Você está na página 1de 64

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO BAIXO TOCANTINS
FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM MATEMÁTICA

JOELMA TELES QUARESMA

APLICANDO CAMPOS VETORIAIS NA MODELAGEM DE UM FURACÃO

ABAETETUBA – PA
2017
JOELMA TELES QUARESMA

APLICANDO CAMPOS VETORIAIS NA MODELAGEM DE UM FURACÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a


Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia da
Universidade Federal do Pará, Campus
Universitário do Baixo Tocantins, como
requisito final para obtenção do grau de
Licenciada Plena em Matemática, sob
orientação do Prof. Dr. Manuel de Jesus dos
Santos Costa.

Abaetetuba – PA
2017
JOELMA TELES QUARESMA

APLICANDO CAMPOS VETORIAIS NA MODELAGEM DE UM FURACÃO

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado, para a obtenção do título
de Licenciada Plena em Matemática pelo corpo docente da Faculdade de Ciências Exatas e
Tecnologia da Universidade Federal do Pará, Campus Universitário do Baixo Tocantins.

Abaetetuba, 17de Agosto de 2017.

_______________________________________
Prof. Dr. Manuel de Jesus dos Santos Costa
UFPA
Orientador

________________________________________
Prof. Dr. Rômulo Correa Lima
UFPA
Examinador

________________________________________
Prof. Dr. José Francisco da S. Costa
UFPA
Examinador
AGRADECIMENTOS

A DEUS pelo dom da vida, por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades,
agradeço-te por nunca me deixar esquecer que mesmo em meio aos desertos, sempre estavas
comigo em todo tempo, que permitiu que tudo isso acontecesse ao longo da minha vida, é o
maior mestre que alguém pode conhecer, te amo meu DEUS.

Aos meus pais João Teles, Maria da Conceição e a minha irmã Josiane que sempre
estiveram ao meu lado, que não mediram esforços pra que eu chegasse a essa etapa da minha
vida, muito obrigada meus amores, amo muito vocês.

Ao meu Orientador Prof. Dr. Manuel de Jesus dos Santos Costa, que foi um presente
de Deus pra mim, pela dedicação em suas orientações prestadas na elaboração deste trabalho,
pela grande paciência, e por sua generosidade inigualável, por ser essa pessoa incrível e
especial. Muito obrigada por tudo, sou sua fã número um.

A todos meus professores em especial a Silvana Gomes, Alan Carlos, Felipe Astur,
Manuel Lima, que sempre me ajudaram quando precisei em minha formação acadêmica.

Aos meus amigos que muito me ajudaram generosamente sem medir esforços, em
especial ao Gabriel Martins, a Ana Paula Farias, Diógenes Negrão e sua esposa Juliana, a
Marlene e ao Dinaldo Almeida, que o Senhor Jesus possa os recompensar poderosamente o
que fizeram por mim.

A minha turma Matemática 2013, que me acolheram super bem (pois sou da turma
2010), muito obrigada pela amizade vocês são demais, em especial a Rosimeire, Alana e
Marcos, meus grandes amigos, que passamos por tantas dificuldades, mas no final tudo deu
certo, amo vocês.

A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram para a realização deste.

Meu muito obrigada!


“Não há ramo da Matemática, por mais
abstrato que seja que não possa um dia vir a
ser aplicado aos fenômenos do mundo real”.
(Lobachevsky).
RESUMO

O objetivo principal do presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi apresentar um


modelo matemático simples de um furacão utilizando alguns princípios básicos de fluxo
fluido atrelados a fundamentação teórica de campos vetoriais. Neste sentido, foram
apresentados conceitos do cálculo vetorial, em particular, campos vetoriais bidimensionais
(2D) e tridimensionais (3D), sendo os mesmos visualizados graficamente. Em seguida,
abordou-se as chamadas anomalias na temperatura do mar, objetivando explicar os furacões.
Neste contexto, descreveu-se a formação deste tipo de fonômeno, as diferenças entre furacões,
tornados e tufões, classificação, nomenclatura e uma listagem dos furacões mais destruidores.
Posteriormente, explanou-se de maneira sucinta um capítulo sobre modelagem matemática
com o intuito de unir teoria e prática. Finalmente determinou-se uma expressão analítica
explicita para um campo de velocidades de um determinado furacão, tal processo
caracterizou-se pela superposição de dois fluxos simples, quais sejam fluxos vórtice e poço.
Como prática, a expressão analítica anteriormente mencionada obtendo um modelo do campo
vetorial de uma situação real vinculada a um furacão (Matthew). Destaca-se ainda que o
auxilio computacional utilizado nesse trabalho foi o programa Mathematica.

Palavras- Chaves: Campos Vetoriais. Modelagem. Furacão.


ABSTRACT

The main objective of the present Work of Conclusion of Course (TCC) was to present a
simple mathematical model of a hurricane using some basic principles of fluid flow linked to
the theoretical basis of vector fields. In this sense, vectorial concepts were presented, in
particular, two-dimensional (2D) and three-dimensional (3D) vector fields, and they were
visualized graphically. Then, the so-called sea temperature anomalies were addressed, with
the purpose of explaining the hurricanes, in this context, their formation was described, the
differences between hurricanes, tornadoes and typhoons, classification, nomenclature and a
listing of the worst hurricanes. Subsequently, a chapter on mathematical modeling was
succinctly explained in order to unite theory and practice. And finally an explicit analytical
expression was determined for a velocity field of a given hurricane, this process was
characterized by the superposition of two simple flows, namely, vortex and well flows. As a
practical application, the aforementioned analytical expression was applied obtaining a vector
field model of a real situation related to a hurricane (Matthew). It should be noted that the
computational aid used in this work was the Mathematica program.

Keywords: Vector Fields. Modeling. Hurricane.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Representação hipotética de um campo vetorial 2D. ............................................... 13

Figura 2 - Representação gráfica de um campo vetorial 2D. ................................................... 15

Figura 3 - Representação gráfica de um campo vetorial 3D. ................................................... 15

Figura 4- Representação geométrica de um campo vetorial 2D ............................................... 17

Figura 5- Representação geométrica de um campo vetorial 2D ............................................... 17

Figura 6- Representação geométrica de um campo vetorial 2D ............................................... 18

Figura 7- Representação geométrica de um campo vetorial 3D ............................................... 18

Figura 8- Representação geométrica de um campo vetorial 3D ............................................... 19

Figura 9- Representação geométrica de um campo vetorial 3D aplicando uma técnica de corte


(do inglês, slice)........................................................................................................................ 19

Figura 10- Imagem da queda da pressão atmosférica no furacão............................................. 21

Figura 11- Imagem do “olho” de um determinado furacão ...................................................... 21

Figura 12- Esquema da formação de um furacão (velocidade do vento) ................................. 23

Figura 13- Imagem da rotação de um furacão (direção do vento)............................................ 23

Figura 14- Imagem do furacão Catarina ................................................................................... 25

Figura 15- Fluxograma classificatório dos modelos matemáticos ........................................... 30

Figura 16- Principais etapas de um determinado processo de modelagem .............................. 32

Figura 17- Imagem do Furacão Matthew ................................................................................. 34

Figura 18- Representação gráfica de um campo vetorial caracterizando um fluxo vórtice ..... 41

Figura 19- Representação gráfica de um campo vetorial caracterizando um fluxo poço......... 44


Figura 20- Imagem geométrica de um campo vetorial para um determinado furacão com
potência de vórtice k = 2πe potência de poço q = 2π ............................................................ 45

Figura 21- Imagem da representação geométrica dos vetores unitários ortogonais ur e uθ .... 47

Figura 22- Imagem geométrica das linhas de corrente de um campo vetorial para um
determinado furacão com potências de vórtice k = 2π e potência de poço q = 2π ............... 49

Figura 23-Imagem geométrica modelada do furacão Matthew ................................................ 52

Figura 24- Imagem geométrica do furacão Matthew utilizando linhas de corrente ................. 53

Figura 25- Imagem da Esquematização das Coordenadas Polares (r e θ) ............................... 58


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 11

2 CONCEITOS BÁSICOS DE CAMPOS VETORIAIS ........................................... 13

2.1 CAMPOS VETORIAIS ................................................................................................ 13

2.1.1 Definição ...................................................................................................................... 14

2.1.2 Notação Compacta para Campos Vetoriais ............................................................. 19

3 ANOMALIAS NA TEMPERATURA DO MAR EXPLICAM OS FURACÕES . 20

3.1 CICLONE ..................................................................................................................... 20

3.2 FURACÃO ................................................................................................................... 20

3.3 FORMAÇÃO DOS FURACÕES ................................................................................. 22

3.4 DIFERENÇAS ENTRE FURACÕES, TORNADOS, TUFÕES ................................. 25

3.5 CLASSIFICAÇÃO DOS FURACÕES ........................................................................ 26

3.6 NOMENCLATURA DOS FURACÕES ...................................................................... 26

3.7 OS PIORES FURACÕES............................................................................................. 27

4 MODELAGEM MATEMÁTICA ............................................................................. 30

4.1 O QUE É MODELAGEM MATEMÁTICA ................................................................ 30

4.2 O PROCESSO DE MODELAGEM ............................................................................. 31

5 FURACÃO MATTHEW............................................................................................ 34

6 APLICAÇÕES ............................................................................................................ 37

6.1 HIPÓTESES DO MODELO ........................................................................................ 37


6.2 MODELO DO FLUXO VÓRTICE .............................................................................. 38

6.3 MODELO DO FLUXO POÇO .................................................................................... 41

6.4 UM MODELO BÁSICO DE FURACÃO .................................................................... 44

6.5 LINHAS DE CORRENTE PARA O MODELO BÁSICO DO FURACÃO ............... 45

6.6 MODELANDO O FURACÃO MATTHEW ............................................................... 50

6.7 LINHAS DE CORRENTE PARA O FURACÃO MATTHEW .................................. 52

7 CONCLUSÕES ........................................................................................................... 54

REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 56

ANEXO A- COORDENADAS POLARES .......................................................................... 58

ANEXO B- PRODUTO ESCALAR, PRODUTO VETORIAL E NORMA DE UM


VETOR .................................................................................................................................... 59

ANEXO C- DIVERGÊNCIA E ROTACIONAL.................................................................61


11

1 INTRODUÇÃO

O comportamento da atmosfera foi provavelmente uma das preocupações relacionadas


ao homem primitivo, o estudo das condições do tempo surgiu com a necessidade do mesmo
proteger-se do ambiente em que vive. Com as grandes navegações para as explorações
geográficas, as preocupações com a instabilidade atmosférica, que originam agitações
marinhas e causam perigos às embarcações, tornaram-se importantes na vida do ser humano
(VIANELLO; ALVES, 1991apud SILVA, 2009).

Atualmente, a humanidade conta com auxilio de supercomputadores que podem


elaborar previsões numéricas de tempo capazes de prever as condições atmosféricas com
considerável antecedência. Assim sendo, o ser humano pode criar diversos controles
climáticos de acordo com suas necessidades. No entanto, existe um fenômeno natural extremo
de difícil previsibilidade, e ainda hoje, é complexo prever com precisão a ocorrência deste
evento, o furacão. O furacão, um dos mais temidos eventos naturais, é resultante da
combinação de uma série de fatores atmosféricos e geográficos. Sempre que uma região é
atingida por um fenômeno como esse, os efeitos são rapidamente sentidos, com a devastação
de casas, áreas naturais e, em alguns casos, o registro de várias mortes, além de inúmeros
prejuízos financeiros, que podem chegar a patamares dos bilhões de dólares.

As perdas de vidas em virtude da formação de eventos climáticos extremos como o


furacão têm sido minimizada pelo desenvolvimento das previsões climáticas, com uso de
tecnologias avançadas que calculam a movimentação dos ventos, possibilitando que as
populações das áreas de risco sejam avisada precocemente, realizando desta maneira
procedimentos de segurança. Entre os furacões mais conhecidos, estão o Matthew, em 2016,
Patrícia, em 2015, o Hayan, em 2013, o Katrina e o Wilma, em 2005, Sandy, em 2002, e
Audrey, em 1957, para efeito de citação (PAULA et al., 2016).

Diante do exposto, o presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentará um


modelo básico de furacão, unindo teoria e prática através de uma modelagem utilizando o
cálculo vetorial, em particular, campos vetoriais vinculados a uma ferramenta computacional
(programa Mathematica) 1 , neste contexto, serão apresentados procedimentos analíticos

1
É um tipo de software concebido por Stephen Wolfram, e continuamente desenvolvido pela empresa Wolfram,
que interpreta-se por uma kernel (núcleo) que realiza todos os cálculos, como cálculos numéricos,
apresentações de funções, resolução de equações, esboço e desenho de gráficos, tornando-se um sistema
independente da plataforma que deseja-se operar. A versão utilizada no presente trabalho é a mais atual, 11.1.
12

objetivando validar os modelos apresentados, sendo os mesmos ratificados por visualizações


geométricas.

Para tanto, organizou-se o trabalho da seguinte forma: no segundo capítulo são


apresentadas as definições relativas aos conceitos e representações gráficas (2D) e (3D) de
campos vetoriais. Em seguida, no terceiro capitulo, fala-se sobre Ciclones e em especial ao
furacão abordando o conceito, formação, classificação e curiosidades do mesmo. O quarto
capítulo introduz a modelagem matemática em termos gerais, definição, e processos de
modelos matemáticos. O quinto capítulo apresenta o histórico do furacão Matthew (países
afetados, destruição, etc). O sexto capítulo apresenta uma aplicação, levando em consideração
a modelagem de um furacão (Matthew), tendo como referência uma situação problema real.
Finalmente, no sétimo capítulo são comentadas as conclusões obtidas no presente estudo.
13

2 CONCEITOS BÁSICOS DE CAMPOS VETORIAIS

Para Stewart (2012), o cálculo vetorial é uma área de extrema importância para a
matemática pura e aplicada, envolvendo a análise de vetores em uma ou mais dimensões. O
estudo do cálculo vetorial inclui campos vetoriais, que são funções que associam vetores a
pontos do espaço. Tal estudo caracteriza-se de suma importância para a descrição matemática
de um fluxo (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2007).

2.1 CAMPOS VETORIAIS

Para exemplificar um campo vetorial, imagina-se uma corrente em que a água flui
horizontalmente em qualquer nível e considera-se a camada de água numa profundidade
específica. Em cada ponto da camada, a água tem certa velocidade, a qual é representada por
um vetor naquele ponto (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2007), (ver, Figura 1).

Figura 1 - Representação hipotética de um campo vetorial 2D.

Fonte: Adaptado de ANTON; BIVENS; DAVIS, 2007.

Anton, Bivens e Davis (2007) elucidam que a associação de vetores velocidade com
pontos numa camada bidimensional é denominada de campo de velocidades nessa camada tal
descrição citada está diretamente ligada à definição de campo vetorial enunciada a seguir.
14

2.1.1 Definição

De acordo com Anton, Bivens e Davis (2007), seja 𝐷 um conjunto bidimensional


(2D). Um campo vetorial bidimensional (2D) é uma função 𝐹⃗ que associa a cada ponto (𝑥, 𝑦)
em 𝐷 um vetor bidimensional 𝐹⃗ (𝑥, 𝑦). Analogamente, seja 𝐸 uma região tridimensional (3D).
Um campo vetorial (3D) é uma função 𝐹⃗ que associa a cada ponto (𝑥, 𝑦, 𝑧) em 𝐸 um vetor
tridimensional 𝐹⃗ (𝑥, 𝑦, 𝑧) . Observa-se que se introduziu um sistema de coordenadas
designando-se componentes para os vetores. Deste modo, com um sistema de coordenadas
𝑥𝑦 para o campo vetorial 𝐹⃗ (2D), pode-se expressá-lo em termos de suas funções
componentes 𝑓 e 𝑔, da seguinte forma:

𝐹⃗ (𝑥, 𝑦) = 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑖⃗ + 𝑔(𝑥, 𝑦)𝑗⃗ (1)

ou, de forma simplificada:

𝐹⃗ (𝑥, 𝑦) = 𝑓𝑖⃗ + 𝑔𝑗⃗ (2)

Similarmente, pode-se escrever um campo vetorial 𝐹⃗ tridimensional (3D) com suas


funções componentes 𝑓, 𝑔 e ℎ, ou seja:

⃗⃗
𝐹⃗ (𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑖⃗ + 𝑔(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑗⃗ + ℎ(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑘 (3)

ou ainda,

⃗⃗
𝐹⃗ (𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑓𝑖⃗ + 𝑔𝑗⃗ + ℎ𝑘 (4)

Desta maneira, considerando de um modo geral 𝑓, 𝑔 e ℎ funções escalares tanto em


(2D) quanto em (3D), as mesmas são denominadas em algumas situações campos escalares
para distingui-los dos campos vetoriais. Nota-se que é viável definir a continuidade dos
campos vetoriais sendo que 𝐹⃗ será contínua se e, somente se, suas funções componentes
forem contínuas (STEWART, 2012).

Observam-se agora as Figuras (2) e (3) que representam um campo vetorial (2D) e
(3D), respectivamente.
15

Figura 2 - Representação gráfica de um campo vetorial 2D.

Fonte: Adaptado de STEWART, 2012.

Figura 3 - Representação gráfica de um campo vetorial 3D.

Fonte: Adaptado de STEWART, 2012.


16

Assim, segundo Anton, Bivens e Davis (2007), geometricamente um campo vetorial


em (2D) ou (3D) pode ser visualizado projetando-se vetores representativos 𝐹⃗ (𝑥, 𝑦) ou
𝐹⃗ (𝑥, 𝑦, 𝑧) em alguns pontos escolhidos do plano ou do espaço, nesta ordem. Contudo, como
geralmente não é viável expor de forma completa uma curva (2D) ou (3D) encontrando um
número finito de pontos, também não é recomendado representar um campo vetorial
encontrando um número finito de vetores. Entretanto, as representações gráficas de tais
campos fornecem informações favoráveis acerca do desempenho geral dos campos em
questão se os vetores forem selecionados corretamente, assim, tais representações promovem
um volume sistemático de cálculos, de forma que são criados geralmente com auxilio
computacional. Neste sentido, para tornar mais compreensível a definição de campo vetorial,
utilizar-se-á exemplos (ver, Figuras 4, 5, e 6) envolvendo campos vetoriais (2D), bem como
campos vetoriais (3D) (ver, Figuras 7, 8 e 9), utilizando como ferramenta computacional o
programa Mathematica.
𝟏
⃗⃗(𝒙, 𝒚) = √𝒚 𝒊⃗ (ver, Figura 4) poderia descrever a velocidade da
O campo vetorial 𝑭 𝟓

corrente num córrego em várias profundidades. No fundo do córrego, a velocidade é zero,


mas a velocidade da corrente aumenta à medida que a profundidade diminui, ressaltando que
pontos na mesma profundidade tem a mesma velocidade. Em relação ao campo vetorial
⃗𝑭⃗(𝒙, 𝒚) = −𝒚𝒊⃗ + 𝒙𝒋⃗ (ver, Figura 5), o mesmo descreve a velocidade de pontos relacionados a
uma roda. No centro da roda a velocidade é nula, mas a velocidade aumenta com a distância
⃗⃗
do centro, pontos à mesma distância do centro tem a mesma velocidade. Já o campo vetorial 𝑭
𝒙𝒊⃗+𝒚𝒋⃗
(𝒙, 𝒚) = (ver, Figura 6), por exemplo, descreveria hipoteticamente uma força de
𝟏𝟎(𝒙𝟐 + 𝒚𝟐 )𝟑⁄𝟐

repulsão de uma corrente elétrica, ou seja, quanto mais perto da carga, maior é a força
⃗⃗
𝒙𝒊⃗+𝒚𝒋⃗+𝒛𝒌
⃗⃗(𝒙, 𝒚) = 𝟐 𝟐 𝟐
repulsora. O campo vetorial 𝑭 ⃗⃗(𝒙, 𝒚, 𝒛) = 𝒚𝒊⃗ − 𝒙𝒋⃗ +
(ver, Figura 7), 𝑭
(𝒙 + 𝒚 +𝒛 )𝟑⁄𝟐

⃗⃗ (ver, Figura 8) e 𝑭
𝒛𝒌 ⃗⃗ (ver, Figura 9) mostram campos vetoriais no
⃗⃗(𝒙, 𝒚, 𝒛) = 𝒚𝒊⃗ − 𝒙𝒋⃗ + 𝒛𝒌
espaço 3D, tais figuras tendem a ser confusas e, portanto de menor valor que representações
gráficas de campos vetoriais no espaço 2D (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2007), no entanto,
existem recursos gráficos que minimizam tal situação (ver, Figura 9).
17

Figura 4- Representação geométrica de um campo vetorial 2D

2 1 0 1 2

Fonte: Adaptado de ANTON; BIVENS; DAVIS, 2007.

Figura 5- Representação geométrica de um campo vetorial 2D

3 2 1 0 1 2 3
Fonte: Adaptado de ANTON; BIVENS; DAVIS, 2007.
18

Figura 6- Representação geométrica de um campo vetorial 2D

1.0

0.5

0.0

0.5

1.0

1.0 0.5 0.0 0.5 1.0

Fonte: Adaptado de ANTON; BIVENS; DAVIS, 2007.

Figura 7- Representação geométrica de um campo vetorial 3D

5
0
5

Fonte: Adaptado de ANTON; BIVENS; DAVIS, 2007.


19
Figura 8- Representação geométrica de um campo vetorial 3D

Fonte: Autoria própria

Figura 9- Representação geométrica de um campo vetorial 3D, aplicando uma técnica de corte
(do inglês, slice)

Fonte: Autoria Própria

2.1.2 Notação Compacta para Campos Vetoriais


Rotineiramente, identificam-se os pontos (𝑥, 𝑦) e (𝑥, 𝑦, 𝑧) com os vetores posição 𝑟⃗ =
⃗⃗ , respectivamente. Neste sentido, o campo vetorial tanto em (2D)
𝑥𝑖⃗ + 𝑦𝑗⃗, e 𝑟⃗ = 𝑥𝑖⃗ + 𝑦𝑗⃗ + 𝑧𝑘
quanto em (3D) podem ser escrito como 𝐹⃗ (𝑟⃗), (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2007).
20

3 ANOMALIAS NA TEMPERATURA DO MAR EXPLICAM OS FURACÕES

3.1 CICLONE

Ciclone é um fenômeno atmosférico em que os ventos giram em sentido circular,


tendo no centro uma área de baixa pressão, no hemisfério sul o vento gira em sentido horário,
e no norte no sentido anti-horário, tal fenômeno se deve ao efeito Coriólis2 que se manifesta
graças ao movimento de rotação da terra (PENA, 2011). Geralmente ele é acompanhado de
fortes chuvas (tempestades), os mesmos se formam preferencialmente em regiões de clima
tropical e equatorial, em áreas do oceano com águas quentes (PEREIRA, 2011). Um ciclone
tropical é o termo geral para o fenômeno descrito acima, ele engloba os outros que se
diferenciam pela sua localização geográfica e sua intensidade (CICLONE..., 2013), um
exemplo típico de ciclone é o furacão, um fenômeno violento causador de muita destruição e
pavor no local onde ocorre, apresentando rotineiramente um número elevado de mortos com
milhares de desabrigados, causando prejuízos irreparáveis na agricultura e pecuária,
custando dessa maneira, milhões aos cofres públicos que precisam investir na
reconstrução das cidades atingidas.

3.2 FURACÃO

A palavra “furacão” tem origem entre os maias (povo que habitava a América Central
antes da chegada dos conquistadores espanhóis, no final do século XV). De acordo com
a mitologia maia, Huracan era o “Deus” responsável pelas tempestades, os espanhóis
absorveram a palavra, transformando-a no que ela é hoje. De acordo com o dicionário Aurélio
(1986), a palavra furacão significa “vento violento e repentino”. Em relação aos
meteorologistas o furacão é um tipo de ciclone tropical que tem origem em águas oceânicas,
caracterizando grandes áreas de nuvens carregadas que só podem ser observados através das
imagens de satélites, podendo causar graves consequências quando atinge áreas urbanas
(FURACÃO..., 2015)

2
É um sistema de referência em rotação uniforme, em que os corpos em movimento, quando visto por um
observador no mesmo referencial, aparecem sujeitos á uma força perpendicular á direção do seu movimento.
Essa força foi descoberta pelo engenheiro francês Gustave-Gaspar Coriolis. (MIRANDA, 2009).
21

Quando os ventos que giram em volta de uma coluna de ar quente atingem 120 km/h, a
pressão atmosférica em uma pequena área dentro da coluna cai muito drasticamente, (ver,
Figura 10) é o aparecimento do chamado olho do furacão, (ver, Figura 11), o olho é uma
região de calmaria, onde os ventos são leves, não ultrapassando os 32 km/h. Neste contexto, se
houvesse a possibilidade de entrar em um furacão, primeiro notar-se-ia ventos muito fortes
soprando em uma determinada direção, em seguida seria detectada uma área mais quente e o
sopro de uma brisa e, finalmente, atingir-se-ia uma região com ventos violentos (ROCHA,
2003 ).

Figura 10- Imagem da queda da pressão atmosférica no furacão

Fonte: Autoria Própria

Figura 11- Imagem do “olho” de um determinado furacão

Fonte: www.invivo.fiocruz.br-cgi-sys-start<furacoes.htm.
22

Nos dias de hoje, existem estações meteorológicas que monitoram constantemente este
tipo de fenômeno climático, avisando a população local em caso de evidências de desastres,
eles duram, em média, seis dias e viajam a uma velocidade que varia entre 19 km/h e 32 km/h.
As tempestades completamente desenvolvidas se movem mais rápido que as tempestades
jovens, eles trazem ainda ondas de até 12 m de altura e uma variação de até 5,5 m3 na
quantidade normal de chuvas da região atingida (ROCHA, 2003). Ainda como informação, o
furacão também intensifica o processo de salinização nas áreas litorâneas, isto é, as partículas
de cloreto de sódio (NaCl) grudam nas linhas elétricas e causam a queda de eletricidade em
áreas extensas, oxidam vários metais e também matam vegetação a médio prazo
(KOBIYAMA et al., 2006).

3.3 FORMAÇÃO DOS FURACÕES

Para que um furacão desenvolva-se é necessário que exista inicialmente a formação de


uma tempestade tropical 3 no oceano, sobre águas relativamente quentes, isto é, com
temperatura da superfície do mar a 27º C, normalmente no final do verão e início do outono,
entre os países mais propícios a eles, estão os Estados Unidos, Austrália, Canadá e Japão.
Além das características citadas, acrescenta-se umidade, provinda da evaporação do oceano,
temperatura elevada e um período de tempo suficiente para o desenvolvimento da tempestade,
como resultado, têm-se condições propícias para a formação de violentos furacões. Assim,
eles formam um sistema circular de movimentação de ar, em uma velocidade de até 300 km/h
e com diâmetro de centenas de quilômetros, o calor do oceano e da água que evapora faz com
que os ventos acelerem-se cada vez mais, dando a aparência de cone para o furacão (PENA
2011).
Em uma situação hipotética para efeito de visualização de um furacão apresentam-se
as Figuras (12) e (13).

3
É considerada tempestade tropical toda e qualquer agitação intensa do ambiente, podendo incluir chuva,
explosões e outros tipos de fenômenos (CONCEITO..., 2016).
23

Figura 12- Esquema da formação de um furacão (velocidade do vento)

Fonte: Autoria Própria

Figura 13- Imagem da rotação de um furacão (direção do vento)

Fonte: Autoria Própria


24

Um furacão, caso atinja a costa, certamente provocará danos e prejuízos severos as


comunidades impactadas, mas, ao mover-se sobre a terra, a rugosidade do terreno e a
diminuição da umidade, fazem com que um furacão perca sua intensidade rapidamente, assim,
os danos associados a eles, geralmente restringem-se a linha de costa (NOAA, 1999 apud
KOBIYAMA et al., 2006).

Segundo Webster et al e Emanuel (2005, apud KOBIYAMA et al., 2006) atualmente,


têm-se associado o aumento na frequência e na intensidade dos furacões em todo o mundo
com o aquecimento global. Pesquisadores acreditam que o aquecimento global aumentou a
temperatura média dos oceanos, favorecendo a formação dos furacões, principalmente dos de
categoria 4 e 5 (ver, Tabela 1). Além disso, o aumento da temperatura poderia causar a
formação de furacões em áreas outrora desprovidas de registros, como no Atlântico Sul.

Portanto, para surgirem os furacões necessita-se de águas oceânicas quentes, sendo


mais comum em regiões tropicais. A exceção, talvez, tenha sido o furacão Catarina (ver,
Figura 14) que atingiu o sul do Brasil no Atlântico Sul, em uma zona temperada, no ano de
2004. Naquela ocasião, houve uma série de anomalias que contribuiu para o aquecimento
incomum das águas da região (PENA, 2011). Neste contexto, segundo o pesquisador do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Carlos Nobre, o furacão Catarina foi o
primeiro furacão observado no Atlântico Sul, pelo menos desde que há registros
meteorológicos confiáveis no Brasil, isto é, por 100 anos ou mais. Nos últimos 40 anos, com a
presença de satélites meteorológicos, não há registros de furacões nesta parte do Oceano
Atlântico. Ainda como informação, o furacão Catarina originou-se a partir de um ciclone
extratropical (ocorrem em regiões que apresentam latitudes médias, sendo acompanhadas por
fortes tempestades, recebem esse nome uma vez que ocorrem fora da faixa denominada
tropical). Na região de formação do Catarina, as águas encontravam-se entre 24º C e 26º C,
um pouco abaixo deste limiar de 27° C. Assim, um fenômeno raro e atípico, sob qualquer
ponto de vista, mas que se formou, de qualquer maneira (FURACÃO..., 2005).

Segundo Ferreira (2006, apud KOBIYAMA et al., 2006) duas pessoas morreram em
terra, uma dezena de outras pessoas desapareceu no mar, além do Catarina provocar dezenas
de feridos e danos materiais consideráveis. No total foram destruídas 2.194 edificações e
outras 53.274 foram danificadas, o que representou 36,4% do total de edificações da região.
Apesar dos elevados danos, o Catarina foi classificado somente como categoria 2 na escala de
furacões Saffir-Simpson (ver, Tabela 1). Em outras palavras, o furacão Catarina fez mudar o
paradigma sobre furacões no Atlântico Sul. Simulações com modelos climáticos globais
25

indicam que num planeta mais aquecido poderia haver um número maior de sistemas
meteorológicos como ciclones extratropicais no Atlântico Sul, ainda que tais projeções
necessitem de estudos mais detalhados (FURACÃO..., 2005).

Figura 14- Imagem do furacão Catarina

Fonte: www.geografia.seed.pr.gov.br-conteudo,furacaocatarina.htm.

3.4 DIFERENÇAS ENTRE FURACÕES, TORNADOS, TUFÕES

De acordo com Arruda (2013) é importante também entender que furacões são
diferentes de tornados e tufões, embora sejam vórtices 4 atmosféricos. Os tornados diferem de
todos os outros por se formarem no continente, ou seja, em terra firme, e costumam ser
menores que os furacões, porém podem ser bem mais destrutivos do que os equivalentes
formados em alto-mar, possuindo velocidades bem maiores, que, em alguns casos, chegam a
atingir os 400 km/h. Os tufões, por sua vez, são o mesmo que os furacões, recebendo esse
nome quando ocorre no Oceano Pacífico, perto da China e Japão. Não se pode visualizar um
furacão ou um tufão, como o funil de um tornado, no entanto, os mesmos apresentam fortes
ventos simultaneamente com chuvas intensas.

4
Vórtice é um escoamento giratório onde as linhas de correntes apresentam um padrão circular ou espiral, são
movimentos espirais ao redor de um centro de rotação (VÓRTICE..., 2013).
26

3.5 CLASSIFICAÇÃO DOS FURACÕES

A intensidade dos ventos dos furacões pode ser classificada em categorias por meio da
Escala de Saffir-Simpson a qual foi criada no ano de 1969, pelo Engenheiro Civil Herbert
Saffir, então diretor do Centro Nacional de Furacões (NHC) no Estados Unidos e pelo
Meteorologista Robert Simpson. Esta escala também possibilita estimar os riscos potenciais
causados segundo a categoria dos furacões (ver, Tabela 1), a mesma é definida pela
velocidade dos ventos medida em quilômetros por hora (km/h), altura do nível do mar em
metros (m) e pela pressão barométrica estimada em hectopascal (hPa). Neste contexto, a
mesma varia entre 1 a 5, sendo esta última a mais destruidora (ESCALA..., 2000 ).

Tabela 1- Escala Saffir-Simpson

Categoria Velocidade (km/h) Altura (m) Pressão (hPa) Efeitos

Inundações em áreas costeiras; danos á


1 119 - 153 1,2 - 1,6 Mais que 980 construções de madeira e á vegetação.

Inundações ao longo da costa litorânea;


2 154 - 177 1,7- 2,5 965 – 979 destruição de portas e janelas; quedas de
árvores.
Inundações de maior alcance em
3 178 - 209 2,6 - 3,8 945 – 964 comparação com os dos níveis 1 e 2;
força dos ventos capaz de arrancar
telhados e estruturas fortes do chão e
abalar a estrutura de construções de
cimento.
Possibilidade de destruir totalmente
4 210 - 249 3,9 - 5,5 920 – 944 prédios e casas, arrancar árvores do solo
e ocasionar quilômetros de alagamentos,
exigindo evacuação das casas.
Soma de todas as outras categorias,
5 Mais de 249 Mais de 5,5 Menos que 920 possibilidade de destruir carros, animais
e cidades inteiras.

Fonte: adaptada de www.apolo11.com/escala- safir- simpson.htm.

3.6 NOMENCLATURA DOS FURACÕES

Atualmente, existe uma lista com 126 nomes de furacão que são repetidos em um ciclo
de seis anos. Esses nomes são escolhidos pela Organização Meteorológica Mundial (OMM)
com sede em Genebra, na Suíça, que seleciona nomes comuns de pessoas em inglês, espanhol
e francês, pois essas são as línguas faladas nos países que mais são atingidos por furacões. Os
27

nomes são divididos igualmente entre masculinos e femininos, em ordem alternada. Eles
seguem a ordem alfabética, excluindo as letras Q, U, X, Y e Z, pois poucos nomes começam
com essas letras. No caso dos ciclones formados no Oceano Pacífico, ou seja, os tufões, a
nomenclatura depende da região de origem do fenômeno. Se ocorrer no Noroeste do Pacífico,
a nomenclatura obedece a uma lista com 144 nomes de A a Z (excluindo as letras Q e U), os
quais também divide-se em seis colunas (anos). Em relação aos tufões do Centro-Norte do
Pacífico, os mesmos recebem nomes havaianos, totalizando 48, seguindo uma determinada
sequência. Existem algumas situações que interferem nesse padrão de nomenclatura, por
exemplo, quando ocorrem mais de 21 furacões em um mesmo ano, assim são criados novos
nomes cujas iniciais seguem o alfabeto grego (alfa, beta, gama, etc.). Tal situação, foi
evidenciada na temporada de furacões de 2005. A lista também sofre alteração quando
ocorrem furacões devastadores, como o Katrina. Nesse caso, o nome foi substituído por Katia
a partir de 2011 (LESME, 2011).

3.7 OS PIORES FURACÕES.

A cada temporada de furacões milhares de milhas de costa ao redor do mundo são


ameaçadas. A seguir, são citados os onze (11) piores furacões de todos os tempos (LUCAS
2015).

1- Furacão Bhola: Levando o primeiro lugar por ciclone tropical mais mortal já
registrado, o Ciclone Bhola de 1970 atingiu o Paquistão Oriental atual
Bangladeshe, Bengala Ocidental da Índia em 12 de novembro de 1970.
Aproximadamente 500.000 pessoas morreram.

2- Tufão Nina: O Super tufão Nina de 1975, destruiu a barragem Banqiao na China.
Com uma quantidade de morte de mais de 100.000, ele é o segundo mais mortal
tufão registrado na história.

3- Furacão Kenna: Kenna foi um furacão de categoria 5, o terceiro mais intenso


furacão do pacífico a já atingir a costa oeste do México, em 25 de outubro de 2002,
causando 101 milhões dólaresde danos.
28

4- Furacão Pauline: O Furacão teve seu caminho até a costa mexicana, Pauline
despejou chuvas torrenciais. A chuva causou deslizamentos de terra matando cerca
de 400 pessoas e deixando 300.000 desabrigadas. Pauline causou uma quantidade
enorme de danos excedendo 7,5 bilhões de dólares.

5- Furacão Inike: O Furacão Inike atingiu o Havaí em setembro de 1992.


Surpreendentemente houve apenas 6 mortes atribuídas a ele, o dano monetário foi
de 1,8 bilhões de dólares.

6- Furacão Galveston: Quando o furacão Galveston de 1900 atingiu a cidade de


Galveston, Texas,em 8 de setembro, houve uma onda de tempestade de 4,57
metros junto com ventos de 135 milhas por hora (mph).

7- Furacão Ike: Ele está entre os três furacões mais destrutivos a já atingir os EUA,
com dano adicional de 7,3 bilhões de dólares em Cuba, o Furacão resultou em 195
mortes.

8- The Great Hurricane: Essa tempestade de 1780 devastou Porto Rico, República
Dominicana, Pequenas Antilhas, Bermuda e praticamente toda a Flórida e outros
estados. A quantidade de mortos foi bem superior a 22.000 pessoas.

9- Furacão Andrew: O Furacão Andrew de 1992 causou estrago entre o noroeste de


Bahamas, sul da Flórida e sudoeste de Louisiana. Causou 26,5 bilhões de dólares
em danos, mesmo com toda a destruição causada por Andrew, o número de mortes
foi muito baixo, com 26 mortes causadas diretamente pelo furacão e 39 com
mortes secundárias.

10- Furacão Katrina: O Furacão Katrina de 2005, chegando a atingir a categoria 5 ,


foi um dos 5 mais mortais e mais caros furacões na história dos EUA. Ao menos
1833 pessoas morreram e a consequência de um custo estimado de 81 bilhões de
dólares.
29

11- Furacão Matthew (recente furacão 2016): foi um poderoso ciclone tropical que
afetou a Jamaica, cuba, república dominicana, Bahamas e, especialmente, o Haiti.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) calcula que 1,3 milhão de
haitianos foram prejudicados pelo furacão, que passou pela península de
Tiburon com ventos de até 230 km/h e chuvas torrenciais 5 (FURACÃO..., 2016).

5
Chuvas Torrenciais é aquela que ocorre quando chove bastante num período curto de tempo sobre uma área
pequena. Ocorre frequentemente durante épocas chuvosas e épocas de furacões (FURACÃO..., 2016).
30

4 MODELAGEM MATEMÁTICA

4.1 O QUE É MODELAGEM MATEMÁTICA

Modelagem consiste na arte de transformar problemas da realidade em problemas


matemáticos e resolvê-los interpretando suas soluções na linguagem do mundo real, sendo um
processo que alia teoria e prática, assim motivando soluções para tais problemas.
(BARBOSA, 2004 apud GUIMARÃES E LAMBERTY 2013).

A modelagem matemática tem como objetivos, aproximar uma área a outro do


conhecimento matemático, estimular a criatividade e raciocínio, fazer com que as pessoas
desvendem como a matemática é usada no seu dia-a-dia, a modelagem pode potencializar a
intervenção das pessoas nos debates e nas tomadas de decisões sociais que envolvam
aplicações matemáticas. Sendo assim, tendo um maior conhecimento matemático, mais fácil
será a resolução de problemas. (BARBOSA, 2004 apud GUIMARÃES E LAMBERTY
2013).

Usualmente, classificam-se os modelos matemáticos como prescritivos ou descritivos


(ver, Fluxograma 15):

Figura 15- Fluxograma classificatório dos modelos matemáticos

Descritivo

Modelo
Matemático
Exatos

Prescritivo

Aproximação
(Heurísticas)

Fonte: adaptado de (MODELAGEM..., 2010)


31

Os modelos prescritivos baseiam-se na representação dos objetivos e restrições de


um processo para o qual se deseja descobrir soluções otimizadas, ou seja, o modelo é escrito
segundo uma técnica que permite encontrar a melhor solução ou política de ação para os
condicionantes representados. Tais modelos podem ser resolvidos de maneira exata ou
aproximada. Na maneira exata, a solução obtida é a melhor solução, dentre todas as possíveis,
dados os condicionantes do problema modelado. Em relação à solução otimizada (maximiza
ou minimiza) uma função objeto. Assim, dependendo do tipo de problema a ser resolvido,
pode ser extremamente caro, no âmbito computacional.

Em relação aos modelos descritivos, os mesmos são utilizados na representação de


sistemas reais (ou propostos). A grande motivação para o uso desses modelos é a flexibilidade
na representação de situações complexas e a facilidade de aplicação, possibilitando prever o
comportamento de um sistema modelado em um horizonte de planejamento escolhido. Os
resultados dos experimentos apresentam uma visão futura do sistema, auxiliando no processo
de tomada de decisões no momento presente (MODELAGEM..., 2010).

4.2 O PROCESSO DE MODELAGEM

O processo de modelagem envolve a observação do sistema real, a definição do


problema a ser modelado (deve-se fazer a coleta de dados de maneira precisa), a definição do
objetivo a ser otimizado e como as restrições interagem com este objetivo. Uma vez definida
a função objetivo e suas restrições, o modelador escreve o modelo matemático que deverá ser
validado através da aplicação em cenários reais. Após o modelo ser validado, faz-se a
implementação final do mesmo, que poderá ser usado com uma ferramenta de tomada de
decisões ou como uma ferramenta de análise de eficiência do sistema atual. A modelagem é
um processo contínuo e todo modelo deve ser elaborado com perspectivas de expansão. Neste
caso, o modelador deve escolher ferramentas (linguagens algébricas e programas) que
possibilitem e facilitem alterações nas restrições e objetivos do modelo
(MODELAGEM...,2010). O Fluxograma (16) ilustra as várias etapas do processo de
modelagem.
32

Figura 16- Principais etapas de um determinado processo de modelagem

Definição do
Problema

Observação do Coleta de
sistema dados

Modelo
Matemático

Validação do
Modelo
Auxílio á
decisão
Implementação
do Modelo
Análise de
Eficiência

Fonte: Adaptado de (MODELAGEM..., 2010)

Neste sentido, a modelagem matemática é assim uma arte ao formular, resolver e


elaborar expressões que valham não apenas para uma solução particular, mas que também
seja utilizada posteriormente como suporte para outras aplicações e teorias, não é uma ideia
nova, mas sua essência sempre esteve presente na criação das teorias cientificas em especial
na criação das teorias matemáticas, caracterizando-se como uma perspectiva, algo a ser
explorado, a mesma é livre e espontânea, ela surge da necessidade do homem em
compreender os fenômenos que o cercam para interferir ou não em seu processo de
construção. Atualmente a modelagem é utilizada em diversas áreas, como por exemplo, no
estudo da proliferação de doenças infecciosas, produção de matérias para construção civil,
estratégias de pesca, efeitos biológicos de radiações, movimentação de animais, movimentos
de rios, estratégias de vacinação, teoria da decisão, crescimentos de cidades, tráfego urbano,
controle biológico de pragas, fenômenos meteorológicos. Assim, a modelagem matemática
33

em geral encontra-se em várias áreas do conhecimento científico (PAULA et al., 2016). A


Matemática não pode ser considerada apenas como uma ferramenta extremamente importante
para agir na natureza e para modificá-la, seus resultados podem também servir de análise,
interpretação de dados e processos, fazer intervenções e previsões.

Neste trabalho, o problema abordado se enquadra em um modelo descritivo,


modelando algo muito complexo através de simplificações objetivando uma visão futura,
sendo assim, tornando possível a modelagem de um furacão e a previsão do seu
comportamento (ver, Capítulo 6).
34

5 FURACÃO MATTHEW

Figura 17- Imagem do Furacão Matthew

Fonte: www.wikipedia.com.br/furacaomatthew.htm

O Furacão Matthew, foi um poderoso ciclone tropical que afetou


a Jamaica, Cuba, República Dominicana, Bahamas e, especialmente, o Haiti. Ele passou ao
longo da costa leste dos Estados Unidos, incluindo os estados da Flórida, Geórgia, Carolina
do Sul e Carolina do Norte, mas chegou com menos força do que no Caribe deixando uma
fatalidade de mais de 1000 mortos . Foi o primeiro ciclone tropical da Bacia do Atlântico a
atingir a categoria 5 na escala de furacões de Saffir-Simpson (ver, Tabela 1) desde o furacão
Felix em 2007 . O Furacão Matthew formou-se a partir de uma vigorosa onda tropical que se
movia para fora da costa africana em 22 de setembro, seguindo em uma trilha para o oeste, até
evoluir para uma tempestade tropical enquanto situava-se aproximadamente ao leste das Ilhas
de Sotavento em 28 de setembro. Um dia depois, de acordo com Centro Nacional de Furacões
(NHC) dos Estados Unidos, tornou-se um furacão, localizado ao oeste das Ilhas de Sotavento
e rapidamente fortaleceu-se para um furacão de categoria 5 (FURACÃO..., 2016).
35

O Haiti foi o país mais afetado, o Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF) calcula que 1,3 milhão de haitianos foram prejudicados pelo furacão, que passou
pela península de Tiburon com ventos de até 230 km/h e chuvas torrenciais. O furacão
complicou a situação de um país que ainda não tinha se recuperado dos efeitos do
devastador terremoto de 2010. Foram organizados programas de ajuda internacional ao Haiti
para envio de alimentos, água, dinheiro, medicamentos e equipes de emergência. O Escritório
das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários pediu 119 milhões
de dólares para responder aos danos causados pela passagem do furacão Matthew no Haiti e
para prestar assistência, nos próximos três meses, a cerca de 1,4 milhão de pessoas em
necessidade urgente no país atingido. O total de mortes atribuídas à tempestade no Haiti
passou de mil, e o cômputo final pode ser maior, pois após sua passagem foram
diagnosticados vários casos de cólera causados pela contaminação das águas, havendo risco
de uma epidemia. Esses números fazem de Matthew o mais mortal dos furacões no Atlântico
desde o Stan em 2005, que matou mais de 1.600 na América Central e no México.
(FURACÃO..., 2016).

Matthew provocou quatro mortes na República Dominicana, além de danificar cerca


de duzentas casas, obrigar a evacuação de 794 pessoas e deixar 31 comunidades
incomunicáveis. Em Cuba não foram registrados óbitos, graças a um eficiente programa de
evacuação, mas 1,3 milhão de pessoas tiveram que deixar suas casas, ocorreram enchentes,
deslizamentos de terra e grandes danos materiais principalmente na província de
Guantánamo. Uma das cidades mais atingidas foi Baracoa, a mais antiga da ilha e sua
primeira capital, onde ventos de até 220 km/h combinados a chuvas intensas e uma maré de
tempestade destruíram parcial ou totalmente cerca de 90% das edificações, incluindo prédios
de grande valor no centro histórico. Várias cidades nos arredores ficaram isoladas.
(FURACÃO..., 2016).

Na sequência, o furacão se deslocou para o norte, aproximando-se da costa dos


Estados Unidos, o presidente Barack Obama declarou um estado de emergência federal para
a Flórida. A declaração de desastre federal foi mais tarde estendida para incluir a Geórgia e a
Carolina do Sul. Entre os dias 7 e 8 de outubro, o furacão começou a perder potência
rapidamente. No dia 8 havia sido rebaixado para a Categoria 2, e no final do dia
seu olho chegou a tocar a terra em McClellanville, na Carolina do Sul, mas já estava na
Categoria 1. No dia 9 passou a se afastar da costa e perder também suas características de
tempestade tropical. Nos Estados Unidos o impacto foi bem menos intenso do que nas ilhas
36

do Caribe, mas provocou marés de tempestade, chuvas intensas, queda de árvores, bloqueio
de estradas, suspensão de voos e danos estruturais, em vários pontos da costa houve
inundações recorde, mais de dois milhões de pessoas foram evacuadas em quatro estados
norte-americanos, aproximadamente um milhão de pessoas ficou sem energia elétrica na
Flórida, 250 mil na Carolina do Sul e 120 mil na Geórgia. Até o dia 11 pelo menos 34 mortes
nos Estados Unidos foram atribuídas ao furacão, e os prejuízos materiais foram calculados
entre 4 e 6 bilhões de dólares (FURACÃO..., 2016). Diante do cenário apresentado,
encontrou-se subsídios suficientes os quais justificam a escolha do referido furacão para a
utilização de um modelo básico de furacão, tal procedimento será abordado no Capítulo a
seguir (Capítulo 6).
37

6 APLICAÇÕES

Utilizando a fundamentação teórica apresentada do presente trabalho vinculada a uma


ferramenta computacional (programa Mathematica), será modelado o furacão Matthew (ver,
Figura 17), determinando as potências de fluxos vórtice (k) e poço (q), campo de velocidades,
tamanho e linhas de corrente do mesmo.

6.1 HIPÓTESES DO MODELO

A mídia noticiou sobre um furacão em desenvolvimento no Haiti (denominado furacão


Matthew), (ver, Capítulo 5) sendo solicitada a construção de um modelo, o qual caracteriza
seu campo de velocidades. Como os furacões são fluxos fluidos tridimensionais complicados,
necessitava-se vincular hipóteses simplificadoras das estruturas de um furacão atreladas a
propriedades do fluxo fluido. Assim, decidiu-se considerar a umidade do Matthew como um
fluido ideal 6, significando que ele é incompreensível e sua viscosidade pode ser ignorada.
Um fluido incompressível é aquele no qual a densidade é a mesma em todos os pontos e não
pode ser alterada por forças de compreensão. Experimentalmente mostra-se que a água pode
ser considerada como incompreensível, mas o vapor de água não (ANTON; BIVENS;
DAVIS, 2007). No entanto, a incompressibilidade é uma hipótese razoável para um modelo
básico de furacão, porque um furacão não está contido num recipiente fechado que poderia
gerar forças de compreensão.

Todos os fluidos tem certa quantidade de viscosidade, que é uma resistência a fluir,
por exemplo, óleo e melaço tem uma alta viscosidade, enquanto a água não tem quase
nenhuma em velocidades subsônicas 7. Assim é razoável ignorar a viscosidade num modelo
básico. Em seguida, decide-se admitir que o fluxo estivesse em estado estacionário, ou seja, a
velocidade do fluido, em qualquer ponto, não varia com o tempo, tal decisão é razoável para
períodos de tempo curtos, bem como furacões que se movem e mudam vagarosamente.
Finalmente, apesar dos furacões serem fluxos tridimensionais, pode-se modelar uma seção

6
Chama-se fluido perfeito ou ideal, um fluido de viscosidade desprezível (nula) embora nenhum fluido real seja
perfeito. (NUSSENZVEIG, 1999)
7
Velocidades subsônicas é aquela inferior a velocidade do som, ou seja, abaixo de 1 Ma (1235 km/h)
(NUSSENZVEIG, 1999)
38

transversal horizontal de duas dimensões, de modo que se faça a hipótese simplificadora de


que o fluido na seção transversal flui horizontalmente.

A Figura (17) revela um padrão típico de furacão do Atlântico e um redemoinho de


fluido no sentido anti-horário em torno do olho (através do qual o fluido sai do fluxo sob
forma de chuva). A baixa pressão no olho provoca a entrada de uma massa de ar e ventos
circulares em torno dele e contribui para o efeito de redemoinho.

Neste contexto, o objetivo inicial é determinar uma fórmula explícita para o campo de
velocidade 𝐹⃗ (𝑥, 𝑦) do Matthew, introduzindo um sistema de coordenadas retangulares com
origem no olho e o eixo y apontando para o norte. Além disso, com base na Figura (17) e nos
conhecimentos teóricos da meteorologia apresentada, será construído o campo de velocidade
do Matthew a partir dos campos de velocidade de fluxos mais simples, ou seja, um fluxo
vórtice anti-horário 𝐹⃗1 (𝑥, 𝑦) , (onde o fluido flui no sentido anti-horário em círculos
concêntricos em torno do olho), e um fluxo poço 𝐹⃗2 (𝑥, 𝑦), (no qual o fluido flui em linhas
retas na direção de um poço no olho). Determinadas as fórmulas para 𝐹⃗1 (𝑥, 𝑦) e 𝐹⃗2 (𝑥, 𝑦), a
estratégia será utilizar o princípio da superposição da dinâmica dos fluidos (ANTON;
BIVENS; DAVIS, 2007) para expressar o campo de velocidade do Matthew como segue:

𝐹⃗ (𝑥, 𝑦) = 𝐹⃗1 (𝑥, 𝑦) +𝐹⃗2 (𝑥, 𝑦) (5)

6.2 MODELO DO FLUXO VÓRTICE

Segundo (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2007) um fluxo vórtice anti-horário de um


fluido ideal em torno da origem tem quatro características definidoras:

 O vetor de velocidade num ponto (𝑥, 𝑦) é tangente ao círculo centrado na origem e


que passa pelo ponto (𝑥, 𝑦).
 A direção do vetor velocidade no ponto (𝑥, 𝑦) indica um movimento no sentido anti-
horário.
 A rapidez do fluido é constante nos círculos centrados na origem.
 A rapidez do fluido ao longo de um círculo é inversamente proporcional ao raio do
círculo (e, portanto, a velocidade tende para +∞ quando o raio do círculo tende para zero).
39

Em dinâmica dos fluidos a potência k de um fluxo vórtice é definida como sendo 2π


vezes a rapidez do fluido ao longo do círculo unitário. Se a potência de um fluxo vórtice
for conhecida, então a rapidez do fluido ao longo de qualquer outro círculo pode ser
calculada, visto que a velocidade é inversamente proporcional ao raio do círculo. Portanto,
nesta modelagem o primeiro objetivo será determinar uma fórmula para um fluxo
vórtice 𝐹⃗1 (𝑥, 𝑦) com potência k especificada. Assim, seja:

𝑘
𝐹⃗1 (𝑥, 𝑦) = − 2𝜋(𝑥 2 +𝑦 2 ) (𝑦𝑖⃗ − 𝑥𝑗⃗) (6)

A expressão analítica (6) define um modelo para campo de velocidades de um fluxo


vórtice anti-horário em torno da origem de potência 𝑘 verificando-se as seguintes condições:

a) 𝐹⃗1 (𝑥, 𝑦) satisfaz as quatro propriedades necessárias de um fluxo vórtice anti-


horário em torno da origem (ver, Tópico 6.2).
b) 𝑘 é 2π vezes a rapidez do fluido ao longo do círculo unitário.

Para verificar o item (a), inicialmente considera-se o vetor posição:

𝑟⃗ = 𝑥𝑖⃗ + 𝑦𝑗⃗ (7)

Neste sentido, calculando o produto escalar (ver, Anexo B) entre (6) e (7), têm-se:

𝑘 −𝑘𝑥𝑦 𝑘𝑥𝑦
𝐹⃗1 (𝑥, 𝑦). 𝑟⃗ = − 2𝜋(𝑥2+𝑦2) (𝑦𝑖⃗ − 𝑥𝑗⃗). (𝑥𝑖⃗ + 𝑦𝑗⃗) = 2𝜋(𝑥 2 +𝑦 2) + 2𝜋(𝑥 2 +𝑦 2) = 0 (8)

Assim, o resultado em (8) indica que a velocidade do fluido é tangente a um


determinado círculo centrado na origem passando por um ponto genérico (𝑥, 𝑦), confirmando
desta forma, a primeira característica de um fluxo vórtice anti-horário. Agora, aplicando o
produto vetorial (ver, Anexo B) entre (6) e (7), obtém-se:

𝑥𝑘 −𝑦𝑘 −𝑦 𝑘 2 2
𝑥 𝑘
⃗⃗ = − 𝑘 𝑘
𝐹⃗1 (𝑥, 𝑦) × 𝑟⃗ = (2𝜋(𝑥2 +𝑦2 ) 0 − 0 𝑦) ⃗𝑖 − (2𝜋(𝑥2 +𝑦2 ) 0 − 0 𝑥) ⃗𝑗 + (2𝜋(𝑥2 +𝑦2 ) − 2𝜋(𝑥2 +𝑦2 )) 𝑘 ⃗⃗ ,
2𝜋

(9)

Tal resultado implica que o fluido encontra-se em uma rotação no sentido anti-horário,
caracterizando assim, a segunda característica de um fluxo vórtice. Para verificar a terceira
característica de um fluxo vórtice, transforma-se (6) para coordenadas polares (ver, Anexo A),
como segue:
40

𝑘
𝐹⃗1 (𝑥, 𝑦) = − (𝑦𝑖⃗ − 𝑥𝑗⃗) = 𝐹⃗1 (𝑟, 𝜃)
2𝜋(𝑥 2 + 𝑦 2 )

𝑘
=− (𝑟𝑠𝑒𝑛𝜃𝑖⃗ − 𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃𝑗⃗)
2𝜋(𝑟 2 𝑐𝑜𝑠𝜃 + 𝑟 2 𝑠𝑒𝑛𝜃)

𝑘
= − 2𝜋𝑟 (𝑠𝑒𝑛𝜃𝑖⃗ − 𝑐𝑜𝑠𝜃𝑗⃗) (10)

Assim, (10) indica que a velocidade é constante nos círculos unitários centrados na
origem do sistema, além de mostrar que a velocidade do fluxo (6) é inversamente
1
proporcional a , ou seja, aos raios dos círculos. Finalmente, para verificar o item (b) aplica-
𝑟

se a norma (ver, Anexo B) em (10), obtendo-se:

𝑘 𝑘
‖𝐹⃗1 (𝑟, 𝜃)‖ = (𝑠𝑒𝑛2 𝜃 + 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃) = (11)
2𝜋𝑟 2𝜋𝑟

Em seguida, faz-se 𝑟 = 1 (círculo unitário) em (11), obtendo-se:

𝑘 = 2𝜋‖𝐹⃗1 (𝑟, 𝜃)‖ (12)

O que mostra que a constante 𝑘 é 2𝜋 vezes o valor da velocidade do fluido (6) ao


longo do círculo unitário. Portanto, define-se que (6) determina um modelo do tipo fluxo
vórtice.
Para efeito de visualização do fluxo vórtice (6) com potência, por exemplo, 𝑘 = 2𝜋 ,
será utilizado o programa Mathematica , onde o gráfico obtido é mostrado na Figura (18).
41

Figura18- Representação gráfica de um campo vetorial caracterizando um fluxo vórtice

Fonte: Autoria Própria

6.3 MODELO DO FLUXO POÇO

De acordo com Anton, Bivens e Davis (2007) um fluxo poço uniforme de fluido ideal
na direção da origem tem quatro características definidoras, ou seja:

 O vetor de velocidade em cada ponto (𝑥, 𝑦) é direcionado para a origem;


 A velocidade do fluido é a mesma em todos os pontos de um círculo centrado na
origem;
 A velocidade do fluido num ponto é inversamente proporcional à sua distância da
origem (de onde se deduz que a rapidez tende para +∞, quando a distância da origem
tende para zero);
 Há um poço na origem pelo qual o fluido sai do fluxo.
42

Como no caso do fluxo vórtice (ver, tópico 6.2), a potência q de um fluxo escoador
uniforme é definida como sendo 2π vezes a velocidade do fluido nos pontos do círculo
unitário. Se a potência de um fluxo poço for conhecida, então a velocidade do fluido em
qualquer ponto pode ser determinada usando-se o fato de que a velocidade é inversamente
proporcional à distância até a origem. Assim, a próxima tarefa consiste em determinar uma
fórmula para um fluxo poço 𝐹⃗2 (𝑥, 𝑦) uniforme com potência q especificada. Neste sentido,
seja:

𝑞
𝐹⃗2 (𝑥, 𝑦) = − (𝑥𝑖⃗ + 𝑦𝑗⃗) (13)
2𝜋 (𝑥 2 +𝑦 2 )

Desta maneira, o modelo (13) definirá um campo de velocidades de um fluxo poço


uniforme direcionado para a origem de potência q, sendo verificadas as seguintes
propriedades:

a) 𝐹⃗2 (𝑥, 𝑦) Possui as quatro propriedades requeridas de um fluxo poço uniforme


direcionado para a origem (ver, tópico 6.3);
b) 𝑞 é 2𝜋 vezes a velocidade do fluido nos pontos do círculo unitário.

Para confirmar que o modelo (13) define realmente um campo de velocidades de um


fluxo poço, será utilizada como estratégia inicial a inserção do vetor posição (7) em (13),
obtendo uma notação compacta, como segue:

𝑞 𝑞 𝑞 𝑟⃗ 1
𝐹⃗2 (𝑥, 𝑦) = − 2𝜋(𝑥 2 +𝑦 2) (𝑥𝑖⃗ + 𝑦𝑗⃗) = 𝐹⃗2 (𝑟⃗) = − 2𝜋‖𝑟⃗‖2 (𝑟⃗) = − 2𝜋 ‖𝑟⃗‖ ‖𝑟⃗‖ . (14)

Indicando que o campo é direcionado para o centro do fluxo com norma igual a:

𝑞 1
‖𝐹⃗2 (𝑟⃗)‖ = 2𝜋 ‖⃗𝑟⃗‖. (15)

Mostrando desta maneira que a velocidade do fluxo determinada por (13) é constante
ao longo de um determinado círculo centrado na origem do sistema, onde o valor da mesma
1
varia proporcionalmente a ‖𝑟⃗‖. Portanto, a partir das análises supracitadas verifica-se o item

(a). Para satisfazer o item (b), aplica-se primeiramente uma mudança de coordenadas
cartesianas para polares em (13), onde:
43

𝑞
𝐹⃗2 (𝑥, 𝑦) = − (𝑥𝑖⃗ + 𝑦𝑗⃗) = 𝐹⃗2 (𝑟, 𝜃)
2𝜋(𝑥 2+ 𝑦 2)

𝑞
=− (𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃𝑖⃗ + 𝑟𝑠𝑒𝑛𝜃𝑗⃗)
2𝜋(𝑟 2 𝑐𝑜𝑠𝜃+ 𝑟 2 𝑠𝑒𝑛𝜃)

𝑞
= − 2𝜋𝑟 (𝑐𝑜𝑠𝜃𝑖⃗ + 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑗⃗) (16)

Agora, calculando-se a norma de (16) e fazendo 𝑟 = 1, têm-se:

𝑞
‖𝐹⃗2 (𝑟, 𝜃)‖ = 2𝜋𝑟 ⇒ 𝑞 = 2𝜋‖𝐹⃗2 (𝑟, 𝜃)‖. (17)

Caracterizando desta forma, a verificação da propriedade (b).

Novamente, para efeito de visualização do fluxo poço (13) com potência, por
exemplo, 𝑞 = 2𝜋 e utilizando o programa Mathematica determina-se a Figura (19).
44
Figura 19- Representação gráfica de um campo vetorial caracterizando um fluxo poço
y

20

10

0 x

10

20

20 10 0 10 20
Fonte: Autoria Própria

6.4 UM MODELO BÁSICO DE FURACÃO

Utilizando o principio da superposição relacionado à dinâmica dos fluidos citada


anteriormente, define-se o campo vetorial (5) como sendo um modelo de furacão que combina
um fluxo vórtice anti-horário em torno da origem com potência 𝑘 (ver, (6)) e um fluxo poço
uniforme direcionado para a origem com potência 𝑞 (ver, (13)), isto é:
1
𝐹⃗ (𝑥, 𝑦) = − 2𝜋(𝑥 2 +𝑦 2 ) [(𝑞𝑥 + 𝑘𝑦)𝑖⃗ + (𝑞𝑦 − 𝑘𝑥)𝑗⃗] . (18)

Neste sentido, antes de modelar o furacão Matthew, para efeito de teste, a Figura
(20) mostra um campo vetorial para um determinado furacão (ver, (18)) com potência de
vórtice 𝑘 = 2𝜋 e potência de poço 𝑞 = 2𝜋.
45

Figura 20- Imagem geométrica de um campo vetorial para um determinado furacão com potência de
vórtice 𝒌 = 𝟐𝝅e potência de poço 𝒒 = 𝟐𝝅

Fonte: Autoria Própria

6.5 LINHAS DE CORRENTE PARA O MODELO BÁSICO DO FURACÃO

Segundo Brunetti (2008) as trajetórias seguidas pelas partículas do fluido num fluxo
fluido tangente aos vetores 𝐹⃗ (𝑥, 𝑦) de velocidade são chamadas linhas de corrente. Assim, se
essas linhas forem representadas como curvas de nível 8 de uma determinada função 𝜓 =
𝜓(𝑥, 𝑦) , 𝜓 é definida como sendo uma função corrente para um fluxo a especificar
(ANTON;BIVENS; DAVIS, 2007). Ainda segundo Anton, Bivens e Davis (2007), o

8
Para Steward (2012), as curvas de nível ou curvas de contorno, de uma função 𝑓 de duas variáveis, são aquelas
com equação 𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝐶 , onde 𝐶 é uma constante(na imagem de 𝑓). Onde todos os pontos do domínio de 𝑓,
nos quais o valor de 𝑓 é 𝐶 .em outras palavras, ela mostra onde o gráfico de 𝑓 de altura 𝐶.
46

9
gradiente ∇ 𝜓 é normal às curvas de nível 𝜓(𝑥, 𝑦) = 𝐶 , desta maneira ∇ 𝜓 é normal às
linhas de corrente, tal informação implica no seguinte produto escalar (ver, Anexo B):

∇ 𝜓(𝑥, 𝑦). 𝐹⃗ (𝑥, 𝑦) = 0 . (19)

𝜕 𝜕
Salienta-se que o operador (∇) Nabla ou Del é definido por ∇= 𝜕𝑥 + 𝜕𝑦.

Agora, como estratégia para determinar a função corrente 𝜓(𝑥, 𝑦) e posteriormente, as


linhas de corrente do modelo básico do furacão (ver, 18), será utilizada (19). Desta maneira,
como os fluxos vórtices (ver, 6) e poço (ver, 13) compõem (18), onde ambos apresentam
simetria central, inicialmente transforma-se (18 ) para um sistema de coordenadas polares, em
seguida, calcula-se ∇ 𝜓(𝑥, 𝑦). Assim, substituindo 𝑥 e 𝑦 em (18) pelas coordenadas polares
(ver, Anexo A), têm-se :

1
𝐹⃗ (𝑟, 𝜃) = − [(𝑞𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃 + 𝑘𝑟𝑠𝑒𝑛𝜃)𝑖⃗ + (𝑞𝑟𝑠𝑒𝑛𝜃 − 𝑘𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃)𝑗⃗]
2𝜋(𝑟 2 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃+ 𝑟 2 𝑠𝑒𝑛2 𝜃)

(−𝑞𝑐𝑜𝑠𝜃 − 𝑘𝑠𝑒𝑛𝜃) (−𝑞𝑠𝑒𝑛𝜃 + 𝑘𝑐𝑜𝑠𝜃)


=[ ] 𝑖⃗ + [ ] 𝑗⃗
2𝜋𝑟 2𝜋𝑟

1 1
= (−𝑞𝑐𝑜𝑠𝜃𝑖⃗ − 𝑞𝑠𝑒𝑛𝜃𝑗⃗) + (−𝑘𝑠𝑒𝑛𝜃𝑖⃗ + 𝑘𝑐𝑜𝑠𝜃𝑗⃗)
2𝜋𝑟 2𝜋𝑟

𝑞 𝑘
= − 2𝜋𝑟 (𝑐𝑜𝑠𝜃𝑖⃗ + 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑗⃗) + 2𝜋𝑟 (−𝑠𝑒𝑛𝜃𝑖⃗ + 𝑐𝑜𝑠𝜃𝑗⃗). (20)

Para efeito de simplificação reescreve-se (20) em função de dois vetores unitários


ortogonais 10 𝑢
⃗⃗𝑟 e 𝑢
⃗⃗𝜃 (ver, Figura 21), quais sejam:

𝑢
⃗⃗𝑟 = 𝑐𝑜𝑠𝜃𝑖⃗ + 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑗⃗
{ , (21)
𝑢
⃗⃗𝜃 = −𝑠𝑒𝑛𝜃𝑖⃗ + 𝑐𝑜𝑠𝜃𝑗⃗

9
Segundo Anton, Bivens e Davis (2007), Se 𝑓for uma função de x e y, então o gradiente de f é definido
𝜕𝑓 𝜕𝑓
por∇𝑓(𝑥, 𝑦) = 𝑖⃗.+ 𝑗 . É importante ter em mente que ∇𝑓 não é um produto ∇ e 𝑓, o símbolo ∇ não tem
𝜕𝑥 𝜕𝑦
um valor por si mesmo, ele age sobre a função 𝑓, para produzir o gradiente ∇𝑓.
10
Para Steinbruch e Winterle (1987), dois vetores são ortogonais unitários se o produto escalar entre eles é nulo,
⃗⃗. 𝑣⃗ = 0, simultaneamente com ‖𝑢
isto é, 𝑢 ⃗⃗‖ = 1 e ‖𝑣⃗‖ = 1.
47

Figura 21- Imagem da representação geométrica dos vetores unitários ortogonais 𝒖


⃗⃗𝒓 e 𝒖
⃗⃗𝜽

𝑢𝜃 = −𝑠𝑒𝑛 𝜃𝑖⃗ + 𝑐𝑜𝑠𝜃𝑗⃗ 𝑢𝑟 = 𝑐𝑜𝑠 𝜃𝑖⃗ + 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑗⃗


𝟏 𝟏

𝜃 𝒙

Fonte: Adaptado de ANTON; BIVENS; DAVIS, 2007.

O vetor 𝑢
⃗⃗𝑟 denomina-se vetor radial unitário, o mesmo aponta para fora da origem, já
o vetor 𝑢
⃗⃗𝜃 chama-se vetor transversal unitário, tal vetor obtém-se girando 𝑢
⃗⃗𝑟 90° no sentido
anti-horário (ver, Figura 21). Portanto, substituindo (21) em (20), obtém-se (ANTON;
BIVENS; DAVIS, 2007):

𝑞 𝑘 1
𝐹⃗ (𝑟, 𝜃) = − 2𝜋𝑟 𝑢 ⃗⃗𝜃 = − 2𝜋𝑟 (𝑞𝑢
⃗⃗𝑟 + 2𝜋𝑟 𝑢 ⃗⃗𝜃 ).
⃗⃗𝑟 − 𝑘𝑢 (22)

Assim, para efeito de simplificação similarmente ao procedimento anterior, reescreve-


se a função 𝜓(𝑥, 𝑦) também em função dos vetores unitários ortogonais 𝑢
⃗⃗𝑟 e 𝑢
⃗⃗𝜃 . Neste
sentido, 𝑥 = 𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃 e 𝑦 = 𝑟𝑠𝑒𝑛𝜃. Portanto, para calcular o gradiente da função 𝜓, isto é:

𝜕𝜓 𝜕𝜓
∇ 𝜓(𝑥, 𝑦) = 𝑖⃗ + 𝜕𝑦 𝑗⃗, (23)
𝜕𝑥

Aplica-se o processo de derivação de uma função composta simultaneamente com


uma técnica de derivação implícita em 𝜓(𝑥, 𝑦), como segue (DEMIDOVITCH, 2015):

𝜕𝜓 𝜕𝜓 𝜕𝑟 𝜕𝜓 𝜕𝜃 𝜕𝜓 1 𝜕𝜓
= + 𝜕𝜃 𝜕𝑥 = 𝑐𝑜𝑠𝜃 − 𝑟 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝜕𝜃 (24)
𝜕𝑥 𝜕𝑟 𝜕𝑥 𝜕𝑟

𝜕𝜓 𝜕𝜓 𝜕𝑟 𝜕𝜓 𝜕𝜃 𝜕𝜓 1 𝜕𝜓
= + 𝜕𝜃 𝜕𝑦 = 𝑠𝑒𝑛𝜃 + 𝑟 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝜕𝜃 . (25)
𝜕𝑦 𝜕𝑟 𝜕𝑦 𝜕𝑟
48

Desta forma, substituindo (21), (24) e (25) em (23), têm-se:

𝜕𝜓 1 𝜕𝜓
∇𝜓 = 𝑢
⃗⃗ + 𝑟 𝜕𝜃 𝑢
⃗⃗𝜃 . (26)
𝜕𝑟 𝑟

Finalmente, inserindo (22) e (26) em (19) e calculando o produto escalar em questão,


determina-se:

𝑞 𝜕𝜓 𝑘 1 𝜕𝜓 𝜕𝜓 𝑘 𝜕𝜓
− 2𝜋𝑟 𝜕𝑟 + 2𝜋𝑟 𝑟 𝜕𝜃 = −𝑞 𝜕𝑟 + 𝑟 𝜕𝜃 = 0. (27)

Assim, para que a igualdade (27) seja verificada, obtém-se:

𝜕𝜓 𝑘
=𝑟 (28)
𝜕𝑟

𝜕𝜓
=𝑞 (29)
𝜕𝜃

Então, integrando (28), (29) em relação a 𝑟 e 𝜃, respectivamente, resulta:

𝜓(𝑟) = 𝑘𝑙𝑛(𝑟) (30)

𝜓(𝜃) = 𝑞𝜃 (31)

Deste modo, somando (30) e (31) determina-se a função corrente para o modelo básico
de um determinado furacão (ver, 18) em coordenadas polares, isto é:

𝜓(𝑟, 𝜃) = 𝑘𝑙𝑛(𝑟) + 𝑞𝜃, (32)

Sendo 𝑘 e 𝑞 as potências de vórtice e poço, nesta ordem.

Agora, para representar matematicamente as linhas de corrente do modelo (18),


utiliza-se a fundamentação teórica das curvas de nível em (32), obtendo-se:

𝑞𝜃
𝐶 𝑞𝜃
𝑘𝑙𝑛(𝑟) + 𝑞𝜃 = 𝐶 ⇒ 𝑘𝑙𝑛(𝑟) = 𝐶 − 𝑞𝜃 ⇒ ln(𝑟) = 𝑘 − ⇒ 𝑟 = 𝐾𝑒 − 𝑘 , (𝐾 > 0). (33)
𝑘
49

Assim, analisando (33), verifica-se que as linhas de corrente para o modelo (18) são
11
espirais logarítmicas . Para efeito de visualização geométrica utilizou o programa
Mathematica para mostrar tais espirais, considerando tanto as potência de vórtice (𝑘) quanto
a de poço (𝑞) igual a 2𝜋 (ver, Figura 22).

Figura 22- Imagem geométrica das linhas de corrente de um campo vetorial para um determinado
furacão com potências de vórtice 𝒌 = 𝟐𝝅 e potência de poço 𝒒 = 𝟐𝝅

1.0

0.5

0.0

0.5

Fonte: Autoria Própria

1.0

1.0 0.5 0.0 0.5 1.0

Fonte: Autoria Própria

11
A espiral logarítmica é uma curva gerada por uma trajetória em que o ângulo formado com a reta tangente é
sempre constante. Foi estudada por Jacob Bernoulli (1654-1705), que chamou a esta curva de spira mirabilis
(em latim, espiral maravilhosa). Elas podem igualmente descrever as trilhas de partículas sub-atômicas, em
uma câmara de bolhas, no arranjo de sementes de girassol ou na configuração da couve-flor, aparece
em ciclones, galáxias e seres vivos (PUPIM, 2013).
50

6.6 MODELANDO O FURACÃO MATTHEW

Aplicando a fórmula (18) obtém-se um modelo do campo vetorial 𝐹⃗ (𝑥, 𝑦)referente ao


furacão Matthew (ver, item 3.7). No entanto, necessita-se de alguns dados para determinarem-
se as potências de vórtices (𝑘), poço (𝑞), respectivamente do referido furacão. Neste sentido,
hipoteticamente decide-se telefonar para uma Filial de Suporte Técnico para obter as últimas
informações sobre o furacão em questão. Eles informam que, a 22,5 𝑘𝑚 do olho, a velocidade
do vento tem um componente de 22 𝑘𝑚/ℎ na direção do olho e um componente tangencial de
230 𝑘𝑚/ℎ no sentido anti-horário (FURACÃO..., 2016). Assim, para determinar as
constantes 𝑘 e 𝑞 nesta ordem, utiliza-se (11) e (17), como segue:

𝑘
‖𝐹⃗1 (𝑟, 𝜃)‖ = 2𝜋𝑟 (34)

𝑞
‖𝐹⃗2 (𝑟, 𝜃)‖ = 2𝜋𝑟 . (35)

Assim, substituindo as informações supracitadas, isto é, ‖𝐹⃗1 (𝑟, 𝜃)‖ = 230 𝑘𝑚/ℎ em

(34) e ‖𝐹⃗2 (𝑟, 𝜃)‖ = 22 𝑘𝑚/ℎ em (35) com 𝑟 = 22,5 𝑘𝑚, têm-se:

𝑘 = 10350𝜋 𝑘𝑚2 /ℎ (36)

𝑞 = 990𝜋 𝑘𝑚2 /ℎ (37)

Portanto, inserindo (36) e (37) em (18), obtém-se o campo vetorial total que representa
matematicamente o furacão Matthew, ou seja:

1
𝐹⃗ (𝑥, 𝑦) = − [(990𝜋𝑥 + 10350𝜋𝑦)𝑖⃗ + (990𝜋𝑦 − 10350𝜋𝑥)𝑗⃗] =
2𝜋(𝑥 2 + 𝑦 2 )

5175(𝑦𝑖⃗ − 𝑥𝑗⃗) + 495(𝑥𝑖⃗ − 𝑦𝑗⃗) (495𝑥 + 5175𝑦)𝑖⃗ + (495𝑦 − 5175𝑥)𝑗⃗


= = −
𝑥2 + 𝑦2 𝑥2 + 𝑦2

(38)

Neste sentido, a partir da formulação matemática (38), pode-se responder situações


problemas referente ao Matthew, por exemplo, estimar o tamanho do mesmo determinando
um raio (𝑅) além do qual a velocidade do vento é inferior ou igual a 16,5 𝑘𝑚/ℎ. Desta
51

maneira, para obter tal questionamento, calcula-se inicialmente a norma do campo (38), ou
seja:

2
(495𝑥+5175𝑦) +(495𝑦−5175𝑥) 2
‖𝐹⃗ (𝑥, 𝑦)‖ = √ (𝑥 2 +𝑦 2 )2
=

√245025𝑥 2 +5123250𝑥𝑦+2680625𝑦 2 +245025𝑦 2 −5123250𝑥𝑦+26780625𝑥 2 √27025650𝑥 2 +27025650𝑦2


= =
𝑥 2 +𝑦 2 𝑥 2 +𝑦 2

√27025650(𝑥 2 +𝑦 2 )
(39)
𝑥 2 +𝑦 2

Em seguida, utilizando as coordenadas polares (ver, Anexo A) transforma-se (39) em:

√27025650(𝑥 2 + 𝑦 2 ) √27025650(𝑟 2 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃 + 𝑟 2 𝑠𝑒𝑛2 𝜃)


= =
𝑥2 + 𝑦2 𝑟 2 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃 + 𝑟 2 𝑠𝑒𝑛2 𝜃

√27025650𝑟 2 (𝑐𝑜𝑠 2 𝜃 + 𝑠𝑒𝑛2 𝜃) 𝑟√27025650 √27025650


= = = = 𝐹⃗ (𝑟)
𝑟 2 (𝑐𝑜𝑠 2 𝜃 + 𝑠𝑒𝑛2 𝜃) 𝑟2 𝑟

(40)

Assim, usando o dado disponibilizado pelo suporte técnico, ou seja, fazendo (40) para
uma velocidade inferior ou igual a 16,5 𝑘𝑚/ℎ, obtém-se:

√27025650 √27025650
≤ 16,5 ⇒ 𝑟 ≥ ≈ 315
𝑟 16,5

(41)

O resultado obtido em (41) caracteriza que o furacão Matthew se espalha por uma área
de aproximadamente 315 𝑘𝑚. Destaca-se que na situação abordada, o raio (𝑅) do Matthew
coincide com a coordenada polar (𝑟), isto é:

𝑅=𝑟 (42)

Para efeito de visualização do furacão Matthew (ver, 38), utilizou-se o programa


Mathematica, tendo como resultado a Figura (23).
52

Figura 23-Imagem geométrica modelada do furacão Matthew

Fonte: Autoria Própria

6.7 LINHAS DE CORRENTE PARA O FURACÃO MATTHEW

Utilizando a fundamentação teórica do Tópico (6.5), simultaneamente com os valores


calculados das potências de vórtice 𝑘 (ver, (36)) e poço 𝑞 (ver, (37)) do furacão Matthew,
mostra-se na Figura (24) as linhas de corrente do referido furacão.
53

Figura 24- Imagem geométrica do furacão Matthew utilizando linhas de corrente

Fonte: Autoria Própria


54

7 CONCLUSÕES

Neste trabalho foi apresentado um modelo básico de furacão a partir de campos de


velocidades, os quais representam fluxos simplificados, quais sejam, fluxo vórtice e fluxo
poço, demonstrou-se através de técnicas analíticas com visualizações geométricas
implementadas em um ambiente computacional (programa Mathematica) que a matemática
também está presente quando se estuda fenômenos naturais (furacões), indicando dessa forma
uma possibilidade de analise em seu comportamento. Salienta-se ainda, que a utilização da
fundamentação teórica de campos vetoriais foi de extrema importância para o
desenvolvimento do tema abordado. Portanto, foi possível, concluir que utilizando uma
estratégia no que concerne unificar teoria e prática vinculada a uma ferramenta computacional
a mesma indica-se como uma atraente alternativa auxiliar no estudo de um determinado
fenômeno natural.

Como perspectivas, indica-se estudar modelos matemáticos mais complexos nas mais
variadas áreas do conhecimento científico, por exemplo, meio ambiente.
55

REFERÊNCIAS

ANTON, Howard; BIVENS, Irl; DAVIS, Stephen. Cálculo: um novo horizonte. 8. ed. Porto
Alegre: Bookman, 2007. 2v.

ARRUDA, Felipe. Formação dos Furacões. 2013. Disponível em:


www.tecmundo.com.br/como são-formados-os-furacoes.htm.Acesso em: 11 maio. 2017.

BRUNETTI, Franco. Mecânica dos Fluidos. 2ª ed. rev. São Paulo: Pearson Prentice hall,
2008. 425p.

CICLONE. O que é um ciclone tropical. 2013. Disponível


em:www.oeco.org.br.dicionarioambiental/ciclonetropical.htm. Acesso em: 09 maio. 2017.

CONCEITO. Conceito de tempestade tropical. 2016. Disponível em: www. conceito.de-


conceito-de-tempestade-tropical.com. Acesso em: 09 maio. 2017.

DEMIDOVICHT, B. Problemas e Exercícios de Análise Matemática. 4ª ed. Moscou: Ed


Mir, 2015. 244p.

ESCALA. Escala Saffir- Simpson. 2000. Disponível: www.apolo11.com/escala-safir


simpson.htm. Acesso em: 11 maio. 2017.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. 2. ed.


rev. e amp. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

FURACÃO. Furacão Catarina. 2005. Disponível em: www.geografia.seed.pr.gov.br-


conteudo, furacaocatarina. htm. Acesso em: 10 maio. 2017.

FURACÃO. Furacão Matthew. 2016. Disponível em: www.wikipedia.com.br/furacao


matthew.htm . Acesso em: 11 maio. 2017. 292p

FURACÃO. Nasa mostra furacão Matthew no Espaço. 2016. Disponível:


https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/video-da-nasa-mostra-poderoso-furacao-matthew-
visto-do-espaco-20230824. Acesso em: 12 maio. 2017.
56

FURACÃO. O que são furacões. 2015. Disponível


em:www.suapesquisa.com/geografia/furacao.htm .Acesso em: 08 mai . 2017.

GONÇALVES, Mirian B.; FLEMMING, Diva M. Cálculo B: Funções de Várias Variáveis,


Integrais Múltiplas, Integrais Curvilíneas e de Superfície. 2. ed. São Paulo: Pearson
Education, 2007. 435p.

GUIMARÃES, Charles Zuconely.; LAMBERTY, Dilamar Reis. Modelagem Matemática na


Aplicação de matemática financeira. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE ENSINO DA
MATEMÁTICA. 6., 2013, Rio Grande do Sul. Disponível em:
www.conferencias.ulbra.br>paper>view. Acesso: em 10 maio. 2017

KOBIYAMA, Masato. et al. Prevenção de desastre naturais: conceitos básicos. Curitiba:


OrganicTrading , 2006. 124p.

LESME, Adriano. Como são escolhidos os nomes dos furacões. 2011. Disponível em:
http://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/como-sao-escolhidos-os-nomes-dos-furacoes-
tufoes.htm. . Acesso em: 11 maio. 2017.

LUCAS, Adriano. Top 10 os piores furacões. 2015. Disponível em: www.top10mais.org-


furacões.htm. Acesso em: 10 maio. 2017.

MIRANDA, Juliana. Efeito Coriólis. 2009. Disponível em:


www.sitedecuriosidades.com/efeitocoriolis.htm. Acesso em: 09 maio. 2017.

MODELAGEM. Modelagem Matemática. [2010]. Disponível em:


www.ime.unicamp.br/~moretti/ms428/2sem2010/aula_slide.pdf. Acesso: 08 maio. 2017.

NUSSENZVEIG, Hearch Moysés. Curso de Física Básica: Fluidos, Oscilações e Ondas


Calor. 3ª ed. reiprim. São Paulo: Edgard Blucher, 1999. 2 v.

PAULA, Elisiane de. et al. Modelando o Furacão com Cálculo Vetorial. In: ANAIS DA
MOSTRA CIENTÍFICA DO CESUCA. 10., 2016, Rio Grande do Sul. Disponível em:
http://ojs.cesuca.edu.br/index.php/mostrac/article/view/1232. Acesso: 08 maio.2017.

PENA, Rodolfo Alves. Furacão. 2011. Disponível em: www.mundoeducacao.bol.uol.com.br-


furacao.htm. Acesso em: 09 maio. 2017.
57

PEREIRA, Beatriz Helena. O que é um ciclone. 2011. Disponível em:


www.suapesquisa.com/o que e um ciclone.htm. Acesso em: 08 maio . 2017.

PUPIM, Cláudio Eduardo. A matemática na natureza. 2013. 47 f. Dissertação (Mestrado em


Matemática)- Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Dourados, 2009.Disponível em:
http://bit.profmat-sbm.org.br/xmlui/handle/123456789/347. Acesso: 10 maio. 2017.

ROCHA, Juliana. Furacões. 2003. Disponível em: www.invivo.fiocruz.br-cgi-sys-start


furacoes.htm. Acesso em: 09 maio. 2017.

SILVA, Felipe Mendes. Dinâmica atmosférica e localização das trombas d'água no litoral
catarinense no período de 1996 a 2008. 2009. 130 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Bacharelado em Geografia)- Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.
Disponível em : http://tcc.bu.ufsc.br>geografia284512. Acesso: 10 maio. 2017.

STEINBRUCH, Alfredo. ; WINTERLE, Paulo. Geometria Analítica. 2ª ed. São Paulo:


Pearson Makron Books, 1987. 292p.

STEWART, James. Cálculo. 6ª ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. 2 v.

VÓRTICE. O que é vórtice. 2013. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vórtice.com.


Acesso em: 09 maio. 2017.
58

ANEXO A- COORDENADAS POLARES

De acordo com Anton, Bivens e Davis (2007), um sistema de coordenadas polares


num plano consiste em um ponto O fixo, chamado de polo (ou origem) e de um raio que parte
do polo, chamado eixo polar. Num tal sistema de coordenadas, podemos associar a cada ponto
P no plano um par de coordenadas polares (r, 𝜃), onde ré a distância de P ao polo e 𝜃 é o
ângulo entre o eixo polar e o raio OP, (ver, Figura 25). O número r é chamado de coordenada
radial de P enquanto que 𝜃 é a coordenada angular (ou ângulo polar) de P.

Figura 25- Imagem da Esquematização das Coordenadas Polares (r e 𝜽)

𝑃 (𝑥, 𝑦)
(r, 𝜃)
𝑟

y = r 𝑠𝑒𝑛𝜃

𝜃
𝒙
x = r cos 𝜃

Fonte: Adaptado de ANTON; BIVENS; DAVIS, 2007.


59

ANEXO B- PRODUTO ESCALAR, PRODUTO VETORIAL E NORMA DE UM


VETOR

PRODUTO ESCALAR

Segundo Anton, Bivens e Davis (2007), se 𝑢


⃗⃗ =(𝑢1 , 𝑢2 ) e 𝑣⃗= (𝑣1 ,𝑣2 ) forem vetores no
espaço bidimensional, então o produto escalar de 𝑢
⃗⃗ e 𝑣⃗ é escrito como 𝑢
⃗⃗. 𝑣⃗ (sendo a
multiplicação de seus componentes correspondentes e pela soma dos produtos resultantes)é
definido como

𝑢
⃗⃗. 𝑣⃗ = 𝑢1 𝑣1 + 𝑢2 𝑣2 (B1)

PRODUTO VETORIAL

Conforme Anton, Bivens e Davis (2007) se 𝑢


⃗⃗ = (𝑢1 , 𝑢2 , 𝑢3 ) e 𝑣⃗ = (𝑣1 ,𝑣2 ,𝑣3 ) forem
vetores no espaço tridimensional, então o produto vetorial 𝑢𝑥𝑣 é o vetor definido por

𝑢2 𝑢3 𝑢1 𝑢3 𝑢1 𝑢2
𝑢
⃗⃗𝑥𝑣⃗=|𝑣 𝑣3 | 𝒊 - |𝑣1 𝑣3 | 𝒋+ |𝑣1 𝑣2 | 𝒌, (B2)
2

ou de modo equivalente

⃗⃗𝑥𝑣⃗= (𝑢2 𝑣3 -𝑢3 𝑣2 )𝑖 – (𝑢1 𝑣3 – 𝑢3 𝑣1 )𝑗 + (𝑢1 𝑣2 – 𝑢2 𝑣1 )𝑘


𝑢 (B3)

Assim podemos reescrever (B2) como:

𝑖 𝑗 𝑘
⃗⃗𝑥𝑣⃗=|𝑢1
𝑢 𝑢2 𝑢3 | (B4)
𝑣1 𝑣2 𝑣3

Entretanto, isso é somente um esquema mnemônico e, na verdade, não é um


determinante, uma vez que as entradas num determinantes são números, não vetores.
60

NORMA DE UM VETOR

Para Anton, Bivens e Davis (2007) a distância entre os pontos inicial e final de um
vetor 𝑣 é chamada de comprimento, norma ou magnitude de 𝑣 e é denotada por ‖𝑣‖. Essa
distâncianão muda se o vetor for transladado, portanto, para propósitos de cálculo da norma,
podemos supor que o vetor esteja posicionado com seu ponto inicial na origem. Isso torna
evidente que a norma de um vetor 𝑣⃗ = (𝑣1 , 𝑣2 ) no espaço bidimensional é dado por

‖𝑣⃗‖ =√𝑣1 2 + 𝑣2 2 (B5)


61

ANEXO C- DIVERGÊNCIA E ROTACIONAL

Vamos, agora definir duas operações importantes sobre campo vetoriais do espaço
tridimensional- a divergência e o rotacional do campo. Esses nomes originaram-se no estudo
do fluxo fluido, caso em que a divergência refere-se à maneira como o fluido flui para ou
afastar-se de um ponto, e o rotacional refere-se às propriedades de rotação do fluido num
ponto.

DIVERGÊNCIA

Novamente segundo Anton, Bivens e Davis (2007), Se 𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝒊 +


𝑔(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝒋 + ℎ(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝒌,definimos a divergência de F, denotado como div F, como a função
dada por:
𝜕𝑓 𝜕𝑔 𝜕ℎ
div F: + 𝜕𝑦 + 𝜕𝑧 (C1)
𝜕𝑥

PROPRIEDADES

Segundo Gonçalves e Flemming (2007), sejam 𝑓⃗= (𝑓1 , 𝑓2 ,𝑓3 ) e 𝑔⃗= (𝑔1 ,𝑔2 ,𝑔3 ) funções
vetoriais definidas em um domínio D e suponhamos que div 𝑓⃗ e div 𝑔⃗ existem. Então:
a) div (𝑓⃗ ± 𝑔⃗) = div 𝑓⃗ ± div 𝑔⃗
b) div ( ℎ𝑓⃗ ) = ℎ div 𝑓⃗ + grad ℎ. 𝑓⃗ , onde ℎ = ℎ ( 𝑥, 𝑦, 𝑧 ) é uma função escalar
diferenciável em D.

INTERPRETAÇÃO FÍSICA DA DIVERGÊNCIA

Gonçalves e Flemming (2007) elucidam que na Mecânica dos fluidos encontramos a


equação da continuidade:
𝜕𝜌
div 𝑢
⃗⃗+ 𝜕𝜌 = 0 (C2)

Onde 𝑢
⃗⃗ = 𝜌𝑣⃗, sendo 𝜌 = (𝑥, 𝑦, 𝑧, 𝑡)a densidade do fluido e 𝑣⃗= 𝑣⃗(𝑥, 𝑦, 𝑧 , 𝑡) o vetor
velocidade.
62

𝜕𝜌
Reescrevendo a equação (C2) na forma 𝜕𝜌 = - div 𝑢
⃗⃗, vemos que a divergência de um

campo vetorial surge como uma medida da taxa de variação da densidade do fluido em um
ponto.
Quando a divergência é positiva em um ponto do fluido, a sua densidade está
diminuindo com o tempo. Nesse caso dizemos que o fluido está se expandido ou, ainda, que
existe uma fonte de fluxo no ponto.
Quando a divergência é negativa, vale o oposto.
Se a divergência é zero em todos os pontos de uma região, o fluxo de entrada na região
é exatamente equilibrado pelo fluxo de saída. O fluxo não é criado nem destruído, ou seja, não
existe fonte nem sumidouro na região.
Se 𝜌 = constante, isto é, a densidade não é função das coordenadas 𝑥, 𝑦, 𝑧 nem do
tempo t, dizemos que o fluido é incompreensível. Nesse caso, a equação da continuidade toma
a forma div 𝑣⃗= 0, e o campo vetorial 𝑣⃗ é chamado solenoidal.

ROTACIONAL

Segundo Anton, Bivens e Davis (2007) se 𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝒊 + 𝑔(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝒋 +
ℎ(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝒌,definimos o rotacional de F, denotado como rot F, como o campo vetorial dado
por.
𝜕ℎ 𝜕𝑔 𝜕𝑓 𝜕ℎ 𝜕𝑔 𝜕𝑓
rot F: (𝜕𝑦 − 𝜕𝑧 ) 𝒊 + (𝜕𝑧 − 𝜕𝑥 ) 𝒋 + (𝜕𝑥 − 𝜕𝑦) 𝒌 (C3)

PROPRIEDADES

Para Gonçalves e Flemming (2007), sejam 𝑓⃗(𝑥, 𝑦, 𝑧) = ( 𝑓1 , 𝑓2 , 𝑓3 ) e 𝑔⃗ (𝑥, 𝑦, 𝑧) =


(𝑔1 ,𝑔2 ,𝑔3 ) funções vetoriais definidas em um domínio D com derivadas parciais de 1ª ordem
continua em D. Então:
a) rot(𝑓⃗ + 𝑔⃗) = rot 𝑓⃗ + rot 𝑔⃗
b) rot ( ℎ𝑓⃗ ) = ℎ rot 𝑓⃗ + grad ℎ . 𝑓⃗ , onde ℎ = ℎ(𝑥, 𝑦, 𝑧) é uma função escalar
diferenciável em D.
63

INTERPRETAÇÃO FÍSICA DO ROTACIONAL

Ainda segundo Gonçalves e Flemming (2007) o rotacional de um campo vetorial


aparece em diversas situações da física. Por exemplo:
a) Na análise de campo de velocidade na Mecânica dos fluidos
b) Na análise de campos de forças eletromagnéticos
c) Pode ser interpretado como uma medida do movimento angular de um fluido, e a
condição:
rot 𝑣⃗ = ⃗⃗
0 (C4)
Para um campo de velocidade 𝑣⃗, caracteriza os chamados fluxos irrotacionais.
d) A equação rot 𝐸⃗⃗ = ⃗0⃗ , onde 𝐸⃗⃗ é a força elétrica, caracteriza que somente forças
eletrostáticas estão presentes no campo elétrico.

Você também pode gostar