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Regulação do Mercado

 A política regulatória no setor aéreo brasileiro foi marcada por diferentes


formas de intervenção, partindo de uma regulação estrita, passando por um
regime de flexibilização até a instituição de uma agência reguladora
destinada a fiscalizar as atividades da aviação civil e a infraestrutura
aeronáutica e aeroportuária.
 No início dos anos 70 até o meio da década de 80 regulação guiada pela
política desenvolvimentista do governo, até então regido era pelo Código
Brasileiro do Ar – Decreto-Lei n. 32/66.
 Preço e frequência de voos eram estabelecidas pelo governo, o qual também
mantinha o controle das entradas no setor. Restou, ainda, implementada,
uma política industrial que atribuiu a operação do sistema nacional a quatro
companhias de âmbito nacional, conforme o disposto no Decreto 72.898/73.
 Decreto 76.590/75 criou os Sistemas Integrados de Transporte Aéreo
Regional (SITAR) e dividiu o país em cinco áreas, completamente
monopolizadas por companhias aéreas regionais
 A partir dos anos 80, o governo passou a implantar medidas de estabilização,
as quais originaram diversos planos econômicos. até 1994, sendo
acompanhada de uma forte intervenção no setor aéreo no tocante aos custos
das companhias e aos reajustes tarifários, o que acabou resultando em preços
consideravelmente baixos que afetaram a sobrevivência de empresas do
setor.
 Em 1990, por meio do Decreto 99.179/90, foi instituído o Programa Federal
de Desregulamentação "a atividade econômica privada será regida,
basicamente, pelas regras do livre mercado" (inciso III do artigo 2º). Iniciou-
se, desse modo, a "flexibilização" da aviação comercial, também chamada de
"liberalização"do setor, que ocorreu em três etapas: na primeira
implementou-se uma política de estímulo à entrada de novas empresas no
mercado, fim dos monopólios regionais. Na segunda etapa foram removidas
as bandas tarifárias e a exclusividade de operação das Linhas Aéreas
Especiais pelas companhias regionais, e na terceira foi permitida a liberdade
total nos preços de passagens e a flexibilização do processo de entrada de
novas companhias.
 Devido a alguns problemas financeiros em certas empresas aéreas e em
razão de práticas anticompetitivas, a política de flexibilização foi
interrompida, tendo o Departamento de Aviação Civil (DAC) assumido o
papel de órgão moderador no intuito de regular a oferta e a demanda e a fim
de coibir a competição ruinosa. Os preços voltaram a ser regulados.
 Em 2005, foi instituída, por meio da Lei n. 11.182, a Agência Nacional de
Aviação Civil – ANAC. A partir de então, inaugurou-se o regime de livre
mobilidade das companhias aéreas e o retorno da flexibilização de tarifas
internas, marcando, por conseguinte, a volta da tendência de liberalização do
mercado
ANAC

Principais competências:

 Representar o Brasil junto a organismos internacionais de aviação e negociar


acordos e tratados sobre transporte aéreo internacional.
 Emitir regras sobre segurança em área aeroportuária e a bordo de aeronaves
civis.
 Conceder, permitir ou autorizar a exploração de serviços aéreos e de
infraestrutura aeroportuária.
 Estabelecer o regime tarifário da exploração da infraestrutura aeroportuária.
 Administrar o Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB).
 Homologar, registrar e cadastrar os aeródromos.
 Emitir certificados de aeronavegabilidade atestando aeronaves, produtos e
processos aeronáuticos e oficinas de manutenção.
 Fiscalizar serviços aéreos e aeronaves civis.
 Certificar licenças e habilitações dos profissionais de aviação civil.
 Autorizar, regular e fiscalizar atividades de aeroclubes e escolas e cursos de
aviação civil.
 Reprimir infrações às normas do setor, inclusive quanto aos direitos dos
usuários, aplicando as sanções cabíveis.
 A partir das rodadas de liberalização, cresceu o receio de que o poder de
mercado da indústria viesse a crescer substancialmente através da formação
de alianças e acordos operacionais. Nesse contexto e visando preservar o
ambiente competitivo e o bem-estar social, intensifica-se a política de defesa
da concorrência, o que se deu por meio da atuação das autoridades
antitrustes, as quais passaram a enfrentar problemas, antes, incomuns ao
setor.

 A flexibilização provocou diversos efeitos no mercado de transporte aéreo.


Se algumas empresas aéreas faliram, outras tantas permaneceram. E, dentre
estas, muitas optaram por processos de concentração, tais como fusões e
aquisições, ou por acordos de cooperação (por exemplo o codeshare), que foi
encarado, inclusive, como uma possível solução a superar os problemas
financeiros enfrentados por companhias aéreas.

 O CADE, inicialmente aprovou o uso do codeshare como forma provisória


de permitir a sobrevivência temporária da Varig e da Tam, que passavam por
uma grave crise financeira no início de 2003. Todavia, para regular o
funcionamento do codeshare, foi assinado um Acordo de Preservação da
Reversibilidade da Operação (APRO) entre o CADE e as duas empresas, no
qual foram especificados os voos nos quais o codeshare poderia ser
empregado e uma lista de obrigações recíprocas a serem observadas na
vigência do APRO.

 Posteriormente, em virtude de uma análise da Secretaria de


Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda - SEAE, o CADE,
em 2005, suspendeu o uso do codeshare. Apurou a SEAE que houvera
conduta concertada por parte das empresas acordantes com redução de voos
lucrativos, sendo essa prática explicada como uma tática de cartelização,
calcada na manutenção de capacidade ociosa, como barreira à entrada.
Verificou-se, ainda, diminuição artificial da oferta disponibilizada ao
consumidor e consequente efeito na formação de tarifas, o que permitiu que
as empresas aumentassem suas margens de lucro.

 Cartel Tam, Transbrasil, Varig e Vasp: O Cade condenou as empresas aéreas


Varig, TAM, Vasp e Transbrasil por formação de cartel no ajuste de tarifas
da ponte aérea entre o Rio de Janeiro e São Paulo, em agosto de 1999. O
Cade apurou que, uma semana após reunião entre seus dirigentes, as
empresas reajustaram de forma linear e uniforme os preços das passagens em
10%. Em virtude da formação do cartel na ponte aérea, as quatro companhias
foram condenadas à multa de 1% sobre os seus faturamentos obtidos nessa
rota, relativos a 1999.
 Cade, aprovou a fusão da Tam S.A. com a Lan Airlines S.A com algumas
restrições. Pelo tamanho de sua frota e volume de passageiros, a Latam
Airlines é a maior empresa aérea da América Latina e uma das maiores do
mundo. As restrições impostas foram: A Latam devera efetuar permuta de
slots e infraestrutura aeroportuária no aeroporto de Guarulhos, que permita a
nova(s) empresa(s) operar em duas frequências diárias na rota São Paulo –
Santiago – São Paulo, por meio de voos diretos, segundo o relator do
processo, Olavo Chinaglia, o "remédio" é necessário porque a empresa teria
80% dos voos nessa rota. Alem disso, a Latam deverá submeter ao Cade sua
escolha pela aliança global que irá participar. Atualmente a Tam faz parte da
Star Alliance e a Lan da One World. Com a decisão do relator, a Latam
participará somente de um dos programas. De acordo com o Cade, a
manutenção da Latam nos dois acordos – que permitem compartilhamento
de voos e aumento do número de rotas disponíveis –, poderia dificultar a
concorrência no setor aéreo. O relator apontou que o principal problema
verificado no setor não é a concentração de mercado pelas empresas aéreas
mas a falta de infraestrutura nos aeroportos que impede a entrada de novos
competidores. “Embora gere concentração, a operação também gera algumas
eficiências que tendem a ser repassadas ao consumidor sob a forma de uma
operação mais eficiente, maior oferta de horários e eventualmente até
passagens mais baratas”, disse.
Referencias

GUSMÃO, Rossana. Regulação e defesa da concorrência no setor aéreo


<https://jus.com.br/artigos/19333/regulacao-e-defesa-da-concorrencia-no-setor-
aereo>

ANDRADE, Thompson. A crise Varig/Tam e o uso de codeshare.


<http://www.en.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/arq12_cap07.pdf>

www.anac.gov.br

https://noticias.uol.com.br/economia/cotacoes/ultnot/2004/09/15/ult29u36117.jhtm

http://www.conjur.com.br/2014-out-02/tam-faz-acordo-cade-aceita-pagar-multa-
cartel-1999

http://g1.globo.com/economia/noticia/2011/12/cade-aprova-fusao-entre-tam-e-lan-
que-cria-maior-empresa-aerea-da-al.html

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