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Física das Radiações

O átomo é uma complexa combinação de componentes ainda menores. A bem


da simplicidade, se constrói uma configuração esquemática para o átomo,
chamado modelo. O modelo que geralmente pode ser usado para representar
o átomo, é o sistema solar em miniatura. Essencialmente o átomo consiste de
um núcleo (a semelhança do sol) bastante pequeno, com carga elétrica
positiva, e onde está a maior parte da massa do átomo. Ao redor desse núcleo
está uma configuração de partículas com carga elétrica negativa, denominada
elétrons.

O diâmetro do átomo é da ordem de cm, enquanto que o de seu núcleo


é cerca de cm. Se um átomo fosse ampliado até atingir a proporção do
Empire State Building, os elétrons e seu núcleo se apresentariam como corpos
do tamanho de grãos de ervilha.
O núcleo do átomo é formado de 2 componentes básico: Os prótons, que
portam carga elétrica positiva, e os nêutrons, que não contêm carga elétrica,
sendo portanto neutros. Nêutrons e prótons são chamados conjuntamente de
Nucleolos.
Como o átomo é eletricamente neutro, o número de prótons no núcleo é igual
ao número de elétrons que giram em torno do núcleo. No âmago do núcleo
aparece um tipo de força inteiramente diferente, que mantém juntos prótons e
nêutrons. São as chamadas forças nucleares, cuja natureza difere das
familiares forças elétrica e gravitacional. O raio de ação das forças nucleares
é pequeno (somente atuam dentro do núcleo).

O próton ou o nêutron pesam aproximadamente 2.000 vezes mais que o


elétron. Isso justifica a afirmação que praticamente toda a massa do átomo
está concentrada em seu núcleo.
O núcleo e suas Radiações
Uma das primeiras descobertas após a identificação dos elétrons, foi a dos
Raios-x por Roentgen em 1895. Essa tem sido considerada a pedra
fundamental na estrada que leva a física de nossos dias.
Roentgen observou a produção de um novo tipo de radiação quando um feixe
de elétrons incidia num alvo sólido. Ao investigar suas propriedades, verificou
que atravessava substâncias como vidro, papel e madeira, e chamou esses
raios de raios-x.
Raios-x produzem ionização dos gases que atravessam, apresentam trajetória
retilínea, e não se desviam pela ação de campos elétrico e magnético, não
sendo então constituídos por partículas carregadas. Eles sofrem reflexão,
refração e difração , sendo isso prova convincente de que consistem de
radiação eletromagnética como a luz, porém com comprimento de onda
menor.
Em 1896, o físico francês Henri Becquerel investigou o relacionamento entre
raios X e o escurecimento de filmes fotográficos, através de materiais
compostos de urânio. Uma parte desse sal de urânio foi colocada numa gaveta
com placas fotográficas virgens. Após a remoção dos filmes, becquerel
observou que eles tinham sido exposto, embora ainda estivessem embalados
em papel a prova de luz. Ele então sugeriu que o urânio emitia uma energia,
que após penetrar a camada de papel, ainda era capaz de escurecer as placas
fotográficas. Ele se referiu a essa energia como radiação ativa. Em 1898,
Marie Curie voltou sua atenção a esse novo fenômeno, e lançou o termo
radioatividade para descrever essa forma de energia. Já em 1904, cerca de 20
elementos naturalmente radioativos eram conhecidos. Apesar de muitos
pesquisadores terem estado envolvidos no processo de entendimento do
fenômeno radioativo, as contribuições mais significativas durante os primeiros
30 anos do século 19 foram feitas por Ernest Rutherford e seus colaboradores.
Esses experimentos descobriram que a radioatividade tem algumas
propriedades interessantes: escurece filmes, ioniza gazes, produz cintilação
(flashes de luz) em certos materiais, penetra na matéria, mata tecido vivo,
libera grande quantidade de energia com pequena perda de massa, e não é
afetada por alterações químicas e físicas no material que está emitindo. Esta
última característica é de particular importância, já que se a radioatividade é
suposta ser originada dentro do átomo, e se ela não é afetada por alterações
químicas, então ela não deve ser associada aos elétrons, pois, estes estão
envolvidos nas reações químicas. Isso sugere que a radioatividade se origina
no núcleo, e que deve ser possível a obtenção de informações sobre ele
através de seu estudo.
A análise da radioatividade começa com uma consideração sobre sua
natureza. Ela é uma onda (como a luz) ou uma partícula? Tem carga elétrica
ou não tem? A experiência que revela mais completamente a natureza da
radioatividade é aquela em que a radiação é dirigida através de um campo
elétrico produzido por duas placas paralelas carregadas. O resultado dessa
experiência é surpreendente. Um único feixe de radiação é desdobrado em 3
pela ação do campo. A deflexão (desvio) em direção à placa carregada
negativamente indica um feixe carregado positivamente , e a direção a placa
positiva indica um feixe negativamente carregado. O feixe que não se desvia
não tem carga. Desde que a natureza desses 3 feixes não era conhecida
naquela época, eles foram simplesmente identificados como raios alfa (carga
positiva), raios beta (carga negativa) e raios gama (carga nula).

A importância dessa experiência é que ela revelou que a estrutura dos átomos
podia ser alterada, e que alguns átomos encontrados na natureza,
especialmente os mais pesados, possuíam núcleos instáveis
Experiências posteriores revelaram que os raios gama são os mais
penetrantes, enquanto os raios alfa são os de menor penetração. A natureza
exata de cada um desses 3 tipos de radiação somente foi conhecida muitos
anos depois, e o resultado obtido é visualizado abaixo em uma rápida amostra
do poder de penetração desses raios.

Radiação Alfa
A experiência que confirmou a identidade da partícula alfa, com um núcleo de
hélio 2He4 (constituído de 2 prótons e 2 nêutrons) foi realizada por Sir James
Dewar em 1908 e repetida por Rutherford e Royds em 1909. Essas 4
partículas estão fortemente ligadas entre si, de forma que a partícula a tem
então uma massa igual a 4 vezes a massa do próton (ou 7.000 vezes a massa
do elétron), e carrega duas unidades de carga elétrica positiva. A emissão de
partículas alfa é o único tipo de decaimento radioativo espontâneo que emite
partículas pesadas, excetuando-se a fissão. Isso é verdade tanto para as
espécies naturais como para as produzidas artificialmente. Os produtos do
decaimento (núcleos filhos) de um núcleo obtidos por emissão de partículas
alfa, podem ou não ser radioativos.

Radiação Beta
A emissão de radiação beta é um processo mais comum entre os núcleos
leves ou de massa intermediária, que possuem um excesso de nêutrons ou de
prótons em relação à estrutura estável correspondente. Radiação beta e o
termo usado para descrever elétrons de origem nuclear, carregados
negativamente (e-), ou positivamente (e+).

Radiação Gama
A radiação gama pertence a uma classe conhecida como radiação
eletromagnética. Este tipo de radiação consiste de quanta ou pacotes de
energia transmitidos em forma de um movimento ondulatório. A radiação
eletromagnética é uma modalidade de propagação de energia através do
espaço, em que não há necessidade de um meio material. Outros membros
bem conhecidos dessa classe são: as ondas de rádio, raios-x, e inclusive a luz
visível. A diferença essencial entre a radiação gama e a radiação X esta na
sua origem. Enquanto os raios gama resultam de mudanças no núcleo, os
raios x são emitidos quando os elétrons atômicos sofrem uma mudança de
orbital. A radiação eletromagnética pode ser representada como uma dupla
vibração que compreende um campo magnético H e um campo elétrico E.
Estas duas vibrações estão em fase, tem direções perpendiculares, e se
propagam no vácuo com velocidade da luz segundo uma direção
perpendicular ao plano.

Radiação "X" - Existe duas formas de raios-X, dependendo do tipo de interação


entre elétrons e o alvo.
1) Radiação de freamento
O processo envolve um elétron passando bem próximo a um núcleo do
material alvo. A atração entre o elétron carregado negativamente e o núcleo
positivo faz com que o elétron seja desviado de sua trajetória perdendo parte
de sua energia. Esta energia cinética perdida é emitida na forma de um raios-
X, que é conhecido como "bremsstrahlung"("braking radiation") ou radiação de
freamento. Dependendo da distância entre a trajetória do elétron incidente e o
núcleo, o elétron pode perder parte da ou até toda sua energia. Isto faz com
que os raios-X de freamento tenham diferentes energias, desde valores baixos
até a energia máxima que é igual a energia cinética do elétron incidente. Por
exemplo, um elétron com energia de 70 keV pode produzir um raios-X de
freamento com energia entre 0 e 70 keV.

2) Raios-X Característicos
Esse processo envolve uma colisão entre o elétron incidente e um elétron
orbital ligado ao átomo no material do alvo. O elétron incidente transfere
energia suficiente ao elétron orbital para que seja ejetado de sua órbita,
deixando um "buraco". Esta condição instável é imediatamente corrigida com
a passagem de um elétron de uma órbita mais externa para este buraco. Esta
passagem resulta numa diminuição da energia potencial do elétron, e o
excesso de energia é emitido como raios-X. Este processo de "enchimento"
pode ocorrer numa única onda eletromagnética emitida ou em transições
múltiplas (emissão de vários raios-X de menor energia). Como os níveis de
energia dos elétrons são únicos para cada elemento, os raios-X decorrentes
deste processo também são únicos e, portanto, característicos de cada
elemento (material). Daí o nome de raios-X característico.
Radiação eletromagnética (g ou x)
A interação da radiação g ou x com a matéria é marcadamente diferente da
que ocorre com partículas carregadas. A penetrabilidade dos raios g ou x é
muito maior devido ao seu caráter ondulatório, e sua absorção depende do
tipo de interação que provoca.
Há vários processos que caracterizam a interação (absorção ou
espalhamento) da radiação g ou x com a matéria. Esses processos dependem
essencialmente da energia da radiação, e do meio material que ela atravessa.
Os fótons não tem massa propriamente dita (massa de repouso nula) e não
transportam carga elétrica, portanto produzem ionização somente
indiretamente quando incidem sobre os átomos. Quando o fóton (g ou x)
interage com a matéria, sua energia é transferida para esta por uma variedade
de mecanismos alternativos, sendo que os 3 ( efeitos secundários) mais
importantes são: efeito fotoelétrico, Efeito Compton e Formação de Par.
A) Efeito fotoelétrico
O efeito fotoelétrico é caracterizado pela transferência total da energia da
radiação gama ou x (que desaparece) a um único elétron orbital, que então é
expulso (expelido) do átomo absorvedor (processo de ionização). Nesse
efeito, toda a energia do fóton incidente é transferida ao elétron, que então é
expelido com energia cinética: T = hv - Be, sendo Be a energia de ligação do
elétron ao seu orbital (energia que foi dissipada para desfazer a ligação do
elétron ao átomo).
Este elétron expelido do átomo (denominado fotoelétron, radiação secundária
ou ainda emissão corpuscular associada), poderá perder a energia recebida
do fóton, produzindo ionização em outros átomos
A direção de saída do fotoelétron com relação à de incidência do fóton, varia
com a energia deste. Assim, para altas energias (acima de 3 MeV), a
probabilidade do fotoelétron ser ejetado para frente é bastante grande; para
baixas energias (abaixo de 20 keV) a probabilidade de sair para o lado é
máxima para q ~ 70°.
O efeito fotoelétrico é predominante em baixas energias e para elementos de
elevado número atômico Z. O efeito fotoelétrico decresce rapidamente quando
a energia aumenta (outros efeitos começam a se tornar predominantes), e é
observado para energias tão baixas quanto a da luz visível.
O efeito fotoelétrico é proporcional a Z5, e por esse motivo deve ser usada
blindagem de chumbo para absorção de raios gama ou x de baixas energias.
b) Efeito Compton
Quando a energia da Radiação gama ou x cresce, o espalhamento Compton
torna-se mais freqüente que o efeito fotoelétrico. No efeito Compton, o foto
incidente é espalhado por um elétron periférico, que recebe apenas
parcialmente a energia do fóton incidente. O fóton espalhado terá uma energia
menor e uma direção diferente da incidente.
Dessa forma, a interação do fóton é descrita como um espalhamento por um
elétron livre, inicialmente em repouso. O efeito Compton depende ainda da
densidade do elemento (número de elétrons/cm³), e decresce em função da
energia dos fótons, porém não tão rapidamente como no efeito fotoelétrico.
Este é inversamente proporcional à energia do fóton, e proporcional ao
número atômico Z do material absorvedor.
c) Formação de Par
Uma das formas mais importantes da radiação eletromagnética de alta energia
ser absorvida é a produção de par. No entanto, a produção de par ocorre
somente quando fótons de energia igual ou superiora 1,02 MeV passam
próximos a núcleos de elevado número atômico. Nesse caso, a radiação gama
ou x interage com o núcleo e desaparece, dando origem a um par elétron-
pósitron.

Produção de Raios-X ou Raios Roentgen


Em Novembro de 1895, Wilhelm Conrad Roentgen, fazendo experiências com
raios catódicos (elétrons), notou um brilho em um cartão colocado a pouca
distância do tubo. Notou ainda que o brilho persistia mesmo quando a ampola
(tubo) era recoberta com papel preto e que a intensidade do brilho aumentava
à medida que se aproximava o tubo do cartão. Este cartão possuía em sua
superfície uma substância fosforescente (platinocianureto de bário).
Roentgen atribuiu o aparecimento do brilho a uma radiação que saia da
ampola e que também atravessava o papel preto. A esta radiação
desconhecida, mas de existência comprovada, Roentgen deu o nome de
raios-X, posteriormente conhecido também por raios Roentgen. O segundo
passo de Roentgen, cujo resultado foi a visualização dos ossos da mão de sua
mulher que serviu de cobaia.
Roentgen fez uma série de observações acerca dos raios-X e concluiu que:
• causam fluorescência em certos sais metálicos;
• enegrecem placas fotográficas;
• são radiações do tipo eletromagnética, pois não sofrem desvio em
campos elétricos ou magnéticos;
• são diferentes dos raios catódicos;
• tornam-se "duros" (mais penetrantes) após passarem por
absorvedores;
• produzem radiações secundárias em todos os corpos que atravessam;
• propagam-se em linha reta (do ponto focal) para todas as direções;
• transformam gases em condutores elétricos(ionização);
• atravessam o corpo tanto melhor quanto maior for a tensão no tubo
(kV).
As maquinas de Raios-X foram planejadas de modo que um grande número
de elétrons são produzidos e acelerados para atingirem um anteparo sólido
(alvo) com alta energia cinética.
No tubo de raios-X os elétrons obtém alta velocidade pela alta tensão aplicada
entre o anodo e o catodo. Um aparelho operando a digamos 70 kV, quase
todos os elétrons atingem o alvo com uma energia cinética de 70 keV,
correspondendo a uma velocidade de aproximadamente metade da
velocidade da luz no vácuo.
Os elétrons que atingem o alvo (anodo) interagem com o mesmo transferindo
suas energias cinéticas para os átomos do alvo. Estas interações ocorrem a
pequenas profundidades de penetração dentro do alvo. Os elétrons interagem
com qualquer elétron orbital ou núcleo dos átomos do anodo. As interações
resultam na conversão de energia cinética em energia térmica (calor) e em
energia eletromagnética (raios-X).
Efeitos da interação elétron-alvo
A maior parte da energia cinética dos elétrons, é convertida em calor através
de múltiplas colisões com os elétrons dos átomo do alvo.
Após várias interações (ionizações), gerada uma cascata de elétrons de baixa
energia. Estes elétrons não possuem energia suficiente para prosseguir
ionizando os átomos do alvo mas conseguem excitar os elétrons das camadas
mais externas, os quais retornam ao seu estado normal de energia emitindo
radiação infravermelha. Cerca de 99% da energia cinética dos elétrons
incidentes é transformada em calor e cerca de 1% produz radiação. A
produção de calor do anodo no tubo de raios-X aumenta com o aumento da
corrente (mAs) no tubo, mas a eficiência na produção de raios-X independe
da corrente no tubo, aumentando com a energia (kV) do elétron projétil. Para
60 kV, somente 0,5% da energia cinética do elétron é convertida em raios-X,
enquanto para 20 MeV ( de aceleradores lineares), 70% dessa energia produz
raios-X. (Em radiologia diagnóstica > de 99% geram calor e menos de 1%
Raios-X de freamento e característicos).
Espectro de emissão do Raios-X
O espectro de emissão é fundamental para descrever os processos de
produção da imagem em um aparelho de raios-X. É obtido através de um
gráfico da quantidade de fótons de determinada energia versus as diferentes
energias. A energia máxima expressa em keV é igual em magnitude à
voltagem de aceleração (kv), mas existem poucos fótons desta energia. A
forma geral do espectro contínuo é a mesma para qualquer aparelho de raios-
X. Por causa da auto absorção, o número de fótons de raios-X emitidos é muito
pequeno para energias muito baixas, atingindo quase zero para energias
abaixo de 5 keV. Os traços correspondem às radiações características que,
para anodo de tungstênio, só aparecem nos espectros gerados com tensão
acima de 70 kV.
Fatores que modificam o espectro
O espectro é modificado por treis fatores: filtração, voltagem do tubo e tipo de
suprimento de alta voltagem. Os dois últimos são os que mais influenciam os
fótons de alta energia, que agem na formação da imagem radiográfica. A
filtração, que afeta os fótons de baixa energia, não tem grande influência na
imagem e sim na exposição do paciente. Se a energia média do feixe for
aumentada por qualquer método, tornando o feixe mais penetrante, a dose
total por paciente será reduzida.
Filtração
A filtração total de um feixe de raios-X consiste na filtração inerente mais a
filtração adicional.
A filtração inerente é constituída pelo vidro do tubo de raios-X, o óleo isolante
e o vidro da janela. O tubo de raios-X está contido em uma capa protetora
(cabeçote) de chumbo que possui uma janela por onde sai o feixe útil de raios-
x. A janela de raios-X convencional é geralmente de vidro e em casos
especiais como momografia, constituído se Berilo.
A filtração adicional por sua vez é usada para completar a filtração inerente
até ultrapassar a filtração mínima. No radiodiagnóstico, a filtração adicional é
em geral feita por placas de alumínio.
A filtração mínima recomendada pela Comissão Internacional de proteção
Radiológica, ICPR, são:

kV mm Al

< 50 0,5

50 - 70 1,5

> 70 2,5

Voltagem do tubo
Mudando o potencial de aceleração do tubo, mudamos também o espectro do
feixe. O aumento do kV implica no aumento do número de fótons de maior
energia. Este aumento altera mais a imagem radiográfica do que a remoção
dos fótons de baixa energia.
Suprimento de alta voltagem
Em todos os aparelhos de raios-X, a voltagem é aumentada por um
transformador de linha 110 - 220 volts para o kV desejado. A forma de onda é
a mesma da linha de suprimento, mas muito aumentada em amplitude. O
potencial elétrico é produzido por uma corrente alternada (AC), variando de 0
® máximo 0 ® máximo ® 0. Existem vários tipos de circuitos utilizados na
amplificação da voltagem, entre estes temos: Retificação de meia onda,
retificação de onda completa, retificação trifásica e multi-pulsos.
No tipo mais simples de circuito, o tubo de raios-X é conectado aos terminais
do secundário do transformador. Neste caso, o tubo é o retificador, uma vez
que a corrente só pode fluir quando o alvo for positivo em relação ao filamento
(negativo), isto é, durante o porção positiva do ciclo de AC. Durante o ciclo
negativo não existem elétrons livres do alvo (que está agora carregado
negativamente). Entretanto, em circunstâncias ocasionais de
superaquecimento do anodo, poderiam ocorrer elétrons livres, que iriam do
anodo ao catodo durante o ciclo negativo , danificando o tubo.
Para resolver este problema, foram desenvolvidos circuitos de retificação que
elimina os ciclos negativos. Um tipo eficiente de retificação inverte a polaridade
do ciclo negativo possibilitando a produção de raios-X durante todo o ciclo. A
utilização deste método, aplicado em um circuito trifásico possibilita a
produção de elétrons quase monoenergético, dentro de uma pequena
variação de kV.
A tecnologia mais moderna com o uso de geradores multi-pulsos, possibilita
uma fácil obtenção de um potencial de aceleração virtualmente constante. A
forma de retificação modifica o espectro dos elétrons produzidos, e, portanto,
modifica o espectro de raios-X produzidos, a taxa de aquecimento do anodo e
o rendimento do tubo (taxa de produção de raios-X).

Corrente no tubo
A variação da miliamperagem (mA) não tem nenhum efeito no espectro de
raios-X. A combinação da miliamperagem com o tempo de exposição
determina o número total de raios-X produzidos num dado kV. Por isso, desde
que o produto mAs seja mantido, não serão observadas diferenças na imagem
radiográfica. Deve-se notar contudo que uma variação de corrente pode levar
a uma variação da quilovoltagem do tubo, pois o gerador pode não ser capaz
de corrigir a uma diminuição de voltagem de alimentação que ocorre em linhas
elétricas mal distribuídas quando ocorre uma solicitação de maior carga.
Qualidade do feixe de Raios-X
A "capacidade de penetração" ou qualidade de um feixe de raios-X é descrita
explicitamente pela sua distribuição espectral. Um conceito mais usual para
descrever e medir a qualidade do feixe é a camada semi-redutora (CSR, ou
"Half Value Layer", HVL). O HVL é definido como a espessura de um material
padrão necessário para reduzir o número de fótons transmitido à metade de
seu número original. O material utilizado em radiologia diagnóstica é o
alumínio. Um feixe de baixa energia será bastante reduzido por uma pequena
filtração, tendo portanto baixo HVL. Sabe-se que o HVL não é uma quantidade
constante para um dado feixe mas aumenta com a filtração. Logo, o segundo
HVL será maior que o primeiro. Somente um feixe monoenergético terá
sucessivos HVL’s iguais. A filtração adicional remove seletivamente os fótons
de energia mais baixa, resultando em melhor aproximação de um feixe
monoenergético e a diferença entre sucessivas HVL’s torna-se cada vez
menor.
O tubo de Raios-X diagnóstico
É montado dentro de uma calota protetora de metal forrada com chumbo,
projetada para evitar exposição à radiação fora do feixe útil (e choque elétrico).
Os raios-X produzidos dentro do tubo, são emitidos em todas as direções
(isotropicamente). Os raios-X utilizados em exames, são emitidos através de
uma janela (feixe útil). Os raios-X que passam pela capa de proteção são
chamados radiação de vazamento ou de fuga e podem causar exposição
desnecessária tanto do paciente quanto do operador. O cabeçote protetor
deve ser capaz de reduzir o nível de radiação para menos de 1 mGy/h a um
metro quando o aparelho é operado nas condições máximas.
O Catodo
É o polo negativo do tubo de raios-X. Dividindo-se em duas partes: Filamento
e capa focalizadora (cilindro de welmelt).
Filamento
Tem forma de espiral, construído em tungstênio e medindo cerca de 2mm de
diâmetro, e 1 ou 2 cm de comprimento. Através dele são emitidos os elétrons,
quando uma corrente de aproximadamente 6 ampères atravessa o filamento.
Este fenômeno se chama emissão termoiônica. A ionização nos átomos de
tungstênio ocorre devida ao calor gerado e os elétrons são emitidos. O
tungstênio é utilizado porque permite maior emissões termoiônicas que outros
metais (temperatura de 3.380 °C). Normalmente os filamentos de tungstênio
são acrescidos de 1 a 2% de tório, que aumenta eficientemente a emissão
termoiônica e prolonga a vida útil do tubo.
Capa Focalizadora
Sabe-se que os elétrons são carregados negativamente havendo uma
repulsão entre eles. Ao serem acelerados na direção do anodo, ocorre uma
perda, devido a dispersão dos mesmos. Para evitar esse efeito, o filamento do
catodo é envolvido por uma capa carregada negativamente, mantendo os
elétrons unidos em volta do filamento e concentrando os elétrons emitidos em
uma área menor do anodo. A eficiência da capa focalizadora é determinada
por seu tamanho, sua carga, forma e posição do filamento dentro da capa
focalizadora.
Foco Duplo
A maioria dos aparelhos de raios-X diagnóstico, possuem dois filamentos
focais, um pequeno e um grande. A escolha de um ou outro é feita no seletor
de mA, no painel de controle. O foco menor abrange uma faixa de 0,3 a 1,0
mm e o foco maior, de 2,0 a 2,5 mm. Ambos os filamentos estão inseridos na
capa focalizadora. O foco menor e associado ao menor filamento e o maior,
ao outro. O foco menor ou foco fino, permite maior resolução da imagem, mas
também, tem limitado a sua capacidade de carga ficando limitado as menores
cargas de radiação. O foco maior ou foco grosso, permite maior carga, mas
em compensação, tem uma imagem de menor resolução.

Anodo
É o lado positivo do tubo de raios-X. Existe dois tipos de anodo: anodo fixo e
anodo rotatório. O anodo recebe os elétrons emitidos pelo catodo. Além de ser
um bom condutor elétrico, o anodo é também um bom condutor térmico.
Quando os elétrons se chocam contra o anodo, mais de 95% de suas energias
cinéticas são transformadas em calor. Este calor deve ser conduzido para fora
rapidamente, para não derreter o anodo. O material mais usado no anodo é
tungstênio em base de cobre por ser adequado na dissipação do calor.
Anodo fixo
É encontrado normalmente em tubos onde não é utilizada corrente alta, como
aparelhos de raios- X dentários, unidades portáteis, unidades de radioterapia
convencional e etc..
Anodo rotatório
A maioria dos tubos de raios-X utiliza este, devido a sua capacidade de resistir
a uma maior intensidade de corrente em tempo mais curto, e com isso,
produzir feixes mais intensos.

Alvo
É a área do anodo que recebe o impacto dos elétrons. No anodo fixo, o alvo é
feito de uma liga de tungstênio incluída em um anodo de cobre. No anodo
rotatório o alvo é um disco giratório. Este disco tem uma resistência grande à
alta temperatura. A escolha do tungstênio deve-se à:
• Alto número atômico, acarretando grande eficiência na produção de
raios-X.
• Condutividade térmica quase igual a do cobre, resultando em uma
rápida dissipação do calor produzido.
• Ponto de fusão (3.380 ° C), superior à temperatura de
bombardeamento de elétrons (2.000 ° C).
Aquecimento do anodo
O anodo rotatório permite uma corrente mais alta pois os elétrons encontram
uma maior área de impacto. Com isso o calor resultante não fica concentrado
apenas em um ponto como no anodo fixo. Fazendo a comparação de ambos,
num tubo com foco de 1mm, temos: no anodo fixo a área de impacto (alvo) é
de aproximadamente 1mm x 4mm = 4mm². No anodo rotatório de diâmetro de
7 cm, o raio de impacto é de aproximadamente 3 cm (30 mm). Sua área alvo
total é aproximadamente 2 x p x 30mm x 4mm = 754mm². Portanto, o anodo
rotatório permite o uso de área uma centena de vezes maior que um anodo
fixo, com mesmo tamanho de foco.

A capacidade de carga é aumentada com o número de rotações do anodo.


Normalmente a capacidade de rotação é de 3.400 rotações por minuto. Existe
anodo de tubos de maior capacidade que giram a 10.000 rpm.
Cuidados com o tubo
O mecanismo do rotor de um tubo rotatório pode falhar ocasionalmente.
Quando isso acontece, há um superaquecimento criando depressões no
anodo (danos sérios) ou rachaduras causando danos irreversíveis ao tubo.
Ao acionar o disparador de exposições de uma unidade radiográfica, deve-se
esperar 1 a 2 segundos, antes da exposição, para que o rotor acelere e
desenvolva o número de rotações por minuto desejadas. Quando a exposição
é completada pode-se ouvir o rotor diminuir a rotação e parar em mais ou
menos 1 minuto. O rotor e precisamente balanceado, existindo uma pequena
fricção sem a qual o rotor levaria 10 a 20 minutos para parar, após o uso.
Valores máximos de operação
O operador do aparelho de raios-X deve estar atento à capacidade máxima de
operação do tubo para não danificá-lo. Existe vários tipos de tabelas que
podem ser usadas para estabelecer os valores máximos de operação do tubo
de raios-X, mas apenas três são mais discutidas: 1) curvas de rendimento
máximo; 2) resfriamento do anodo; 3) resfriamento da calota do tubo. Sendo
que estas três variáveis, são normalmente calculadas pelos fabricantes
adotando o sistema de bloqueio de carga superior ao limite do tubo, mas,
sendo de suma importância o conhecimento destas pelo operador, pois, em
caso de falha do sistema, o próprio profissional poderá poupar o tubo das
cargas excessivas.

Variação do rendimento com os parâmetros de técnica


A taxa de exposição em um feixe de raios-X varia aproximadamente com o
quadrado da quilovoltagem. Isto significa que para duplicar a intensidade do
feixe incidente, basta aumentar a quilovoltagem em cerca de 41% (Ö 2=1,141).
Entretanto, esta formula é válida apenas para o feixe incidente. Por causa dos
diferentes poderes de penetração de feixes de diferentes quilovoltagens, a
intensidade do feixe que atinge o filme tem uma variação diferente com a
quilovoltagem. Na prática, um aumento de 10 kV acarreta aproximadamente
uma duplicação da taxa de exposição do feixe que atinge o filme (no espectro
próximo a 70 kV).
Variação com a filtração
A introdução de um filtro em um feixe de raios-X produz dois efeitos distintos:
remove preferencialmente a radiação inútil para a formação da imagem
radiográfica (e danosa para o paciente), e aumenta o poder de penetração do
feixe. A filtração reduzirá a intensidade do feixe diferentemente, dependendo
do valor da camada semi-redutora (HVL) de cada feixe. Sendo que, se o filtro
for uma espessura igual ao HVL, a intensidade será a metade da inicial.
Duplicando-se o valor do filtro para 2 HVL, a intensidade será reduzida
aproximadamente quatro vezes.
Variação com a distância
Em um meio não absorvente, a intensidade da radiação varia inversamente
com o quadrado da distância da fonte. Por exemplo: se a distância for reduzida
por um fator 2, a intensidade aumentará de um fator 4; se a distância for
aumentada de um fator 2, a intensidade será reduzida por um fator 4. Esta
relação, contudo, só é válida para o feixe incidente. Quando tentamos estimar
a variação da exposição na entrada da pele de um paciente, deve-se ter em
mente que a exposição ao nível do receptor de imagem deve permanecer
constante (o valor necessário para produzir a imagem). Como a espessura do
paciente é constante, o tamanho do campo deve ser ajustado
geometricamente em função da distância, e a dose na pele do paciente
aumentará com a diminuição da distância. Em radiografia e fluoroscopia com
equipamentos portáteis, a distância foco-pele não deve ser inferior a 30 cm, e,
em aparelhos fixos, 45 cm. Para distância foco receptor de imagem menores
que 100 cm, a qualidade da informação diagnóstica torna-se inferior à medida
que a distância diminui. Adicionalmente, maiores distância foco - receptor tem
vantagens clínicas. Exames de tórax, não devem ter distância foco - receptor
inferior a 120 cm (distância padrão 180 cm).
Interação dos Raios-X com a matéria
Existem vários mecanismos pelos quais os raios-X interagem com a matéria.
Na faixa de energia de 20 a 125 kV apenas dois processos são importantes: a
absorção fotoelétrica e o espalhamento compton. Dependendo da energia de
um fóton de raios-X e do número atômico do objeto, o fóton pode interagir com
o objeto tanto por efeito fotoelétrico como efeito compton ou simplesmente
atravessar o objeto sem interagir.
Absorção fotoelétrica
É a interação entre um fóton de raios-X incidente e um elétron ligado a um
átomo do absorvedor na qual o fóton transfere toda sua energia ao elétron. O
fóton portanto, deixará de existir. Parte da energia transferida é usada para
vencer a força de ligação átomo - elétron e a restante, aparece como energia
cinética do elétron (agora chamado fotoelétron). O alcance dos fotoelétrons é
de apenas uns poucos µm de modo que o efeito fotoelétrico é essencialmente
um processo local, com toda energia do fóton sendo absorvida próximo ao
ponto de interação. O átomo emitirá um raios-X característico ao preencher a
vaga deixada pelo elétron emitido. Para elementos dos tecidos biológicos,
energia desses raios -X é muito baixa e, portanto, eles são também
essencialmente absorvidos localmente. A probabilidade de interação
fotoelétrica é altíssima para baixas energias e diminui dramaticamente com o
aumento da carga.
Espalhamento Compton
Este efeito não é um processo local. Consiste de uma interação entre um fóton
de raios-X e um elétron livre (ou fracamente ligado ao átomo, tais como os
elétrons dos níveis mais externos). Portanto, um elétron compton ejetado e o
fóton é espalhado com uma energia igual a diferença entre a energia do fóton
incidente e a energia adquirida pelo elétron. O fóton espalhado se move então
em uma direção diferente da inicial, e portanto não contribui em nada para a
formação da imagem (na realidade, ele tem uma contribuição negativa para a
imagem). A probabilidade de interação compton (por unidade de imagem) é
essencialmente igual para todos os materiais. A absorção diferencial é feita
com base na densidade.
Na prática os processos comptons e fotoelétricos contribuem, ambos, para a
produção da radiografia. A percentagem relativa ao total de interações que
ocorrem por um processo ou outro depende da energia do fóton. Portanto, o
contraste objeto depende da composição da massa efetiva e do número o
atômico do objeto. A predominância de interações Compton ou Fotoelétrico
causará menor ou maior contraste objeto, respectivamente, considerando que
o objeto seja composto de vários materiais de diferentes números atômicos.
Para um dado objeto, o contraste será maior para feixes de baixa energia
(predominância do efeito fotoelétrico) e menor para energias mais altas
(predominância do efeito compton).
Controle da radiação espalhada
O feixe de radiação que emerge de um objeto irradiado é formado por radiação
primária e radiação extraviada (secundária). A radiação primária é a radiação
emitida através do vidro da janela de um tubo raios-X. Quando o feixe primário
passa através do paciente, ele é bastante atenuado à medida que os fótons
vão interagindo com as estruturas internas, resultando em diferentes
intensidades devido a absorção do feixe de raios-X. A radiação extraviada
(secundária) é dividida em radiação de fuga e em radiação secundária
(produzida pelo feixe primário). Radiação secundária é resultante das
interações dos fótons primário com o objeto (paciente). Para se obter uma
imagem com máxima nitidez, é necessário reduzir a quantidade de radiação
espalhada que alcança o filme.
Nas energias usadas em diagnóstico, a radiação secundária consiste em
raios-X característico, fotoelétrons, fótons espalhados e elétrons compton.
Como os elétrons tem um alcance muito pequeno no tecido, os fotoelétrons e
os elétrons compton são absorvidos localmente. Os raios-X caraterísticos dos
tecidos vivos são muito pouco energéticos para alcançar o filme. Somente
quando o Iodo ou o Bário são utilizados como contraste é que estes raios-X
característicos são importantes na radiografia diagnóstica, pois, estes tem
energia aproximada de 33 a 37 keV e podem alcançar o filme produzindo efeito
visível.
Em geral, a única radiação secundária importante é proveniente do
espalhamento compton, porque os raios-X são espalhados em todas as
direções e criam e criam um campo de radiação em torno do paciente. Deve-
se tomar medidas preventivas para reduzir esse efeito nas radiografias e
proteger pessoas cuja presença seja imprescindível durante um exame
radiográfico. A radiação espalhada é um problema para a imagem radiográfica,
pois diminui bastante o contraste, quando atinge o filme, agindo principalmente
nas regiões mais claras do que nas mais enegrecidas do filme. Assim sendo,
detalhes situados nestas áreas claras ficam mascaradas.
Treis são os fatores que influenciam a intensidade relativa da radiação
espalhada que chega ao filme. Dois deles podem ser controlados: a
quilovoltagem e o tamanho do campo, sendo o terceiro fator a espessura do
Paciente (ou objeto).
Quilovoltagem
Quando a energia é aumentada, o número relativo de fótons que sofrem
interação compton aumenta. Seria fácil dizer que toda radiografia deveria ser
tirada usando-se o mínimo de quilovoltagem possível, desde que essa técnica
resultasse em um mínimo de espalhamento e, em conseqüência, uma ótima
qualidade de imagem. Além disso, a absorção fotoelétrica (responsável pelo
contraste objeto) é dramaticamente aumentada com a redução da energia dos
fótons. A situação não é tão simples assim. O aumento das interações
fotoelétricas tem como conseqüência , o aumento da dose no paciente, uma
pois reduz a quantidade de radiação que chega ao filme, normalmente
compensada pelo aumento da corrente e/ou tempo de exposição.
Quando uma técnica para uma radiografia de abdome não é suficiente para
produzir uma boa imagem, tem se duas opções: ou aumenta-se a
quilovoltagem ou a corrente. Aumentando-se a corrente, produz-se uma
quantidade suficiente de fóton para obter-se uma imagem satisfatória no filme.
Isto pode causar no entanto, uma dose suplementar considerável de radiação
no paciente. Por outro lado, um aumento muito menor de kV produz um
número suficiente de fótons incidentes sobre o filme, resultando numa dose
baixa para o paciente. Infelizmente o aumento de kV, acarreta o aumento de
radiação espalhada e a diminuição do contraste objeto. Para reduzir o nível de
espalhamento de radiação que atinge o receptor de imagem são utilizados
várias técnicas, tais como o uso de colimadores e grades.
Tamanho do campo de radiação
É fato real que, a intensidade do feixe primário permanece constante para
todos os tamanhos de campo determinado. Enquanto a intensidade do feixe
espalhado, aumenta continuamente com o aumento do tamanho do campo
(até atingir um platô, em torno de 1000 cm²).

Espessura do paciente
A passagem de fótons por regiões mais espessas do corpo, resulta em um
maior espalhamento do que em relação a regiões mais finas. Considerando-
se a mesma combinação de tela-filme para ambas, a radiografia de
extremidade será muito mais definida com a redução da quantidade de
radiação espalhada. Expondo uma extremidade de 3 cm de espessura a 40
kV ocorre cerca de 50% de espalhamento de radiação. Expondo o abdome de
30 cm de espessura ocorrerá aproximadamente 100% de espalhamento.
Métodos de redução da radiação espalhada
Os métodos mais comuns de redução da radiação espalhada que alcança o
filme são:
• redução da área irradiada (colimador);
• uso de grades;
• uso da técnica de afastamento do filme ("air gap");
• uso da técnica de fenda móvel ("moving slit")
Colimação
A redução do tamanho do campo em radiologia deve ser o primeiro método de
controle da radiação espalhada (Secundária). Este método tem uma grande
vantagem por diminuir a dose no paciente devido ao menor volume de tecido
irradiado. Entretanto, em uma aparente contradição, a diminuição do
espalhamento (tamanho de campo) implicará num aumento do fatores da
técnica radiográfica, para obtenção da mesma densidade ótica. Porém, este
aumento da dose ainda é pequeno quando comparado com a sensível
redução alcançada pela diminuição do volume de tecido irradiado.

Grades
O uso de grades é o meio mais efetivo de remover a radiação espalhada
(secundária) de um campo de radiação antes que estes chegue ao detetor
(filme). As grades são construídas de lâminas verticais alternadas de chumbo
e material radiotransparente como plástico ou fibra. Essas lâminas são
orientadas de modo que a radiação primária passe pelas lâminas de material
radiotransparente fixadas entre as lâmina de chumbo, e as radiações
espalhadas (secundárias) se choquem nas lâminas de chumbo sendo
absorvidas antes de chegar ao filme. Infelizmente, essa redução da radiação
espalhada (secundária) sé é alcançada às custas de um aumento da dose no
paciente. Algumas lâminas de chumbo absorvem alguns fótons primários e o
material radiotransparente absorve parte da energia destes fótons. Assim
sendo, a redução tanto da radiação primaria como da secundária para atingir
a densidade ótica necessária requer um significativo aumento de exposição.

Técnica de "Air Gap"


Consiste em afastar o filme do paciente criando um espaço de ar entre eles.
Assim a radiação espalhada (secundária) que atingiria o filme na posição
normal, não alcança o filme na posição afastada. Problemas desta técnica: 1)
magnificação do imagem; 2) perda de detalhe causado pelo aumento da
penumbra; 3)aumento da dose no paciente.

Nota: As grades Potter Bucky horizontal e vertical, utilizam as duas técnicas


supracitadas, Grade e Air Gap. Como pode ser observado, da superfície da
mesa e bucky vertical até o filme, pode ser medido de 7 a 10 cm. E a grade
utilizada na mesa de exames, tem uma calibração de ponto focal/mesa de
exames para 90 a 120 cm e a do Bucky mural, 120 a 180 cm. Portanto, duas
técnicas supracitadas.
Técnica do "moving Slit"
É a técnica idealizada há muitos anos mas que só recentemente pode ser
aplica na prática com o avanço tecnológico na produção de feixes de alta
intensidade. Consiste na irradiação do paciente com um feixe de raios-X
colimado com o formato de uma fenda que se m ove sincronizada com o tubo
e com outra fenda localizada junto ao filme. Com isso elimina-se grande parte
da radiação espalhada ( secundária) pelo paciente, melhorando o contraste
radiográfico, além de reduzir a dose no paciente.

Contraste radiográfico
O contrate radiográfico é dado pela diferença em enegrecimento entre poções
distintas da radiografia. Os fatores que afetam o contraste radiográfico são o
nível de exposição e o processamento do filme. O contraste radiográfico é
determinado pelo contraste objeto e pelo contraste do filme.
Contraste objeto
Quando um feixe de raios-X incide no objeto a ser radiografado ele é
razoavelmente uniforme em número e em energia de fótons. Entretanto, ao
sair do objeto a maioria dos fótons sofreram interações, ficando digamos, 5%
sem serem afetados. Os fótons remanescentes, são então usados para
formação da imagem radiográfica. É nesta fase que as informações a cerca
do objeto a ser radiografado são geradas. Depois que o feixe deixa o objeto,
diferentes artifícios podem ser feitos para aumentar a visualização da
informação, ela própria, não pode ser aumentada. A informação radiográfica é
um a reflexão da espessura, densidade, e número atômico do objeto que esta
sendo radiografado.
O corpo
É constituído de músculos, gorduras, ossos cavidades, e compartimentos
contendo líquidos. Portanto, diferentes espessuras desses componentes em
diferentes combinações (um componente sobrepondo-se parcialmente sobre
outro) resultará em uma absorção diferencial ao longo do campo radiográfico.
O feixe que sai do paciente possui variações de intensidade devido anatomia
interna do corpo.
Essas diferenças em intensidade são chamadas de contrate objeto. O
contraste objeto depende do espectro do feixe incidente e, naturalmente, da
espessura, da estrutura e composição do paciente (e da quantidade de
radiação espalhada (secundária)). Alterações da técnica de exposição podem
alterar o contraste objeto (e também a dose do paciente). As vezes a dose do
paciente pode ser grandemente alterada sem ter havido nenhuma contribuição
para a qualidade da imagem radiográfica. Assim sendo, por exemplo,
razoáveis variações no kV e na filtração podem diminuir de até um fator 5 a
dose na pele do paciente, sem que a qualidade da radiografia seja alterada. É
portanto de extrema importância o conhecimento desses parâmetros e seus
efeitos no contraste e na dose do paciente. Conhecedor destes fatores os
técnicos saberá então decidir a técnica apropriada para cada exame.
Contraste do filme
Refere-se ao gradiente da curva característica do filme e determina o contraste
radiográfico final que será obtido para um dado contraste objeto. Um bom
contraste objeto pode render um péssimo contraste radiográfico quando os
níveis de exposição são inapropriados. Em geral, a magnitude do gradiente de
curva característica do filme determina se o contraste objeto será aumentado
ou diminuído no processo de conversão à imagem visível.
Obtenção da imagem radiográfica
um dos métodos mais usados na obtenção da imagem radiográfica é a
combinação do filme com a tela intensificadora (ecran). A qualidade de uma
imagem está ligada a vários parâmetros e processos: filme radiográfico, tela
intensificadora, processamento do filme , técnica radiográfica utilizada (kV e
mAs) e tamanho do campo de irradiação.
O filme
É composto de uma base flexível plástica (200 µm) e duas camadas muito
finas de (10 µm) de emulsão fotográfica cobertas por uma capa protetora. A
base do filme é composta geralmente de poliester ou acetato de celulose para
dar suporte as emulsões. A emulsão e composta de cristais de produtos
químicos fotograficamente ativos (Haletos de prata), suspensos em gelatina
fotográfica. O haleto de prata é brometo de prata com 1 a 10% de iodeto de
prata. Essa mistura resulta numa maior sensibilidade do que o brometo ou
iodeto de prata sozinhos. Os fótons de luz oriundos da tela intensificadora
interagem com esses cristais e produzem uma imagem latente que após um
processo de revelação adequado, torna-se visível. A gelatina permite a
distribuição uniforme dos cristais de haleto de prata sem acúmulo na base do
filme para uma resposta uniforme do seu campo e permite a penetração dos
produtos químicos de revelação nos cristais para formação da imagem sem
diminuir sua firmeza e constância . Os grãos de prata remanescentes devem
ficar em suas posições relativas ou a imagem será destruídas.

Telas Intensificadoras (Screens ou Écrans)


Composição das telas intensificadoras
são constituídas de três camadas: material de base, camada fluorescente e
camada protetora.
A base das telas intensificadoras
são constituídas de papelão ou de plástico e serve apenas como suporte do
material fluorescente.
Este material deve ser uniformemente radiotransparente e livre de qualquer
metal ou outros materiais que possam formar alguma imagem adicional ao
filme.
A camada fluorescente
consiste de cristais de um composto fluorescente, suspensos num material de
ligação flexível. O composto usado é em geral tungstênio de cálcio, embora
sulfato de bário e estrôncio, sulfato de bário e chumbo, também seja usados.
Mais recentemente, surgiram compostos de terras-raras usam gadolineo,
lantânio e ítrio, oxibrometo de lantânio, fluoreto de bário ou vários outras
composições destes elementos. Para aproveitar o máximo de luz possível,
usam-se ainda sob a camada fluorescente, uma fina camada de dióxido de
titânio. As telas intensificadoras que possuem materiais fosforescentes de alta
eficiência, tais como os de terras raras, bário e tântalo, necessita menor
quantidade de radiação que as telas convencionais para produzir radiografias
com qualidade de imagem regular.
A camada protetora
Serve apenas para evitar a deteriorização da tela intensificadora causada por
partículas de sujeira que possam estar presentes no filme ou ai penetrarem
durante sua colocação ou retirada no chassis com a tela intensificadora.

O princípio do funcionamento das telas intensificadoras


baseia-se no princípio dos filmes para raios-X que, são fabricados com
emulsão mais espessas de modo a absorver os fótons de raios-X. No entanto,
menos de 5% dos fótons incidentes são absorvidos e contribuem para a
formação da imagem. Para aumentar a eficiência da formação da imagem
radiográfica, foram usados sais inorgânicos que emitem fótons de luz quando
expostos a radiação. Colocando-se um filme entre duas camadas deste
material e expondo-o a um feixe de raios-X, uma grande parte do
escurecimento do filme resultará em emissão luminosa do material
fluorescente. Este aumento da eficiência luminosa do sistema de formação da
imagem diminui a dose no paciente.
Processamento Radiográfico
A figura visível compõe-se de agregações de átomos de prata metálica,
distribuído na emulsão de modo não uniforme, de acordo com a distribuição
imagem objeto. As etapas básicas envolvidas na obtenção da imagem
radiográfica são: formação da imagem latente, revelação e fixação da imagem
no filme radiográfico.
Imagem latente
Quando o filme é exposto ao feixe de raios-X ou fótons de luz provenientes de
telas intensificadoras, as interações com os cristais do haleto de prata liberam
elétrons de alguns íons brometo carregado negativamente (Br-), causando a
liberação do gás bromo (Br2). O elétron liberado vai combinar com alguns íons
de prata carregados positivamente na rede cristalina, transformando-os em
átomos neutros ( prata metálica). A agregação de um pequeno núcleo de
átomo de Ag tornará o cristal de brometo de prata sensível à revelação.
Embora esta pequena mudança não possa ser detectada visualmente, já
existe precursor da imagem latente.
Processo de revelação
Envolve a transformação química (ganho de elétrons) de todos os íons de
prata do cristal exposto, transformando-os em prata metálica (Ag++ e Ag-).
Esta transformação química ocorre em todos os cristais, mas os átomos de
prata da imagem latente agem como catalisadores da reação, fazendo com
que os cristais expostos se transformem muito mais rapidamente que os não
expostos. Como em qualquer reação química a extensão da reação de
temperatura, concentração dos preparados químicos e tempo de revelação
devem ser combinados de modo a ocorrer máxima conversão de cristais
expostos, e mínima dos não expostos. Nestas condições o revelador ou o
processador automático são considerados otimizados. Terminada a revelação,
os cristais de haleto de prata remanescentes devem ser removidos para não
serem vagarosamente reduzidos com o tempo e escurecer o filme.
O processo de fixação
Consiste na retirada dos cristais de prata, sendo que a prata revelada é
removida de modo mais lento que a prata não revelada. Assim como na
revelação, o tempo Também é importante, porém não tão crítico. Finalmente
o filme deve ser lavado e secado. A lavagem remove todos os traços
remanescentes dos produtos químicos utilizados, evitando a mudança de cor
com o tempo, e a conseqüente degradação da qualidade da radiografia.

Densidade ótica
A imagem no filme radiográfico consiste de variações de prata metálica retida
em regiões localizadas no filme. Através do negatoscópio, a quantidade de
prata em uma área específica e a intensidade de luz incidente determinarão o
escurecimento do filme. Para quantificar esse conceito e remover o fator
intensidade de luz, utiliza-se a densidade ótica (densidade fotográfica,
densidade do filme ou densidade). Densidade ótica (DO) é a porção de luz
incidente que passa através do filme.

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