Você está na página 1de 6

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS - UEMG

SENTENÇA JUDICIAL

“O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNA”

Frutal
2019
Ana Roberta da Silva e Souza

Areta Maria de Souza

Fausto Rogerio Marques

Luciano Monteiro Moyses

Ricardo de Paula Teixeira

Valmir Gervasio de Sousa

Sentença Judicial

“O Caso Dos Exploradores De Caverna”

Trabalho apresentado à disciplina


Introdução ao Estudo do Direito A, do
Curso de Direito, da Universidade do
Estado de Minas Gerais - UEMG,
Professor Doutor Vinicius Fernandes
Ormelesi.
Frutal
2019
SUPREMA CORTE DE NEWGARTH
ANO DE 4300

Caso: O Caso dos Exploradores de Cavernas Suprema

SENTENÇA

I – RELATÓRIO

Trata-se nos presentes autos do processo a condenação dos quatro


membros da Sociedade Espeleológica pela morte do Sr. Roger Whetmore, onde os
acusados recorreram da decisão do Tribunal do Condado de Stowfield.

II - DOS VISTOS

Os réus são membros da Sociedade Espeleológica, uma organização


composta de pessoas amadoras, com o interesse especifico de exploração de
cavernas.

No inicio de maio de 4299, os quatro réus, na companhia da vítima, adentraram no


interior de uma caverna de rocha calcária, no momento em que já estavam bem
distantes da entrada ocorreu um desmoronamento que bloqueou completamente a
sua única abertura.

Não voltando os acusados as suas casas, os familiares acionaram o Secretário


da Sociedade, o qual enviou uma equipe de socorro até o local. Após a
suplementação do numero de pessoas no resgaste, diversas frustações na
remoção dos escombros com mais desmoronamentos e a morte de dez
trabalhadores no processo de retirada das pedras.

Soube-se então, que os exploradores tinham levado consigo para a caverna


um rádio transistorizado capaz de receber e enviar mensagens. Pórem, somente no
vigésimo dia, os referidos espeleólogos conseguiram manter contato com a equipe
de socorro, onde, os réus e a vitima pediram que lhes informassem quanto tempo
seria necessário para liberá-los, e descreveram os alimentos os quais dispunham
perguntando aos médicos se havia chance de sobreviverem. Tiveram a resposta que
demoraria pelo menos dez dias e que a chance de sobrevivência eram mínimas. A
comunicação cessou por um tempo e quando foi restabelecida, os exploradores
pediram para falar com os médicos novamente. O chefe dos médicos foi posto na
frente do comunicador e a vitima, falando por todos, inclusive por ele mesmo, indagou
se eles seriam capazes de sobreviver por mais dez dias se caso se alimentassem da
carne de um deles. O presidente da comissão mesmo desapontado deu uma
resposta afirmativa.

A vitima questionou se seria aconselhável se tirassem a sorte para determinar


qual dentre eles deveria ser sacrificado, as autoridades não deram resposta à
pergunta. Após isso, nenhuma mensagem foi recebida de dentro da caverna.

Segundo relato dos companheiros de Whetmore o mesmo propôs tirar a sorte,


mediante um par de dados que trazia consigo, para saber qual deles serviriam de
alimento, inicialmente os acusados hesitaram, mas adiante concordaram com o
feito. Entretanto, antes que estes fossem lançados a sorte o Sr. Whetmore declarou
desistência e foi acusado de violação do acordo. Então, quando chegou a sua vez
um dos acusados atirou-os em seu lugar, o que foi adversa a sorte, e então foi
morto.

Depois de libertos foram acusados e sentenciados pelo assassinato do Sr.


Whetmore e o juiz de primeira instância decidiu que os réus eram culpados e
consequentemente sentenciados à forca.

III - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


Diante do caso aqui apresentado, é muito difícil não se emocionar com a
sobrevivência dos réus. No entanto, se deixar levar pelos sentimentos pode ser algo
extremamente perigoso, visto que, o caso desses quatro homens tomou uma
proporção gigantesca e, com isso, ganhou um apelo emocional ainda maior,
principalmente da população. Logo, é necessário deixar nossos sentimentos de lado
para tomar essa decisão, pois podem acabar interferindo na decisão final e
prejudicando o nosso discernimento.

Whetmore foi morto contra a sua vontade, pois antes mesmo de jogarem os
dados ele havia desistido da ideia que ele mesmo tinha formulado. Ele afirmou que
queria esperar mais sete dias antes de recorrer a essa ideia insana, no entanto os
seus companheiros o forçaram mesmo assim.

Abordando o Direito Natural, alguns podem afirmar que os homens presos


naquela caverna estavam propícios a lei criada por eles, afinal estavam em estado de
natureza e, dessa maneira, não propensos as leis aplicadas pelo estado. Nesse
ínterim, essa afirmação é totalmente contraditória, pois em primeiro lugar, esse
estado de natureza e o próprio Direito Natural não tem nenhuma comprovação
científica, com isso, é muito equivocado usa-los como uma forma de argumento sem
ao menos haver algum tipo de prova de que ele realmente exista e que apenas não
passa de pensamentos oriundos da criatividade humana. Em segundo lugar, a
natureza não aplica nenhuma penalidade a quem vai contra as leis aplicadas pela
mesma, afinal, ela não tem esse poder, pois o direito é fruto da vontade e, apenas as
pessoas expressam essa vontade.

Seguindo o pensamento do positivismo jurídico, quem é o responsável por


aplicar a penalidade para quem descumpre uma norma? O Estado! Diante ele cria as
normas e ele tem o poder para fazer valer. Nesse contexto, fica claro que o direito
natural em nada influenciou os homens que estavam presentes naquela caverna e,
claramente, eles estavam sobre a jurisdição proposta pelo Estado. Não seguir a lei
nesse momento pode abrir precedentes para novos casos, onde homicídios poderiam
ser justificados pelo mesmo motivo aqui apresentado, onde os responsáveis por
esses crimes poderiam alegar questão de sobrevivência, ou pressão psicológica
extrema e, dessa forma, usarem de exemplo o caso aqui exposto como
argumentação para não serem condenados também. Dessa maneira, é notório o
quanto pode ser perigoso não condenar os réus e seguir apenas as emoções, que
muitas vezes podem confundir o pensamento humano, desse modo, devemos nesse
momento nos basear apenas na lógica da lei.

IV – DECISÃO
Portanto, diante dos argumentos supracitados fica claro que os réus devem ser
condenados a forca, pois estavam cientes das suas ações e claro, das suas
consequências. Com isso, é necessário seguir a norma, pois a mesma diz que aquele
que cometer homicídio deve ser condenado. Nesse contexto, meu voto será para a
condenação dos quatro réus.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FULLER, Lon L. O caso dos exploradores de cavernas. São Paulo: edipro, 1ª


Edição, 2014.

JÚNIOR, Humberto Theodoro. A onda reformista do direito positivo e suas


implicações com o princípio da segurança jurídica. Revista de Doutrina da 4ª
Região, Porto Alegre, n. 14, 2006.

KELSEN, Hans; LOUREIRO, Fernando Pinto. Teoria pura do direito. Saraiva, 1939.

LOPES, José Reinaldo de Lima. Iluminismo e jusnaturalismo no ideário dos


juristas da primeira metade do século XIX. Brasil: formação do Estado e da
nação. São Paulo: Haucitec, 2003.

RAMOS, Cesar Augusto. Hegel e a crítica ao estado de natureza do


Jusnaturalismo moderno. Kriterion: Revista de Filosofia, v. 52, n. 123, p. 89-104,
2011.

VIANNA, Luiz Werneck. Poder Judiciário," positivação" do direito natural e


história. Revista Estudos Históricos, v. 9, n. 18, p. 263-282, 1996.

Você também pode gostar