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PORTUGUÊS
SUMÁRIO
AULA 01 ....................................................................................................................................................... 2
AULA 02 ....................................................................................................................................................... 6
AULA 03 ..................................................................................................................................................... 10
AULA 04 ..................................................................................................................................................... 13
AULA 05 ..................................................................................................................................................... 15
AULA 06 ..................................................................................................................................................... 18
AULA 07 ..................................................................................................................................................... 22
AULA 08 ..................................................................................................................................................... 25
AULA 09 ..................................................................................................................................................... 28
AULA 10 ..................................................................................................................................................... 30
AULA 11 ..................................................................................................................................................... 34
AULA 12 ..................................................................................................................................................... 37
AULA 13 ..................................................................................................................................................... 40
AULA 14 ..................................................................................................................................................... 43
AULA 15 ..................................................................................................................................................... 45
AULA 16 ..................................................................................................................................................... 48
AULA 17 ..................................................................................................................................................... 52
AULA 18 ..................................................................................................................................................... 55
AULA 19 ..................................................................................................................................................... 57
AULA 01
LEI Nº 4.898/1965
LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE.
1.1. CLASSIFICAÇÃO - é crime próprio, uma vez que só poderá ser praticado por autoridade pú-
blica. O art. 5° afirma que é autoridade aquele que exerce cargo, emprego ou função pública,
de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.
1.2. CRIMES FUNCIONAIS - Os crimes de abuso de autoridade são classificados como crimes
funcionais, uma vez que são praticados por autoridade pública e dentre os bens jurídicos pro-
tegidos temos o regular funcionamento da administração pública.
Aquele que “munus público‖ - é uma obrigação que deve ser exercida por alguém
atendendo ao poder público, essa obrigação decorre de lei. Exemplos: Tutor; Curador;
Inventariante judicial; Administrador de massa falida; Depositário judicial;
Mesário Eleitoral -
Defensor dativo - Informativo 579 - Defensor Dativo é equiparado a funcionário público
para fins penais.
"O advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público, atua de forma re-
munerada em defesa dos agraciados com o benefício da Justiça Pública, enquadra-se no
conceito de funcionário público para fins penais (Precedentes)" (REsp. n. 902.037/SP, Rel.
Min. FELIX FISCHER, Quinta Turma, julgado em 17/4/2007, DJ de 4/6/2007). Precedentes.
Sendo equiparado a funcionário público, possível a adequação típica aos crimes previstos nos
artigos 312 e 317 do Código Penal.
02. SUJEITO PASSIVO - Aqui, temos um delito de dupla subjetividade passiva. Vejamos: Estado, titular da
administração pública e a é a pessoa física ou jurídica que, eventualmente, sofre a lesão ao seu bem
jurídico protegido.
03. Bem Jurídico Protegido - Cada um dos tipos penais protege um bem jurídico previsto na Constituição
Federal de 1988. Dentre eles, temos:
04. ELEMENTO SUBJETIVO - DOLO - Só há crime de abuso de autoridade na modalidade dolosa. Não
crime de abuso de autoridade na modalidade culposa.
05. TENTATIVA - Deve ser analisado de acordo com o tipo do crime previsto na Lei. Vamos lá;
Art. 3º - Não admite a tentativa - Crimes de Atentado - também chamados de delitos de em-
preendimento.
Delitos do art. 4° - Os crimes previstos no art. 4°, como regra, admitem a tentativa. No entanto, há
exceções. Vejamos:
Art. 4° - (...)
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer
pessoa;
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunica-
da;
Obs: Omissivos próprios ou puros - Esses delitos não admitem a tentativa porque são crimes
omissivos próprios ou puros, também chamados de omissivos simples.
06. AÇÃO OU OMISSÃO - Os crimes previstos na Lei 4898/65 poderão ser praticados mediante ação ou
omissão, a depender o caso concreto.
07. ROL TAXATIVO - O rol de crimes previstos na Lei 4898 de 1965 é taxativo. Desta forma, só é crime de
abuso de autoridade o que está previsto na lei.
No ano de 2017, no dia 16 de outubro, foi publicada a Lei 13.491, que modificou o Código Penal Militar
e ampliou a competência da Justiça Militar. Esta lei ampliou o rol dos crimes de natureza militar, alte-
rando o inciso II do art. 9º do Código Penal Militar.
Súmula 90/STJ - “Compete à Justiça Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prática
do crime militar, e à Comum pela prática do crime comum simultâneo àquele.”
Súmula 172/STJ - “Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de au-
toridade, ainda que praticado em serviço.”
Essas súmulas foram superadas, pois, com o advento a Lei 13.491/17, os crimes de abuso de autorida-
de praticados por militar em serviço são crimes militares e, portanto, serão julgados pela Justiça Militar.
10. DOS CRIMES EM ESPÉCIE - (ART. 3°)
GENERALIDADES -
CRIMES DE ATENTADO - TENTATIVA - é aquele em que a lei pune de forma idêntica o crime consumado
e a forma tentada, isto é, não há diminuição da pena em face da tentativa.
DIREITOS RELATIVOS - Conforme o entendimento do STF, os direitos e garantias individuais não têm
caráter absoluto.
“Não há, no sistema constitucional brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter abso-
luto, mesmo porque razões de relevante interesse público ou exigências derivadas do princípio de
convivência das liberdades legitimam, ainda que excepcionalmente, a adoção, por parte dos órgãos
estatais, de medidas restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde que respeitados os
termos estabelecidos pela própria Constituição...”
a) à liberdade de locomoção;
Previsão no art. 5°, inciso XV da CF. ―é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz,
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;”
b) à inviolabilidade do domicílio;
Previsão no art. 5°, inciso XI da CF. Vejamos: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;”
c) ao sigilo da correspondência;
Previsão no art. 5°, inciso XII, CF - “XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunica-
ções telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judi-
cial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal.”
Diretor do Estabelecimento Prisional - Os fundamentos para tal decisão se baseiam preserva-
ção da segurança pública, disciplina prisional e a própria preservação da ordem jurídica.
Desta forma, à privacidade e à intimidade do preso não pode servir como ―escudo‖ para pratica de
crimes. Nas palavras do Min. Celso de Mello "a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epis-
tolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas" (H.C. 70.814-5/SP,
DJ de 24-6-1994, Rel. Min. Celso de Mello).
h) ao direito de reunião;
A proteção a esses bens jurídicos tutelados têm amparo constitucional, conforme previsão no art. 5°,
inciso XVII e XVIII. Vejamos
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
A proteção a esses bens jurídicos tutelados têm amparo constitucional, conforme previsão nos se-
guintes artigos. Vejamos:
A doutrina diverge quanto à revogação ou não desse crime. Citamos o seguinte julgado do STJ e
STF -
HABEAS CORPUS. PENAL. ARTIGO 322 DO CÓDIGO PENAL . CRIME DE VIOLÊNCIA ARBI-
TRÁRIA. EVENTUAL REVOGAÇÃO PELA LEI N.º 4.898 /65. INOCORRÊNCIA. PRECEDENTES
DO STF. 1. O crime de violência arbitrária não foi revogado pelo disposto no artigo 3º , alínea i,
da Lei de Abuso de Autoridade . Precedentes da Suprema Corte. 2. Ordem denegada.
LEI Nº 4.898/1965
LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE.
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com
abuso de poder;
Constituição Federal - Art. 5° - LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.
PRISÃO ADMINISTRATIVA - Portanto, com base na explicação acima, não é possível a pri-
são decretada por autoridade administrativa em respeito ao preceito constitucional.
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão
sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária
competente
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em
lei;
USO DE ALGEMAS - No que diz respeito ao uso de algemas, se não estiverem presentes situa-
ções previstas na Súmula Vinculante 11, poderá configurar Abuso de Autoridade.
Súmula Vinculante 11 - Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio
de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justifi-
cada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agen-
te ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado.
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
constrangimento:
Pena - detenção de seis meses a dois anos
CF - Art. 5° - LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
CRIME OMISSIVO PRÓPRIO OU PURO - Esses delitos não admitem a tentativa porque são crimes
omissivos próprios ou puros, também chamados de omissivos simples. Desta forma, a simples
omissão, a simples abstenção, já configura o crime. Não é necessário o resultado naturalístico. Por-
tanto não admitem a tentativa.
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente
de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido
ou à pessoa por ele indicada:
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada;
CF- Art. 5° - LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de
criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei;
Art. 5°. - LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança;
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abu-
so ou desvio de poder ou sem competência legal;
CF - ART. 5º, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
TENTATIVA -
Art. 4º Constitui também abuso de autorida- Art. 232. Submeter criança ou adolescente
de: sob sua autoridade, guarda ou vigilância a
vexame ou a constrangimento.
b) submeter pessoa sob sua guarda ou cus-
tódia a vexame ou a constrangimento não
autorizado em lei;
Art. 4º Constitui também abuso de autorida- Art. 231. Deixar a autoridade policial res-
de: ponsável pela apreensão de criança ou ado-
lescente de fazer imediata comunicação à
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao autoridade judiciária competente e à família
juiz competente a prisão ou detenção de do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
qualquer pessoa;
Art. 4º Constitui também abuso de autorida- Art. 234. Deixar a autoridade competente,
de: sem justa causa, de ordenar a imediata libe-
ração de criança ou adolescente, tão logo
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de tenha conhecimento da ilegalidade da apre-
prisão ou detenção ilegal que lhe seja comu- ensão:
nicada;
Art. 4º Constitui também abuso de autorida- Art. 235. Descumprir, injustificadamente,
de: prazo fixado nesta Lei em benefício de ado-
i) prolongar a execução de prisão temporá- lescente privado de liberdade:
ria, de pena ou de medida de segurança,
deixando de expedir em tempo oportuno ou
de cumprir imediatamente ordem de liberda-
de. (Incluído pela Lei nº 7.960, de
21/12/89)
AULA 03
LEI Nº 4.898/1965
LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE.
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para aplicar, à autoridade civil ou militar
culpada, a respectiva sanção;
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar processo-crime contra a
autoridade culpada.
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e conterá a exposição do fato constitutivo
do abuso de autoridade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de testemu-
nhas, no máximo de três, se as houver.
Art. 1º - A falta de representação do ofendido, nos casos de abusos previstos na Lei nº 4.898, de 9
de dezembro de 1965, na obsta a iniciativa ou o curso de ação pública.
1.2. PROCESSO E JULGAMENTO - A lei 4898/65 traz como pena a detenção de 10 dias a 6 meses.
Dessa forma, o seu processo e julgamento será de acordo com as regras dos Juizados Especiais
Criminais. Assim, não se aplica o procedimento previsto na Lei de Abuso de autoridade.
Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa civil e penal.
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do abuso cometido e consis-
tirá em:
a) advertência;
b) repreensão;
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta dias, com perda de
vencimentos e vantagens;
d) destituição de função;
e) demissão;
§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no pagamento de uma
indenização de quinhentos a dez mil cruzeiros.
§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e
consistirá em:
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por prazo até
três anos.
Tem natureza de pena principal, não sendo caracterizado como mero efeito secundário da conde-
nação. Nesse sentido, STJ
RECURSO ESPECIAL. LEI 4.898/65. ABUSO DE AUTORIDADE. PRESCRIÇÃO.
1. A pena de detenção, porque privativa de liberdade, é a sanção de natureza penal mais grave comina-
da aos crimes de abuso de autoridade.
2. A prescrição da pretensão punitiva, para os crimes previstos na Lei nº 4.898/65, ocorre, in abstrato, em
2 anos, à luz do que determina o artigo 109, inciso VI, da lei material penal.
3. A pena de perda do cargo e inabilitação para o exercício de função pública, prevista no artigo
6º, parágrafo 3º, alínea c, da Lei nº 4.898/65, é de natureza principal, assim como as penas de multa e
detenção, previstas, respectivamente, nas alíneas a e b do mesmo dispositivo, em nada se confundindo
com a perda do cargo ou função pública, prevista no artigo 92, inciso I, do Código Penal, como efeito da
condenação. 4. Recursos especiais prejudicados, em face da declaração da extinção da punibilidade do
crime. (STJ - REsp: 279429 SP 2000/0097650-4, Relator: Ministro HAMILTON CARVALHIDO, Data de
Julgamento: 21/10/2003, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJ 15.12.2003 p. 411RSTJ vol. 187
p. 535)
Sursis da Pena - Poderá ser aplicado, desde que presente os requisitos do art. 77 do CP.
Sursis processual - Poderá ser aplicado, desde que presente os requisitos do art. 89 da Lei
9.099/95.
Pena Restritiva de Direito - Poderá ser aplicado, desde que presente os requisitos do art. 44 do
CP
Transação penal - A transação penal poderá ser conceituada como um acordo entre o Ministério
Público (MP) e o autor do fato, no qual o MP propõe uma pena alternativa ao réu, como uma pena
restritiva de direito ou multa. Nesse caso, será dispensada a instauração do processo. Portanto,
atendendo a algumas condições, o MP deixa de promover a ação.
―É possível propor a transação penal no crime de abuso de autoridade (Lei n. 4.989/1965), visto que
a Lei n. 10.259/2001 não exclui da competência do Juizado Especial Criminal os crimes que possu-
am rito especial.‖
2.4. APLICABILIDADE -
§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de qualquer ca-
tegoria, poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer fun-
ções de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de um a cinco anos.
01. (2016/ CESPE - PC-PE - Escrivão de Polícia) Para os efeitos da referida lei, são considerados au-
toridade aqueles que exercem um munus público, como, por exemplo, tutores e curadores dativos,
inventariantes, síndicos e depositários judiciais
02. (2016/ CESPE - PC-PE - Escrivão de Polícia) Nessa lei, há condutas tipificadas que caracterizam
crimes próprios e crimes impróprios, admitindo-se as modalidades dolosa e culposa.
03. (2016/ CESPE - PC-PE - Escrivão de Polícia) O particular coautor ou partícipe, juntamente com o
agente público, em concurso de pessoas, responderá por outro crime, uma vez que a qualidade de
autoridade é elementar do tipo.
04. (2016/ CESPE - PC-PE - Escrivão de Polícia) Não há crime de abuso de autoridade por conduta
omissiva, já que, para tanto, deve ocorrer a prática de ação abusiva pelo agente público.
05. (CESPE/2016 TRT - 8ª Região (PA e AP) Analista judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Fede-
ral) A representação prevista na lei que trata dos crimes de abuso de autoridade é mera notícia do
fato criminoso, inexistindo condição de procedibilidade para a instauração da ação penal.
GABARITO
01 02 03 04 05
E E E E C
AULA 04
INTRODUÇÃO - A Lei N. 10.826/03 pune diversas condutas, como a posse e o porte de arma de fogo sem autoriza-
ção ou em desacordo com a legislação, o comércio, o tráfico e o disparo. Com a punição para essas condutas, quer o
legislador evitar que as mesmas citadas acima não evoluam para crimes mais graves.
OBJETO JURÍDICO - O Estatuto do Desarmamento (Lei N. 10.826/03) protege diversos bens jurídi-
cos, tendo como o principal a incolumidade Pública ou seja, preservação da segurança pública e a
paz social.
Informativo 570 do STJ - Conforme o texto retirado o Informativo 570 do STJ, o ―bem jurídico de-
nominado incolumidade pública que, segundo a doutrina, compreende o complexo de bens e inte-
resses relativos à vida, à integridade corpórea e à saúde de todos e de cada um dos indivíduos que
compõem a sociedade‖.
“arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados pela com-
bustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária a um
cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de dire-
ção e estabilidade ao projétil;”
Arma de fogo de uso permitido - Previsto no Decreto 5.123/04, art. 10. Vejamos:
“Arma de fogo de uso permitido é aquela cuja utilização é autorizada a pessoas físicas, bem como a pessoas jurídi-
cas, de acordo com as normas do Comando do Exército e nas condições previstas na Lei no 10.826, de 2003.”
Arma de fogo de uso restrito - Previsto no Decreto 5.123/04, art. 11. Vejamos:
“Arma de fogo de uso restrito é aquela de uso exclusivo das Forças Armadas, de instituições
de segurança pública e de pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas
pelo Comando do Exército, de acordo com legislação específica.”
“engenho primário ou secundário que suplementa um artigo principal para possibilitar ou me-
lhorar o seu emprego;”
“artefato completo, pronto para carregamento e disparo de uma arma, cujo efeito desejado pode ser:
destruição, iluminação ou ocultamento do alvo; efeito moral sobre pessoal; exercício; manejo; outros
efeitos especiais;”
Arma branca - Tudo aquilo que não for arma de fogo, será arma branca por, ou seja, o conceito se dará por exclusão.
O porte ostensivo de arma branca, em local público, configura contravenção penal, conforme o artigo 19 do Decreto-
Lei nº 3.688/41. Nesse sentido, STJ
―A Lei 9.437/1997, ao instituir o Sistema Nacional de Armas e tipificar o crime de porte não autorizado de
armas de fogo, não revogou o art. 19 da Lei das Contravenções Penais, de forma que subsiste a contraven-
ção penal em relação ao porte de arma branca. Precedentes. Agravo regimental desprovido. (STJ, AgRg no
RHC 26.829/MG, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), SEXTA
TURMA, julgado em 08/05/2014, extraído do site www.stj.jus.br).
Registro -
Art. 5° O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional, autoriza o seu proprie-
tário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, ou,
ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.
(Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004)
§ 1° O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela Polícia Federal e será precedido de autorização do
Sinarm.
Porte -
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o território nacional, é de competência
da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm.
USO RESTRITO -
USO RESTRITO -
Registro - O Registro será emitido pelo Comando do Exército, conforme previsão no Decreto 5.123/04, em seu Art. 11
e 18; e na Lei 10.826/03, ar. 3° - Vejamos:
DECRETO 5.123/04 -
Art. 11 - “Arma de fogo de uso restrito é aquela de uso exclusivo das Forças Armadas, de instituições de se-
gurança pública e de pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Comando do Exér-
cito, de acordo com legislação específica.”
Art. 18. Compete ao Comando do Exército autorizar a aquisição e registrar as armas de fogo de uso restrito.
§ 1° As armas de que trata o caput serão cadastradas no SIGMA e no SINARM, conforme o caso.
LEI 10.826/03 -
AULA 05
POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO (art. 12) - A lei 10.826/03 traz o seguinte texto -
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência des-
ta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimen-
to ou empresa: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
2. LOCAL DE TRABALHO - Nesse aspecto, é necessário que o agente seja o titular ou responsável
legal da empresa.
Para a doutrina e jurisprudência, transportar arma de fogo dentro do táxi ou caminhão configura cri-
me de porte ilegal de arma de fogo (art. 14) e não posse ilegal (art. 12). Nesse sentido,
(...)
O Min. Relator registrou que a expressão local de trabalho contida no art. 12 indica um lugar deter-
minado, não móvel, conhecido, sem alteração de endereço. Dessa forma, a referida expressão não
pode abranger todo e qualquer espaço por onde o caminhão transitar, pois tal circunstância está sim
no âmbito da conduta prevista como porte de arma de fogo. Precedente citado: HC 116.052-MG,
DJe 9/12/2008. REsp 1.219.901-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 24/4/2012.
―Não é possível vislumbrar, nas circunstâncias, situação que exponha o corpo social a perigo, uma vez que a
única munição apreendida, guardada na residência do acusado e desacompanhada de arma de fogo, por si
só, é incapaz de provocar qualquer lesão à incolumidade pública‖ (RHC 143.449/MS, j. 26/09/2017).
Segundo a Defensoria estadual, a mera posse de uma munição isolada, apreendida dentro da resi-
dência de S.L.D., sem a arma de fogo, atrairia o reconhecimento da atipicidade da conduta tida co-
mo delituosa, em consonância com os princípios da insignificância, proporcionalidade e razoabilida-
de.
―Habeas corpus. Penal. Crime de posse irregular de arma de fogo de uso permitido (art. 12 da Lei nº
10.826/03). Atipicidade da conduta. Pretendido reconhecimento da existência de mera infra-
ção administrativa. (...)
Caso que se reveste de peculiaridades que tornam atípica a conduta do paciente (...) Dolo au-
sente. Não conhecimento da impetração. Concessão da ordem, de ofício, para determinar o tran-
camento da ação penal. 05/2016 - (HC 133468 / MG - 24)
(RHC 70.141-RJ, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, por unanimidade, julgado em 7/2/2017, DJe 16/2/2017.)
OMISSÃO DE CAUTELA – (Art. 13, CAPUT) - A lei 10.826/03 traz o seguinte texto -
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa porta-
dora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
CARACTERÍSTICAS DO CRIME -
Sujeito Ativo – É crime próprio, uma vez que exige uma qualidade especial.
Sujeito Passivo – O sujeito passivo é próprio, uma vez que só poderá ser sujeito passivo desse crime o menor de 18
anos ou portador de deficiência mental.
Deficiente físico - Fato Atípico - Se for imputável, maior e capaz, porém deficiente físico, o fato será atípico.
Objeto Material – Arma de Fogo.
CONTRAVENÇÃO PENAL – APODERAMENTO DE MUNIÇÃO –
Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de dependência desta, sem licença da autoridade:
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de duzentos mil réis a três contos de réis, ou
ambas cumulativamente.
§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de duzentos mil réis a um conto
de réis, quem, possuindo arma ou munição:
b) permite que alienado menor de 18 anos ou pessoa inexperiente no manejo de arma a tenha consigo;
Consumação – Apoderamento da arma por parte do sujeito passivo, independente de qualquer resultado naturalísti-
co.
Elemento Subjetivo – Crime Culposo, modalidade negligência, que se caracteriza pelo ―não fazer‖, ―não observar os
deveres‖, por uma ―atitude negativa.
Entregar dolosamente arma de fogo –
Art. 14 – Portar (...) fornecer, (...) ceder... arma de fogo (...) de uso permitido.
Art. 16 – Portar (...) fornecer, (...) ceder... arma de fogo (...) de uso permitido.
Tentativa – Como se trata de crime culposo, não admite a tentativa.
CONDUTA EQUIPARADA À OMISSÃO DE CAUTELA – (Art. 13, parágrafo único) - A lei 10.826/03 traz o seguinte
texto -
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de seguran-
ça e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal per-
da, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua
guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
CARACTERÍSTICAS DO CRIME -
Sujeito Ativo – Por proprietário ou diretor responsável pela empresa de segurança e transporte de valores - é crime
próprio.
AULA 06
PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO – (ART. 14) - A lei 10.826/03 traz o seguinte texto -
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gra-
tuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamen-
tar:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
CARACTERÍSTICAS DO CRIME –
Sujeito Ativo – é crime comum
JURISPRUDÊNCIA -
ARMA QUEBRADA –
1. É pacífico na jurisprudência do STF e do STJ que o porte de arma de fogo mesmo sem munição é
crime tipificado no art. 14 da Lei 10.826/74. (INFORMATIVO 699 do STF e 493 do STJ)
INFORMATIVO 688 do STF – A 2ª Turma denegou habeas corpus no qual se requeria a absolvição do
paciente — condenado pelo porte de munição destinada a revólver de uso permitido, sem autorização legal
ou regulamentar (Lei 10.826/2003, art. 14) — sob o argumento de ausência de lesividade da conduta. (...)
Por fim, firmou-se ser irrelevante cogitar-se da lesividade da conduta de portar apenas munição,
porque a hipótese seria de crime de perigo abstrato, para cuja caracterização não importaria o resul-
tado concreto da ação.
INFORMATIVO 826 DO STF - É atípica a conduta daquele que porta, na forma de pingente, munição de-
sacompanhada de arma. HC 133984/MG, rel. Min. Cármen Lúcia, 17.5.2016. (HC-133984)
DISPARO DE ARMA DE FOGO - (ART. 15) - A lei 10.826/03 traz o seguinte texto -
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em
via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de ou-
tro crime
CARACTERÍSTICAS DO CRIME -
Tipo Objetivo do tipo (núcleo do tipo) -Nesse crime, são os verbos: ―Disparar" arma de fogo ou ―acio-
nar‖ munição.
Elemento subjetivo - Dolo. Por falta de previsão legal, não há crime de disparo de arma de fogo na moda-
lidade culposa.
Tentativa - é possível quando, por exemplo, por ineficácia relativa da arma de fogo, não ocorrer o disparo.
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regula-
mentar:
CARACTERÍSTICAS DO CRIME –
5. Consumação – O crime se consuma com a prática de um dos verbos previstos no tipo, independen-
temente de qualquer resultado naturalístico.
6. Crime de mera conduta – são os que se consumam com a mera conduta do agente, ou seja, e inde-
pendem de qualquer resultado.
7. Elemento subjetivo – Dolo. Não há crime de ―posse irregular de arma de fogo de uso restrito‖ na mo-
dalidade culposa.
8. PORTE DE ARMA DE FOGO SEM MUNIÇÃO – É pacífico na jurisprudência do STF e do STJ que o
porte de arma de fogo mesmo sem munição é crime.
1. O porte de munição de arma de fogo de uso restrito constitui crime de perigo abstrato, portanto, ir-
relevante a presença da arma de fogo para sua tipificação.
Precedentes. (STF - RHC: 118304 ES, Relator: Min. ROSA WEBER, Data de Julgamento: 17/12/2013,
Primeira Turma, Data de Publicação: DJe-031 DIVULG 13-02-2014 PUBLIC 14-02-
9. PORTE (ART. 14) DE MUNIÇÃO SEM ARMA DE FOGO –
É crime sim, uma vez que se trata de crime de perigo abstrato.
10. CRIME DE POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO - CRIME HEDI-
ONDO - Esse é o mais novo crime hediondo, foi incluído pela Lei 13.497 de 2017.
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
STJ - PORTE DE ARTEFATO EXPLOSIVO. GRANADA DE GÁS LACRIMOGÊNEO/PIMENTA. INADE-
QUAÇÃO TÍPICA.
A conduta de portar uma granada de gás lacrimogêneo e outra de gás de pimenta não se subsome ao deli-
to previsto no art. 16, parágrafo único, III, da Lei n. 10.826/03.
(REsp 1.627.028-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, por unanimidade, julgado em 21/2/2017,
DJe 3/3/2017.)
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou
qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
APELAÇÃO - ART. 16, PARÁGRAFO ÚNICO, INCISO IV, DA LEI 10.826/03 - PORTE ILEGAL DE ARMA
COM NUMERAÇÃO SUPRIMIDA. (...) IMPOSSIBILIDADE - CONDENAÇÃO MANTIDA- DESCLASSIFI-
CAÇÃO DO DELITO PARA POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO - POSSIBILIDADE
- INDÍCIOS DE QUE A SUPRESSÃO PARCIAL DO NÚMERO DE SÉRIE DA ARMA OCORREU DEVIDO
AO DESGASTE NATURAL DO EQUIPAMENTO (OXIDAÇÃO) ...
(...) Havendo indícios de que o número de série da arma de fogo apreendida se encontrava parcial-
mente ilegível em razão do adiantado estado de oxidação do artefato, impõe-se a desclassificação
para o delito previsto no art. 12 da Lei 10.826/03. (...)
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição
ou explosivo a criança ou adolescente; e
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar,
montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito pró-
prio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou muni-
ção, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qual-
quer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o
exercido em residência.
REQUISITOS PARA CONFIGURAR DO CRIME –
Para que haja a configuração do crime em análise, deverão está presentes os dois requisito: finalida-
de da obtenção de lucro e estabilidade, permanência, constância, continuidade na prática do ato de comér-
cio.
Desse modo, a prática eventual, ocasional, esporádica, não reiterada de vendas de munição de for-
ma irregular não configura o crime em análise.
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título,
de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
EXPLOSIVO OU INCENDIÁRIO – Como já vimos acima, os objetos materiais do crime são: de arma de
fogo, acessório ou munição. Não foram incluídos os explosivos e incendiários. Dessa forma, se alguém for
flagrado nas importando e exportando explosivo ou incendiário responderá pelo crime do art. 334-A do
CP, contrabando.
A 1ª Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que se pretendia a aplicação do princípio da
insignificância para trancar ação penal instaurada contra o paciente, pela suposta prática do crime
de tráfico internacional de munição (Lei 10.826/2003, art. 18). . HC 97777/MS, rel. Min. Ricardo Le-
wandowski, 26.10.2010. (HC-97777)
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de
fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se
forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 8o desta Lei.
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisó-
ria. (Vide Adin 3.112-1)
AULA 08
Lei nº 8.072/90
Lei dos Crimes Hediondos.
A definição de crimes hediondos será feita de acordo com o critério adotado. Há três critérios ou sistemas
adotados para definir crimes hediondos. Vejamos:
Sistema legal - É crime hediondo todo aquele que a lei prevê expressamente como tal, descon-
siderando o caso concreto por parte do juiz. Desta forma, quem diz que o crime é Hediondo ou
não é o legislador, e não o juiz. Assim, o rol dos crimes hediondos, conforme previsto na lei, é
taxativo, e não exemplificativo.
Sistema Judicial - Fica a critério do juiz se o crime é hediondo ou não. O Juiz analisa o caso
concreto e decide pela hediondez ou não.
Sistema Misto - Aqui o legislador traz um rol exemplificativo de crimes hediondos. O juiz, con-
forme o caso concreto, decidirá pela hediondez ou não.
MANDADO CONSTITUCIONAL DE CRIMINALIZAÇÃO - O critério adotado pela lei dos crimes hediondos
é uma obediência à Constituição Federal de 1988, uma vez que a CF/88 exigiu, através de um mandado
constitucional de criminalização. Vejamos:
CF/88, Art. 5°, XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-
los, se omitirem;
Somente a lei poderá indicar os crimes hediondos, não cabendo ao juiz analisar se o crime é
hediondo ou não.
Crimes hediondos são aqueles considerados de máximo potencial ofensivo por força constitucional.
1. Homicídio simples - O homicídio simples, por si só, não será hediondo. Ele só será
hediondo quando for praticado em atividade típica de grupo de extermínio.
1.1. Não exigência de grupo de extermínio - A lei não exige que o crime seja praticado
por grupo de extermínio, basta atividade típica de grupo de extermínio. Portanto, a lei não
exige número mínimo de pessoas, podendo ser praticado por um único agente.
CP - Art. 121, § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por
grupo de extermínio.
2. HOMICÍDIO QUALIFICADO (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII);
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº
13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício
da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente con-
sanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
Art. 142 da CF/88 - Membros das Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exér-
cito e pela Aeronáutica.
Art. 144 da CF/88 - polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia ferroviária federal;
polícias civis; polícias militares e corpos de bombeiros militares.
3. HOMICÍDIO FUNCIONAL -
Em julho de 2015, entrou em vigor a Lei n. 13.142, que acrescentou ao Código Penal o
inciso VII no rol do homicídio qualificado, previsto no artigo 121, § 2°, com o seguinte tex-
to:
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício
da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente con-
sanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:
FEMINICÍDIO x FEMICÍDIO
O feminicídio como crime hediondo foi incluído na Lei 8072/90 apenas em 2015, através
da Lei nº 13.104, de 2015, que alterou o Código Penal e acrescentou mais um inciso na
LCH.
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO-QUALIFICADO -
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e lesão corporal seguida de morte
(art. 129, § 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Cons-
tituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente con-
sanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de
2015)
§ 2° Se resulta:
II - latrocínio (art. 157, § 3º, in fine); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
Súmula 610 - Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não
realize o agente a subtração de bens da vítima.
11.1. OBSERVAÇÕES - Não são crimes hediondos por falta de previsão legal:
AULA 09
Lei nº 8.072/90
Lei dos Crimes Hediondos.
Somente a Extorsão qualificada pela morte é crime hediondo. As demais formas de extorsão, por falta
de previsão legal, não são considerados crimes hediondos. Vejamos:
2. Extorsão qualificada pela lesão corporal de natureza grave (Art. 158, §2º c/c Art. 157, § 3º - Pena:
Reclusão de 7 a 15 anos)
SEQUESTRO RELÂMPAGO - POLÊMICA - O sequestro relâmpago está previsto no Código Penal com o
seguinte texto:
Art. 158, § 3º - Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é ne-
cessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos,
além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159,
§§ 2º e 3º, respectivamente.
A parte grifada nos remete a outra parte do Código Penal, que irá nos trazer as penas do sequestro re-
lâmpago quando resultar lesão corporal grave ou morte. Vejamos...
CP, 159, § 2º - Se resultar em lesão corporal grave - A pena será de reclusão de 16 a 24 anos;
A extorsão mediante sequestro é considerada hediondo na forma simples (art. 159, caput) e na forma
qualificada (art. 159, §§ 1°, 2º e 3º.). Portanto, serão considerados hediondos quando:
a. do sequestro, houver extorsão com o fim de obter qualquer vantagem, como condição ou preço
do resgate;
b. o sequestro durar mais de 24 (vinte e quatro) horas;
c. o sequestrado for menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos;
d. o sequestrado for cometido por bando ou quadrilha.
e. do sequestro resultar lesão corporal de natureza grave;
f. do sequestro resultar morte.
Art. 213 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar
ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou mai-
or de 14 (catorze) anos:
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
anos:
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que,
por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
SÚMULA 593 DO STJ - “O crime de estupro de vulnerável configura-se com a conjunção carnal ou
prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante o eventual consentimento da víti-
ma para a prática do ato, experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o
agente”.
AULA 10
Lei nº 8.072/90
Lei dos Crimes Hediondos.
1. GENOCÍDIO - O crime de Genocídio, como crime hediondo, está previsto no Art. 1° - Parágrafo único. Vejamos:
Art. 1° - Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o crime de genocídio previsto nos
arts. 1°, 2° e 3° da Lei no 2.889, de 1° de outubro de 1956, (...).
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou reli-
gioso, como tal: (Vide Lei nº 7.960, de 1989)
Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos crimes mencionados no artigo ante-
rior:
Pena: Metade da cominada aos crimes ali previstos.
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer dos crimes de que trata o art. 1°:
Pena: Metade das penas ali cominadas.
O crime de Genocídio, juntamente com o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, são os
únicos que não estão previstos no Código Penal.
2. CRIME DE POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO (ART. 16 DA LEI N° 10.826,
de 22 de dezembro de 2003)
Esse é o mais novo crime hediondo, foi incluído pela Lei nº 13.497, de 2017. Ele está previsto no Art. 1° - Parágrafo
único. Vejamos:
Art. 1° - Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o crime (...) de posse ou porte ilegal de arma de fogo
de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou consumados.
Apesar de estarem no projeto original (Projeto de Lei do Senado n° 230, de 2014, de Autoria do Senador Marce-
lo Crivella - PRB/RJ), os delitos de Comércio ilegal de arma de fogo (art. 17) e Tráfico internacional de arma de
fogo (Art.18) foram retirados no decorrer do processo legislativo. Desta forma, apesar de terem penas mais graves
(pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa) não são crimes hediondos por falta de previsão legal.
3. CONDUTAS EQUIPARADAS -
Por força constitucional, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo não são
crimes hediondos, e sim, crimes equiparados, assemelhados. Assim, eles recebem o mesmo tratamento dos crimes
hediondos.
o
Obs: Tortura omissiva - (Art. 1°, § 2 ) - Não é crime hediondo.
3.1.TRÁFICO - Na lei 11.343 de 2006, há diversas condutas. No entanto, não são todas que são equiparadas a hedi-
ondo. Dentre elas, são considerados crimes assemelhados a Hediondos:
A anistia, a graça e o indulto são meios pelo qual o Estado renuncia seu direito de punir. Na forma do Art. 107, II,
do Código Penal, são formas de extinção da Punibilidade. São espécies de clemência.
Apesar de divergência, prevalece na doutrina e no Supremo Tribunal Federal que a vedação ao indulto na Lei
8072/90 é constitucional, uma vez que a constituição federal quando proibiu a graça o fez em sentido amplo, englo-
bando a graça individual e o indulto coletivo. Além disso, a constituição traz parâmetros mínimos que o legislador deve
obedecer no mandado constitucional de criminalização. Portanto, é perfeitamente possível que o legislador ordinário
traga outras regras além daquelas previstas.
4.2 ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL –
1. A concessão de indulto aos condenados a penas privativas de liberdade insere-se no exercício do poder discri-
cionário do Presidente da República, limitado à vedação prevista no inciso XLIII do artigo 5º da Carta da Repúbli-
ca. A outorga do benefício, precedido das cautelas devidas, não pode ser obstado por hipotética alegação de
ameaça à segurança social, que tem como parâmetro simplesmente o montante da pena aplicada.
2. Revela-se inconstitucional a possibilidade de que o indulto seja concedido aos condenados por crimes hedion-
dos, de tortura, terrorismo ou tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, independentemente do lapso tempo-
ral da condenação. Interpretação conforme a Constituição dada ao § 2º do artigo 7º do Decreto 4495/02 para fixar
os limites de sua aplicação, assegurando-se legitimidade à indulgencia principais. Referendada a cautelar deferi-
da pelo Ministro Vice-Presidente no período de férias forenses.
(medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade nº 2795, relatada pelo ministro Maurício
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - ―O art. 5º, XLIII, da CF, que proíbe a graça, gênero do qual o indulto é espé-
cie, nos crimes hediondos definidos em lei, não conflita com o art. 84, XII, da Lei Maior. O decreto presidencial
que concede o indulto configura ato de governo, caracterizado pela ampla discricionariedade.‖ [HC 90.364, rel.
min. Ricardo Lewandowski, j. 31-10-2007, P, DJ de 30-11-2007.] HC 81.810, rel. min. Cezar Peluso, j. 16-4-
2009, P, DJE de 7-8-2009
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - (...) é constitucional o art. 2º, I, da Lei 8.072/1990, porque, nele, a menção
ao indulto é meramente expletiva da proibição de graça aos condenados por crimes hediondos ditada pelo art. 5º,
XLIII, da Constituição. Na Constituição, a graça individual e o indulto coletivo – que ambos, tanto podem ser totais
ou parciais, substantivando, nessa última hipótese, a comutação de pena – são modalidades do poder de graça
do presidente da República (art. 84, XII) – que, no entanto, sofre a restrição do art. 5º, XLIII, para excluir a possi-
bilidade de sua concessão, quando se trata de condenação por crime hediondo. Proibida a comutação de pena,
na hipótese do crime hediondo, pela Constituição, é irrelevante que a vedação tenha sido omitida no Decreto
3.226/1999. [HC 84.312, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 15-6-2004, 1ª T, DJ de 25-6-2004.
5. INAFIANÇÁVEL (Art. 2°, II) - A lei dos crimes hediondos, em seu artigo 2° inciso I, traz o seguinte texto:
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terro-
rismo são insuscetíveis de:
II - fiança.
CF/88, Art. 5°, XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anis-
tia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os de-
finidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os
que, podendo evitá-los, se omitirem;
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos defi-
nidos como crimes hediondos;
5.1. LIBERDADE PROVISÓRIA -
É um direito do acuso de aguardar em liberdade seu julgamento. Geralmente, está ligado a certas condições e/ou
obrigações.
STF - Súmula 697 - A proibição de liberdade provisória nos processos por crimes hediondos não
veda o relaxamento da prisão processual por excesso de prazo.
6. REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA - (Art. 2° § 2º) - A lei dos crimes hediondos, em seu artigo 2°, § 2º, traz o
seguinte texto:
§ 2° - A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumpri-
mento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente.
INFORMATIVO 672 DO STF - É inconstitucional o § 1º do art. 2º da Lei 8.072/90 (―Art. 2º Os crimes hediondos, a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: ... § 1º A pena
por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado‖).
SÚMULA 471 DO STJ - ―Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei
n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão
de regime prisional.
6.2. REINCIDÊNCIA GENÉRICA - Apesar da divergência doutrinária, prevalece que a reincidência para a progressão
é a genérica (Art. 63 do CP), não importando se o crime é hediondo ou não, uma vez que o legislador não fez referên-
cia a qual tipo de reincidência.
―A progressão de regime para os condenados por crime hediondo dar-se-á, se o sentenciado for reincidente, após o
cumprimento de 3/5 da pena, ainda que a reincidência não seja específica em crime hediondo ou equiparado. Isso
porque, conforme o entendimento adotado pelo STJ, a Lei dos Crimes Hediondos não faz distinção entre a reincidên-
cia comum e a específica. Desse modo, havendo reincidência, ao condenado deverá ser aplicada a fração de 3/5 da
pena cumprida para fins de progressão do regime.‖ Precedentes citados: HC 173.992-MS, Quinta Turma, DJe
10/5/2012, HC 273.774-RS, Rel. Quinta Turma, DJe 10/10/2014, HC 310.649-RS, Sexta Turma, DJe 27/2/2015. HC
301.481-SP, Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ-SP), julgado em 2/6/2015, DJe
11/6/2015.
Súmula Vinculante 26 - “Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou
equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990,
sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo
determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.”
Súmula 439 - Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motiva-
da. (Súmula 439, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/04/2010, DJe 13/05/2010)
7. PRISÃO TEMPORÁRIA (Art. 2°, § 4º) - A Lei 8072/90 traz o seguinte texto:
§ 4° - A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos nes-
te artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessida-
de.
O livramento condicional tem previsão no art. 83 do CP e trata-se de um benefício legal ao condenado, que permi-
te cumprir parte de sua pena em liberdade, atendendo a algumas condições e requisitos. Portanto, consiste na anteci-
pação provisória da liberdade do condenado.
De acordo com a redação trazida pela LCH, que acrescentou o inciso V, ao art. 83 do CP, ―cumprido mais de dois
terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza."
AULA 11
2. CONSTITUIÇÃO FEDERAL -
- CF/88, Art. 5°, III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante.
- CF/88, Art. 5° - XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática
da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedi-
ondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
- Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a tortura: (Revoga-
do pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997)
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terro-
rismo são insuscetíveis de:
6.1. INTERNACIONAL -
CRIME PRÓPRIO -
CONCEITO -
A Convenção contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes
traz o conceito de tortura em seu artigo 1°. Trata-se de um conceito amplo e abrangente Conven-
ção contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes - Ado-
tada pela Resolução 39/46, da Assembléia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1984.
Artigo 1
1. Para os fins desta Convenção, o termo "tortura" designa qualquer ato pelo qual uma violenta dor
ou sofrimento, físico ou mental, é infligido intencionalmente a uma pessoa, com o fim de se obter
dela ou de uma terceira pessoa informações ou confissão; de puní-la por um ato que ela ou uma
terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir ela ou
uma terceira pessoa; ou por qualquer razão baseada em discriminação de qualquer espécie,
quando tal dor ou sofrimento é imposto por um funcionário público ou por outra pessoa atuando
no exercício de funções públicas, ou ainda por instigação dele ou com o seu consentimento ou
aquiescência. Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequên-
cia, inerentes ou decorrentes de sanções legítimas.
CRIME IMPRESCRITÍVEL -
Para os fins do presente Estatuto, entende-se por “crime contra a humanidade” qualquer um dos se-
guintes atos quando praticados como parte de um ataque generalizado ou sistemático contra uma popula-
ção civil e com conhecimento de tal ataque: (...)
- Tortura
CRIME COMUM -
Porém, no Brasil, o crime de tortura destoou da tortura dos Tratados Internacionais, tratando o de-
lito como crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Desta forma, não se exige a
qualidade de representante estatal.
Trata-se, portanto, do chamado crime jabuticaba, pois só existe no Brasil.
PRESCRITÍVEL –
A constituição Federal de 1988, em seu art. 5°, incisos XLII e XLIV apenas dois crimes como
imprescritíveis - Racismo e ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitu-
cional e o Estado Democrático.
Vejamos:
CF/88 - Art. 5°XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à
pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
mental:
NÚCLEO DO TIPO – ―Constranger‖ - o verbo constranger significa obrigar alguém a fazer algo
contra sua vontade, retirando sua liberdade de autodeterminação.
MEIOS DE EXECUÇÃO -
- violência -
Ex.: Choque, queimadura, breve afogamento.
- grave ameaça -
OBJETO JURÍDICO PROTEGIDO - integridade física e mental da pessoa; bem como a dignidade
da pessoa humana.
CRIME FORMAL -
TENTATIVA - é possível, uma vez que se trata de crime plurissubsistente, podendo os atos serem
fracionados.
CRIME DE MÁXIMO POTENCIAL OFENSIVO - São aqueles que a constituição exigiu um trata-
mento diferenciado. São eles: Tráfico, Terrorismo, Tortura e os definidos como hediondos. Dessa
forma, não se aplicam os institutos da Lei 9.099/95, como transação pena; suspensão condicional
do processo; rito sumaríssimo.
“O entendimento deste Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que o crime de tortura psicológica
não deixa vestígios, assim dispensável a realização de exame pericial. Incidência do enunciado 83 da
Súmula deste STJ.” (STJ - AgRg no AREsp: 466067 SP 2014/0017376-9, Relator: Ministra MARIA
THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 21/10/2014, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publi-
cação: DJe 04/11/2014)
STJ - 1. Em se tratando do crime de tortura, previsto no artigo 1º, inciso I, 'a', da Lei 9.445/97, e sendo
impingido à vítima apenas e tão somente sofrimento de ordem mental, e que, portanto, e de regra, não
deixa vestígios, é suficiente a sua comprovação por meio de prova testemunhal. 2. Ordem denegada.
(HC 72.084/PB, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em
16/04/2009, DJe 04/05/2009)
STJ: “Não é necessária a existência de sofrimento físico e mental simultaneamente para a caracterização
do crime de tortura, pois a comprovação de tortura psicológica, por si só, é suficiente para a condenação.”
(STJ - AgRg no AREsp: 466067 SP 2014/0017376-9, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOU-
RA, Data de Julgamento: 21/10/2014, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 04/11/2014
AULA 12
• Art. 1º, I, “a” - Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter informação, declaração ou
confissão da vítima ou de terceira pessoa.
FINALIDADE ESPECÍFICA OU ESPECIAL –
NATUREZA DA INFORMAÇÃO –
2 - TORTURA - CRIME
• Art. 1º, I, “b” - Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou me para provocar ação ou omissão de natureza crimino-
sa;
3 - CONCURSO DE CRIMES - TORTURA (ART. 1°, I, ―b‖) E O CRIME PRATICADO PELO COATO
(COAGIDO)
• Art. 1º, I, “c” - Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental em razão de discriminação racial ou religiosa;
• ROL TAXATIVO –
• A primeira observação a ser feita diz respeito ao motivo da discriminação. Perceba que o legislador
restringiu à discriminação racial ou religiosa. Não abarcando a hipótese de discriminação por opção
sexual, social, política ou outa qualquer.
• JUDEU É RAÇA –
• STF, em 2003, entendeu que judeu é raça, portanto crime imprescritível e inafiançável. (Habeas
Corpus 82424; julgado em 17 de setembro de 2003). Transcrevo parte do HC. Vejamos:
• “O julgamento do pedido de Habeas Corpus (HC 82424) de Sigfried Ellwanger, iniciado em dezem-
bro do ano passado, levou nove meses para ser concluído. O pedido, no entanto, foi negado em ju-
nho, quando a maioria dos ministros entendeu que a prática de racismo abrange a discriminação
contra os judeus.‖
• Art. 1°, II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou
grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou me-
dida de caráter preventivo.
4.1 - CLASSIFICAÇÃO DO CRIME –
• NÚCLEO DO TIPO –
• Submeter - Sujeitar alguém a determinado comportamento, minando sua resistência. Tirar a liber-
dade e a independência de; dominar, subjugar, sujeitar. Reduzir à obediência, à dependência, ou
render-se, obedecer às ordens ou vontade de.
• SUJEITO ATIVO - Pessoa que detém a guarda, poder ou autoridade, exigindo-se qualidade especi-
al. Portanto, sujeito ativo próprio.
• SUJEITO PASSIVO - Pessoa que está sob a guarda, poder ou autoridade de alguém. Portanto, su-
jeito passivo próprio.
• ELEMENTO SUBJETIVO - Dolo, com a finalidade específica de aplicar castigo pessoal ou medida
de caráter preventivo.
• A diferença da tortura para o crime de maus-tratos (Art. 136 do CP) está exatamente na intensidade
do sofrimento da vítima.
I - A figura do inc. II do artigo 1º, da Lei nº 9.455/97 implica na existência de vontade livre e consciente do
detentor da guarda, do poder ou da autoridade sobre a vítima de causar sofrimento de ordem física ou mo-
ral, como forma de castigo ou prevenção.
II - O tipo do artigo 136, do Código Penal, por sua vez, se aperfeiçoa com a simples exposição a perigo a
vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, em razão de excesso nos meios de
correção ou disciplina.
IV - Para a configuração da segunda figura do crime de tortura é indispensável a prova cabal da intenção
deliberada de causar o sofrimento físico ou moral, desvinculada do objetivo de educação.
V - Evidenciado ter o Tribunal a quo desclassificado a conduta de tortura para a de maus tratos por enten-
der pela inexistência provas capazes a conduzir a certeza do propósito de causar sofrimento físico ou moral
à vítima, inviável a desconstituição da decisão pela via do recurso especial. (REsp 610.395/SC, Rel. Min.
Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em 25.05.2004, DJ 02.08.2004 p. 544).
Para configurar a Tortura-Castigo, deverá ser comprovado o intenso sofrimento físico ou mental. Já
no que diz respeito ao delito de maus-tratos (art. 136), basta a exposição a perigo da vida ou da saúde da
pessoa.
Outra diferença reside no fato de que o crime de maus-tratos é de perigo (dolo de perigo); Já é o de
tortura, é classificado como delito de dano (dolo de dano). Desta forma, a diferença entre os crimes de tor-
tura e de maus-tratos deve ser feita no caso concreto.
Pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade; Pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilân-
cia.
Com o fim de aplicar castigo pessoal ou medida Para fim de educação, ensino, tratamento ou
de caráter preventivo. custódia; quer abusando de meios de correção
ou disciplina.
AULA 13
Art. 1°. § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a so-
frimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida
legal.
Art. 5º - (...)
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o
período de amamentação.
CÓDIGO PENAL de 1940
Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas
as autoridades o respeito à sua integridade física e moral. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 1º - A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e pro-
porcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.
Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou
pela lei.
Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral dos condenados e dos
presos provisórios
ELEMENTO SUBJETIVO - Dolo, que consiste na vontade livre e consciente de praticar o crime, ou seja, de
impor sofrimento a pessoa que está presa ou submetida à medida de segurança, por meio de ato não pre-
visto em lei ou não resultante de medida legal.
SUJEITO PASSIVO - a pessoa que está presa ou submetida à medida de segurança. Portanto, sujeito
passivo próprio.
Lei 4.898/65
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre
na pena de detenção de um a quatro anos.
SUJEITO ATIVO - é crime próprio ou especial. Crime praticado por funcionário público, especialmente
aquele que tem o dever jurídico de evitar ou apurar o crime de tortura.
CONSUMAÇÃO - O delito se consuma com a mera omissão. Isto é, se consuma com a inércia dolosa na
apuração da tortura, não se exigindo qualquer resultado naturalístico.
CRIME FORMAL - Não se exige qualquer resultado naturalístico para sua consumação, uma vez que se
consuma com a mera omissão.
OMISSÃO CULPOSA - Como não existe participação culposa em crime doloso, caso o omitente tenha agi-
do culposamente, o fato será atípico.
NÃO EQUIPARAÇÃO A HEDIONDO - Por força constitucional (como já vimos acima) e conforme previsão
expressa na Lei 8072/90 (LCH), o delito de tortura é equiparado a Hediondo. No entanto, essa modalidade
não é equiparada a hediondo.
TORTURA QUALIFICADA
Art. 1°. § 3º - Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a
dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
• Nexo de Causalidade – Deverá haver nexo causal entre a função e a prática delituosa.
• Não revogação da Lei 4.898/65 - Esse dispositivo não revogou a lei dos crimes de Abusos de auto-
ridades.
• ―Bis in idem‖ - Para evitar o ―Bis In Idem‖, não se aplica na hipótese em que a condição de funcio-
nário já é requisito da própria existência do tipo penal.
EFEITOS DA CONDENAÇÃO -
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercí-
cio pelo dobro do prazo da pena aplicada.
PERDA DO CARGO - EXCEÇÃO - são automáticos, ou seja, independem de motivação expressa na sen-
tença pelo Juiz, bem como independem do quantum da pena aplicada.
STJ: Isso porque, conforme dispõe o §5º do art. 1º deste diploma legal, a perda do cargo, função ou em-
prego público é efeito automático da condenação, sendo dispensável fundamentação concreta. (REsp
1.044.866-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 2/10/2014.)
1. A concessão de indulto aos condenados a penas privativas de liberdade insere-se no exercício do poder
discricionário do Presidente da República, limitado à vedação prevista no inciso XLIII do artigo 5º da Carta
da República. A outorga do benefício, precedido das cautelas devidas, não pode ser obstado por hipotética
alegação de ameaça à segurança social, que tem como parâmetro simplesmente o montante da pena apli-
cada.
2. Revela-se inconstitucional a possibilidade de que o indulto seja concedido aos condenados por
crimes hediondos, de tortura, terrorismo ou tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, indepen-
dentemente do lapso temporal da condenação. Interpretação conforme a Constituição dada ao § 2º do
artigo 7º do Decreto 4495/02 para fixar os limites de sua aplicação, assegurando-se legitimidade à indul-
gencia principais. Referendada a cautelar deferida pelo Ministro Vice-Presidente no período de férias foren-
ses.
(medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade nº 2795, relatada pelo ministro Maurício Corrêa,
Pleno, publicada no Diário de Justiça em 2 de junho de 2003).
1. A comutação nada mais é do que uma espécie de indulto parcial (em que há apenas a redução da
pena). daí porque a vedação à concessão de indulto em favor daqueles que praticaram crime hedi-
ondo - prevista no art. 2º, i, da lei nº 8.072/90 - abrange também a comutação.
Precedentes. (HC nº 84.734/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Cezar Peluso, DJe de 26/3/10; HC nº
96;431/RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Cezar Peluso, DJe de 15/5/09; HC nº 94.679/SP, Segunda Turma,
Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe de 19/12/08). 2. Ordem denegada.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - ―O art. 5º, XLIII, da CF, que proíbe a graça, gênero do qual o indulto é
espécie, nos crimes hediondos definidos em lei, não conflita com o art. 84, XII, da Lei Maior. O decreto pre-
sidencial que concede o indulto configura ato de governo, caracterizado pela ampla discricionariedade.‖
[HC 90.364, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 31-10-2007, P, DJ de 30-11-2007.] HC 81.810, rel. min. Ce-
zar Peluso, j. 16-4-2009, P, DJE de 7-8-2009
1. Verifica-se que o delito foi praticado em 10/10/09, já na vigência da Lei nº 11.464/07, a qual instituiu a
obrigatoriedade da imposição do regime inicialmente fechado aos crimes hediondos e assemelhados.
2. Se a Constituição Federal menciona que a lei regulará a individualização da pena, é natural que ela exis-
ta. Do mesmo modo, os critérios para a fixação do regime prisional inicial devem-se harmonizar com as
garantias constitucionais, sendo necessário exigir-se sempre a fundamentação do regime imposto, ainda
que se trate de crime hediondo ou equiparado.
3. Na situação em análise, em que o paciente, condenado a cumprir pena de seis (6) anos de reclusão,
ostenta circunstâncias subjetivas favoráveis, o regime prisional, à luz do art. 33, § 2º, alínea b, deve ser o
semiaberto. (Supremo Tribunal Federal; HC 111.840 / ES)
LEI DE TORTURA -
Predomina na doutrina, bem como na Jurisprudência, que a decisão do STF, declarando inconstitu-
cional o Art. 2°, § 1° da Lei 8072/90 se estende, por óbvio, aos crimes de tortura, pois esses são equipara-
dos a hediondos.
1. A obrigatoriedade do regime inicial fechado prevista na Lei do Crime de Tortura foi superada pela Su-
prema Corte, de modo que a mera natureza do crime não configura fundamentação idônea a justificar a
fixação do regime mais gravoso para os condenados pela prática de crimes hediondos e equiparados. Para
estabelecer o regime prisional, deve o magistrado avaliar o caso concreto, seguindo os parâmetros estabe-
lecidos pelo artigo 33 e parágrafos do Código Penal. (RHC 76.642/RN, Rel. Ministra MARIA THEREZA
DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 11/10/2016, DJe 28/10/2016)
AULA 15
GENERALIDADES
Art. 5° - XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortu-
ra, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos,
por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
03 - EQUIPARAÇÃO DO TRÁFICO A CRIME HEDIONDO - O delito de tráfico de drogas não é crime he-
diondo, sim delito equiparado, tendo, portanto, as mesmas consequências dos delitos hediondos, como
podemos observar no texto do art. 2°
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terro-
rismo são insuscetíveis de:
II - fiança.
§ 1° A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado.
§ 2° A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o
cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reinciden-
te.
§ 4° A prisão temporária, (...) terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de ex-
trema e comprovada necessidade.
NÃO SÃO CONSIDERADOS TRÁFICO - Como já citamos acima, os demais dispositivos não são conside-
rados como crime de tráfico de drogas, por exemplo:
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos)
dias-multa.
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34
desta Lei:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil)
dias-multa.
04 - SUJEITO ATIVO - Em regra, é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, dispensando qua-
lidade especial do sujeito ativo para a prática do ilícito.
EXCEÇÃO - No entanto, de forma excepcional, o Sujeito Ativo será próprio no caso do crime do art. 38.
06 - OBJETO JURÍDICO - A saúde pública, a saúde da coletividade, uma vez que a propagação e disse-
minação do uso de drogas por todos, de forma descontrolada, causaria uma grande desordem na socieda-
de.
07 - OBJETO MATERIAL - o objeto material a ―droga‖. O conceito de droga está no art. 1°, parágrafo único
da lei 11.343/06. Vejamos:
“Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar depen-
dência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Execu-
tivo da União.”
08 - Requisitos para ser considerado droga:
Previsão na lei ou ato do poder executivo – Portaria 344/98 da Secretaria de Vigilância Sanitária, do
Ministério da Saúde.
09 - NORMA PENAL EM BRANCO HETEROGÉNEA - É aquela que o tipo penal necessita de complemen-
to de outra norma de espécie diferente para ter aplicabilidade.
10 - NECESSIDADE DE PERÍCIA - Para que alguém venha a ser denunciado pelos crimes previstos na Lei
11.343/03, é necessário haver um laudo de constatação, realizado por perito oficial, chamado de exame
químico toxicológico.
12 - CRIME DE PERIGO CONCRETO - Em regra, os crimes previstos na Lei de Drogas são crime de peri-
go abstrato, no entanto temos uma exceção, que é crime de perigo concreto prevista art. 39. Vejamos:
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a in-
columidade de outrem:
13 - CONSUMAÇÃO
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo
em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
STJ - ―O princípio da insignificância não se aplica ao uso e tráfico de drogas. Como esses são crimes de
perigo abstrato, é irrelevante a quantidade da substância apreendida. Com base nesse entendimento, a 5ª
Turma do Superior Tribunal de Justiça afastou a insignificância e, em decisão unânime, determinou o rece-
bimento de denúncia por prática de tráfico internacional em razão da importação clandestina de 14 semen-
tes de maconha por remessa postal.‖ REsp 1.637.113; Brasília (DF), 06 de abril de 2017
AULA 16
LEI DE DROGAS
01 - PORTE DE DROGAS PARA CONSUMO PESSOAL - Esse tipo penal está no art. 28 da Lei de Dro-
gas. Vejamos.
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal,
drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às se-
guintes penas:
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME
• Sujeito Ativo -.
• Sujeito Passivo –
• Objeto Jurídico .
• Consumação - Trata-se de um tipo penal misto alternativo.
• Elemento subjetivo - É o dolo, com um fim especial de agir: ―para consumo pessoal‖.
• NÚCLEOS DO TIPO – DIFERENÇA – ART. 28 e ART. 33
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal,
drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às se-
guintes penas:
DESCRIMINALIZAÇÃO - Essa tese foi defendida pelos Professores Luiz Flávio Gomes e Rogério Sanches
Cunha, no entanto foram vencidas pelo STF.
A antiga e revogada Lei de drogas, Lei 6.368/76, trazia em seu art. 16 uma pena de detenção de 6 me-
ses a 2 anos cumulada com a pena de multa para aquele que incorresse na conduta de ―adquirir, guardar
consigo, para uso próprio, substância entorpecente...‖. Como sabemos, essa lei foi revogada pela atual Lei
N° 11.343/06. 1º).
Como o art. 28 da Lei de Drogas não previu nenhum tipo de Privação de liberdade, não se encaixando no
conceito de crime ou contravenção. Seria, portanto, uma infração penal sui generis, ou seja, sem gênero.
DESPENALIZAÇÃO - Prevalece na doutrina e Jurisprudência do STF que o art. 28 da Lei de Drogas conti-
nua sendo crime. No entanto, houve uma despenalização.
"O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento de Questão de Ordem suscitada
nos autos do RE 430105 QO/RJ, rejeitou as teses de abolitio criminis e infração penal sui generis pa-
ra o crime previsto no art. 28 da Lei 11.343/06, afirmando a natureza de crime da conduta perpetrada
pelo usuário de drogas, não obstante a despenalização". RE 430105 2811.3432. Ordem denegada. (90090
DF 2007/0210677-3, Relator: Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, Data de Julgamento: 03/12/2009, T5 -
QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/02/2010).
INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO - É cabível no crime de porte de drogas para consumo
pessoal os institutos da transação penal e suspensão condicional do processo. Nesse sentido, reza o art.
48, § 5º que
“para os fins do disposto no art. 76 da Lei no 9.099, de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cri-
minais, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena prevista no art. 28 desta Lei, a ser
especificada na proposta.”
STF - As infrações atribuídas ao usuário de drogas serão submetidas ao rito estabelecido para os crimes
de menor potencial ofensivo, possibilitando até mesmo a proposta de aplicação imediata da pena de que
trata o art. 76 da L. 9.099/95 (art. 48, §§ 1º e 5º); STF; 1ª Turma; Recurso Extraordinário; 430105 QO /
RJ - Rio de Janeiro; 13 fev. 2007.
3.2 - PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA - De acordo com o entendimento do STJ, não é aplicável o princí-
pio da insignificância.
PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. POSSE DE DROGAS PARA CONSUMO PESSOAL
(ART. 28 DA LEI 11.343 /06). PEQUENA QUANTIDADE DE DROGA APREENDIDA. INAPLICABILIDADE
DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. PRECEDENTES DO STJ.
1. A jurisprudência desta Corte firmou entendimento de que o crime de posse de drogas para consumo
pessoal (art. 28 da Lei n. 11.343 /06) é de perigo presumido ou abstrato e a peque-
na quantidade de droga faz parte da própria essência do delito em questão, não lhe sendo aplicável o prin-
cípio da insignificância. (Data de publicação: 27/05/2013)
04 - CONDUTAS EQUIPARADAS AO PORTE DE DROGA PARA CONSUMO PESSOAL
PLANTIO PARA CONSUMO PESSOAL – Essa conduta está no §1º e traz o seguinte texto:
“Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas des-
tinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física
ou psíquica.”
A lei de drogas traz, em seu § 2º os critérios que deverão ser analisados para determinar se a droga é para
consumo pessoal. Vejamos:
“Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da
substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e
pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.”
4.1 - DÚVIDA – Caso haja dúvida se a droga é para o consumo pessoal ou para traficância, o crime tipifi-
cado será o do Art. 28, em homenagem ao Princípio do ―in dubio pró reu‖, favor rei‖, ―favor libertatis.‖
05 - PLANTIO PARA CONSUMO PESSOAL (ART. 28, §1º) VS CRIME DE TRÁFICO (ART. 33, §1º, II)
5.1 - PENAS PARA O USUÁRIO As penas estão no art. 28, e incisos. Vejamos:
§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5
(cinco) meses.
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas
pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.
5.2 - MEDIDAS COERCEITIVAS –
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a
que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:
I - admoestação verbal;
II – multa.
06 - APLICAÇÃO DA PENA - Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor
07 - EFEITOS DA CONDENAÇÃO –
GERA REINCIDÊNCIA - De acordo com o STJ - 6ª Turma. HC 275.126-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado
em 18/9/2014 (Info 549) -, a condenação por porte de drogas para consumo próprio (art. 28 da Lei
11.343/2006) transitada em julgado gera reincidência. Isso porque a referida conduta foi apenas despenali-
zada pela nova Lei de Drogas, mas não descriminalizada (abolitio criminis).
“1. No caso, a aplicação da minorante foi afastada, em decisão suficientemente motivada, a qual reconhe-
ceu a existência de condenação anterior por uso de entorpecentes.” (AgRg no AREsp 971.203/SP, j.
09/05/2017).
09 - PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE – Como podemos perceber, não temos como pena para o usuário
a pena privativa de liberdade.
09.1 - NÃO CABIMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE – Conforme o art. 48, § 2º, não se imporá prisão
em flagrante ao usuário, devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou,
na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e providen-
ciando-se as requisições dos exames e perícias necessários. Desta forma, ele não poderá ser preso em
flagrante ou provisoriamente.
9.2 - NÃO CABIMENTO DE HC – Como não há restrição à liberdade do usuário, não é cabível HC.
COMPETÊNCIA - Conforme o art. 48, § 5º, será aplicado o procedimento do art. 76 da Lei no 9.099, de
1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais. Tratando- se de crime de menor potencial ofensi-
vo.
9.2 - NÃO CABIMENTO DE HC – Como não há restrição à liberdade do usuário, não é cabível HC.
9.3 - COMPETÊNCIA - Conforme o art. 48, § 5º, será aplicado o procedimento do art. 76 da Lei no 9.099,
de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais. Tratando- se de crime de menor potencial
ofensivo.
9.4 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA - CONDUTA EQUIPARADA AO ART. 28 - PORTE DE DROGAS
PARA CONSUMO PRÓPRIO –
STJ: ―Nos atos infracionais equiparados ao delito de uso de entorpecentes - art. 28 da Lei nº 11.343 /06 -
não há que se falar em aplicação do princípio da insignificância, tendo em vista que a pequena quanti-
dade de droga apreendida é da própria natureza do crime. Precedentes. (...) Data de publicação:
04/04/2011
AULA 17
LEI DE DROGAS
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer,
ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer
drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamen-
tar:
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME
Crime equiparado a hediondo – Art. 5º, XLIII, CF/88 –
• Sujeito ativo – Como regra, é crime comum, qualquer pessoa pode praticar.
Exceção - É crime próprio a Conduta ―prescrever‖, uma vez que só poderá ser praticado por médico ou
dentista.
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e qui-
nhentos) dias-multa.
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em de-
pósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de
drogas;
1. Esta Corte Superior de Justiça firmou entendimento no sentido de que "A importação clandestina de se-
mentes de cannabis sativa linneu (maconha) configura o tipo penal descrito no art. 33, § 1º, I, da Lei n.
11.343/2006" (EDcl no AgRg no REsp 1442224/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Sexta Turma,
julgado em 13/09/2016, DJe 22/09/2016).
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regula-
mentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: (Vide ADI nº 4.274)
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos
a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhen-
tos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
CONSUMAÇÃO - O Crime se consuma com a oferta, sendo irrelevante se a pessoa de seu relacionamento
fez o uso ou não. Trata-se, portanto, de crime formal.
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a
dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de
bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. (Vide
Resolução nº 5, de 2012)
REQUISITOS - Os requisitos deverão ser observados de forma cumulativa, de modo que a falta de um dos
requisitos impede a diminuição da pena. São eles:
Agente primário - Ou seja, não tenha sido julgado definitivamente com trânsito em julgado por crime ante-
rior. Lembrando que a condenação por com base no art. 28 impede a aplicação desse dispositivo.
Bons antecedentes - ou seja, não responda a outra ação penal; ou não tenha inquéritos policiais em curso
contra o réu.
Não se dedique às atividades criminosas, nem integre organização criminosa - não tenha envolvimen-
to com o crime.
(QUINTA TURMA; Relator Ministro FELIX FISCHER (1109) - HC 424437 / RJ - Data da Publicação:
15/02/2018
STF - Informativo 866 - Participação em organização criminosa e quantidade de drogas -
A defesa alegou que o não reconhecimento da minorante prevista no § 4º do art. 33 da Lei de
Drogas, pelas instâncias ordinárias, baseou-se unicamente na quantidade da droga apreendida.
O Colegiado assentou que a grande quantidade de entorpecente, apesar de não ter sido o único
fundamento apontado para afastar a aplicação do redutor do art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006, foi isolada-
mente utilizada como elemento para presumir-se a participação da paciente em uma organização
criminosa e, assim, negar-lhe o direito à minorante. (Maio de 2017)
É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação da convicção de
que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no artigo 33, § 4º,
da Lei 11.343/06. (1º de março de 2017)
AULA 18
LEI DE DROGAS
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possu-
ir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto des-
tinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-
multa.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - (STJ) 6ª T. Simples posse de balança de precisão não prova
conexão com tráfico. Lei 11.343/2006, art. 34
A apreensão isolada de balança de precisão não basta para caracterizar o crime de posse de equipamento
para o preparo de entorpecentes ( Lei 11.343/2006, art. 34).
Esse foi o entendimento da maioria dos ministros da Sexta Turma, em pedido de habeas corpus originário
da Bahia. (HC 153.322; Fevereiro de 2011)
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos)
dias-multa.
NÚMERO DE PESSOAS - O dispositivo exigiu a reunião de, no mínimo, duas pessoas. Trata-se, portanto
de um crime de concurso necessário, também chamado de crime plurissubjetivo. Assim, é necessário
um número mínimo de agentes para a prática do delito em virtude de sua conceituação típica
ASSOCIAÇÃO PERMANENTE - Já decidiu o STJ que, para configurar o delito de associação, é exigível
que o faça de maneira permanente e estável, com a finalidade de praticar os delitos já citado. (Informativo
509, STJ)
STJ - 2015 - O Superior Tribunal de Justiça entende que o delito de associação para o tráfico de drogas
não possui natureza hedionda, por não estar expressamente previsto nos arts. 1º e 2º, da Lei n. 8.072/90.
(...), Data de Julgamento: 12/02/2015, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 26/02/2015)
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reite-
rada do crime definido no art. 36 desta Lei.
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34
desta Lei:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil)
dias-multa.
FINANCIAMENTO DE OUTREM - No crime de financiamento ou custeio a prática do crime de tráfico, o
agente financiador colabora com outrem, para que esse pratique as condutas de tráfico.
AUTOFINANCIAMENTO - Se o agente pratica a traficância e financia seu próprio tráfico, ele responderá
pelo tráfico com aumento de pena, de um sexto a dois terços, art. 40, VII.
De acordo com o entendimento do STJ, através do Informativo N° 534, não haverá concurso de crimes
entre o tráfico (art. 33) e o financiamento (art. 36) se o agente financia sua própria atividade de traficância,
devendo incidir aumento de pena.
CONDUTA REITERADA - Para configurar o delito em análise, é exigível que o faça de maneira estável e
reiterada.
NÃO TRAFICÂNCIA - SUJEITO ATIVO - O agente não pratica as condutas do tráfico, mas apenas financia
ou custeia a prática do crime. Vale destacar que o legislador optou por punir de forma mais severa o agente
que financia do que o agente que efetivamente pratica o tráfico.
AULA 19
LEI DE DROGAS
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à práti-
ca de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa.
NÃO TRAFICÂNCIA - SUJEITO ATIVO - O agente não pratica as condutas do tráfico, nem faz parte do
grupo, organização ou associação. O sujeito apenas colaborar como informante com grupo, organização ou
associação destinados aos seguintes crimes:
NÃO PARTICIPAÇÃO DO GRUPO, ORGANIZAÇÃO OU ASSOCIAÇÃO - O sujeito ativo não poderá par-
ticipar direta ou indiretamente do grupo, pois se fizer parte ele responderá pelo crime de tráfico (art. 33,
caput; §1º ou Art. 34); ou responderá pela associação (art. 35)
CONCURSO ENTRE OS CRIMES DE TRÁFICO DE DROGAS (ART. 33) E COLABORAR COMO IN-
FORMANTE (ART. 37) - NÃO É POSSÍVEL.
STJ - (...). O tipo penal do art. 37 da referida lei (colaboração como informante) reveste-se de verda-
deiro caráter de subsidiariedade, só ficando preenchida a tipicidade quando não se comprovar a
prática de crime mais grave. De fato, cuidando-se de agente que participe do próprio delito de tráfi-
co ou de associação, a conduta consistente em colaborar com informações já será inerente aos
mencionados tipos. (...) Se a prova indica que o agente mantém vínculo ou envolvimento com esses
grupos, conhecendo e participando de sua rotina, bem como cumprindo sua tarefa na empreitada
comum, a conduta não se subsume ao tipo do art. 37, podendo configurar outros crimes, como o
tráfico ou a associação, nas modalidades autoria e participação. HC 224.849-RJ, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 11/6/2013.
―Considerar que o informante possa ser punido duplamente (pela associação e pela colaboração com a
própria associação da qual faça parte), contraria o princípio da subsidiariedade e revela indevido bis in
idem, punindo-se, de forma extremamente severa, aquele que exerce função que não pode ser entendida
como a mais relevante na divisão de tarefas do mundo do tráfico.‖ STJ. 5ª Turma. HC 224.849-RJ, Rel.
Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 11/6/2013 (Info 527)
―Responderá apenas pelo crime de associação do art. 35 da Lei 11.343/2006 - e não pelo mencionado cri-
me em concurso com o de colaboração como informante, previsto no art. 37 da mesma lei - o agente que,
já integrando associação que se destine à prática do tráfico de drogas, passar, em determinado momento,
a colaborar com esta especificamente na condição de informante.‖ HC 224.849-RJ, Rel. Min. Marco Auré-
lio Bellizze, julgado em 11/6/2013
STJ - ―. Dessa forma, conclui-se que só pode ser considerado informante, para fins de incidência do
art. 37 da Lei 11.343/2006, aquele que não integre a associação, nem seja coautor ou partícipe do
delito de tráfico. HC 224.849-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 11/6/2013
CONDUTA DO ―FOGUETEIRO‖
―(...) Reputou-se que a conduta do ―fogueteiro‖ no tráfico enquadrar-se-ia como informante (...) Asseverou-
se que essa conduta fora reproduzida, não no art. 33 da Lei 11.343/2006, mas no seu art. 37 (HC
106155/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 4.10.2011. (HC-106155)
AUTORIDADE PÚBLICA – Causa de aumento de pena. Art. 40, II (aumentadas de um sexto a dois terço)
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em
doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-
multa.
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria profissional a que
pertença o agente.
CONSUMAÇÃO - consuma-se com a prática das condutas previstas no tipo, ou seja, com a conduta de
prescrever ou ministrar, independentemente de qualquer resultado.
1 - Prescrever - No momento que o médico prescreve a droga estará configurado o crime, mesmo que o
paciente não venha a efetivamente adquirir a droga.
• É crime formal - Em regra, os crimes culposos são materiais. Este, portanto, e uma exceção.
• ELEMENTO SUBJETIVO – Culposo, na modalidade negligência.
CONCURSO DE CRIMES - Se da conduta de ministrar drogas, o paciente vier a sofres lesões físicas, ha-
verá concurso de crimes.
NÃO É CRIME HEDIONDO OU EQUIPARADO - Por falta de previsão legal, não é crime hediondo ou equi-
parado. Portanto, não recebe tratamento mais severo dispensado àqueles.
CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO - Como a pena máxima não ultrapassa dois anos, é cabível
os benefícios da Lei 9.099/95.