Você está na página 1de 4

Guedes diz que Bolsonaro foi 'ingênuo' ao

tentar regra mais suave para policiais na


Previdência
Ministro da Economia afirmou ao presidente que 'Congresso
está com a reforma, jogo que segue'; ele acredita que 'lá na
frente' governo poderá retomar a ideia de criação do sistema
de capitalização

André Ítalo Rocha e Bárbara Nascimento, O Estado de S.Paulo


04 de julho de 2019 | 16h44
O ministro da Economia, Paulo Guedes, minimizou nesta quinta-feira, 4, o posicionamento do
presidente Jair Bolsonaro, que tentou emplacar regras mais suaves na reforma da
Previdência para policiais que servem à União. Segundo ele, o presidente tem bons princípios, mas
tem “uma ingenuidade ou outra”, como nesse caso.
LEIA TAMBÉM Segunda tentativa de acordo fracassa e policiais esperam mudar regras ainda na
comissão

“Eu tenho convivido com o presidente e não vejo um milímetro de comportamento dele que fosse
(...), a não ser uma ingenuidade ou outra, uma coisa ou outra tipo: não dá para ajudar aquele ali não?
Como ocorreu agora com a Previdência. E eu disse ‘Presidente, é o Congresso que está com a
reforma, jogo que segue, a bola está com eles’”, disse em evento promovido pela XP Investimentos
em São Paulo.
Guedes disse ainda acreditar que há potência fiscal suficiente na reforma da Previdência para tentar
“lá na frente” criar o regime de capitalização no Brasil. A declaração foi dada em apresentação em
evento da XP Investimentos, em São Paulo.
“O primeiro movimento foi conseguir potência fiscal na reforma, e há potência fiscal suficiente para
tentarmos lá na frente de novo migrar do regime de capitalização”, disse.
O ministro foi aplaudido de pé pela plateia do evento quando subiu ao palco. Ele acenou com as
duas mãos para o público antes de começar a falar. Os participantes foram além e houve quem
gritasse “meu presidente!”.
Guedes acredita que a reforma da Previdência será aprovada no plenário da Câmara antes do
recesso parlamentar, que começa no dia 18. "Eu confio no Congresso brasileiro", disse o ministro,
sendo aplaudido pela plateia logo após essa declaração.
Ele garantiu que tem o apoio de lideranças do Congresso, citando os nomes do presidente da
Comissão Especial da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), do relator da reforma na comissão,
deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
"Ao contrário do que se diz por aí, nós temos o apoio (deles)", disse.

Plano econômico
Guedes afirmou que o governo pretende lançar um programa econômico no segundo semestre, para
ser tocado após a aprovação da reforma da Previdência. Segundo ele, será um trabalho de
colaboração com o Congresso. A declaração é dada num momento em que o Legislativo tenta
assumir o protagonismo da pauta econômica.
Guedes disse que o governo pretende “reanimar a economia sem truques, só com fundamentos” e
lamentou os ataques recebidos. “Merecemos algum apoio e compreensão. A bola é sua? Só você
pode jogar?”, disse o ministro, em referência aos governos de esquerda.
O ministro afirmou que, superada a discussão para a reforma da Previdência, o governo pretende
começar a “ensaiar” as privatizações. Segundo ele, o governo tem uma meta de US$ 20 bilhões em
desestatizações em 2019 e que cerca de US$ 12 bilhões já foram alcançados.
“É uma meta bastante baixa, que será superada ao longo do ano. À medida que for pegando
velocidade, e todo mundo for acreditando, podemos ir bem mais do que todos estão
pensando”,disse.

Acordo Mercosul-UE
Paulo Guedes afirmou que o governo tem dois anos para "simplificar, eliminar e reduzir impostos",
em referência ao período previsto para que o acordo entre Mercosul e União Europeia comece a
entrar em vigor. Antes de começar de fato, o acordo precisa ser aprovado pelos congressos dos
países que participam dos blocos.
O trabalho que o governo pretende fazer na área tributária tem o objetivo de tornar o País mais
competitivo, em condições de disputar no mercado internacional e para que o acordo seja positivo
para o Brasil.
Enquanto falava sobre a falta de abertura do Brasil para o comércio internacional, Guedes criticou a
aliança do Mercosul com a Venezuela, que, para ele, era muito mais uma aliança política e
ideológica do que uma integração econômica. "Não é uma organização econômica interessante para
nós", disse o ministro, classificando a situação como "obsoleta".
O ministro criticou a maneira como o antigo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
estava funcionando na relação com o setor privado, com lideranças industriais obsoletas que
travavam a abertura. "Não teria sido possível (o acordo) se não tivéssemos juntado os ministérios",
disse. "Por que a abertura comercial não foi feita antes? Parte por ideologia e parte por lobby",
disse.
O acordo com a União Europeia, na visão de Guedes, vai na linha do plano do governo de abrir o
País de maneira gradual. "A abertura gradual da economia está assegurada", disse.
O ministro disse ainda que, resolvendo a questão fiscal do Brasil, o País caminhará para a redução
dos juros. "Os juros devem descer lá na frente", disse, em referência às expectativas do mercado.
O ministro disse ainda que em quatro, cinco ou seis dias o governo vai apresentar o plano de
"choque de energia barata", que, por enquanto, envolve um governador, o do Rio de Janeiro, Wilson
Witzel. "Se reduz impostos, abre economia e dá choque de energia barata, podemos reindustrializar
o País."

Você também pode gostar