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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA TERRA

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

UNIVERSIDADE DE COIMBRA

CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA E SOCIOECONÓMICA DO


LUBANGO (BAIRRO FERROVIA)

Discipilna: Análise e Gestão de Riscos Naturais

Docente: Ph.D. Alexandre M. O. S. Tavares

Aluno: Sílvio G. M. Filipe

Coimbra, 2017

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1. INTRODUÇÃO

A presente Caracterização do território do Bairro Ferrovia (Lubango), insere-se no âmbito de


melhor conhecer o território em estudo, visando a analisar o território numa sequência rígida
de ações, que vão culminar na elaboração de um documento, que traduza o ordenamento do
território e as suas características biofísicas e socioeconómicas.

Esta caracterização, permite analisar o território no âmbito regional e estratégico com ênfase
nas linhas orientadoras do desenvolvimento, organização e gestão do território.

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2. Objectivo
O trabalho tem como objectivo principal o levantamento das características biogeofísicas e
socio-económicado território.

3. Enquadramento Geográfico
O Lubango localiza-se no Sul de Angola, é a capital da província da Huila, limita-se a Norte
pelo município de Quilengues, a Este pelo município da Cacula, a Sul pelos municípios de
Chibia e Humpata, e a Oeste pelo município da Bibala, tem uma área de cerca de 3000 km2.
Administrativamente subdivide-se em quatro (4) Comunas: Lubango; Arimba; Hoque; e Huila.

Lubango delimita-se pelos paralelos 14º 30’ e 15º (Sul) e meridianos 13º 30’ e 14º (Leste), tem
cerca de 318 mil habitantes concentrando-se a população no centro da cidade do Lubango e
projectando-se para Norte e Este onde estão a ser erguidos os novos assentamentos urbanos.

Figura 1 - Posição do Lubango no Mapa de Angola (Chisingui, 2017)

4. Enquadramento Geomorfológico
O relevo é caracterizado por planaltos que ocupam uma grande extensão, correspondendo
sobretudo ao designado Planalto Principal. Orograficamente, limita-se a Oeste pela escarpa da
Chela, com mais de 1000 metros de altura e as altitudes variam entre os 1300 metros no Sul e
os 2300 metros na região ocidental, a cidade do Lubango enquadra-se entre os Planaltos de
Bimbe e da Humpata e assenta sobre um grande vale com declives consideráveis. Segundo
Feio (1981) existem três (3) estruturas geomorfológicas principais: Planalto da Humpata-
Bimbe, Planalto Principal, Escarpa da Chela (Feio, 1981).

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5. Enquadramento Geológico
Dominada por formações rochosas muito antigas, do Arcaico e Proterozoico, existindo também
formações mais recentes do Cenozoico, principalmente em regiões mais baixas. A diversidade
geológica, pode ser agrupada nas unidades petrográficas seguintes: granitos, granodioritos,
quartzo-dioritos e gnaisses, Anortositos e gabros, Quartzitos e rochas associadas, e Calcários e
dolomites (Feio, 1981).

Figura 2 – Formações Geológicas do Lubango (Chisingui, 2017).


Sobre o granito, repousam rochas de origem sedimentar, mais metamorfizadas (grés e
quartizitos), estendendo-se ao longo do canto sudoeste do planalto da Humpata.

Figura 3 – Extrato da Carta Geológica da região (Carvalho, 1974 ).

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6. VARIÁVEIS BIOFÍSICAS
Hipsometria
A hipsometria de Angola pode ser dividida em 5 classes de altimetria entre 0 e 2 000 metros:
0-200; 200-500; 500-1000; 1000-1500; 1500-2000. O Lubango enquadra-se na última classe
altimétricas:1500-2000, importa salientar alguns pontos de referência
• Jau 700 metros de altitude, mais baixa;
• Aeroporto Internacional da Mukanka (Lubango) 1761 metros de altitude;
• Nompaca 2320 metros de altitude, mais elevada.

Figura 4 – Mapa Hipsométrico de Angola (A. Castanheira Diniz)


Hidrografia
Grande parte da região integra-se na bacia hidrográfica do Rio Cunene, cuja origem dá-se no
planalto central e desenvolve-se no sentido Norte-Sul até as quedas do Ruacana (Namíbia). Os
rios da região têm regime torrencial de curta duração (temporários), apresentando-se secos
durante o Cacimbo, e com regime torrencial extremo durante a época de chuvas.
As populações da cidade do Lubango são abastecidas através de captações de água em furos
executados nas descontinuidades geológicas ou mesmo em depósitos aluvionares.

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Figura 5 – Bacia Hidrográfica do Rio Cunene
Clima
O clima dominante é temperado húmido e bastante modelado pela altitude classificado como
Tropical de altitude do tipo Cwb na classificação climática de Koppen-Geiger. Verifica-se a
existência de duas estações, uma seca, onde a temperatura média do ar no mês mais frio, oscila
entre 3 e 18 °C. E outra estação quente com um regime de chuvas concentrado nos meses mais
quentes (dezembro a março), com uma temperatura média de 20.1 °C e precipitações mais
elevadas no planalto próximo da escarpa da Serra da Chela. Na planície ocidental, abaixo da
escarpa, a precipitação média anual ronda os 120 mm (Carta Geológica, 1971).

Figura 6 – Classificação Climática de Köppen (Diniz, 1973).

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As precipitações são mais elevadas no planalto, próximo da escarpa da Serra da Chela, com
média anual de 201 mm no Lubango.

A temperatura média anual de acordo com os anuais do Serviço Meteorológico de Angola


recolhidos para o periódo de 1937/1975, indicam uma média anual de 18.6 ºC. Observou-se
que de Setembro a Abril as temperaturas são superiores à média e que nos restantes meses são
inferiores, Setembro e Outubro registam as temperaturas médias mais elevadas com 20.7 ºC e
Julho a temperatura mais baixa com 15.6 ºC (Diniz, 1972).

Figura 8. Climograma do Lubango. Fonte de dados: https://climate-data.org/.

Vegetação

A região possui comunidades vegetais bastante diversificada e é ocupada sobretudo por


miombo, formação vegetal de grande extensão em Angola. Existem vários grupos de
formações vegetais locais, que compreendem sobretudo a associação de miombo com savana
(Barbosa, 1970).

As espécies dominantes, são: Brachystegia gossweilerii, Brachystegia Spiciformis, Julbernaria


paniculata, Protea sp. Cussonia angolensis e Dombeya antunesii, na região da Tundavala. No
estrato arbustivo são frequentes cleptomatopsis scarbisfolia, Helycrisum argyrosphaerum,
Dicoma anómala e Aptosimum, no estrato herbáceo, Aristida prodigiosa, Eragrostis porora,
Eragrostis sphacellata (Gonçalves, 2008).

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7. VARIÁVEIS ANTRÓPICAS

Demografia

De acordo com os dados preliminares do Censo de 2014, estima-se uma população de 731.575
mil habitantes para o município do Lubango. O município do Lubango concentra 31% do total
da população da Província da Huíla (2.497.422 ha).

Figura 9 - População do Lubango e dos demais municípios da Província da Huíla (INE, 2014).

Uso e ocupação do solo

Verifica-se que no Lubango as ocupações dominantes destinadas as áreas sociais. Na área


urbana, a população dedica-se a uma multiplicidade de atividades, com destaque para o
comércio e os serviços. Na área rural predomina o comércio informal de produtos do campo e
outras atividades como a recolha de lenha e de inertes.

A agropecuária

Uma característica marcante da população é a sua dedicação a agricultura e a pecuária, as


propriedades agrícolas localizam-se nos arredores do município do Lubango, é para o Lubango
onde são exportados e comercializados boa parte dos produtos produzidos em municípios
próximos como, Humpata, Chibia e Matala.

A indústria

A indústria é um setor com pouca representatividade, encontra-se no município unidades


industriais de pequena dimensão e em números minúsculos. As poucas fábricas existentes,
dedicam-se a produção alimentar e de bebidas, bem como a exploração de georecursos com
destaques nas rochas graníticas.

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Turismo

A província da Huila e o município do Lubango em particular, apresenta grandes


potencialidades para o turismo, entre os diversos destinos, encontra-se no Lubango a Fenda da
Tundavala e o Cristo Rei, actualmente, é um sector considerado estratégico do ponto de vista
económico, social e ambiental. Entretanto, as infraestruturas de base e apoio para a expansão
desta actividade não estão completamente criadas, tornando-se numa actividade pouco
explorada e de fraco investimento.

Habitação

Na área urbana, a população dedica-se a inúmeras atividades, com destaque para o comércio e
os serviços. Na área rural predomina atividades ligadas à extração direta de inertes, recolha de
lenha e venda de produtos vindos do campo.

A habitação é consolidada e na base da sua construção apresenta materiais como, adobe e


chapas metálicas, na zona rural, com um período de permanência na cidade de 21 a menos de
um ano e, tijolo e telhas, na sua maioria com um período de permanência de mais de 30 anos
bem como algumas mais recentes. Nota-se, entretanto, um incremento de habitações em blocos
de cimento de cobertura variada (entre chapas metálicas e telhas).

Figura 10 – Características das residências em meio urbano e rural, traçados regulares e bem definidos
na cidade e malha distorcida nos bairros ao redor da urbe.

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EQUIPAMENTOS COLECTIVOS
Educação
Relativamente à educação, verificam-se assimetrias entre o meio urbano e o rural, podendo
inferir-se que, no geral, existe em meio urbano um maior grau de educação (escolas públicas e
privadas), bem como de equipamentos de apoio do que em meio rural.

A baixa escolaridade em média geral, faz com que exista muita mão-de-obra não especializada
de indivíduos com idade compreendida entre os 14 e 24 anos (população ativa), que
correspondem a faixa etária de maior crescimento. Maioritariamente provenientes das zonas
rurais, exercem em meio urbano actividades mal remuneradas, sendo o trabalho infantil
também um flagelo a combater.

Figura 11 – Escola do Caminho de Ferro de Moçamedes no Bairro Ferrovia.

Água
Existem discrepâncias no acesso e distribuição de água potável entre o meio urbano e o meio
rural, na cidade, a grande maioria da população tem acesso a uma fonte de água potável, e em
meio rural é raro existirem habitações com água, obrigando mais de 50% da população a
recorrer a fontes de água não potável (INE, 2011).

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Figura 12 – Pontos de Abastecimento de água nos arredores da cidade do Lubango (Angop).
Eletricidade
Verifica-se em meio urbano uma acentuada ineficiência na distribuição de eletricidade, mas
esta cobre toda área urbana, enquanto em meio rural, a falta de energia atinge mais da metade
da população.

Transportes
Esta em carteira a criação de um sistema de transporte público para a cidade do Lubango.
Actualmente, os cidadãos fazem usufruto de viaturas particulares como único meio para se
locomoverem na cidade além dos táxis.

Figura 13 – Rede de transportes públicos projectadas para o Lubango (Administração Municipal)

O Bairro Ferrovia
O bairro Ferrovia é um bairro residencial do município do Lubango. Situado nas mediações da
estação principal do caminho de ferro de Moçâmedes do Lubango. Os primeiros assentamentos
residenciais foram erguidos por uma cooperativa para os antigos funcionários do caminho de
ferro e assim surgiu o bairro.

O bairro localiza-se num ponto estratégico e possui quase todos equipamentos coletivos bem
definidos, desde escolas, hospitais, equipamentos de desportos e outros.
Descrição dos equipamentos colectivos do Bairro Ferrovia:
Escolas

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• 2 escolas públicas do ensino primário;
• 2 escolas públicas do ensino secundário
• 2 colégios do ensino secundário.
Saúde:
• 1 posto médico
Outros:
• 1 posto de abastecimento de combustível, 1 minimercado e 2 mercados informais, 1
posto de comando de polícia, 1 campo de football, 1 Administração do bairro, 1 Jardim.

Figura 14 – Área do Bairo Ferrovia (Google Earth)

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BIBLIOGRAFIA

Barbosa, L.A.G. (1970) Carta fitogeográfica de Angola. Instituto de Investigação Científica de


Angola. Luanda.

Chisingui, a. V. (2017). Análise da paisagem e das alterações de uso/ocupação Do solo no


Lubango e arredores. Universidade de Évora.

Diniz, A. C. (1973). Angola o Meio Físico e Potencialidades Agrárias. Ministério dos Negócios
Estrangeiros : Ministério das Finanças, Instituto para a Cooperação Económica.pdf. 31, 48 e
49 pp.

Feio, M. (1981). O relevo do sudoeste de Angola. Estudo de Geomorfologia. Memórias da Junta


de Investigações Científicas do Ultramar. Nº67 (Segunda Série). Lisboa. Deposito legal nº
614/82. 326p.

Gonçalves, F. M. Pedro. Contribuição para o conhecimento, distribuição e conservação da flora na


província da Huíla. Research Gate. Pdf. 30 pp

INE. (2014). Inquérito integrado sobre o bem-estar da população-IBEP, Volume I. Ministério do


Planeamento, Luanda, Angola.

http://www.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/sociedade/2015/7/34/Huila-Bairros-Lubango-
ganham-sistemas-abastecimento-agua-potavel,6d157cca-8457-4db1-bfca-285e98acb130.html

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Anexos

Anexo 1 – Estação Ferroviária

Anexo 2 – Jardim da Estação Ferroviária

Anexo 3 – Campo de Football Ferroviário

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Anexo 4 – Agência Bancária no Ferrovia Anexo 5 – Bomba de combustível móvel

Anexo 6 – Mini Mercado no Ferrovia Anexo 7 – Igreja no Ferrovia

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