Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
. 11
A emenda popular de
reforma urbana
Quando cm um dos lnecW de documentos assinalados Franklin
Dias Coelho regislmva motivos pelos quais havia sido momada
a lula pela Reforma Urbana, mrcria-sc à píoposta encenada cm 1963
durante um congrcm do Instiluto dos Arquitetos do Bmil. Prece-
dendo ao golpe militar do ano scµinlc, lai prWosla pr'acndia sc inserir
no conjunto mais amplo das Reformas dc Base que contavam com o
apoio dc amplo scgmcnlos da população. Contudo, limitada pelo
pouco apoio popular. uma vez que sc cnconlmva rcslrita a um grupo
não muito grande dc pMissionais c imclccluais (cconomistà& ar-
quiletos, sociólogw c p3rkimçnlanes), a proposta dc Reforma Urbana
- que apresentava soluções pm os graves µ'0bkmas habitacionais
que já sc faziam sentir ms cidades -, desaparece, não encontrando
o mesmo dcslino da propom da Reforma AgráM. Esta pcmançcc
nos debates c polêmicas nos anos da ditadura militar c ocupa lugar
dc destaque no período da transição conservadora que viveu o país,
Ieccnlcm¢ntc,(22)
Frente à possibilidmc dc apmscnlaçào dc emendas populam à
AsscmblCia Nacional CocjsIiluintc, 1987 mama o tempo dc cmcWCn-
cia dc uma nova proposta poµ1ar, desta vez com o amplo apoio de
cntidadcs c movimentos compromctid% com as lulas populares.
Assim sc Mete à Emenda Pcpular dc Reforma Urbana. a arquiteta
Ermínia MaricãO, responsável pela sua defesa perante a Comissão
dc Sistcmmimçào da Conslituinlc:
"A cmcrda Npúlar dc reforma urÍkln3 C uma plataforma mullantc
(Kls (OK'às sócias que participaram dc sua clabomçào. mais que um3
emenda à Ccnslituintc. DM sua imponãncQ Sua formulação sçrj3
inviávd sc não fosse pmccdicla dc um ceno 3cúmub de propasiçõo
c mncxõcs, rcaiiums poe cnlicladR vinculadas às lulx urbanas:
muluário$, inqui]h1o& pqsscMjS favelados, arguimos, N%afos.
cngaihcim, advctpd« clç...".¢»
Seguindo o calendário do Plenário h6.Panicipação Popular na
Ccmiiuinlc, a Emenda PUpular dc Reforma Uibana foi escrita cm
um espaço dc tempo muito cuno lendo sido minada por seis enti-
dades nacionais: Aniculaçao Nacional do Solo Urbano, Fcdcmção
Nacional dc Arquitcto& Fçdcração Nacional dc EngcnhK!inos, Coor- (22) COELHO. Framn
Di3s, 1989; 0, MA.
dcnaçào Nacional das Associações dc Muluârios do BNH, Movi- FUGATO, Erminb,
mento cm Defesa do Favelado c Inslilulo dos Arquitetos do Bmsil; jm.
além disso oblcvc q apoio dc 48 cnlidacks csladuais ou locais. {23} MARICATO, Ermi-
1988, p.¶0.
13
:'; ' :" " ';':' " ' ; ;: . : ' ' , ; :; '
Conquanto ruo seja objcúvo fazer uma análise detalhada da
Emenda Fbpular9"cabc ressaltar aqui um resumo dc alguns aspcc1«
da proposta, onde sc destaca a função social das cidades. As cidades
cumprem sua função social quando a justiça social c condições de
vida urbana dignas forem amguradas pelos direitos urbanos, que
englobam não só o acesso de Iodes cig cidMàos aos cquipamçnt«
c serviços bbi=, como moradia trantqxmc público, saneamento,
energia clctnca, iluminação pública. comunicações. oducaçao, saúde,
lazer c segurança. etc.. bem como o acesso à gestão democrática das
cidades c à prcscrvaçào do patrimônio ambiental c cultural.
Um dos direitos urbanos Íündamcnlais pm o objetivo da jus-
tiça social no espaço das cidades vem assinalado no direito de pro-
priedade, pelo qual a Emenda propõe Beú condicionamento ao In-
tcrcssc social as) e sua subordinação ao emelo social dc ncccssidack.
Em Felação ao direito dc uopricdadc c à qucslão do uso do solo, a
Emenda assinalava, cntm outros, a ncccssidadc de scjxírar o direito
dc propriedade do direito dc construir. no qual este último passa a
ser çonccssão do Poder Público (direito. por exemplo consagrado
na Itália àtMYCS da Lei da Reforma Urbana dc 1977); a dcsapropria-
Cão d& grandes propriedades ociosas (pagamento dc indenização,
cm títulos da dívida pública resgalávcl cm 20 anos); c a penali-
zação. pelo Poder Público Municipal, do proprietário do solo ur-
bano ocioso ou subutilizado que não promova o seu adequado
aproveilamcnlo. Aqui C imponaruc assindar que a proposta poµmr
visando coibir a cspcculação imobiliária demandava como penali-
dades a tributação progrcssiva cm relação ao tempo e à extensão da
propriedade, a ncccssicladc dc sujeitar-a à desapropriação por inlc-
lesse social ou ao pamclamcnto c edificação compulsórios. Na qucs-
lão do uso do solo c direito dc pmphcdadc ainda inclui-se o usucapião
especial urbano que, na Emenda Fbpular, permitia a aquisição do
imóvel tanto cm áreas pÚblicas quanto privadas por aquele que
ocupasse uma área dc a4C 300 m', c cuja pom do mesmo não tivesse
sido contcslada durante mais dc IN anos. Além disso, a Emenda
Popular provia o usucapião coletivo Qtr'avç3 da ação dc cnlidlbdc
comunitária, bem como oulms instrumentos tributários c jurídicos
nas mãos do Poder Público, lais como o imposto progrcssivo sobre
(24) A propogta Poç)udar imóveis, concessão dc direito real dc uso, discriminação dc [cms
de Emma ao Pro- públicas, cic.
pio de Gon6Utub?ão
enooc7|ra-m no Hnal Na questão da política habitacional a Emenda afirma o direito
Imo.
à moradia, entre outros dirçitos urbanos, determinando pm o Poder
(25) a Emma PoNkr
noparagrafo2 do ori.
PÚblico uma 9Cric dc responsabilidades na elaboração dc políticas
6' defino: "Por inR. habitacionais que implicam: a mgularizaçao fundiária; a regulação
re$$0 soaal en· do mercado imobiliário; a urbanização dc áreas ocupadas ou cm
knde·sc a neces&·
dadodo knónn0lpara condições de sub-habitação: o financiamento piam conslnjçx c aces-
programas mota· so a programas piblioos dc habitação dc alugucl; a proteção do
dia popular, para a
hMlú3;So de 1Mra·
inquilinato; cic. No que loca às pÒlfücas habitacionais a serem fixa-
esmura, de 0qui· das cm Lei Federal a Emenda Popular avança na proposta dc des·
cjamemos $oã3i$
Uamcnescok& ccnlralização do poder pela afirmação da autonomia municipal, c
VOS". prevê maior controle popular sobre a gemo das políticas públicas,
14
quando assinala que: "as políticas e projüos habitacionais serão
inu)lementadas pelo Município de foma descentralizada, cabendo o
controle direto da aplicação dos recursos à população. através de
suas entidades representativas".
Quanto aos serviços públice, tentando eliminar o lucro obtido na
exploração privada dos serviços públicos, a Emenda Njpular Nvê a
proibição do uso dc recursos públicos para subsidiá-los, quando opera-
dos pela iniciativa privada Além dim, propõe para os transportes
coletivos urbanos. subsídios municipais e estaduais e tarifas a serem
fixadas de acordo com o saiano mínimo cuja autorização deverá ema-
nar do Legislativo. Em todo o processo dc fixação dc tarifas sc pro-
põe a mais ampla divulgação dos clcmcntos envolvidos cálculos
tarifários.
Finalmcntc, cabe ressaltar uma das temáticas principais da
Emenda Popular que abarca os direitos de cidadania e que aponia
para a demanda dc ampliação da participação popular na gestão
das cidades. De Um lado, através de mecanismos institucionais dí-
netos ou dc legislação semi-dima como o plcbiscilo, q mfcmndo c a
iniciativa popular dc Icis. Além dessas, outras formas de partici·
pação popular são assinaladas como audiências pÚblicas, conselhos
municipais dc urbanismo c conselhos comunilários. Sem a garantia
destes direitos dc cidadania (que abrigam ois direitos à Cidade ou
direitos urbanos), as medidas assinaladas na Emenda dc regulari-
zação fundiária, políticas habitacionais c dc serviços públicos. dificil-
mente poderão garantir a justiça social no espaço das cidades, valor
maior implícito na bandeira da Reforma Urbana. Neste sentido, a
Emenda assinala que o poder municipal, na elaboração c implanta-
ção dos planos de uso e ocupaçX do solo, de transportes e gestão
dos serviços públicos. deverá garantir a sua aprovação pelo Legisla-
tivo, contando com a participação da comunidade, através de suas
entidades repmsenlativas. A Emenda ainda demama um mecanismo
inslilucional de lcgislaçâo semi-direta: a iniciativa popular de leis
no âmbito municipal, "medlanle prqposra articulada e lusiTcada de
cidadãas elellores em número equlvalenle a 0,5% do colégio eleito-
mr; e. a possibilidade dc veto popular para suspender a cxccuçáo
de lá urbana (promulgada) que contrarie os intcrcsscs da população.
O velo poNlar se daria quando apoiado por um conjunto dc cidadãos
que mpmscnlassc 5% do eleitorado municipal, e, quando a ici rosse
objeto dc velo, deveria, automaticamente, ser submetida a rekren·
do popular.
Ainda quanto aoG direitos de cidadania incluíckxs na perspecti-
va dc gestão democrática da cidade deveria ficar mcgurado o amplo
acesso às informações sobre políticas púbicas. Além disso pmcura-
vã-e, na falta dc lei que masse da qucsláo urbana, que a eficácia da
noma constitucional ficasse garantida, por iniciativa do Ministério
Público ou qualquer intcmssado, que poderiam rcqucmr ao judiciário
a aplicação direta da noma, "ou, se/or o caso, a sua regulamentação
pelo Poder Legislalivo". No caso do Judiciário decidir favomvclmcn-
.. 15
lc pela aplicação dima da noma, sua decisão teria força dc coisa
julgada a partir dc sua rxiblicaç».
Conquanto fosse muito cuno o espaço dc tempo pm rcdigir
a proposta dc Emenda Pcipular, cIa poderia Onda ter abordado outras
temáticas. Assim sc cxpirc%a MARICATO:
"Esta pfoposla expressa um momento e um estágio dc articu)ação das
forças socjaÜL Dai apresentar omissões (relativas si meio ambiem
à questão municipal e regional, à reforma Uribulária). c imprecisões (x)-
He a polílica habitacional e de serviços pÚblicos). Mas consliIUi, sem
dúvida. um primeiro passo para a supcràçào das lutas localizadas e
meramente rcivindicmócias, contrapondo à ordem social vigente um
ouua (xdan, oonstru[d3 com a panicip%ào democrática. A existência
dc uma platafoma oferece metas ao movimcnlo, contribui p3ra a
unificação das lutas específicas c incorpora $cúx'c$ dc massa à parti-
cip®ã0 politica más gcmj".m
16 ,
Conquistas e limites
constitucionais
Promulgada a nova Constituição Federal cm outubro dc 1988, C
preciso registrar, antes dc mais nada c aimla que dc maneira breve,
algumas conquistas ç limilçs consúlucionais. Isio tamo quanto ao que
sc refere a uma serie dc direitos sociais. póK11c(n c ocdclivos, que
implicam na pcrspccliva da ampliação da participação popular na
amão da coisa pública.quanto ao que diz ncspcilo à polüiça urbana.""
Apesar da questão urbana aparecer na nova Consliluição com
uenas dois artigos. C a primeira vez na história conslilucional do
pMs em que cIa C lklt:Kkl em um capítulo cspccial intitulado "Da (27) No qu~do 80
Polúica Urbana". sob o lítulo da Ordem Econômica. soHcipor a Uma
1Nufa Mpria dos
L%o no início do capítulo da F\0lfliça Urbana, apamçc o novo e$Wcialisla$ em
papel político que a Consliluição Federa] atribui aos municípim ao Neno Mo há dú.
vidas que a àae·
(ksccnlmliulr compctCnáas que antes eram da estua exclusiva da matização a aguir
União. A pcWcctiva da diminuição das dcsigualdadcs no espuo neste
cks cidades, embora de mmcirj límida, aparcoc na função atribuída içxid, dgvu em nui·
to às anáÁ$c$ e
ao município dc cxccutar a Níiica dc dcscnvolvimcmo urbano alra· comemários que
vês da extensão dc uma stlric dc direitos urbanos a todos os seus vem sendo de3en-
cidadãos, c visando gamntir"que as cidades cumpram a sua função vdvidos, de fôrma
vdbsa e
social e promovam o bem estar de seus habicames". liva pelos jurj3tà3
que a$$0$9oram os
São dois instmmcntos básicos minal:idos para a política mounenm poç)u·
urbana a serem dcscnvolvidos pelos municípios. Um cICIE ressuscita Iam wbano8. em
todo o pai8. Sob(0·
novamente a ligura do Plano Diretor (IãO cm voga nos anos 70), tudo. por &CµW$
tomando-o, %orà, obriCatóno para as cidades com mais dc 20 mil vm acompa-
nhamo o Mod-
habilmtcs. O outro inslmmcnlo mfcíe-sc à garantia do direito de mento Nacional po-
propriedade incluso no çapflulo dos amitos colclivos. Ia Rg6ocma Urbana,
aolongod0 sua wa·
Entre aquilo que implicou cm impomnic modificação no omc- jeuia Em especia
namcnto jurídico vigcnlc rcssalla-sc o dircito dc µopriçdadc que vejam·m os kmos
passa, agom, a estar sujeito "ao disciplinamemo do direito público, de BALDEZ. kSgud.
1989 a; mg b:
c não mais ao direito individual subordinado ao direito civil, de ca- 1990 a: 1990 b:
ráter privado". ç") O dimilo dc pnopriçdadc dctçnnina que esta alcn- SALLE JR..NekoeL
1990, a.b e c
dcrá à sua função social guardo alcnckr às exigências dc ordena-
do da cidade expressas no PIano Dimor. a propriodadc urbana pas- (28) SALLE Jr., Nelso^.
1990 C.
sa a ler a obrigação dc atcndcràsnormasdc dimilourbanísüco. sobre-
(29) ANna8 exmo 0·
tudo àquelas rcfcrcnlcs ao uso c ocupação do solo urbano, o que conté- wmpb, bam atar
m um grau maior dc responsabilidade para a clabomçao da po]Ílica qw a CKl&Cb0 do Wo
urbana dos municípios. através dc seus Planos Dimoms. Paulo |Gm hclje um
déhcjt habitacjma
Ao dclcrminar a função social da propriedade, a política urbana do um mi! ck
moradia& enquamo
constitucional visou penalizar píDpriclários cujos menos são manti- sQus tormnos vã.
dos desocupados ou mal utilizados, c cuk ociosidade sc mjstcnia cm aios comspo¢i&m
a 26.1% cb lolal eh
função da cspcculaçào imcbiliâria, principalmmlc pen menção dos ama 16quida {jeba-
vazios Urballos.cm ruüvd.
17
"NÓs dcscjávamos que a cspccubção imobiliária fosse punida através
da Consliluiçào Fcderd e os constituintes colocaram alguns obstácu-
los diíkultando essa punição... O você tem hoje dc principM que
impede a Reforma Urbana C o problema da função social da proprieda-
(30) Na nova Constiwi-
Gso. o R3der PWi- de, num pais aonde m3js da metade da popul%ão vive urna $itjmção dc
go MtmicipaL Don- miséria, aonde faltam tO milhões de mora&s-. O problema (kl função
heme a5 drc¶nz0$ social da ptoprÍcdiKk C que sc µeçisa Kr mecanismos cfclivos (k
do PIano Orem
"coera exigir do proibiç3o da c$pcculaçào imobiliária. A dcsaprWriação. cIa veio
µoprÍetàno do mio contemplada cm partes, qucrdizcr camose o lrjbalMdor ú=c etapas
wbam não CãS. para mocar, também. Então. durante estas cWas está &cno o jogo pa·
cado. sUbUslizmo
ou ruo US.izmclo,qu0 rã a cspccubçáo. A cksapmxiaçào teria que dar cm etapas mcncycs,
pmmov8 seu 3deu dc tempo menor, para viabilizar 3 própria &sapcopri«ão. atmvCs do
quado aprovei|a· pagmncnto da indcnúação cm lilu1« da dívida pública", di)
memo. sol) pena
$Uc0$s|vamente Embora a Constituição Federal não tenha gamnlido o direito à
dc: parcelamenlo moradia - um dos direitos fundamcnlais inclusos na proposta dc
ou mmção com·
pukonos: 1mçx>go Emenda Fbpul:ír -, a conquista social incgávcl parj o Movimento
mtr0 a pcoµied3· dc Reforma Urbana no que toca cspcáficamcnlc à PUlílica Urbana
ck predai »rn-
tonal urbana p(0· foi alcançada com a instiluição do usucapi» cspccial urbano. fruto
gussivo m tgmpo: de inúmeras lutas urbanas, apesar do texto constitucional ter contra-
·. dewxom%ào riado a Emenda Fbpular que previa o usucapião para quem ocupas-
com pagamento
median|e DtljlOS cIa se uma área ck até 30Qm' durame mais dc uês anos. O novo texto
eSvida pública cklcrmina que quem ocupar uma área de aló 250 mctroç quadmm
emi=ão Aprowk$a
pejo Senado F0. durante mais dc cinco anos - sem contcslação, c para sua moradia ou
deml, prazo dc sua família - terá direito dc posse. desde que não seja proprietário
de resµ» dc a»
dc outra área, urbana ou rural. Tockvia, com a possibilidade dc ob(cn·
dez 3n», Qm par-
em arlum%. iguat$ ck l¢gularitaçao cIa propr1®adc abre-se, para a população dc bai-
e wcie$àYa$, a$· xa rema. a pcrspccüva dc uma maior igualdadc na apropriação do
88gjrados o vallor
real d3 iMeni:a. espaço urbano, principalmcruc aquela que habita a cidade "clan-
Cão e os p'd' 'e- destina" almvCs cIas ocupaçOcs colclivas cm favelas c kjccamcnlos
©is". {Paragrafo 49 clandestinos.
8rtiçp 182 d3
Constiluição Fq. Também C imjxmantc xsinalar que, embora a nova Constitui-
erai).
ção não (ivcssc ammido diferenciar o direito dc construir do direito
(31) En!revim reaEza· dc propriedade. tal como demandado pelo Movimento dc Reforma
da Odo POLIS Dom
Llaz Paulo Tcikcs· Urbana. os juristas cnlcrxlcm que já quc"o direito de propriedade
rã Ferreira. }989. tem o seu regime jurídico subordinado principalmente às normas
18 ' > .
Ç . , ..
de direito público. nada mais justo que chegar a mesma conclusão
quanto ao direito de conslruir".cm Isio pcrmilc à esfera municipal,
sempre dc acordo com sua política urbana, embasar instrumente
urbaníslico$ como o solo criado, mecanismo já adotado cm outros
paim. Dc acordo com este instrumento, o Poder Público cslabclccc-
ria um pcrccnlual dc ama con4rüfd7 (çocÍicicntc único) em relação
à área do terreno incrcntc ao direito dc piqpricdadc. Acima deste
cocÍicicmc único dc apruvcitamcnto, o direito dc construir nas amas
que cstivcmm dc acordo com a política urbana pcdcrá scrvcrklido pe-
lo Poder Público. Ou seja. cada melro a mais conAruído além do
oocÍicicntc único a ser pago pelos propriclários dos lcrTc= ou
cmpmcndcdorcs imobiliários visa misarcir o Poder PÚblico no invcs·
limento que já realizou na infm·cstrulura dos terrenos urbano& c,
ao mesmo tempo, capitalizá-lo pam novos investimentos ou amplia-
ção dc infra-csuulum cm mnas ou rcgiCjcs menos privilegiadas. Nes-
te sentido, a valorização da área inicia seu processo dc momo à
colcüvidadc na forma dc viabilização dc invcslimcntos públicos.
Quanto ao novo pape] político dos municípios cabe assinalar
algumas competências atribuídas pela Constituição c que implicaram
cm uma maior dcsccntmlizaç3o do poder à nível lcdcral, em benefí-
cio dos Estados c municípios. Cbnslilucm-sc cm instrumente que
permitem uma justiça social maior para as cidades, como C o caso
da reforma tributária, ao conferir caráter progressivo ao imposto
predial c tcnritorial urbano (IPTU) com vÍSl3s a =gumr o cumpri-
mento da função soàal da jmpricdadc, Isio na medida cm que alí-
quotas difcmnciadas incidirão sobie os imóveis urbanos, dc acordo
cm seu tamanho, localização c tipo dc uso. Além da reforma tribu-
tária servir de garantia a uma maior autonomia municipal, a Comi-
tuição ainda facultou ao munic(pio a cobrança dc laxas cm função
da tmstado dc serviços públicos. c a cobrança dc conlribuição dc
mclhocia dcconcntc da valorização da área que recebeu obras públi-
cas, ç que deverá incidir sobre pmpriclários que sc bcncficiam indi-
mamente. Existem aima oulr3s atribuições importantes que recaí-
ram sobre os municípios. como organizar as serviços públicos dc
interme local, dentre quais a Constituição çlcgc os transportes
colclivos como lendo caráter csscnciaP't (32) SAULE Jf.. Nelmn.
1990 C.
Há um conjunto final dc considcmçõcs que apontam com maior (33) A C0n$tituiçSo Wm-
para a quemo democrática ao abrirem para as Conslituiçõcs Hm atribui ao%
Estaduais, Leis Orgânicas c Planos Dircloms Municipais, alguns ins- municipios. entre
oUtros, premr %ee-
trumente que pIcvçcm a participação popular na gcslão das cidades. wç'os e programas
Assim, aodçfinir os preceitos que devem «mardas Leis Orgâni- de 0duç&ção pró-
cas Municipais. a Consiüuiçào Federa] atribui como princípios bási- Qçcolare de en8im
hndamçnCd; p'e8·
cos dcslx Icis, cmm 0ulros:"a cooperação das associações repre· :ar serviços de
semativas no pLanejamento municipal, e a iniciativa de projetos de atcndimonto à
da popaa·
Ici de interesse espcc//íco do Mun/c/pio. da cidade ou de bairros, Cão: promomr o
através de manifeslação de, pelo menos, cinco por cento do elei- planejamento b
torado". Aqui C incgivci o peso que podem ganhar as associ3çõcs con:mlo Go uso, do
parcelamcmo da
comunitárias, dc moradores, c outras cnlidadcs como os sindica- DcupWão do sob
m, etc., no plancjamcnto das cidades, participação esta que deve- wb3no; pcomovcr
rá ser dclinida pelas Leis Orgânicas que sc transformam mim cm a pcoseçào do pa.
trim&i0 hi5|órico·
Constituint« Municipais. Também C inlçrçssantc otNcNàr, como cumrd bcd, esc.
O Ç Ç«> 19
.. . . ..
aponta BALDEZ, que o tcrmo"coq7erar" terá o sentido que as for-
ças ppulares, organizadas através de movimentos c entidades, vie-
rem a dar às formas dc pmicipaçào na gestão das cidades, quando
da clatxmção das Leis Orgânicas. 'y'
É imponamc Mimar quc os pnncfpios dc participação popular
na gestão das cidades terão a sua eficácia totajmcntc dcpcndcntc da
capacidade dc organização e de mobilimçilo da sociedade civil, so-
bretudo através dos movimentos sociais organizados. Esta observa-
(34) BALOU, Migud, ção vale. principalmente para os Planos Diretores. onde dever» fi-
1980b,p,n. car rcgulamcntados clcmcntos fundamentais pm as cidades como
(35} COELHO, Frmklin Icis de zoneamento, mecanismos imutem dc investimentos, legisla-
Dias. 1989, p. 14. ção dc par'oclamcnto do solo e vários outros inslrumcntos urbanís-
(36} ROLNIK. Raquel, ticos. E aí o risco que sc corre, mais Uma vez, C a sua elaboração
1990. p. 215. sem participação popular, colocando·os novamcnlc sob o conuolc
(37} BALDEZ, Miguel, lccnocrálico dc plancjadoes, como nos anoG 70, onde a maioria sc
1969a,p.9.O3rligo cnconlrava compromissada com os intcrcsscs da apropriação capita-
60 quo trata da jim da cidade. QuaMo não vinculMos a estes inlcr'csses, sc criem-
Emenda à Ccna·
tuijçào. 3$$injk em Iravam çxccssivamcnlc centrados nE aspectos técnicos dos Planos,
*u parâgab 40.: csqucccndo·sc que, fundamcnlalmcntc, estavam perante uma tarefa
1450 sarã oCMode csscncialmcntc política. Como aponta COELHO:
&Wr&çSO a pro-
pose dçg 0mend3 °°A organização (k) espaço urbano sc coloca como um pmccsso que
1WXBM¢0 a abcMàr:
.,JV- os dkei!0$ e envolve pactos territoriais e um novo modelo dc dcsmvolvimento
g8rant/a8 indivi- urbano a ser di$¢ulid0 com a populaçào...Caso contrário.-3 poliliza·
cuds: Cão d3sltms dc b3iuo$ c o «mimemo da luta pela rclçxma urbana
(38) BALOU. Miguel. podem fiem rcsuingiW poe uma discussão mcmmcnlc técnica e
1989 a. Em rglaçào físico-urbaMsüca"U
às buis pcpUlàr0$
para a r€Wladza· Na mesma linha, ROLNIK aponia:
Cão cg lotaw10n·
tos abandonikjos, "Crescente número de plancjadom está cada vez mais convcncicjo
o autoc 6Ü7da rês- dc que o sucesso dos planos urbanos reside mcnE no seu contado
&"üla qw, além do
Usucapào especial
t&nico-cicnü(ic0 do que na sua problcmalizaçào política. É neste $cn·
Lxbano as cLams Udo que sc (ala cm pojiliuçao do plancjamcnto: não só a ttarLqla-
populares çx)ckrà0 Ència dos plarkjs c do plmcjmncnlo, mãe a co-responsabilidade da
anda cortar com o
ckcilo cons:ituoQ- população na sua formulação, conteúdo e cxccução constituem as·
rklj do mandado del poejos bãskenacxtcn$ãomia],eon&nicac Nlílicadacidadania. Esse
xggjrança colem C o grame dcmno que o pianeµmmo urbano çnfrcnta hoje'"."®
que pode ser re·
queria pela "asso- O mesmo impcralivo da ncccssidadc de cwganizaçào c mobili-
ciaçãodermmdçjce5
cotiu3 qWquor au.
zação dos setores organizados da sociedade sc coloca quando sc ana-
tondade mlmicipal lisa alguns dos direitos colctivos. sociais c Níticos cslabclccidos na
ou estadu3|, ou nova Consliluição FçdcraL Conquanto rcprcscntcm um avanço cori-
c$e entidade
pÚblica (conce$· sidcMvcl Mo há dúvidas que a Constiluiç3o Federal ama apare-
$bnári8 ¢e sbmço ce bem oompromaicla «m os interesses da iniciativa privada. Mas,
pÚNlco)qumo.w
mo sou. urna d8$·
por outro lado, também não há dúvidas dc que o r'eccnhecimemo
$a$ pessoas caus8 dos direitas coletivos, sociais c políticos constitui um ceno avanço,
prejuízo que rcpcr· embora, como aponte BALDEZ, lais dircilos podem ser abolidcs
cUla Cobro O botoa
mento concockndo, por torça de arügo consliluçional, çnquanlo os direitos individuais não
por exemplo. ao 10· são susccpdvcis de serem abolidos. 1)7)
temor Uma Kj0nça
indovlda, ou 8C81· "É ncccssáno garantir a pmicipaçao conucla IbO continuo e pcrmancn-
mnclo Domo boa ou te plancjamçnlo dacidadc quc&ve incorpomr, cm suas fronteiras dc ur-
conduida Uma obra
de6eituom Quimca. baniubçào,a nao·cidadcem quehabiw a miwhcspoliada da população
bada". 8ALDEZ, urbana'W
MÇkjd. 1989 b.
20
Em relação a alguns direitos sociais c polílim que visam
garantir um princípio fundamcn(a1 colocmo na nova Cm13, que é a
ampliação da cidadania, observa-se que o texto constitucional mílclc
o embale entre traços fortemente comrvacbom da cultura política
brasileira «m alguns mecanismos de incgávcl imponância para o
avanço democrático. Dc um lado, abrem-se amplx possibilidades
dc ampliação da participação popular lmzcMo pm o centro do de-
bate os vÍnculos entre romas dc democracia rcprescntaliva c demo-
emela direta. Neste último scnli« aponta-se para a soberania popu-
lar a ser exercida "por meio dc rcpmcnlanxcs eleitos ou direta-
mente" através dos mecanismos inslilucionais amo referendo,
plcbiscilo c iniciativa legislativa. já cxistcmcs c ulilizados cm inú-
meros países dc tradição dcmocrálicm, ande sc destacam a Suíça c
Estados Unidos. Todavia, como à[XjM3 MOISÉS, difcenlcmcntc
(39) moisés, joa Ar
do que aconlccc nos outms países onde as pmpnas CònstiluiçOçs varo, ¶990, P.82.
Mm ser mudadas através dc rcfcrcnçjos, onde a iniciativa legis- (9Lâukc). cau re8-
laliva C a mais ampla possível c onde as Icis uxjcm ser dcrruMdas 8aj!ar aWi quea
çÍalw popular foi
por veto rK)Nlar, aqui as forças conscívadom operaram no âmbito 0quacionada no
da Constituição Federal no sentido dc limitar o Merendo e a inicia- âmbito djs Leis Or-
gàn= da mâona
tiva legislativa, que não abmngm"o direito das cidadãas imroduzi-
rem mudanças na Consúcuiçáo (no pLano federal), nem a altcrnaüva do Fqw, ayavús
do velo a uma lei ordinária que não seja de seu agradoou que contra- da pmpmiva do
küagtiva pojMar
rie amplamente os interesses sociais". ¢39) Desta fbrma, a figura do veto Dm projetos do
não constou do texto conslilucional c os mecanismos do muemo emenda às Lei8
c plcbiscilo alma aguardam a sua rcgulmncntaao. Isto sem falar Orgânim,6 de beis
de in:ergss8 es-
na confusão ç dúvidas que ainda despena o texto constitucional no pecifico do Mlj·
que sc refere a estes mecanismos. Como aponta BENEVIDES, além rücipb.da ckmeou
de HirTD3, esta Úd-
dc aparecerem no texto citados scparadamcntc. e ponmo não como tirm bema, prgvfsw
sinônimos, o referendo aparece via uma "aulonz%ão" do Congres- pela C'ormi:uição
so, çnquanlo o plebiscito dcpcndcria dc uma "convocação"; neste Fedord. Vda-se
SAULEJR., hblson.
scnlido, a autora sc pergunta: "quan autoriza não convoca? quem 1990 (9Nb$ meu8).
convoca não autoriza? ou nada disso e ijupo"tame?".m Além da im- (40) BENEW DÊS. Marla
precisão, a falia dc r¢µlamcnlaçào até os dias dc hoje c mesmo a Victória, ¶988.
pouca divulgação dc opiniões c dcbalc público sobre a djsli%':bo en- Clu8nto á ddimçCjo
geralde refwrKSo e
te os temos miringe a Utilização dcslcs mccanimos. num claro iaebkcito, a mora
prcjufzo para a ampliação da participação popular na gestão da coisa assim Ge More:
'Hqje. Imo Me-
pública. rendo qtmmo pkm·
cito São enlenddcs
como mecan$mo8
para aexpremo da
oçNnião ou da von-
tade (kjs ciamos -
em votação |N'r0 e
secrèt3 - sotxp Uma
meada quo Ibi ou
çXjC\Mâ vir a sQraclo-
wd3 pesas pocl'ores
conslituidoG. no
pIam fodoral ou
kjcar. p.21. Mas
&çKml3txntnm para
a cQnhjsão entro dg
dois mec3rUmo$,
não só no meio po·
hlm como Mmbém
en¥0 os µr8las.
21
Espaço e tempos de
um movimento
A TRAJETÓRIA DA EMENDA AO TEXTO CONSTITUCIONAL:
UM CAMPO DE LUTAS
. . 23
. · " . ' ' ': :' ' " " ' ' ' ' 0 .
pol/lica urbana"; "Quem perde,quem
ganha com a rçfurma urbana" (migo Cu scju UM SEM 1"ef?f'u\
assinado pela arquilcta Raquel Ro'- -, pR,C&=áà âEc¶à?
nik); '"Reforma Urbana. Poucos ", MUMRI mcwmfnto um/dqs ly ~aw
avanças"; etc. ": EG/ n' WTERLAGOS - S'P &":'
25
. .;1 . K W.q.qvqç q . ... .... .. . .. . r
27
· Ç #»xqcm&©00000cx»« -"·
' ;1 fato dc que C cxalamen-
te neste período que ga-
nha força. no seio das
entidades c movimento
populares das grandes
—- .)·vt'::b±,, cidades do país, o dcba-
lc sobre a unificação e
...:" , 1 articulação dos mo·
"'" jSSQC - :m,umr m, mw.
. j
ak'8 · vimemos
(k, criaçuosociais
de uma através
Cm-
' " m|lmllm: : : ' "'·' ·
V =
lrjl dc Movimcnlos PO-
Wlams, ms moldes que
criaram a CUT - Central
Única dos Trabalhxlo-
adiuana palune3o -umão dos ydvwentos ce kk)radulw nês. Neste dcbalc surge
uma Mção que cm cer-
to sentido sc opõe à Ccnlrjl dc Movimentos Populares, que pmCa
que a articulação c unificação não deverá se dar via um3 Central mas
sim alravCs dc uma b.ínckira que articule c unihquc o movimcnlo,
tal conio C a baMcira da Reforma UrbanaS©
Por oulno IMO, a forma dc organimção do Movimento Na-
cional pela Rcfoma Ürb3na, articulando um conjunto complexo dc
entidades c movimento. possibilitou um OUltO olhar c Uma releitura
do papel dc lícnicos c àsscm)rcs junto aos movimentos e cnlidadcs
populam;, onde a ação dos advogados c juristas, phnciµlmmtc,
mas também ck arquitetos. cngcmiros. gctSgrífos c sociólogos ad-
quirem um outro significado para a superação das lutas localizadas c
centradas, na sua maioria, nas rcivindicaçõcs imediatas.
28 ' mc- , . - · . . - H. .. . . ..
"; :" "'. " ' "' · " . .. . .. '
lks, mas também o direito de participação na gestão da coisa pública.
Um exemplo neste miúdo pode ser dado através dos Movimentos
de Saúde da Zana Leste dc São Paulo. Sc anteriormente se reivindi-
cava posto de saúde, hoje se demanda participação na elaboração
das políticas públicas de saúde.
"Oma, o movimcmo peja Reforma Urbana l...) cIe já não 6 mais um
patrimônio das entkkKks, ele já ganhou o pk)vUo, a massa. Então uma
das cxµes$õc$ do movimenlo popular C a pccssao. são as pmcalas.
ao as ncg0ciaçõe$, são as µé$$ijC$ sobre os órgãos pÚblicos, sobre os
parlamentam, a ocupação de tem também C um3 cxµrcssao do movi-
mento de Reforma Urbana. a participação popular através dc emendas
populam dc pl¢b&itos, de 8UdjêncisLs públi= (.J E exim também
uma outra dimensão... um3 dimensão, vamos dizer. legislativa insli-
lucional, que C a cjaboraçào d3 Ici. Essa tem sido ai pelo calendário
do Brasil, Constituição Fedcml, Constituição Estsdua] c Constituição
Municipal (..J. Em tem sido uma pMiíc3 C...) que o movimento &m-
miu e já está discutindo lá, como C que formula anigcí negócios
que a gente nunca discutiu, então isso tem sido uma prática nes-
ses últimos tempos, dc dixutir no campo institucional tambCm".(m
Tanto a questão da unificação e articulação das lutas c reivin-
dicações, como os direitos urbanos e direitos dc cidadania que emer-
gem através de uma outra instância dc participação - a instância
jurídico-insütucional -, difcrcnciam movimentos como este dc Refor-
ma Urbana c outros, dos movimentos na década dc 70. Aqui a
linguagem dos direitos (»), que permeia todo o discurso da Reforma
Urbana, transforma cm prátia social dos movimentos a tarefa de
entender a Ici, decodificá-1& claboraranigos c. prinâpalmente, debater
e discutir a Ici. Além dessa linguagem das direitos expressar o
reconhecimento da capacidade dc julgamento e decisão das emes
poµlams, inclusive na tarefa de elaboração e debate das leis, trans-
forma a esfera juríctico-institucional em um novo lugar de eme sc
desdobra a luta política, onde novos direitos poderão ser debati-
dos e negociado&
?')
Considerações
finais
Em sua curta lrajclória alguns limites tem sido apontaW [xiri o
Movimcnlo Nacional pela Reforma Urbana, não sc tendo aqui a pre-
ensão dc dar conta dc lodos çlc&
Um deles sc refere à pouca rcpmscnlalividadc popular, quando
da defesa c cnçaminhamcnlo da Emenda Fbpular c dos debates que
prcccdcmm à sua elaboração. Neste sentido, parccc não haver dúvi-
das dc que, realmcntm teve seu efeito Muco minimizado nos embates
da Subcomissão pela maior parlicipação (Sos ccxnüngcnícs dc lícnicos
c cspccialistas na quemo urbana, cm dclrimcnlo da fora dc pressão
dos mores po[xiKjtcs motmizados. E sc assim foi, essa parece (cr sido
a razão principal pata que não fosse contemplada uma agenda dc
maiores conquims cm lermos dc direitos demandados pela proposta
dc Emenda Poµlar. Vinculado a isto, outras çonsidcmçõcs vão no
sentido dc aµmlar para a complcxidadc dc orgmimção do Movimen-
to Nacional pela Reforma Urbana com suas múltiplas cnlidadcs c
movimcnlos, c qucslionando, portanto. a real mpíc$cnlatividadc popu-
lar dos agentes que compõem o movimento pela Reforma Urbana.
Por outro lado, outro limite que sc aponia C o dc que a bandeira
da Reforma Urbana não parece ler atingido a consciência po]Ílica da
maioria da p%ulação do país, pelo mçn« dc maneira sWúficativa,
como quando comparada com a bandeira da Reforma Agrária, dc 1on·
ga tradição dc embates c dcba1¢$ públicos e dc vasta expressividade
ao nível da opinião pública. Basta assinalar o reduzido endosso que te-
ve a proposta dc Emenda PqMar por parle dos partidos progrcssis-
lx c dos sindicatos. O legado hisl6rico apmla mia dimç:io. Afinal,
crk]ljanlo a Rcímtti3 Agrária ocupa o cenário das debates desde há
muito temi», a proposta dc Reforma Urbana, articulada cm 1963 no
bojo do proççsso das Reformas dc base do governo Jango Goulart,
roí aprOpriada pelo regime militar c rcpkxluzida no intcnor do ramo
da conslrução dando origem à Política Nacional dc Habitação com
seu tão malfadMo BNH - Banco Nacional de Habitação. 'm
Todavia. o que sc coloca aqui como rcflcxSo Mo C uma com-
paração cnlm bandeiras dc lutas com tradições históricas c tempos
públicos muito diversos, mas algo que está pmscntc tanto na bandei-
ra dc lula do Movimento Nacional pela Retoma Urbana como nas
lutas dc oulms movimentos sociais no pàf& nestes anos 80.
(59} COELHO. Fmnücjn
Como já sc disse cm outro lugar «n, a luta pela inscrição dc novos om 1989.
dir'cilos nas inslâncias conslilucionais do país c no plano jurídico- (60} SILVÁAm Amaia.
ingi|uçiona1. dc modo gera]. não sc rcvcslc da mesma .visibilidade ¶990.
. ..,,..... 31
Dom que os movimentos cIa década dc 70, mais "reivindican'vw"
mas também mais massivos, sc apresentavam nos seus confmlos
carri q ESUKK) ç órgãos públicos setoriais. a mobjlimçao dc movi.
mcnlos como d da Reforma Urbana sc dá pela maior aniçulaç3o de
(kmancks parüms cm tomo (k bondaras mais almngcmcs c T¢urün·
(b. muitas yczç$, um conjunto muito grame de movimentos unifica-
[bs xb a forma dc fççkmç^ ou aj©0 do lipo. como c o cam), só pm
cIar um exemplo ck S» paulo, da União dos Movimcnlos (k Mcmdia,
compcm pK)r uma arie & mwimçmos ac sem tem. (k favclacks
c mciçi@cs dc moradores cm çorli·
4 TERRÁ
'" "
" 10RAD\P "'" '"'"""" '"" """
e bajms da cida(k de Sb Rwl8
·branmno, 1m&m, 3 Gmrkk S»
' "" ". ' F'aub c o interior (b EslaKKL Sem som-
mu " OCA bra dc dúvidas, a União MOvimcn-
U NO35ATIRR
L los dc Moradia. cm São Paulo, apre-
sema-se cImo o mo'vimcmo social Ur-
barK) maior cxpm$ã0. E aqui rl30
M dúvidas que o papel principal nês-
mcyvimcnlos cm relação à bandam
dl Reforma Urbana Wm sido cxçrçido
pelas 3mmria$, um modo geral.
c pelas lideranças, o qw não invalida
K o Movimcnlo. Sc as Em¢rkla$ PWu)aru$
são assinadas cm nome CR demandas
que vism rcsm1+ mais cspccffim.
como mclhorçs çoMiçõcs cIC acmo à
ê t uma moradia digna. para a melhoria
das favelas dc uma cidade espcçffica.
cic., não há porque não falar ck um
l movimcnlo popular pela Reforma Ur-
bana, mesmo que os direil0$ à clade
e à cidadania, apareçam mais no dis-
çjt çum das lickrarlGLs ç =%Ot1X que
ç$|3o fa7£ncb Um csfofço enorme pm
i ' ' " dar o salto qualilalivo das reivindica-
eões cspccÍlicas c parlais para a mi-
peng* swwoo.~oocxs Ycrvwwrcmk
çukçX) ç unifmçao dc demandas (Ne
visam pKxhhâr uma cickuk mais jum. omc Nvakçam os mais am-
Mós direitos de cid3darüa. O que 9¢ qwrcnratizar C que mçmo que
sc cxpIicjle como uma bandeira ck lula pela Reforma Urbana.
muílas ck sux questões que ralam (k uma cidade 7mndesu"na", dc
carklições dc vida cspLiachs. ebé dcsigu3ld# social no acesso
aos erviços c cquipamcntos urbanos, dc injustiça social no açesso
à moradia, de múltiplas opre$$õç$ vivcnciacks no «xidimo, çtç.,pare·
Qan Qcupar o imaginário (k akguns movimentos sociais.
Mais (b que uma análige çompamüva entre graus dc
sividxk Lk tmKkimspolfliças.oquç rcssalla acuí c acmc®!ncia dc
novas formas ck luta Nílica, onde a Wesi» da eme» (k nuv0$
dircilos dc çickkjania c a busca dc maior justiça social sc dá alravCs
32
-'S
to descontínuo c frag-
mentado. Sc expressa Nc1AFcxbm-tuu carlos vljrau8kas
cm fomas extrema-
33
. · - ; . .. . ,
luta ou o ideário da Reforma Urbana ergue como um espaço
simbólico mostrando que, seja no discurso das lideranças ou de as-
scss1M*, seja na agenda dc intcrvcnçõcs c discursos das adminis-
trações municipais pmmssistas, ou dc parlamentares no Legislativo
«mpromissados com os interesses populam, seja. enfim, nas práti-
cas c lulas dc significativos movimcnlos populares, suas propostas
dc justiça social e ampliação do direito à cidade se expressam
cm uma mullipjicidMe de espaços pollcicos c numa diversidade dc
tempos públicos. trazendo para a rcflcx3o novos significaW para a
questão cidadania. Sua pnojcção para outros espaços c tempos pÚbli-
cos que não sc rcslringcm à lrajctória da Constituição Fedem] C obje-
to dc futuras Mexões.
m .. :. X* »Ú C oMmç·x.xmx~r~ ¥¥m