De forma concomitante, ocorre a condensação
parcial do fluido, a qual deverá ter um título de mistura superior a 0,8 na saída da turbina (estágio
2). Em vista disso, por meio da Equação 1, estima-se o trabalho gerado na turbina (WT):

WT = m(h1-h2) (1)

2.2.2 Condensador

Após sair da turbina, o fluido de trabalho, no estado de mistura de vapor/líquido, entra


no condensador; que é um trocador de calor provido de tubos que percorrem o fluido externo,
oriundo da torre de arrefecimento. O fluido de trabalho, ao entrar em contato com esses tubos
resfriados, condensa-se, adquirindo o estado de líquido saturado ou comprimido. A taxa de calor
rejeitada no condensador (QS) pode ser estimada pela Equação 2:

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QS = m(h2-h3) (2)

2.2.3 Bomba

O fluido no estado líquido (estágio 3) sai do condensador e é direcionado até a caldeira


por meio da bomba (estágio 4), como líquido comprimido. A potência de entrada da bomba
(WB) pode ser expressa pela Equação 3:

WB = m(h4-h3) (3)

Observa-se um pequeno aumento de pressão do fluido de trabalho ao passar pela bomba.


Esse aumento não é muito acentuado, pois o fluido de trabalho se encontra no estado líquido e,
por ser incompressível, necessita de muito trabalho para uma pequena variação de pressão. De
forma análoga à Equação 3, a potência de entrada da bomba também pode ser calculada pela
Equação 4:

WB=mv3(p4-p3) (4)

2.2.4 Caldeira

Por fim, o ciclo de potência se encerra com a entrada do fluido de trabalho na caldeira.
Ele entra no estado de líquido comprimido e sai no estado de vapor saturado ou superaquecido.
Todo esse aquecimento é advindo dos gases de combustão a uma elevada temperatura, que são
emitidos pela queima do combustível. A taxa de calor fornecida pela caldeira (QE) pode ser
expressa pela Equação 5:

QE=m(h1-h2) (5)

Nela, h é a entalpia nos estágios apresentados na Figura 3, m é a taxa mássica de fluido de


trabalho, v3 é o volume específico na entrada da bomba, e p é a pressão na entrada (p3) e saída
(p4) da bomba.

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2.3 Parâmetros de Desempenho do Ciclo

Os dois parâmetros mais importantes para a quantificação de um ciclo a vapor são a


determinação da eficiência do ciclo e o Back Work Ratio (doravante, bwr). O cálculo da eficiência
nos apresenta o quão eficiente é a conversão da energia térmica oriunda da caldeira em trabalho.
Em termos práticos, a eficiência de uma usina de potência a vapor é baixa, em torno de 30%. Ou
seja, apenas 30% da energia térmica são convertidos em energia elétrica.
Por fim, o bwr é expresso pela razão entre o trabalho fornecido pela bomba e o trabalho
gerado na turbina. As duas estimativas estão apresentadas nas Equações 6 e 7:
η=WT-WBQE (6)
bwr=WBWT (7)

As propriedades termodinâmicas da água e de alguns fluidos comumente


utilizados em ciclo de potência podem ser extraídas de tabelas em diversos livros-

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base, tais como o livro de Moran et al. (2005) e Çengel, Boles e Leylegian (2013).
Para o ciclo de potência a vapor, utilizam-se as propriedades da água no estado
líquido, de mistura e de vapor. Para esse fluido, as propriedades estão listadas no
apêndice T do livro do Moran et al. (2005). Entretanto, existem alguns softwares
que possibilitam extrair tais informações. É o caso do EES e do REFPROP. Para tal,
destaco e sugiro a utilização do REFPROP, que é um programa de download grátis,
desenvolvido pelo National Institute of Standards and Technology (NIST) e que
fornece tabelas e gráficos das propriedades termodinâmicas.

Exemplo 1

Em um ciclo de Rankine superaquecido, vapor de água entra em uma turbina a uma


temperatura de 350˚C e pressão de 7,5 MPa e sai do condensador, como líquido
saturado, a uma pressão de 0,01 MPa. Sabendo que a potência líquida da turbina é de
80 MW, determine: a eficiência do ciclo, a taxa mássica de água e o bwr do ciclo.  

Solução:
Primeiramente, deve-se realizar a representação gráfica do ciclo de Rankine,
identificando as linhas de pressão e os estados físicos do fluido nos pontos de interesse,
tal como expresso na Figura 4.

Figura 4 - Representação para o Exemplo 1. Fonte: O autor.

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Após a representação, devem-se identificar as entalpias e entropia em cada ponto em


destaque. Para isso, pode-se fazer uso das tabelas de propriedades termodinâmicas,
presentes em anexos dos livros ou utilizar o software REFPROP, apresentado
anteriormente. 
Dessa forma, as propriedades termodinâmicas para os quatro pontos são:

Tabela 1 - Propriedades termodinâmicas para os quatro pontos do Exemplo 1.


Temperatura Pressão Volume Entalpia Entropia      Título
  
[˚C] [MPa] específico       [kJ/kg] [kJ/kg.k]
[m3/kg]
1 350 7,5 0,032 3002 6,18 Vapor
2 45,8 0,01 10,82 1956 6,18 0,73
3 45,8 0,01 0,001 192 0,64 0
Fonte: O autor.

Diretamente, é possível encontrar, a partir de duas propriedades termodinâmicas,

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todas as informações do fluido naquele estado. Dessa forma, o único ponto que falta
ser determinado é o ponto 4, o qual pode ser calculado por meio da combinação das
Equações 3 e 4:
m(h4-h3)=mv3(p4-p3)
(h4-h3)=v3(p4-p3)
h4=h3+v3(p4-p3)

Com isso, substituindo os valores da Tabela 1 na equação determinada, obtemos:


h4=192kJkg+0,001m3kg (7500-10)kPa
h4=199,5kJkg

Por questão de praticidade, recomenda-se entrar na equação anterior com as pressões


em kPa; dessa forma, evitam-se conversões de unidade.
Com isso, basta substituir nas equações listadas no tópico 2.2.

- Taxa mássica
WT=m(h1-h2)
80000 kW=m(3002-1956)
m=76,5 kg/s
- Eficiência do ciclo
η=(3002-1956)-(199,5-192)(3002-199,5)=0,37 (37%)
- bwr
bwr=(199,5-192)(3002-1956)=0,0072 (0,72%)

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2.4 O Ciclo de Rankine com Reaquecimento

Em aplicações práticas, de forma a aumentar a eficiência do sistema e aproveitar ao


máximo os gases de combustão gerados pela queima do combustível, podem-se realizar algumas
adaptações ao ciclo de Rankine. Uma delas é o ciclo de Rankine com reaquecimento, o qual
consiste na utilização de dois processos de expansão, com a utilização de uma turbina de alta e
baixa pressões.
O processo ocorre da seguinte maneira: após o vapor sair da caldeira, ele é direcionado
à turbina de alta, expande-se de forma parcial e, ao sair da turbina, é direcionado novamente à
caldeira para ser reaquecido.
Esse vapor reaquecido passa, posteriormente, para o último processo de expansão na
turbina de baixa. Essa adaptação traz como vantagem o aumento da eficiência e também o
aumento do título do fluido de trabalho que será direcionado até o condensador, evitando o
efeito de erosão nas pás da turbina. Por meio da Figura 5, é possível observar a disposição dos
equipamentos e o clico de Rankine com reaquecimento.

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Figura 5 – Grafico Txs do ciclo de Rankine com reaquecimento. Fonte: Moran et al. (2005).

2.5 O Ciclo de Rankine Regenerativo

Uma outra alternativa utilizada para aumentar a eficiência do ciclo de Rankine é a


colocação de um trocador de calor regenerador no sistema. Ele recebe parte (fração y) do fluido
líquido que é extraído da turbina de alta pressão, na qual é misturado com a parte (1-y) do fluido
que advém do estágio 5 (Figura 6).
Essa mistura produz um fluido com uma temperatura intermediária (estágio 6), o qual
posteriormente é direcionado até a caldeira para o processo de vaporização. A incorporação do
regenerador possibilita diminuir a quantidade de calor que deveria ser fornecida caso não tivesse
o sistema regenerativo, o que resulta em maior eficiência e menor consumo de combustível.

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Figura 6 – Grafico Txs do ciclo de Rankine regenerativo. Fonte: Moran et al. (2005).

A parte do escoamento (y) que é extraída da turbina de alta pode ser determinada pela

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razão entre as entalpias do estágio 5, 6 e 2, tal como expressa pela Equação 8:

y=h6-h5h2-h5 (8)

Quando analisado o ciclo de Rankine, observa-se que a eficiência do ciclo depende


diretamente do trabalho gerado na turbina, de tal forma que, ao aumentar o
intervalo de pressão entre os estágios 1 e 2, aumentar-se-ia o trabalho gerado
na turbina e, consequentemente, a eficiência do ciclo. Entretanto, isso acaba não
sendo viável na prática devido à diminuição do título do fluido na saída da turbina.
No tocante a isso, por qual motivo a diminuição do título inviabiliza tal alteração?
Será que, operacionalmente, isso não seria viável?

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3 INTRODUÇÃO A CALDEIRAS

Em um ciclo de potência a vapor, a geração do vapor e a inserção de energia térmica no


sistema ocorrem por meio da caldeira. Esse equipamento nada mais é do que um trocador de
calor, que normalmente trabalha a uma pressão superior à pressão atmosférica.
Embora pareça simples o ato de gerar vapor, para que uma caldeira atinja uma eficiência
alta e possa ter uma operação contínua e segura, vários outros equipamentos devem ser integrados,
tais como: filtros, tubos, fornalha, esteira de alimentação de combustível, ventiladores, entre
outros.

3.1 Classificação das Caldeiras

As caldeiras podem ser classificadas em relação à energia utilizada para o aquecimento,


podendo essa fonte energética ser a partir de um combustível, elétrica ou de recuperação,
recebendo os gases de outro processo primário.
Também podem ser classificadas em função da circulação da água, como circulação

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natural ou forçada e, principalmente, em função da disposição da água em relação aos gases de
combustão, recebendo a classificação de flamotubulares ou aquotubulares.

3.1.1 Flamotubular

Este tipo de caldeira foi a primeira a ser desenvolvida, consistindo na circulação dos
gases quentes oriundos da combustão no interior dos tubos do trocador de calor (Figura 7).
A construção é relativamente simples, com um cilindro externo que contém água e tubos no
interior, destinados a receber os gases de combustão da fornalha. A pressão de trabalho varia
entre 5 a 10 kgf/cm2.

Figura 7 – Caldeira flamotubular vertical. Fonte: Centrais Elétricas Brasileiras (2005).

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3.1.2 Aquotubular

As aquotubulares são o tipo de caldeira mais utilizado atualmente. O desenvolvimento


desse tipo de caldeira possibilitou a produção de vapor a altas temperaturas e pressões elevadas,
bem como um maior rendimento térmico, uma maior produção de vapor e uma maior superfície
de contato entre os gases e fluido a ser vaporizado, o que é benéfico para a transferência de
calor. Basicamente, a água circula pelo interior dos tubos, enquanto os gases circulam pela parte
externa, tal como ilustrado pela Figura 8. Podem produzir um volume de 750 toneladas de vapor
a uma pressão de até 200 kgf/cm2. 

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Figura 8 – Ilustração do funcionamento de uma caldeira aquotubular. Fonte: Togawa (2020).

3.2 Componentes Clássicos de uma Caldeira

Atualmente, em usinas de álcool, devido à alta demanda de geração de vapor, necessita-se


de caldeiras de grande porte, as quais são montadas em campo a partir da associação de diversos
componentes de maneira a constituir um gerador de vapor complexo. Tomando como base
uma unidade com suas complexidades, por meio da Figura 9, é possível identificar os principais
componentes. 

Figura 9 – Os principais componentes de uma caldeira complexa. Fonte: Centrais Elétricas Brasileiras (2005).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Dessa forma, a descrição dos componentes e suas funções são listadas como segue:

a. Cinzeiro – local para depósito das cinzas, utilizado em caldeiras de combustíveis sólidos.
b. Fornalha – local no qual ocorre a queima do combustível.
c. Câmara de combustão – volume em que se consome todo o combustível, normalmente
relacionado à própria fornalha.
d. Tubos evaporadores – correspondem ao trocador de calor com água no início da
vaporização.
e. Superaquecedores – responsáveis pelo superaquecimento do vapor.
f. Economizador – pré-aquecimento da água de alimentação.
g. Pré-aquecedor – local onde o ar que alimenta a fornalha é aquecido.
h. Canais de gases – trechos para circulação dos gases.
i. Chaminé – é o local onde os gases de combustão são expulsos.

PROJETOS DE SISTEMAS TÉRMICOS | UNIDADE 3


Na Internet, é possível encontrar diversos vídeos explicativos sobre os ciclos de
potência a vapor, bem como o funcionamento e os tipos de caldeiras. Dentre eles,
destaco alguns:

• Ciclos de potência a vapor – O ciclo motor de Rankine, publicado


por Paulo Seleghim (2020), disponível em https://www.youtube.
com/watch?v=4rlTNhG0J48&t=3854s.

• Ciclos de Carnot e Rankine, publicado por Paulo Seleghim (2015),


disponível em https://www.youtube.com/watch?v=xgmJ47jG23s.

• Os ciclos de potência avançado, publicado por Paulo


Seleghim (2020), disponível em https://www.youtube.com/
watch?v=IV14uSAZWoY.

• O que são caldeiras: Principais tipos, publicado por Togawa


Engenharia (2020), disponível em https://www.youtube.com/
watch?v=xT6VV8yAY-w.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Para mais informações sobre o ciclo de potência a vapor, recomendo utilizar como
material de apoio o livro de Moran et al. (2005) (ver nas Referências, ao final). Os
conteúdos abordados nesta Unidade 3 estão no Capítulo 8 do livro. Além do tema
abordado, a resolução dos exercícios propostos nos finais dos capítulos pode
ajudar na fixação do conteúdo.

PROJETOS DE SISTEMAS TÉRMICOS | UNIDADE 3

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, foi discutido inicialmente o ciclo de potência a vapor, o ciclo de Rankine e
suas modificações, buscando o aumento de eficiência. Por fim, trouxemos uma introdução sobre
caldeiras, apresentando algumas classificações e seus principais componentes.
Ao término desta unidade, você está preparado(a) para resolver diversos exercícios sobre
tais assuntos, propostos em livros e nesta apostila. Os exercícios, por vezes, necessitam de consulta
a materiais de apoio, os quais estão apresentados na seção das Referências.

PROJETOS DE SISTEMAS TÉRMICOS | UNIDADE 3

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

04
DISCIPLINA:
PROJETOS DE SISTEMAS TÉRMICOS

INTRODUÇÃO A SISTEMAS
DE POTÊNCIA A GÁS

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................56
1 OS MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA..............................................................................................................57
1.1 CLASSIFICAÇÃO DOS MOTORES QUANTO AO NÚMERO DE TEMPOS DO CICLO DE OPERAÇÃO.................57
1.1.1 MOTOR A QUATRO TEMPOS...............................................................................................................................58
1.1.2 MOTOR A DOIS TEMPOS....................................................................................................................................58
1.1.3 DIAGRAMA DE PRESSÃO E VOLUME DE UM MOTOR A QUATRO TEMPOS..................................................59
2 O CICLO OTTO DE POTÊNCIA..................................................................................................................................60
2.1 MODELAGEM DOS PROCESSOS DO CICLO OTTO.............................................................................................. 61
2.1.1 PROCESSOS COM TRANSFERÊNCIA DE TRABALHO....................................................................................... 61
2.1.2 PROCESSOS COM TRANSFERÊNCIA DE CALOR............................................................................................. 61
3 O CICLO DIESEL........................................................................................................................................................62

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

3.1 MODELAGEM DOS PROCESSOS DO CICLO DIESEL...........................................................................................63


3.2 PROCESSOS COM TRANSFERÊNCIA DE TRABALHO.........................................................................................63
3.3 PROCESSOS COM TRANSFERÊNCIA DE CALOR................................................................................................63
3.4 RELAÇÕES ISENTRÓPICAS...................................................................................................................................63
4 O CICLO BRAYTON....................................................................................................................................................65
4.1 MODELAGEM DOS PROCESSOS DO CICLO BRAYTON.......................................................................................66
4.1.1 PROCESSOS COM TRANSFERÊNCIA DE TRABALHO.......................................................................................66
4.1.2 PROCESSOS COM TRANSFERÊNCIA DE CALOR.............................................................................................66
4.2 OS CICLOS BRAYTON COM MODIFICAÇÕES......................................................................................................67
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................69

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO

Uma máquina térmica é um dispositivo que transforma a energia térmica em trabalho


mecânico, podendo este ser utilizado para geração de energia elétrica ou propriamente para
movimentar um veículo. A obtenção desse trabalho é ocasionada por uma sequência de processos
que são realizados em um fluido.
No ciclo de potência a vapor, o fluido de trabalho muda de fase repetidas vezes por meio
da evaporação e condensação, como bem visto na Unidade 3. No caso de um ciclo a gás, o fluido
de trabalho permanece na mesma fase gasosa, sem a mudança de fase.
Dessa forma, nesta unidade, será abordado com mais detalhes o ciclo de potência a
gás, presente em motores de combustão interna, do tipo comumente utilizado em motores de
caminhão, carro, moto e nas turbinas a gás. Essa condição é a principal diferença da máquina
térmica apresentada na última unidade, em que o processo de geração de energia térmica ocorria
em uma caldeira, e não dentro de um arranjo cilindro-pistão.
No tocante a isso, nesta unidade, iremos detalhar o ciclo de potência a gás, apresentando

PROJETOS DE SISTEMAS TÉRMICOS | UNIDADE 4


os motores de ignição à centelha e à compressão, destacando as suas diferenças e ilustrando o seu
funcionamento termodinâmico por meio dos ciclos Otto e Diesel.
Por fim, além de apresentar as relações termodinâmicas, componentes e explicitar o
funcionamento dos motores de combustão à centelha e à compressão, será apresentado o ciclo
Brayton, utilizado em turbinas a gás.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

1 OS MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA

Os motores à combustão interna são aqueles em que o fluido de trabalho participa


diretamente da combustão. Eles são admitidos em conjunto de pistão-cilindro, e o processo
de combustão ocorre internamente a esse sistema, que apresenta um mecanismo próprio para
extração de parte da energia térmica gerada no interior da câmara de combustão. O conjunto
pistão-cilindro pode ser observado com mais detalhes na Figura 1.

PROJETOS DE SISTEMAS TÉRMICOS | UNIDADE 4


Figura 1 – Conjunto cilindro-pistão. Fonte: Moran et al. (2005).

Por meio da Figura 1, podem-se observar os principais componentes e alguns termos


comumente utilizados nesse tipo de sistema. O calibre é o diâmetro do cilindro, o qual é
percorrido pelo pistão em um movimento alternado que se origina do processo de combustão,
sendo convertido posteriormente em movimento de rotação pelo virabrequim.
O curso é a distância máxima que o pistão se move dentro do cilindro, sendo essa
distância delimitada pelo ponto morto superior (PMS) e pelo ponto morto inferior (PMI). Essas
duas posições também caracterizam o volume de trabalho, sendo o volume mínimo quando o
pistão está na posição de PMS e o volume máximo quando o pistão está na posição de PMI.
Ademais, esses dois volumes são utilizados para a determinação da taxa de compressão, que está
relacionada diretamente ao desempenho, consumo e durabilidade do motor. Veja a Equação 1.

r=VmaxVmin (1)

Dentre os motores de combustão interna, temos uma divisão em relação à ignição,


podendo esta ser por centelha ou por compressão. Nos motores por ignição à centelha, a mistura
ar-combustível é admitida no cilindro e, posteriormente, é inflamada por uma faísca gerada pelos
eletrodos de uma vela. Já nos motores à compressão é admitido apenas o ar atmosférico, que, ao
ser pressurizado pelo pistão até o PMS, adquire uma temperatura de autoignição que possibilita
a combustão natural do combustível que passa a ser injetado.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

1.1 Classificação dos Motores quanto ao Número de Tempos do Ciclo de


Operação

Um ciclo de potência é composto por tempos de trabalho que se repetem, periodicamente,


até a extração do trabalho útil. Esses tempos estão relacionados ao curso do pistão, que pode
executar quatro ou dois tempos.

1.1.1 Motor a quatro tempos

Em um motor a quatro tempos, o pistão percorre quatro cursos até a finalização do ciclo,
sendo eles: admissão, compressão, expansão e exaustão, tal como ilustrado na Figura 2.

PROJETOS DE SISTEMAS TÉRMICOS | UNIDADE 4


Figura 2 – O motor a quatro tempos. Fonte: Universal Technical Institute (2021).

No tempo de admissão, o ar entra no cilindro por meio do deslocamento do pistão do PMS


ao PMI. Nesse tempo, o cilindro fica preenchido pela mistura ar-combustível ou apenas pelo ar
atmosférico. No tempo de compressão, a válvula de admissão é fechada, e o fluido é comprimido
até o PMS, quando ocorre a centelha ou injeção de combustível. No terceiro tempo, o de expansão,
o pistão é empurrado até o PMI devido ao aumento de pressão gerado pela combustão e geração
dos gases. É nesse tempo em que ocorre a geração de trabalho útil. Por fim, no tempo de escape,
os gases de combustão gerados são expulsos da câmara, reiniciando o ciclo.

1.1.2 Motor a dois tempos

No motor a dois tempos, o ciclo completa-se com apenas dois cursos do pistão. Dessa
forma, os quatro tempos listados anteriormente são sobrepostos, ocorrendo dois a cada tempo.
Assim, o primeiro tempo do motor é composto pelo processo de expansão e compressão de
uma nova mistura ao mesmo tempo, ou seja, à medida que o pistão se desloca do PMS ao PMI,
comprime a mistura ar-combustível presente no cárter e admite essa mistura à medida que
expulsa os gases de combustão.
No segundo tempo, o pistão fecha as válvulas de admissão e exaustão e termina de
comprimir a mistura até o PMS, quando é gerada a centelha e iniciado novamente o ciclo (Figura
3).

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Figura 3 – O motor a dois tempos. Fonte: Gomes (2019).

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1.1.3 Diagrama de pressão e volume de um motor a quatro tempos

Dentre os dois tipos de motor, o de dois tempos apresenta diversas desvantagens em


relação ao motor de quatro tempos, tais como: geração de potência, eficiência e poluição sonora
e ambiental, sendo empregado basicamente em motores de pequeno porte.
Destarte, o foco da nossa discussão estará nos motores a quatro tempos, que foram
apresentados anteriormente e, caso fosse acoplado um osciloscópio ao motor, isso geraria um
diagrama de pressão e volume semelhante ao ilustrado na Figura 4.

Figura 4 – Diagrama de pressão e volume para um motor à combustão a quatro tempos. Fonte: Moran et al. (2005).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Os processos em um motor de combustão interna apresentam um alto grau de


complexidade, com efeitos de irreversibilidade, atrito do pistão com o cilindro e,
principalmente, no processo de combustão no interior da câmara. O ar é admitido
e sai do sistema como uma mistura, predominantemente, de dióxido de carbono
e nitrogênio. Como é extremamente difícil modelar de forma exata o motor
à combustão, adota-se o conceito de ar padrão, o qual considera os seguintes
elementos: a) uma quantidade fixa de fluido de trabalho, sendo utilizado o ar
atmosférico como gás ideal; b) o processo de combustão é substituído pela
transferência de calor de uma fonte externa; c) não considera o processo de
admissão e exaustão, sendo ele substituído por um processo de transferência de
calor para o meio externo; e d) todos os processos são internamente reversíveis.

2 O CICLO OTTO DE POTÊNCIA

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O ciclo Otto de potência consiste em quatro processos internamente reversíveis. O
primeiro processo (1-2) representa uma compressão isentrópica da mistura de ar-combustível.
Essa compressão se dá pelo deslocamento ascendente do pistão, que se move do PMI ao PMS.
No processo 2-3, ocorre a produção da centelha e, consequentemente, a combustão da mistura
admitida. Essa combustão ocorre de forma instantânea, ou seja, a mistura admitida é convertida
em gases de combustão instantaneamente, sem uma variação de volume apreciável. Dessa forma,
para a condição de ar padrão, considera-se uma transferência de calor para o ar a um volume
constante.
No processo 3-4, ocorre uma expansão isentrópica, com o deslocamento do pistão do PMS
ao PMI, gerando trabalho para o sistema. Por fim, no processo 4-1, a válvula de exaustão é aberta,
expulsando os gases de combustão. Esse processo é modelado na condição de ar padrão, como
uma rejeição de calor a volume constante. Os quatro processos do ciclo Otto estão representados
por meio dos diagramas T-s e p-v, na Figura 5.

Figura 5 – O ciclo Otto de ar padrão. Fonte: Moran et al. (2005).

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Os motores à combustão a álcool ou à gasolina são um exemplo típico da utilização do


ciclo Otto de potência, representando, na prática, a aplicação dos conceitos teóricos apresentados. 

2.1 Modelagem dos Processos do Ciclo Otto

No ciclo Otto, observa-se a existência de dois processos com transferência de calor


(2-3 e 4-1) e dois processos com transferência de trabalho (1-2 e 3-4). As expressões para essas
transferências são obtidas pela aplicação do balanço de energia em cada um dos processos,
considerando-se que as variações de energia potencial e cinética são desprezíveis.

2.1.1 Processos com transferência de trabalho

Dentro do ciclo Otto, o processo de compressão (1-2) indica o fornecimento de trabalho


ao ciclo, sendo utilizado para compressão da mistura admitida. Já o trabalho gerado pelo ciclo
é indicado pelo processo (3-4). As duas transferências de trabalho podem ser calculadas pelas
Equações 2 e 3, e a diferença entre os trabalhos representa o trabalho líquido do ciclo (Equação
4).

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W1-2=u2-u1 (2)
W3-4=u3-u4 (3)
WL=W3-4-W1-2 (4)

2.1.2 Processos com transferência de calor

De forma análoga aos processos de transferência de trabalho, existem dois processos de


transferência de calor, sendo um processo de fornecimento (2-3) e um processo de rejeição de
calor (4-1). Assim, as duas transferências de calor podem ser calculadas pelas Equações 5 e 6, e o
calor líquido do ciclo, pela Equação 7.

Q2-3=u3-u2 (5)
Q4-1=u4-u1 (6)
QL=Q2-3-Q4-1 (7)

Finalmente, a eficiência térmica do ciclo Otto pode ser estimada pela razão entre o trabalho
líquido gerado (o que se deseja gerar) e o calor adicionado (o que deve ser fornecido).

η=WLQ2-3 (8)

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3 O CICLO DIESEL

O ciclo Diesel de potência consiste em quatro processos internamente reversíveis.


O primeiro processo (1-2) representa uma compressão isentrópica do ar atmosférico. Essa
compressão se dá pelo deslocamento ascendente do pistão, que se move do PMI ao PMS. No
processo 2-3, diferentemente do ciclo Otto, não ocorre a produção da centelha. O processo
de ignição se inicia à medida que o combustível é injetado e dura até o final da admissão do
combustível, caracterizando-o como um processo de transferência térmica à pressão constante.
No processo 3-4, ocorre uma expansão isentrópica, com o deslocamento do pistão até o
PMI. Nota-se que, diferentemente do ciclo Otto, o deslocamento não ocorre do PMS até o PMI:
parte desse deslocamento já ocorreu no segundo estágio do ciclo.
Esse deslocamento parcial, entre os estágios 3 e 2, pode ser calculado por meio da razão
de corte (rc), expressa pela Equação 9:

rc=V3V2 (9)

No processo 4-1, a válvula de exaustão é aberta, expulsando os gases de combustão. Esse

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processo é modelado na condição de ar padrão, como uma rejeição de calor a volume constante.
Os quatro processos do ciclo Diesel estão representados por meio dos diagramas T-s e p-v, na
Figura 6.

Figura 6 – O ciclo Diesel de ar padrão. Fonte: Moran et al. (2005).

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3.1 Modelagem dos Processos do Ciclo Diesel

No ciclo Diesel, observa-se a existência de um processo com transferência de calor e


trabalho (2-3), um processo com transferência de calor (4-1) e dois processos com transferência
de trabalho (1-2 e 3-4). As expressões para essas transferências são obtidas pela aplicação do
balanço de energia em cada um dos processos, considerando-se que as variações de energia
potencial e cinética são desprezíveis. 

3.2 Processos com Transferência de Trabalho

Dentro do ciclo Diesel, o processo de compressão (1-2) indica o fornecimento de trabalho


ao ciclo, sendo utilizado para compressão do ar atmosférico até a temperatura de ignição. Já o
trabalho gerado pelo ciclo é indicado pelo processo (3-4). As duas transferências de trabalho
podem ser calculadas pelas Equações 10 e 11.

W1-2=u2-u1 (10)
W3-4=u3-u4 (11)

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3.3 Processos com Transferência de Calor

No ciclo Diesel, existem dois processos de transferência de calor. O primeiro processo


(2-3) envolve calor e trabalho. Já o segundo processo, o de rejeição de calor (4-1), ocorre a um
volume constante e, portanto, sem trabalho envolvido.
Destarte, as duas transferências de calor podem ser calculadas pelas Equações 12 e 13. O
trabalho líquido do sistema é determinado pela diferença desses dois valores, tal como ilustrado
na Equação 14.

Q2-3=h3-h2=cp(T3-T2) (12)
Q4-1=u4-u1=cV(T4-T1) (13)
WL=Q2-3-Q4-1 (14)

A eficiência térmica do ciclo Diesel, de forma análoga ao ciclo Otto, pode ser calculada
pela Equação 8, apresentada no tópico anterior.

3.4 Relações Isentrópicas

Devido às condições de ar padrão e à condição isentrópica dos processos, algumas


relações termodinâmicas podem ser utilizadas para os ciclos Otto e Diesel de potência. Algumas
das relações possíveis de serem utilizadas estão listadas a seguir:

vr2=V2V1vr1 (15)
vr4=V4V3vr3 (16)
pr4=p4p3pr3 (17)
pr2=p2p1pr1 (18)
T2T1= (V1V2)k-1 (19)
T4T3= (V3V4)k-1 (20)

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Tem-se que: V são os volumes nos estágios dos ciclos; vr é um parâmetro tabelado,
encontrado em tabelas termodinâmicas; T são as temperaturas nos estágios do ciclo; e k é a razão
dos calores específicos, sendo igual a 1,4 para o ar atmosférico.

Exemplo 1

Em um ciclo Diesel de ar padrão, o ar atmosférico encontra-se no estágio 1 (admissão)


a uma temperatura de 27˚C (300 K) e uma pressão de 100 kPa. Sabendo que a taxa
de compressão é de 17 e a razão de corte é de 2, determine: a) a temperatura em cada
estágio; b) a eficiência térmica do ciclo.

Solução: Primeiramente, deve-se realizar a representação gráfica do ciclo Diesel,


identificando as linhas de pressão e as informações referentes ao estágio 1:

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Figura 7 - Ilustração para o Exemplo 1. Fonte: O autor.

Após a representação, devem-se identificar as entalpias e entropia em cada ponto em


destaque. Para isso, pode-se fazer uso das tabelas de propriedades termodinâmicas
presentes em anexo na tabela T-9 do livro de Moran et al. (2005).
Estágio 1:
T1=300 K; P1=100 kPa.
Tabela T-9:
h1=300,2       u1=214,07       pr1=1,386        vr1=621,2
Estágio 2:
vr2=V2V1vr1 = 117621,2 = 36,54
Com os valores de vr2, é possível encontrar as outras propriedades por meio da Tabela
T-9:
T2=880 K        u2=657,9           h2=910,56       pr2=68,98
pr2 = p2p1pr1     68,98 = p2*100*1,386
p2 = 4,97 MPa
Estágio 3:
p2=p3=4,97 MPa
Utilizando a equação de gás ideal:
P2V2RT2 = P3V3RT3
Sabendo que as pressões nos estágios 2 e 3 são iguais, podemos representar a equação
anterior por:
V2T2 = V3T3          T3=T2V3V2 = 880*2 = 1760 K

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Tabela T-9
h3=1953,9           u3=1449,28             pr3=1190,8             vr3=4,2515
Estágio 4:
vr4 = V4V3vr3        vr4 = V4V2V2V3vr3       vr4 = 17*124,2512 = 36,13
Tabela T-9:
T4=884 K              h4=915,23            u4=661,42

b) Para a determinação da eficiência, faz necessária a utilização da Equação 8:

η = WLQ2-3 = (h3-h2)-(u4-u1)(h3-h2) = 0,57(57%)

4 O CICLO BRAYTON

Em uma turbina a gás, o ciclo de potência é caracterizado por meio de três componentes:
compressor, câmara de combustão e turbina. Dessa forma, o ar atmosférico é admitido e

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direcionado até o compressor, onde o ar é comprimido até uma pressão mais alta. Posteriormente,
o ar entra até a câmara de combustão, onde é injetado o combustível e iniciada a combustão,
produzindo gases de combustão a uma elevada temperatura.
Esses mesmos gases passam pela turbina, que extrai energia desses gases de combustão,
fornecendo energia de alimentação para o compressor e demais funções, tal como eletricidade
ou acionamento de um veículo. Esse ciclo de potência pode ser caracterizado como aberto ou
fechado. No ciclo aberto, o gás de combustão, após sair da turbina, é expelido do sistema. Já no
ciclo fechado, insere-se um trocador de calor na saída da turbina, o qual tem a função de rejeitar
o calor residual para o meio externo. Esse modelo fechado é comum em usinas mistas de geração
de energia, nas quais se utiliza um sistema a gás juntamente com o sistema de potência a vapor,
aproveitando o rejeito de calor do ciclo a vapor para o aquecimento do ciclo a gás.
De modo análogo aos ciclos a gás ilustrados até o momento, utiliza-se a condição de
ar padrão, a qual considera como fluido de trabalho o ar atmosférico e substitui a câmara de
combustão por um trocador de calor, que recebe energia térmica de um meio externo. O ciclo
com a disposição dos equipamentos pode ser visto na Figura 8.

Figura 8 – O ciclo Brayton de ar padrão. Fonte: Moran et al. (2005).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diante disso, desprezando as irreversibilidades dos componentes, as quedas de pressão e


perdas de calor na turbina e compressor, o ciclo Brayton pode ser modelado pelos diagramas p-v
e T-s, ilustrados na Figura 9.

Figura 9 – Representação dos diagramas termodinâmicos do ciclo Brayton de ar padrão.


Fonte: Moran et al. (2005).

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4.1 Modelagem dos Processos do Ciclo Brayton

No ciclo Brayton, observa-se a existência de dois processos com transferência de calor


à pressão constante (2-3 e 4-1) e dois processos com transferência de trabalho (1-2 e 3-4). As
expressões para essas transferências são obtidas pela aplicação do balanço de energia em cada um
dos processos, considerando-se as variações de energia potencial e cinética como desprezíveis.

4.1.1 Processos com transferência de trabalho

Dentro do ciclo Brayton, o processo de compressão (1-2) indica o fornecimento de


trabalho ao ciclo. Já o trabalho gerado pelo ciclo é indicado pelo processo (3-4), ocorrendo na
turbina. As duas transferências de trabalho podem ser calculadas pelas Equações 21 e 22.

W1-2=h2-h1 (21)
W3-4=h3-h4 (22)

4.1.2 Processos com transferência de calor

O primeiro processo de transferência de calor (2-3) ocorre a uma pressão constante, bem
como o processo de rejeição de calor (4-1) (Figura 9).
Destarte, as duas transferências de calor podem ser calculadas pelas Equações 23 e 24.
O trabalho líquido do sistema é determinado pela diferença do trabalho gerado na turbina pelo
trabalho consumido no compressor, tal como ilustrado na Equação 25.
Normalmente, a taxa de trabalho reverso varia em torno de 40 a 80%, ou seja, boa parte
do trabalho gerado na turbina é utilizada para o acionamento do compressor.

Q2-3=h3-h2 (23)
Q4-1=h4-h1 (24)
WL=W3-4-W2-1 (25)

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A eficiência térmica do ciclo Brayton pode ser determinada utilizando-se a Equação


8. Ademais, as relações isentrópicas apresentadas no tópico 3.2 podem ser utilizadas no ciclo
Brayton, com destaque para as Equações 17 e 18.

4.2 Os Ciclos Brayton com Modificações

Os gases de combustão que saem da turbina comumente apresentam uma temperatura


bem elevada. O reaproveitamento dessa energia pode ser realizado por meio de um trocador de
calor denominado regenerador, o qual permite que o ar que sai do compressor seja aquecido até
a entrada da câmara de combustão, reduzindo a quantidade de calor que deveria ser inicialmente
fornecida. Dessa forma, o calor a ser adicionado passa a ser calculado pela Equação 26, a qual
relaciona o estado 3 com o estado x (saída do regenerador).

Qx-3=h3-hx (26)

O ciclo Brayton, modificado com um regenerador, pode ser observado pela Figura 10.

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Figura 10 – Ciclo Brayton com regenerador. Fonte: Moran et al. (2005).

Várias outras modificações podem ser realizadas no ciclo Brayton, visando a uma
melhora na eficiência ou na parte operacional. Quando se utilizam as turbinas a gás à propulsão
de aeronaves, adiciona-se ao ciclo um difusor na admissão antes do compressor e um bocal na
saída da turbina, visando a uma desaceleração e aceleração do fluido, respectivamente.
Uma outra adaptação comum é a utilização de múltiplos estágios de expansão e
compressão, juntamente com reaquecimento e resfriamento. Essa alteração proporciona um
aumento no trabalho da turbina e uma diminuição do trabalho fornecido ao compressor.

Para mais informações sobre o ciclo de potência a gás, recomendo utilizar como
material de apoio o livro de Moran et al. (2005) (ver nas Referências, ao final).
Os conteúdos abordados nesta unidade estão no Capítulo 9 do livro. A resolução
dos exercícios propostos nos finais desses capítulos pode ajudar na fixação do
conteúdo.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Nos motores à combustão interna, a taxa de compressão interfere na eficiência


térmica do motor. Em um ciclo a Otto, utilizam-se comumente valores entre 8 a
12 e, no ciclo Diesel, esse valor varia entre 14 a 18. Dessa forma, os motores a
Diesel tendem a ser mais econômicos que os motores à gasolina. Se a eficiência
térmica do motor aumenta com a taxa de compressão, por qual motivo os motores
à gasolina não operam a uma taxa semelhante aos motores diesel? Será que a
explicação advém do processo de combustão?

Na Internet, é possível encontrar diversos vídeos detalhando os ciclos Brayton,


Diesel e Otto. Dentre eles, destaco alguns:

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• Ciclo de potência a gás, Otto, Diesel, Brayton, publicado pelo Prof.
P. Seleghim (2016), disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=WkHfj23q2t4.

• A física do motor Diesel, uma aula de termodinâmica, publicado


por Douglas Gomes (2018), disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=oDGau5KRV_U.

• A física do motor a gasolina, ciclo Otto, publicado por Douglas


Gomes (2018), disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=K5kAAhyHz1k.

• Como calcular propriedades em tabelas termodinâmicas


(Exercícios), publicado por Exercícios resolvidos Exatas (2020),
disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=90MnEY9dcGc.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, foram apresentados os principais conceitos acerca do ciclo de potência


a gás, quando detalhamos os ciclos Otto, Diesel e Brayton. Dessa forma, ao fim desta unidade,
você tem totais condições de entender o funcionamento de um ciclo a gás e determinar, de forma
qualitativa, os seus principais parâmetros de funcionamento.
Os exercícios, por vezes, necessitam de consulta a materiais de apoio, os quais estão
apresentados na seção de Referências.

PROJETOS DE SISTEMAS TÉRMICOS | UNIDADE 4

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ENSINO A DISTÂNCIA

REFERÊNCIAS
AMERICANAS. Incropera - Fundamentos de Transferência de Calor e de Massa. 2021. Disponível
em: https://www.americanas.com.br/produto/228257460?sellerId=00776574000660&epar=bp_
pl_00_go_liv_todas_geral_gmv&opn=YSMESP&WT.srch=1&gclid=CjwKCAjwndCKBhAkEiw
AgSDKQREgr0m2iNpMY9qBecxkS-vGqPJmHmZV37ttp71XGak1th4HJEnu5hoC5s8QAvD_
BwE. Acesso em: 29 set. 2021.

ÇENGEL, Y.; BOLES, M.; LEYLEGIAN, J. C. Termodinâmica. 7. ed. São Paulo: Mc Graw Hill,
2013.

CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS. Eficiência energética no uso de vapor. Rio de


Janeiro: Eletrobrás, 2005. Disponível em: https://static.portaldaindustria.com.br/media/uploads/
arquivos/LivroVapor.pdf. Acesso em: 29 set. 2021.

GOMES, F. Motores a dois tempos de regresso. In: Razão Automóvel. 2019. Disponível em:
https://www.razaoautomovel.com/2020/01/motores-a-2-tempos-regresso-formula-1. Acesso
em: 29 set. 2021.

KAKAÇ, S.; LIU, H.; PRAMUANJAROENKIJ, A. Heat Exchangers: Selection, Rating, and
Thermal Design. Boca Raton: CRC Press, 2012.

KECHICHIAN, V. Modelagem do Processo Térmico Contínuo de Fluidos Alimentícios


Não-Newtonianos em Trocador de Calor Bitubular. 2011. Tese (Doutorado em Engenharia
Química) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

KREITH, F.; BOHN, M. S. Princípios de Transferência de Calor. São Paulo: Cengage Learning,
2003.

MORAN, M. J. et al. Introdução à engenharia de sistemas térmicos. Rio de Janeiro: LTC, 2005.

OZISIK, M. N. Heat Transfer - A Basic Approach. New York: McGraw-Hill, 1985.

TOGAWA, V. Os principais tipos de caldeiras. In: Togawa Engenharia. 2020. Disponível em:
https://togawaengenharia.com.br/blog/os-principais-tipos-de-caldeiras/. Acesso em: 29 set.
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UNIVERSAL TECHNICAL INSTITUTE. O motor a quatro tempos. 2021. Disponível em:


https://www.uti.edu/blog/motorcycle/how-4-stroke-engines-work.

WWM CONSULTORIA. Trocador casco e tubo. 2021. Disponível em: https://wwmconsultoria.


com/retubagem-de-trocadores-de-calor/. Acesso em: 29 set. 2021.

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