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PLANEJAMENTO URBANO, RESOLVE?

Atualmente, a cidade nada mais é do que o resultado do acumulo humano, na tentativa


de por meio da vida em grupo buscar facilidades. Para tanto, encontramos nela um espaço de
vivências, relações de poder, desigualdades sociais e visuais.
É fato que com o passar dos anos as metrópoles sofreram uma verticalização, visto que
a falta de espaço e a busca por menores custos se tornaram evidentes. Esses fatores a levaram a
uma escala extremamente diferente, desvalorizando a escala humana e criando a escala dos
gigantescos arranha-céus.
Dessa forma, a verticalização criou um cenário totalmente diferente do que tínhamos
conhecimento, gerou uma competição: quem constrói mais alto? Entretanto, até então esse
crescimento não foi pensado nas intermediações e construções já existentes. Entende-se que a
tentativa de resolver o problema advindo da revolução industrial, os grandes cortiços, seja valido,
mas seria essa a única ou a melhor alternativa encontrada?
Acredito que a construção de edifícios em altura prejudica principalmente a insolação
e ventilação das áreas limítrofes, não só de espaços construídos, mas também de áreas naturais.
A falta desses elementos causa problemas de saúde e bem-estar aos seres humanos e danos
irreparáveis a natureza.
Entretanto, se bem pensada e projetada ela pode ser benéfica para a resolução de
problemas de habitação, que é o que não acontece em Hong Kong por exemplo, tendo uma
superpopulação e um misero território, a verticalização nesse caso torna-se quase obrigatória.
No entanto, a falta de leis que regulamentem esse processo, o tornam descontrolado, resultando
em diversos problemas, não só as pessoas, mas comprometendo a edificação estruturalmente e
plasticamente.
Dessa forma, sabe-se que a mudança na paisagem é extremamente impactante, não há
como negar, entretanto, o problema em si não está ligado somente a construção vertical e sim a
forma como ela é feita. Portanto, é necessário sim um plano diretor para que estabeleça diretrizes
e normas, evitando a construção desses espaços de forma irregular.

FILME QUANTO VALE OU É POR QUILO

Vivemos em mundo de seres humanos diferentes. Essas diferenças são baseadas na


raça, gênero, cultura, condições econômicas e sociais, entre outras mais diversas desigualdades.
No brasil, a desigualdade social e a violência são os principais desafios a serem vencidos, visto
que a violência atinge cada vez mais pessoas, violando os direitos humanos nas mais variadas
formas.
Para Marx, a desigualdade social nada mais é do que a concentração do poder –
dinheiro, nas mãos de poucos. Ou seja, uns tem muito enquanto outros não tem absolutamente
nada. Essa desproporção causa, entre outros problemas, a exclusão social, a qual cria um cenário
de isolamento e discriminação de certo grupo, segregando-o das oportunidades oferecidas pela
sociedade a seus membros.
Através do filme “Quanto vale ou é por quilo” de Sergio Bianchi, essas desigualdades
são evidenciadas de uma forma extremamente genial, no qual o diretor revela as adversidades e
contradições brasileiras, trabalhando com questões históricas mal resolvidas e mostrando a
degradação de valores, ganância e escravidão por trás das cortinas.
Algo que aparece repentinamente e de forma chocante é a extrema falta de amor ao
próximo, onde no passado os negros eram vistos como uma mercadoria – escravo, e no presente
a corrupção infiltrada nos mais diversos ramos, inclusive nas ONGs as quais deveriam ajudar a
minimizar esses problemas sociais.
Portanto, o filme demonstra que sempre houveram dominados e dominadores, e
infelizmente a lei se encontra do lado daqueles que detêm maior poder. Mostrando
principalmente a realidade brasileira, que infelizmente é uma sociedade desigual e repleta de
contradições, na qual a aparência não condiz com a realidade.
Entretanto, ficar parado de braços cruzados, vendo através da televisão essas
desigualdades se tornarem cada vez maiores não surte mudanças. Para tanto, se as pessoas
tirarem o olho do próprio umbigo e passarem a ver a realidade do outro e criticar essas
diferenças, incentivando essa a criticidade desde a infância, pode resultar em cidadãos mais
ativos e reflexivos na sociedade, e aí sim algo poderá mudar.

Musica pacato cidadão – Skank:


[...] “Consertar o rádio
E o casamento é
Corre a felicidade
No asfalto cinzento
Se abolir a escravidão
Do caboclo brasileiro
Numa mão educação
Na outra dinheiro” [...]

ÉTICA NO COTIDIANO

Todo ser humano adquire desde o seu nascimento e ao longo da vida, seus valores,
cultura e princípios. No entanto, cabe a cada um reger suas atitudes perante a sociedade em que
vive, portanto, o indivíduo é livre para tomar suas próprias decisões – levando em conta sua moral
e ética, ou não.
FROMM (1968) afirma que o homem não nasce com uma folha em branco, na qual o
seu meio escreve o texto, mas sim que toda uma carga de vivencias e conhecimentos,
estruturados nas mais diversas formas e fases, vão preenchendo o livro da vida de cada um.
Sabe-se que o princípio ético inicia ainda no seio familiar, onde os pais dão o exemplo,
ou pelo menos deveriam, já que a criança se espelha naquilo que observa. Entretanto, sabemos
que a cultura e o meio em que o homem se encontra influenciam diretamente nesse processo.
Por exemplo, uma criança criada nas favelas do Rio de Janeiro será bem diferente de uma criança
criada em uma tribo indígena, pois o meio em que vivem e a cultura são extremamente distintas.
Assim, o que essas crianças vivenciam durante sua infância reflete justamente em como
serão na fase adulta. É possível notar a ética, ou melhor, a falta dela diariamente, na fila de um
banco pessoas conhecem fulano passam na frente, o caixa do mercado devolve o troco a mais
enganado, um senhor passa horas em pé no ônibus enquanto diversos jovens não tiram os olhos
do celular, entre outras diversas situações. Será que a ética é um acessório? Só se usa quando lhe
convém?
Pensando um pouco mais na construção da ética em cada indivíduo, penso que a
infância é sim um fator importante, mas existem outros meios que influenciam o modo de agir e
pensar. A alienação provocada pelos meios de comunicação, na qual uma mídia totalmente suja
é sustentada pela notícia que mais vende e nos meios de produção só tem serventia aquele que
produz, ou seja, nossa cultura é totalmente voltada para o sistema capitalista, e acredito que isso
torne as pessoas mais gananciosas, competitivas e corruptas.
Dessa forma, parece que somos apenas partes de uma engrenagem que faz o sistema
capitalista funcionar e essa busca pelo capital corrompe sim diversas pessoas. O filme estreado
pelo ator Charles Chaplin “Tempos Modernos”, apesar de antigo relata de forma realista e
cômica, o papel do homem nas grandes fabricas, onde o trabalho incessante, a desvalorização do
ser humano e a busca pelo lucro são evidenciados. Em um momento do filme, após diversas horas
de trabalho Chaplin faz uma pausa para o intervalo, mas suas mãos insistem em continuar o
movimento repetido de apertar parafusos.
Independentemente do local em que estamos a ética deve ser praticada, mesmo que
seja taxado por isso, por exemplo o personagem “Lineu” da Grande Família, um funcionário
público correto que leva sua profissão a sério é visto como o chato, o careta pelos colegas. Aí
vemos em que ponto chegamos, aquele que não é corrompido é visto de uma forma negativa.
Entretanto, não há como negar, a ética é princípio fundador para as relações humanas e as
influencia diretamente. Por que precisamos de leis para que tenhamos respeito e cuidado pelo
outro?

INDIVIDUALISMO X CIDADANIA

É notável um aumento do individualismo, principalmente após a revolução industrial


(era das maquinas), onde passamos a viver a globalização, a qual constitui sua marca registrada.
Aparentemente, as pessoas, principalmente os jovens, demonstram que nada mais lhe interessa
do que reivindicar coletivamente o consumo desenfreado.
A vida urbana só é próxima arquitetonicamente, pois com a verticalização as pessoas se
concentram em um espaço bem menor, no entanto as relações parecem ter se distanciado.
Muitas vezes, um morador, mesmo antigo, não conhece o seu vizinho de porta, e talvez nem
queira conhecer. A busca incessante pelo trabalho e o lucro fizeram com que o tempo também
seja uma mercadoria, estreitamente valiosa, nas quais as pessoas não querem “desperdiçar”.
Entretanto, com o advindo das maquinas diversas facilidades foram implementadas nas
vidas das pessoas, o uso de celular para a comunicação, a televisão dissipando as notícias em
tempo real, a internet compartilhando o conhecimento do mundo... isso não é ótimo? Essas
utilidades são muito bem-vindas, no entanto, algumas pessoas passaram a viver no mundo
virtual, deixando de lado as relações físicas e afetivas.
Dessa maneira, acaba-se perdendo a qualidade de vida social, e atividades corriqueiras
como, passear no parque ou andar de bicicleta, se tornam cada vez menos frequentes. E somada
a insegurança, devido aos crescentes índices de violência, a sociedade passa a se esconder cada
vez mais dentro de sua bolha.
Enquanto a comunidade continuar alienada pelos aparatos tecnológicos e esquecer-se
das relações sociais de fato, a cidadania pouco será exercida. Afinal, somos seres humanos e
precisamos de calor, de abraços, de relações de afeto. O que acontecerá se isso se perder?
Seremos cada vez menos empáticos? Existirá cidadania? Pois, ser cidadão nada mais seria do que
abrir mão das individualidades para seguir direitos e deveres em prol da sociedade.
Um filme que relata o exercício de cidadania e luta por direitos coletivos é “A Batalha
de Seattle”, o qual conta a história dos protestos ocorridos em 1999, quando a OMC (Organização
Mundial de Comercio) reuniu-se na cidade e a população por meio de protestos demonstrou sua
oposição ao avanço das políticas neoliberais e ameaça aos direitos humanos. As manifestações
atrapalharam as reuniões e a OMC utilizou a força militar para tentar conter os manifestantes,
criando um verdadeiro campo de batalha. Nele também são mostradas cenas de corrupção e
falta de ética na superfaturarão de medicamentos da aids, por exemplo.
Portanto, a incansável busca pelo objetivo comum torna o filme admirável, e nos faz
refletir: se a individualidade está crescendo constantemente, a busca de direitos coletivos será
cessada? Se ninguém se importa com ninguém, do que vale a cidadania? Talvez devêssemos
pensar um pouco além do próprio umbigo, pois “ povo unido, jamais será vencido”.

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