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Corpo da Obra

Tu podes me chamar de cabeçudo,


que de cabeça sei o meu conteúdo.
Ordeno-lhe que co-meça estrutura,
o mapa da rima, minha literatura.

O meu pescoço é um tipo de atlas.


Entre meus ombros, hálma-bomba e,
perpendicular, sob cada um deles:
de um lado, a ajuda humanitária;
e de outro, a guerra de conquista.
Nada na mão & tudo na contramão.
No abdômen: crisálida de realidades.
No sexo: o sem tempo, o não lugar.
Pernas coxas de mancadas, de roda,
de se darem caneladas e de estar
cada pé num universo ou uniprosa:
dois no chão, dois na minha sombra.

Ainda me livro de ser hospedeiro,


que no meu corpo soul passageiro.
Meu passado nunca será decrépito,
pois meu futuro sempre foi inédito.

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