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Historiografia e história da historiografia: alguns apontamentos

CECÍLIA SIQUEIRA CORDEIRO1

Introdução

Este artigo tem como objetivo refletir sobre o conceito de historiografia, bem como
sobre a possibilidade prática da “história da historiografia” constituir-se como um campo
autônomo do conhecimento histórico. Sobre o primeiro ponto, o conceito de historiografia
mostra-se, à primeira vista, bastante simples. Entretanto, um olhar mais crítico revela um
termo cheio de complexidades que até o presente momento não foram solucionadas
definitivamente. Quanto ao lugar da história da historiografia como disciplina autônoma,
alguns autores – dentre os quais destaca-se Valdei Lopes de Araújo – defendem a
possibilidade de se pensar teoricamente a história da historiografia como um campo autônomo
do pensamento histórico. Mas, na prática, isso será possível?

Por último, destaca-se o caráter histórico da historiografia – entendida aqui como um


produto da própria história, repleta de historicidade – e a necessidade de se compreender o
contexto de produção das obras históricas para se realizar uma história da historiografia que
vá além de mera listagem de bibliografia.

Definindo Historiografia
Historiografia2, em sua concepção mais corrente, remete ao produto final do ofício do
historiador, podendo ainda ser entendida como conjunto de obras históricas produzidas por
historiadores ao longo do tempo. Porém, deste conceito aparentemente simples emergem
muitas questões que se relacionam diretamente com a polissemia da palavra história.
Como se sabe, a acepção moderna do conceito de “história”, tal como teorizou
Reinhart Koselleck (KOSELLECK, 2006), alude tanto ao acontecimento (Geschichte, em seu
sentido original) e à experiência passada, quanto ao relato do acontecimento (Historie). Nesta
última dimensão, enquadra-se o conhecimento produzido a respeito dos acontecimentos
passados, no qual se encaixaria a historiografia. Mas, eis as questões: como delimitar o que é

1
Mestranda do Programa de Pós-graduação em História da Universidade de Brasília. Bolsista de Mestrado
CNPq.
2
Palavra de origem grega (ιστοριογραφία), pode ser traduzida como grafia (escrita, -γραφία) da história
(ιστορία).
1
e o que não é conhecimento histórico? Como definir o que são obras propriamente históricas?
Trata-se de todo o conjunto de obras que relatem aspectos do passado, ou apenas daquelas que
são fruto do trabalho de historiadores profissionais, conforme a tradição inaugurada no século
XIX da história-disciplina3?
Não há uma resposta definitiva para nenhuma dessas perguntas, pelo menos no estágio
atual das pesquisas em torno de um conceito de historiografia. Nas palavras do historiador
Jurandir Malerba, “parece faltar um campo de entendimento comum sobre o próprio escrito
histórico: enfim, um conceito operacional de historiografia” (MALERBA, 2006:15). Há
autores, porém, dentre eles o alemão Jörn Rüsen, que possuem uma definição clara de
historiografia: o produto do conhecimento histórico obtido racionalmente, ou seja,
obedecendo às regras metodológicas e de cognição da história com pretensões de
cientificidade (RÜSEN, 1995). Para ele, as “formas de apresentação” do conhecimento
histórico são fundamentos da ciência histórica, ou seja, a historiografia é “parte integrante da
pesquisa histórica, cujos resultados se enunciam, pois, na forma de um ‘saber redigido’”
(RÜSEN, 2001:46).
Neste sentido, historiografia seria a construção narrativa dos resultados da pesquisa
histórica, realizada a partir do controle metódico de investigação empírica e de crítica
documental. É ela que dá forma e feitio histórico aos elementos empíricos (objetivos) da
pesquisa, inserindo-os na vida prática, atribuindo-lhes sentidos e significados. O importante é
que, apesar das tentativas de dissociar objetividade e narratividade, chegando ao extremo de
alegar a diametral oposição entre ambas4, a narratividade histórica apresenta em si mesma
“elementos de objetividade”, tornando possível caracterizá-la como um produto intelectual do
historiador:

Existe algo na construção narrativa chamada “história” que não pode ser
inventado, pois é previamente dado e tem de ser reconhecido como tal pelos
historiadores (...) a interpretação histórica não pode ir além dos contornos da
experiência quando tenha por intenção enunciar o que ocorreu no passado
(RÜSEN, 2001:94).

3
Entende-se por “história-disciplina” o processo de profissionalização e autonomização da História ocorrido a
partir do século XIX, que tornou as universidades lugar privilegiado do fazer história e inaugurou a tradição
“metódica”, ancorada nos princípios da cientificidade e empiria.
4
Sobre a complexidade do paradigma narrativista, cf. RÜSEN, Jörn. Razão histórica..., op. cit., especialmente
capítulo 4 (apêndice à edição brasileira), e o já citado artigo “Narratividade e objetividade nas ciências
históricas”, do mesmo autor.
2
O historiador Estevão Martins parece concordar com Rüsen quando afirma que
“teoria da história” é

a análise epistemológica da história como ciência, isto é, a forma


especializada profissional de produção de conhecimentos sobre o passado dos
agentes racionais humanos em sociedade. Sua fonte é a historiografia admitida
como tal pelos que, por sua vez, são socialmente reconhecidos como
integrantes de uma corporação profissional de historiadores. Essa corporação é
identificada pelos procedimentos que utiliza para tratar as fontes informativas
com que lida, para as articular e para elaborar os discursos mediante os quais
narra, construtivamente, o processo temporal e ativo em que os homens se
fizeram (MARTINS, 2002:15).

Pode-se inferir desta concepção mais formalista que historiografia refere-se


exclusivamente às obras históricas escritas a partir de um modelo científico de história,
seguindo, portanto, regras epistemológicas e métodos próprios ao conhecimento histórico,
reconhecidos como tais pelos pares (historiadores). Desta feita, é possível descaracterizar as
obras histórias anteriores ao século XIX – o século da história-disciplina – como
historiografia?

Sobre a definição de obras históricas como historiografia


Não faltam autores que classificam Heródoto e Tucídides como os primeiros
historiadores de que se têm notícia. Apesar de não se enquadrarem na noção de “historiadores
profissionais” típica do século XIX e da história-ciência, o próprio Leopold von Ranke – tido
por muitos como o “metódico” por excelência – é categórico em afirmar que os dois são os
“fundadores de toda a ciência e arte histórica” (RANKE, 2011:252). Tanto Heródoto quanto
Tucídides escreveram a história da Grécia Antiga, limitando-se ao presente ou no máximo ao
passado recente de seu tempo, utilizando-se de testemunhos orais ou registros escritos e da
própria experiência como viajantes, estabelecendo, assim, um “método” de escrita da história
que perdurou ao longo de séculos5. Como, então, compreender as obras históricas por eles
produzidas: como fonte ou como historiografia?
De fato, a resposta é suscetível a elementos muito subjetivos, como o que o historiador
ou a historiadora em questão entende por “história”, por “historiografia” e também por
“historiador”. Arnaldo Momigliano, um dos grandes estudiosos da Antiguidade Clássica,

5
Sobre a historiografia grega e sua relação com a historiografia moderna, cf. MOMIGLIANO, Arnaldo. As
raízes clássicas da historiografia moderna. Tradução Maria Beatriz Borba Florenzano. Bauru: Edusc, 2004,
228p.
3
parece não ter problemas em caracterizar as obras de Heródoto e Tucídides como
historiografia grega, chegando a sistematizar um método “helenístico” de escrita da história6,
do qual somos herdeiros. Segundo este autor:

A conservação da memória do passado, o quadro cronológico e uma


interpretação dos acontecimentos são elementos de historiografia que são
encontrados em muitas civilizações [da Antiguidade] [...] O que me parece ser
tipicamente grego é a atitude crítica com relação ao registro de
acontecimentos, isto é, o desenvolvimento de métodos críticos que nos
permitem distinguir entre fatos e fantasias. Até onde vão meus conhecimentos,
nenhuma historiografia anterior à dos gregos ou independente desta,
desenvolveu estes métodos críticos, e nós herdamos os métodos gregos
(MOMIGLIANO, 2004:54-55 apud RUIZ, 2013:176-179).

Neste sentido, os textos históricos produzidos por Heródoto e Tucídides (dentre outros
pensadores da Antiguidade) podem ser compreendidos como historiografia na medida em que
relatam um acontecimento – caracterizando uma Historie – a partir de métodos críticos de
tratamento de fontes (testemunhos orais e escritos) e porque possuem pretensões de verdade e
validade.
O mesmo pode ser aplicado aos humanistas do século XVI: ao mesmo tempo em que
florescia uma história política voltada às ações dos grandes homens, com vistas a constituir
uma história repleta de exemplos de virtude e sabedoria (historia magistra vitae), crescia a
importância de uma nova ciência, a filologia, cujo método de análise era a crítica dos textos.
“Tratava-se de encontrar os manuscritos antigos para purgá-los dos erros dos copistas da
Idade Média” (CADIOU, 2007:51). A partir da segunda metade do século XVI, já é possível
verificar uma incipiente “história da civilização” ou “história nacional”, cujo maior expoente
será o historiador Jean Bodin, a partir do seu texto “Método para uma fácil compreensão da
história”, de 1566.

Bodin abandonou as questões que interessavam aos historiadores medievais –


o mito da era dourada, a data do fim do mundo – para explicar racionalmente a
formação e a extinção dos Estados ou o desenvolvimento e o declínio das
civilizações. Fazer uma história “universal” não era mais analisar o mundo
desde suas origens míticas, mas considerar cada civilização ou nação em todos
os seus aspectos: econômico, social, institucional, religioso, cultural (...) o
historiador deveria recusar as lendas e os milagres das crônicas medievais (...)
e controlar minuciosamente as fontes, seguindo o método rigoroso e imparcial
dos filólogos e juristas (CADIOU, 2007:53).

6
Cf. MOMIGLIANO, Arnaldo. “Greek historiography”. In: Journal History and Theory, Wesleyan University,
v. 17, nº 1, 1978, p. 1-28. Disponível em: http://jstor.org/stable/2504899.
4
Já em fins do século XVII, apesar da ascensão das monarquias absolutas7 na Europa e
da proliferação dos historiógrafos (ou melhor, dos escritores subsidiados pelo rei para
escrever uma “história a serviço do príncipe”, onde legitimar a monarquia e os feitos do
monarca era mais importante do que o recurso às fontes), o triunfo das ciências exatas,
especificamente da matemática, desvalorizou as disciplinas baseadas em “testemunhos
incertos”. Os eruditos passaram, então, a refletir sobre o estatuto de autenticidade das fontes e
sobre a situação dos arquivos e inventários espalhados pela Europa, levando ao surgimento
das “ciências auxiliares” como a epigrafia, a numismática, a sigilografia e a paleografia
(CADIOU, 2007:60). Em 1681, o padre beneditino Mabillon publicou De re diplomatica e
lançou as bases de um “método” histórico:

A história tradicional distinguia os atos autênticos dos apócrifos. Mas


‘autêntico’ significava ser caucionado por uma autoridade, uma instituição ou
pessoa (...) Portanto, um texto era estimado em virtude de garantias externas.
Para Mabillon, somente a análise “interna” da fonte, ou seja, a observação do
suporte, da escrita, da tinta, dos títulos e expressões, da datação, do selo,
provava sua autenticidade (...) A autoridade da fonte substituía a autoridade da
tradição. Portanto, o conceito de fonte que conhecemos hoje vem da erudição
beneditina (CADIOU, 2007:60).

Ora, diante disso, como não tratar as obras dos eruditos do século XVI, XVII e XVIII
como obras propriamente históricas, passíveis de serem analisadas em conjunto, constituindo,
assim, uma historiografia? Por mais que não se inserissem cronologicamente na tradição
moderna e cientificista inaugurada a partir da Revolução Francesa e por mais que não fossem
produzidas no âmbito das universidades, a exigência de objetividade no trato crítico das
fontes já estava fundamentada bem antes do século XIX – qualquer semelhança entre as
orientações de Mabillon e de Langlois e Seignobos8 não é mera coincidência. Foi um longo
processo até a constituição da história tal como a concebemos hoje, porém, parece irrefutável
que os elementos de objetividade, caros à Rüsen, já estavam sendo observados, de uma forma
ou de outra, desde o século XVI e, talvez, se adotarmos a perspectiva de Momigliano, desde a
Antiguidade.

7
Aqui, entende-se por monarquia absoluta a teorização feita por Jean Bodin, sistema no qual não havia poder
temporal superior ao rei, entendido assim como “poder absoluto”. No entanto, tal termo não deve ser
compreendido como despotismo ou tirania, já que o rei, chefe ou cabeça do corpo político, deveria respeitar os
variados direitos de seus súditos. Sobre a precisão conceitual de termos como “absolutismo”, “despotismo” e
“tirania”, cf. KIRSCHNER, Tereza Cristina. “A reflexão conceitual na prática historiográfica”. In: Revista
Textos de História, Brasília, v. 15, nº 1/2, p. 53.
8
Ver LANGLOIS, Charles; SEIGNOBOS, Charles. Introdução aos Estudos Históricos. Tradução Laerte de
Almeida Morais. São Paulo: Editora Renascença S. A., 1946, 244p. Texto original de 1898.
5
Aqui no Brasil, de forma análoga, não parece haver maiores constrangimentos em
classificar obras históricas não produzidas por historiadores profissionais como historiografia,
principalmente no que diz respeito à escrita da história do Brasil Colônia e Império. Isso se dá
em razão da criação tardia dos cursos de história no país, que datam da década de 1930. Até
então, o locus privilegiado de produção do conhecimento histórico (e nacional) no Brasil era o
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, criado em 1838. As obras de caráter histórico
anteriores ao IHGB eram produzidas no âmbito das crônicas, da literatura de viagem e dos
periódicos, bem como por alguns padres jesuítas9. Neste sentido, recorre-se a essas obras não
produzidas por historiadores de formação para se analisar a cultura historiográfica do período,
já que

entendia-se como história uma diversidade temática que poderia ir dos roteiros
e descrições de viagem até textos descrevendo as características históricas de
uma determinada região, situando-se próximo a um gênero que passaria a ser
de extrema importância para escrever a história nacional: as corografias
(GUIMARÃES, 2005:81).

José Honório Rodrigues, por exemplo, em seu célebre esforço de avaliação


retrospectiva da produção historiográfica brasileira10, acaba por inserir no volume dedicado à
historiografia colonial formas narrativas que não constituem escritos historiográficos
propriamente ditos. O próprio autor reconhece a imprecisão de seu critério de seleção,
advertindo o leitor de que ele não pôde ser mais rigoroso devido à “historiografia tão
rudimentar e pobre, salvo raras exceções” (RODRIGUES apud GUIMARÃES, 2011:25) com
a qual se deparou. O mesmo acontece no segundo volume de sua História da história do
Brasil, já que Honório elenca

fontes, textos de circunstância e obras históricas, além de embaralhar


historiadores, políticos e publicistas. Vejam-se os casos da inclusão dos nomes
de José Clemente Pereira, do deputado Domingos Andrade Figueira e mesmo
de Justiniano José da Rocha, autor do conhecido panfleto Ação, reação e
transação. Isto sem falar no relato de viagem do príncipe d. Luís de Orléans e

9
Sobre a constituição da historiografia nacional, ver GUIMARÃES, Manoel Luiz Salgado. Historiografia e
nação no Brasil: 1838-1857. Rio de Janeiro: Ed. UERJ, 2011, 284p.
10
Refiro-me à trilogia do autor, composta pelas obras Teorias da história do Brasil (1978b), A pesquisa
histórica no Brasil (1978a) e História da história do Brasil (1978-1988). Esta última tratou-se de um projeto de
vasta pesquisa bibliográfica planejada para seis volumes, dos quais apenas dois foram publicados, devido ao seu
falecimento em 1987: Historiografia Colonial e o segundo volume, dividido em dois tomos, Historiografia
Conservadora e A metafísica do Latifúndio: o ultra-revolucionário Oliveira Viana. Para maiores informações
sobre sua obra, cf. MOTA, Carlos Guilherme. “José Honório Rodrigues: a obra inacabada”. In: Revista Estudos
Avançados, São Paulo, v. 2, nº 3, 1988.
6
Bragança, Sous La Croix Du Sud: Argentine, Chili, Bolivie, Paraguay,
Uruguay (GUIMARÃES, 2011:27).

Mesmo nas avaliações críticas acerca da história da escrita da história no Brasil que
não elencam formas narrativas históricas mais “heterodoxas”, a alusão a homme de lettres é
muito mais recorrente do que a historiadores propriamente ditos11. Antes do século XX,
particularmente até a criação das faculdades de história na década de 1930, compreendia-se
pela alcunha de “historiadores” estudiosos que se dedicavam também a outras áreas do
conhecimento humano, como a filosofia, a geografia, a etnografia, a filologia, a corografia, a
literatura e a diplomática, para citar algumas. A formação destes homens era mista e voltada
para as “humanidades”, na medida em que cursavam as faculdades de Direito, frequentavam
as Academias Reais, aventuravam-se na política, no jornalismo, na literatura e na carreira
militar, e, a partir de 1838, tornavam-se membros do IHGB. Muitos também acabavam
lecionando história no famoso Colégio Pedro II, a partir de sua criação em 1837.
São homme de lettres Capistrano de Abreu, Oliveira Lima, padre Serafim Leite,
Francisco Adolfo de Varnhagen, Alcântara Machado e Afonso de Taunay, historiadores não
de formação acadêmica, mas de vivência e formação humanística – todos citados no
importante texto de Sérgio Buarque de Holanda, “O pensamento histórico no Brasil nos
últimos 50 anos” (1951)12. Aliás, é difícil encontrar algum trabalho voltado para a
historiografia brasileira do Oitocentos que não cite a famosa obra de Varnhagen, História
Geral do Brasil (1854-1857).
Manoel Luiz Salgado Guimarães, apontado como um dos maiores historiadores sobre
historiografia do Brasil13, também agrupou na etiqueta de “historiografia” do Brasil
oitocentista, tanto textos produzidos por homme de lettres, quanto por jornais da época, com

11
Refiro-me ao modelo de historiador profissional segundo a tradição cientificista inaugurada no século XIX.
Atualmente, a definição do que vem a ser “historiador” pode ser bastante complexa, sobretudo se levarmos em
conta a diversidade de abordagens, métodos, objetos e temas que podem ser estudados por uma obra de História.
Paralelamente, entra em discussão se profissionais de outras áreas, como filósofos, jornalistas, juristas, cientistas
políticos, etc., podem escrever uma obra historiográfica, na medida em que seguem métodos próprios à História,
como a verificação e crítica de fontes primárias. De fato, será que as obras propriamente históricas são
monopólio dos historiares?
12
HOLANDA, Sérgio Buarque de. “O pensamento histórico no Brasil durante os últimos cinquenta anos (1900-
1950)”. In: MONTEIRO, Pedro Meira; EUGÊNIO, João Kennedy (orgs.). Sérgio Buarque de Holanda:
perspectivas. Campinas: Ed. Unicamp; Rio de Janeiro: Ed. UERJ, 2008, p. 601-615. Originalmente publicado
no jornal Correio da Manhã, no caderno especial Cultura Brasileira, em 15 de junho de 1951. Para uma análise
deste texto, cf. GUIMARÃES, Lúcia Maria Paschoal. “Sobre a história da historiografia...”, op. cit..
13
Sobre a importância de Manoel Guimarães para a historiografia brasileira, cf. JÚNIOR, Durval Muniz de
Albuquerque. “Um mestre a rigor: Manoel Luiz Salgado Guimarães e a delimitação do campo de estudos da
historiografia do Brasil”. In: Revista História da Historiografia, Ouro Preto, nº 13, 2013, p. 144-155.
7
vistas a apreender a “cultura historiográfica” daquele período. Em seu texto “Entre as luzes e
o romantismo: as tensões da escrita da história no Brasil oitocentista”14, Guimarães se utiliza
do que chama de “textos de fundação” da escrita da história no Brasil, destacando aqueles
produzidos pela revista do IHGB em sua primeira fase e pelo periódico O Patriota, editado
entre 1813 e 1814 no Rio de Janeiro.
Segundo este autor, é perceptível nos textos do IHGB “algumas das características
apontadas por Friedrich Jaeger e Jörn Rüsen para o caso da passagem de uma história de base
filosófica e iluminista para uma história concebida como ciência empírica dos fatos”
(GUIMARÃES, 2005:72). Já nos textos d’O Patriota ainda prevalecia “um saber a serviço da
ilustração, mas também adequado às necessidades do Estado” (GUIMARÃES, 2005:74).
Neste sentido, “nada que pudesse ser contrário aos princípios do estado monárquico e da
sociedade de ordens, assim como da religião católica, encontraria espaço nas páginas do
jornal” (GUIMARÃES, 2005:72). Tal “regime de historicidade” pendular entre o que seria
uma escrita da história moderna/científica, representada pelo IHGB, e uma escrita da história
magistra vitae15, levada a cabo nas páginas do periódico, é entendido por Guimarães como a
síntese da historiografia nacional daquele momento, que se insere nessa tensão entre as Luzes
e o Romantismo. Justifica ele:

Esta reflexão é igualmente parte de um exercício que chamaria de natureza


historiográfica e que objetiva interrogar a memória disciplinar que se
constituiu, memória esta que tende a sacralizar procedimentos, autores e obras
como parte de um exercício de escrita da história da própria disciplina.
Refazer assim este percurso de institucionalização de nossa disciplina significa
considera-la como eminentemente histórica, e portanto sujeita às
transformações próprias das criações humanas (...) a história na sua forma
disciplinar deve ser considerada como apenas uma das inúmeras formas de
elaboração significativa do tempo decorrido, como parte de algo mais amplo
que chamaria de “cultura historiográfica como parte de uma cultura da
lembrança” (GUIMARÃES, 2005:70).

Já que a história na sua forma disciplinar é apenas uma dentre as inúmeras formas de
elaboração significativa do tempo decorrido, nada mais sensato – se a intenção é apreender a
“cultura historiográfica” de um período – do que inserir no rol de análise tanto textos

14
GUIMARÃES, Manoel Luiz Salgado. “Entre as luzes e o romantismo...”, op. cit., p. 68-85.
15
Pode se considerar uma história magistra vitae na medida em que implica uma volta ao passado para orientar-
se para o futuro, produzindo a este respeito um sentido e uma explicação. É o caso da chave interpretativa do
jornal com relação à vinda da monarquia bragantina para o Brasil. Segundo Guimarães, tal fato era interpretado
como uma verdadeira “odisseia moderna”, que “faz da partida de Portugal um ato grandioso”.
8
historiográficos (no sentido moderno e científico do termo), quanto outras formas narrativas
históricas, como obras produzidas por homme de lettres, panfletos, jornais, crônicas, literatura
de viagem, entre outros16. Naturalmente, tal proposta é mais adequada àqueles recortes
temporais mais longínquos, geralmente anteriores ao século XIX, já que se deve levar em
conta, primeiramente, a concepção de história compartilhada pelos contemporâneos do
período estudado, e essa noção foi sendo gradual e profundamente modificada ao longo dos
séculos.

Sobre a possibilidade prática da história da historiografia como disciplina autônoma


Desde os anos 1980, internacionalmente, e 1990, no Brasil, o número de publicações
voltadas para a história da historiografia cresceu exponencialmente. Isso se expressou na
instituição de linhas de pesquisa na pós-graduação, na organização de eventos e revistas
especializadas no tema e no reconhecimento formal da disciplina pelo Comitê Internacional
de Ciências Histórias, em 198017. Ao que tudo indica, o termo foi utilizado pela primeira vez
em Hegel:

Não é a história em si que é aqui apresentada, mas antes a história da


historiografia: a avaliação das narrativas históricas e o exame de sua verdade e
confiabilidade. O aspecto mais notável deste método com relação ao fato é a
intenção, é a perspicácia do autor, que extrai os resultados mais das narrativas
do que dos acontecimentos (HEGEL apud GUIMARÃES, 2011:20).

Nascia, assim, um território de investigação nebuloso, frequentado, sobretudo, por


filósofos e homens de letras. Desdenhado por historiadores, na época preocupados mais com a
redação de uma história científica, esse “território” se converteu em uma espécie de ciência
auxiliar da história, designação a qual até hoje não se libertou totalmente. Valdei Lopes de
Araújo é um dos historiadores que, atualmente, mais defende o lugar da historiografia como

16
Significativa contribuição para essa perspectiva é a obra organizada por Manoel Luiz Salgado Guimarães,
Estudos sobre a escrita da história (2006). O fio condutor da coletânea é a historiografia e a experiência no
tempo: “as formas de registro do passado, a leitura que lança sobre elas, qual o peso e qual a forma que o tempo
assume, como se pode qualificar o antes, e o que se fará com o depois” – nas palavras da resenhista Helena
Mollo. Destaco o artigo de Francisco José Alves, “D’Os Sertões como Obra Historiográfica”, no qual o autor
habilita o jornalista Euclides da Cunha como um historiador naturalista. Cf. GUIMARÃES, Manoel Luiz
Salgado (org).. Estudos sobre a escrita da história. Rio de Janeiro: 7Letras, 2006, 271p.
17
Cf. GUIMARÃES, Lúcia Maria Paschoal. “Sobre a história da historiografia...”, op. cit. e TURIN, Rodrigo.
“História da historiografia e memória disciplinar: reflexões sobre um gênero”. In: Revista da História da
Historiografia, Ouro Preto, nº 13, 2013, p. 78-95.
9
disciplina autônoma18. Para ele, é possível pensar o campo em termos normativos, sobretudo
após o chamado giro linguístico que trouxe à tona “essa desconfiança de que o discurso da
história também possui sua historicidade, que está condicionado por um lugar de produção”
(ARAÚJO, 2006:80).
Segundo Valdei Araújo, a história da historiografia, ao contrário da teoria da história,
não possui uma identidade construída, mal conseguindo ser separada de seu objeto mais
evidente, a escrita da história. O autor identifica como principal motivo para essa situação a
hegemonização, nas universidades brasileiras, de um padrão historiográfico “que prioriza a
pesquisa empírica e o método em detrimento da teoria e da autorreflexão” (ARAÚJO,
2013:36). Sua solução seria pensar “as condições teóricas de uma história da historiografia”
(ARAÚJO, 2006:79), ou seja, apreender a história da historiografia como algo mais do que
fundamento e aporte teórico aos mais diferentes objetos.

No lugar de propor classificar as diversas formas que a história da


historiografia tem assumido, desde os balanços historiográficos até as análises
comparativas, institucionais ou dos conceitos históricos, nossa intenção é
apresentar um esforço de pensar o campo em termos normativos (ARAÚJO,
2006:80).

Contudo, a abordagem proposta por Valdei Araújo é estritamente teórica e bastante


abstrata, e parece dissociada da prática. Afinal, é possível separar a história da historiografia
de seu objeto, qual seja, a própria historiografia? No caso positivo, como se dar, na prática,
uma “história da historiografia geral”, que seria desencarnada de objetos e subespecialidades
específicas?
Parece, portanto, muito mais proveitoso e praticável voltar-nos para a história da
historiografia como fundamento para nossas pesquisas, tratando-a dentro das
subespecialidades da história. Desta feita, é possível produzir uma “história da historiografia”
da escravidão, do Brasil Imperial, das mulheres no século XX, entre tantos outros temas –
produzidos, vale mencionar, por historiadores especializados no assunto, garantindo maior
aprofundamento e conhecimento no tema em questão. É imperativo para qualquer pesquisador
o conhecimento do que já foi escrito sobre o seu objeto de estudo – e isso é reconhecido há
muito tempo, pelo menos desde Langois e Seignobos:

18
Cf. ARAÚJO, Valdei Lopes de. “Sobre o lugar da história da historiografia como disciplina autônoma”. In:
Revista Locus, Juiz de Fora, v. 12, nº 1, 2006, p. 79-94 e ARAÚJO, Valdei Lopes de. “História da historiografia
como analítica da historicidade”. In: Revista da História da Historiografia, Ouro Preto, nº 12, 2013, p. 34-44.
10
Escolher um tema de estudos, como frequentemente acontece, sem indagar da
natureza e extensão das pesquisas preliminares que ele exige, constitui
verdadeiro perigo: muitos são os que se afogaram durante anos em
semelhantes pesquisas (...) Contra este perigo (...) o exame das condições
atuais da Heurística em geral, e das noções positivas da Bibliografia histórica,
é inequestionavelmente salutar (LANGLOIS e SEIGNOBOS, 1946:31)

Malerba aponta para a mesma direção ao tratar do caráter auto-reflexivo do


conhecimento histórico. O autor destaca

a riqueza potencial insondável acumulada na obra de inúmeras gerações de


historiadores que construíram, cada qual sob as luzes de seu tempo e de
acordo com a maquinaria conceitual disponível, um patrimônio próprio da
memória das sociedades, constituído por sua historiografia (MALERBA,
2006:11).

Para ele, o trabalho do profissional da história exige um resgate da produção do


conhecimento sobre qualquer tema que se investigue, já que “não nos é dado supor que
partimos de um ‘ponto zero’” (MALERBA, 2006:15), decretando a “morte cívica” de todas as
pessoas que se voltaram a este ou aquele objeto.

A historiografia como um produto da história


Apesar do problema de se pôr em prática uma história da historiografia como
disciplina autônoma, proposta por Valdei Araújo, de suas reflexões fica a necessidade de se
pensar criticamente a noção de historiografia, sobretudo porque ela mesma é um produto da
história e, como tal, está repleta de historicidade. No mesmo caminho estão os estudos de
Jurandir Malerba. Inspirado nos escritos de Benedetto Croce, Malerba procura lançar as bases
metódicas para uma crítica historiográfica conveniente:

O julgamento de uma obra de história deveria ser levado a cabo não pela
quantidade e exatidão de informações que ela fornece. Claro que se deve
sempre esperar que as informações dos livros de história sejam verdadeiras,
senão por outro motivo, porque ‘a exatidão é um dever moral dos
historiadores’. Também não se deve julgar a obra histórica pelo prazer que o
livro proporciona, pela excitação ou comoção que provoque; mas
simplesmente por sua historicidade (MALERBA, 2006:16).

O maior indício da historicidade da historiografia seria a necessária e recorrente


“retificação das versões do passado histórico, operada a cada geração”. Desta feita, cada
geração conheceria mais e melhor o passado do que a precedente, nascendo assim a
“necessidade incontrolável da crítica” (MALERBA, 2006:17). A historicidade, tal como
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entendida por Jurandir Malerba e Manoel Guimarães, está intimamente ligada à subjetividade
inevitável do conhecimento histórico – subjetividade essa que foi combatida por muito tempo
por aqueles historiadores que acreditavam ser possível reproduzir o passado “tal como ele
realmente aconteceu”. Nessa chave de compreensão da mímesis do real, “o texto apresentava-
se como uma superfície lisa que refletia a realidade dos eventos passados trazidos à sua forma
textual pelo trabalho da pesquisa documental” (GUIMARÃES, 2007:26).
Na esteira das reflexões ensejadas pelo linguistic turn dos anos 1970, esse projeto de
escrita da história foi à falência, alterando significativamente a compreensão do trabalho do
historiador. A partir de então passou-se a compreender o texto como uma superfície cheia de
altos e baixos, silêncios e lacunas, tomando de empréstimo o conceito de representação, que
trouxe à tona a tensa e complexa relação entre o escrito e seu referente, entre o discurso e a
realidade. Tal tensão já teria sido “sentida”, segundo a clássica leitura de Hannah Arendt e de
François Hartog, pelo Ulisses de Homero. A cena da Odisseia onde Ulisses chora ao escutar
as próprias experiências narradas pelo aedo dos feácios é representativa dessa tensão, e pode
significar a tomada de consciência histórica do personagem. “Desenha-se aí a possibilidade de
encontro com a historicidade, momento de tensão entre o narrado e o experimentado, jogo
sutil entre o ato de reconhecimento e paralelamente estranhamento” (GUIMARÃES,
2006:46).
Neste sentido, como formulou brilhantemente Manoel Guimarães, o “encontro com a
historicidade” é significativo de um descompasso entre a experiência vivida como tal e o
relato possível que sobre ela se constrói. É também um descentramento de si, uma viagem
para fora de si mesmo em direção a novas fronteiras a serem delineadas, novas experiências a
serem incorporadas e a posterior volta, que já não será a volta ao lugar original de partida. Tal
historicidade

parece impregnar o próprio trabalho da escrita da história, organizando a


narrativa dos eventos e propiciando ao leitor o movimento para fora do seu
tempo e de seu lugar e dessa forma a incorporação de novas experiências,
alargando seu horizonte de possibilidades (GUIMARÃES, 2006:47).

Tendo em vista essa compreensão de historicidade, e admitindo seu caráter


constitutivo da própria historiografia (um produto da história), recomenda-se, para qualquer
trabalho que se pretenda de história da historiografia, atentar-se para essa questão, de forma a
apreender as obras historiográficas inseridas no seu tempo, no seu contexto histórico e na sua

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historicidade. Aqui, pode ser inspiradora a reflexão de Reinhart Koselleck sobre o tempo
histórico19. Ao trabalhas as categorias “espaço de experiência” e “horizonte de expectativa”
como categorias propriamente históricas, Koselleck nos fornece ferramentas para
compreender a experiência (no caso, a escrita de uma obra histórica) como entrelaçada por
passado, presente e expectativa de futuro.
Neste sentido, torna-se mister, caso se intente fazer um trabalho sobre história da
historiografia que vá além de um mero manual bibliográfico, ir atrás do contexto de produção
das obras históricas com as quais se pretende trabalhar. Isso significa compreender que o
trabalho da narrativa sempre foi e sempre será o de “ordenar, dar forma e tornar significativo
um conjunto disperso de experiências e vivências” (GUIMARÃES, 2006:47), sem lançar mão
de um horizonte de expectativas. Essa forma mais “reflexiva” de se lidar com a escrita do
passado vai ao encontro do que propõem Manoel Guimarães, Jurandir Malerba e Valdei
Lopes em suas ponderações sobre a historiografia e a história da historiografia.

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