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Comparação da resistência à fadiga entre o aço S355 e o

aço de alta resistência S690

Bruno F.C. Fontoura, Abílio M.P. de Jesus, José A.F.O. Correia, António L.L. da Silva
Departamento de Engenharias, Escola de Ciências e Tecnologia, Universidade de Trás-os-
Montes e Alto Douro, Vila Real; LAETA/ UCVE, IDMEC Pólo FEUP, Porto
Rui Matos, Carlos Rebelo, Luís Simões da Silva
Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade de
Coimbra, Coimbra; ISISE – Institute for Sustainability and Innovation in Structural Engineering

RESUMO: A aplicação de aços de alta resistência torna possível o projecto de


estruturas mais leves, mais esbeltas e mais simples. A construção de pontes com vãos
cada vez maiores exige a aplicação de aços de resistência superior. No entanto, o
aumento da resistência à tracção típica dos aços de alta resistência não representa
um aumento proporcional da resistência à fadiga, sobretudo no que respeita as
ligações soldadas. Assim, o presente artigo propõe a comparação da resistência à
fadiga de dois aços de construção, em particular o aço S355, amplamente usado em
estruturas metálicas, e o aço S690, considerado um aço de alta resistência. A
comparação será feita com recurso a ensaios de fadiga de provetes lisos, assim como
ensaios de propagação de fendas de fadiga. Os primeiros ensaios, que dão
informação útil sobre a resistência à iniciação de fendas de fadiga, mostram que o aço
de alta resistência apresenta maior resistência à iniciação de fendas para vidas à
fadiga de média/longa duração. No entanto, o aço de alta resistência apresenta
maiores velocidades de propagação de fendas de fadiga, o que o torna menos
interessante para aplicações em que a fase de propagação de fendas de fadiga é mais
relevante, como pode ser o caso das ligações soldadas.

1 INTRODUÇÃO

A aplicação de aços de alta resistência torna possível o projecto de estruturas mais


leves, mais esbeltas e mais simples. A construção de pontes com vãos cada vez
maiores e esbeltos exige a aplicação de aços de alta resistência. A construção de
pontes com aços de alta resistência tem vindo a aumentar de forma significativa nas
últimas décadas (Mikia et al., 2002). No entanto, o uso de aços de alta resistência
levanta novos desafios, nomeadamente pelo facto de serem materiais difíceis de
soldar, reduzindo a sua soldabilidade com o aumento da resistência à tracção do aço.
A resistência à fadiga de ligações soldadas em aços de alta resistência não é, em
geral, superior à de ligações soldadas realizadas em aços de construção correntes,
verificando-se mesmo reduções nas resistências à fadiga de ligações soldadas
construídas em aços de alta resistência (Mikia et al., 2002). No entanto, as curvas de
resistência à fadiga propostas nos principais códigos de projecto actuais para ligações
soldadas, são apresentadas de forma independente da classe de resistência dos aços
(Mikia et al., 2002). Com efeito, as curvas S-N propostas nos códigos de projecto para
ligações soldadas consideram que o processo de fadiga é essencialmente um
processo de propagação de fendas e que a velocidade de propagação de fendas é
independente da resistência estática do aço (Beretta et al., 2009). O aumento da
resistência à tracção dos aços não representa, em geral, um aumento proporcional da
resistência à fadiga, sobretudo quando aplicados em estruturas soldadas (Mikia et al.,
2002). Assim, o projecto de ligações soldadas em estruturas construídas em aços de
alta resistência requer concepções inovadoras dos pormenores soldados, face às
soluções tradicionais, quer por razões relacionadas com a eventual redução intrínseca
da resistência à fadiga da ligação, quer pelos valores de tensões mais elevados a que
estão normalmente sujeitas as ligações. As limitações na resistência à fadiga nas
aplicações de aços de alta resistência condicionam os benefícios que podem advir dos
ganhos significativos da resistência à tracção destes materiais.
Em geral, o comportamento à fadiga dos aços de elevada resistência não se
encontra tão bem caracterizado como se verifica nos aços de construção mais
correntes. Só com um conhecimento detalhado do comportamento à fadiga dos aços
de elevada resistência se poderá inferir sobre o desempenho destes em aplicações
estruturais, e procurar tirar maior partido destes materiais. A fadiga pode ser vista
como um processo de iniciação de fendas ao qual se sucede um processo de
propagação de fendas (Chen et al., 2005, 2007). O conhecimento do modo como a
classe de resistência do aço influencia as resistências à iniciação e propagação de
fendas é essencial para uma caracterização da resistência à fadiga de componentes
estruturais em aço de alta resistência. Em geral, existe um entendimento que a
resistência à iniciação é mais sensível à resistência estática do aço do que a
resistência à propagação. Assim, a dependência da resistência à fadiga com a
resistência estática de um componente de aço dependerá da maior ou menor
importância da fase de iniciação de fendas em relação à fase de propagação, sendo
influenciada pela presença de defeitos.
O presente artigo propõe a comparação das propriedades de resistência à iniciação
e propagação de fendas de fadiga entre dois aços de construção - o aço S355 e o aço
de alta resistência S690. O aço S690 tem sido considerado um aço de alta resistência
recomendado na Europa para aplicações em pontes (Chen et al., 2007). A resistência
à iniciação de fendas é avaliada recorrendo a ensaios de fadiga em provetes lisos,
realizados em controlo de deformação, de acordo com a norma ASTM E606 (ASTM,
1998). A resistência à propagação de fendas é determinada recorrendo a ensaios de
provetes CT de acordo com a norma ASTM E647 (ASTM, 1999).

2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS AÇOS S355 E S690

O presente artigo propõe uma comparação das propriedades de resistência à fadiga


entre um aço de construção de utilização corrente – o aço S355, e um aço de
construção de alta resistência e baixa liga – o aço S690. Ambos os aços estão
actualmente classificados na norma EN10025:2004. Para uma espessura de
referência até 16 mm, o aço S355 deverá apresentar uma tensão de cedência mínima
de 355 MPa e uma tensão de rotura entre 470 e 630 MPa. O aço S690 está sujeito a
um processo de têmpera e revenido, apresentando uma estrutura de grão fino. Este
aço é recomendado para aplicações estruturais em que a redução de peso é
importante. De acordo com a norma EN10025:2004, o aço S690 deve apresentar, para
uma espessura de referência até 16 mm, uma tensão de cedência mínima de 690 MPa
e uma tensão de rotura entre 770 e 940 MPa. Beretta et al. (2009) considerou, para
este material, uma tensão de cedência de 578 MPa e uma tensão de rotura de 730.5
MPa, situando-se ambos valores abaixo das especificações da norma EN10025:2004.
Ensaios de tracção realizados pelos autores com extensómetros eléctricos permitiram
determinar módulos de elasticidade de 210.5 e 209.4 GPa, respectivamente, para os
aços S355 e S690. Valores de tensão de cedência de 422 e 729 MPa foram
determinados, respectivamente, para os aços S355 e S690. Para o aço S690 foi ainda
determinada uma resistência à tracção de 823 MPa. Estes valores de propriedades de
resistência estão dentro dos limites especificados da norma EN10025:2004.
Na Figura 1 apresentam-se as microestruturas dos aços S355 e S690. Constata-se
que o aço S690 apresenta uma estrutura significativamente mais refinada, que confere
ao material propriedades de resistência estática mais elevadas. Foram ainda
determinadas as durezas dos aços em estudo usando um durómetro da marca
INDENTECH, tendo-se registado os valores de 27.43.9% HRC e 33.84.2% HRC,
respectivamente para os aços S355 e S690. O aço S690 apresenta uma dureza média
cerca de 23% mais elevada do que o aço S355.

Figura 1. Microestruturas do aço S355 (esquerda) e do aço S690 (direita).

3 COMPORTAMENTO CÍCLICO E À FADIGA DOS AÇOS S355 E S690

Provetes lisos construídos em aço S355 e S690 foram submetidos a ensaios de


fadiga, em concordância com as especificações da norma ASTM E606 (ASTM, 1998).
Os ensaios foram executados em controlo de deformação, numa máquina
servohidráulica da marca INSTRON, modelo 8801, com capacidade de carga de 100
kN. A deformação foi medida com recurso a um extensómetro de navalhas dinâmico,
da marca INSTRON, modelo 2620-602 e deslocamento de ±2.5 mm. Nos ensaios dos
provetes do material S355 foi usado um comprimento de referência de 12.5 mm; nos
provetes do material S690 foi usado um comprimento de referência de 25 mm. A
Figura 2 ilustra a geometria e dimensões dos provetes usados nos ensaios cíclicos. As
faces dos provetes foram polidas na zona central. Por razões relacionadas com a
limitação de material, foram usados provetes de dimensões distintas para os aços
S355 e S690.

Figura 2. Geometria dos provetes lisos usados no programa de ensaios de fadiga.


Foi testada uma série de provetes de cada material, composta por 10 provetes, sob
uma razão de deformação, R=1. Na Figura 3 apresentam-se os ciclos de histerese
estabilizados dos aços S355 e S690. Estes ciclos foram obtidos para 50% da vida total
dos provetes. Constata-se que existe uma dispersão mais significativa nos ciclos de
histerese obtidos para o aço S355. Esta dispersão é muito reduzida no aço S690. Na
Figura 4 apresenta-se a evolução da amplitude de tensão em função do número de
ciclos, para as várias gamas de deformação total aplicadas, observando-se em alguns
casos ausência de estabilização na resposta do material, sobretudo no aço S355. O
aço S690 apresenta, de um modo geral, um comportamento quasi-estável, desde os
primeiros ciclos, observando-se apenas algum encruamento progressivo, para gamas
de deformação elevadas (>1%). Na Figura 5 apresenta-se os ciclos de histerese
transladados para a origem do referencial, de modo a fazer coincidir a extremidade
inferior. Da análise destes gráficos pode-se concluir que os materiais apresentam, em
geral, comportamento não-Masing. No entanto, o desvio em relação ao
comportamento Masing é inferior no aço S690. Os desvios observados no aço S355
são em parte mascarados pelo efeito da dispersão observada no comportamento
cíclico. Com efeito, o provete LCF_S355_100-01 apresenta um ciclo de histerese com
o ramo ascendente quase coincidente com o dos ciclos de histerese relativos aos
ensaios testados com 2% de deformação; no entanto, o provete LCF_S355_100-02,
testado para a mesma gama de deformação do provete LCF_S355_100-01, já
apresenta um ciclo de histerese com um desvio significativo ao esperado pelo
comportamento Masing.

Figura 3. Ciclos de histerese estabilizados dos aços S355 (esquerda) e S690 (direita).

Figura 4. Evolução da amplitude de tensão com o número de ciclos: aço S355 (esquerda) e aço
S690 (direita).
Figura 5. Ciclos de histerese estabilizados transladados de modo a coincidir a extremidade
inferior: aço S355 (esquerda) e aço S690 (direita).

Com base na informação dos ciclos de histerese estabilizados pode-se extrair as


constantes da relação de Morrow (1965):

n 0.0757
   P    P 
 K    595.85
  2

 (S355) (1)
2  2   
n 0.0921
   P    P 
 K    1282.65
  2

 (S690) (2)
2  2   

onde K e n são, respectivamente, o coeficiente e expoente de endurecimento


cíclicos. A comparação dos coeficientes de endurecimento entre os dois materiais
mostra que o aço S690 apresenta um valor de endurecimento superior ao dobro do
endurecimento cíclico observado para o aço S355. Relativamente aos expoentes de
endurecimento, estes são muito próximos. Em alternativa à relação de Morrow (1965),
pode-se escrever a relação de Ramberg-Osgood (1943):

1 1
  E  P     n     0.0757
        (S355) (3)
2 2 2 2E  2K   2  210.5E3  2  595.85 
1 1
  E  P     n     0.0921
        (S690) (4)
2 2 2 2E  2K   2  209.4E3  2  1282.65 

Nas equações anteriores as tensões exprimem-se em MPa.


Na Figura 6 representam-se as relações deformação-vida obtidas para os aços
S355 e S690. Constata-se novamente menor dispersão nos resultados do material
S690. A análise de resultados revela que os números de reversões de transição,
obtidos para os dois materiais, são significativamente distintos, sendo mais elevado no
aço S355. Isto significa que a deformação plástica tem um efeito mais redutor da
resistência à fadiga no aço S690. Na Figura 7 comparam-se as curvas deformação-
vida obtidas para os aços S355 e S690. Da análise da Figura 7 conclui-se que o aço
S355 tem maior resistência à fadiga para vidas inferiores a 13440 reversões; esta
situação inverte-se para vidas superiores ao referido número de reversões. Este
número de reversões corresponde a uma amplitude de deformação de 0.33%. Assim,
o aço S355 é mais resistente se for aplicado um nível de deformação superior a
0.33%. Abaixo deste valor, o aço S690 apresenta maior resistência à fadiga. Este
comportamento deve-se ao facto material S355 apresentar maior resistência à fadiga
quando a mesma se exprime em termos da componente plástica da deformação e
apresentar menor resistência à fadiga quando esta se exprime em termos da
componente elástica da deformação.

Figura 6. Relações deformação-vida: aço S355 (esquerda) e aço S690 (direita).

Figura 7. Comparação das relações deformação-vida entre os aços S355 e S690.

As Figuras 6 e 7 incluem as constantes das relações deformação-vida propostas


por Basquin (1910), Coffin (1954) e Manson (1954). Da combinação destas relações
resulta a seguinte relação geral:

 E P f


   2Nf  b  f 2Nf  c (5)
2 2 2 E

onde f e b são, respectivamente, o coeficiente e expoente de resistência à fadiga


cíclicos, f e b são o coeficiente e expoente de ductilidade à fadiga cíclicos. Esta
relação é frequentemente usada para estimativa da fase de iniciação de fendas de
fadiga em componentes estruturais (Chen et al., 2007).
4 TAXAS DE PROPAGAÇÃO DE FENDAS DE FADIGA DOS AÇOS S355 E S690

A comparação entre os aços S355 e S690 também foi alargada às taxas de


propagação de fendas de fadiga. Foram realizados ensaios de propagação de fendas
de fadiga usando provetes Compact Tension (CT), definidos de acordo com a norma
ASTM E647 (ASTM, 1999). Os provetes de aço S355 foram construídos com uma
largura W=50 mm e uma espessura B=8 mm. Os provetes CT de aço S690 foram
fabricados com uma largura W=40 mm e uma espessura B=5 mm. As taxas de
propagação de fendas de fadiga foram determinadas para quatro razões de tensões,
nomeadamente a razão de tensões nula, Rσ=0.0, e as razões de tensões Rσ=0.25,
Rσ=0.5 e Rσ=0.75. Os ensaios foram realizados numa máquina servohidráulica, da
marca INSTRON, modelo 8801, equipada com célula de carga de 100 kN. A medição
do avanço de fenda foi realizada com a ajuda de um sistema óptico, composto por
duas objectivas iguais, com ampliação igual a 45X e equipadas com reticulas. As
objectivas foram montadas num conjunto de mesas micrométricas XY. A medição do
avanço da fenda foi feita com resolução de 1μm, conseguida à custa de cabeças
micrométricas digitais, sendo monitorizadas ambas as faces dos provetes CT.
As Figuras 8 e 9 apresentam as taxas de propagação de fendas de fadiga em
função da gama do factor de intensidade de tensões, respectivamente para os
materiais S355 e S690. A taxa de propagação de fendas de fadiga vem expressa em
mm/ciclo e a gama do factor de intensidade de tensões vem expressa em N.mm-1.5. De
um modo geral, a variação dos valores experimentais das taxas de propagação de
fendas, com a gama do factor de intensidade de tensões, revela ser do tipo linear,
numa representação bilogarítmica. Isto indicia que os domínios relativos ao limiar de
propagação e propagação instável de fendas de fadiga não foram abrangidos pelos
testes. Deste modo, das leis de propagação de fendas de fadiga existentes na
literatura, a mais adequada ao domínio dos resultados experimentais é a lei de Paris
(Paris & Edorgan, 1963). Esta lei adequa-se à descrição das taxas de propagação
para valores intermédios de ΔK, excluindo os domínios extremos, relativos ao limiar de
propagação e propagação instável. Esta lei tem a forma geral seguinte:

da / dN  C  K m (6)

onde C e m são constantes, K é a gama do factor de intensidade de tensões e


da / dN é a taxa de propagação de fendas de fadiga. Em geral, em cada gráfico é
apresentada a correlação dos dados experimentais, obtida com a lei de Paris. Para
além da linha média de regressão também se inclui a lei de Paris assim como o
coeficiente de determinação. As correlações obtidas foram muito satisfatórias em
todos os ensaios (ambos aços), mesmo nos casos em que os resultados de
propagação são agrupados por razões de tensões. A análise dos resultados também
revela que as razões de tensão maiores que zero, nomeadamente, R=0.25, R=0.5 e
R=0.75 conduzem a velocidades de propagação semelhantes. Não se observa um
efeito da razão de tensões para as razões de tensões maiores que zero. No entanto,
observa-se um efeito claro da razão de tensões, quando se altera da razão nula, para
razões positivas. Este fenómeno pode ser explicado pela existência de fecho de fenda
para a razão de tensões nula, o qual desaparece para as razões de tensões maiores
que zero. Este efeito, embora presente nos dois aços, é menos pronunciado no aço
S690.
Na Figura 10 comparam-se as taxas de propagação entre os aços S355 e S690,
para cada valor de razão de tensões. Constata-se que o aço S690 apresenta
sistematicamente taxas de propagação de fendas de fadiga superiores às do aço
S355, logo o aço S690 será menos resistência à fadiga, no que concerne à
propagação de fendas de fadiga, sendo desaconselhado para componentes cuja vida
à fadiga seja dominada pela fase de propagação de fendas.

Figura 8. Taxas de propagação de fendas de fadiga do aço S355.

5 CONCLUSÕES

As propriedades de resistência à fadiga dos aços S355 e S690 foram determinadas


com base em ensaios de fadiga em provetes lisos e ensaios de propagação de fendas
de fadiga. A análise dos resultados permite enunciar as conclusões seguintes:
- O material S690 tem menor resistência à fadiga, determinada com base em
provetes lisos, do que o aço S355, para amplitudes de deformação superiores a 0.33%
ou vidas inferiores a 6720 ciclos, ou seja, para domínios de fadiga oligocíclica;
- Para domínios de fadiga supercíclica (Nf>10 000 ciclos), o aço S690 apresenta
maior resistência à fadiga que o aço S355, determinada com base em ensaios de
provetes lisos. Esta maior resistência à fadiga verificada com ensaios em provetes
lisos é benéfica no que concerne a resistência à iniciação de fendas de fadiga;
- Relativamente às velocidades de propagação de fendas de fadiga, o aço S690
apresenta sistematicamente velocidades superiores às observadas para o aço S355,
para qualquer razão de tensões testada. Consequentemente, para os componentes
estruturais cuja resistência à fadiga é ditada sobretudo pelos processos de
propagação de fendas será mais vantajoso construir os pormenores estruturais em
aço S355.
- Quer o aço S355, quer o aço S690 apresentam velocidades de propagação que
são claramente afectadas pelo fenómeno de fecho de fenda. Este fenómeno é
claramente visível quando se testam os materiais para a razão de tensões nula. Este
fecho de fenda é, no entanto, mais elevado no aço S355.
- As propriedades de fadiga do aço S690 foram determinadas com menor dispersão
do que as determinadas para o aço S355. Isto pode ser resultado de uma melhor
qualidade do aço de alta resistência, dado ser um aço de grão mais refinado.
- A selecção do aço mais adequado para uma determinada aplicação vai depender
das condições de carregamento e da concentração de tensões. Para concentrações
de tensões baixas e carregamentos baixos, o processo de iniciação é mais
determinante, sendo o aço S690 mais adequado. Para concentrações de tensões mais
elevadas, a fase de propagação de fendas pode ser mais preponderante, sendo o aço
S355 o mais adequado. O aço S690 tem a importante vantagem de apresentar uma
resistência à deformação muito superior à do aço S355, o que permite suportar
tensões nominais mais elevadas para os mesmos níveis de deformações locais.

Figura 9. Taxas de propagação de fendas de fadiga do aço S690.


Figura 10. Comparação das taxas de propagação de fendas de fadiga entre os aços S355 e
S690.

6 REFERÊNCIAS

ASTM. 1998. ASTM E606: Standard Practice for Strain-Controlled Fatigue Testing. In: Annual
Book of ASTM Standards, Section 3, Vol. 03.01: 557-571, American Society for Testing and
Materials, West Conshohocken, PA, USA.
ASTM. 1999. ASTM E647: Standard test method for measurement of fatigue crack growth
rates. In: Annual Book of ASTM Standards, Section 3, Vol. 03.01: 591-629, American
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Basquin, O.H. 1910. The exponential law of endurance tests. Proceedings of the American
Society for Testing and Materials 10: 625-630.
Beretta, S., Bernasconi, A. & Carboni, M. 2009. Fatigue assessment of root failures in HSLA
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Chen, H., Grondin, G.Y. & Driver, R.G. 2005. Fatigue resistance of high performance steel.
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Chen, H., Grondin, G.Y. & Driver, R.G. 2007. Characterization of fatigue properties of ASTM
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Coffin, L.F. 1954. A study of the effects of the cyclic thermal stresses on a ductile metal.
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Mikia, C., Homma, K. & Tominaga, T. 2002. High strength and high performance steels and
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Morrow, J.D. 1965. Cyclic plastic strain energy and fatigue of metals. Int. Friction, Damping and
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Paris, P. & Erdogan, F. 1963. A critical analysis of crack propagation laws. Journal of Basic
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