Você está na página 1de 2

O niilismo em Nietzsche

O niilismo em Nietzsche se diferencia daquilo que se entende comumente


pelo termo. Quando se fala de niilismo, entende-se que se trata da negação
dos valores, porém, Nietzsche leva o termo para um caminho diferente, se
referindo a ele como uma negação da vida.

O niilista, é aquele que acredita em valores que não se confirmam na


realidade, é quem deixa de viver o agora em favor de uma suposta vida futura
num paraíso cristão ou numa sociedade ideal anarquista.

O niilismo de Nietzsche não é uma escolha, mas sim um processo. É uma


situação em que nos encontramos não porque escolhemos, mas por fazermos
parte de um processo que atravessa a história.

Segundo Giacoia Junior, o niilismo pode ser visto de duas maneiras nas obras
de Nietzsche:

 Como resultante da interpretação moral-cristã: Nietzsche entende


que o fundamento niilista da nossa civilização ocidental não nasce
com o cristianismo, no entanto o cristianismo precisa ser interpretado
como “potência civilizatória do mundo moderno, que sistematiza e
universaliza as condições de conservação e reprodução do
ascetismo platônico”. Ou seja, o que importa no cristianismo é sua
estrutura religiosa, sua forma de iludir e fazer crer naquilo que não é
vida, no nada e sua força em promover este processo civilizatório
não natural. A interpretação moral-cristã estabelece um lugar para o
homem dentro do devir e retira toda sua pequenez e fragilidade,
onde eu corpo é trocado por uma alma imortal. Esse objetivo precisa
de uma noção que dê valor de verdade para sua trajetória. A mentira
se transforma no estimulante que nos faz agir, se transforma em
nossa força de viver.
 Como resultante da crença nas categorias da razão: a crença nas
categorias da razão nos faz acreditar num mundo que precisa ser
visto por meio de falsas referências. Nietzsche tematiza três formas
do niilismo, considerado como ‘estado psicológico’, ou seja, como
conteúdo da consciência reflexiva. Em cada um deles, trata-se
sempre de uma categoria da razão, que dá apoio a
uma interpretação do vir-a-ser e do valor da existência humana na
corrente do devir.

Essas três formas de niilismo em Nietzsche (categorias da razão como


referência) representam a impossibilidade de continuar com as interpretações
baseadas nas categorias de sentido, totalidade e ser. Acredita-se que há um
sentido, quando não há; acredita-se que há uma totalidade, quando não há; e
acredita-se que, por nada ser de fato uma verdade, ou seja, por não haver
sentido e nem totalidade, não há mais como viver a vida senão a partir de um
movimento autodestrutivo de niilismo passivo, de aceitar o mundo sem valores
e viver de forma covarde, ou seja, sem criar, somente aceitando.

Bibliografia https://colunastortas.com.br/niilismo/

Você também pode gostar