HISTÓRIA DE MATO GROSSO 03.
ABASTECIMENTO DAS MINAS
01. PRIMÓRDIOS DA COLONIZAÇÃO
As Bandeiras eram expedições que saiam do Planalto Vicentino
em direção aos sertões em buscas de metais preciosos. Havia
também as bandeiras de caça ao índio, de mineração e de
Sertanismo de Contrato (bandeiras particulares, que eram
expedições alugadas, servindo para capturar índios e negros
fugitivos).
A penetração das bandeiras em MT se deu de forma mais efetiva
com ANTONIO PIRES DE CAMPOS, em 1718, que buscava
aprisionar os índios coxiponé, na região à margem do Rio Coxipó.
Em 1719, PASCOAL MOREIRA CABRAL chegou nessa região
também para capturar os coxiponé, mas enfrentaram forte
resistência. Nesse instante, chegou à região a Bandeira dos
Irmãos Antunes, que se aliaram a Moreira Cabral e venceram os
índios. Após vencerem esta batalha, fundaram o Arraial da
Forquilha.
Em 1.722, MIGUEL SUTIL encontra ouro as margens do córrego
da Prainha. Este local foi chamado de Lavras do Sutil. Esta foi
considerada a maior jazida da América Latina. Mais tarde, nas
imediações das Lavras do Sutil, surgiu um novo povoado, a cidade
de Cuiabá. O arraial florescia na região da Colina do Rosário, nas
proximidades da Avenida da Prainha e da Igreja de São Benedito.
Em 1.726 as minas de Cuiabá entram de decadência.
02. ADMINISTRAÇÃO DAS MINAS
Em 1719, com a fundação do Arraial da Forquilha, o povo, de
maneira ilegítima (já que esta era atribuição da Coroa
Portuguesa), elegeu como Guarda-Mor o bandeirante PASCOAL
MOREIRA CABRAL.
No entanto, o governo metropolitano repudiou o nome de Pascoal
Moreira Cabral e resolveu nomear FERNÃO DIAS FALCÃO para
ser o representante da Coroa na região de MT e poder fiscalizar os
impostos cobrados.
É importante lembrar que esta área estava sob a jurisdição da
capitania de São Paulo. Fernão Dias não conseguiu exercer o
poder de fato, pois se deparou com a existência de um poder
paralelo, exercido por Moreira Cabral e os Irmãos Lemes (João e
Lourenço). Diante disso, o Governador de São Paulo, RODRIGO
CESAR DE MENEZES resolveu mudar-se para Cuiabá. Mas
antes, ordenou a morte dos irmãos Lemes, sendo armada uma
emboscada, onde eles foram mortos. Pouco tempo depois,
também morreu Pascoal Moreira Cabral, em Cuiabá.
Rodrigo Cesar de Menezes muda-se para o Arraial de Cuiabá e,
em 1.727, elevou o arraial a categoria de Vila Real do Senhor
Bom Jesus de Cuiabá.
A administração de Rodrigo de Menezes foi marcada por
importantes medidas, como:
a) cobrança de impostos como o Quinto (20% da produção ficava
para a Coroa);
b) a Capitação (cobrança feita pela quantidade de pessoas
trabalhando nas minas – por cabeça);
c) as Entradas (cobrança para se entrar na área explorada).
Portanto, seu governo foi marcado pela cobrança exagerada de
impostos e intensa fiscalização das Minas.
A partir de 1719, o abastecimento da minas foi feito através das
Monções, que eram expedições de comercio ou de
abastecimento, que saiam de SP e chegavam até Cuiabá pela
navegação dos rios da Bacia Platina.
Havia 2 tipos de monções: as fluviais e as terrestres.
04. FRONTEIRA NO SÉCUO XVIII
Por volta de 1.728 começou o processo de decadência das minas
devido a vários fatores (ex.: cobrança de vários impostos pela
Coroa e pelo movimento migratório de volta para São Paulo). Em
1731, cresce um movimento de migração para o lado oeste de
Mato Grosso, onde os IRMÃOS PAES DE BARROS acabam por
descobrir novas jazidas auríferas na região do Guaporé. Essa
região foi chamada de Mato Grosso devido a sua vegetação.
O crescimento e o desenvolvimento, bem como a preocupação em
perder este vasto e rico território levou o governo metropolitano em
1748, desmembrar a região da Capitania de São Paulo, e criar a
Capitania de Mato Grosso. O primeiro capitão-general da capitania
de MT foi ANTONIO ROLIM DE MOURA.
Em 1750, portugueses e espanhóis em litigio por esta região,
firmaram o Tratado de Madri. Para representar os interesses de
Portugal foi escolhido ALEXANDRE GUSMÃO. O representante
português baseado no “uti possidentis” (o uso gera a posse),
alegou que os territórios a oeste da colônia pertenciam a Portugal,
pois foi colonizado pelos portugueses. Vencedor em seus
argumentos, Alexandre de Gusmão garantia para Portugal a posse
da região oeste e da bacia amazônica.
Ocorre que, para efetivar o tratado de Madri, o governo português
enviou Antônio Rolim de Moura (o conde de Azambuja) para
promover o povoamento e a militarização da fronteira oeste. Ele
recebeu a orientação de construir a primeira capital de MT.
A cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade foi fundada em
1752 e idealizada para ser a capital do Estado. Para seu
abastecimento, o Marques de Pombal, primeiro Ministro de Dom
José I, criou a Companhia de Comércio Grão-Pará e Maranhão,
que exercia o monopólio do comercio sobre a capital. Em 1.778, a
Companhia entrou em falência, pois com a decadência do ouro,
seus navios voltavam vazios Belém.
Em 1.771, foi nomeado capitão-general LUIS ALBUQUERQUE DE
MELO PEREIRA E CÁCERES, que tem por objetivo intensificar a
ocupação e defesa da fronteira.
Em 1.776, há uma nova disputa entre Portugal e Espanha,
resultando em um novo tratado (Santo Ildefonso). Portugal mais
uma vez sai vencedor, confirmando que as terras a oeste e a bacia
amazônica pertenciam a ele. Luis Albuquerque de Melo Pereira e
Cáceres começa fundar cidades em posições estratégicas, sendo
chamado por isso de o “Consolidador das Fronteiras”. Ele fundou
as seguintes cidades: Vila Maria de Cáceres (na praça principal
hoje existe o Marco de Jauru, que representava a divisão entre
Portugal e Espanha); fundou São Pedro D’el Rey, Cocais (Nossa
Senhora do Livramento), Casalvasco (ao sul de Vila Bela), e
Albuquerque (Corumbá).
05. A ESCRAVIDÃO – OS QUILOMBOS
O escravo negro era utilizado na agricultura, na pecuária, em
atividades domésticas e públicas (coleta de lixo e limpeza de rios).
Os negros sofriam maus tratos, eram sobrecarregados com
atividades cansativas e reagiam a estas condições de várias
formas: fugiam, mulheres abortavam, suicidavam-se, matavam
brancos etc. Muitos deles, após fugirem, construíam no meio do
mato, um quilombo (comunidade formada por negros fugidos).
Os maiores quilombos em Mato Grosso se localizavam no Vale do
Guaporé, sendo um dos mais famosos o Quilombo do Piolho ou
Quariterê, que era composto por negros, índios, crioulos e
caburés. Interessante notar que eles adotavam como forma de
Governo a Monarquia, que foi exercida primeiramente por José
Piolho e após a sua morte pela sua mulher, a Rainha Tereza de
Benguela.
O Quilombo do Piolho foi destruído pelo capitão-general Luis
Albuquerque De Melo Pereira e Cáceres, além da ajuda de
brancos que queriam recuperar seus escravos fugitivos. Este
capitão-general também instituiu a Aldeia de Carlota, nas
proximidades do Quilombo do Piolho, que era composta por
negros idosos e doentes, que foram alforriados. Em troca da
liberdade, deveriam lutar contra o avanço dos espanhóis.
No período imperial, o quilombo que mais se destacou foi o
“Quilombo do Rio Manso”, na região de Chapada dos Guimaraes,
já que trouxe grande medo para a população de Cuiabá, pois era
composto de negros, criminosos e desertores da Guerra do
Paraguai. Eles invadiam propriedades rurais da região para roubar
mulheres.
06. TRANSFERÊNCIA DA CAPITAL DE VILA BELA P/ CUIABÁ
A transferência da capital de Vila Bela da Santíssima Trindade
para Cuiabá ocorreu na data de 20.08.1821 (período da
independência do Brasil - momento em que se rompiam
definitivamente os laços coloniais com Portugal).
É primordial enfatizar a administração dos últimos capitães-
generais de Mato Grosso para entender o processo de
transferência.
No início do século XIX, tomou posse no governo da Capitania
JOÃO CARLOS AUGUSTO D’OEYNHAUSEN E GRAVEMBERG
(conhecido como Marques de Aracati). Dentre alguns fatores que
marcaram sua administração, temos:
a) transferiu órgãos públicos de Vila Bela para Cuiabá.
b) sua administração foi marcada por grande quantidade de
comemorações e festas, com a intenção de mascarar a pobreza e
a miséria da população, aumentando ainda mais o endividamento
dos cofres públicos. (seu governo foi muito popular e de grande
aceitação pela população).
c) Construiu a Santa Casa de Misericórdia e o Hospital São João
dos Lázaros, que servia para abrigar os leprosos.
Após João Carlos Augusto D’Oeynhausen, o último governante
antes da transferência da capital de Vila Bela para Cuiabá foi
FRANCISCO DE PAULA MAGESSI TAVARES DE CARVALHO
(Dom Barão de Vila Bela). Sua administração foi marcada pela
austeridade econômica e contensão de gastos, havendo atrasado
salários até mesmos dos soldados e funcionários públicos. como
consequência, seu governo foi bastante impopular.
Durante o governo de Magessi, a elite cuiabana defendeu a
transferência da capital para Cuiabá pelo seguintes motivos:
1. Cuiabá possuía mais de 20 mil habitantes e Vila Bela apenas 6
mil; 2. Cuiabá ficava em região salubre e Vila Bela em região
insalubre, com áreas alagadas, o que proliferava doenças; 3.
Partindo-se de Cuiabá pela Bacia Platina poderia se chagar ao Sul
do Brasil, ao RJ, ao Uruguaia e Argentina. Por outro lado, partindo-
se de Vila Bela utilizando a Bacia Amazônica, não se chegaria a
grandes centros; 4. Cuiabá estava voltada para o comércio,
extrativismo vegetal e matéria-prima visando exportação, enquanto
Vila Bela dedicava-se tão somente à agricultura de subsistência.
Em 1.821, quando Magessi viajou para Vila Bela, aproveitando-se
de sua ausência, a elite cuiabana se junta com altos cargos da
igreja católica, e com o apoio dos militares, declaram a deposição
de Magessi, instituindo uma Junta de Governo. A elite de Vila Bela,
ao tomar conhecimento de tal fato, toma a mesma atitude,
juntando-se à igreja e aos militares e depõem Francisco Magessi,
instituindo outra junta de Governo. Assim, tínhamos na Província
de Mato Grosso dois governos paralelos.
A elite cuiabana pediu apoio ao imperador D. Pedro I e a elite de
Vila Bela pediu apoio a Portugal e à população (para conquistar o
povo, a elite de Vila Bela declarou o fim da escravidão, o fim da
castidade para as moças e o fim da fidelidade conjugal). Apesar de
tudo isso, a elite cuiabana saiu vitoriosa, tendo sua junta de
Governo reconhecida. No entanto, foi somente em 1.835 que
Cuiabá recebeu oficialmente o reconhecimento de Capital da
Província de Mato Grosso.
07. A RUSGA
No cenário Nacional do Período Imperial aconteceram vários
movimentos que eram vistos pela elite brasileira como anarquia e
desordem, tais como: a Cabanagem (Pará), a Balaiada (no
Maranhão), a Sabinada, a Cemiterada e a Revolta do Malês (na
Bahia) e a Farroupilha (no RS). Neste período estava em vigor a
Constituição do Império, de 1.824, que excluía a população da
participação política, ao estabelecer o voto censitário (só votava
que tivesse condições financeiras).
Politicamente, o período regencial também foi caracterizado pelo
surgimento dos partidos políticos, que eram compostos por ricos
proprietários de terras e de escravos.
Em MT, o período regencial também foi marcado pela miséria,
insatisfação popular e pela atuação de dois partidos políticos, que
ideologicamente não se diferenciavam, mas apenas brigavam pelo
poder. O partido liberal defendia a descentralização e fazia suas
reuniões na Sociedade dos Zelosos da Independência. O partido
Conservador pregava a centralização e fazia suas reuniões na
Sociedade Filantrópica.
O que Onde se reuniam?
pregava?
Partido Descentralizaçã Sociedade dos Zelosos
Liberal o da independência.
Partido Centralização Sociedade Filantrópica.
Conservador
Nos últimos anos, o Governo Central (RJ) só nomeava
representantes do Partido Conservador para administrar a
província de MT, o que gerou descontentamento dos liberais e
provocou o movimento social denominado de Rusga (que significa
barulho, desordem, confusão etc.).
Os liberais sob a liderança de JOÃO POUPINO CALDAS, para
derrubar os conservadores do poder, buscaram o apoio do povo
para sua causa e combinaram de se rebelarem e protestarem no
último dia de Maio, de 1.834. Entretanto, 03 dias antes a notícia
vazou e chegou ao presidente da Província, ANTÔNIO CORREA
DA COSTA, membro do partido conservador. Com a possibilidade
de uma revolta social, o Conselho do Governo afastou Correa da
Costa do poder e indicou como presidente da província de MT,
João Poupino Caldas, trazendo os liberais ao poder. Todavia, o
povo ao tomar consciência do ocorrido viu em Poupino Caldas um
traidor e resolveram, conforme o combinado, fazer a Rusga.
No dia 31 de Maio, o povo deu início à Rusga, partindo do Campo
do Ourique, percorrendo as ruas da cidade, gritando: “morte aos
bicudos”. Os bicudos eram os portugueses, donos de
estabelecimentos comerciais e membros do partido conservador.
Poupino Caldas, ameaçado pelos populares, buscou apoio do
bispo de Cuiabá, D. José Reis, mas que não conseguiu acalmar a
fúria da população. A solução foi acionar a Guarda Nacional para
conter a revolta.
Resumidamente, a Rusga não pode ser caracterizada como uma
revolução e sim como uma revolta, pois teve, na verdade, como
causa a luta dos partidos liberais e conservadores pelo poder.
Essa luta não tinha proposta de mudança administrativa, política
ou social, mas era meramente uma pelo poder, no interesse dos
grupos dominantes.
08. GUERRA DO PARAGUAIS – A TRÍPLICE ALIANÇA
Há muita divergência sobre as reais causas da guerra do
Paraguai. Optamos pela linha que relaciona a guerra ao interesse
da Inglaterra em destruir o Paraguai e manter livre a navegação da
Bacia Platina. Isso porque, a Inglaterra se assustava com o
desenvolvimento autônomo do Paraguai, o que representava um
empecilho aos interesses capitalistas dos ingleses. Note que o
Paraguai era uma potência à época, em relação aos demais
Países da América do Sul.
No período da guerra, o Paraguai era governado por SOLANO
LOPES. O motivo que deu início à guerra da Tríplice Aliança foi o
aprisionamento da embarcação “Marquês de Olinda”, que saiu de
São Paulo a caminho de Cuiabá, trazendo a bordo o novo
presidente da Província de Mato Grosso, FREDERICO
CARNEIRO DE CAMPOS. Com o sequestro, Solano Lopes deu
motivo que o Brasil, Uruguai e Argentina precisavam para
desencadear a guerra.
As forças paraguaias tomaram a cidade de Corumbá e,
consequentemente, bloquearam a Bacia Platina, isolando MT das
demais províncias brasileiras. A população de Mato Grosso
padecia de medo dos paraguaios, dos desertores, dos negros do
quilombo do Rio Manso e, mais tarde, da chegada da varíola, que
alastrou grande epidemia e causou incontável número de mortos.
O Governo Provincial, inclusive, construiu o Cemitério Nossa
Senhora do Carmo (conhecido com “Cai-Cai”).
Em 1.867, com a retomada de Corumbá, as tropas de Solano
Lopes começaram a perde forças e em 1.870, o Brasil derrotou o
exército paraguaio.
Com relação a Mato Grosso, o fim da guerra proporcionou a
reabertura da Bacia Platina, permitindo a exportação dos produtos
do extrativismo vegetal, como látex, a poaia, a erva-mate e o
açúcar. Isso provocou o desenvolvimento dos portos de Corumbá,
Cáceres e Cuiabá.
09. A ECONOMIA
9.1. POAIA: Também conhecida como ipeca ou ipecacuanha, esta
planta tem o formato de um arbusto de aproximadamente 45
centímetros de altura e tem a sua raiz utilizada devido as suas
propriedades medicinais. Ela se destacou na economia de MT a
partir de 1.860 (época da Revolução Industrial na Europa).
Sua extração se dava na região oeste de MT, onde ela é nativa.
Através do arrendamento de terras devolutas para empresários
nacionais e estrangeiros extraiam a sua raiz sempre no período
das chuvas. Depois, era destinada ao mercado externo (Europa)
para atender necessidades farmacêuticas. No Brasil, ela passou
ser consumida apenas na década de 40 (desenvolvimento da
indústria promovido pelo Governo Vargas).
No século XIX, a poaia era escoada para a Europa através da
bacia Platina, sendo que a mão de obra utilizada na extração era
assalariada, mas os trabalhadores recebiam tratamento escravista.
9.2. BORRACHA: O auge da extração do látex em MT se deu a
partir de 1.870, com o avanço da industrialização. Ele era extraído
tanto da seringueira localizada na Região Norte de MT (Vale
Amazônico), como da Mangabeira, encontrada às margens dos
Rios da Bacia Platina.
Ao contrário da poaia, a borracha era extraída no período das
secas. A mão de obra utilizada na sua extração era assalariada,
baseada na produção e com tratamento escravista.
O seu mercado consumidor era a Europa e seu escoamento no
século XIX ocorria pela Bacia da Platina. Já no século XX, o
produto era escoado através da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré
até o Porto de Manaus.
A decadência da produção ocorreu a partir de 1.912, quando os
ingleses levaram mudas da seringueira para a Ásia. O plantio
obteve sucesso e os asiáticos se tornaram o maior produtor de
látex do mundo. O governo brasileiro tentou reverter a situação,
criando o “Plano de Defesa da Borracha”, usando como medidas,
o incentivo da plantação de árvores e isenção de impostos. Mas
isso não foi suficiente para colocar o Brasil novamente como líder
mundial. Durante o governo de Vargas, com os incentivos dados à
indústria, o látex passou a atender o mercado interno.
9.3. CANA DE AÇUCAR: em relação à cana de açúcar, a história
de MT se divide em 2 momentos. Primeiramente no século XVIII,
quando o governo português interessado na mineração, proibiu a
instalação dos engenhos. O governo alegou que a produção de
aguardente trazia efeitos prejudiciais aos escravos. Os engenhos
se localizavam na região de Chapada (Serra Acima) e nas
margens do Rio Cuiabá (Santo Antônio do Rio Abaixo) e
produziam rapadura, melado, açúcar e cachaça.
No século XIX, com o advento da Revolução Industrial, há o
surgimento das máquinas, sendo que os proprietários das terras
as importam e instam as primeiras usinas em Mato Grosso.
Essas usinas se localizavam às margens do Rio Paraguai, sendo
que as que mais se destacaram foram as usinas Itaicí, Maravilha e
Conceição. Seu mercado consumidor era tanto mercado interno
como externo.
A mão de obra utilizada nas Usinas era assalariada, baseada na
produção e com tratamento escravista. Os proprietários das usinas
eram conhecidos como “Coronel” e as pessoas que trabalhavam
nesta atividade eram chamadas de “camaradas”.
A usina mais importante foi a de “Itaicí”. Era de propriedade de
TOTÓ PAES DE BARROS e chegou a pagar seus funcionários
com a sua própria moeda, que era feita de cobre e chamada de
“Tarefa”. Tal fato demonstra a força política de seu proprietário,
considerado um dos maiores coronéis da região, chegando a
ocupar o cargo de Presidente do Estado de Mato Grosso. Seus
funcionários chegavam a trabalhar até 19 horas por dia e eram
severamente castigados pelo seu patrão.
Na década de 30, com a ascensão de Vargas, a sorte dos
usineiros mudou. Getúlio empreendeu medidas que visavam
destruir o poder dos coronéis. Uma destas medidas foi a criação
do I.A.A. (Instituto do Álcool e do Açúcar). Com o objetivo de
financiar a produção das usinas, o Governo Federal estabeleceu
que somente os grandes produtores receberiam financiamento e,
como MT tinha pequena produção, os usineiros de MT faliram.
9.4. PECUÁRIA
A pecuária no século XVIII abastecia apenas o mercado interno. O
gado era criado solto e, consequentemente, era uma economia de
baixa produtividade. A região que mais se destacou na criação de
gado foi Vila Maria de Cáceres, sendo a fazenda mais importante
chamada de Fazenda Jacobina.
Já no século XIX, com a Revolução Industrial, a Vila Maria de
Cáceres começou a se destacar pelo surgimento das Usinas de
Charque, sendo a mais importante a de Descalvado (localizada às
margens do rio Paraguai e construído com capital belga, sendo
posteriormente vendido aos argentinos). O escoamento do
charque era feito pela Bacia Platina e a mão de obra era assalaria
(o peão, em geral, recebia gado como forma de pagamento).
Durante o século XX, na Primeira República, com a construção da
Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, a pecuária floresceu
principalmente na região sul de Mato Grosso. O gado era criado
aqui e transportado pela estrada de ferro até Bauru e Uberaba,
onde era abatido e beneficiado.
Com a pecuária, Corumbá se tornou local de instalação de
grandes casas comerciais, em sua grande maioria estrangeira.
Ocorreu a valorização das terras nessa região e o aparecimento
de cidades com Águas Claras e Três Lagoas, além do
desenvolvimento de Campo Grande, que passou a ambicionar o
status de capital.
9.5. ERVA-MATE
A erva-mate é um produto do extrativismo vegetal rico em cálcio,
magnésio, sódio, potássio e ferro. Era encontrada na Região Sul
de Mato Grosso.
Em 1870, após a Guerra do Paraguai, Thomás Laranjeira,
empresário de visão e que havia sido Secretário do Governo
Imperial, usou sua influência política para arrendar terras do sul,
ricas em ervais. Com isso, ele fundou a Companhia Mate
Laranjeira, onde conseguiu financiamento e sócios, como os
irmãos Murtinho (Joaquim Murtinho era Min. da Fazenda do
governo de Campos Sales e Manoel Murtinho era Senador da
República e Presidente do STF).
Essa empresa se desenvolveu tanto que a sua renda era seis
vezes maior do que o valor da renda do Estado de Mato Grosso.
Por isso se dizia que a Mate Laranjeira era um “Estado dentro de
outro Estado”.
A mão de obra utilizada era principalmente dos paraguaios, que
estavam desempregados devido à guerra e entravam em MT para
trabalhar por qualquer salário. Os trabalhadores da erva-mate
eram chamados de “Mineros”, e eram assalariados, porém o
tratamento era escravista.
Para repreensão daqueles que não queriam trabalhar quase como
escravos existia a polícia particular da Companhia, que se
denominavam “Comitiveiros”.
A produção da erva-mate era voltada principalmente para o
mercado externo, sendo a Argentina seu principal comprador.
Em 1902, o governo de Campos Sales atravessou uma forte
recessão e o “Banco Rio e Mato Grosso” (maior acionista da Cia
Mate Laranjeira) faliu. As ações foram colocadas a venda, sendo
adquiridas por Thomás Laranjeira e pelo empresário argentino,
Francisco Mendes. A empresa mudou sua razão social e passou a
ser chamada de Laranjeira, Mendes e Cia.
O declínio da empresa ocorreu na era Vargas, na década de 30,
quando Getúlio Vargas estimulou a produção de erva-mate no Sul,
e o governo não concedeu novo arrendamento de terras, alegando
que as terras da Laranjeira, Mendes e Cia., seriam usadas para
promover a colonização no sul de MT.
10. A PRIMEIRA REPÚBLICA – O CORONÉLISMO
Na história do Brasil, o período da primeira república compreende
os anos de 1889 até 1930. Nesse período Mato Grosso esteve
dividido em Oligarquia do Norte, que era composta por usineiros e
proprietários de terra, e a Oligarquia do Sul, formada por
comerciantes, pecuaristas e empresários do Mate.
Foi um período marcado por lutas pelo poder, grandes conflitos,
guerra entre os coronéis. Nesse período histórico, um dos maiores
coronéis foi o usineiro TOTÓ PAES DE BARROS. Ele se destacou
com a Política dos Governadores, que consistia em uma troca de
favores entre o governo central e as oligarquias estaduais.
Em 1898 aconteceu uma eleição estadual para a escolha do
Presidente de Mato Grosso. GENEROSO PAES LEME DE SOUZA
PONCE, apoiou JOÃO FELIX PEIXOTO DE AZEVEDO. Do outro
lado, MANOEL MURTINHO apoiou como seu candidato, JOSÉ
MARIA METELO. Nessas eleições, Peixoto de Azevedo sai
vencedor e Murtinho, não concordando com o resultado, cria a
Legião Campos Sales, que tinha no comando Totó Paes, e como
objetivo pressionar e invalidar as eleições. E foi o que aconteceu.
Nova eleição foi realizada e desta vez o vencedor foi ANTONIO
PEDRO ALVES DE BARROS, que era candidato apoiado por
Murtinho.
Como Totó Paes havia desenvolvido um bom comando a frente da
Legião Campos Sales, ele também passou a ser comandante da
Divisão Patriótica que foi criada por Murtinho e Antônio Pedro, com
o objetivo de reprimir a oposição e garantir tranquilidade ao novo
governo. Totó Paes começou seus trabalhos com a perseguição
de oposicionistas que se concentravam na usina Conceição, que
se localizava em Rio Abaixo (Santo Antônio). Em companhia de
seus jagunços, fez um cerco armado e pediu que os opositores se
entregassem, executando a prisão dos mesmos. Porém, a divisão
Patriótica de Totó Paes retornou para Cuiabá sem os prisioneiros.
Tempos depois, com a escassez das chuvas, a população
descobriu na Baía do Garcez, 17 ossadas, sendo revelada a
chacina comandada por Totó Paes. Esse fato ocorreu em 1902, no
governo do Presidente Campos Sales, mas Totó Paes ficou
impune, se candidatou e venceu as eleições para o Governo do
Estado.
11. A REVOLTA DE 1906
A decadência de Totó Paes de Barros ocorreu entre 1902 e 1906,
no Governo do Presidente Rodrigues Alves.
Totó Paes antes de ser Presidente de Mato Grosso praticava a
política dos Governadores e quando entrou no poder se esqueceu
dos coronéis e seus aliados, se aliando somente ao Presidente
Rodrigues Alves. Ele achava que só seu apoio seria suficiente
para se garantir no poder. Como consequência dessa traição, dois
grupos de inimigos se uniram para destruir Totó Paes de Barros:
Generoso Ponce e os Murtinho. Generoso Ponce se mudou para o
Paraguai, aonde criou o jornal “A Reação”, que era distribuído em
todo MT e tinha como objetivo criticar e pressionar o governo de
Totó Paes.
Em 1906, na cidade de Corumbá, Generoso Ponce e Murtinho
aliaram-se e criaram “A Coligação”, com o objetivo de vir a Cuiabá
para derrubar Totó Paes do governo estadual. Durante a trajetória
de Corumbá para Cuiabá, a Coligação invadiu as Fazendas
Pindaival de Henrique Paes de Barros e Itaicí, do próprio Totó
Paes.
Ao saber da Coligação, Totó Paes pediu ajuda ao Presidente
Rodrigues Alves, que enviou a Expedição Dantas Barreto
composta de 2000 soldados armados. Supondo que Totó Paes
aguardaria A Coligação no porto, esta resolveu entrar na cidade de
Cuiabá pelo Coxipó da Ponte, onde não encontrou resistência,
chegando ao centro da cidade. Totó Paes ao perceber que estava
cercado, fugiu para o Coxipó, onde aguardaria a chegada do
reforço. Generoso Ponce, com o controle da situação, sugeriu que
Totó se entregasse, mas ele resistiu, sendo imediatamente morto.
O Governo Federal propôs decretar estado de sítio em MT,
entretanto, o Congresso Nacional rejeitou a ideia, empossando
Pedro Leite Ozório, então vice-governador.
Ozório governou MT até que ocorresse novas eleições, sendo que
foram eleitos GENEROSO PONCE e PEDRO CELESTINO como
seu vice.
12. A COMISSÃO RONDON
A comissão Rondon teve como objetivo principal a construção das
linhas telegráficas, a integração do MT com o Brasil e com os
países da América do Sul, facilitando a comunicação e a expansão
do capitalismo.
A mão de obra utilizada era dos índios, dos presos civis
capturados na Revolta da Vacina e da Chibata no RJ, e de
soldados pobres de baixa patente. Esses trabalhadores
enfrentaram a febre amarela, a varíola e outras doenças que
acabaram por trazer muitas mortes durante a comissão. 20 anos
após a sua conclusão, as linhas telegráficas foram abandonadas,
porque surgiu o telégrafo sem fio.
13. A CAETANADA (1916)
Após a decadência de Totó Paes de Barros, a Coligação de
Generoso Ponce e dos Murtinho se transformou no Partido
Republicano Conservador (PRC), tendo como Presidente do
Estado, Generoso Ponce e seu vice Pedro Celestino.
Após algumas divergências, Pedro Celestino se afastou de
Generoso Ponce e fundou um novo partido: o Partido Republicano
Mato-Grossense (PRMG), que tinha apoio dos Murtinho.
Nas eleições de 1915, o PRMG enfrentou CAETANO FARIA DE
ALBUQUERQUE, candidato apoiado por Generoso Ponce.
Caetano saiu vencedor nas eleições, uma vez que o Partido
Republicano Conservador era maioria na Câmara. Ao tomar
posse, Caetano formou seu secretariado, escolhendo entre eles
um representante do PRMG. Isso configurou uma traição, porque
ele havia sido eleito com o apoio dos Conservadores e de
Generoso Ponce.
A partir desse fato, Generoso Ponce e seus aliados começaram a
pressionar Caetano, fazendo várias denúncias. Sob pressão,
Caetano pede afastamento, assumindo o seu vice-governador,
MANOEL ESCOLÁSTICO. Tempos depois, Caetano pretendeu
voltar ao governo, mas encontrou resistência tanto de Manoel
Escolástico como dos Deputados que o haviam apoiado. Não
vendo outra saída, Caetano juntamente com alguns Deputados
aliados, formaram um Governo paralelo em Mato Grosso.
O Governo Federal ao saber dessa situação colocou MT sobre
intervenção federal, nomeando Camilo Soares de Moura, que não
foi capaz de pacifica o confronto dos coronéis. Em seu lugar, foi
indicado como interventor federal, o Bispo de Cuiabá, D. AQUINO
CORRÊA.
14. TANQUE NOVO
O fato histórico conhecido como Tanque Novo ocorreu numa
localidade com este mesmo nome, na região de Poconé. Os
personagens dessa história são os membros da família Lacerda
Cintra, mais precisamente uma mulher por nome de Laurinda
Lacerda Cintra (conhecida com Doninha), que a partir dos 22
anos de idade começou a ter visões de uma Santa chamada
“Jesus Maria José”.
Doninha acabou tendo muita influência entre os habitantes da
região, porque aconselhava sobre medicina e previsões do futuro;
com isso, o pequeno povoado se transformou numa vila.
Em 1930, Getúlio Vargas saiu derrotado da eleição à Presidente
do Brasil. Nessa eleição, na região de Poconé e Tanque Novo,
Vargas sai derrotado e, quando acaba a revolução
Constitucionalista em 1932, Vargas convoca a Assembléia
Constituinte e novamente Tanque Novo é oposição à ele.
LEÔNIDAS ANTERO DE BARROS, novo interventor de MT,
representante de Getúlio Vargas, persegue moradores de Tanque
Novo e prendem Doninha por quase 03 meses. Em 1933 ela é
presa novamente, sendo inocentada em 1934. Note que isso só
aconteceu depois que o governo Vargas garantiu sua vitória,
principalmente na região de Poconé.
15. MORBECK E CARVALHINHO
Este episódio se passou no século XX, durante o Governo de
Pedro Celestino, que ao assumir o governo, percebeu que não
possuía poder de fato na região leste do Estado, uma vez que o
poder era exercido de forma paralela por Morbeck.
Para derrubá-lo, Pedro Celestino pretendia provocar a rivalidade
entre Morbeck e Carvalhinho, que além de ser o homem de
confiança, era amigo de Morbeck. Então, Pedro Celestino nomeia
Carvalhinho como delegado da Região Araguaia e Garças. Com a
nomeação, ele que agora era um homem da lei, deveria combater
as ilegalidades de seu amigo Morbeck.
Morbeck ao saber da nomeação do amigo se revoltou e preparou
uma tocaia atacando Carvalhinho durante a madrugada. Este,
porém, conseguiu fugir se atirando no rio Araguaia, episódio que
ficou conhecido com “Dos morcegos e dos cai n´água”.
Carvalhinho fugiu para a Bahia para buscar reforços com o apoio
de Pedro Celestino. Já Morbeck, por sua vez, pediu apoio, dinheiro
e armas para o Governo Federal, alegando que iria combater a
Coluna Prestes.
As guerras entre o bando de Morbeck e Carvalhinho tirou o
sossego da população. Mas com a posse de Mario Correa da
Costa, a situação mudou, pois o novo governador afastou
Carvalhinho e indicou um novo delegado do leste (Valdomiro
Correa). Carvalhinho inconformado mudou o rumo de seus
ataques, agora querendo acertar as contas com o Governador.
Atacou quartéis, gerou pânico em MT, mas foi preso em Goiás e
trazido para a cadeia de Cuiabá.
16. COLONIZAÇÃO DO INTERIOR DE MATO GROSSO
A primeira iniciativa de se povoar a região de Mato Grosso foi uma
iniciativa do Presidente Getúlio Vargas, denominado “Marcha para
o Oeste”, que tinha como objetivo “ocupar espaços vazios”. Foi
nesse período que não mais se arrendou as terras para a
Companhia Mate Laranjeira, alegando que se faria uma
colonização na região de Dourados.
A colonização proposta na Marcha para o Oeste aconteceria
baseada na pequena propriedade. Para Vargas, a pequena
propriedade amenizaria os conflitos sociais no Sudeste, no campo
e promoveria o desenvolvimento industrial do país. Ocorre que a
Marcha para o Oeste não foi bem sucedida, pois era necessário
mais do que a simples distribuição de terra.
A partir da Ditadura Militar e do Governo de Médici, o governo
Federal estimulou novamente a ocupação de territórios aos norte
de MT. Para isso, criaram órgãos como o INCRA (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Além disso, surgiu o
PIN (Plano de Integração Nacional), onde a colonização foi
realizada com uma parceria entre o Governo Federal e iniciativas
particulares.
O Governo Federal ainda desenvolveu projetos e criou órgãos que
viabilizassem o processo de colonização, tais como a SUDAM
(Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia), a SUDECO
(Superintendência de Desenvolvimento do Centro Oeste),
Rodovias como a Transamazônica, linhas de crédito no BASA e
Banco do Brasil.
A colonização seria empreendida ainda pelas colonizadoras
particulares, representadas pelas Cooperativas (compostas
basicamente por gaúchos – sulistas em geral).
A colonização promoveu o surgimento de novas cidades, como
Luciara, Denise, Cláudia e Vera, que tinha esses nomes por serem
filhas ou esposas dos Presidentes das cooperativas.
17. A DIVISÃO DE MATO GROSSO
Durante a gestão do Presidente Ernesto Geisel foi promulgada a
Lei Complementar 31, de 31 de Outubro de 1977, onde se
estabeleceu a divisão do Estado de Mato Grosso. Manteve-se o
Estado de Mato Grosso e criou-se o atual Estado de Mato Grosso
do Sul. Mas é fundamental lembrar que essa aspiração para dividir
o Estado se deu desde o século XIX.
Na década de 70, do século XIX (1.870), com o fim da guerra do
Paraguai, este país perdeu parte do seu território para a Província
de Mato Grosso. O aumento territorial trouxe muitas preocupações
às autoridades, pois apontavam que a dimensão do território
representava um entrave para o desenvolvimento da Província.
Nascia, assim, a discussão sobre a divisão de Mato Grosso.
No entanto, os primeiros sintomas do separatismo ocorreram em
1892, durante a crise politica que abateu o governo republicano
com a renúncia do Marechal Deodoro da Fonseca. A crise também
se instalou sobre Mato Grosso, com a deposição do governador
Manoel Murtinho e a subida ao poder de Benedito Pereira Leite.
Justamente nesse período, em Corumbá, o coronel João da Silva
Barbosa instituiu o “Estado Livre de Mato Grosso” ou a
“República Transatlântica”.
Manoel Murtinho retorna ao Governo do Estado e consegue
combater esse movimento separatista, anulando todas as
decisões políticas tomadas pelo Coronel Barbosa, pondo fim à
República Transatlântica.
Já em 1907, Generoso Ponce toma posse no governo de Mato
Grosso e de imediato tem que enfrentar novamente uma onda de
movimentos separatistas no sul de Mato Grosso, que contavam
com o apoio da Cia Mate Laranjeira.
Em 1932, Getúlio Vargas enfrentou os paulistas na Revolução
Constitucionalista e a notícia da revolução dividiu a opinião pública
em todo o país. Em Mato Grosso, o norte se manteve fiel ao
governo getulista, enquanto que o sul preferiu apoiar os paulistas
na luta contra Vargas. Para isso, a região sul de Mato Grosso
enviou a São Paulo um pequeno destacamento militar, liderado por
Bertholdo Klinger. Além disso, decretaram no sul a criação do
Estado do Maracaju, novamente declarando-se independentes de
Mato Grosso.
O Estado de Maracaju tinha como sede do governo Campo
Grande, sendo governado pelo médico Vespasiano Barbosa
Martins. Ocorre que teve curta duração (apenas 3 meses), pois
Vargas aniquilou a Revolução Constitucionalista e conteve os
movimentos separatistas. O movimento de 1932 foi abafado,
porém deixou ainda mais evidente as diferenças entre o norte o
sul. Em 1934, Vespasiano Martins retomou a luta pela divisão,
fundando a “Liga Sul Mato-grossense” que pediu ao Congresso
Nacional a divisão do Estado, porém não foi atendido.
Ao final da ditadura de Vargas, o movimento no sul, favorável à
divisão se reacendeu. Em 1945, Vespasiano Martins foi eleito
Senador. No Congresso Nacional, os políticos sulistas defendiam a
separação, enquanto os políticos que representavam Cuiabá
tentava abafar o separatismo.
No final nos anos 50, no sul de Mato Grosso, uma caravana
percorreu toda a região, buscando o apoio de mais pessoas. Este
movimento foi chamado de MDM – Movimento Divisionista de
Mato Grosso. Seu lema era: “Dividir para multiplicar”.
No início dos anos 60, Jânio Quadros tomou posse na Presidência
da República. O novo Presidente era de Corumbá e com isso os
sulistas tentaram mais uma vez a divisão, tendo seu pleito
negado. Em 1964, com a implantação da Ditadura Militar, os
separatistas tiveram suas vozes silenciadas.
Já na década de 70, com o interesse dos militares em integrar a
região Amazônica ao capitalismo, os sulistas encontram espaço
político para defender a divisão. Em 1977, o governo Geisel
interessado na integração nacional e no crescimento econômico
do país, determinou a divisão de Mato Grosso.
Em 1977, quem governava Mato Grosso era José Garcia Neto
(PDS). Após a divisão, o governo do Estado foi exercido por
Cássio Leite de Barros.
Importante frisar que a divisão somente foi efetivada em 1.979,
sendo eleito como governador Frederico Carlos Soares Campos.