Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DESENVOLVIMENTO
DESENVOLVIMENTO
1. INTRODUÇÃO
O Convênio de Taubaté acordado entre a gestão dos governos das províncias
de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, juntamente com o governo federal e os
empresários exportadores de café das respectivas províncias, foi um compromisso
assumido pelo governo brasileiro para forçar a valorização do café no mercado
internacional. O artigo brasileiro encontrava-se em crise nos anos finais do século XIX,
quando houve uma grande baixa nos preços do produto e a queda da demanda nos
principais países consumidores de café.
A curto prazo, o Convênio apresentou expressivos resultados pra os
empresários que exportavam o produto, amenizando os prejuízos e potencializando
os lucros quando fosse possível. A longo prazo as consequências do Convênio
refletiram na economia nacional. A acentuada dependência da economia brasileira em
relação ao café, um produto primário exportador, impediu que as verbas
governamentais fossem aplicadas de modo a diversificar os setores econômicos.
Além de favorecer a transferência e a concentração de renda para as classes
exportadoras e intensificar as desigualdades sociais existentes na sociedade
brasileira.
Entretanto, com alguns ajustes em pontos específicos, o Convênio de Taubaté
poderia favorecer toda a sociedade brasileira e não somente os setores exportadores
ao participar da economia nacional para fortalece-la, a fim de evitar que os pontos
negativos se manifestassem de forma tão intensa no futuro, prejudicando a economia
e a sociedade brasileiras.
6
2. O CONVÊNIO DE TAUBATÉ
O convênio de Taubaté foi um acordo político firmado em 1906 na cidade de
Taubaté pelo decreto Nº 1489 de 06 de agosto de 1906. O pacto foi acordado entre o
governo federal, os governos dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro com os grandes cafeicultores dos respectivos estados. O principal intuito do
convênio foi forçar a revalorização do café no mercado internacional controlando a
oferta do artigo no mercado, uma vez que era o principal produto do mercado
econômico brasileiro.
O Convênio obteve sucesso aparente, mostrando expressivos benefícios para
a classe exportadora, entretanto com o passar do tempo os problemas das
negociações do acordo passaram a refletir na economia nacional. A dependência
econômica a um artigo primário exportador demonstrou a vulnerabilidade econômica
do país, além de evidenciar a proteção estatal oferecida aos empresários
exportadores contra o restante da população brasileira.
para que fizessem o mesmo trabalho e expandindo a área pronta para ser semeada.
Existiam lavouras em que os escravos ainda permaneciam no cultivo e na colheita do
café, entretanto a substituição pela mão-de-obra imigrante foi inevitável devido a
abolição da escravidão em 1888 com a Lei Áurea e o preconceito existente em manter
o ex-escravo como empregado assalariado nas plantações.
A crise do setor cafeeiro nesse período ocorreu por alguns pontos específicos.
A elasticidade de mão-de-obra e a abundância de terras existente no Brasil
incentivava os produtores a expandirem sua produção sempre que possível, como
explica Celso Furtado no livro Formação Econômica Brasileira:
1
FURTADO, Celso, Formação Econômica do Brasil, p. 236, 1959.
8
Outro fator da crise era a queda dos preços da saca de café no mercado
internacional, a queda do consumo de um dos maiores mercados consumidores do
produto no mundo do qual o Brasil era fornecedor: Estados Unidos, que enfrentava a
Guerra de Secessão. Os fatores da crise unidos geraram uma estagnação na
exportação do café e o princípio de um acumulo de sacas de café e para agravar a
situação houve a previsão da superprodução para a safra de 1906. O problema da
superprodução do café começou a ficar mais evidente a partir de 1905, quando foi
prevista uma grande colheita de café pela florada do mesmo para a safra de 1906. Até
então o que se produzia e o que se consumia não apresentava uma instabilidade muito
grande, entretanto o mercado já apresentava sinais de queda nos preços de café, pois
o consumo internacional do artigo não aumentou de acordo com a produção. Com a
previsão da super-safra ocorreu alteração no comportamento do governo federal.
As discussões sobre a proteção do governo em relação as lavouras do café
foram arrastando-se pelos anos do início do século XX sem que surtisse nenhum
efeito prático para os cafeicultores. Em 1905 houve uma conferência entre o governo
federal e os representantes provinciais de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro,
sem que nenhuma decisão efetiva sobre o tema. Rodrigues Alves, então presidente
da república, formulou no fim de seu mandato um plano em que o governo federal
comprava os excedentes do café a preços vantajosos para os empresários do café,
enquanto o preço deste estava em baixa, e depois revenderia as sacas em um
2
FURTADO, Celso, Formação Econômica do Brasil, p. 233, 1959.
9
Essa lei foi de extrema importância para os empresários do café, uma vez que o
próprio governo federal assegurava financeiramente a realização dos empréstimos
externos. Se o Estado brasileiro não autenticasse os empréstimos, muito
provavelmente os cafeicultores não encontrariam financiadores interessados em
aplicar seus investimentos nas lavouras de café brasileiras.
3
BRASIL, Lei nº 1452 de 30 de dezembro de 1905, art. 2º.
10
2.4. CONSEQUÊNCIAS
Como política de valorização do café, o Convênio obteve sucesso, alcançando
o benefício dos empresários exportadores amenizando os impactos dos prejuízos e
ampliando os lucros quando possível. A política de valorização forneceu ao café uma
posição privilegiada entre os produtos primários existentes no comércio internacional.
Os produtores conseguiram vender seus estoques e garantiram a manutenção de
seus negócios. O Convênio ainda evitou uma grande crise na economia nacional, uma
vez que a economia do país se encontrava extremamente vulnerável ao sucesso das
exportações de café no mercado internacional, uma crise nesse setor significaria
minguar a economia brasileira da época tamanha era a dependência desta ao café. O
impedimento da manifestação da crise ainda contribuiu para que o nível de emprego
dos trabalhadores assalariados fosse mantido, já que uma crise no setor cafeeiro
significava a demissão em massa dos trabalhadores do ramo.
Entretanto, o Convênio não apresentou apenas pontos positivos. Devido a
concessão de empréstimos, a dívida externa das províncias brasileiras, São Paulo,
Minas Gerais e Rio de Janeiro, aumentaram expressivamente. O dinheiro utilizado
11
para a compra das sacas excedentes era o dinheiro público, o qual poderia ser
utilizado de forma mais benéfica a sociedade, porém foi usado para contribuir com a
transferência de renda entre os grupos sociais (os grupos menos afortunados perdem
ainda mais renda, e os grupos mais afortunado acumulam renda) e a sua
concentração, além de salientar as desigualdades entre as classes sociais do período.
O Convênio também aumentou a dependência econômica dessas províncias ao café
e consequentemente do país. Devido a aplicação da verba governamental ser
destinada a compra das sacas remanescentes do café, o investimento em outros
setores da economia, como por exemplo a industrialização, e a diversificação
econômica ficaram em segundo plano, adiando cada vez mais o problema da
dependência econômica brasileira a somente um único produto que era inteiramente
submetido ao consumo internacional e a exportação.
Para que possamos propor novas medidas econômicas que poderiam ser
usadas na época do Convênio de Taubaté, precisamos aprofundar-nos na história do
pensamento econômico brasileiro, a fim de explorarmos as divergentes linhas de
pensamento existentes no século XX do país.
Argumento que a atual política ortodoxa faz o possível para “chutar a escada”.
O fomento à indústria nascente (mas, convém ressaltar, não exclusivamente
via proteção tarifária) foi a chave do desenvolvimento da maioria das nações,
ficando as exceções limitadas aos pequenos países da fronteira tecnológica
do mundo ou muito próximos dela, como a Holanda e a Suíça. Impedir que
as nações em desenvolvimento adotem essas políticas constitui uma grave
limitação à sua capacidade de gerar desenvolvimento econômico.” 4
4
CHANG, Ha-Joon. “Chutando a Escada”, Editora UNESP, 2004.
5 FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil, Companhia das Letras, 1959.
13
A atenção dada por Gudin ao livre comércio não quer dizer, porém, que o mesmo
não importava-se com o desenvolvimento social que era uma das pautas do
desenvolvimentistas: ambos não tinham “divergências quanto aos objetivos a colimar”
e sim desacordavam entre si perante “aos métodos a adotar”9. Tais métodos viriam
através da concorrência, do livre comércio, da vontade e autonomia individual: o
economista foi contra, em um primeiro momento, à industrialização no país pois esta
estava sendo feita de uma maneira “forçada”, impedindo a competição e o fluxo natural
do mercado.
4. CONCLUSÃO
8
BIELSCHOWSKY, Ricardo. Eugênio Gudin. Estud. av., São Paulo , v. 15, n. 41, p. 91-110, Apr.
2001 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40142001000100009&lng=en&nrm=iso>.
9 GUDIN, Eugênio. Rumos de Política Econômica In: A controvérsia do planejamento na economia
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BRASIL, Lei Nº 1452 de 30 de dezembro de 1905, disponível em:
<http://legis.senado.leg.br/legislacao/PublicacaoSigen.action?id=543121&tipo
Documento=LEI-n&tipoTexto=PUB> acesso em 16 de jun. de 2018