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UNIFAAT

ERIKA FERNANDES DE SOUZA – RA: 4016154

FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO

OS EFEITOS DE SUA PARTICIPAÇÃO ATIVA

ENSINO FUNDAMENTAL I

GRADUAÇÃO DE PEDAGOGIA

ATIBAIA - 2018
UNIFAAT

ERIKA FERNANDES DE SOUZA – RA: 4016154

FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO: OS EFEITOS DE SUA PARTICIPAÇÃO ATIVA

Trabalho de conclusão de curso apresentado


a UNIFAAT, na disciplina Orientação de
Trabalho Conclusão de Curso I, no curso de
graduação de Pedagogia como requisito
parcial da avaliação.
Orientador: Marcos Roberto de Faria
Bernardi.

GRADUAÇÃO DE PEDAGOGIA
ATIBAIA – 2018
INTRODUÇÃO
O tema escolhido é sobre a importância da participação da família na formação
pedagógica no ensino fundamental I.
Por que os distanciamentos da escola com os pais causam impacto na formação do
aluno?
Como a escola pode ajudar no incentivo da participação dos pais no ensino-
aprendizagem dos filhos?
Tem como objetivo perceber a importância da integração entre a família e a escola,
formando uma parceria entre eles, incentivar o diálogo entre a criança e a família
junto com a escola, através de atividades coletivas, promoverem a participação dos
pais no processo de aprendizagem como colaboradores do desenvolvimento do
aluno.

Mesmo com a correria do cotidiano, é importante a participação da família na


educação escolar de seus filhos e o quanto essa contribui para o crescimento
intelectual e social dos mesmos.

A escola não consegue fazer o trabalho sozinho para contribuir no rendimento


escolar dos alunos, por outro lado, os pais também não conseguem sozinhos
oferecer educação integral aos filhos. Por isso, os pais e a escola devem ser
grandes aliados.

A escola precisa saber quais os interesses dos pais, saber o que eles desejam que
seus filhos sejam e aprendam. Isso ocorre através reuniões presenciais. É
importante é que haja um diálogo constante entre os educadores e a família do
aluno.

Quando houver responsáveis que por algum motivo não compareçam, é importante
conversar diretamente com o mesmo e marcar uma reunião e manter a comunicação
e informações sobre a situação do aluno. Assim, os pais perceberão o interesse da
escola por cada aluno e se sentirá influenciado a ter uma participação ativa na vida
escolar de seus filhos.

“... a família também é responsável pela


aprendizagem da criança, já que os pais são os
primeiros professores e as atitudes destes frente às
emergências de autoria, se repetidas
constantemente, irão determinar a modalidade de
aprendizagem dos filhos.” (FERNANDES, 2001,
p.42).

A família é grande responsável por criar o elo da criança com a escola, por isso ela
deve estar presente no ensino aprendizagem do aluno, ajudando-o na construção do
comprometimento, interesse pelo estudo e envolvimento com a escola.

O método utilizado será a pesquisa exploratória, fontes secundarias por pesquisas


bibliográficas em livros e sites.
1- A família que temos

O termo “família” representa um agrupamento de indivíduos unidos por laços


afetivos que, em geral, habitam uma mesma residência.

Ela representa um grupo de pessoas ligadas por descendência – a partir de


matrimônio – ou por meio de adoção. É constituída geralmente por um pai, uma mãe
e um ou mais filhos. Tal conceito compõe uma família “nuclear”

De acordo com BARONI et al. (2016), há algumas variações nos modelos de


família, em nossa sociedade que vem se adaptando às novas realidades
vivenciadas pelos indivíduos que as compõe, de modo que o conceito de família é
cada vez mais plural.

Para demonstrar tal pluralidade, apresento algumas das novas


configurações de grupos familiares, existentes.

Família matrimonial ou natural

É a família formada pelo casamento, podendo ser heterossexual ou


homossexual – em maio de 2013 o Conselho Nacional de Justiça aprovou resolução
que torna todo relacionamento estável, quando os indivíduos assim desejarem, em
casamento.

Família informal

Formada pela união estável, ou seja, quando não há laço matrimonial –


religioso ou civil – entre os indivíduos. Assemelha-se à configuração da família
matrimonial, também sendo configurada por dois progenitores e filhos (quando
nascerem, se o casal assim desejar).

Família Monoparental

Configuração familiar na qual há apenas um dos pais e filhos. Por motivos


diversos, em algumas situações apenas um dos progenitores assumem e criam os
filhos – em geral, essa formação ocorre quando um dos progenitores falecem e/ou
quando um deles não assume ou desconhece a existência do(s) filho(s).

Família Anaparental
O prefixo “Ana” no início, significa que é uma família sem pais. Tal
configuração ocorre, pelos mesmos motivos da monoparental – por que os pais
faleceram ou deixaram os filhos. Neste conceito, ALMEIDA (2007) descreve que:

“É aquela constituída basicamente pela convivência entre parentes


dentro de uma mesma estrutura organizacional e psicológica, visando a
objetivos comuns, que residem no mesmo lar, pela afetividade que os une
ou por necessidades financeiras ou mesmo emocionais, como o medo de
viver sozinho”. ALMEIDA (2007)

Família Unipessoal

Quando a família se constitui de apenas um indivíduo, como uma senhora


viúva, por exemplo. O sentido de família pode ocorrer, ainda que as pessoas que as
constituíram deixam de participar dela – no caso de uma senhora viúva, quando ela
torna-se viúva – ele pode pertencer a apenas uma pessoa, por tratar-se de um ideal,
um bem imaterial.

Família Mosaico ou reconstituída

Pais que tem filhos e se separam e, eventualmente encontram e começam a


viver com um (a) novo (a) parceiro (a) que também possuem filhos de outros
relacionamentos. Nessa nova organização, há a aceitação do “marido da mãe” e dos
filhos dele, bem como os da “esposa do pai”. Essas novas pessoas passam a fazer
parte do contexto cultural de cada família.

Família Simultânea ou paralela

Contextos em que um dos indivíduos – um dos progenitores,


especificamente – mantém duas relações simultâneas. Ocorre em casos onde o pai,
por exemplo, é casado, mas possui uma outra família fora do casamento.

Família Eudemonista

Família que é constituída por uma parentalidade socioafetiva. É o caso de


padrinhos, amigos e vizinhos que de alguma forma contribuem para a formação dos
filhos e construção de personalidade familiar. É a exemplificação da máxima “família
do coração”.

1.1 – A ideia e o desenho de família ao longo da história


A família é considerada a mais antiga unidade relacional do ser humano –
antes mesmo das construções das primeiras comunidades – e é formada,
historicamente, a partir de uma figura masculina, o patriarca. Desde o princípio,
todos os membros dela assumem funções específicas – o pai provê a alimentação e
segurança; a mãe, o cuidar dos filhos e da casa e as crianças, serem imitadores do
pai ou da mãe.

Figura 1: Designação de família nas primeiras comunidades1

Na Roma antiga, a expressão família, designava apenas pai, mãe e filho(s) –


diferentemente das primeiras comunidades, onde os agrupamentos de pessoas que
compartilhavam laços sanguíneos eram chamados de clãs – e era formada através
de uma relação jurídica, o casamento.

DINIZ (2008) nos aponta que este era dividido em confarreatio o casamento
de caráter religioso, restrito à classe patrícia; coemptio, reservada à plebe, celebrada
através da venda fictícia do pai para o marido, o poder sobre a mulher – o dote – e o
usos, em que o marido adquiria a mulher pela posse.

Até então, para haver um casamento, era apenas necessário que ambos
coabitassem a mesma moradia e a afeição conjugal – isto é, o desejo recíproco dos
cônjuges de se tratarem como marido e mulher – podendo-se extinguir o casamento,
caso algum desses pressupostos se findasse.

1
Fonte: https://www.timetoast.com/timelines/evolucion-historica-del-estado-c1a5bf6e-d50c-4c77-92fa-
216c57155af5
Figura 2: Casamento católico2

A família natural foi alterada pela igreja, ao transformar o casamento em


uma instituição indissolúvel e sacramental, sendo a única formadora da família
cristã, sendo constituída entre duas pessoas de sexos opostos, através de uma
solene celebração – que ainda é presente nos dias atuais.

Cânon 1055, §1º: A aliança matrimonial, pela qual o homem e a


mulher constituem entre si uma comunhão da vida toda, é ordenada por sua
índole natural ao bem dos cônjuges e à geração e educação da prole, e foi
elevada entre os batizados à dignidade do sacramento (JOÃO PAULO II,
1983 in. CAPPARELLI, 1999)

Dentro do modelo canônico, há a colocação do ato sexual – a relação carnal


entre os seres, como colocado na bíblia, e considerado o pecado original – apenas
para a procriação, que é, para a igreja, a função primordial do sacramento
matrimonial.

Entendia-se dessa forma que o fim do matrimônio enquanto


instituição era a procriação e, por conseguinte, a educação da prole, o que
tornava justificável a prática do ato sexual dos cônjuges, autorizado no seio
dessa instituição como remédio (…) (CAPPARELLI, 1999)

Havendo ou não relações afetivas entre os parceiros, o Direito Canônico


coloca o casamento como “indissolúvel, isto é, não pode dissolver por vontade dos
cônjuges, exceto pela morte” (CAPPARELLI, 1999) – nos termos 1056 do cânon.

A evolução da família baseia-se na origem comum de seus membros, ou


seja, provindos de uma mesma raiz genética – vindos de um único patriarca, por

2
Fonte: http://www.noivasdobrasil.com.br/casamento-catolico/casamento-catolico-rituais-e-tradicoes/
exemplo. Porém, como grande parte das sociedades ocidentais adotaram os
preceitos da igreja católica, tais raízes perderam forças, e o modelo católico –
pessoas de diferentes raízes podem se casar – perdura até a atualidade. Hoje, o
casamento assume uma função jurídica, além da sacramental, como sintetiza
Gomes:

Na organização jurídica da família hodierna é mais decisiva a


influência do direito canônico. Para o cristianismo, deve a família fundar-se
no matrimônio, elevado a sacramento por seu fundador. A Igreja sempre se
preocupou com a organização da família, disciplinando-a por sucessivas
regras no curso dos dois mil anos de sua existência, que por largo período
histórico vigoraram, entre os povos cristãos, como seu exclusivo estatuto
matrimonial. Considerável, em consequência, é a influência do direito
canônico na estruturação jurídica do grupo familiar (GOMES, 1998)

Entretanto, o direito canônico não abrange uniões homossexuais e por anos,


privou casais do mesmo sexo a terem o status de família. A Igreja ainda cerceia tais
relações, não as considerando como relações matrimoniais. Em contrapartida, em
inúmeros países – inclusive no Brasil, desde 2013 – há, a nível jurídico, o casamento
(ou, em alguns casos, união estável).

Figura 3: Os novos modelos de casamento3

Ainda que haja movimentos que garantam direitos aos homossexuais, nesse
sentido – como o direito ao casamento, à adoção e, ainda em trâmite, a
criminalização da homofobia – ainda não é bem visto pela sociedade. A estranheza
em reconhecer os laços afetivos que são os principais constituintes entre dois
indivíduos do mesmo sexo é uma realidade que, através da educação devemos
combater como discorreremos a seguir.

3
Fonte: http://romuloparraabogado.com/registro-de-parejas-estables-de-cataluna
1.2 – A complexidade e variedade dos arranjos familiares no presente

De acordo com pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística (IBGE) em 2.010 (dois mil e dez), somente nos municípios de Recife, São
Paulo e Rio de Janeiro já existiam 60.000 (sessenta mil) famílias compostas por
casais homossexuais, e 53,8% (cinquenta e três vírgula oito por cento) dos desses
casais são formados por mulheres.

Ante tantas alterações nos arranjos familiares, o poder judiciário conferiu


reconhecimento a essas famílias. Como transcrito abaixo, o Supremo Tribunal
Federal (STF) reconhece a relação entre pessoas do mesmo sexo.

3. TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DA INSTITUIÇÃO DA


FAMÍLIA. RECONHECIMENTO DE QUE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL
NÃO EMPRESTA AO SUBSTANTIVO “FAMÍLIA” NENHUM SIGNIFICADO
ORTODOXO OU DA PRÓPRIA TÉCNICA JURÍDICA. A FAMÍLIA COMO
CATEGORIA SÓCIO-CULTURAL E PRINCÍPIO ESPIRITUAL. DIREITO
SUBJETIVO DE CONSTITUIR FAMÍLIA. INTERPRETAÇÃO NÃO-
REDUCIONISTA. O caput do art. 226 confere à família, base da sociedade,
especial proteção do Estado. Ênfase constitucional à instituição da família.
(…) A Constituição de 1988, ao utilizar-se da expressão “família”, não limita
sua formação a casais heteroafetivos nem a formalidade cartorária,
celebração civil ou liturgia religiosa. Família como instituição privada que,
voluntariamente constituída entre pessoas adultas, mantém com o Estado e
a sociedade civil uma necessária relação tricotômica. (…)(ADPF 132,
Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 05/05/2011,
DJe-198 DIVULG 13-10-2011 PUBLIC 14-10-2011 EMENT VOL-02607-01
PP-00001) grifos da autora.

Da mesma maneira, o Supremo Tribunal Federal (STJ) iguala as famílias


homoafetivas às tradicionais.

“CIVIL. RELAÇÃO HOMOSSEXUAL. UNIÃO ESTÁVEL.


RECONHECIMENTO. EMPREGO DA ANALOGIA. 1. "A regra do art. 226, §
3º da Constituição, que se refere ao reconhecimento da união estável entre
homem e mulher, representou a superação da distinção que se fazia
anteriormente entre o casamento e as relações de companheirismo. Trata-
se de norma inclusiva, de inspiração anti-discriminatória, que não deve ser
interpretada como norma excludente e discriminatória, voltada a impedir a
aplicação do regime da união estável às relações homoafetivas". 2. É
juridicamente possível pedido de reconhecimento de união estável de casal
homossexual, uma vez que não há, no ordenamento jurídico brasileiro,
vedação explícita ao ajuizamento de demanda com tal propósito.
Competência do juízo da vara de família para julgar o pedido. (…) 4. A
extensão, aos relacionamentos homoafetivos, dos efeitos jurídicos do
regime de união estável aplicável aos casais heterossexuais traduz a
corporificação dos princípios constitucionais da igualdade e da dignidade da
pessoa humana. (…) (REsp 827.962/RS, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 21/06/2011, DJe 08/08/2011).

Da mesma maneira, o STJ abrangeu seu entendimento, e passou a


reconhecer dos novos arranjos familiares, com ênfase na liberdade de casamento
entre pessoas do mesmo sexo.

“DIREITO DE FAMÍLIA. CASAMENTO CIVIL ENTRE PESSOAS


DO MESMO SEXO (HOMOAFETIVO). INTERPRETAÇÃO DOS ARTS.
1.514, 1.521, 1.523, 1.535 e 1.565 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002.
INEXISTÊNCIA DE VEDAÇÃO EXPRESSA A QUE SE HABILITEM PARA
O CASAMENTO PESSOAS DO MESMO SEXO. VEDAÇÃO IMPLÍCITA
CONSTITUCIONALMENTE INACEITÁVEL. ORIENTAÇÃO
PRINCIPIOLÓGICA CONFERIDA PELO STF NO JULGAMENTO DA ADPF
N. 132/RJ E DA ADI N. 4.277/DF. (…) 2. O Supremo Tribunal Federal, no
julgamento conjunto da ADPF n.132/RJ e da ADI n. 4.277/DF, conferiu ao
art. 1.723 do Código Civil de 2002 interpretação conforme à Constituição
para dele excluir todo significado que impeça o reconhecimento da união
contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como entidade
familiar, entendida esta como sinônimo perfeito de família. 3. Inaugura-se
com a Constituição Federal de 1988 uma nova fase do direito de família e,
consequentemente, do casamento, baseada na adoção de um explícito
poliformismo familiar em que arranjos multifacetados são igualmente aptos
a constituir esse núcleo doméstico chamado "família", recebendo todos eles
a "especial proteção do Estado". (…) 7. A igualdade e o tratamento
isonômico supõem o direito a ser diferente, o direito à auto-afirmação e a
um projeto de vida independente de tradições e ortodoxias. Em uma
palavra: o direito à igualdade somente se realiza com plenitude se é
garantido o direito à diferença. Conclusão diversa também não se mostra
consentânea com um ordenamento constitucional que prevê o princípio do
livre planejamento familiar (§ 7º do art. 226). E é importante ressaltar, nesse
ponto, que o planejamento familiar se faz presente tão logo haja a decisão
de duas pessoas em se unir, com escopo de constituir família, e desde esse
momento a Constituição lhes franqueia ampla liberdade de escolha pela
forma em que se dará a união. 8. Os arts. 1.514, 1.521, 1.523, 1.535 e
1.565, todos do Código Civil de 2002, não vedam expressamente o
casamento entre pessoas do mesmo sexo, e não há como se enxergar uma
vedação implícita ao casamento homoafetivo sem afronta a caros princípios
constitucionais, como o da igualdade, o da não discriminação, o da
dignidade da pessoa humana e os do pluralismo e livre planejamento
familiar. (…) (REsp 1183378/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 25/10/2011, DJe 01/02/2012).

O Conselho Nacional de Justiça, em maio de 2013, através de votação,


habilitou a celebração do casamento civil e aos casais que possuíam união estável,
a possibilidade de converter esta em casamento. Tal resolução não foi recebida com
empatia por parte da bancada cristã da câmara dos deputados, que alegou
inconstitucionalidade, ainda que a decisão tenha sido aprovada por votação.

Apesar da autorização do CNJ, há ainda muito preconceito e homofobia


permeando a temática. A prova do ainda exorbitante preconceito foi exposta através
da pesquisa realizada em 2015, pelo HelloSearch e veiculada pela revista Exame,
que aponta que cerca de 50% (cinquenta por cento) dos brasileiros ouvidos, é contra
o casamento homoafetivo, discordando que casais homoafetivos possam ter os
mesmos direitos de casais tradicionais.

A luta pelo reconhecimento, perante a sociedade do novo modelo familiar é


ainda algo que demanda muita discussão e aceitação. Por esse motivo precisamos
compreender que a família homoafetiva, da mesma forma que as demais,
necessitam apenas dos laços afetivos para serem, efetivamente, uma família.
Conforme POLI (2013) nos coloca:

“A união homoafetiva, por exemplo, é união familiar que, embora


não tenha origem na lei, tem sua força jurídica no fato social. Não se prepõe
uma interpretação extensiva da lei, mas que seja reconhecido que as
famílias não tipificadas tenham normatividade, enquanto originárias de fato
social já consolidado” (POLI,2013).

Para que tais preconceitos sejam dissolutos, cabe à escola, inserir tais
famílias – todos os modelos existentes – junto da formação dos filhos e filhas, como
dissertarei a seguir.

2 – A Parceria Família escola


A família é o primeiro ambiente de formação do ser crítico. É ela que, desde
muito cedo, escolhe o que o indivíduo aprende e, sob quais diretrizes éticas será
criado. Bem como, é ela que escolhe onde a criança irá estudar, se fará cursos
extracurriculares, limita o tempo de estudo em casa.

Atualmente, a escola, que é vista, por muitos pais, como um lugar onde os
filhos ficam, enquanto trabalham, reclama da ausência da família, no
acompanhamento dos rendimentos escolares do ser e da falta de limites que
algumas crianças apresentam. Em contra partida, a família se queixa da falta de
coercividade dos professores, da necessidade de uma formação mais ampla para os
assuntos mais voltados à vida pós-escola e da cobrança excessiva da escola para
que os pais tomem maior parte no processo educacional.

Segundo o disposto na constituição de 1988, a educação “(…) é um direito


de todos e dever do Estado e da família” (BRASIL, 1988). Pode-se compreender
que, o papel da escola não é apenas o ensino pedagógico em classe, e o da família
ultrapassa o de sustentar os filhos.

Como, ouvindo ambos os lados, podemos integrar essas duas partes tão
essenciais na construção do ensino-aprendizagem? Encaramos a realidade, em
nosso país especialmente, como descrito anteriormente, de famílias com as mais
diversas configurações. Configurações essas que, por vezes, há apenas um dos
progenitores junto do aluno, ou um casal que, aos olhos da sociedade tradicionalista
é errado. Esse desafio cabe ser transpassado pela escola, como Paulo Freire nos
lembra, a libertação através da educação é um esforço coletivo (FREIRE, 2006).

Entretanto, nos últimos anos, a participação da família, junto à educação dos


filhos tem deixado a desejar. Vimos que não há, de fato, a integração entre as duas
formadoras, o que tem afetado o aprendizado dos aprendentes.

A parceria entre a família e a escola é de suma importância para o


sucesso no desenvolvimento intelectual, moral e na formação do indivíduo
na faixa etária escolar.

Afinal, por que até hoje em pleno século XXI a escola reclama da
pouca ou insignificante participação da família na escola, na vida escolar de
seus filhos? Seria uma confusão de papéis? Onde estaria escondido o
ponto central desse dilema que se arrastam anos e anos? (GARCIA, 2006)
Essa confusão nos papéis, gerando cobranças para ambas as instituições. A
escola, entretanto, tem o dever de ensinar – bem – os conteúdos específicos,
propostos pelos órgãos federais e estaduais. E, por serem responsáveis diretos, a
família tem função complementar no processo de ensino-aprendizagem dos filhos.

O envolvimento dos pais na educação das crianças tem uma


justificativa pedagógica e moral, bem como legal [...] Quando os pais iniciam
uma parceria com a escola, o trabalho com as crianças pode ir além da sala
de aula, e as aprendizagens na escola e em casa possam se
complementares mutuamente. (SPODEK; SARACHO, 1998)

Cabe à escola, a formação cognitiva e à família, a formação afetiva. Cabe


ainda, a ambas, a formação do senso crítico, formação social e da personalidade
dos seres.

2.1– Desafios ao integrar família e escola

2.2 – Propostas de integração família-escola

O tema é discutido há anos, em diversos países. Algumas ações têm surtido


efeito, como criação de grupos de formação para pais, em temas relacionados aos
que os estudantes aprendem na escola, para que na formação continuada, os pais
possam melhor auxiliar os filhos. A fundação Itaú Social, em meados de 2009, criou
o projeto Coordenador de Pais, que designava um funcionário para mediar as
relações entre escola e família, criando práticas que intensificasse a participação
das famílias em reuniões e eventos escolares. Em 2016, em uma pesquisa,
constatou-se que a participação na rotina de estudos, após o projeto, aumentou:

A avaliação do Coordenadores de Pais em Goiás indicou que, na


percepção dos estudantes, a iniciativa aumentou em 6% o envolvimento das
famílias com a rotina de estudos. Houve, ainda, um impacto positivo de 4%
na percepção dos responsáveis sobre o acolhimento que recebem das
escolas. Os resultados foram apresentados no 13º Seminário Internacional
de Avaliação Econômica de Projetos Sociais, realizado em São Paulo no
final de agosto (de 2016). (ITAÚ SOCIAL, 2016)

Nos Estados Unidos, a PTA (Parent Teaching Association), em 2009 propôs


seis passos – bem-sucedidos – para a aproximação dos pais e alunos. Os “National
Standards for Family-School Partnerships” (Padrões Nacionais para parcerias entre
escolas e famílias) apontam estratégias para que a aproximação se dê de forma que
todos tenham voz ativa no processo. Os passos seguem descritos abaixo, em
tradução livre.

Receber bem todas as famílias na comunidade escolar


As famílias são participantes ativos na vida da escola e se sentem bem-vindas,
valorizadas e conectadas umas às outras, à equipe da escola e ao que os alunos
estão aprendendo e fazendo em sala de aula

Comunicação Efetiva
Famílias e equipe escolar se envolvem em comunicação regular e significativa
sobre o aprendizado do aluno .

Apoio ao sucesso do aluno


As famílias e a equipe da escola colaboram continuamente para apoiar o
aprendizado e o desenvolvimento saudável dos alunos, tanto em casa como na
escola, e têm oportunidades regulares de fortalecer seus conhecimentos e
habilidades para fazê-lo com eficácia.

Falando em nome dos alunos


As famílias são capacitadas para serem defensoras de seus próprios filhos e de
outras crianças, para garantir que os estudantes sejam tratados de forma justa e
tenham acesso a oportunidades de aprendizado que apóiem ​seu sucesso

Compartilhando poder
Famílias e funcionários da escola são parceiros iguais em decisões que afetam
crianças e famílias e, juntos, informam, influenciam e criam políticas, práticas e
programas.

Colaborando com a comunidade


As famílias e a equipe da escola colaboram com os membros da comunidade
para conectar os alunos, as famílias e a equipe a oportunidades ampliadas de
aprendizado, serviços comunitários e participação cívica.

Figura 4: National Standards for Family-School Partnerships (Padrões Nacionais para


parcerias entre escolas e famílias)
Outra boa maneira de integrar é criar novas formas de se comunicar com os
pais. No Espírito Santo, o diretor da escola Coronel Gomes de Oliveira, através dos
dados dos estudantes, criou novas formas de comunicação com os familiares,
conforme descrito no boletim Aprendizado em Foco, de 2016.
Ele conta que, ao assumir a escola, ouvia constantes queixas dos
professores de que os alunos não se interessavam pelos estudos, e que os
pais também nunca apareciam na escola. Para mudar esse quadro, ampliou
os meios de comunicação entre escola e pais, fazendo uso de ferramentas
simples. Ele pesquisou nos dados de matrículas todos os números de
telefones celulares dos pais, e criou grupos no WhatsApp de cada turma.
Passou também a enviar mensagens de textos informando sobre os
horários das reuniões. E criou ainda um perfil no Facebook para estimular
esse contato. Por esses novos canais ou pelos tradicionais, os pais
receberam o regimento da escola, e foram escolhidos líderes e vice-líderes
em cada turma para ajudarem a facilitar esse diálogo. (INSTITUTO
UNIBANCO, 2016).
Referências

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2007. Disponível em: <http://www.religare.com.br/blog/entendendo-as-familias-do-
seculo-xxi>. Acesso em:

BARONI, A. CABRAL, F. K. B. CARVALHO, L. R. Você sabia que existem


vários “tipos” de família? Ago. 2016 Disponível em:
<https://direitofamiliar.com.br/voce-sabia-que-existem-varios-tipos-de-familia/>
Acesso em:

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 05/10/1988

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FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 25/10/2011, DJe 01/02/2012).

BRASIL. Superior Tribunal De Justiça. REsp 827.962/RS, Rel. Ministro


JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 21/06/2011, DJe
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BRASIL. Superior Tribunal De Justiça. ADPF 132, Relator(a): Min. AYRES


BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 05/05/2011, DJe-198 DIVULG 13-10-2011
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dezembro 2012

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