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A boa-fé objetiva nos contratos bancários

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O Princípio da Boa Fé Objetiva é amplamente utilizado no Direito Brasileiro,
tendo sido primeiramente previsto no Código de Defesa do Consumidor (art.
51, IV), e, posteriormente no art. 422 do Código Civil, porém, sempre esteve
incorporado na teoria geral dos contratos, estribado na eticidade e lealdade
das partes contratantes.

Juntamente com este, vigora outro princípio conhecido como "duty to


mitigate the loss", que vigora há muito em outros sistemas jurídicos como o
alemão e o francês, o qual impõe a mitigação do prejuízo pelo próprio
credor, ou a não oneração do devedor a causar-lhe maior prejuízo. Princípio
este, que vem sendo recepcionado pelo sistema jurídico brasileiro.

A aplicação destes dois princípios resultou no Enunciado 169, aprovado na


III jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal, que se aplica nas
relações de crédito, e deve ser observado quando o devedor encontra
dificuldade para solver a dívida.

Dessa forma, aquele que detém a superioridade na relação jurídica, diante


da vulnerabilidade da outra parte, tem o dever de zelar pelo cumprimento da
obrigação, neste caso, o credor tem o dever de proporcionar meios
adequados para que o devedor possa satisfazer o crédito sem onerá-lo de
forma que impossibilite a quitação do débito.

Em casos, em que o credor vê a dívida aumentar sem esboçar nenhum


esforço para que o montante não chegue a um valor astronômico, ao
contrário, contribui para o crescimento desta, demonstra que na realidade
não tem a intenção de ver o crédito satisfeito, mas sim, a intenção de
vincular o devedor perpetuamente a si, contribuindo para o super
endividamento e dessa forma auferir mais lucro.

Logo, o credor que não observa seu dever de cooperação, viola o princípio
da boa fé objetiva, devendo ter seu crédito mitigado. Isso representa um
dever acessório, anexo, resultante da boa conduta entre os negociantes.

A aplicação deste Enunciado pode ser utilizado nos contratos de


empréstimos, cartões de créditos, e, em todas as relações que envolvam
outorga de crédito. O credor não pode ficar inerte ante as dificuldades
encontradas pelo devedor em solver sua dívida, sob pena de ter seu crédito
mitigado, por violação ao princípio da Boa Fé Objetiva.

Autor: Dr. Luiz Alberto de Azevedo Braz


Advogado Associado Albuquerque & Roitman Advogados Associados

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